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Direito Administrativo e Administração Pública Introdução O Estado “Estado” surge pela primeira vez no século XVI na obra O Príncipe, de Maquiavel, indicando as comunidades formadas pelas cidades estado. Segundo Dallari, para certa doutrina, o Estado, como a sociedade, sempre existiu, ainda que mínima pudesse ser, teria havido uma organização social nos grupos humanos. O Estado é um ente personalizado, apresentando-se não apenas exteriormente, nas relações internacionais, como internamente, como pessoa jurídica de direito público, capaz de adquirir direitos e contrair obrigações na ordem jurídica. Em nosso regime jurídico, todos os componentes da federação (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) materializam o Estado, cada um deles atuando dentro dos limites de competência traçados pela Constituição. A evolução da instituição estatal acabou desencadeando no surgimento do Estado de Direito, noção que se baseia na regra de que ao mesmo tempo que o Estado cria o direito deve sujeitar-se a ele. Poderes e funções O Estado é composto de Poderes, como estruturas internas destinadas à certas funções, esses poderes foram concebidos por Montesquieu. Os poderes do Estado configuram-se de maneira expressa em nossa CF: são Poderes da União, independestes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário (art. 2°). A cada um dos poderes foi atribuída determinada função. Assim: a) Ao Poder Legislativo: A função normativa (ou legislativa); b) Ao Poder Executivo: A função administrativa; c) Ao Poder Judiciário: A função jurisdicional. Porém, não há exclusividade no exercício das funções pelos Poderes. Há, sim, preponderância. Embora, os Poderes estatais tenham suas funções normais (funções típicas), desempenham também funções que materialmente deveriam pertencer a outro poder (funções atípicas), sempre, é óbvio que a Constituição autorize. O Legislativo, por exemplo, além da função legislativa, exerce a função jurisdicional quando o Senado processa e julga o presidente da república nos crimes de responsabilidade (art. 52, I, CF) ou os Ministros do Supremo pelos mesmos crimes (art. 52, II, CF). Exerce também a função administrativa quando organiza seus serviços internos (art. 51, IV, E 52, XIII, CF). O Judiciário, fora de sua função atípica, pratica atos no exercício de função legislativa, como na elaboração dos regimentos internos dos Tribunais (art. 96, I, “a”, CF), e de função administrativa, quando organiza os seus serviços (art. 96, I, “a”, “b”, “c”; art. 96, II, “a”, “b”, etc.). Por fim, o Poder Executivo, desempenha além de sua função típica, a administrativa, também realiza função atípica legislativa (normativa), quando produz normas gerais e abstratas de seu poder regulamentar (art, 84, CF) ou, ainda, quando edita medidas provisórios (art. 68, CF). A função jurisdicional a CF/88 não deu margem a que pudesse ser exercida pelo Executivo. Função típica Função atípica Legislativo Função normativa (legislativa) Função jurisdicional, função administrativa Executivo Função administrativa Função legislativa Judiciário Função jurisdicional Função legislativa, função administrativa Função administrativa A função administrativa é aquela exercida pelo Estado ou por seus delegados, subjacentemente á ordem constitucional e legal, sob regime de direito público, com vista a alcançar os fins almejados pela ordem jurídica. Enquanto o ponto central da função legislativa é criar direito novo (ius novum), e o da função jurisdicional descansa na composição de litígios, na função administrativa o grande alvo é, de fato, a gestão dos interesses coletivos na sua mais variada dimensão, consequência das numerosas tarefas a que se deve propor o Estado Moderno Governo x administração, função administrativa x função política Federação Desde a Constituição de 1891, quando passou a ser república(forma de governo), o Brasil tem adotado o regime da federação como forma de Estado. A descentralização política é a característica fundamental do regime federativo. Significa que, além do poder central, outros círculos de poderes são conferidos a suas repartições. No Brasil, há três círculos de poder, todos dotados de autonomia, o que permite às entidades componentes a escolha de seus próprios dirigentes. Compõe a federação brasileira a União Federal, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal (art. 18, CF). Afigura-se fundamental o sistema de repartição de competências, portanto, é com base nele que se dimensiona o poder político dos entes do Estado Federal. Assim, pertence á União as matérias de predominante interesse nacional; ao Estado, as de interesse regional; e ao município, as de interesse local. A CF deixou registrado expressamente que os entes que compõe a federação brasileira são dotados de autonomia, ou seja, eles possuem capacidade de auto- organização, autogoverno e autoadministração. A entidade pode criar seu diploma constitutivo; pode organizar seu governo e eleger seus governantes; e, pode ela organizar seus próprios serviços. Direito Administrativo O Direito Administrativo, como sistema jurídico de normas e princípios, somente veio a aparecer com a instituição do Estado de Direito, ou seja, quando o Poder criador do direito passou também a respeitá-lo. O fenômeno nasce com os movimentos constitucionalistas, cujo início se deu no final do séc. XVIII. Através do novo sistema, o Estado passava a ter órgãos específicos para o exercício da administração pública e, consequentemente, foi necessário o desenvolvimento de normas para disciplinar as relações internas da Administração e da relação entre esta e seus administrados. Com a teoria da separação de poderes concebida por Montesquieu, o Estado, distribuindo seu poder político, permitiu que em sua figura, se reunisse, ao mesmo tempo, o sujeito ativo e passivo do controle público. Nesse ambiente, foi possível criar normas próprias para seu controle. Com o desenvolvimento do quadro de princípios e normas voltadas para a administração pública, o Direito Administrativo se tornou ramo autônomo dentre as matérias jurídicas. Surgiram normas diretamente relacionadas