Buscar

Livro-Texto Unidade III Projetos Sociais no Terceiro Setor

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 42 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 42 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 42 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

97
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR
Unidade III
7 RESPONSABILIDADE SOCIAL: CONCEITOS, VISÕES E DIMENSÕES
7.1 Responsabilidade social empresarial
A Responsabilidade Social Empresarial (RSE) refere-se à responsabilidade geral das empresas por 
uma gestão sustentável em termos econômicos, ecológicos e sociais. A grande variedade de empresas e 
mercados confere diferentes interpretações a esse termo. Assim, podemos entender a Responsabilidade 
Social Empresarial (RSE) como um conceito fundamental, criado para ajudar as empresas a integrar 
voluntariamente preocupações sociais e ecológicas nas suas atividades de negócio e nas relações com 
stakeholders, ou seja, a responsabilidade social ocorre quando as empresas decidem, voluntariamente, 
contribuir para uma sociedade mais justa e para um ambiente mais limpo.
O conceito de responsabilidade social pode ser compreendido em dois níveis:
• O nível interno relaciona-se com os trabalhadores e, a todas as partes afetadas pela empresa e 
que, podem influenciar no alcance de seus resultados.
• O nível externo são as consequências das ações de uma organização sobre o meio ambiente, os 
seus parceiros de negócio e o meio em que estão inseridos.
A responsabilidade social implica a noção de que uma empresa não tem apenas o objetivo de buscar 
o lucro e trazer benefício financeiro às pessoas que trabalham na empresa, também deve contribuir 
socialmente para o seu meio envolvente. Dessa forma, a responsabilidade social muitas vezes envolve 
medidas que trazem cultura e boas condições para a sociedade.
Existem diversos fatores que determinaram a adoção de práticas de responsabilidade social, pois em 
um contexto da globalização e das mudanças nas indústrias, surgiram novas preocupações e expectativas 
dos cidadãos, dos consumidores, das autoridades públicas e dos investidores em relação às organizações. 
Nesse sentido, os indivíduos e as instituições, como consumidores e investidores, começaram a condenar 
os danos causados ao ambiente pelas atividades econômicas e também a pressionar as empresas para a 
observância de requisitos ambientais, exigindo à entidades reguladoras, legislativas e governamentais a 
produção de quadros legais apropriados e a vigilância da sua aplicação.
Os primeiros estudos que tratam da responsabilidade social tiveram início nos Estados Unidos, 
na década de 1950, e na Europa, nos anos 1960. Porém, as primeiras manifestações sobre este tema 
surgiram em 1906, contudo, essas não receberam apoio, pois foram consideradas de cunho socialista, e 
foi somente em 1953, nos Estados Unidos, que o tema recebeu atenção e ganhou espaço.
98
Unidade III
Na década de 1970, começaram a surgir associações de profissionais interessados em estudar o 
tema, e somente a partir daí a responsabilidade social deixou de ser uma simples curiosidade e se 
transformou em um novo campo de estudo.
 Observação
Negócios sustentáveis fazem parte de um novo modelo empresarial, em 
que produtos e serviços baseiam-se na incorporação de forma integrada 
dos aspectos sociais, econômicos e ambientais e suas estratégias devem ir 
para além da mera tecnologia, abrangendo todo o ciclo de vida do produto 
– da matéria-prima à eliminação.
Na prática empresarial, como nos discursos científico e sociopolíticos, a responsabilidade 
empresarial e o compromisso voluntário são referidos sob diferentes designações. Os termos mais 
usados são a Responsabilidade Social Empresarial (RSE), a Responsabilidade Empresarial (RE) e a 
Cidadania Empresarial (CE).
Responsabilidade Social Empresarial (RSE): refere-se a empresas e outras organizações e instituições 
que integrem de forma voluntária a responsabilidade social – para além das suas obrigações legais. 
É um sistema criado para ajudar as empresas a integrar de forma voluntária preocupações sociais e 
ambientais nas suas atividades de negócio e na sua interação com os seus stakeholders numa base 
voluntária. A RSE não substitui medidas políticas e legislação. Não obstante, a RSE garante as condições 
para prosseguir objetivos sociais alargados e definir padrões.
Responsabilidade Empresarial (RE): a Responsabilidade Empresarial (RE) descreve o sentido de 
responsabilidade de uma empresa sobre os efeitos, num dado momento, da sua atividade de negócio 
na sociedade, nos trabalhadores, no seu meio ambiente econômico. Neste processo, a responsabilidade 
empresarial representa uma filosofia de negócio que incide na transparência, numa conduta de ética e no 
respeito pelos stakeholders. O termo abrange os conceitos de Responsabilidade Social Empresarial (RSE), 
Governança Corporativa e Cidadania Empresarial. Embora os termos de RE e RSE sejam frequentemente 
usados como sinônimos, o conceito de RE é mais amplo que o de RSE.
