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E-book - Hematologia Básica

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Hematologia Básica – Por Giovani Lavieri 
 
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Sobre Giovani Lavieri 
 
 Giovani é farmacêutico, formado pela Universidade Federal do 
Rio Grande do Norte (UFRN), especialista em Toxicologia Clínica e 
Forense pela Faculdade Unyleya e em Ciências Forenses e Perícia 
Criminal pela Universidade Potiguar (UnP). 
 
 Possui experiência nas análises clínicas, já atuou como 
farmacêutico bioquímico em laboratórios de grande rotina e é 
professor universitário desde 2016. Também atua como assessor 
científico. 
 
 Criou o Farmaceuticando com objetivo de ajudar estudantes da 
área da saúde, bem como profissionais formados, a se aprofundarem 
nas análises clínicas e toxicológicas. 
 
 
 
 
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Olá, tudo bem? Obrigado por adquirir o e-book Hematologia Básica. 
Tenho certeza de que vai te ajudar bastante na sua jornada. Tentei unir 
conceitos básicos de hematologia e esclarecer algumas dúvidas comuns que 
meus alunos sempre me perguntam. 
 Depois dá uma olhada no meu site, lá tem bastante conteúdo gratuito 
e outros e-books bem legais que eu preparei com muito carinho. Fiz alguns 
deles em parceria com colegas, ótimos profissionais. Para acessar o site, basta 
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 Se quiser, também tem meu Instagram @farmaceuticando_. Se depois 
de ler o e-book, você ficar com alguma dúvida ou se quiser saber mais sobre 
o conteúdo que eu preparo, fique à vontade para me chamar no WhatsApp. 
 Quero te avisar que é proibido compartilhar o conteúdo desse e-book 
sem minha autorização. Sei que posso contar com você! 
 Bom, espero que aproveite bastante o material que preparei e, 
qualquer coisa, estou por aqui. 
 
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Sumário 
 
1. O que é Hematologia?.................................................................................1 
2. Hemácias..............................................................................................................2 
3. Leucócitos............................................................................................................4 
3.1 Neutrófilo segmentado....................................................................4 
3.2 Eosinófilo...................................................................................................6 
3.3 Basófilo.......................................................................................................7 
3.4 Linfócito.....................................................................................................8 
3.5 Monócito...................................................................................................9 
4. Plaquetas..............................................................................................................11 
5. Hematopoese...................................................................................................15 
6. Hemograma......................................................................................................19 
6.1 Eritrograma...........................................................................................20 
6.2 Leucograma..........................................................................................26 
6.3 Plaquetograma...................................................................................32 
7. Para fixar na memória...............................................................................33 
8. Referências.......................................................................................................38
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1. O que é Hematologia? 
 
Antes de qualquer coisa, precisamos entender o que é 
hematologia. Bom, podemos dizer que é o estudo do sangue e seus 
componentes, certo? 
O sangue é dividido em duas porções: 
 Parte líquida: plasma (água, sais minerais, vitaminas, 
proteínas), corresponde a aproximadamente 55% do 
sangue; 
 Parte sólida: células (hemácias, leucócitos e plaquetas), 
correspondem a aproximadamente 45% do sangue. 
 
Figura 1. Representação das porções do sangue. 
 
 Na hematologia, o foco são as células e suas respectivas 
morfologias e funções no nosso organismo. Vamos entender um pouco 
melhor os tipos celulares presentes na corrente sanguínea. 
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2. Hemácias 
 As hemácias, também conhecidas como eritrócitos ou glóbulos 
vermelhos (GV), são responsáveis pelas trocas gasosas no organismo, 
ou seja, transportar oxigênio (O2) dos pulmões para os tecidos e gás 
carbônico (CO2) dos tecidos para os pulmões. Essas células conseguem 
realizar essa função por conta da hemoglobina, uma proteína 
composta por quatro cadeias globínicas (duas α e duas β) e uma porção 
não proteica, chamada de heme. Cada cadeia globínica contém um 
grupamento heme, onde existe um átomo de ferro, capaz de se ligar ao 
oxigênio e transportá-lo por todo o corpo. 
 
Figura 2. Estrutura da Hemoglobina. 
 
 A morfologia das hemácias é bem característica. É uma célula 
circular, anucleada, com formato de disco bicôncavo e tamanho 
aproximado de 8µm. A vida útil dessas células gira em torno de 120 dias. 
 Na lâmina, podemos observar as hemácias com uma borda mais 
avermelhada e o centro com uma colocação mais clara, 
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correspondendo às regiões bicôncavas. Isso ocorre porque a 
hemoglobina, responsável pela coloração avermelhada da célula, e se 
concentra nas bordas dos eritrócitos e não no centro. 
 
Figura 3. Hemácias. 
 
 
 
 
 
 
Figura 4. Hemácias visualizadas no microscópio. 
 
