Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MANUAL DO CURSO DE LICENCIATURA EM GESTÃO AMBIENTAL 2º Ano Disciplina: GESTÃO DE RISCOS AMBIENTAIS Código: ISCED21-ECOCFEO16 Total Horas/1o Semestre: Créditos (6): Número de Temas: 4 INSTITUTO SUPER INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA- ISCED ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Riscos Ambientais i Direitos de autor (copyright) Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED), e contêm reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED). A não observância do acima estipulado o infractor é passível a aplicação de processos judiciais em vigor no País. Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) Direcção Académica Rua Dr. Almeida Lacerda, No212 Ponta - Gêa Beira - Moçambique Telefone: +258 23 323501 Cel: +258 823055839 Fax: 23323501 E-mail:isced@isced.ac.mz Website: www.isced.ac.mz ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Riscos Ambientais ii Agradecimentos O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) e o autor do presente manual agradecem a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual: Pela Coordenação Pelo design Direcção Académica do ISCED Direcção de Qualidade e Avaliação do ISCED Financiamento e Logística Instituto Africano de Promoção da Educação a Distancia (IAPED) Elaborado Por: Ermelinda Xavier Maquenze - Mestre e Planeamento e Desenvolvimento Regional . ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Riscos Ambientais iii Índice Visão geral 1 Bem vindo ao Módulo de Gestão de Riscos Ambientais ......................................................... 1 Objectivos da Disciplina/Módulo ............................................................................................ 1 Quem deveria estudar este módulo? ...................................................................................... 1 Como está estruturado este módulo? ..................................................................................... 2 Ícones de actividade ............................................................................................................... 3 Habilidades de estudo ............................................................................................................ 3 Precisa de apoio? ................................................................................................................... 5 Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ....................................................................................... 6 Avaliação ................................................................................................................................ 7 TEMA - I: HISTORICO, CONCEITO E DEFINIÇÕES DA ANÁLISE DE RISCO 8 Unidade Temática 1.1: Historico, conceito e definiçoes de analise de riscos, risco e perigo, risco da operaçao normal e riscos ambientais ……………………………………………8 Introdução ………………………………………………………………………………….……………….…8 1.1.2 Conceito de Risco e Perigo …………………………………………………………………………....12 Sumario ………………………………………………………………………………………………………..15 Exercício de auto-avaliação …………………………………………………………………………..15 Exercícios de Avaliação. ………………………………………………………………………….……15 Unidade Temática 1.2: Classificação de riscos: riscos ambientais, riscos individuais e sociais ………………………………………………………………………………………………………….…17 Introdução ………………………………………………………………………………………………..…...17 1.2.1 Classificação de riscos ………………………………………………………………………....17 1.2.1.1 Riscos ambientais …………………………………………………………………….…20 Sumário ……………………………………………………………………………..……………………..…25 Exercícios de auto-avaliação ……………………………………………………………………..…25 Exercício de Avaliação …………………………………………………………………………..…….26 Unidade Temática 1.3: Introdução a análise qualitativa e quantitativa de Riscos …..…...26 Introdução ……………………………………………………………………………………………...….26 1.3.1 Análise de riscos …………………………………………………………………………..……27 1.3.2 Análise qualitativa e quantitativa do risco ……………………………………...…29 Sumário ……………………………………………………………………………………………………..35 Exercícios de auto-avaliação ………………………………………………………………..……35 ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Riscos Ambientais iv Exercício de Avaliação ……………………………………………………………………………..36 TEMA - II: ANÁLISE DE RISCOS EM PROCESSOS INDUSTRIAIS 37 Unidade Temática 2.1: Métodos de análise de riscos industriais características e estimativas de riscos …………………………………………………………………………………………………37 Introdução ……………………………………………………………………………………………....37 2.1.1 Métodos qualitativos Gerais, detalhados e de árvore……………………………….37 Sumario ………………………………….…………………………………………………………………39 Exercícios de auto-avaliação ………………………………………………………………….…39 Exercícios de avaliação ……………………………………………..………………………………40 Unidade Temática 2.2 - Analise Preliminar de Riscos (APR) Categorias e frequências de probabilidades de riscos e Estudo de Perigo e Operabilidade (HAZOP)………………40 Introdução …………………………………………………………………………………….40 2.2.1 Análise Preliminar de Riscos e Categoria e Frequência da Probabilidade de riscos………………………..……………………………………………………………….41 2.2.2 Estudo de Identificação de perigos e Operabilidade (HAZOP)…………44 Sumário ……….……………………………………………………………………………....46 Exercícios de auto-avaliação ……………………………………………………………….…47 Exercícios de avaliação ……………………………………..…………………………………….47 Unidade Temática 2.3: Aplicações e Estudos de Casos …………………………………………….48 Introdução ………………………………………………………………………………………….….48 2.3.1 Aplicação e estudo de casos sobre técnicas de analise de risco e em processos industriais ……………………………………………………………………….…………………….48 Exercício……………………………………………………………………………………………….48 TEMA - III: GERENCIAMENTO DO RISCO 49 Introdução ……………………………………………….……………………………………50 Sumário ……….……………………………………………………………………………….54 Exercícios de auto-avaliação ………………………………………………………..…….…55 Exercícios de avaliação ……………………………………..……………………………………..…..56 ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Riscos Ambientais v Unidade Temática 3.2 Elaboração de Mapa de Risco…………………………….……………………57 Introdução …………………………………………………………………………………….….57 Sumário ……….……………………………………………………………………………….....66 Exercícios de auto-avaliação ………………………………………………………………………66 Exercícios de avaliação ……………………………………..…………………………………….….67 Unidade Temática 3.3 Programa de Condições e Meio Ambiente do Trabalho …………..68 Introdução ……………………………………………………………………………………..…68 3.3.1 Conceito, Objectivo, benefícios e importância do PCMATs………………..69 3.3.2 Elaboração e Implementação do PCMAT……………………………………………71 Sumário ……….…………………………………………………………………………………...71 Exercícios de auto-avaliação ……………………………………………………………………….72 Exercícios de avaliação ……………………………………..………………………………………...72Unidade Temática 3.4: Modelos de Gestão de Riscos ………………………………………………...73 Introdução …………………………………………………………………………………………….…...73 3.4.1 Gestão de riscos……….………………………………………………………………………………...74 3.4.2 Normas sobre a gestão de riscos………………………………………………………………….77 3.4.3 Modelos de Gestão de Riscos de SATA …………………………………………………….....79 Sumário ……….……………………………………………………………………………........81 Exercícios de auto-avaliação ……………………………………………………………………...82 Exercícios de avaliação ……………………………………..………………………………………..82 Unidade Temática 3.5: Plano de Emergência …………..…………………………………………….….83 Introdução ……………………………………………………………………………………………..….83 3.5.1 Conceito, Objectivos e Características ……….………………………………………….…..84 3.4.3 Modelos de Gestão de Riscos de SATA ……………………………………………………....79 Sumário ……….…………………………………………………………………………….......89 Exercícios de auto-avaliação ……………………………………………………………………..90 Exercícios de avaliação ……………………………………..……………………………………….90 ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Riscos Ambientais vi Exercício…………………………………………………………………………………………………90 TEMA - IV: ESTUDO DE CASOS PRÁTICOS: ACIDENTES AMBIENTAIS E SUA RELAÇÃO COM ANÁLISE DE RISCO. CASOS TÍPICOS 91 Unidade Temática 4.1: Projecto de analise de riscos através da APP, Mapeamento de Riscos ambientais e sobre o levantamento dos aspectos e impactos relacionados à probabilidade de ocorrência ……………………………………………………………………………………..91 Introdução ……………………………………………………………………………………………….91 4.1.1 Avaliação Preliminar de Perigo (APP) …………………… ……………………….……….91 4.1.2 Mapeamento de risco ambiental ………………………………………………….………..102 4.1.3Projecto de levantamento dos aspectos e impactos relacionado á probabilidade de ocorrência dos riscos ambientais ……………………………...107 Sumario ………………………………….………………………………………………………….…112 Exercícios de avaliação ……………………………………………..