O conceito de RSE recai sobretudo nos desafios ecológicos e sociais para as empresas, assumindo 
apenas duas das três dimensões da sustentabilidade. Embora a RSE considere unicamente o lucro de 
uma empresa como condição estrutural para ações empresariais responsáveis, o conceito de RE integra 
explicitamente a dimensão econômica da sustentabilidade. O diálogo aberto com os stakeholders é um 
dos pilares da RE. Isto inclui, por exemplo, clientes, colaboradores, investidores, fornecedores, Estado e 
organizações não governamentais.
Compromisso Social Empresarial (Cidadania Empresarial/CE): o Compromisso Social Empresarial 
refere-se ao investimento voluntário e sem fins lucrativos na comunidade feito por uma dada empresa. 
Para este efeito, a empresa disponibiliza dinheiro, produtos ou simplesmente o know-how ou a mão 
de obra dos seus empregados. O compromisso pode ser realizado recorrendo a diversos meios, como 
donativos e patrocínios, voluntariado empresarial e parcerias público-privadas.
99
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR
Para ser credível, este compromisso deve estar integrado na estratégia de sustentabilidade das 
empresas e ter uma ligação estreita com a sua principal área de negócio ou know-how. O compromisso 
permite gerar vantagens, tanto para a sociedade como para a empresa, resultando assim numa situação 
de vantagem mútua.
 Saiba mais
SILVA, D. L. A. Responsabilidade social empresarial: a Constituição Federal 
Brasileira e o Terceiro Setor. 2009. Disponível em: https://administradores.
com.br/artigos/responsabilidade-social-empresarial-a-constituicao-
federal-brasileira-e-o-terceiro-setor. Acesso em: 31 jan. 2020.
7.2 Responsabilidade social na atualidade
A responsabilidade social está cada vez mais integrada à vida das empresas e da comunidade, o 
consumidor está atento e passou a avaliar a origem de produtos e serviços. Somando-se a isso, as 
tecnologias da informação, em especial as redes sociais, permitem acompanhamento e a divulgação de 
informações e práticas em tempo real, evidenciando a coerência (ou incoerência) entre os discursos e as 
ações das empresas. O não fazer (omissões), ou seja, não causar danos ou prejuízos, já não é suficiente. 
Fornecedores, clientes, consumidores, comunidades e a opinião pública, de uma forma geral, têm acesso 
a informações, comparam, avaliam e fazem suas opções.
Por esses motivos, a responsabilidade social está deixando de ser diferencial competitivo, tornando-se 
pré-requisito para as empresas que buscam se desenvolver, atrair/fidelizar colaboradores e clientes, e 
se manter no mercado. Essa mudança de comportamento e as novas exigências são percebidas pelas 
empresas em tempos e proporções distintas, de acordo com a característica dos negócios.
Há alguns anos, as empresas poderiam ter a percepção ou crença que ‘o mundo’ girava ao seu 
redor e seus interlocutores eram os governos, colaboradores, clientes e fornecedores e, muitas vezes, 
sendo esses, seus dependentes, pois se entendia como geradora de oportunidade e desenvolvimento. 
Com o tempo, as relações na sociedade tornaram-se mais complexas e foram agravadas pelas crises 
econômicas, sociais e as mudanças climáticas, repercutindo nas relações das empresas com o meio onde 
estão inseridas,passando a prevalecer a interdependência e a necessidade de considerar as múltiplas 
possibilidades de afetar e ser afetada pelo contexto onde atuam, sendo as partes interessadas as mais 
próximas, devido às relações diretas com o negócio.
 Lembrete
A Responsabilidade Social Empresarial geralmente envolve a busca 
de novas oportunidades como uma maneira de responder às demandas 
ambientais, sociais e econômicas do mercado.
100
Unidade III
7.3 Fases (eras) de gestão de responsabilidade social
Seguem algumas fases (eras) de gestão de responsabilidade social que o mercado percorreu desde a 
adoção até o momento:
• 1ª Era da Imagem, de 1990-2000: na década de 1990, as empresas se valiam do crescente interesse 
de clientes e consumidores pelas causas ambientais. Fazendo uso desse interesse, algumas 
empresas criaram estratégias que objetivavam estabelecer ou modificar a imagem do negócio na 
mente do consumidor, maquiando o desempenho ambiental e os compromissos éticos.
• 2ª Era da Vantagem, de 2000-2010: as empresas passaram a reconhecer as vantagens adquiridas 
e propiciadas pela Responsabilidade Social, ou seja, os líderes empresariais passaram a reconhecer 
as vantagens resultantes da responsabilidade social.
• 3ª Era dos Danos, de 2010 em diante: reflexo do consumidor consciente, com maior conhecimento 
sobre as empresas e seus produtos. São exigentes, observadores e críticos, apoiando-se nas redes 
de informação e mídias sociais para exercer seu poder, recebendo e compartilhando sua opinião e 
posicionamento. Essas motivações refletem a percepção e participação do cliente/consumidor, ou 
melhor, têm foco no relacionamento com uma das partes interessadas da empresa, responsável 
pela validação ou não o negócio, produtos e serviços.
7.4 As motivações que levam à responsabilidade social
• Valores pessoais (interna e proativa): a iniciativa da adoção da responsabilidade social está 
vinculada aos valores pessoais e crenças do empresário e/ou dos sócios da empresa, que os 
emprestam à organização.