 No hemograma, os valores normais de hemácias costumam variar 
entre homem e mulher, como mostra a Tabela 1. 
Parâmetro Homem Mulher 
Contagem de Hemácias (× 106/μL) 4,5 – 6,5 4,0 – 5,6 
 
Tabela 1. Valores normais de hemácias no hemograma.
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3. Leucócitos 
 Os leucócitos, ou glóbulos brancos (GB), são as células 
responsáveis pela defesa do nosso organismo. São eles que combatem 
os invasores (antígenos), como os vírus e as bactérias. 
 Cada leucócito tem uma característica morfológica diferente e 
uma função específica dentro do sistema imunológico. De
um modo 
geral, podemos classifica-los em dois grandes grupos: os granulócitos 
(polimorfonucleares) e os agranulócitos (mononucleares). Como o 
nome sugere, os granulócitos possuem grânulos no citoplasma e o 
núcleo multiforme e segmentado. Enquanto que os agranulócitos 
apresentam um núcleo único e uniforme e não possuem granulação. 
 Os granulócitos são divididos em três: neutrófilo 
segmentado, eosinófilo e basófilo; 
 Os agranulócitos, são dois: linfócito e monócito. 
Agora, vamos falar mais detalhadamente sobre cada um deles: 
 
3.1 Neutrófilo segmentado: 
 Apresentam granulação fina e discreta no citoplasma, 
dando a impressão de que a célula está “suja” ou coberta 
de poeira; 
 Existem quatro tipos de granulações no neutrófilo: 
o Primária (azurófila); 
o Secundária (específica); 
o Terciária (de gelatinase); 
o Vesículas secretoras. 
 Seu núcleo é dividido em lóbulos ou segmentos (por isso 
são chamados de segmentados); 
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 Normalmente apresenta de 2 a 4 lóbulos, de cromatina 
densa e escura; 
 Os lóbulos são interligados por uma fina camada de 
cromatina, que nem sempre conseguimos observar no 
microscópio; 
 São leucócitos fundamentais na defesa do organismo, 
agindo, principalmente, contra bactérias; 
 O tempo de vida útil dos neutrófilos é bem curto, em torno 
de 6 a 8 horas. 
Mas, como os neutrófilos agem? 
 São células fagocíticas, ou seja, envolvem o micro-
organismo com seu citoplasma e o digerem. Além disso, podem 
liberar para o meio extracelular o conteúdo dos seus grânulos, 
que são ricos em enzimas antimicrobianas e superóxidos de 
oxigênio. 
 
Figura 5. Neutrófilo segmentado. 
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Figura 6. Neutrófilo segmentado visto no microscópio. 
 
3.2 Eosinófilo: 
 Apresentam uma granulação bem grossa e de cor 
laranja; 
 Núcleo normalmente bilobulado (mas pode ter de 2 
a 3 lóbulos) com cromatina densa; 
 O eosinófilo tem função importante na defesa contra 
parasitas helmintos e processos inflamatórios 
relacionados à alergia. 
 
Figura 7. Eosinófilo. 
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Figura 8. Eosinófilo visto no microscópio. 
 
3.3 Basófilo: 
 Os grânulos dos basófilos são grosseiros e corados em azul 
escuro; 
 Núcleo normalmente bilobulado e com cromatina densa; 
 São capazes de produzir diversos mediadores inflamatórios, 
entre eles a histamina. 
 
Figura 9. Basófilo. 
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Figura 10. Basófilo visto no microscópio. 
 
3.4 Linfócito: 
 São células pequenas, arredondadas e regulares, alta 
relação núcleo-citoplasmática, onde o núcleo ocupa 
grande parte do citoplasma; 
 Citoplasma escasso e basófilo (de cor azul), núcleo regular 
e esférico com cromatina densa e sem nucléolo evidente; 
 É dividido basicamente em três tipos: 
o Linfócitos B, que são capazes de produzir anticorpos 
para combater antígenos específicos; 
o Linfócitos T, subdivididos em TCD8 (citotóxico) e 
TCD4 (helper); 
o Células NK (Natural Killer), que atuam em células 
tumorais ou infectadas por vírus. 
 No hemograma, as alterações dos linfócitos normalmente 
estão associadas a infecções virais; 
 Na lâmina, é impossível distinguir um linfócito B de um 
linfócito T, eles são idênticos a olho nu. Essa diferenciação 
deve ocorrer através da imunofenotipagem. 
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Figura 11. Linfócito. 
 
Figura 12. Linfócito visto no microscópio. 
 
3.5 Monócitos: 
 Citoplasma abundante e de cor azul-claro acinzentado, 
com um aspecto de vidro fosco; 
 Baixa relação núcleo-citoplasmática, núcleo centralizado 
com formato oval ou indentado, com cromatina frouxa e 
delicada; 
 Por ser uma célula fagocítica, pode apresentar vacúolos 
citoplasmáticos; 
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 Atua no combate a bactérias, destruição de células 
tumorais ou mortas, regulação de processos inflamatórios 
e apresentação de antígenos. 
 
Figura 13. Monócito. 
 