………………………….112 V. EXERCICIOS DE CONSOLIDAÇÃO 114 _________________________________________________________________________________ VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 115 __________________________________________________________________________________ ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Riscos Ambientais 1 Visão geral Bem vindo à Disciplina/Módulo de Gestão de Riscos Ambientais Objectivos do Módulo Ao terminar o estudo deste módulo de Gestão de Riscos Ambientais deverá ser capaz de: compreender os conceitos de risco associados a acidentes ambientais, elaborar diagnósticos de análise de risco, propor sistemáticas e procedimentos para avaliação e tratamento de riscos ambientais e elaborar, sistematizar e operar Programas de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), através de planos de emergência. Objectivos Específicos Analisar os padrões e critérios de avaliação de riscos; Conhecer a necessidade de conhecimento detalhado das condicionantes de perigo; Estudar a criação da estrutura organizacional e formação de equipes interdisciplinares para à avaliação dos riscos ambientais; Analisar os erros e falhas visando a base de dados para a tomada de decisão; Quem deveria estudar este módulo Este Módulo foi concebido para estudantes do 2º ano do curso de licenciatura em Gestão Ambiental do ISCED. É extensivo a outros a que queiram saber mais, actualizar, ou consolidar os seus conhecimentos sobre a Gestão de Riscos Ambientais, não carecendo frequentar o curso., podendo apenas adquirir o manual. ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Riscos Ambientais 2 Como está estruturado este módulo O presente módulo de Gestão de Riscos Ambientais, para estudantes do 2º ano do curso de licenciatura em Gestão Ambiental, à semelhança dos restantes do ISCED, está estruturado como se segue: Páginas introdutórias Um índice completo. Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo, resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu estudo, como componente de habilidades de estudos. Conteúdo desta Disciplina/módulo Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente unidades. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma introdução, objectivos, conteúdos. No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só depois é que aparecem os exercícios de avaliação. Os exercícios de avaliação têm as seguintes características: puros exercícios teóricos/Práticos, Problemas não resolvidos e actividades práticas algumas incluído estudo de caso. Outros recursos A equipa dos académicos e pedagogos do ISCED, pensando em si, num cantinho, recôndito deste nosso vasto Moçambique e cheio de dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, apresenta uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu módulo para você explorar. Para tal o ISCED disponibiliza na biblioteca do seu centro de recursos mais material de estudos relacionado com o seu curso como: Livros e/ou módulos, CD, CD- ROOM, DVD. Para além deste material físico ou electrónico disponível na biblioteca, pode ter acesso a Plataforma digital moodle para alargar mais ainda as possibilidades dos seus estudos. ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Riscos Ambientais 3 Auto-avaliação e Tarefas de avaliação Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos exercícios de auto-avaliação apresentam duas características: primeiro apresentam exercícios resolvidos. Segundo, exercícios que mostram apenas respostas. Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras. Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de campo a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de correcção e subsequentemente nota. Também constará do exame do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os exercícios de avaliação é uma grande vantagem. Comentários e sugestões Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza diadáctico- Pedagógica, etc, sobre como deveriam ser ou estar apresentadas. Os seus comentários e sugestões serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este curso/módulo. Ícones de actividade Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes icones servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. Habilidades de estudo O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a aprender. Aprender aprende-se. Durante a formação e desenvolvimento de competências, para facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e Eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando estudar. Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos ISCED CURSO: GESTÃOAMBIENTAL; 20 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Riscos Ambientais 4 que caro estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos estudos, procedendo como se segue: 1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de leitura. 2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida). 3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR). 4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão. 5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou as de estudo de caso se existirem. IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo, respectivamente como, onde e quando...estudar,como foi referido no início deste item, antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de tarde/fins-de-semana/ao longo da semana? Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em cada hora, etc. É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado durante um determinado período de tempo; deve estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já domina bem o anterior. Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder lêr e estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos conteúdos de cada tema, no módulo. Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chama-se descanso à mudança de actividades). Ou seja que durante o intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos das actividades obrigatórias. ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Riscos Ambientais 5 Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado volume de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando interferência entre os conhecimento, perde sequência lógica, por fim ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai em insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente incapaz! Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda sistematicamente), não estudar apenas para responder a questões de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobretudo, estude pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área em que está a se formar. Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades. É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a margem para colocar comentários seus relacionados com o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura; Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado não conhece ou não lhe é familiar; Precisa de apoio? Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, páginas trocadas ou invertidas, etc). Nestes casos, contacte os serviços de atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone, sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando a preocupação. ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Riscos Ambientais 6 Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes (Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, estudante – CR, etc. As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do ISCED indigitada para acompanhar as sua sessões presenciais. Neste período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza pedagógica e/ou administrativa. O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% do tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida em que permite-lhe situar, em termos do grau de aprendizagem com relação aos outros colegas. Desta maneira ficará a saber se precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver hábito de debater assuntos relacionados com os conteúdos programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade temática, no módulo. Tarefas (avaliação e auto-avaliação) O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues duas semanas antes das sessões presenciais seguintes. Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da disciplina/módulo. Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente. Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do autor. O plágio1é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es). Uma transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do testo de um autor, sem o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade científica e o respeito pelos direitos autorias devem caracterizar a realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED). 1Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização. ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Riscos Ambientais 7 Avaliação Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância, estando eles fisicamente separados e muito distantes do docente/tutor? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma avaliação mais fiável e consistente. Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial conta com um máximo de 10% do total de tempo do módulo. A avaliação do estudante consta detalhada do regulamento de avaliação. Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de frequência para ir aos exames. Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência, determinam a nota final com a qualo estudante conclui a cadeira. A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira. Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) trabalhos e 1 (um) (exame). Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados como ferramentas de avaliação formativa. Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade. Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários sobre a estrutura e o conteúdo do curso/ módulo. Os seus comentários serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este curso/módulo , a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a identificação das referências bibliográficas utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros. Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de Avaliação. ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Riscos Ambientais 9 TEMA – I: HISTORICO, CONCEITO E DEFINIÇÕES DA ANALISE DE RISCO Unidade Tematica 1.1: Historico, conceito e definiçoes de analise de riscos, risco e perigo Unidade Temática 1.2: Riscos ambientais Unidade Temática 1.2: Classificação dos riscos - Riscos ambientais, individuais e sociais. Unidade Temática 1.3: Introdução à analise qualitativa e quantitativa de riscos Unidade Temática 1.4: EXRECÍCIOS deste tema UNIDADE Temática 1.1: Historico, conceito e definiçoes de analise de riscos, risco e perigo . Introdução De acordo com Ruppenthal (2013), as actividades inerentes ao ser humano, desde os primórdios, estão intrinsecamente ligadas com um potencial de riscos. E, com relativa frequência, elas resultaram em lesões físicas, perdas temporárias ou permanentes de capacidade para executar as tarefas e morte. Nesse contexto, as actividades de caça e pesca, cruciais à sobrevivência do homem primitivo, eram afectadas pelos acidentes que, muitas vezes, diminuíam a capacidade produtiva devido a lesões físicas. Quando o homem das cavernas se transformou em artesão, descobrindo o minério e os metais, ele pôde facilitar seu trabalho pela fabricação das primeiras ferramentas. E, dessa forma, surgiram as primeiras doenças do trabalho, provocadas pelos materiais utilizados para confecção de artefactos e ferramentas. (ROPPENTHAL; 2013, p. 15) A informação mais antiga sobre a necessidade da segurança no trabalho, alusiva à preservação da saúde e da vida do trabalhador, está registrada num documento egípcio, o papiro Anastácius V, quando descreve as condições de trabalho de um pedreiro: “Se trabalhares sem vestimenta, teus braços se gastam e tu te devoras a ti mesmo, pois, não tens outro pão que os seus dedos”. (ROPPENTHAL; 2013, p. 15) Assim, o homem evoluiu para a agricultura e o pastoreio, alcançou a fase do artesanato e atingiu a era industrial, sempre acompanhado de novos e diferentes riscos que afectam sua vida e saúde. ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Riscos Ambientais 10 Conhecer os perigos, encontrar maneiras de controlar as situações de risco, desenvolver técnicas de protecção, procurar produtos e materiais mais seguros, aplicar os conhecimentos adquiridos a uma filosofia de preservação, foram passos importantes que caracterizaram a evolução humana ao longo da sua existência. A princípio, a necessidade de protecção dominava as preocupações individuais. Só muito lentamente, em termos históricos, a noção de protecção individual foi sendo substituída pela da protecção da tribo, da nação, do país, do grupo étnico ou civilizacional e só muito mais tarde pela protecção da espécie. O conceito de prevenção evoluiu juntamente com a racionalidade e a capacidade de organização da espécie humana, desenvolvendo a habilidade da antecipação e reconhecimento dos riscos das suas actividades. (ROPPENTHAL; 2013, p. 16) Ainda de acordo com a mesma autora, a revolução industrial possibilitou um salto tecnológico para a humanidade, pois popularizou o acesso aos produtos que antes eram muito caros e, portanto, consumidos apenas pelas classes mais abastadas. Porém, esse aumento da produção também levou ao aumento da exposição ocupacional aos riscos. Dessa forma, os riscos tem evoluído juntamente com a humanidade e, devido a esta associação, a eliminação total deles é praticamente impossível. Da mesma forma, é totalmente possível gerir e controlar os riscos de maneira a reduzir as lesões, incapacidades, mortes e danos materiais e ambientais para níveis mínimos aceitáveis. (ROPPENTHAL; 2013, p. 16) Pedroso (2007), considera que os estudos de análise de risco como importantes “ferramentas” de gestão, tanto sob o ponto de vista ambiental, como de segurança de processo, uma vez que esses estudos fornecem, entre outros, os seguintes resultados: Conhecimento detalhado da instalação e de seus perigos; Avaliação dos possíveis danos às instalações, aos trabalhadores, à população externa e ao meio ambiente; e Subsídios para a implementação de medidas para a redução e gestão dos riscos existentes na instalação. Adicionalmente Pedroso (2007), afirma que dentro de um contexto organizacional a gestão de riscos visa produzir mais, com o menor impacto ambiental possível, ou seja, reduzindo o consumo de recursos naturais e a geração de resíduos; e é uma forma de fazer com que as organizações evitem problemas com multas ambientais, pois preconiza o respeito a toda a legislação vigente. Uma das grandes razões para a adopção da prática de gestão de riscos são os ganhos financeiros envolvidos, pois se reduzem as perdas na ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Riscos Ambientais 11 cadeia produtiva, principalmente as perdas de matéria-prima. Royer (2000) diz que um dos factores mais criticos que promove o insucesso de um projecto é a falta de gestão dos riscos e a não mitigaçao dos mesmos. Sem mitigar os riscos, frequentemente um projecto caminha para ter serios problemas na sua gestão. “Se voce não tem tempo ou recurso para mitigar os riscos agora, tenha certeza absoluta de que voce deverá ter tempo ou recursos para ataca-los quando se tornarem problemas”(HALL; HULETT, 2002, P.3). Risco é um problema que ainda não ocorreu, portanto, ainda existe a chance de geri-lo. Até o início da década de 70, a questão da segurança na indústria química era tratada unicamente no âmbito das empresas, sem maiores interferências externas (do governo ou do público). Nos projectos industriais e de equipamentos em geral, o enfoque de segurança era essencialmente baseado nos factores de segurança embutidos nas normas e códigos de projecto. Na indústria havia uma ênfase exagerada na produção em comparação às prioridades dadas aos aspectos de saúde e segurança. A questão ambiental sequer era colocada na agenda das discussões de investimentos da indústria. Tão pouco havia da parte dos governos grandes exigências de controlo da poluição ambiental. Foi somente a partir do início da década de 70 que começaram a surgir os primeiros sinais de insatisfação de algumas parcelas da população, de autoridades governamentais e de alguns sectores da própria indústria. Alguns acidentes industriais de grande repercussão durante as décadas de 70/80 (Island, Flixborough, Bhopal, Cidade do México, Seveso) levaram ao aparecimento de importantes leis e regulamentações sobre segurança industrial e controle ambiental nos principais países industrializados. O estudo de risco ambiental apareceu como disciplina formal nos Estados Unidos de 1940 a 1950, paralelamente ao lançamento da indústria nuclear e também para a segurança de instalações de refinação de petróleo, indústria química e aeroespacial. No Brasil, o início ao uso institucional de estudo de risco verifica-se em 1983, especificamenteem Cubatão, com o Plano de Controle da Poluição de Cubatão, que tinha em vista garantir a boa operação e manutenção de processos e tubulações e terminais de petróleo e de produtos químicos das unidades industriais locais. Entretanto, face os riscos eminentes que estão sendo mostrados o seu interesse ao nível de toda a população do planeta tem aumentado. Contudo, é fundamental que a humanidade tome mais atenção e assuma atitudes responsáveis ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Riscos Ambientais 12 na sua maneira de interagir com o meio que o rodeia, contribuindo deste modo para a gestão dos riscos ambientais e permitindo que as valiosas reservas de recursos naturais ainda existentes, contribuam para o desenvolvimento económico das diferentes nações. Actualmente, são reportados muitos acidentes ou desastres resultantes da deficiente ou ausência da gestão dos riscos ambientais, que tem causado enormes perdas económicas. Por exemplo as cheias de 2000 ocorridas em Moçambique tiveram varias consequências, de entre elas: o prejuízo em 600 milhões de USD, a economia teve um recuo equivalente a 5 ano, mais de 800 pessoas perderam a vida, entre outras. (UEM, Faculdade de Ciências, 2012). Vamos agora em conjunto tentar definir o risco e perigo recorrendo a diferentes definições. Ao completar esta unidade você será capaz de: Objectivos Compreender a relação do Homem com o risco e sua evolução da evolução; Entender a importância da análise de risco; Aprender os termos e conceitos utilizados em gestão de riscos; e Identificar os factores conjugados ao risco. 