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www.farmaceuticando.com Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 2 Sobre Giovani Lavieri Giovani é farmacêutico, formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), especialista em Toxicologia Clínica e Forense pela Faculdade Unyleya e em Ciências Forenses e Perícia Criminal pela Universidade Potiguar (UnP). Possui experiência nas análises clínicas, já atuou como farmacêutico bioquímico em laboratórios de grande rotina e é professor universitário desde 2016. Também atua como assessor científico. Criou o Farmaceuticando com objetivo de ajudar estudantes da área da saúde, bem como profissionais formados, a se aprofundarem nas análises clínicas e toxicológicas. Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 3 Olá, tudo bem? Obrigado por adquirir o e-book Hematologia Básica. Tenho certeza de que vai te ajudar bastante na sua jornada. Tentei unir conceitos básicos de hematologia e esclarecer algumas dúvidas comuns que meus alunos sempre me perguntam. Depois dá uma olhada no meu site, lá tem bastante conteúdo gratuito e outros e-books bem legais que eu preparei com muito carinho. Fiz alguns deles em parceria com colegas, ótimos profissionais. Para acessar o site, basta clicar aqui. Se quiser, também tem meu Instagram @farmaceuticando_. Se depois de ler o e-book, você ficar com alguma dúvida ou se quiser saber mais sobre o conteúdo que eu preparo, fique à vontade para me chamar no WhatsApp. Quero te avisar que é proibido compartilhar o conteúdo desse e-book sem minha autorização. Sei que posso contar com você! Bom, espero que aproveite bastante o material que preparei e, qualquer coisa, estou por aqui. Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ https://farmaceuticando.com/ https://instagram.com/farmaceuticando_ https://l.instagram.com/?u=http%3A%2F%2Fbit.ly%2FFarmaceuticando-WhatsApp&e=ATNc65SEMdNgRxObKqKB3ot9cPR7lG0gafFgdOTpOikaTSbSuoXrJpdhe10a4XLWXAf8umchd0vRbrfIChI3NmzdBXgOFGF_hC4axw&s=1 Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com Sumário 1. O que é Hematologia?.................................................................................1 2. Hemácias..............................................................................................................2 3. Leucócitos............................................................................................................4 3.1 Neutrófilo segmentado....................................................................4 3.2 Eosinófilo...................................................................................................6 3.3 Basófilo.......................................................................................................7 3.4 Linfócito.....................................................................................................8 3.5 Monócito...................................................................................................9 4. Plaquetas..............................................................................................................11 5. Hematopoese...................................................................................................15 6. Hemograma......................................................................................................19 6.1 Eritrograma...........................................................................................20 6.2 Leucograma..........................................................................................26 6.3 Plaquetograma...................................................................................32 7. Para fixar na memória...............................................................................33 8. Referências.......................................................................................................38 Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 1 1. O que é Hematologia? Antes de qualquer coisa, precisamos entender o que é hematologia. Bom, podemos dizer que é o estudo do sangue e seus componentes, certo? O sangue é dividido em duas porções: Parte líquida: plasma (água, sais minerais, vitaminas, proteínas), corresponde a aproximadamente 55% do sangue; Parte sólida: células (hemácias, leucócitos e plaquetas), correspondem a aproximadamente 45% do sangue. Figura 1. Representação das porções do sangue. Na hematologia, o foco são as células e suas respectivas morfologias e funções no nosso organismo. Vamos entender um pouco melhor os tipos celulares presentes na corrente sanguínea. Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 2 2. Hemácias As hemácias, também conhecidas como eritrócitos ou glóbulos vermelhos (GV), são responsáveis pelas trocas gasosas no organismo, ou seja, transportar oxigênio (O2) dos pulmões para os tecidos e gás carbônico (CO2) dos tecidos para os pulmões. Essas células conseguem realizar essa função por conta da hemoglobina, uma proteína composta por quatro cadeias globínicas (duas α e duas β) e uma porção não proteica, chamada de heme. Cada cadeia globínica contém um grupamento heme, onde existe um átomo de ferro, capaz de se ligar ao oxigênio e transportá-lo por todo o corpo. Figura 2. Estrutura da Hemoglobina. A morfologia das hemácias é bem característica. É uma célula circular, anucleada, com formato de disco bicôncavo e tamanho aproximado de 8µm. A vida útil dessas células gira em torno de 120 dias. Na lâmina, podemos observar as hemácias com uma borda mais avermelhada e o centro com uma colocação mais clara, Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 3 correspondendo às regiões bicôncavas. Isso ocorre porque a hemoglobina, responsável pela coloração avermelhada da célula, e se concentra nas bordas dos eritrócitos e não no centro. Figura 3. Hemácias. Figura 4. Hemácias visualizadas no microscópio. No hemograma, os valores normais de hemácias costumam variar entre homem e mulher, como mostra a Tabela 1. Parâmetro Homem Mulher Contagem de Hemácias (× 106/μL) 4,5 – 6,5 4,0 – 5,6 Tabela 1. Valores normais de hemácias no hemograma. Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 4 3. Leucócitos Os leucócitos, ou glóbulos brancos (GB), são as células responsáveis pela defesa do nosso organismo. São eles que combatem os invasores (antígenos), como os vírus e as bactérias. Cada leucócito tem uma característica morfológica diferente e uma função específica dentro do sistema imunológico. De um modo geral, podemos classifica-los em dois grandes grupos: os granulócitos (polimorfonucleares) e os agranulócitos (mononucleares). Como o nome sugere, os granulócitos possuem grânulos no citoplasma e o núcleo multiforme e segmentado. Enquanto que os agranulócitos apresentam um núcleo único e uniforme e não possuem granulação. Os granulócitos são divididos em três: neutrófilo segmentado, eosinófilo e basófilo; Os agranulócitos, são dois: linfócito e monócito. Agora, vamos falar mais detalhadamente sobre cada um deles: 3.1 Neutrófilo segmentado: Apresentam granulação fina e discreta no citoplasma, dando a impressão de que a célula está “suja” ou coberta de poeira; Existem quatro tipos de granulações no neutrófilo: o Primária (azurófila); o Secundária (específica); o Terciária (de gelatinase); o Vesículas secretoras. Seu núcleo é dividido em lóbulos ou segmentos (por isso são chamados de segmentados); Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 5 Normalmente apresenta de 2 a 4 lóbulos, de cromatina densa e escura; Os lóbulos são interligados por uma fina camada de cromatina, que nem sempre conseguimos observar no microscópio; São leucócitos fundamentais na defesa do organismo, agindo, principalmente, contra bactérias; O tempo de vida útil dos neutrófilos é bem curto, em torno de 6 a 8 horas. Mas, como os neutrófilos agem? São células fagocíticas, ou seja, envolvem o micro- organismo com seu citoplasma e o digerem. Além disso, podem liberar para o meio extracelular o conteúdo dos seus grânulos, que são ricos em enzimas antimicrobianas e superóxidos de oxigênio. Figura 5. Neutrófilo segmentado. Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 6 Figura 6. Neutrófilo segmentado visto no microscópio. 3.2 Eosinófilo: Apresentam uma granulação bem grossa e de cor laranja; Núcleo normalmente bilobulado (mas pode ter de 2 a 3 lóbulos) com cromatina densa; O eosinófilo tem função importante na defesa contra parasitas helmintos e processos inflamatórios relacionados à alergia. Figura 7. Eosinófilo. Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 7 Figura 8. Eosinófilo visto no microscópio. 3.3 Basófilo: Os grânulos dos basófilos são grosseiros e corados em azul escuro; Núcleo normalmente bilobulado e com cromatina densa; São capazes de produzir diversos mediadores inflamatórios, entre eles a histamina. Figura 9. Basófilo. Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 8 Figura 10. Basófilo visto no microscópio. 3.4 Linfócito: São células pequenas, arredondadas e regulares, alta relação núcleo-citoplasmática, onde o núcleo ocupa grande parte do citoplasma; Citoplasma escasso e basófilo (de cor azul), núcleo regular e esférico com cromatina densa e sem nucléolo evidente; É dividido basicamente em três tipos: o Linfócitos B, que são capazes de produzir anticorpos para combater antígenos específicos; o Linfócitos T, subdivididos em TCD8 (citotóxico) e TCD4 (helper); o Células NK (Natural Killer), que atuam em células tumorais ou infectadas por vírus. No hemograma, as alterações dos linfócitos normalmente estão associadas a infecções virais; Na lâmina, é impossível distinguir um linfócito B de um linfócito T, eles são idênticos a olho nu. Essa diferenciação deve ocorrer através da imunofenotipagem. Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 9 Figura 11. Linfócito. Figura 12. Linfócito visto no microscópio. 