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aula 2 - Sala de Aula _ Estacio - História da América II

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História da América II
Aula 2: Estados Unidos, Primeira Guerra, Crise de 1929 e a
América Latina nas décadas de 1930 e 1940
Apresentação
Nesta aula, vamos analisar a ascensão dos Estados Unidos nas primeiras décadas do século XX, com destaque para seu
amplo desenvolvimento industrial e seu posicionamento diante do novo século que surgia. É notório que o país alcançou
um status de potência regional e marcou uma posição de liderança na região. É importante destacarmos ainda que a
Primeira Guerra Mundial foi um acontecimento de proporções até então inéditas e envolveu muitos países. O continente
americano também se inseriu nesse con�ito; com seu término, os Estados Unidos se consolidaram ainda mais como
potência �nanceira. No quadro de acontecimentos importantes do continente americano, destacamos a crise capitalista
de 1929 e seus desdobramentos. Essa crise teve caráter global e atingiu todo o mundo capitalista, afetando diretamente a
América Latina, que ainda se encontrava atrelada a uma economia agrária. Destacamos também o desenvolvimento da
América Latina nos anos 1930 e 1940, período de mudanças signi�cativas na região, com a ascensão de ditaduras e a
implementação de políticas de caráter nacionalista e desenvolvimentista, com ênfase na busca por parceiros comercias e
na mudança de atitude dos Estados Unidos para com a região ― gradual substituição da política do Big Stick pela política
de boa vizinhança.
Objetivos
Avaliar a ascensão dos Estados Unidos nas primeiras décadas do século XX;
Analisar a inserção do continente americano na Primeira Guerra Mundial;
Avaliar a crise de 1929 e seus desdobramentos para todo o continente americano;
Analisar a América Latina durante as décadas de 1930 e 1940.
O continente americano e o período pós-Primeira Guerra 
Nas primeiras décadas do século XX, todo o continente americano passou por transformações muito signi�cativas para a
condução da política e da sociedade na região. Os Estados Unidos se consolidaram como forte potência regional e,
posteriormente, mundial.
Os países latino-americanos iniciaram o processo de mudança em sua ordenação política sobretudo em virtude do
desencantamento com uma Europa arrasada pela Primeira Guerra Mundial.
Ao mesmo tempo, houve intensas transformações modernizadoras nas sociedades latino-americanas, o que favoreceu a
tomada de posição de cunho nacionalista nos âmbitos culturais e políticos de formas variadas, até mesmo conduzindo alguns
países da região a ditaduras.
Em nossa aula anterior, vimos que, logo no início do século, a região viveu sua primeira revolução no México, um fator muito
importante quando analisamos a trajetória do continente. Foi a luta pela terra e por interesses políticos que inseriu o México no
século XX.
Os EUA e o período pós-Primeira Guerra   
Os Estados Unidos consolidaram sua prosperidade sobretudo após a Primeira Guerra Mundial, con�ito que adquiriu proporções
mundiais e marcou a história contemporânea, inserindo todas as regiões do planeta na lógica da guerra.
Segundo Eric Hobsbawm:
"(…) as guerras foram visivelmente boas para a economia dos
EUA. Sua taxa de crescimento nas duas guerras foi bastante
extraordinária, sobretudo na Segunda Guerra Mundial,
quando aumentou mais ou menos 10% ao ano, mais rápido
que nunca antes ou depois. Em ambas, os EUA se
bene�ciaram do fato de estarem distantes da luta e serem o
principal arsenal de seus aliados, e da capacidade de sua
economia de organizar a expansão da produção de modo
mais e�ciente que qualquer outro. (…) Em 1914, já era a
maior economia industrial, mas ainda não a dominante. As
guerras, que os fortaleceram enquanto enfraqueciam, relativa
ou absolutamente, suas concorrentes, transformaram sua
situação."
- HOBSBAWM1995, p. 55
O crescimento estadunidense se consolidou cada vez mais após a Primeira Guerra e o país viveu o “American Way of Life”, o
estilo de vida americano que tornou os Estados Unidos um modelo de consumo.
