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Aula 08
2. DISTÚRBIOS PIGMENTARES E CALCIFICAÇÕES
2.2 PIGMENTAÇÕES PATOLÓGICAS ENDÓGENAS
ARA0074 - PATOLOGIA
Quais são as doenças nas quais
ocorrem alterações na
melanina?
Pigmentações
Pigmentos são substâncias que têm cor própria, podendo ter origem,
composição química e significado biológico variados. À formação e/ou
acúmulo de pigmentos endógenos ou exógenos nos diversos tecidos
do organismo damos o nome de pigmentação.
As diversas pigmentações podem ser tanto fisiológicas quanto
patológicas, podendo ser classificadas como endógenas (resultantes
da atividade metabólica das células do próprio organismo) ou
exógenas (de origem externa ao organismo).
Melanina
A melanina, ou pigmento melânico (melas = negro), é um pigmento
acastanhado derivado dos aminoácidos tirosina e cisteína que confere
coloração a pele (determinando seu fototipo), pelos e olhos.
A melanina é produzida por células específicas, os melanócitos.
Há dois tipos de melanócitos:
1) melanócitos secretores, os quais apresentam dendritos, estão
presentes na epiderme e matriz dos folículos pilosos, e são as únicas
células que produzem melanina após a embriogênese;
2) melanócitos continentes, que não possuem dendritos e
encontram-se nas leptomeninges, retina e derme.
Melanina
Melanossomos -> organela onde
ocorre a produção de melanina.
O processo de melanogênese
levará à síntese de dois tipos de
melanina: a eumelanina
(castanho-enegrecida) e a
feomelanina (vermelho-
amarelada) que, embora distintas
em termos de cor, tamanho dos
grânulos, forma e armazenamento,
têm origem em uma via de síntese
comum, a via tirosinase-
dependente.
Melanina
A feomelanina é mais fotossensível e tem a capacidade de produzir
substâncias potencialmente danosas ao DNA celular tais como
peróxido de hidrogênio, superóxido e radicais livres.
Os melanócitos produzem ambos os tipos de melanina, e o equilíbrio
entre uma maior produção de uma ou de outra é regido por diferentes
aspectos, destacando-se a disponibilidade de tirosinase (em altas
concentrações favorece a síntese de eumelanina) e a expressão de
enzimas do pigmento.
Ocorrida então a produção da melanina nos melanossomos, a
próxima etapa é encaminhar o pigmento aos queratinócitos.
Como a melanina protege as células dos raios UV?
Melanina
Em resposta aos
estímulos da radiação
UV, a melanina é
posicionada ao lado
dos núcleos dos
queratinócitos de
modo a protegê-los
dos efeitos danosos
da radiação
especialmente sobre o
material genético
destas células.
Melanina
A luz solar é um importante estímulo para a melanogênese. Os raios
UV-B, em particular, são capazes de aumentar o número de
melanócitos e melanossomos.
Outros fatores além da radiação UV também atuam como estímulos
para os melanócitos, destacando-se as influências genética, hormonal
(melanotropina, melatonina, estrógeno, progesterona) e a ação dos
próprios queratinócitos.
Melanina
Aumento Localizado Nevos
Melanoma
Melanose
Acantose
Nigricans
Ocronose
Aumento Generalizado Melanodermias secundárias
Diminuição Localizada Vitiligo
Diminuição Generalizada Albinismo
Proliferações melanocíticas – Nevos melanocítico
O termo nevo denota qualquer lesão congênita de pele. O nevo melanocítico
refere-se a qualquer neoplasia benigna de melanócitos congênita ou adquirida.
As células névicas superficiais são maiores, apresentam tendência a produzir
melanina e crescem em ninhos; as células névicas profundas são menores,
produzem pouco ou nenhum pigmento e crescem em cordões ou através de
células individuais. As células névicas mais profundas apresentam contorno
fusiforme e crescem em fascículos.
Proliferações melanocíticas – Nevos melanocítico
Os nevos melanocíticos comuns são pápulas pequenas (≤5 mm de
largura) com bordas arredondadas bem definidas, coloração marrom-
acastanhada e uniformemente pigmentados.