 
Figura 14. Monócito visto no microscópio. 
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4. Plaquetas 
 As plaquetas, também conhecidas como trombócitos, são 
pequenos fragmentos celulares originados a partir do citoplasma de 
uma célula gigante, o megacariócito, que, em condições normais, se 
encontra apenas na medula óssea. 
 Apresentam formato oval ou arredondado, podendo variar de 
tamanho de indivíduo para indivíduo, mas, de uma maneira geral, 
medem em torno de 2,9 a 4,2 µm. Célula anucleada, com citoplasma 
azul-claro e presença de granulações avermelhadas, distribuídas 
homogeneamente. 
 As plaquetas estão envolvidas nos processos de hemostasia, 
trombose e coagulação do sangue. O objetivo da hemostasia é evitar a 
hemorragia através da formação da rede de fibrina (coágulo), quando 
há alguma lesão tecidual que possa causar sangramento. É um 
processo complexo que envolve células, fatores de coagulação, fatores 
anticoagulantes naturais, entre outros. 
 Quando o subendotélio é exposto ao sangue por conta de uma 
lesão vascular, ocorre vasoconstricção no local para diminuir o fluxo 
sanguíneo e reduzir a hemorragia, então o processo de coagulação se 
inicia e as plaquetas se aderem ao local da lesão (adesão plaquetária) 
por diferentes interações. 
 Normalmente, o Fator de von Willebrand (FvW) circula no plasma 
e pode se ligar ao colágeno exposto e à Glicoproteína (Gp) Ib, que se 
encontra na superfície dos trombócitos. As plaquetas se ligam ao 
colágeno pela GpVI, promovendo uma sinalização em cascata e 
ativação das integrinas plaquetárias, que mediam a adesão plaquetária 
ao subendotélio. 
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 Enquanto esse processo ocorre, o Fator Tecidual (FT), uma 
glicoproteína presente em diversos tecidos do organismo, inclusive no 
subendotélio, se liga ao FVII circulante. O FT atua como receptor e 
cofator para o FVII. Quando essa ligação ocorre, o FVII é ativado em 
FVIIa e essa ligação entre FT e FVIIa ativa os fatores IX e X, que, quando 
ativados, desempenham diferentes funções na coagulação. 
 O fator Xa se liga ao fator Va, convertendo pequenas quantidades 
de protrombina em trombina, mas ainda insuficientes para formar o 
coágulo. Contudo, conseguem
retroalimentar a coagulação pela 
ativação dos fatores V, VIII e XI. 
 Por conta dos efeitos dessas pequenas quantidades de trombina 
sobre os fatores de coagulação, inicia-se a amplificação. A trombina se 
liga à Gp Ib, sofrendo uma alteração em sua conformação, que permite 
a clivagem de receptores Ativadores de Protease Plaquetária (PAR) pela 
trombina. Esses Ativadores são proteínas presentes nas plaquetas. A 
interação da trombina com o PAR-1 acarreta uma série de sinalizações 
que ativam as plaquetas e causam diversas alterações, como o 
aumento da expressão de Fosfatidilserina (FS) na superfície plaquetária. 
 A FS é um fosfolipídeo presente na parte interna da membrana 
plaquetária. Após a ativação plaquetária, ela migra para a parte externa 
da membrana e, com isso, possibilitando a formação de complexos de 
amplificação da coagulação, chamados tenase e protrombinase. São 
formados pela conciliação de fatores, íons e cofatores na superfície dos 
trombócitos, pela desgranulação das plaquetas, causando liberação 
dos conteúdos internos dos grânulos denso e α. A Adenosina Difosfato 
(ADP) presente nos grânulos densos promove uma ativação 
plaquetária adicional, através da retroalimentação de plaquetas. Nos 
grânulos α, existe FV parcialmente ativado. Este é convertido em forma 
ativa (FVa) pela ação do FXa ou da trombina. 
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 Na amplificação, a trombina age através da ativação dos fatores 
V e VIII. A trombina age sobre o FVIII, ativando-o e causando sua 
dissociação com o FvW. Essa etapa resulta na ativação de plaquetas 
que possuem os cofatores Va e VIIIa em suas superfícies. 
 Essas plaquetas ativadas servem para formar os complexos 
tenase e protrombinase em suas superfícies. O fator IXa pode se ligar às 
plaquetas ativadas de forma dependente ou independente do FVIIIa. 
Na formação dependente de FVIIIa, há formação do completo tenase 
(FIXa + FVIIIa), o qual ativa o fator X na superfície da plaqueta. Esse fator 
Xa forma um complexo na superfície plaquetária com o fator Va, 
chamado de protrombinase, que pode converter protrombina em 
trombina. 
 A trombina quebra o fibrinogênio e o converte em fibrina e ativa 
o fator XIII, que torna o coágulo estável. 
 
 
 Figura 15. Plaquetas. Figura 16. Plaquetas vistas na lâmina. 
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Figura 17. Esquema do processo de coagulação. Setas vermelhas representam 
ativação dos fatores. Setas azuis representam retroativação dos fatores. (Adaptado 
de Tratado de Hematologia, 2014). 
 
 Por fim, ocorre a fibrinólise, um processo de destruição do 
coágulo pelo sistema fibrinolítico, que envolve algumas proteínas. A 
plasmina é o principal mediador da fibrinólise, quebrando a fibrina e 
formando produtos de degradação da mesma.
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5. Hematopoese 
 O processo de produção e maturação das células sanguíneas é 
chamado de hematopoese e ocorre nos órgãos hematopoiéticos. 
Durante a gestação, as células do feto são produzidas no saco vitelínico, 
até o segundo mês. Do segundo ao sétimo mês, esse processo acontece 
no baço e no fígado. Depois disso, a medula óssea (MO) passa a assumir 
gradativamente essa função. 
 A medula óssea vermelha é um tecido funcional que tem 
capacidade de produzir as células sanguíneas a partir de determinados 
estímulos. Nas crianças, praticamente todos os ossos possuem medula 
óssea vermelha, mas nos adultos, essa quantidade se limita a alguns 
locais específicos, conforme destacados na Figura 18. 
 