• Mercado (externa e reativa): para manter e/ou adquirir competitividade, a empresa reconhece 
o exemplo, normas e/ou pré-requisitos estabelecidos por clientes, fornecedores, consumidores, 
governo etc., adotando, a partir de então, a responsabilidade social em sua gestão.
• Mudanças climáticas (interna ou externa; proativa ou reativa): as alterações climáticas são 
representativas das questões ambientais que, por sua vez, se sobrepõem às divisões geopolíticas. 
Atualmente, estratégias e planos das empresas são influenciados pela sustentabilidade, nas quais 
a dimensão ambiental, juntamente com as dimensões sociais e econômicas, inspiram, subsidiam 
e norteiam a gestão de responsabilidade social.
7.5 Normas, certificações e compromissos relacionados com a 
responsabilidade social
Como resultado da evolução da responsabilidade social e da adesão das empresas e dos resultados 
e impactos possíveis, nas últimas décadas surgiram uma série de normas e certificações de instituições 
nacionais e internacionais tratando de temas relacionados, direta e indiretamente.
101
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR
Contudo, um aspecto importante de se considerar são as cartas e/ou compromissos propostos por 
grupos de empresas, abrigados, ou não, por instituições representativas, demonstrando o amadurecimento, 
reconhecimento, valorização e adesão às causas de cunho social.
Assim, as organizações precisam estar atentas, pois algumas dessas normas e certificações, como no 
caso daquelas normas ambientais, que integram um sistema legal, têm características de lei e podem 
ser confundidas com aquelas que são facultativas, com o objetivo de qualificar as atividades do negócio.
Quadro 3 – Normativas e compromissos
Normas Descrição Comentário
SA 8000 -1997/2001 Norma Internacional da Responsabilidade Social – Certificada
Voltada para o público interno da empresa. 
Trata-se de estratégias, processos e 
procedimentos das relações de trabalho, 
amparadas nos princípios da OIT e ONU.
ISO 14000 – década de 1990 Série de normas que tratam das questões ambientais – Certificada
É um conjunto de normas relacionadas a 
sistemas de gestão ambiental. Algumas têm 
caráter legal.
NBR 16001 – 20047
Norma brasileira (ABNT) que 
regulamenta responsabilidade social 
– dirigida para governos, empresas e 
Terceiro Setor – Certificada
Orienta o estabelecimento de um sistema 
de Gestão da Responsabilidade Social, 
permitindo à organização formular e 
implementar políticas e objetivos integrados 
à gestão do negócio, considerando os 
requisitos legais e compromissos éticos, 
a partir dos princípios e temas centrais, 
propostos pela norma.
AA1000 – 2006
Norma internacional – dirigida para 
governos, empresas e Terceiro Setor – 
Certificada
Padrão internacional de gestão ética, de 
responsabilização e transparência, tendo por 
base o processo de engajamento das partes 
interessadas.
ISO 26000 – dez 2010
ISO 26000 é uma norma internacional, 
integra o sistema ISSO (Internatinal 
Organization for Standardization) 
– Guia de orientação para 
responsabilidade social
ISO 26000 destina-se às organizações 
governamentais, sociais e empresas, tendo 
como objetivo contribuir para adoção e 
gestão da responsabilidade social, com vistas 
ao desenvolvimento sustentável. No Brasil, a 
instituição responsável é a ABNT.
Pacto Global – 1998
Pacto firmado na ONU, por empresas, 
sobre o papel e compromisso social das 
empresas
Objetivos comuns, como desenvolver 
mercados sustentáveis, combater a 
corrupção, defender os direitos humanos e 
proteger o meio ambiente, estão resultando 
em novos níveis de parceria e de abertura 
entre empresas, sociedade civil, trabalhadores, 
governos, as Nações Unidas e outras partes 
interessadas.
Compromissos e demandas para 
a construção do futuro que 
queremos – 2012
Compromisso de Empresas (I Ethos) – 
julho 2012
Compromisso resultante da RIO+20, proposto 
pela iniciativa do Instituto Ethos, com adesão 
de várias empresas nacionais ou que possuem 
representação no Brasil.
Declaração do Capital 
Natural – 2012
Declaração do setor financeiro – julho 
de 2012
Compromisso internacional do setor 
financeiro, resultante da RIO+20, com adesão 
de bancos nacionais e internacionais, visando 
à proteção do capital natural do planeta.
102
Unidade III
7.6 Sistemas de avaliação da responsabilidade social
Como outros aspectos da gestão, a responsabilidade social deve ser acompanhada e avaliada 
sistematicamente.
As organizações podem adotar ou elaborar um sistema de avaliação (indicadores, periodicidade, 
envolvidos, registro, retroalimentação), de acordo com suas especificidades e necessidades, especialmente 
se optou por um processo gradual e contínuo de implantação. Assim, a cada etapa pode revisar e 
ajustar o sistema, adequando-o ao momento, utilizando metodologias. Existem algumas ferramentas 
reconhecidas que podem contribuir como parâmetros para realização de avaliações. Esses sistemas se 
complementam às normas e permitem acompanhar e avaliar a gestão da responsabilidade social, por 
meio de indicadores, abrangendo aspectos distintos.