Proliferações melanocíticas – Nevos melanocítico
Apesar de essas lesões geralmente apresentarem preocupação
apenas estética, elas podem se tornar irritativas ou mimetizar o
melanoma, necessitando de remoção cirúrgica.
Proliferações melanocíticas – Nevos displásicos
Os nevos displásicos podem ser
esporádicos ou familiais. Os
familiais são importantes
clinicamente, pois são considerados
precursores (em potencial) do
melanoma.
Os nevos displásicos são maiores
do que a maioria dos nevos
adquiridos (frequentemente, > 5 mm
de diâmetro) e podem ser em
número de centenas. Apresentam-
se como máculas ou placas
levemente elevadas, com superfície
“pedregosa”, pigmentação variável
(variegação) e bordas irregulares.
Proliferações melanocíticas – Nevos displásicos
Ao contrário dos nevos comuns, os nevos displásicos ocorrem tanto
nas superfícies corporais protegidas como nas expostas ao sol.
A síndrome do nevo displásico familial está fortemente associada
com o melanoma; o risco do desenvolvimento de melanoma nos
indivíduos afetados é de quase 100%. Em casos esporádicos,
apenas os indivíduos com 10 ou mais nevos displásicos parecem
apresentar risco aumentado no desenvolvimento do melanoma.
A probabilidade de qualquer nevo em particular (displásico ou não) na
transformação em melanoma é extremamente baixa, e essas lesões
são mais bem observadas como marcadores de risco do melanoma.
Melanoma
O melanoma é menos comum, mas muito mais fatal quando
comparado ao carcinoma de células basais ou ao carcinoma de
células escamosas.
Atualmente, como resultado do aumento da conscientização pública
sobre os primeiros sinais do melanoma cutâneo, a maioria dos
melanomas é curada cirurgicamente.
No entanto, a incidência dessas lesões tem aumentado
drasticamente ao longo das últimas décadas, pelo menos em parte
como resultado do aumento da exposição solar e/ou pelo aumento
das taxas de detecção resultante de fiscalização rigorosa.
A luz solar não é o único fator predisponente; a predisposição
hereditária também desempenha importante papel.
Melanoma
As etapas principais do desenvolvimento tumoral são marcadas pelo
crescimento radial e vertical.
O crescimento radial descreve a tendência inicial do melanoma de
crescer horizontalmente dentro da epiderme (in situ), muitas vezes
por período prolongado. Durante esse estágio, as células do
melanoma não apresentam capacidade de metastatizar e não
induzem angiogênese.
Com o tempo, ocorre a fase vertical de crescimento, em que o tumor
cresce para as camadas mais profundas da derme como massa
expansiva com perda da maturação celular. Esse evento é
frequentemente marcado pelo desenvolvimento de um nódulo em
lesão previamente plana e correlaciona-se com o surgimento de um
clone de células com potencial metastático.
Melanoma
Melanoma
Ao contrário do nevo benigno, os
melanomas apresentam variações
marcantes na pigmentação,
incluindo tons de preto, marrom,
vermelho, azul-escuro e cinza. As
bordas são irregulares e muitas
vezes “dentadas”.
Microscopicamente, as células
malignas crescem como ninhos
malformados ou como células
individuais em todos os níveis da
epiderme ou nos nódulos dérmicos
expansivos, que constituem as fases
de crescimento radial e vertical,
respectivamente.
A natureza e a extensão da fase de
crescimento vertical determinam o
comportamento biológico dos
melanomas.
Melanoma. A, Na avaliação clínica, as lesões
tendem a ser maiores que os nevos, com
contornos e pigmentações irregulares. Áreas
maculares indicam crescimento superficial
inicial (crescimento radial), enquanto as
áreas elevadas indicam, com frequência,
invasão dérmica (crescimento vertical).
Melanoma
Embora a maioria dessas lesões se origine na pele, outros locais de
envolvimento incluem o esôfago, as meninges, os olhos e a
superfície da mucosa oral.