De acordo com José Jobson Arruda:
"Após o término da Primeira Guerra Mundial, os Estados
Unidos assumiram a hegemonia econômica em escala
planetária, passando de país devedor a potência credora no
mercado internacional, pois �zeram vultosos empréstimos
aos países envolvidos no con�ito, tanto a vencedores quanto
a vencidos"
- ARRUDA, 2001
A crise de 1929  
Os Estados Unidos adotaram uma postura isolacionista em relação à Europa, e seu crescimento econômico propiciou intensa
euforia e a certeza, ainda que falsa, de uma prosperidade sem limites, marcada pelo alto grau de consumo de produtos , que
rapidamente se tornaram bens de consumo.
Os salários cresciam, e o desemprego era relativamente baixo, com crédito fácil alimentando a produção.
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Uma forte busca por enriquecimento rápido supervalorizou ações de
empresas e, em dado momento, em 1929, tudo veio abaixo, pois a bolsa de
valores de Nova York quebrou e fomentou uma crise generalizada e sem
precedentes em todo o mundo capitalista, encerrando a era do capitalismo
liberal e dando início a  uma reorientação na economia estadunidense.
Depois desse acontecimento, o mundo jamais seria o mesmo.
 fotografia Migrant Mother. / Fonte: Wikipedia
A fotogra�a Migrant Mother, uma das fotos estadunidenses
mais famosas da década de 1930, mostrando Florence
Owens Thompson, mãe de sete crianças, de 32 anos de
idade, em Nipono, Califórnia, março de 1936, em busca de
um emprego ou de ajuda social para sustentar sua família.
Seu marido havia perdido seu emprego em 1931, e morrera
no mesmo ano.
Saiba mais
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O período que antecedeu a crise foi de intensa efervescência cultural nos Estados Unidos. Era a época do jazz, embalado pelo
foxtrote e pelo blues, pelas melindrosas e seu estilo solto, cabelos curtos, o boxe se desenvolvia, eram os famosos anos 1920.
 
A intolerância racial também se tornou um pouco mais acirrada, assim como a corrupção, o comércio ilegal de bebidas, o período
dos gângsteres. O cinema também se revolucionou, transformando a vida em imagens captadas pelas câmeras. 
E por que os Estados Unidos viveram essa crise em um momento de
grande prosperidade?  Que razões levaram essa potência a passar
por um período turbulento em sua vida �nanceira?
A crise de 1929 foi causada, sobretudo, pela insistência americana em manter depois da guerra o mesmo ritmo de produção 
alcançado durante o con�ito, quando abastecia os países envolvidos nos combates, fornecendo desde gêneros alimentícios até
produtos industrializados e combustível.
Com a paz, os países europeus recomeçaram a produção de bens que importavam dos Estados Unidos durante o con�ito.
Com isso caíram as exportações do país e o mercado interno americano viu-se abarrotado de produtos que não conseguia
absorver.
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E qual seria a solução?
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A solução seria reduzir a produção em determinados setores, o que provocaria séria crise econômica e social.
A política do governo, essencialmente liberal, não poderia cogitar em intervir na produção; os empresários, por sua vez, só viam
seus interesses imediatos, logo, não concordavam com essa solução. Ninguém pressentia o real perigo da situação.
Imaginava-se que o progresso e a estabilidade do país fossem su�cientemente fortes para absorver qualquer excedente de
produção (2001, p. 23).
No entanto, não foi o que ocorreu.
A crise se acirrou ainda mais, pois apenas 5% da população estadunidense
detinha 35% da riqueza do país, o que demonstra a intensa disparidade que
marcava os Estados Unidos.