3.5 Monócitos: Citoplasma abundante e de cor azul-claro acinzentado, com um aspecto de vidro fosco; Baixa relação núcleo-citoplasmática, núcleo centralizado com formato oval ou indentado, com cromatina frouxa e delicada; Por ser uma célula fagocítica, pode apresentar vacúolos citoplasmáticos; Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 10 Atua no combate a bactérias, destruição de células tumorais ou mortas, regulação de processos inflamatórios e apresentação de antígenos. Figura 13. Monócito. Figura 14. Monócito visto no microscópio. Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 11 4. Plaquetas As plaquetas, também conhecidas como trombócitos, são pequenos fragmentos celulares originados a partir do citoplasma de uma célula gigante, o megacariócito, que, em condições normais, se encontra apenas na medula óssea. Apresentam formato oval ou arredondado, podendo variar de tamanho de indivíduo para indivíduo, mas, de uma maneira geral, medem em torno de 2,9 a 4,2 µm. Célula anucleada, com citoplasma azul-claro e presença de granulações avermelhadas, distribuídas homogeneamente. As plaquetas estão envolvidas nos processos de hemostasia, trombose e coagulação do sangue. O objetivo da hemostasia é evitar a hemorragia através da formação da rede de fibrina (coágulo), quando há alguma lesão tecidual que possa causar sangramento. É um processo complexo que envolve células, fatores de coagulação, fatores anticoagulantes naturais, entre outros. Quando o subendotélio é exposto ao sangue por conta de uma lesão vascular, ocorre vasoconstricção no local para diminuir o fluxo sanguíneo e reduzir a hemorragia, então o processo de coagulação se inicia e as plaquetas se aderem ao local da lesão (adesão plaquetária) por diferentes interações. Normalmente, o Fator de von Willebrand (FvW) circula no plasma e pode se ligar ao colágeno exposto e à Glicoproteína (Gp) Ib, que se encontra na superfície dos trombócitos. As plaquetas se ligam ao colágeno pela GpVI, promovendo uma sinalização em cascata e ativação das integrinas plaquetárias, que mediam a adesão plaquetária ao subendotélio. Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 12 Enquanto esse processo ocorre, o Fator Tecidual (FT), uma glicoproteína presente em diversos tecidos do organismo, inclusive no subendotélio, se liga ao FVII circulante. O FT atua como receptor e cofator para o FVII. Quando essa ligação ocorre, o FVII é ativado em FVIIa e essa ligação entre FT e FVIIa ativa os fatores IX e X, que, quando ativados, desempenham diferentes funções na coagulação. O fator Xa se liga ao fator Va, convertendo pequenas quantidades de protrombina em trombina, mas ainda insuficientes para formar o coágulo. Contudo, conseguem retroalimentar a coagulação pela ativação dos fatores V, VIII e XI. Por conta dos efeitos dessas pequenas quantidades de trombina sobre os fatores de coagulação, inicia-se a amplificação. A trombina se liga à Gp Ib, sofrendo uma alteração em sua conformação, que permite a clivagem de receptores Ativadores de Protease Plaquetária (PAR) pela trombina. Esses Ativadores são proteínas presentes nas plaquetas. A interação da trombina com o PAR-1 acarreta uma série de sinalizações que ativam as plaquetas e causam diversas alterações, como o aumento da expressão de Fosfatidilserina (FS) na superfície plaquetária. A FS é um fosfolipídeo presente na parte interna da membrana plaquetária. Após a ativação plaquetária, ela migra para a parte externa da membrana e, com isso, possibilitando a formação de complexos de amplificação da coagulação, chamados tenase e protrombinase. São formados pela conciliação de fatores, íons e cofatores na superfície dos trombócitos, pela desgranulação das plaquetas, causando liberação dos conteúdos internos dos grânulos denso e α. A Adenosina Difosfato (ADP) presente nos grânulos densos promove uma ativação plaquetária adicional, através da retroalimentação de plaquetas. Nos grânulos α, existe FV parcialmente ativado. Este é convertido em forma ativa (FVa) pela ação do FXa ou da trombina. Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 13 Na amplificação, a trombina age através da ativação dos fatores V e VIII. A trombina age sobre o FVIII, ativando-o e causando sua dissociação com o FvW. Essa etapa resulta na ativação de plaquetas que possuem os cofatores Va e VIIIa em suas superfícies. Essas plaquetas ativadas servem para formar os complexos tenase e protrombinase em suas superfícies. O fator IXa pode se ligar às plaquetas ativadas de forma dependente ou independente do FVIIIa. Na formação dependente de FVIIIa, há formação do completo tenase (FIXa + FVIIIa), o qual ativa o fator X na superfície da plaqueta. Esse fator Xa forma um complexo na superfície plaquetária com o fator Va, chamado de protrombinase, que pode converter protrombina em trombina. A trombina quebra o fibrinogênio e o converte em fibrina e ativa o fator XIII, que torna o coágulo estável. Figura 15. Plaquetas. Figura 16. Plaquetas vistas na lâmina. Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 14 Figura 17. Esquema do processo de coagulação. Setas vermelhas representam ativação dos fatores. Setas azuis representam retroativação dos fatores. (Adaptado de Tratado de Hematologia, 2014). Por fim, ocorre a fibrinólise, um processo de destruição do coágulo pelo sistema fibrinolítico, que envolve algumas proteínas. A plasmina é o principal mediador da fibrinólise, quebrando a fibrina e formando produtos de degradação da mesma. Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 15 5. Hematopoese O processo de produção e maturação das células sanguíneas é chamado de hematopoese e ocorre nos órgãos hematopoiéticos. Durante a gestação, as células do feto são produzidas no saco vitelínico, até o segundo mês. Do segundo ao sétimo mês, esse processo acontece no baço e no fígado. Depois disso, a medula óssea (MO) passa a assumir gradativamente essa função. A medula óssea vermelha é um tecido funcional que tem capacidade de produzir as células sanguíneas a partir de determinados estímulos. Nas crianças, praticamente todos os ossos possuem medula óssea vermelha, mas nos adultos, essa quantidade se limita a alguns locais específicos, conforme destacados na Figura 18. Figura 18. Ossos que apresentam medula óssea vermelha no adulto. Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 16 Todas as células sanguíneas são originadas a partir de uma célula tronco pluripotente (Stem Cell). Essas células tronco hematopoiéticas possuem grande capacidade de autorrenovação (produção de células- filha idênticas a célula-mãe) e também de proliferação. A medula óssea recebe estímulos específicos para produzir e diferenciar determinado tipo celular, dependendo da necessidade do organismo. Bilhões de células sanguíneas são produzidas diariamente e esse processo precisa ser regulado pelos chamados fatores de crescimento, glicoproteínas secretadas pelas células do estroma medular. São citocinas responsáveis pela regulação da proliferação dos diferentes tipos celulares, atuando em receptores específicos das células tronco e nas células progenitoras, como as CFUs (Colony- Forming Units – Unidades Formadoras de Colônias) e suas precursoras BFUs (Burst-Forming Units – Unidades Formadoras de Crescimento Rápido). As tabelas 2 e 3 mostram detalhadamente esse processo. Tabela 2. Processo de diferenciação na hematopoese. (Adaptado de Tratado de Análises Clínicas, 2018). STEM CELL Stem Cell Mielóide - CFU-GEMM Stem Cell Linfóide CFU-GM CFU-Eos CFU-Mast-Bas BFU-E BFU-Meg Progenitor T Progenitor B CFU-G CFU-M CFU-E CFU-Meg Neutrófilo Monócito Eosinófilo Basófilo Eritrócito Plaqueta Linfócito T Linfócito B Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 17 Tabela 3. Esquema de progenitoras, citocinas e linhagens. EPO = Eritropoetina; IL = Interleucina; CSF = Colony Stimulating Factor. (Adaptado de Tratado de Análises Clínicas, 2018). A produção de cada linhagem recebe um nome específico. Hematopoese é o termo usado para o processo como um todo, mas a produção de linfócitos, por exemplo, é chamada de linfopoiese e é mediada por interleucinas como IL-2, IL-3, IL-6 e IL-7. A diferenciação de eritrócitos é chamada de eritropoiese e é mediada, principalmente, pela Eritropoetina, hormônio produzido nos rins. Trombopoiese é o nome dado à produção de trombócitos ou plaquetas, sendo mediada, por exemplo, pela IL-3. A formação de granulócitos e monócitos são chamadas, respectivamente, de granulopoiese e monopoiese, ambas mediadas por CSF-GM (Fator Estimulante de Colônia-Granulócitos e Monócitos). Progenitor Nomenclatura Citocinas CFU-GEMM Unidade Formadora de Colônia-Granulócito, Eritrócitos, Megacariócitos, Monócitos IL-3, GM-CSF e EPO BFU-E Unidade Formadora de Crescimento Rápido-Eritrócitos EPO, IL-3, IL-9, GM-CSF e IL-4 BFU-Meg Unidade Formadora de Crescimento Rápido-Megacariócitos IL-3 e GM-CSF CFU-GM Unidade Formadora de Colônia-Neutrófilos e Monócitos GM-CSF e G-CSF CFU-M Unidade Formadora de Colônia-Monócitos GM-CSF e IL-3 CFU-G Unidade Formadora de Colônia-Neutrófilos G-CSF, GM-CSF e IL-3 CFU-Eo Unidade Formadora de Colônia-Eosinófilos IL-5, GM-CSF e IL-3 CFU-E Unidade Formadora de Colônia-Eritrócitos EPO e IL-9 CFU-Meg Unidade Formadora de Colônia-Megacariócitos IL-3, GM-CSF, IL-6, IL-4 e EPO CFU-Mast Unidade Formadora de Colônia-Basófilos e Mastócitos IL-3 e GM-CSF Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 18 Na imagem 19, podemos entender um pouco mais o processo da hematopoese. Cada célula tem a sua jornada específica, até atingir a maturidade e ser liberada para a corrente sanguínea e/ou tecido. Figura 19. Representação da hematopoese. (Adaptado de “Diagnósticos do Brasil”). Um detalhe interessante: o linfócito T é a única célula que não sofre a maturação completa na medula óssea. Ele precisa passar pelo timo para se maturar por completo. Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 19 6. Hemograma O hemograma é um dos exames mais comuns e mais importantes de uma rotina laboratorial. A partir dele, conseguimos entender a condição clínica do paciente e encontrar a melhor solução. Porém, devemos sempre levar em consideração outros exames complementares e os sintomas do paciente. Por exemplo, se um indivíduo está com suspeita de anemia ferropriva, a dosagem de ferro e ferritina são fundamentais para auxiliar o diagnóstico. Mas o que significam todos aqueles resultados que observamos no hemograma? Primeiro, precisamos entender a estrutura desse exame, que é dividido em três porções: Eritrograma: avalia a série vermelha, quantitativa e qualitativamente. É a partir do eritrograma que sabemos se o paciente apresenta um quadro anêmico, por exemplo. Com a ajuda dos índices hematimétricos, podemos chegar ao diagnóstico com mais facilidade. Mas, não se preocupe, falaremos desses índices daqui a pouco. Leucograma: avalia a série branca e o sistema imunológico, composto por leucócitos. Essa é a porção do hemograma que nos mostra, por exemplo, se o paciente apresenta um quadro de infecção e a provável causa dessa infecção (vírus, bactérias...). Plaquetograma: é a porção que avalia a morfologia e a quantidade das plaquetas circulantes. Muito importante em casos de distúrbios da coagulação e algumas outras situações específicas. Lembrando que outros exames do coagulograma (TP, TTPa) são de extrema importância também. Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 20 6.1 Eritrograma O eritrograma é composto por alguns parâmetros de extrema importância para o hemograma. Essa porção nos mostra a quantidade de hemácias, hemoglobina, hematócrito, volume corpuscular médio (VCM), hemoglobina corpuscular média (HCM), concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM) e índice de anisocitose eritrocitária (RDW). Vamos descomplicar cada um deles? Contagem de Hemácias Nos mostra a quantidade de hemácias circulantes em um determinado volume de sangue. A contagem de hemácias pode ser feita de maneira manual, na câmara de Neubauer ou de maneira automatizada, com algum equipamento de hematologia. Hoje em dia, a maioria dos laboratórios possui equipamentos capazes de realizar a contagem automática de células. O valor de referência gira em torno de 3,5 – 5,0 x106/µL. Hemoglobina A dosagem de hemoglobina (Hb) nos mostra se o paciente é anêmico ou não. A definição de anemia é: diminuição de hemoglobina circulante. Logo, se o valor de hemoglobina estiver abaixo do normal, aquele paciente está anêmico. Podemos definir a severidade da anemia de acordo com o resultado da hemoglobina. Por exemplo, o valor normal de hemoglobina em uma mulher adulta é de 12 – 15 g/dL. Esses valores variam um pouco dependendo do sexo e da idade do paciente. Para os Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 21 homens, o valor de referência é um pouco mais alto, em torno de 13,5 – 16,5 g/dL. No caso das mulheres, se esse valor estiver abaixo do normal, podemos definir da seguinte maneira: Hb entre 10 – 11,9 g/dL: anemia discreta; Hb entre 7 – 9,9 g/dL: anemia moderada; Hb < 7 g/dL: anemia severa ou grave. Hematócrito Hematócrito (Ht) é a porcentagem de hemácias no sangue total. Mas o que é sangue total? Como o nome sugere, é o sangue completo, ou seja, plasma e células. No organismo, eles circulam em forma de sangue total, mas na rotina laboratorial, podemos separá-los para avaliar individualmente algum elemento sanguíneo. Na hematologia, utilizamos o sangue total, que equivale a 100%. Dessa totalidade, existe uma porcentagem de plasma (aproximadamente 55%), uma porcentagem de leucócitos e plaquetas, e uma porcentagem de hemácias. Essa porcentagem de hemácias é chamada de hematócrito. Ou seja, se o hematócrito de um indivíduo é 40%, significa que 40% do sangue é composto por hemácias e os outros 60% são compostos por plasma, leucócitos e plaquetas. Figura 20. Representação do hematócrito. Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 22 Volume Corpuscular Médio (VCM) É o índice hematimétrico que indica a média dos tamanhos das hemácias e podemos expressá-lo em fentolitros (fL). O valor normal de VCM gira em torno de 80 – 100 fL. É um índice usado para classificar as anemias morfologicamente. VCM entre 80 – 100 fL = normocitose (as hemácias apresentam tamanhos normais); VCM < 80 fL = microcitose (hemácias menores do que o normal); VCM > 100 fL = macrocitose (hemácias maiores do que o normal). Quando o paciente anêmico apresenta microcitose, dizemos que a anemia é microcítica. Quando o VCM é normal, anemia normocítica, e quando o VCM está alto, anemia macrocítica. Figura 21. Representação do VCM. Basicamente a média dos tamanhos das hemácias. Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 23 Hemoglobina Corpuscular Média (HCM e CHCM) Basicamente indicam a média da quantidade de hemoglobina dentro de cada hemácia. Esses índices nos mostram a coloração das hemácias (a hemoglobina é responsável pela pigmentação avermelhada da célula, lembra?). O valor de referência gira em torno de 27 – 33 pg (picograma) para o HCM e 31 – 36 g/dL para o CHCM. HCM entre 27 – 33 pg = normocromia (coloração das hemácias está normal, indicando uma quantidade satisfatória de hemoglobina no interior das células); HCM < 27 pg = hipocromia (coloração fraca, pouca hemoglobina nas células). Quando o paciente anêmico apresenta HCM baixo, chamamos de anemia hipocrômica e conseguimos visualizar células pálidas (com o halo central maior do que de costume e a borda avermelhada bem fina) no esfregaço sanguíneo. Cor, em grego, é “chróma”, por isso os termos usam o sufixo “cromia”. Figura 22. Hemácias microcíticas e hipocrômicas.Setas pretas: Fina camada de hemoglobina na borda das hemácias e halo central aumentado, indicando hipocromia. Seta vermelha: hemácia microcítica, menor do que as demais. (Fonte: Tratado de Hematologia, 2014). O CHCM também pode indicar quando a qualidade da amostra não é boa, por conta, por exemplo, de algum erro pré-analítico (coleta inadequada, hemólise, armazenamento inadequado). Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 24 Índice de Anisocitose Eritrocitária (RDW) Anisocitose é o termo utilizado quando uma população celular apresenta tamanhos muito diferentes entre si. É comum termos uma pequena diferença entre uma célula e outra, mas elas costumam manter um tamanho padronizado e parecido. Quando as hemácias oscilam muito em tamanho, chamamos de anisocitose. Ou seja, existem células muito grandes, médias e muito pequenas em uma mesma população. O RDW é expresso em porcentagem e o valor normal varia de 11 – 16%. Quando o valor está alto, indica anisocitose. Valor abaixo, é clinicamente irrelevante. Figura 23. Presença de anisocitose eritrocitária. Setas pretas indicam hemácias macrocítica e setas vermelhas indicam hemácias microcíticas. Todos esses índices auxiliam na avaliação e no diagnóstico de anemias e são fundamentais partes do hemograma. Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 25 6.2 Leucograma Essa porção do hemograma nos mostra como está o sistema imunológico do paciente. É aqui que vamos avaliar quantitativa e qualitativamente os leucócitos, observando e relatando alguma alteração morfológica relevante. O Leucograma é dividido em duas contagens: a global e a diferencial de leucócitos. A global, é a contagem de todos os leucócitos, sem diferenciá-los, avaliando, assim, o sistema imunológico como um todo. E a contagem diferencial, separa todos os tipos de leucócitos que já vimos anteriormente. Então, sabemos a quantidade exata de cada um. Isso faz com que possamos identificar uma possível causa de infecções, dependendo do leucócito predominante. Ambas se completam e nunca devem ser avaliadas separadamente. Mas, por que? Vamos aos exemplos: Contagem Global: normalmente, o valor gira em torno de 4.000 – 10.000/µL; Quando temos uma contagem global < 4.000/µL, chamamos de leucopenia (lembre-se, tudo que terminar com “penia”, significa diminuição), isso significa que o sistema imunológico está deficiente por algum motivo. Existem poucos leucócitos circulando; Quando há um aumento de leucócitos (> 10.000/µL), chamamos de leucocitose. A leucopenia pode ser causada por diversos motivos, como uso de medicamentos, quimioterapia (destrói células malignas e normais), infecções virais ou bacterianas (alguns tipos de bactérias Gram negativas podem causar leucopenia). A leucocitose normalmente está associada a infecções (principalmente bacterianas), processos inflamatórios e leucemias. Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 26 *Vamos supor que estamos lidando com um quadro de infecção. Certo! Agora já sabemos que o paciente tem leucopenia ou leucocitose. Mas... qual o provável tipo de infecção? É aí que entra a contagem diferencial! Dependendo do leucócito predominante, podemos sugerir um tipo específico de infecção. A contagem diferencial nos mostra a quantidade relativa (porcentagem) e absoluta (valor real) de cada tipo de leucócito. No esfregaço sanguíneo, podemos fazer a contagem manual dessas células. No caso, vamos analisar a lâmina até encontrarmos 100 leucócitos. Cada leucócito equivale a 1%, logo, 100 leucócitos equivalem a 100%. Precisamos entender que não podemos contar todas as células do corpo, mas utilizamos essa maneira de representar todos os leucócitos. Esses 100% correspondem à contagem global. O valor relativo de cada um vai nos mostrar qual leucócito está predominando. Por exemplo, digamos que o paciente chegou no hospital com sintomas de infecção. No hemograma, esse foi o resultado relativo da contagem diferencial. Neutrófilo segmentado: 74% Eosinófilo: 4% Basófilo: 1% Linfócito: 15% Monócito: 