Os melanomas da pele são geralmente assintomáticos,embora o
prurido possa ser a manifestação inicial. O sinal clínico mais
importante é uma alteração na cor ou no tamanho de uma lesão
pigmentada. Os principais sinais clínicos de alerta são:
1. Aumento rápido de um nevo preexistente
2. Coceira ou dor na lesão
3. Desenvolvimento de uma nova lesão pigmentada durante a vida
adulta
4. Irregularidades nas bordas de uma lesão pigmentada
5. Variação de cor dentro de uma lesão pigmentada
Esses princípios expressos são chamados de ABC do melanoma:
assimetria, borda, cor, diâmetro e evolução (alteração de um nevo
existente).
O melanoma metastático apresenta prognóstico muito pobre.
Melanoma
Fatores de risco:
- olhos, cabelos ou pele clara;
- sardas;
- muitos nevos;
- histórico pessoal ou familiar de melanoma ou de cânceres não
melanoma, como o de pâncreas;
- sensibilidade ao sol;
- incapacidade de se bronzear; queimaduras solares frequentes ou
intermitentes;
- um grande nevo presente desde o nascimento ou nevos displásicos.
O ideal é que a pessoa conheça sua pele e faça autoexames todos os
meses.
Melanoma
Medidas de prevenção, segundo a SBD:
- Usar chapéus, camisetas e protetores solares.
- Evitar a exposição solar e permanecer na sombra entre 10 e 16
horas (horário de verão).
- Na praia ou na piscina, usar barracas feitas de algodão ou lona, que
absorvem 50% da radiação ultravioleta. As feitas de nylon formam
uma barreira pouco confiável: 95% dos raios UV ultrapassam o
material.
- Usar filtros solares diariamente, e não somente em horários de lazer
ou diversão. Utilizar um produto que proteja contra radiação UVA e
UVB e tenha um fator de proteção solar (FPS) 30, no mínimo.
- Reaplicar o produto a cada duas horas ou menos, nas atividades de
lazer ao ar livre. Ao utilizar o produto no dia a dia, aplicar uma boa
quantidade pela manhã e reaplicar antes de sair para o almoço.
- Observar regularmente a própria pele, à procura de lesões
suspeitas.
- Consultar o dermatologista uma vez ao ano, no mínimo, para um
exame completo.
Melanoses
Também chamadas de lentigo solar ou “mancha senil”, as melanoses
solares são lesões benignas que surgem em áreas expostas cronicamente
ao sol. A radiação ultravioleta induz o aumento de melanócitos e a sua
atividade, produzindo as manchas.
São manchas de diferentes tons de castanho, variando de milímetros a
alguns centímetros de diâmetro, em áreas expostas ao sol, como o rosto,
dorso das mãos e dos braços, colo e ombros. São mais frequentes em
pessoas de pele clara.
Acantose nigricans
Acantose nigricans: caracterizada por manchas escuras resultantes
de uma hiperceratose (aumento da camada mais superficial da pele)
e hiperpigmentação (lesões de cor cinza e engrossadas que dão
aspecto verrucoso), principalmente no pescoço, axilas e virilha ->
“dobras e pregas”.
Pode afetar pessoas saudáveis ou estar associada a outras doenças
como diabetes, obesidade, doenças ovarianas, distúrbios
metabólicos, doenças da tireoide e câncer do aparelho digestivo.
Existem quatro tipos de acantose:
-Síndrome de Miescher: hereditária e benigna;
-Síndrome de Gougerot Carteaud: benigna e possivelmente
hereditária, acomete mulheres jovens;
-Pseudoacantose - benigna e associada à obesidade e alterações
endócrinas;
-Acantose Maligna - frequentemente associada a cânceres do tubo
digestivo e fígado.
Acredita-se que a obesidade é a principal causa em todas as idades.
Acantose nigricans
Costuma iniciar com um leve escurecimento da pele que vai se
tornando espessa e mais escura, com aspecto verrucoso e
aveludado; muitas vezes acompanhadas de prurido.
Evolui lenta e gradualmente durante anos.
Quando a causa é tratada, a doença costuma regredir. Quando não
se encontra a causa, pode se prescrever despigmentantes e cremes
ceratolíticos.