Indicadores de responsabilidade social empresarial – Instituto Ethos
É uma ferramenta de uso, essencialmente, interno, que permite avaliar a gestão no aspecto das 
práticas de responsabilidade social, além do planejamento de estratégias e do monitoramento do 
desempenho geral da empresa.
 Saiba mais
Para aprofundar seus conhecimentos sobre o tema, leia:
INSTITUTO ETHOS. Indicadores Ethos. [s.d.]. Disponível em: https://www.
ethos.org.br/conteudo/indicadores/. Acesso em: 3 fev. 2019.
7.7 Responsabilidade social: refletindo sobre possibilidades e limites
De acordo com Duarte et al.(1986 apud PASSOS, 2012), os primeiros estudos sobre 
responsabilidade social no Brasil afirmavam que o termo era “controvertido e de difícil precisão”. 
Segundo os autores, havia quem a entendesse como obrigação legal, comportamento ético, ou 
filantropia e caridade.Schommer et al. (1999 apud PASSOS, 2012, p. 165) “[...] asseguram que o termo continua sendo de 
difícil precisão, agora já envolvido com outros conceitos, tais como: filantropia empresarial, filantropia 
estratégica, cidadania empresarial e ética nos negócios”.
Diferentes autores defendem que algumas empresas confundem responsabilidade social com 
filantropia, sendo esses conceitos distintos.
103
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR
Toldo (2002) registra a diferença entre os dois conceitos:
Filantropia significa “amizade do homem para com outro homem” 
(ABBAGNANO, 1998 apud TOLDO, 2002, p. 1) [...]. Na linguagem moderna, 
filantropia restringe-se à ajuda. Passando para a esfera empresarial, temos 
o seguinte entendimento: filantropia é o ato de a empresa distribuir uma 
parte de seu lucro a ocasionais pedintes. Acontece de maneira eventual. É 
uma ajuda (PASSOS, 2012, p. 84).
Já o conceito de Responsabilidade Social:
[...] são estratégias pensadas para orientar as ações das empresas em 
consonância com as necessidades sociais, de modo que a empresa 
garanta, além do lucro a da satisfação de seus clientes, o bem estar da 
sociedade. A empresa está inserida nela e seus negócios dependerão de seu 
desenvolvimento, e, portanto, esse envolvimento deverá ser duradouro. É 
um compromisso (TOLDO, 2002, p. 84).
Para Passos (2012), no Brasil há uma rejeição ao termo filantropia, “[...] porque o mesmo está 
impregnado de significados que o conduzem à ideia religiosa de caridade e doação”. Alguns preferem 
denominar de “cidadania empresarial”, por achar que este termo é mais amplo e pode incluir práticas 
filantrópicas e de responsabilidade social; entretanto, “[...] ele é mais apropriado a ações voltadas para a 
comunidade, realizadas por empresas a partir da criação de fundações e institutos” (p. 165).
No entanto, o autor defende que em nosso país é mais comum o uso da expressão responsabilidade 
social para as ações praticadas por empresas, estando relacionada à ação empresarial, lucrativa, podendo 
incluir ou não ações filantrópicas ou com a comunidade.
7.7.1 Responsabilidade social corporativa: algumas contribuições
Segundo Cavalcante (2009), as recentes transformações globais tecnológicas, econômicas e políticas 
que afetaram a vida social em todo o mundo geraram questionamentos novos acerca dos valores e da 
ética social. Nesse contexto, Fischer (2003 apud CAVALCANTE, 2009) afirma que ocorre o resgate do 
conceito e da prática da responsabilidade social, perdidos ao longo de décadas.
No Brasil, a concepção de responsabilidade social “[...] aparece com muita evidência sob a forma 
de responsabilidade social corporativa, associada a iniciativas empresarias de intervenção social, ou de 
apoio a projetos, programas e entidades voltados à ação social” (CAVALCANTE, 2009, p. 29).
De acordo com Kraemer (2005) o conceito responsabilidade social corporativa acompanha a noção 
de sustentabilidade, que busca “[...] conciliar as esferas econômica, ambiental e social na geração de 
um cenário compatível à continuidade e à expansão das atividades das empresas no presente e no 
futuro”. Ou seja, para ser considerada uma empresa socialmente responsável, torna-se necessário que 
esta apresente ações que respeitem o ser humano e a natureza.
104
Unidade III
Nessa perspectiva, a responsabilidade social corporativa tem crescido nos últimos anos, em 
companhias de diferentes tamanhos e setores, o que influencia no desenvolvimento de estratégias nos 
seus programas, em áreas como ética de negócio, ambiente de trabalho, meio ambiente, marketing 
responsável e envolvimento comunitário.
Cavalcante (2009) afirma que foi na década de 1970 que a concepção de responsabilidade social 
coorporativa passou a ser utilizada para a elaboração do termo desempenho corporativo, sendo este, na 
época, pouco operacional.