Figura 18. Ossos que apresentam medula óssea vermelha no adulto. 
 
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 Todas as células sanguíneas são originadas a partir de uma célula 
tronco pluripotente (Stem Cell). Essas células tronco hematopoiéticas 
possuem grande capacidade de autorrenovação (produção de células-
filha idênticas a célula-mãe) e também de proliferação. 
 A medula óssea recebe estímulos específicos para produzir e 
diferenciar determinado tipo celular, dependendo da necessidade do 
organismo. Bilhões de células sanguíneas são produzidas diariamente 
e esse processo precisa ser regulado pelos chamados fatores de 
crescimento, glicoproteínas secretadas pelas células do estroma 
medular. São citocinas responsáveis pela regulação da proliferação dos 
diferentes tipos celulares, atuando em receptores específicos das 
células tronco e nas células progenitoras, como as CFUs (Colony-
Forming Units – Unidades Formadoras de Colônias) e suas precursoras 
BFUs (Burst-Forming Units – Unidades Formadoras de Crescimento 
Rápido). As tabelas 2 e 3 mostram detalhadamente esse processo. 
 
 
Tabela 2. Processo de diferenciação na hematopoese. (Adaptado de Tratado de 
Análises Clínicas, 2018). 
 
STEM CELL 
Stem Cell Mielóide - CFU-GEMM Stem Cell Linfóide 
CFU-GM CFU-Eos CFU-Mast-Bas BFU-E BFU-Meg Progenitor T Progenitor B 
CFU-G CFU-M CFU-E CFU-Meg 
Neutrófilo Monócito Eosinófilo Basófilo Eritrócito Plaqueta Linfócito T Linfócito B 
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Tabela 3. Esquema de progenitoras, citocinas e linhagens. EPO = Eritropoetina; IL = 
Interleucina; CSF = Colony Stimulating Factor. (Adaptado de Tratado de Análises 
Clínicas, 2018). 
 A produção de cada linhagem recebe um nome específico. 
Hematopoese é o termo usado para o processo como um todo, mas a 
produção de linfócitos, por exemplo, é chamada de linfopoiese e é 
mediada por interleucinas como IL-2, IL-3, IL-6 e IL-7. A diferenciação de 
eritrócitos é chamada de eritropoiese e é mediada, principalmente, pela 
Eritropoetina, hormônio produzido nos rins. Trombopoiese é o nome 
dado à produção de trombócitos ou plaquetas, sendo mediada, por 
exemplo, pela IL-3. A formação de granulócitos e monócitos são 
chamadas, respectivamente, de granulopoiese e monopoiese, ambas 
mediadas por CSF-GM (Fator Estimulante de Colônia-Granulócitos e 
Monócitos). 
Progenitor Nomenclatura Citocinas 
CFU-GEMM Unidade Formadora de Colônia-Granulócito, Eritrócitos, Megacariócitos, Monócitos IL-3, GM-CSF e EPO 
BFU-E Unidade Formadora de Crescimento Rápido-Eritrócitos EPO, IL-3, IL-9, GM-CSF e IL-4 
BFU-Meg Unidade Formadora de Crescimento Rápido-Megacariócitos IL-3 e GM-CSF 
CFU-GM Unidade Formadora de Colônia-Neutrófilos e Monócitos GM-CSF e G-CSF 
CFU-M Unidade Formadora de Colônia-Monócitos GM-CSF e IL-3 
CFU-G Unidade Formadora de Colônia-Neutrófilos G-CSF, GM-CSF e IL-3 
CFU-Eo Unidade Formadora de Colônia-Eosinófilos IL-5, GM-CSF e IL-3 
CFU-E Unidade Formadora de Colônia-Eritrócitos EPO e IL-9 
CFU-Meg Unidade Formadora de Colônia-Megacariócitos IL-3, GM-CSF, IL-6, IL-4 e EPO 
CFU-Mast Unidade Formadora de Colônia-Basófilos e Mastócitos IL-3 e GM-CSF 
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 Na imagem 19, podemos entender um pouco mais o processo da 
hematopoese. Cada célula tem a sua jornada específica, até atingir a 
maturidade e ser liberada para a corrente sanguínea e/ou tecido. 
 
 
Figura 19. Representação da hematopoese. (Adaptado de “Diagnósticos do Brasil”). 
 
Um detalhe interessante: o linfócito T é a única célula que não sofre 
a maturação completa na medula óssea. Ele precisa passar pelo timo 
para se maturar por completo. 
 