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A crise foi construída aos poucos. A bolsa de valores re�etia esse momento sobretudo pelo fato de muitas empresas serem de
capital aberto, ou seja, as ações estavam nas mãos de muitas pessoas que, alarmadas com os acontecimentos, começaram a
querer vender suas ações até o momento em que começou a haver mais vendedores que compradores, o que fez com que as
ações passassem a ser vendidas a preços irrisórios,culminando em sua desvalorização praticamente total.
A grande depressão causou
porbreza geral nos Estados
Unidos e em diversos países do
mundo. Aqui, família
desempregada, vivendo em
condições miseráveis, em Em
Grove, Califórnia, Estados Unidos.
Filas de famílias esperando por
ajuda �nanceira. Diversos
programas de ajuda social foram
criados pelo governo dos
Estados Unidos a partir de 1933.
Pessoas reunidas na frente de
um banco, durante o período da
Grande Depressão. Esse período
foi marcado por repentinas
perdas de ações e houve casos
de suicídio, após acionistas
descobrirem que perderam tudo.
A quinta-feira negra
No dia 29 de outubro de 1929, a famosa Quinta-feira Negra, a crise chegou ao seu ápice.
As ações despencaram e foi registrada uma queda histórica.
O caos parecia instalado e não havia, naquele momento, perspectiva alguma de melhora.
Comentário
Muitos investidores que haviam perdido tudo se suicidaram pulando das janelas dos edifícios, ao passo que muitos pobres
passaram a contar com a caridade alheia, aumentando a �la da sopa gratuita para os desempregados.
E a América Latina nesse contexto, como viveu essa crise? Vamos investigar um pouco mais...
Leitura
Leia o texto Os efeitos e solução da crise de 1929.
A repercussão da crise de 1929 na América Latina
A América Latina sempre esteve na esfera de in�uência estadunidense, sobretudo com a a�rmação da Doutrina Monroe: “A
América para os americanos.”
Os Estados Unidos procuraram a�rmar sua soberania sobre seus vizinhos de todas as formas possíveis, em especial
tentando afastar a in�uência europeia que ainda era signi�cativa na região.
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Uma grande parte do comércio empreendido pelos países latino-americanos
era realizada com a Europa e outra parte com os Estados Unidos, tanto no
âmbito das importações quanto no das exportações.
Com a crise, todos começaram a estabelecer certo protecionismo, o que
complicou bastante a vida �nanceira de algumas nações da América,
sobretudo pelo fato de que várias delas tinham economias agroexportadoras
e que foram afetadas pela retração de investimentos estrangeiros e pela
redução nas exportações de suas matérias-primas.
Exemplo
Brasil teve a economia afetada intensamente, pois sua balança comercial dependia das exportações do café, e os
Estados Unidos eram os principais compradores e consumidores de café do mundo.
Argentina e México também passaram pelo processo de substituição de importações e estimularam sua produção
interna.
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A crise de 1929 gerou diferentes efeitos sobre a política de toda a região do continente americano, fomentando a formação de
governos de cunho nacionalista e de ditaduras que buscaram transformar a condução dos países da região.
Era Vargas no Brasil, presidente Getúlio Dorneles Vargas chegou ao poder por meio de um golpe em 1930;
Ascensão de Juan Domingo Perón na Argentina ;
governo de Lázaro Cárdenas no México.
Ainda sobre os efeitos da crise de 1929 na América, vamos analisar a situação de Cuba .5
As décadas de 1930 e 1940 no continente americano 
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Os anos 1930 e 1940 foram de especial atenção para a
condução da política de todo o continente americano.
Alguns acontecimentos marcaram toda a região, até
mesmo pautando as relações de alguns países com os
Estados Unidos e com alguns países da Europa.
Nesse período, a própria condução da política
estadunidense para a América se modi�cou.
A política do Big Stick foi substituída por uma política mais
amena, a de boa vizinhança, que consistia basicamente em
estabelecer laços de amizade com os países da América
Latina a �m de expandir cada vez mais o modelo de vida e
de consumo americanos.