Nessa década, Sethi (1975 apud PASSOS, 2012) definiu três estágios de desempenho baseado no 
comportamento das empresas: “[...] obrigação social, responsabilidade social e responsividade social” (p. 24). 
Entretanto, apesar da sua contribuição ser importante, o autor não definiu clara e operacionalmente o 
termo desempenho social corporativo.
No final da década de 1970, Carroll (1979, p. 499 apud CAVALCANTE, 2009), definiu responsabilidade 
social corporativa como:
[...] desempenho corporativo em quatro diferentes categorias de responsabilidade: 
econômica, legal, ética e discricionária. [...] Sendo que estas quatro categorias 
não são mutuamente exclusivas, e nem pretendem retratar um contínuo com as 
preocupações econômicas de um lado e as preocupações sociais do outro. Além 
disso, elas não são nem cumulativas, nem aditivas (p. 25).
Carroll (1979, p. 500 apud CAVALCANTE, 2009) define essas quatro categorias:
— As responsabilidades econômicas como fundamentais e a base para 
todas as outras, já que antes de qualquer coisa, a instituição negócio 
é a unidade econômica básica da sociedade.
— As responsabilidades legais são definidas como parte integrante do 
contrato social entre empresa e sociedade, uma vez que a sociedade 
espera que os negócios cumpram sua missão econômica dentro da 
estrutura de requisitos legais.
— As éticas, em que, apesar de não serem necessariamente codificadas 
em leis e regulamentações, são esperadas pelos membros da sociedade 
em relação às empresas, já que a sociedade possui expectativas acima 
dos requisitos legais em relação aos negócios.
— As responsabilidades discricionárias, ou seja, aquela em que os negócios 
têm a liberdade de assumir ou não, uma vez que não há imposição legal ou 
ética, além de não haver uma mensagem clara da sociedade neste sentido. 
Dessa forma, esta categoria seria de natureza voluntária por parte das 
empresas (CARROLL, 1979, p. 500 apud CAVALCANTE, 2009, p. 25).
105
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR
A partir dessas colocações, a autora define que a responsabilidade social corporativa dos negócios 
“[...] abrange as expectativas econômicas, legais, éticas e discricionárias que a sociedade possui em 
relação às organizações em determinado período de tempo” (CARROLL,1979, p. 500 apud CAVALCANTE, 
2009, p. 25).
Ou seja, a responsabilidade social corporativa constitui-se das expectativas que a sociedade possui 
em relação às organizações em determinado momento histórico.
Porém, inúmeros autores, dentre eles Cavalcante (2009), defendem que esse conceito merece uma 
análise mais aprofundada, já que existe “[...] inconsistências conceituais e práticas mal elaboradas que 
geram um ambiente bastante confuso e teoricamente frágil” (p. 29).
Para Kraemer (2005), a concepção de responsabilidade social vem sendo amplamente difundida por 
parte das empresas, pois elas têm enfrentado novos e crescentes desafios impostos pelas
[...] exigências dos consumidores, pela pressão de grupos da sociedade 
organizada e por legislações e regras comerciais que demandam, por 
exemplo, proteção ambiental, produtos mais seguros e menos nocivos à 
natureza e o cumprimento de normas éticas e trabalhistas em todos os 
locais de produção e em toda a cadeia produtiva.
Na contramão desse argumento, Belisário e Ramos (2011) defendem que a responsabilidade social 
corporativa tem sido usada como mercadoria para responder “[...] às constantes pressões de consumidores 
informados, atualizados e conscientes. Responsabilidade social e sustentabilidade passam então a ser 
palavras de ordem para conquistar um mercado extremamente competitivo” (p. 1).
Segundo Cavalcante (2009, p. 31), o tema responsabilidade social corporativa torna-se cada vez mais 
comum nos espaço da mídia, na organização e no campo de atuação de diversas entidades da sociedade 
civil, tais como:
• O Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE), criado em 1981 e responsável pelo 
Balanço Social no Brasil entre as empresas, como instrumento de gerenciamento da atividade 
social das organizações.
• O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, criado em 1998 e responsável pelaelaboração de manuais e indicadores para a autoavaliação das empresas em relação ao desempenho 
empresarial responsável.
• A Fundação Instituto de Desenvolvimento Empresarial e Social (FIDES), que estimula iniciativas de 
responsabilidade social corporativa e empreendedorismo social.
• O Grupo de Instituto, Fundações e Empresas (Gife), que apoia as empresas a desenvolverem ações 
sociais com racionalidade econômica e eficiência administrativa, entre outros.
106
Unidade III
 Lembrete
A responsabilidade social corporativa pressupõe o desenvolvimento 
sustentável pautado na harmonia entre as esferas econômica, ambiental e 
social que possibilite a expansão das atividades das empresas no presente 
e no futuro.
Feitas essas distinções, avancemos em nossa reflexão.