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6. Hemograma 
 O hemograma é um dos exames mais comuns e mais 
importantes de uma rotina laboratorial. A partir dele, conseguimos 
entender a condição clínica do paciente e encontrar a melhor solução. 
Porém, devemos sempre levar em consideração outros exames 
complementares e os sintomas do paciente. Por exemplo, se um 
indivíduo está com suspeita de anemia ferropriva, a dosagem de ferro 
e ferritina são fundamentais para auxiliar o diagnóstico. 
 Mas o que significam todos aqueles resultados que observamos 
no hemograma? Primeiro, precisamos entender a estrutura desse 
exame, que é dividido em três porções: 
 Eritrograma: avalia a série vermelha, quantitativa e 
qualitativamente. É a partir do eritrograma que sabemos se 
o paciente apresenta um quadro anêmico, por exemplo. 
Com a ajuda dos índices hematimétricos, podemos chegar 
ao diagnóstico com mais facilidade. Mas, não se preocupe, 
falaremos desses índices daqui a pouco. 
 Leucograma: avalia a série branca e o sistema imunológico, 
composto por leucócitos. Essa é a porção do hemograma 
que nos mostra, por exemplo, se o paciente apresenta um 
quadro de infecção e a provável causa dessa infecção (vírus, 
bactérias...). 
 Plaquetograma: é a porção que avalia a morfologia e a 
quantidade das plaquetas circulantes. Muito importante 
em casos de distúrbios da coagulação e algumas outras 
situações específicas. Lembrando que outros exames do 
coagulograma (TP, TTPa) são de extrema importância 
também. 
 
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6.1 Eritrograma 
 O eritrograma é composto por alguns parâmetros de extrema 
importância para o hemograma. Essa porção nos mostra a quantidade 
de hemácias, hemoglobina, hematócrito, volume corpuscular médio 
(VCM), hemoglobina corpuscular média (HCM), concentração de 
hemoglobina corpuscular média (CHCM) e índice de anisocitose 
eritrocitária (RDW). Vamos descomplicar cada um deles? 
 
Contagem de Hemácias 
 Nos mostra a quantidade de hemácias circulantes em um 
determinado volume de sangue. A contagem de hemácias pode ser 
feita de maneira manual, na câmara de Neubauer ou de maneira 
automatizada, com algum equipamento de hematologia. Hoje em dia, 
a maioria dos laboratórios possui equipamentos capazes de realizar a 
contagem automática de células. O valor de referência gira em torno 
de 3,5 – 5,0 x106/µL. 
 
Hemoglobina 
 A dosagem de hemoglobina (Hb) nos mostra se o paciente é 
anêmico ou não. A definição de anemia é: diminuição de hemoglobina 
circulante. Logo, se o valor de hemoglobina estiver abaixo do normal, 
aquele paciente está anêmico. 
 Podemos definir a severidade da anemia de acordo com o 
resultado da hemoglobina. Por exemplo, o valor normal de 
hemoglobina em uma mulher adulta é de 12 – 15 g/dL. Esses valores 
variam um pouco dependendo do sexo e da idade do paciente. Para os 
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homens, o valor de referência é um pouco mais alto, em torno de 13,5 – 
16,5 g/dL. 
 No caso das mulheres, se esse valor estiver abaixo do normal, 
podemos definir da seguinte maneira: 
 Hb entre 10 – 11,9 g/dL: anemia discreta; 
 Hb entre 7 – 9,9 g/dL: anemia moderada; 
 Hb < 7 g/dL: anemia severa ou grave. 
 
Hematócrito 
 Hematócrito (Ht) é a porcentagem de hemácias no sangue total. 
Mas o que é sangue total? Como o nome sugere, é o sangue completo, 
ou seja, plasma e células. No organismo, eles circulam em forma de 
sangue total, mas na rotina laboratorial, podemos separá-los para 
avaliar individualmente algum elemento sanguíneo. 
Na hematologia, utilizamos o sangue total, que equivale a 100%. 
Dessa totalidade, existe uma porcentagem de plasma 
(aproximadamente 55%), uma porcentagem de leucócitos e plaquetas, 
e uma porcentagem de hemácias. Essa porcentagem de hemácias é 
chamada de hematócrito. Ou seja, se o hematócrito de um indivíduo é 
40%, significa que 40% do sangue é composto por hemácias e os outros 
60% são compostos por plasma, leucócitos e plaquetas. 
 
Figura 20. Representação do hematócrito. 
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Volume Corpuscular Médio (VCM) 
 É o índice hematimétrico que indica a média dos tamanhos das 
hemácias e podemos expressá-lo em fentolitros (fL). O valor normal de 
VCM gira em torno de 80 – 100 fL. É um índice usado para classificar as 
anemias morfologicamente. 
 VCM entre 80 – 100 fL = normocitose (as hemácias 
apresentam tamanhos normais); 
 VCM < 80 fL = microcitose (hemácias menores do que o 
normal); 
 VCM > 100 fL = macrocitose (hemácias maiores do que o 
normal). 
Quando o paciente anêmico apresenta microcitose, dizemos que 
a anemia é microcítica. Quando o VCM é normal, anemia normocítica, 
e quando o VCM está alto, anemia macrocítica. 
 
Figura 21. Representação do VCM. Basicamente a média dos tamanhos das 
hemácias. 
 