1.1 .2 Conceito de Risco e perigo Apesar de ser difícil a sua conceituação, o risco é inerente a nossa vida diária e em todas as decisões que tomamos. No tempo do homem da caverna, ele já tinha que levá-lo em conta cada vez que saía para caçar animais para o seu alimento. Também nos planos estratégicos de guerra são levados em conta até a humilhação das perdas das viúvas para os vencedores, há milhares de anos atrás. Estudo ou análise de riscos significa coisas diferentes para pessoas diferentes, por exemplo, o risco financeiro de se aplicar na bolsa de valores, o risco das empresas de seguro, as fatalidades de um acidente de uma planta de energia nuclear, o risco de câncer associado com as emissões poluidoras da indústria ou até de se fumar por 5 anos um determinado tipo de cigarro. Todos estes exemplos se mostram, apesar de muito diferentes uns dos outros, como noções mensuráveis do fenómeno chamado risco ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Riscos Ambientais 13 A palavra Risco está ligada ao termo latino riscu, ligado por sua vez a resecare, que significa “corte”. Como uma ruptura na continuidade, como um risco que se faz numa tela em branco. (Monteiro, 1991, p.10) Risco é a potencialidade de que ocorra um acidente, um desastre, um evento físico que resulte em perdas e danos sociais ou económicos. A geógrafa francesa Yvette Veyret (2007) define Risco, como a percepção do perigo ou da catástrofe possível. Considera que ele existe apenas em relação a uma sociedade que o apreende por meio de representações mentais e com ele convive por meio de práticas específicas. Não há riscos, portanto, sem uma população que o perceba e que poderia sofrer seus efeitos. Deste modo, o risco deve ser entendido como a possibilidade de ocorrência de um perigo, enquanto que Perigo, como sendo uma situação (incêndio, explosão ou vazamento de substâncias tóxicas) que ameaça a existência de uma pessoa ou a integridade física de instalações e edificações. O Perigo também pode ser entendido como sendo fonte ou situação (condição) com potencial para provocar danos em termos de lesão, doença, dano à propriedade, dano ao meio ambiente, ou uma combinação desses. Condições de uma variável com potencial para causar danos tais como: lesões pessoais, danos a equipamentos, instalações e meio ambiente, perda de material em processos ou redução da capacidade produtiva. (ROPPENTHAL; 2013, p. 23) De acordo com Nogueira (s/d), as populações mais pobres, mais vulneráveis e com baixa resiliência, geralmente ocupando vazios urbanos e periferias com pouca infra-estrutura ou de maior fragilidade ambiental, costumam ser as principais vítimas das tragédias resultantes da ausência ou deficiente gestão de riscos. A título de exemplo no Brasil não se conhecem estudos que abordem a quantificação dos impactos destes acidentes urbanos no Brasil, mas estudo feito na Colômbia (Hermelin, 2000) aponta que desastres ambientais causam perdas anuais da ordem de 4,4% do PIB. É possível afirmar que as perdas recorrentes por pequenos deslizamentos que sequer são noticiados pela média e pelas inundações frequentes das margens de córregos correspondam a uma importante causa da miséria dos moradores dos assentamentos precários, que anualmente se empenham em novas dívidas para repor os bens danificados. Para Dagnino e Júnior (2007), os conceitos de riscos têm sido utilizados em diversas ciências e ramos de conhecimento e adoptados segundo os casos em questão. Nessas situações frequentemente o termo risco é substituído ou associa-se a potencial, susceptibilidade, vulnerabilidade, sensibilidade ou dados potenciais. Segundo Amaro (2005), “o risco é, pois, função da natureza do perigo, acessibilidade ou via de contacto (potencial de exposição), características da ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Riscos Ambientais 14 população exposta (receptores), probabilidade de ocorrência e magnitude das consequências”. O risco é a probabilidade de que um evento esperado ou não se tornerealidade. (Pelleter, 2007). Segundo Lima e Silva et al. (199, p. 243) o risco esta associado a acidentes, isto é, a eventos inesperados que ocorrem no ambiente. O risco se apresenta em situações ou áreas em que existe a probabilidade, susceptibilidade, vulnerabilidade, de ocorrer algum tipo de ameaça, perigo, problema, impacto ou desastre. O risco é uma função que conjuga diversos factores: Natureza ou tipo de perigo; Acessibilidade/via de contacto (potencial de exposição); Características da população exposta (receptores); Probabilidade de ocorrência, e Magnitude das consequências. Como pode verificar existem muitas definições de risco, contudo para este módulo podemos adoptar a definição proposta por DENIZ (2006), que segundo o mesmo: “O Risco de uma determinada actividade pode ser entendido como o potencial de ocorrência de consequências indesejadas decorrentes da realização da actividade”. Dois aspectos importantes desta definição: 1) O potencial de ocorrência expressa o elemento de incerteza inerente ao conceito de risco. A sua expressão quantitativa pode ser feita com o conceito de probabilidade de ocorrência ou analogamente com a frequência esperada de ocorrência. 2) As consequências indesejadas caracterizam o fato de que o conceito de risco está intimamente ligado a algum tipo de dano, seja para a saúde, para a vida, para o meio ambiente ou para as finanças individuais ou sociais. Quantitativamente, o risco tem sido expresso como algum tipo de combinação (uma função matemática) entre a frequência esperada de ocorrência do evento indesejado e a magnitude das suas consequências. ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Riscos Ambientais 15 Figura 1: Conceito de risco Sumário Embora as definições e interpretações sejam numerosas e variadas, não existe um conceito único que se pode dar ao risco, todos autores reconhecem no risco a incerteza ligada ao futuro, tempo em que o risco se revelará, com efeitos adversos (económicos sobre a saúde e segurançahumana, ou ainda ecológico). Nesta unidade foi também apresentada a relação existente entre o homem e o risco, bem com, termos e conceitos básicos utilizados em gestão do risco Exercícios de AUTO- AVALIAÇÃO 1. Porque é que se diz que o risco esteve sempre presente na vida do homem? Resposta: Porque desde a sua existência e em todas as actividades por ele desenvolvidas sempre existiu um potencial de riscos, que muitas vezes resultavam em lesões físicas, perdas temporárias ou permanentes de capacidade para executar as tarefas e morte. 2. Quais foram os passos importantes que caracterizaram a evolução humana ao longo da sua existência ligados ao risco? Resposta: os passos foram: conhecer os perigos, encontrar maneiras de controlar as situações de risco, desenvolver técnicas de protecção, procurar produtos e materiais mais seguros e aplicar os conhecimentos adquiridos a uma filosofia de preservação. 3. Tendo em conta o conteúdo em abordagem que impacto negativo trouxe a revolução industrial ao homem? Resposta: A revolução industrial possibilitou um salto tecnológico para a humanidade, pois popularizou o acesso aos produtos que antes eram muito caros e, portanto, consumidos apenas pelas classes mais abastadas. Porém, esse aumento da produção também levou ao aumento da exposição ocupacional aos riscos. ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Riscos Ambientais 16 4. Que resultados fornecem os estudos da análise do risco segundo Pedroso (2007) Resposta: Fornecem os seguintes resultados: Conhecimento detalhado da instalação e de seus perigos; Avaliação dos possíveis danos às instalações, aos trabalhadores, à população externa e ao meio ambiente; e Subsídios para a implementação de medidas para a redução e gestão dos riscos existentes na instalação. Exercícios de AVALIAÇÃO 1º Grupo de Perguntas 1. A revolução industrial aumentou a exposição ocupacional do homem aos riscos. Argumente a afirmação? 2. Refira-se a importância da análise e gestão do risco. 3. Diferencie risco e perigo. 4. Das definições apresentadas pelos diferentes autores sobre risco, identifica os aspectos chaves e comuns. 5. Qual das definições apresentadas lhe parece mais ideal ou completa? Justifica a sua posição. 6. O risco é uma função que conjuga diversos factores. Comente a afirmação. 