Rasquinha (2010) afirma que o Instituto Ethos é uma das instituições que mais se destacam na 
divulgação do conceito de responsabilidade social na sociedade brasileira. Oded Grajew assim define 
este conceito:
[...] a atitude ética da empresa em todas as suas atividades. Diz respeito às 
interações da empresa com funcionários, fornecedores, clientes, acionistas, 
governo, concorrentes, meio ambiente e comunidade. Os preceitos da 
responsabilidade social podem balizar, inclusive, todas as atividades políticas 
empresariais (GRAJEW; INSTITUTO ETHOS, 2001 apud RASQUINHA, 2010).
A lógica da responsabilidade social exige uma nova postura dos atores envolvidos, pautada em 
valores éticos – os quais estudaremos a seguir – que visem ao desenvolvimento sustentado da sociedade 
em sua totalidade. Vai
[...] muito além da postura legal da empresa, da prática filantrópica ou do 
apoio à comunidade. Significa mudança de atitude, numa perspectiva 
de gestão empresarial com foco na qualidade das relações e na geração de 
valor para todos (RASQUINHA, 2010).
É importante destacar que as empresas socialmente responsáveis são vistas pelo consumidor 
com “bons olhos”, tornando-se, como a própria autora defende, “[...] um diferencial competitivo e 
um indicador de rentabilidade e sustentabilidade no longo prazo” (RASQUINHA, 2010), o que explicita um 
contexto contraditório, permeados pela lógica neoliberal, em que o objetivo principal é criar condições 
para o acúmulo de capital.
No entanto, a responsabilidade social é uma realidade que está em crescimento no Brasil, sendo 
impossível negá-la ou agir como se ela não existisse.
Para Passos (2012), de fato, existe aceitação maior por parte dos clientes de serviços e produtos 
oferecidos por empresas consideradas socialmente responsáveis. Tendo como alvo esses clientes, o 
número de empresas que iniciam experiência nesse campo crescem a cada dia.
107
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR
Porém, nem toda a ação praticada por essas empresas pode ser considerada responsabilidade social.
Não é socialmente responsável a empresa que age agora de uma forma 
correta e em outro momento de maneira inversa [...] a responsabilidade 
social pressupõe consciência e compromisso das empresas com as mudanças 
sociais (PASSOS, 2012, p. 166).
De acordo com Moysés (2001 apud PASSOS, 2012), esses compromissos são condições para que uma 
empresa possa ser considerada socialmente responsável, ou como defende, uma “empresa cidadã”:
[...] no estágio de empresa cidadã, a empresa passa na transformação do 
ambiente social, sem se ater apenas aos resultados financeiros do balanço 
econômico; busca avaliar a sua contribuição à sociedade e se posiciona de 
forma pró-ativa nas suas contribuições com os problemas sociais (MOYSÉS, 
2001 apud PASSOS, 2012, p. 90).
O fato é que o envolvimento das empresas no Terceiro Setor – mesmo que dentro dessa lógica 
perversa do capital – tem encontrado ambiente propício para seu fortalecimento, resultando inclusive 
em algumas experiências expressivas no enfrentamento da questão social.
8 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS EMPRESAS
8.1 A implantação de um processo de responsabilidade social nas empresas
A seguir apresentaremos alguns conceitos fundamentais para implantação de um processo de 
responsabilidade social nas empresas:
• Responsabilidade social empresarial (SER): é a forma de gestão que se define pela relação ética e 
transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento 
de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando 
recursos ambientais e culturais para gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a 
redução das desigualdades sociais.
• Stakeholder: termo em inglês amplamente utilizado para designar as partes interessadas, ou seja, 
qualquer indivíduo ou grupo que possa afetar a empresa por meio de suas opiniões ou ações, 
ou ser por ela afetado. Há uma tendência cada vez maior em se considerar stakeholder quem se 
julgue como tal.
• Parceiros: organizações com as quais se estabelece um relacionamento especial e estreito em 
função de fatores e razões diversas.
• Colaboradores: todos aqueles que estão envolvidos na execução das atividades de uma organização 
como empregados, prestadores de serviços e funcionários terceirizados.
108
Unidade III
• Balanço social: é um meio de dar transparência às atividades corporativas através de um 
levantamento dos principais indicadores de desempenho econômico, social e ambiental da 
empresa. Além disso, é um instrumento que amplia o diálogo com todos os públicos com os quais 
a empresa relaciona-se: acionistas, consumidores e clientes, comunidade vizinha, funcionários, 
fornecedores, governo, organizações não governamentais, mercado financeiro e a sociedade 
em geral. Durante sua realização, o balanço social funciona também como uma ferramenta de 
autoavaliação, já que dá à empresa uma visão geral sobre sua gestão e o alinhamento dos valores 
e objetivos presentes e futuros da empresa com seus resultados atuais.
• Ação social: é qualquer atividade realizada pelas empresas para atender às comunidades em 
suas diversas formas (conselhos comunitários, organizações não governamentais, associações 
comunitárias etc.), em áreas como assistência social, alimentação, saúde, educação, cultura, 
meio ambiente e desenvolvimento comunitário. Abrange desde pequenas doações a pessoas ou 
instituições até ações estruturadas, com uso planejado e monitorado de recursos, seja pela própria 
empresa, por fundações e institutos de origem empresarial ou por indivíduos especialmente 
contratados para a atividade.