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Hemoglobina Corpuscular Média (HCM e CHCM) 
 Basicamente indicam a média da quantidade de hemoglobina 
dentro de cada hemácia. Esses índices nos mostram a coloração das 
hemácias (a hemoglobina é responsável pela pigmentação 
avermelhada da célula, lembra?). O valor de referência gira em torno de 
27 – 33 pg (picograma) para o HCM e 31 – 36 g/dL para o CHCM. 
 HCM entre 27 – 33 pg = normocromia (coloração das 
hemácias está normal, indicando uma quantidade 
satisfatória de hemoglobina no interior das células); 
 HCM < 27 pg = hipocromia (coloração fraca, pouca 
hemoglobina nas células). 
Quando o paciente anêmico apresenta HCM baixo, chamamos de 
anemia hipocrômica e conseguimos visualizar células pálidas (com o 
halo central maior do que de costume e a borda avermelhada bem fina) 
no esfregaço sanguíneo. Cor, em grego, é “chróma”, por isso os termos 
usam o sufixo “cromia”. 
 
Figura 22. Hemácias microcíticas e hipocrômicas.Setas pretas: Fina camada de 
hemoglobina na borda das hemácias e halo central aumentado, indicando 
hipocromia. Seta vermelha: hemácia microcítica, menor do que as demais. (Fonte: 
Tratado de Hematologia, 2014). 
 O CHCM também pode indicar quando a qualidade da amostra 
não é boa, por conta, por exemplo, de algum erro pré-analítico (coleta 
inadequada, hemólise, armazenamento inadequado). 
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Índice de Anisocitose Eritrocitária (RDW) 
 Anisocitose é o termo utilizado quando uma população celular 
apresenta tamanhos muito diferentes entre si. É comum termos uma 
pequena diferença entre uma célula e outra, mas elas costumam 
manter um tamanho padronizado e parecido. Quando as hemácias 
oscilam muito em tamanho, chamamos de anisocitose. Ou seja, 
existem células muito grandes, médias e muito pequenas em uma 
mesma população. 
 O RDW é expresso em porcentagem e o valor normal varia de 11 – 
16%. Quando o valor está alto, indica anisocitose. Valor abaixo, é 
clinicamente irrelevante. 
 
Figura 23. Presença de anisocitose eritrocitária. Setas pretas indicam hemácias 
macrocítica e setas vermelhas indicam hemácias microcíticas. 
 
Todos esses índices auxiliam na avaliação e no diagnóstico de 
anemias e são fundamentais partes do hemograma. 
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6.2 Leucograma 
 Essa porção do hemograma nos mostra como está o sistema 
imunológico do paciente. É aqui que vamos avaliar quantitativa e 
qualitativamente os leucócitos, observando e relatando alguma 
alteração morfológica relevante. 
 O Leucograma é dividido em duas contagens: a global e a 
diferencial de leucócitos. A global, é a contagem de todos os leucócitos, 
sem diferenciá-los, avaliando, assim, o sistema imunológico como um 
todo. E a contagem diferencial, separa todos os tipos de leucócitos que 
já vimos anteriormente. Então, sabemos a quantidade exata de cada 
um. Isso faz com que possamos identificar uma possível causa de 
infecções, dependendo do leucócito predominante. Ambas se 
completam e nunca devem ser avaliadas separadamente. Mas, por 
que? Vamos aos exemplos: 
 Contagem Global: normalmente, o valor gira em torno de 
4.000 – 10.000/µL; 
 Quando temos uma contagem global < 4.000/µL, 
chamamos de leucopenia (lembre-se, tudo que terminar 
com “penia”, significa diminuição), isso significa que o 
sistema imunológico está deficiente por algum motivo. 
Existem poucos leucócitos circulando; 
 Quando há um aumento de leucócitos (> 10.000/µL), 
chamamos de leucocitose. 
A leucopenia pode ser causada por diversos motivos, como uso 
de medicamentos, quimioterapia (destrói células malignas e normais), 
infecções virais ou bacterianas (alguns tipos de bactérias Gram 
negativas podem causar leucopenia). 
A leucocitose normalmente está associada a infecções 
(principalmente bacterianas), processos inflamatórios e leucemias. 
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 *Vamos supor que estamos lidando com um quadro de infecção. 
Certo! Agora já sabemos que o paciente tem leucopenia ou 
leucocitose. Mas... qual o provável tipo de infecção? É aí que entra a 
contagem diferencial! Dependendo do leucócito predominante, 
podemos sugerir um tipo específico de infecção. 
A contagem diferencial nos mostra a quantidade relativa 
(porcentagem) e absoluta (valor real) de cada tipo de leucócito. No 
esfregaço sanguíneo, podemos fazer a contagem manual dessas 
células. No caso, vamos analisar a lâmina até encontrarmos 100 
leucócitos. Cada leucócito equivale a 1%, logo, 100 leucócitos equivalem 
a 100%. 
Precisamos entender que não podemos contar todas as células 
do corpo, mas utilizamos essa maneira de representar todos os 
leucócitos. Esses 100% correspondem à contagem global. O valor 
relativo de cada um vai nos mostrar qual leucócito está predominando. 
Por exemplo, digamos que o paciente chegou no hospital com 
sintomas de infecção. No hemograma, esse foi o resultado relativo da 
contagem diferencial. 
 Neutrófilo segmentado: 74% 
 Eosinófilo: 4% 
 Basófilo: 1% 
 Linfócito: 15% 
 Monócito: 6% 
Qual leucócito está predominando? O neutrófilo, certo? Ele 
costuma estar mais presente em infecções bacterianas, então a 
provável causa dessa infecção, é uma bactéria. Normalmente infecções 
bacterianas elevam os leucócitos totais (leucocitose). 
 Agora, precisamos aprender a calcular o valor absoluto de cada 
leucócito. Hoje, quase ninguém calcula porque os equipamentos 
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automatizados já contam as células e liberam o resultado pronto. Mas, 
de qualquer maneira, precisamos saber esse cálculo. 
 Através de uma simples regra de três, podemos encontrar os 
valores absolutos de cada leucócito. Vamos usar o mesmo exemplo aí 
de cima, adicionando um valor para a contagem global. 
 Contagem Global: 10.000/µL 
 Neutrófilos: 74% 
 Eosinófilo: 4% 
 Basófilo: 1% 
 Linfócito: 15% 
 Monócito: 6% 
Levando em consideração que a contagem global equivale a 
100%, usamos a seguinte fórmula: 
 