à solução de eventuais litígios resultantes das relações entre o Estado e os administrados, diferenciado do bloco adotado para o direito privado. Para autores como José dos Santos Carvalho Filho, o Direito Administrativo foca em dois tipos de relações jurídicas: uma de caráter interno, que existe entre as pessoas administradas e entre os órgãos que a compõe; outra, de caráter externo, que se forma entre o Estado e a coletividade em geral. Desse modo, o Direito Administrativo é o conjunto de normas e princípios que, visando sempre o interesse público, regem as relações jurídicas entre as pessoas e órgãos do Estado e entre este e as coletividades a que devem servir. O Direito Administrativo regula a relação entre a Administração Direta e as pessoas da respectiva Administração Indireta; A Administração Direta é composta por órgãos diretamente ligados aos entes da federação: União, Estados, Distrito Federal e Municípios. A Administração Indireta é feita por órgãos decentralizados e autônomos, mas sujeitos ao controle do Estado, por exemplo: autarquias, sociedades de economia mista, fundações, etc. O Direito Administrativo também regula a relação entre o Estado e os particulares participantes de uma licitação; Licitação é o processo por meio da qual a ADM pública contrata obras, serviços, compras e alienações. É a forma como a ADM pública pode comprar ou vender. E também, entre o Estado e a coletividade, quando se concretiza o poder de polícia. Sejaqual for a relação, estará ela sujeita a um regime próprio e específico, o regime jurídico-administrativo de direito público, sempre com embasamento constitucional. O Direito Administrativo se insere no ramo do Direito Público, tal como ocorre com o Direito Constitucional, Penal, Processual e outros. Possui relação de grande intimidade com o Direito Constitucional, pois, é o Direito Constitucional que alinhava as bases e os parâmetros do Direito Administrativo. Na Constituição se encontram os princípios da Administração Pública (art. 37), as normas sobre servidores públicos (arts. 39 a 41) e as competências do Poder Executivo (arts. 84 e 85). São mencionados ainda, na CF, os institutos de desapropriação (arts. 5°, XXIV, 182, § 4°, III, 184 e 243), das concessões e permissões de serviços públicos (art. 175), dos contratos administrativos e licitações (arts. 37, XXI, e 22, XXVII) e da responsabilidade extracontratual do Estado (art. 37, § 6°), entre outros. Com o Direito Processual o Direito Administrativo se relaciona pela circunstância de haver em ambos os ramos a figura do processo: embora incidam alguns princípios próprios em cada disciplina, existem inevitáveis pontos de ligação entre os processos administrativos e judiciais. Por exemplo, o direito ao contraditório e à ampla defesa (art. 5°, LV, CF). A Relação com o Direito Penal se dá através de vários elos de ligação. Um deles é a previsão, no Código Penal, dos crimes contra a Administração Pública (arts. 312 a 326, CP). Também há relação com o Direito Tributário, por exemplo, em relação à matéria que outorga o poder de polícia, atividade tipicamente administrativa e remunerada por taxas. Também, há relação com o Direito do Trabalho, no sentido que as normas reguladoras da função fiscalizadora das relações de trabalho estão integradas no Direito Administrativo. Existem ainda, relações com o Direito Civil e Comercial (ou empresarial). Por último, é necessário se atentar as relações que alguns novos ramos do direito mantêm com o Direito Administrativo, por exemplo, o Direito Urbanístico. Administração Pública O verbo administrar, indica gerir, zelar, enfim, uma ação dinâmica de supervisão. O adjetivo pública pode significar não só algo ligado ao Poder Público, como também à coletividade ou ao público em geral. Sentido Objetivo O sentido objetivo, pois, da expressão (administração pública), deve consistir na própria atividade administrativa exercida pelo Estado, pelos seus órgãos e agentes, caracterizando enfim, a função administrativa. Trata-se da própria gestão de interesses públicos executada pelo Estado, seja através da prestação de serviços públicos, seja por sua organização interna, ou ainda pela intervenção no campo privado, algumas vezes até de forma restritiva (poder de polícia). Seja qual for a hipótese da administração da coisa pública (res pública), é inafastável a conclusão de que a destinatária última dessa função é a coletividade, a própria sociedade, ainda que a atividade beneficie, de forma imediata, o Estado. È que não se pode conceber o destino da função pública que não seja voltada aos indivíduos, visando a sua proteção, segurança e bem- estar. Sentido Subjetivo A expressão também pode significar o conjunto de agente, órgãos e pessoas jurídicas que tenham a função de realizar atividades administrativas. Toma-se aqui em consideração o sujeito da função administrativa, ou seja, quem a exerce de fato. Administração Pública, com iniciais maiúsculas. Administração Pública, sob o ângulo subjetivo, não deve ser confundida com qualquer dos poderes estruturais do Estado, sobretudo o Poder Executivo, ao qual se atribui, usualmente a função administrativa. Embora seja o Poder Executivo o administrador por excelência, nos Poderes Legislativo e Judiciário há numerosas tarefas que constituem atividade administrativa. Desse modo, todos os órgãos e agentes que integram o sistema federativo (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) que em qualquer desses poderes, estejam exercendo função administrativa, serão integrantes da administração pública. (administração direta) Porém, existem algumas pessoas jurídicas incubidas por elas de execução da função administrativa. Tais pessoas também se incluem no sentido de Administração Pública. São elas as autarquias, sociedades de economia mista, empresas públicas e fundações públicas. (administração indireta) A Administração Direta é responsável pelo desempenho das atividades administrativas de forma centralizada: entidades estatais que compõem o sistema federativo. A Administração Indireta exerce a função administrativa de maneira descentralizada.
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