Acantose nigricans
AN juvenil benigna
Revoredo et al., 2014
Acantose nigricans
AN juvenil benigna
Revoredo et al., 2014
Ácido homogentísico
O metabolismo normal da tirosina e da fenilalanina no organismo
humano produz um composto intermediário chamado de ácido
homogentísico, o qual é rapidamente oxidado. Porém, em indivíduos
que não possuem a enzima, o ácido homogentísico não é degradado
e adentra a circulação sanguínea acessando diferentes tecidos até
ser eliminado pelos rins na urina.
Esta condição autossômica recessiva rara é conhecida como
ocronose ou alcaptonúria, e os indivíduos portadores desta doença
apresentam urina com coloração alterada (enegrecida) e alterações
de pigmentação difusas (produzindo um pigmento similar à melanina
que pode ser depositado na pele, tecido conjuntivo e cartilagens).
Os indivíduos portadores de alcaptonúria podem desenvolver
artropatias degenerativas e lesões de valvas cardíacas.
Ácido homogentísico
Ribas et al., 2010
Melanodermias secundárias
- À gestação: O aumento do hormônio estimulante dos melanócitos,
paralelamente ao aumento de estrógenos e progestágenos durante a
gestação é responsável pelo aumento da pigmentação (melanodermia
gestacional) (ou ainda cloasma ou melasma - quando afetando
localmente regiões da face, aréolas mamárias e as vezes na
genitália).
- Ao Hipoadrenalismo: Acompanha de aumento do Hormônio
estimulante dos melanócitos ("melanotropinas"). Assim, é frequente o
aumento da atividade melanocítica na doença de Addison, na
corticoidoterapia, nos tumores e hiperplasias da adrenal e na
síndrome de Cushing.
- Às radiações: O ultravioleta solar e demais radiações agem nos
melanócitos estimulando-os a sintetizar melanina, como fator de
autoproteção.
Melasma
Melasma é uma condição que se caracteriza pelo surgimento de
manchas escuras na pele, mais comumente na face, mas também
pode ser de ocorrência extrafacial, com acometimento dos braços,
pescoço e colo.
Afeta mais frequentemente as mulheres, podendo ser vista também
em homens.
Não há uma causa definida, mas muitas vezes esta condição está
relacionada ao uso de anticoncepcionais femininos, à gravidez e,
principalmente, à exposição solar.
O fator desencadeante é a exposição à luz ultravioleta e, até mesmo,
à luz visível.
Além dos fatores hormonais e da exposição aos raios solares, a
predisposição genética também influencia no surgimento desta
condição.
Melasma
Os tratamentos variam, mas sempre compreendem orientações de
proteção contra raios ultravioleta e à luz visível, que deve ser
redobrada quando se inicia o tratamento.
As terapias disponíveis são o uso de medicamentos tópicos e
procedimentos para o clareamento. Dentre os procedimentos mais
realizados estão os peelings e aplicações de luzes ou lasers.
Vitiligo
https://www.youtube.com/watch?v=L0LY_DHHEl4
Vitiligo
O vitiligo é uma doença caracterizada pela perda da coloração da
pele.
As lesões formam-se devido à diminuição ou à ausência de
melanócitos nos locais afetados.
As causas da doença ainda não estão claramente estabelecidas, mas
fenômenos autoimunes parecem estar associados ao vitiligo. Além
disso, alterações ou traumas emocionais podem estar entre os fatores
que desencadeiam ou agravam a doença.
A maioria dos pacientes de vitiligo não manifesta qualquer sintoma
além do surgimento de manchas brancas na pele. Em alguns casos,
relatam sentir sensibilidade e dor na área afetada.
Vitiligo
Vitiligo
Vitiligo
Vitiligo
- Segmentar ou Unilateral: manifesta-se apenas em uma parte do
corpo, normalmente quando o paciente ainda é jovem. Pelos e
cabelos também podem perder a coloração.
- Não segmentar ou Bilateral: é o tipo mais comum; manifesta-se nos
dois lados do corpo, por exemplo, duas mãos, dois pés, dois joelhos.
Em geral, as manchas surgem inicialmente em extremidades como
mãos, pés, nariz e boca. Há ciclos de perda de cor e épocas em que
a doença se desenvolve. Depois, há períodos de estagnação.Estes
ciclos ocorrem durante toda a vida; a duração dos ciclos e as áreas
despigmentadas tendem a se tornar maiores com o tempo.