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 Cartoon que ilustra o Big Stick. Fonte: Wikipedia
Foram criados mecanismos para garantir essa expansão, que ocorreu em
diferentes campos, mas, sobretudo, no cultural. O objetivo dos Estados
Unidos era ampliar sua esfera da atuação na América Latina e, para isso,
utilizou-se de todas as formas possíveis para fortalecer essa política.
No Brasil, estreitou laços com Getúlio Vargas e até visitou
nosso país.
Esse estreitamento de laços se consolidou fortemente no
âmbito cultural. Artistas do cinema dos Estados Unidos
vinham frequentemente ao Brasil divulgar seus �lmes e
produtos estadunidenses eram divulgados nos meios de
comunicação. A revista Seleções (Reader's Digest) chegou
ao Brasil em 1938.
 Roosevelt e Vargas / Fonte: Wikimedia
A América Latina se viu cada vez mais in�uenciada pelos
estadunidenses e por sua busca de atuação internacional, o que
fortaleceu a presença dos Estados Unidos em todo o continente e
consolidou a política de alianças estabelecida entre os países da
região, fator que veremos melhor mais adiante.
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Notas
Consumo de produtos 1
Entre automóveis e rádios.
Produção2
Os Estados Unidos abastecaim os países envolvidos nos combates, fornecendo desde genêros alimentícios até produtos
industrializados e combustível.
A�rmar sua soberania 3
Como exemplo podemos citar a in�uência inglesa, notadamente no comércio, que sempre foi muito forte junto aos latino-
americanos ― no Brasil e na Argentina, por exemplo.
Assim, estabeleceram-se variadas formas para a consolidação da hegemonia estadunidense.
Economia afetada 4
Houve um forte desequilíbrio na balança de comércio brasileira; além do café, diversos produtos agrários sofreram os efeitos
da crise.
Ainda assim, essa crise contribuiu para o processo de industrialização não somente do Brasil mas também de outros países
latino-americanos, pois os recursos investidos no café passaram a ser destinados a outros empreendimentos industriais.
A diminuição do poder de compra tornou os produtos importados mais caros, o que acabou por estimular a produção de
similares no Brasil.
Cuba5
A ilha viveu uma das piores crises econômicas e sociais de sua história em virtude da política implementada por seu
presidente, Ramón Grau San Martín, que acabou renunciando em decorrência das intensas manifestações que ocorreram no
país.
A crise de 1929 também contribuiu para piorar a situação econômica da ilha. Ocorreu então a Revolta dos Sargentos, liderada
por Fulgêncio Batista, que assumiu o poder na ilha e se tornou presidente, consolidando seu poder e tornando-se o homem
mais poderoso de Cuba.
Afastou-se do poder em Cuba por oito anos e depois retornou, governando como ditador e contando com o apoio dos Estados
Unidos. Foi derrubado pela Revolução Cubana em 1959.
       
Big Stick 6
Signi�ca Grande Porrete.
Foi o slogan usado pelo presidente estadunidense Theodore Roosevelt para descrever o estilo de diplomacia empregada como
corolário da Doutrina Monroe, a qual especi�cava que os Estados Unidos da América deveriam assumir o papel de polícia
internacional no Ocidente.
Foi como uma "injeção de economia" nos países da America do Sul.
Roosevelt tomou o termo emprestado de um provérbio africano, "fale com suavidade e tenha à mão um grande porrete",
implicando que o poder para retaliar estava disponível, caso fosse necessário. Roosevelt utilizou pela primeira vez esse slogan
na Feira Estadual de Minnesota, em 2 de Setembro de 1901, doze dias antes que o assassinato do presidente William McKinley
o arremessasse subitamente na presidência.
As intenções desta diplomacia eram proteger os interesses econômicos dos Estados Unidos na América Latina.
Referências
SOARES, Mariza de Carvalho. A Revolução Mexicana. São Paulo: FTD, 2000.
Próxima aula
O desenvolvimento do populismo como um fenômeno ocorrido em diferentes países da América Latina e sua relação com
a condução da política da região, destacando algumas de suas principais características.
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