7. Que factor contribuiu para o aparecimento de importantes leis e regulamentos sobre segurança industrial e controle ambiental nos principais países industrializados? 1º Grupo de Perguntas (escolha a alternativa correcta) 1. Em que década começou a surgir os primeiros sinais de insatisfação da população, de autoridades governamentais e de alguns sectores da própria indústria sobre práticas não sustentáveis e que colocavam-lhe em situações de risco? a) 70 b) 80 c) 90 2. Quando é que o estudo do risco apareceu como disciplina formal? a) 1940-1950 b) 1840-1850 c) 1740-1750 3. Onde é que o estudo do risco ambiental apareceu como disciplina formal? a) Brasil b) EUA c) Inglaterra ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Riscos Ambientais 17 UNIDADE Temática 1.2: Classificação dos Riscos: Riscos Ambientas, Riscos Individuais e Sociais. Introdução A primeira unidade forneceu elementos de compreensão do conceito de risco, tendo-se concluído que o risco tem a haver, com algo inesperado mais que pode ser controlado. Para melhor definição de acções que tem em vista a gestão do risco é importante que se conheça de forma particularizada os diferentes tipos de riscos e suas características. Esta unidade permitirá compreender a diferença entre os diferentes tipos de riscos, particularmente o risco ambiental, individual e social, bem como, as suas classificações e características. Ao completar esta unidade, você será capaz de: Objectivos Compreender a diferença entre o risco ambiental, individual e social, e bem como os aspectos que caracterizam os diferentes tipos de riscos. 1.2.1 Classificação de riscos Para RUPPNTHAL (2013), os riscos apresentam características diferenciadas em função do ambiente de actuação da empresa e das suas próprias características operacionais. Novos riscos surgem em novos tipos de estruturas corporativas e mudanças na tecnologia da informação. Os riscos podem ser classificados em: riscos especulativos (ou dinâmicos) e riscos puros (ou estáticos), conforme Figura abaixo. Figura 2: Classificação dos riscos Fonte: CTISM, adaptado de De CiccoeFantazzini, 2003 Os riscos especulativos envolvem uma possibilidade de ganho ou de perda. Enquanto que os riscos puros envolvem somente possibilidade ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Riscos Ambientais 18 de perda, não existindo nenhuma possibilidade de ganho ou de lucro. a) Riscos especulativos Os riscos especulativos subdividem-se em riscos administrativos, políticos e de inovação. Os riscos administrativos estão relacionados ao processo de tomada de decisão. Uma decisão correcta leva aos lucros, em contrapartida, uma decisão errada pode levar ao colapso empresarial. Com relação a esse tipo de risco, há uma dificuldade em prever antecipadamente e com precisão o resultado de uma decisão. A incerteza quanto ao resultado é uma das definições de risco. Os riscos administrativos podem ser diferenciados em riscos de mercado, riscos financeiros e riscos de produção. Os riscos de mercado são relativos à incerteza quanto ao resultado positivo das vendas e lucros resultantes de determinado produto ou serviço em relação ao capital investido. Os riscos financeiros referem- se às incertezas quanto às decisões económicas e financeiras da organização. E os riscos de produção são relativos às incertezas quanto ao processo produtivo das empresas, na fabricação de produtos ou prestação de serviços, na utilização de materiais e equipamentos, mão-de-obra e tecnologia (ALBERTON, 1996; CASTRO, 2011). b) Riscos puros A materialização dos riscos puros resultará em perdas. Os riscos puros são classificados em riscos às propriedades, riscos às pessoas e materiais e riscos de responsabilidade. Os riscos à propriedade - consideram as perdas oriundas de incêndios, explosões, vandalismo, roubo, sabotagem, acidentes naturais e danos a equipamentos e bens em geral. Os riscos relativos às pessoas - referem-se a doenças ocupacionais ou acidentes de trabalho que levam à incapacidade temporária, invalidez ou morte de colaboradores, Os riscos por responsabilidade - referem-se às perdas causadas pelo pagamento de indemnizações a terceiros, responsabilidade ambiental, assim como pela qualidade e segurança do produto ou serviço prestado. As organizações possuem bens tangíveis e intangíveis expostos à perda. As perdas podem ser tangíveis, quando se referem a prejuízos mensuráveis, ou intangíveis, quando se referem a elementos de difícil mensuração como a imagem da empresa. De acordo com DINIZ (2006), existem várias formas de se classificar os riscos encontrados na indústria moderna. Uma delas consiste na divisão entre os riscos que são decorrentes da operação normal de uma instalação e aqueles originários de acidentes. Esses últimos ainda ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Riscos Ambientais 19 podem ser classificados conforme o acidente seja ou não directamente relacionado ao processo produtivo. Essa classificação está mostrada no quadro abaixo, juntamente com a indicação das principais técnicas de análise utilizadas em cada caso. Na indústria química, taisacidentes estão geralmente relacionados a algum tipo de perda de contenção dos produtos manuseados na produção, seja por vazamento ou ruptura de equipamentos e tubulações ou mesmo por explosões confinadas que em última instância acabam por causar liberações súbitas de produtos perigosos ou de grande quantidade de energia armazenada no processo Figura 3: Tipos de Risco e Técnicas de Análise Tipos de Risco Operação normal Como são tratados? Acidentes relacionados ao processo Acidentes não relacionados ao processo Onde são mais aplicados? Siderúrgica, Mineração, Metalúrgica, Vidraria, Construção e Montagem Óleo, Gás , Petroquímica, Química, Celulose, Nuclear, Transporte, Produtos perigosos Todas as industrias Higiene industrial, programas de controlo ambiental Ana. de riscos de processos , APP, HAZOP, LOPA,SIL. Ana. de vulnerabilidade AQR Analise de riscos de tarefas. APP de serviços Fonte: (DINIZ, 2006, P.4) Para a Organização das Nações Unidas para a Protecção Ambiental (United Nations Environmental Proteccion - UNEP), O risco pode ser classificado como: Risco directo - probabilidade de que um determinado evento ocorra, multiplicada pelos danos causados por seus efeitos. Risco de acidentes de grande porte (catástrofe) - caso especial de risco directo em que a probabilidade de ocorrência do evento é baixa, mas suas consequências são muito prejudiciais. Risco percebido pelo público - a percepção social do risco depende em grande parte de quem é responsável pela decisão sobre aceitá-lo ou não. A facilidade de compreensão e de aceitação do risco que se corre depende das informações fornecidas, dos dispositivos de segurança existentes, do retrospectivo da actividade e dos meios de informação. Nas ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Riscos Ambientais 20 actividades industriais, podemos encontrar, ainda, dois tipos de riscos: Risco com características crónicas - aquele que apresenta uma acção contínua por longo período. Por exemplo, os efeitos sobre os recursos hídricos, a vegetação, o solo e a saúde e o Risco agudo - decorrente de emissões de energia ou matéria em grandes concentrações, em um curto espaço de tempo. Riscos tecnológicos ambientais (RTAs) - todos os problemas relativos aos contaminantes ambientais estão, de uma maneira ou de outra, associados ao crescente processo de industrialização verificado desde o final do século passado, em que ao lado do incremento da pesquisa, do desenvolvimento e da difusão de novas tecnologias, os processos de produção e seus produtos têm contribuído para pôr em perigo ou causar prejuízos à saúde do homem e dos ecossistemas. Esses contaminantes ambientais são, na actualidade, denominados de riscos tecnológicos ambientais classificam-se em dois grupos: Riscos tecnológicos - os decorrentes das actividades desenvolvidas pelo homem. Riscos naturais - os decorrentes de distúrbios da natureza. 1.2.1.1: Riscos Ambientais Riscos ambientais são todos aqueles que têm potencial de causar danos ao Meio Ambiente. Segundo a classificação proposta por Cerri e Amaral (1998), os riscos ambientais subdividem-se em 4 grupos: (i) Riscos naturais, (ii) Riscos tecnológicos, (iii) Riscos sociais e (iv) Riscos ambientais. Portanto, nesta unidade para além dos riscos acima iremos também falar do risco individual, que não faz parte da classificação referenciada no parágrafo acima. a) Riscos Naturais REBELO (2003) considera o risco natural como sendo a dominação preferencial para fazer referencia aqueles riscos que não podem ser facilmente atribuídos ou relacionados à acção humana, embora nos dias de hoje essa seja uma tarefa cada vez mais difícil. Por outro lado, Oliveira (2003), defini riscos naturais como todos aqueles eventos da natureza que afectam directamente o globo, provenientes de fenómenos da dinâmica externa e/ou interna. ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Riscos Ambientais 21 Os fenómenos da dinâmica externa são essencialmente os de ordem atmosférica desencadeados por ventos, chuvas e tornados, além da participação antrópica. Os agentes internos são todos aqueles decorrentes da dinâmica geológica (terramotos, vulcanismo, tectonismo), onde o homem detém uma participação substancial, interferindo directamente na dinâmica externa através de diversas formas de intervenção. Os riscos naturais podem ser subdivididos em: Riscos tectónicos e magmáticos (p.ex., vulcões); Riscos climáticos (tempestades, furacões); Riscos geomorfológicos (deslizamentos/desabamentos, ravinamento); e Riscos hidrológicos (alagamentos/inundações) O grau de risco é determinado a partir da combinação de duas informações: O grau de susceptibilidade (envolve as condições naturais do terreno, quer sejam elas geológicas, hidrológicas, climáticas e morfológicas, pex: o facto de Moçambique localizar-se a jusante fica vulnerável a cheias), e Vulnerabilidade (é determinada mediante a expansão urbana por meio da densidade populacional, tipologia das edificações, condições de infra-estrutura e equipamentos públicos, Pex: a existência de casas construídas com base em material precário, torna as famílias vulneráveis a ciclones) O termo susceptibilidade, segundo a classificação de Reckziegel e Robaina (2005) só pode ser empregado em situações onde o evento não ofereça nenhum risco a populações locais, atribuído-o somente a eventos naturais. De acordo com Veyret (2007) o grau de risco pode variar nos seguintes níveis: muito baixo – baixo – médio – alto – muito alto. Em diversos levantamentos e mapeamentos geológicos realizados por Oliveira (2003) foi estabelecida outra proposta de classificação, propondo os seguintes níveis: alto risco – risco moderado – baixo risco – risco inexistente. ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Riscos Ambientais 22 a) Risco Tecnológico De acordo com Sevá Filho (1988, p.81) a abordagem desse tipo risco deve levar em conta três factores indissociáveis: O processo de produção (recursos, técnicas, equipamentos, maquinaria); O processo de trabalho (relações entre direcções empresariais e estatais e assalariados); e Condição humana (existência individual e colectiva) Equivale dizer que onde pelo menos um desses factores for encontrado, haverá risco tecnológico ou a probabilidade de um problema causado por ele. Ε Fundamental ressaltar que os riscos de carácter tecnológico podem ser controlados tanto na probabilidade de ocorrência quanto nas consequências. Já os riscos de carate natural, em geral, somente podem ser controlados no que se refere a suas consequências (Awazu, 1990). b) Risco Social Segundo Vieillard-Baron (2007), devido à polissemia da expressão social, pode-se qualificar como Risco Social a maior parte dos riscos, “quer nos a tenhamos às suas causas sociais, quer atentemos para suas consequências humanas”. O autor (VIEILLARD-BARON, 2007) distingue dois tipos de riscos principais que podem afectar ou ser afectados pelos riscos sociais e a sociedade humana: Riscos endógenos - relacionados aos elementos naturais e às ameaças externas (terramotos, epidemias, secas e inundações); Riscos exógenos, relacionados directamente ao produto das sociedades e às formas de política e administração adoptadas, como (o crescimento urbano e a industrialização, a formação de povoamentos e a densidade excessiva de alguns bairros). Os riscos sociais carecem sempre de uma abordagem inter- multidisciplinar pois implicam uma pluralidade de actores e resultam da combinação de um grande número de variáveis, particularmente difíceis de serem consideradas ao mesmo tempo. Para entender esses riscos e contribuir para a formação depolíticas de prevenção, é necessária a integração de diversos campos do saber. Desde as geociências, a história, as ciências políticas, o direito, a psicossociologia, a ciências exactas, etc. ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Riscos Ambientais 23 O risco é um objecto social, como afirma Veyret (2007, p. 11): “Não há risco sem uma população ou indivíduo que o perceba e que poderia sofrer seus efeitos. O risco é a tradução de uma ameaça, de um perigo para aquele que está sujeito a ele e o percebe como tal.” Actualmente nas camadas superficiais do nosso planeta não existem locais que já não tenham sofrido modificações e ou estejam imunes de sofrer algum tipo de risco originado pela acção humana, seja em função das mudanças globais estimuladas pelo homem, seja através das diversas outras acções e reacções motivadas pela sua pressinta. O ambiente habitual para a nossa espécie que nada mais é do que uma estreita camada de alguns quilómetros de espessura na crosta terrestre, esta cada vez mais abalada pelos riscos provocados pela própria espécie. O risco social diz respeito aos acidentes que podem causar danos a um número razoavelmente grande de pessoas. Nesse sentido o risco social procura responder a perguntas tais como: Quantas pessoas estão sob risco? Quantas pessoas podem ser afectadas em caso de um acidente? Quais os efeitos globais sobre a comunidade? Assim os riscos sociais são de grande valia quando a população exposta é alta. Nesse caso, os indicadores de risco social são aqueles que conseguem distinguir a significância do risco de diferentes acidentes (os de grande número de vítimas daqueles de baixo número de vítimas e respectivas frequências de ocorrência). c) Riscos Ambientais A noção de risco ambiental engloba outras noções que foram abordadas antes e trata das situações de risco que estão ligadas ao que ocorre à nossa volta, seja o ambiente natural (risco natural), seja o ambiente construído pelo homem (riscos social e tecnológico). Riscos ambientais "resultam da associação entre os riscos naturais e os riscos decorrentes de processos naturais agravados pela actividade humana e pela ocupação do território.” Veyret e Meschinet de Richemond (2007, p. 63). Para Lyra (1997, p. 49), o risco ambiental pode ser entendido como “toda e qualquer forma de degradação que afecte o equilíbrio do meio ambiente”. Castro, Peixoto e Rio (2005, p. 12) desenvolvem longo levantamento bibliográfico sobre o conceito de risco ambiental e concluem que o risco ambiental é objecto de avaliação sistemática da ciência, podendo ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Riscos Ambientais 24 ser associado “às noções de incerteza, exposição ao perigo, perda e prejuízos materiais, económicos e humanos”, tanto para processos naturais quanto antrópicos. Risco Ambiental, está relacionado “à incerteza e ao desconhecimento das verdadeiras dimensões do problema ambiental” (EGLER, 1996, p. 31). Os Riscos ambientais fazem-se sentir na: Hidrosfera: através de inundações, enchentes, salinização e contaminação de mananciais, e Litosfera: por meio de deslizamentos, erosão hídrica, assoreamento e subsistência O meio ambiente é tudo aquilo que está ao nosso redor. Portanto, Riscos Ambientais (RA), são riscos que nos cercam, dentro de um contexto de segurança no trabalho, são eles, riscos físicos, químicos, biológicos e acidente. Os RA nascem de actos ou factores externos, contudo são identificáveis, controláveis podendo até serem eliminados. Os mesmos podem trazer ou ocasionar danos à saúde do trabalhador nos ambientes de trabalho, em função de sua natureza, concentração, intensidade e tempo de exposição ao agente. Exemplos de agentes: Agentes Características Físicos Diversas formas de energia que possam estar expostas as populações, tais como ruído, vibrações, pressões, temperaturas, radiações ionizantes e não ionizantes, bem como o infra-som e ultra-som. Químicos As substâncias que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que possam ter contacto ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão. Biológicos Ocorrem por meio de microrganismos que, em contacto com o homem, podem provocar inúmeras doenças. Muitas actividades profissionais favorecem o contacto com tais riscos. É o caso das indústrias de alimentação, hospitais, limpeza pública (colecta de lixo), laboratórios, etc. Bactérias, fungos, parasita, fungos e vírus d) Riscos Individuais Risco individual é a frequência anual esperada de morte devido a acidentes com origem em uma instalação para uma pessoa situada em um determinado ponto nas proximidades da mesma. Os riscos individuais expressam a preocupação com os riscos para cada um dos membros da população exposta e visam responder a perguntas tais como: ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Riscos Ambientais 25 Qual a chance de eu vir a ser afectado? Qual a chance de danos a um pequeno grupo de pessoas situadas em determinada posição? Pode haver casos em que