O tratamento visa cessar o aumento das lesões (estabilização do
quadro) e também a repigmentação da pele.
Albinismo
O albinismo oculocutâneo é uma desordem genética na qual ocorre
um defeito na produção da melanina. A alteração genética também
leva a modificações da estrutura e do funcionamento ocular, podendo
desencadear problemas visuais.
A mutação envolvida determina a quantidade de melanina produzida,
que pode ser totalmente ausente ou estar parcialmente presente.
São altamente suscetíveis aos danos causados pelo sol apresentando
frequentemente, envelhecimento precoce e câncer da pele, ainda
muito jovens.
Não existe, atualmente, nenhum tratamento especifico e efetivo.
Os albinos são altamente suscetíveis aos danos causados pelo sol
apresentando frequentemente envelhecimento precoce, danos
actínicos e câncer da pele, ainda muito jovens.
Albinismo
Albinismo
Lipofuscina
A lipofuscina (ou lipocromo) pode ser compreendida como um
pigmento de desgaste, ou marcador de envelhecimento celular.
Apresenta-se microscopicamente como grânulos intracitoplasmáticos
de cor pardo-amarelada e autofluorescentes.
Pode estar presente em neurônios, músculo cardíaco e epitélio da
retina.
Embora ainda não haja um consenso definitivo sobre a composição
deste pigmento, sabe-se que a lipofuscina contém basicamente
proteínas e lipídeos derivados da degradação oxidativa de diferentes
macromoléculas celulares autofagocitadas.
Pigmento de lipofuscina no citoplasma de células musculares
cardíacas.
Lipofuscina
Pigmentações hemoglobínicas
Pigmentos biliares: a bilirrubina, principal pigmento (amarelo) que
confere cor à bile, é considerada um pigmento hemoglobínico devido
ao fato de ser um produto final da quebra da hemoglobina das
hemácias.
A bilirrubina é formada essencialmente a partir da hemocaterese
(destruição fisiológica de hemácias envelhecidas).
A encefalopatia bilirrubínica, ou kernicterus, é uma doença que
acomete recém-nascidos quando há o aumento significativo dos
níveis circulantes de bilirrubina não conjugada (hiperbilirrubinemia).
Diante da imaturidade ou lesões da barreira hematoencefálica, a
bilirrubina é capaz de alcançar o cérebro. Sua deposição neste órgão
pode causar danos neurológicos irreversíveis e até mesmo a morte.
Pigmentos de bilirrubina no tálamo e nos
gânglios da base
Pigmentações hemoglobínicas
A hiperbilirrubinemia, seja por aumento na produção ou deficiência na
eliminação da bilirrubina, é o sinal clínico do que conhecemos por
icterícia, um quadro que se manifesta na vigência de doenças
associadas ao fígado ou ao sangue, sejam elas hereditárias ou
adquiridas.
A icterícia é caracterizada pela deposição de bilirrubina na pele,
mucosas e esclera, assim como em diversos órgãos internos e
tecidos.
Microscopicamente, a icterícia se mostra como grânulos ou glóbulos
amorfos de bilirrubina com tom que vai do amarelo ao negro, visível
especialmente em hepatócitos.
Pigmentações hemoglobínicas
Causas da hiperbilirrubinemia (e da
icterícia, por consequência):
-Anemias hemolíticas (aumentam a
produção de bilirrubina);
-Doenças genéticas que afetam a captação
da bilirrubina por hepatócitos, ou que
diminuem sua conjugação;
-Obstrução à eliminação de bilirrubina a
partir do fígado por tumores ou cálculos;
-Hepatite e cirrose hepática.
A icterícia comumente vista em recém-
nascidos no pós-parto imediato é, em geral,
de caráter benigno e transitório, tanto que
recebe o nome de icterícia fisiológica do
recém-nascido.
Pigmentações hemoglobínicas
Hematoidina: composta por uma
mistura de lipídeos e um pigmento
bastante parecido com a bilirrubina
(só que não possui ferro).
Quando há hemorragia, macrófagos
locais responsabilizam-se por
degradar as hemácias extravasadas;
esta degradação nos focos
hemorrágicos produz hematoidina.