Agora, vamos preencher com os valores encontrados: 
 
O resultado absoluto da contagem de neutrófilos é 7.400/µL. 
Usando a mesma regra de três para cada um dos outros leucócitos, 
encontraremos: 
 Linfócitos 1.500/µL; 
 Monócitos 600/µL; 
 Eosinófilos 400/µL; 
 Basófilos 100/µL. 
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OBS: O valor da contagem global varia para cada paciente! Usei o 
valor de 10.000/µL apenas para demonstração. 
 Além disso, na rotina, costumamos utilizar termos específicos 
para indicar aumento ou diminuição de determinada célula, conforme 
a Tabela 4. 
 
Tabela 4. Termos utilizados na rotina para indicar aumento ou diminuição de 
determinado leucócito. 
 
 Os valores de referência podem variar um pouco, pois cada 
laboratório usa o valor que achar correto, mas, de uma maneira geral, 
giram em torno dos valores demonstrados na Tabela 5. 
 É importante ressaltar que os valores para recém-nascidos e 
crianças também podem variar. Nos primeiros meses de vida, é comum 
encontrar uma quantidade maior de linfócitos do que de neutrófilos, já 
que o sistema imunológico do bebê ainda está sendo formado e os 
linfócitos são fundamentais nesse processo. 
 
Termos 
Leucócito Aumento Diminuição 
Neutrófilo Segmentado Neutrofilia Neutropenia 
Eosinófilo Eosinofilia Eosinopenia 
Basófilo Basofilia 
Linfócito Linfocitose Linfocitopenia 
Monócito Monocitose Monocitopenia 
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Valores de Referência 
Leucócito Valor Relativo Valor Absoluto 
Neutrófilo Segmentado 50 - 65% 2.000 - 7.150/µL 
Eosinófilo 1 - 6% 40 - 550/µL 
Basófilo 0 - 1% 0 - 100/µL 
Linfócito 15 - 25% 800 - 4.000/µL 
Monócito 2 - 8% 80 - 1.000/µL 
 
Tabela 5. Valores de referência dos leucócitos em adultos. 
 
 Para finalizar o Leucograma, não posso deixar de citar um dos 
fenômenos que mais gera dúvida: o desvio à esquerda. 
 Mas, afinal, o que é desvio à esquerda? Para responder isso, vamos 
precisar utilizar a imagem abaixo. A maturação dos leucócitos ocorre na 
medula óssea e segue uma ordem específica, como vimos na
Figura 19, 
quando estudamos hematopoese. Desvio à esquerda nada mais é do 
que um aumento de células jovens na corrente sanguínea. Isso não é 
normal, porque são as células maduras que devem circular. 
 
Figura 24. Representação do desvio à esquerda. 
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 Em termos de quantidade e em condições normais, os neutrófilos 
segmentados são os leucócitos que mais encontramos na corrente 
sanguínea, seguidos dos linfócitos. Os neutrófilos bastonetes, que ainda 
não sofreram a maturação completa para se tornarem segmentados, 
podem aparecer em pequena quantidade na circulação, em torno de 1 
– 3%. Mas os demais componentes dessa linhagem, não devem 
aparecer. Quando encontramos uma quantidade maior de bastonetes 
ou presença de metamielócitos e mielócitos, por exemplo, 
caracterizamos desvio à esquerda, porque a linhagem foi “desviada” 
para o sentido oposto, como mostra a Figura 24. 
 Mas, por que isso acontece? Bom, podemos perceber esse 
fenômeno em casos de infecções bacterianas agudas. O organismo 
detecta a presença de um corpo estranho e faz de tudo para combate-
lo o mais rápido possível. Sendo assim, ele libera os leucócitos jovens 
para tentar se proteger, ocasionando um aumento dessas células na 
corrente sanguínea. 
 Por outro lado, a presença de blastos é mau prognóstico e não 
está associada a infecção. Nesse caso, podemos estar lidando com uma 
leucemia. No esfregaço sanguíneo, não conseguimos diferenciar um 
mieloblasto de um linfoblasto. Eles são praticamente idênticos a olho 
nu. Para isso, precisamos de imunofenotipagem. 
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6.3 Plaquetograma 
 A última porção do hemograma avalia as plaquetas. Ele é 
composto, basicamente, por contagem de plaquetas, VPM e PDW. 
 A contagem de plaquetas, em condições normais, gira em torno 
de 150.000 – 450.000/µL. É um parâmetro importante para 
entendermos a capacidade de coagulação daquele paciente. 
 OBS: Lembrando que os testes de TP e TTPa também são 
fundamentais para avaliar a cascata da coagulação dos pacientes 
(fatores de coagulação). 
 Quando o valor está baixo, chamamos de plaquetopenia ou 
trombocitopenia e isso indica que o paciente corre risco de hemorragia 
(dependendo do resultado). Quando está acima do normal, 
plaquetocitose ou trombocitose, indicando um risco de trombose 
(podendo estar associado a algum distúrbio dos fatores de coagulação). 
 O VPM é o Volume Plaquetário Médio e segue o mesmo princípio 
do VCM do eritrograma, mas adaptado às plaquetas. Ou seja, é o 
tamanho médio desses fragmentos celulares. É comum encontrarmos 
plaquetas de diferentes tamanhos entre as pessoas, alguns pacientes 
apresentam plaquetas um pouco maiores do que outros e vice-versa, 
mas nem sempre significa algo ruim. Porém, devemos estar atentos à 
presença de macroplaquetas e plaquetas gigantes. 
 