os riscos sociais são baixos porque a população exposta não é grande, no entanto, alguns membros da população estão expostos a riscos individuais inaceitavelmente altos. Os indicadores de risco individual são os que poderiam indicar tal situação. Da mesma forma, poderia acontecer a situação inversa, ou seja, cada indivíduo de uma população está exposto a um nível de risco baixo, mas devido ao grande número de pessoas expostas, o risco social poderia estar acima do critério de aceitabilidade correspondente. Assim, de um modo geral, os dois tipos de indicadores são necessários para se ter um quadro completo dos riscos. (DINIZ, et al; p. 8; 2006) Sumário Da abordagem feita nesta unidade constatou-se os autores classificam de forma diferenciadas os riscos. Riscos ambientais são todos aqueles que têm potencial de causar danos ao meio ambiente, e que de acordo com os mesmos subdividem-se em: Riscos naturais, Riscos tecnológicos, Riscos sociais e Riscos ambientais. Este último, resulta da associação entre os riscos naturais, decorrentes de processos naturais agravados pela actividade humana e pela ocupação do território. O risco é sempre um objecto social, seja quando uma comunidade ou indivíduo específico são atingidos, vivenciam ou sofre com o risco natural ou tecnológico que de certa forma impede suas acções directas seja quando um determinado grupo industrial polui um rio à montante e uma comunidade de pescadores sofre com isso à jusante, assim o Homem é centro do nosso interesse. Nesta unidade foi possível analisamos e compreender os diferentes tipos de riscos e suas características, bem como, a forma como os mesmos se manifestam. Exercícios de AUTO- AVALIAÇÃO 1. Classifique os riscos da indústria moderna de acordo com DINIZ (2006) Resposta: De acordo com o autor existem riscos decorrentes da operação normal de uma instalação e aqueles originários de acidentes. 2. Que tipo de riscos existem de acordo com a UNEP? Resposta: existem riscos Directo, Risco de acidentes de grande porte (catástrofe), Risco percebido pelo público e Riscos tecnológicos ambientais (RTAs). ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Riscos Ambientais 26 3. Defina riscos ambientais e diga como se classificam segundo CERRI & AMARAL (1998). Respostas: são todos aqueles que têm potencial de causar danos ao Meio Ambiente. E classificam-se em: Riscos naturais, Riscos tecnológicos, Riscos sociais e Riscos ambientais. 4. O risco social diz respeito aos acidentes que podem causar danos: (escolha alternativa correcta) Ao ambiente, A Unidade fabril, A um número razoavelmente grande de pessoas. 5. Explique porque os riscos sociais carecem sempre de uma abordagem inter-multidisciplinar? Resposta: é porque implicam uma pluralidade de actores e resultam da combinação de um grande número de variáveis. Exercícios de AVALIAÇÃO 1. Defina o risco natural. 2. Observe atentamente a sua área de residência e identifique dois exemplos para cada tipo riscos que aprendeste: natural, individual, social, tecnológico e ambiental, explicando os factores que estão por detrás da sua ocorrência. UNIDADE Temática 1.3: Introdução a análise qualitativa e quantitativa de riscos Introdução A segunda unidade forneceu elementos de compreensão dos diferentes tipos de risco existente tendo-se concluído que os riscos apresentam diferentes clarificações e diferentes elementos que condicionam tais classificações. Para além de conhecermos o tipo de risco e suas características e com vista a garantir uma melhor gestão do mesmo é importante que o risco seja analisado de forma qualitativa e quantitativa. Esta unidade permitirá compreender a essência da análise qualitativa e quantitativa do risco. ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Riscos Ambientais 27 Ao completar esta unidade, você será capaz de: Objectivos Compreender o conceito da análise de risco; Compreender a essência e os objectivos da análise qualitativa e quantitativa do risco; e Compreender os métodos e técnicas usadas na análise quantitativa e qualitativa dos riscos. 1.3.1 Análise de risco Análise – deve ser entendida como um procedimento técnico baseado em uma determinada metodologia cujos resultados podem vir a ser comparados com padrões estabelecidos. As análises de riscos constituem um principal elemento de gestão de riscos, pois são elas que indicarão os riscos a serem de fato geridos. (FEPAM, p 2, s/d) A análise que determina a introdução de técnicas mais sofisticadas para a gestão de riscos e o controle de perdas, pode ser realizada por meio de factores tecnológicos, económicos e sociais. Os factores tecnológicos estão relacionados ao desenvolvimento de processos mais complexos, como o uso de novos materiais e substâncias e de condições operacionais, como pressão e temperatura, consideravelmente mais severas. Os factores económicos relacionam-se com o aumento da escala das plantas industriais, o aumento da produtividade e a permanente redução dos custos do processo. A competitividade induz uma constante preocupação com a redução de custos dos processos, que pode ser possibilitada através de técnicas de gestão de riscos. A relevância dos factores sociais está relacionada à proximidade de concentrações demográficas, assim como com uma organização comunitária fortemente preocupada com questões ambientais e de segurança. a) Quando devemos efectuar uma análise? SOUSA (s/d, p. 55) afirma que uma análise deve ser realizada quando os riscos de uma actividade industrial são desconhecidos ou quando podem ser antecipados problemas potenciais que podem resultar em severas consequências em uma operação. Quando, repetitivamente são detectados problemas envolvendo acidentes com vítimas, com lesões graves ou não, com danos às instalações, ou danos ao meio ambiente. Ou quando regras de segurança devem ser estabelecidas ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Riscos Ambientais 28 antes do início de uma actividade. Ou, ainda, quando informações sobre os riscos devam ser obtidos acuradamente. (SOUSA, s/d, p. 55) SOUSA, também diz que podem ser citados factores determinantes do tipo de análise, tais como: Qualidade e profundidade de informação desejada, Disponibilidade de informações actualizadas, Custos da análise, Disponibilidade de tempo anterior às decisões e as acções qu devam ser tomadas, e Disponibilidade de pessoal devidamente qualificado para assistir o processo. Não existe um método óptimo para se identificar riscos. Visando-se a evitar ameaças por perdas decorrentes de acidentes, sugere-se obter uma grande quantidade de informações sobre riscos, por meio da combinação de várias técnicas e métodos existentes. A análise e avaliação de risco é um exercício orientado para a quantificação da perda máxima provável que dele possa decorrer, ou seja, da quantificação da probabilidade de ocorrência desse risco e de suas consequências e/ou gravidades. (SOUSA, s/d, 56) b) Etapas do Estudo de Análise de Riscos Genericamente são determinadas quatro etapas básicas no desenvolvimento dos estudos de análise de riscos: (i) Identificação dos perigos; (ii) Estimativa de frequências e probabilidades; (iii) Análise de Consequências e Vulnerabilidade e (iv) Avaliação e gestão dos riscos. a) Identificação dos Perigos - nesta etapa são explorados os riscos inerentes e relacionados com as praticas e que afectam o meio ambiente por um lado, e por outro os relacionados com à operação da planta industrial (caso se trate de uma empresa), bem como as práticas e procedimentos existentes. b) Estimativa de Frequências e Probabilidades - esta fase envolve a estimativa das probabilidades de ocorrência dos eventos e situações identificadas na etapa anterior. Existem organizações nacionais e internacionais que disponibilizam para consulta, bancos de dados de falhas de componentes dos processos industriais. Entretanto, tais informações podem ser complementadas, às vezes, por extrapolação de dados reais provenientes da própria indústria e experiência da equipe responsável. ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Riscos Ambientais 29 c) Análise de Consequências e Vulnerabilidade - tomando-se por base as hipóteses acidentais definidas na fase de identificação, cada uma delas deverá ser estudada em termo das possíveis consequências que podem ser ocasionadas por esses eventos, mensurando-se, também, os impactos e danos causados. Desta forma, a análise de consequências pode ser dividida em cinco actividades, a saber: Caracterização da quantidade, forma e taxa de emissão do material e energia para o meio ambiente; Estimativa, através de medições e/ou modelagem, do transporte de materiais e propagação de energia, na direcção dos receptores de interesse; Estudar os efeitos quanto a saúde e segurança relacionados com os níveis de exposição projectados, especialmente no que se refere às concentrações atmosféricas; Identificação dos impactos ambientais; Estimativa de perdas (danos materiais) e outros impactos económicos. 