Pigmentações hemoglobínicas
Hemossiderina: é um dos produtos da hemocaterese. Juntamente
com a ferritina, a hemossiderina é uma das principais formas de
armazenamento intracelular de ferro (em hepatócitos e macrófagos do
fígado, baço, medula óssea e linfonodos).
Se em excesso, ela pode representar alguma possibilidade de
prejuízo do ponto de vista patológico.
Hemossiderose localizada
Pigmentações hemoglobínicas
Hemossiderose sistêmica -> Trata-se de um quadro decorrente do
aumento da absorção intestinal do ferro, o que pode ocorrer em
indivíduos com anemias hemolíticas, em casos de pacientes que
recebem repetidas transfusões sanguíneas, ou ainda em pacientes
com uma alteração genética na expressão de uma das proteínas
presentes nos enterócitos responsáveis por controlar a endocitose do
ferro.
Nestas circunstâncias há o acúmulo do pigmento em vários órgãos,
incluindo fígado, baço, linfonodos, derme e rins.
Pigmentações hemoglobínicas
Pigmentações endógenas
Hemossiderose no parênquima renal. Note a presença de
hemossiderina como áreas sombreadas perceptíveis especialmente
no quadrante superior esquerdo da imagem.
Pigmentações endógenas
Hemorragia cerebral. Notar cor amarelo-dourada e
ferruginosa nas bordas da hemorragia pela deposição
de hemossiderina e hematoidina.
Pigmento malárico: a malária é uma doença parasitária causada por
protozoários do gênero Plasmodium. O crescimento do
microrganismo se dá dentro das hemácias do hospedeiro, o que
causa alterações na hemoglobina e lise dos eritrócitos.
A hemoglobina metabolizada pelo parasita origina um pigmento negro
(hemozoína), que contém ferro, e pode ser observado no citoplasma
de macrófagos principalmente do fígado e do baço por um longo
período após a instalação da doença.
Pigmentações hemoglobínicas
Pigmento esquistossomótico: a esquistossomose, parasitose
causada pelo Schistosoma mansoni, também associa-se à produção
de um pigmento hemoglobínico.
O verme adulto alimenta-se do sangue de seu hospedeiro definitivo
(homem) e, degradando a hemoglobina, produz peptídeos,
aminoácidos e heme. Este heme forma um cristal muito semelhante à
hemozoína, que pode ser visto na luz do intestino do verme. Quando
regurgitado pelo parasita, o pigmento cai na circulação sanguínea do
hospedeiro e aí recebe o nome de pigmento esquistossomótico.
Pigmentações hemoglobínicas
Pigmentações hemoglobínicas
Porfirias
As porfirias constituem um grupo de pelo menos oito doenças
genéticas distintas, além de formas adquiridas, decorrentes de
deficiências enzimáticas específicas na via de biossíntese do heme,
que levam a superprodução e acumulação de precursores
metabólicos, para cada qual correspondendo um tipo particular de
porfiria.
Fatores ambientais como: medicamentos, álcool, hormônios, dieta,
stress, exposição solar e outros desempenham um papel importante
no desencadeamento e curso destas doenças.
Porfirias
http://www.porfiria.org.br/
Porfirias
A porfiria cutânea tardia é a porfiria mais frequente e provoca bolhas e
fragilidade da pele exposta ao sol. O excesso de ferro pode se acumular
no fígado e causar lesões hepáticas.
Porfirias
As porfirias agudas manifestam-se, geralmente, por crises que duram
de horas a dias.
Dor abdominal é o sintoma mais comum. Podem ocorrer náusea,
vômito, constipação, dor e fraqueza muscular, retenção urinária,
arritmias, confusão mental, alucinações e convulsões. Em algumas
porfirias agudas pode haver sintomas cutâneos.
Nas porfirias cutâneas os sintomas, em geral restringem-se à pele,
com formação de bolhas, cicatrizes, escurecimento, espessamento e
aumento da pilosidade.
Para a prevenção de novas crises, manter uma dieta adequada (rica
em carboidratos), evitar drogas porfirinogênicas, álcool, tabaco,
atividade física extenuante e stress.