Figura 25. Macroplaqueta vista na lâmina. (Fonte: Tratado de Análises Clínicas, 2018). 
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 O PDW é o Índice de Anisocitose Plaquetário e funciona como o 
RDW das hemácias, indicando a oscilação de tamanho da população 
plaquetária. 
 Os valores de referência para os recém-nascidos é ligeiramente 
mais alto do que para os adultos. 
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7. Para fixar bem na memória! 
Aqui vão mais algumas imagens para te ajudar a identificar os 
leucócitos na prática: 
 
Figura 26. Neutrófilo bastonete. Núcleo em formato de “C”, granulação fina e 
discreta no citoplasma. 
 
 
Figuras 27 e 28. Monócitos. Citoplasma azul-acinzentado, presença de vacúolos 
citoplasmáticos, cromatina nuclear frouxa e delicada. 
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Figura 29. Eosinófilo (1), neutrófilo segmentado (2) e algumas hemácias 
hipocrômicas. Eosinófilo bilobulado, com granulação grosseira e bem corada. 
Neutrófilo com granulação fina. 
 
 
Figura 30. No mesmo campo, um eosinófilo, um neutrófilo segmentado e um 
basófilo. 
 
 
 
 
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Figura 31. Basófilo. Granulação bem grosseira e azul escura. 
 
 
Figura 32. Eosinófilo. 
 
 
 Figura 33. Neutrófilo segmentado. 
 
 
Figura 34. Linfócito. Núcleo grande, 
ocupando praticamente todo o citoplasma, 
cromatina condensada. 
 
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Aqui vai uma pequena dica que eu costumo passar aos meus 
alunos, para ajudar na hora de diferenciar os granulócitos: 
 A nomenclatura dos granulócitos está relacionada à sua 
coloração e afinidade por determinado corante. No panótico rápido, 
utilizamos os corantes eosina e azul de metileno. 
A eosina é um corante laranja e de caráter ácido, portanto, tem 
afinidade por estruturas básicas, como os grânulos dos eosinófilos. Por 
isso o nome eosinófilo: “eosino” = eosina; “filo” = filia (afinidade). Ou 
seja, afinidade pela eosina. Esse é o motivo pelo qual a granulação é 
bem alaranjada. 
Por outro lado, o azul de metileno é um corante básico e tem 
afinidade por estruturas ácidas, como os núcleos das células (composto 
por DNA, ácidos nucléicos). A granulação dos basófilos também é ácida, 
por isso os grânulos são corados em azul escuro. A nomenclatura segue 
o mesmo princípio: “baso” = básico; “filo” = filia, ou seja, afinidade pelo 
corante básico. 
E os neutrófilos? Bom, são neutros! Eles têm afinidade pelos dois 
corantes, por isso apresentam granulação de ambas as cores. Só que 
são grânulos tão pequenos, que nem sempre conseguimos distinguir 
essas colorações. 
 
 
 
 
 
 
 
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E aí, curtiu a dica? Espero que sim. Se você precisar de alguma 
coisa, pode entrar em contato comigo: 
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 Instagram: @farmaceuticando_ 
 WhatsApp: (84) 99102-1799 
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 Ah, só para lembrar que o conteúdo desse e-book não pode ser 
compartilhado sem a minha autorização, tá? Se gostou do material, dá 
uma olhada no meu site, lá tem artigos gratuitos e outros e-books para 
você se especializar! Obrigado pela confiança e até a próxima. 
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8. Referências 
BARCELOS, L. F.; AQUINO, J. L. Tratado de Análises Clínicas. São Paulo, 
Rio de Janeiro, Belo Horizonte: Editora Atheneu, 2018. 
ZAGO, M. A.; FALCÃO, R. P.; PASQUINI, R. Tratado de Hematologia. São 
Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte: Editora Atheneu, 2014. 
 
 
 
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