1.3.2 Análise qualitativa e quantitativa do risco A análise qualitativa e quantitativa dos riscos, constituem uma das fases a ser tomada em consideração na gestão de riscos. a) Análise qualitativa do risco. Os processos mais importantes para a efectiva gestão de riscos são: a Identificação dos Riscos e Analise Qualitativa de Riscos. O primeiro fornece ferramentas para uma eficiente identificação e o outro fornece ferramentas para ranquear os riscos, determinando assim, as prioridades de acção. (PEDROSO, 2007, P. 63) No processo de gestão de risco, quanto mais forem identificados, completamente analisados e monitorados, maior será o custo da gestão. Para que isso não se torne uma prática inviável, após a identificação dos riscos utilizam-se as técnicas da Analise Qualitativa dos riscos com objectivo de prioriza-los e de se determinar o conjunto de riscos que merecem atenção naquele momento. (PEDROSO, 2007, P. 40) ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Riscos Ambientais 30 Segundo Royer (2000), no mundo real da gestão de projectos, não existe dinheiro, tempo ou recursos para tratar todos riscos. Dai que, é necessário escolherquais riscos merecem atenção para permitir que isso aconteça, é importante desenvolver uma forma objectiva de classificação dos riscos e estabelecimento de prioridades. Para o PMI (2004, p.249), “ A analise qualitativa dos riscos avalia a prioridade dos riscos identificados usando a probabilidade deles ocorrerem, o impacto correspondente nos objectivos do projecto [….]”. O risco é caracterizado por três factores: Um evento (o que poderá acontecer e afectará um ou mais objectivos do projecto), A probabilidade de ocorrência do evento, e A consequência ou montante arriscado, que é o valor envolvido se o risco ocorrer. A probabilidade de ocorrência do risco e o montante arriscado estão intimamente relacionados com as causas dos riscos. O montante arriscado será o somatório dos vários impactos produzidos pelas causas e a ocorrência do risco dependerá das possibilidades de ocorrência das várias causas. Quando se fala de probabilidade e montante arriscado, é necessária uma distinção entre valores qualitativos e quantitativos. A análise Qualitativa é baseada em uma escala nominal para a probabilidade e o montante arriscado, enquanto que a Analise Quantitativa utiliza escalas numéricas e de valor para este fim. A figura abaixo esclarece a diferença entre estas abordagens. Figura 1: Formas quantitativas e qualitativas de mensuração dos riscos Fonte: PEDROSO, 2007, P. 41 Grey (2003) os métodos existentes para efectuar a analise qualitativa, normalmente estão dentre um destes grupos: Método baseado em problemas potenciais, o conhecido método do “E, Se ….”. Através desse questionamento, gera-se uma lista sobre o que poderá dar errado no projecto em termos técnicos, comerciais, gerências, etc; Forma Probabilidade Montante arriscado Quantitativa 10% ou 30% ou 70% 100 kg ou 500 kg ou 900kg Qualitativa Baixa ou Média ou Alta Baixo ou Médio ou Alto ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Riscos Ambientais 31 Método baseado na ponderação sobre um questionário – consiste em verificar se determinado factor é aplicável ao projecto e assinala-se uma pontuação de modo a determinar o quanto de negativo será sua influencia sobre os objectivos do projecto. O somatório de todos os pontos será pontuação total de riscos do projecto. Método mensurável – ajuda a representar a probabilidade e o impacto dos riscos sobre os objectivos do projecto. Seja qual for o método utilizado como observou Wideman (1992), o processo de análise qualitativa tem como objectivos: Melhorar o entendimento do projecto como um todo através do questionamento do que poderá acontecer, com cada entrega, seu impacto nos objectivos do projecto; Identificar alternativas viáveis para a execução do projecto; Fazer com que as incertezas e os riscos sejam adequadamente considerados e sistematicamente revistos; Através dessa análise estabelecer as implicações sobre os objectivos do projecto. A execução do processo de analise qualitativa traz ao seu final uma serie de benefícios para o projecto, dentre os quais: Uma grande quantidade de informação estará disponível, durante a planificação do projecto, para a tomada de decisão, pex: estimativas de incertezas sobre o desempenho do projecto; Os objectivos do projecto poderão ser revistos e melhorados; Melhoria na comunicação entre membros do projecto e os interessados; Confiança de que as implicações das incertezas e riscos foram analisadas e incorporadas nos planos do projecto; Redução da probabilidade que o projecto tenha um desempenho baixo seja pela identificação das fraquezas ou por uma actuação forte durante a planificação; e Aumento nas chances de sucessos do projecto. Uma das ferramentas utilizadas para executar esta priorização dos riscos de projecto é a Matriz de Impacto dos Riscos, ou Matriz de Exposição ao Risco. Miguel (2002,p.85) escreve que “ a conjugação dos atributos de probabilidade de ocorrência e montante arriscado em uma matriz dá origem à denominada Matriz de Exposição ao Risco, instrumento utilizado na gestão dos riscos, pela simplicidade e visão de conjunto que propicia. Kendrick (2003) considera que a análise qualitativa dos riscos, com base na categorização de probabilidades e do impacto proporciona uma grande visão do que é a severidade absoluta do risco. Abaixo ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Riscos Ambientais 32 ilustra-se um exemplo da ferramenta, documentando o que poderá acontecer (impacto) com alguns objectivos do projecto se um determinado risco ocorrer em um item de WBS (Working Breakdown Structure) ou EAP (Estrutura Analítica do Projecto. Figura 2: Exemplo do impacto de um risco sobre os objectivos EVOLUÇÃO DO IMPACTO DOS RISCOS NOS OBJECTIVOS DO PROJECTO Objectivos do projecto Muito baixo 0,05 Baixo 0,1 Moderado 0,2 Alto 0,4 Muito alto 0,8 Custo Incremento Insignificante < 5% de Incremento 5-10% de Incremento 10-20% de incremento >20% de incremento Prazos atraso insignificante Atraso < 5% Atraso no projecto < 5 - 10% Atraso no projecto < 10 - 20% Atraso no projecto >20% Funcionamento Decréscimo não perceptível Afecta algumas áreas Afecta muitas áreas Redução não aceita para cliente Rejeição pelo cliente Fonte: Adaptado de PMI (2004) Como subproduto da análise qualitativa dos riscos, obtêm-se uma medida de chance de sucesso do projecto conhecida como Nível de Confiança ou Risco do Projecto (diferente de risco de Projecto, que é um evento futuro, este risco é uma medida das chances de sucesso do projecto). A mesma é expressa da seguinte forma: Baixo Risco ou Alta Confiança – significa que existe uma alta chance de sucesso de projecto com o plano elaborado; Risco Moderado ou Média Confiança – significa que existe um potencial médio de ocorrência de problemas que causarão impactos nos objectivos do projecto, mas, com esforço adicional, os problemas serão ultrapassados; Risco Alto ou Baixa Confiança – significa que mesmo com esforço adicional ocorrerão impactos importantes nos objectivos de Escopo, Prazos, Custos e Qualidade. b) Análise quantitativa dos riscos O PMI no PMBOK. 3 ed. Define Analise Quantitativa de Risco como: o processo de analisar numericamente o efeito dos riscos identificados nos objectivos gerais do projecto. A análise quantitativa de riscos é realizada nos riscos que foram priorizados pelo processo de análise qualitativa de risco por afectarem potencial e significativamente as demandas conflitantes do projecto. Kerzner (1998, p. 885) afirma: “O final da gestão de riso é a mitigação dos riscos…..” A mitigação requer que seja executada uma quantificação dos riscos identificados para se conhecer o impacto de ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano Disciplina/Módulo: Gestão de Riscos Ambientais 33 cada um sobre os objectivos do projecto. Somente com o custo do impacto dos riscos frente ao custo do plano de resposta é que uma decisão poderá ser tomada. O principal resultado da execução da Analise Qualitativa é a obtenção de uma lista de riscos dentro dos critérios que foram estabelecidos para o processo que será a entrada do processo de análise quantitativa. Kendrick (2003) considera que as técnicas para analise quantitativa que utilizam mais rigor estatístico tais como: valor esperado, árvore de decisão e simulação fazem mais do que apenas olhar para os riscos dentro do projecto, elas podem ser utilizadas para providenciar uma avaliação total desses riscos. Quando os riscos identificados passam pelo processo de análise qualitativa e determina-se quais são prioritários, está-se informando que existem algumas “Causas – factores de riscos” que poderão ocorrer e isto
Compartilhar