6% Qual leucócito está predominando? O neutrófilo, certo? Ele costuma estar mais presente em infecções bacterianas, então a provável causa dessa infecção, é uma bactéria. Normalmente infecções bacterianas elevam os leucócitos totais (leucocitose). Agora, precisamos aprender a calcular o valor absoluto de cada leucócito. Hoje, quase ninguém calcula porque os equipamentos Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 27 automatizados já contam as células e liberam o resultado pronto. Mas, de qualquer maneira, precisamos saber esse cálculo. Através de uma simples regra de três, podemos encontrar os valores absolutos de cada leucócito. Vamos usar o mesmo exemplo aí de cima, adicionando um valor para a contagem global. Contagem Global: 10.000/µL Neutrófilos: 74% Eosinófilo: 4% Basófilo: 1% Linfócito: 15% Monócito: 6% Levando em consideração que a contagem global equivale a 100%, usamos a seguinte fórmula: Agora, vamos preencher com os valores encontrados: O resultado absoluto da contagem de neutrófilos é 7.400/µL. Usando a mesma regra de três para cada um dos outros leucócitos, encontraremos: Linfócitos 1.500/µL; Monócitos 600/µL; Eosinófilos 400/µL; Basófilos 100/µL. Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 28 OBS: O valor da contagem global varia para cada paciente! Usei o valor de 10.000/µL apenas para demonstração. Além disso, na rotina, costumamos utilizar termos específicos para indicar aumento ou diminuição de determinada célula, conforme a Tabela 4. Tabela 4. Termos utilizados na rotina para indicar aumento ou diminuição de determinado leucócito. Os valores de referência podem variar um pouco, pois cada laboratório usa o valor que achar correto, mas, de uma maneira geral, giram em torno dos valores demonstrados na Tabela 5. É importante ressaltar que os valores para recém-nascidos e crianças também podem variar. Nos primeiros meses de vida, é comum encontrar uma quantidade maior de linfócitos do que de neutrófilos, já que o sistema imunológico do bebê ainda está sendo formado e os linfócitos são fundamentais nesse processo. Termos Leucócito Aumento Diminuição Neutrófilo Segmentado Neutrofilia Neutropenia Eosinófilo Eosinofilia Eosinopenia Basófilo Basofilia Linfócito Linfocitose Linfocitopenia Monócito Monocitose Monocitopenia Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 29 Valores de Referência Leucócito Valor Relativo Valor Absoluto Neutrófilo Segmentado 50 - 65% 2.000 - 7.150/µL Eosinófilo 1 - 6% 40 - 550/µL Basófilo 0 - 1% 0 - 100/µL Linfócito 15 - 25% 800 - 4.000/µL Monócito 2 - 8% 80 - 1.000/µL Tabela 5. Valores de referência dos leucócitos em adultos. Para finalizar o Leucograma, não posso deixar de citar um dos fenômenos que mais gera dúvida: o desvio à esquerda. Mas, afinal, o que é desvio à esquerda? Para responder isso, vamos precisar utilizar a imagem abaixo. A maturação dos leucócitos ocorre na medula óssea e segue uma ordem específica, como vimos na Figura 19, quando estudamos hematopoese. Desvio à esquerda nada mais é do que um aumento de células jovens na corrente sanguínea. Isso não é normal, porque são as células maduras que devem circular. Figura 24. Representação do desvio à esquerda. Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 30 Em termos de quantidade e em condições normais, os neutrófilos segmentados são os leucócitos que mais encontramos na corrente sanguínea, seguidos dos linfócitos. Os neutrófilos bastonetes, que ainda não sofreram a maturação completa para se tornarem segmentados, podem aparecer em pequena quantidade na circulação, em torno de 1 – 3%. Mas os demais componentes dessa linhagem, não devem aparecer. Quando encontramos uma quantidade maior de bastonetes ou presença de metamielócitos e mielócitos, por exemplo, caracterizamos desvio à esquerda, porque a linhagem foi “desviada” para o sentido oposto, como mostra a Figura 24. Mas, por que isso acontece? Bom, podemos perceber esse fenômeno em casos de infecções bacterianas agudas. O organismo detecta a presença de um corpo estranho e faz de tudo para combate- lo o mais rápido possível. Sendo assim, ele libera os leucócitos jovens para tentar se proteger, ocasionando um aumento dessas células na corrente sanguínea. Por outro lado, a presença de blastos é mau prognóstico e não está associada a infecção. Nesse caso, podemos estar lidando com uma leucemia. No esfregaço sanguíneo, não conseguimos diferenciar um mieloblasto de um linfoblasto. Eles são praticamente idênticos a olho nu. Para isso, precisamos de imunofenotipagem. Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 31 6.3 Plaquetograma A última porção do hemograma avalia as plaquetas. Ele é composto, basicamente, por contagem de plaquetas, VPM e PDW. A contagem de plaquetas, em condições normais, gira em torno de 150.000 – 450.000/µL. É um parâmetro importante para entendermos a capacidade de coagulação daquele paciente. OBS: Lembrando que os testes de TP e TTPa também são fundamentais para avaliar a cascata da coagulação dos pacientes (fatores de coagulação). Quando o valor está baixo, chamamos de plaquetopenia ou trombocitopenia e isso indica que o paciente corre risco de hemorragia (dependendo do resultado). Quando está acima do normal, plaquetocitose ou trombocitose, indicando um risco de trombose (podendo estar associado a algum distúrbio dos fatores de coagulação). O VPM é o Volume Plaquetário Médio e segue o mesmo princípio do VCM do eritrograma, mas adaptado às plaquetas. Ou seja, é o tamanho médio desses fragmentos celulares. É comum encontrarmos plaquetas de diferentes tamanhos entre as pessoas, alguns pacientes apresentam plaquetas um pouco maiores do que outros e vice-versa, mas nem sempre significa algo ruim. Porém, devemos estar atentos à presença de macroplaquetas e plaquetas gigantes. Figura 25. Macroplaqueta vista na lâmina. (Fonte: Tratado de Análises Clínicas, 2018). Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 32 O PDW é o Índice de Anisocitose Plaquetário e funciona como o RDW das hemácias, indicando a oscilação de tamanho da população plaquetária. Os valores de referência para os recém-nascidos é ligeiramente mais alto do que para os adultos. Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 33 7. Para fixar bem na memória! Aqui vão mais algumas imagens para te ajudar a identificar os leucócitos na prática: Figura 26. Neutrófilo bastonete. Núcleo em formato de “C”, granulação fina e discreta no citoplasma. Figuras 27 e 28. Monócitos. Citoplasma azul-acinzentado, presença de vacúolos citoplasmáticos, cromatina nuclear frouxa e delicada. Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 34 Figura 29. Eosinófilo (1), neutrófilo segmentado (2) e algumas hemácias hipocrômicas. Eosinófilo bilobulado, com granulação grosseira e bem corada. Neutrófilo com granulação fina. Figura 30. No mesmo campo, um eosinófilo, um neutrófilo segmentado e um basófilo. Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 35 Figura 31. Basófilo. Granulação bem grosseira e azul escura. Figura 32. Eosinófilo. Figura 33. Neutrófilo segmentado. Figura 34. Linfócito. Núcleo grande, ocupando praticamente todo o citoplasma, cromatina condensada. Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 36 Aqui vai uma pequena dica que eu costumo passar aos meus alunos, para ajudar na hora de diferenciar os granulócitos: A nomenclatura dos granulócitos está relacionada à sua coloração e afinidade por determinado corante. No panótico rápido, utilizamos os corantes eosina e azul de metileno. A eosina é um corante laranja e de caráter ácido, portanto, tem afinidade por estruturas básicas, como os grânulos dos eosinófilos. Por isso o nome eosinófilo: “eosino” = eosina; “filo” = filia (afinidade). Ou seja, afinidade pela eosina. Esse é o motivo pelo qual a granulação é bem alaranjada. Por outro lado, o azul de metileno é um corante básico e tem afinidade por estruturas ácidas, como os núcleos das células (composto por DNA, ácidos nucléicos). A granulação dos basófilos também é ácida, por isso os grânulos são corados em azul escuro. A nomenclatura segue o mesmo princípio: “baso” = básico; “filo” = filia, ou seja, afinidade pelo corante básico. E os neutrófilos? Bom, são neutros! Eles têm afinidade pelos dois corantes, por isso apresentam granulação de ambas as cores. Só que são grânulos tão pequenos, que nem sempre conseguimos distinguir essas colorações. Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 37 E aí, curtiu a dica? Espero que sim. Se você precisar de alguma coisa, pode entrar em contato comigo: e-mail: contato@farmaceuticando.com Instagram: @farmaceuticando_ WhatsApp: (84) 99102-1799 Site: https://farmaceuticando.com Ah, só para lembrar que o conteúdo desse e-book não pode ser compartilhado sem a minha autorização, tá? Se gostou do material, dá uma olhada no meu site, lá tem artigos gratuitos e outros e-books para você se especializar! Obrigado pela confiança e até a próxima. Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/ mailto:contato@farmaceuticando.com https://instagram.com/farmaceuticando_ https://l.instagram.com/?u=http%3A%2F%2Fbit.ly%2FFarmaceuticando-WhatsApp&e=ATNc65SEMdNgRxObKqKB3ot9cPR7lG0gafFgdOTpOikaTSbSuoXrJpdhe10a4XLWXAf8umchd0vRbrfIChI3NmzdBXgOFGF_hC4axw&s=1 https://farmaceuticando.com/ Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri www.farmaceuticando.com 38 8. Referências BARCELOS, L. F.; AQUINO, J. L. Tratado de Análises Clínicas. São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte: Editora Atheneu, 2018. ZAGO, M. A.; FALCÃO, R. P.; PASQUINI, R. Tratado de Hematologia. São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte: Editora Atheneu, 2014. Licensed to Juliane Simões - julianesimoes010@gmail.com - HP159016245680667 http://www.farmaceuticando.com/
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