• Diversidade: princípio básico de cidadania que visa assegurar a cada um condições de pleno 
desenvolvimento de seus talentos e de suas potencialidades, considerando a busca por 
oportunidades iguais e respeito à dignidade de todas as pessoas. A prática da diversidade 
representa a efetivação do direito à diferença, criando condições e ambientes em que as pessoas 
possam agir em conformidade com seus valores individuais.
 Lembrete
A área de responsabilidade social pode estar em diferentes segmentos 
dentro de uma organização, mas necessariamente tem interface com 
vários deles.
8.1.1 Processos fundamentais para que a responsabilidade social passe a fazer parte do 
planejamento estratégico de uma organização
Implantação
A implantação de um programa de responsabilidade social empresarial não acontece por 
decreto, portaria e/ou comunicado interno, como também pela realização de grandes eventos e/ou 
campanhas publicitárias.
A implantação destes programas de maneira efetiva significa uma mudança de mentalidade e/ou 
cultura, fazendo com que acionistas, gestores, colaboradores, fornecedores e todos demais envolvidos 
na rede de relacionamentos da empresa acreditem e internalizem a ética como a única maneira de 
realizar negócios e atingir seus resultados, de forma sustentável.
109
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR
Este processo só irá ocorrer a médio prazo em algumas empresas, em outras a longo prazo e em 
algumas nunca. Mas, todo processo deve começar por uma ação ou conjunto de ações que irão abrir as 
portas para esta mudança. A essaação ou conjunto de ações denominamos sensibilização.
Sensibilização
Por sensibilização entendemos como o ato ou efeito de sensibilizar a si mesmo e/ou a outros, 
envolvidos direta e/ou indiretamente em um processo e/ou situação definida previamente. Por sensibilizar, 
a exposição de uma pessoa, grupo de pessoas e/ou instituição a um propósito específico, do que resulta 
uma resposta, atitude e/ou reação.
Pelo próprio conceito fica claro que precisamos conhecer e definir a situação envolvida, respondendo 
algumas questões:
• Qual o cenário da sensibilização?
• Quem iremos sensibilizar?
• Como iremos realizar esta sensibilização?
• Utilizaremos instrumentos, metodologias e/ou linguagens específicas para cada público-alvo?
• Quanto tempo necessitaremos para realizar este processo?
• As ações e/ou conjunto de ações serão realizadas simultaneamente ou não?
• Quem irá realizar estas ações?
• O presidente da empresa, diretores, gestores e/ou consultores?
• Que indicadores utilizaremos para avaliar o sucesso ou não do processo de sensibilização?
O processo de sensibilização deve ser realizado antes da concepção do programa de responsabilidade 
social empresarial, como também da sua divulgação para o público interno e/ou externo. Deve-se utilizar 
além da intranet e de informativos, palestras, grupos de estudo, fóruns de discussão e workshops. Estas 
atividades ajudam a empresa no estabelecimento de uma linguagem comum ou seja que a empresa 
tenha clareza dos conceitos de responsabilidade social empresarial corretos, independentemente do 
nível hierárquico, da escolaridade ou da área que pertencem.
A linguagem, os exemplos, os atrativos e as situações também devem ser desenhadas de acordo 
com a característica de cada público-alvo. Por exemplo, quando pensamos no público interno podemos 
estabelecer grandes especificidades entre acionistas, diretores, gestores e colaboradores em geral.
O mais importante é que percebamos a importância dessa atividade, como também que a 
sensibilização não deve ser realizada apenas no momento inicial do programa de responsabilidade social 
110
Unidade III
empresarial, mas, sempre que necessário. Desta forma, o processo de implantação como a formação de 
multiplicadores da causa e/ou do programa de responsabilidade social acontecerão de maneira menos 
sacrificada, minimizando a possibilidade de insucesso.
8.1.2 Exemplos de projetos de responsabilidade social
Comunidade e educação
Visa encontrar meios pelos quais a empresa poderá dar suporte e melhorar a educação oferecida 
pelas escolas públicas locais.
Estratégias:
• Encorajar os funcionários a se tornarem mentores ou voluntários e a participarem de eventos 
organizados pelas escolas, ou até mesmo a darem palestras a alunos e professores sobre habilidades 
profissionais necessárias para atuar em suas áreas de trabalho.
• Viabilizar doações de equipamento usado ou excedente, restos de matéria-prima ou produtos 
ultrapassados e que podem ser utilizados para projetos escolares.
• Doar de tempo de trabalho dos funcionários para ajudar em consertos ou faxinas.
• Visitar a escola para dar pequenas palestras sobre diferentes assuntos, por exemplo, aconselhamento 
sobre carreiras, ou aconselhamento sobre as matérias que estão sendo estudadas.
• Ajudar na gestão da escola.
• Promover de programas de melhoria da qualidade de ensino, como preparação de material 
didático ou treinamento de professores.
• Convidar os alunos da escola para visitarem a empresa. Se possível, permitir que os alunos 
operem equipamentos.
• Organizar de um intervalo para lanche do qual funcionários e alunos possam participar.