HemocromatoseHemocromatose é uma doença genética do metabolismo do ferro
caracterizada por aumento da absorção intestinal e acúmulo
progressivo do metal em diferentes órgãos do organismo.
O excesso de ferro causa dano tecidual e fibrose com lesão
irreversível e comprometimento funcional de vários órgãos entre os
quais os mais comumente afetados são fígado, pâncreas e coração.
Vamos fazer um mapa
mental?
Atividade Autônoma Aura
Questão 1.
Estão relacionados com a localização heterotópica dos melanoblastos
(camada basal da epiderme), podem ser planos (ditos juncionais) ou
elevados (dérmicos ou intradérmicos).
O quadro clínico descrito se refere a um tipo de pigmentação
endógena denominada:
a) Melanomas
b) Efélides
c) Sardas
d) Mancha mongólica
e) Nevus celulares
Atividade Autônoma Aura
Questão 2.
É um quadro o qual está relacionado com a diminuição localizada da
pigmentação melânica, sendo comum nas mãos; causada pela
diminuição da quantidade de melanócitos produtores de pigmento na
epiderme, manifestando-se clinicamente como manchas
apigmentadas. O quadro clínico descrito é denominado:
a) Albinismo
b) Porfirinas
c) Hemossiderina
d) Vitiligo
e) Icterícia
Leitura Específica
Leia o artigo intitulado "Acantose nigricans benigna generalizada:
apresentação rara em criança e revisão da literatura", disponibilizado
em: https://www.medigraphic.com/pdfs/cutanea/mc-2015/mc153j.pdf,
o qual destaca que a acantose nigricans caracteriza-se por
espessamento cutâneo aveludado e hiperpigmentação,
predominantemente em superfícies intertriginosas.
Aprenda +
A lâmina sobre pigmentação endógenas; disponibilizada em:
http://patoestomatoufrgs.com.br/patologia-
basica/2_pigmentacoes.php#end%C3%B3genas ilustra um caso de Nevo,
onde se observa proliferação benigna de células névicas.
A lâmina sobre pigmento por hemossiderina; disponibilizada em:
http://patoestomatoufrgs.com.br/patologia-basica/
2_pigmentacoes.php#end%C3%B3genas ilustra que se trata de um
pigmento resultante da destruição da hemoglobina (pigmento que confere a
cor vermelha às hemácias), sendo consequência do depósito em excesso de
ferro.
O artigo intitulado "Melanose primária adquirida associada a erosões
epiteliais recorrentes da córnea", disponibilizado em:
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-
72802012000400011&lng=en&nrm=iso&tlng=pt ressalta que a melanose
primária adquirida (MPA) é uma proliferação melanocítica neoplásica que se
inicia geralmente no epitélio conjuntival, quase sempre unilateral, que afeta
tipicamente indivíduos brancos e de meia-idade.
Aprenda +
Acesse o artigo intitulado "Porfirias: quadro clínico, diagnóstico e tratamento";
disponibilizado em: https://www.revistas.usp.br/revistadc/article/view/46282/49937 o qual
destaca que as porfirias são doenças incomuns e de herança genética na maior parte
dos casos. As porfirias são divididas em eritropoiéticas, hepáticas agudas e hepáticas
crônicas.
O artigo intitulado "ICTERÍCIA", disponibilizado em:
http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/6IRGc2boB2fcz5O_2013-6-
21-11-29-2.pdf considera que a icterícia é um sinal clínico caracterizado por
hemoglobinemia seguida de hiperbilirrubinemia, que se mostra nos tecidos do organismo
animal em uma coloração amarelada na pele e nas mucosas.
O artigo intitulado "Síndrome Dubin-Johnson: importante causa de icterícia colestática na
infância", disponibilizado em:
http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2176-62232010000300018
apresenta que a síndrome Dubin-Johnson é caracterizada clinicamente por episódios de
icterícia colestática recorrente, de caráter benigno e familiar, sendo definida pela presença
de pigmento melânico nos hepatócitos.
O vídeo intitulado "Lipofuscinose"; disponibilizado em: https://www.youtube.com/watch?v=-
s2fGHV9waA destaca o pigmento lipofuscina relacionado com a senescência.