• Criar um intercâmbio com a escola, muitas escolas procuram por empresas locais que possam 
oferecer estágio, remunerado ou não, para os seus alunos.
Comunidade/global
O envolvimento com a comunidade deve ser uma prioridade da administração. É importante usar 
todas as oportunidades para comunicar aos funcionários que o suporte à comunidade e o envolvimento 
com ela é importante para a empresa. 
111
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR
Estratégias:
• Sempre que possível, recompensar aqueles que participam de projetos comunitários.
• Incentivar gerentes e supervisores a encorajar os funcionários na participação de projetos 
comunitários que não interfiram na execução de suas tarefas.
• Considerar a possibilidade de incluir na avaliação de desempenho de gerentes e supervisores a 
capacidade que possuem de encorajar seus subordinados a se envolverem com a comunidade. 
Invista na comunidade.
• Considerar a possibilidade de utilização de serviços providos por organizações comunitárias. Dessa 
forma, a empresa poderá ajudar na revitalização de uma comunidade carente.
• Considerar, também, a destinação de recursos do imposto de renda para fundos municipais da 
criança e do adolescente, ou outros similares.
• Considerar o recrutamento em comunidades carentes. Há também várias organizações sem 
fins lucrativos que poderão identificar nestas comunidades indivíduos que estejam treinados e 
capacitados a exercer as funções pretendidas.
• Procurar locais comunitários que possuam boas instalações para o estabelecimento de escritórios, 
produção e venda, com acesso fácil para as demais áreas da cidade. Verificar se há incentivos para 
a instalação de empresas nessas áreas e onde estão localizadas.
Comunidade/trabalho voluntário: estratégias
• Considerar a possibilidade da criação de uma lista de oportunidades de trabalhos voluntários.
• Listar várias organizações que procuram por voluntários, especificando qual o tipo de trabalho a 
ser realizado e o tipo de habilidade necessária.
• Solicitar aos funcionários sugestões sobre outras organizações e encorajar o envolvimento com o 
trabalho delas.
• Disponibilizar tempo para voluntários. Considerar uma política de autorizar a dispensa de 
funcionários para a realização de trabalho voluntário em comunidades carentes, ou para 
organizações beneficentes. Algumas empresas autorizam a dispensa remunerada, enquanto 
outras realizam a dispensa sem pagamento, mas sem ônus para o período de férias. A dispensa 
autorizada pelas empresas geralmente vai de uma hora por mês até uma semana por ano.
• Oferecer apoio financeiro para estimular o trabalho voluntário Considerar a possibilidade de fazer 
contribuições para organizações das quais os funcionários fazem parte da diretoria, ou para as 
quais eles façam trabalho voluntário. Algumas empresas costumam fazer contribuições em nome 
112
Unidade III
da própria empresa, outras, em nome dos funcionários. Nos dois casos, elas não só estimulam 
o funcionário a continuar seu trabalho voluntário, como também melhoram a imagem de sua 
empresa, por abraçar causas nobres.
• Recompensar os funcionários pelo trabalho voluntário. Uma ideia seria organizar uma festa 
especial para os voluntários (e convidar seus parceiros de trabalho). Organize um sorteio, autorize 
dias extras para o período de férias ou providencie quaisquer outros incentivos para encorajar o 
trabalho voluntário. Não se esquecer de que recompensas simples podem também ter um valor 
significativo para o funcionário. Um certificado ou carta de reconhecimento assinada por um dos 
diretores da empresa é uma opção.
• Adotar um projeto específico. Considerar a possibilidade de envolver a empresa em um projeto 
ou causa que envolva vários voluntários, talvez um cujo objetivo se aproxime da declaração de 
missão de sua empresa. Por exemplo, um restaurante ou uma empresa do ramo de alimentos 
poderá se engajar em campanhas para o extermínio da fome ou para o encorajamento de práticas 
agrárias sustentáveis, ou ainda organizar uma horta comunitária ou a distribuição de sopa para 
pessoas carentes.
• Mobilizar fornecedores e clientes. Unir os esforços de sua empresa em empreender projetos 
de trabalho voluntário aos de seus fornecedores e clientes. Considerar a possibilidade de fazer 
parcerias com outras empresas da comunidade, sejam elas de grande ou pequeno porte,de forma 
a desenvolver projetos que a empresa não poderia empreender individualmente.
Comunidade/filantropia: estratégias
• Verificar a possibilidade da contribuição de produtos ou serviços diretamente para organizações 
da comunidade que possam fazer uso deles.
• Encorajar a contribuição por parte dos funcionários. Considerar a possibilidade da empresa 
contribuir nas mesmas bases em que contribui cada um dos funcionários, ou uma contribuição da 
empresa ainda maior, baseada naquela efetuada por eles. Para facilitar as contribuições, considerar 
a possibilidade de deduzi-las automaticamente na folha de pagamento dos funcionários.
• Apoiar eventos locais. Considerar a possibilidade de comprar um bloco de ingressos para eventos 
comunitários de cunho cultural ou esportivo, de forma a vendê-los com desconto para funcionários 
e clientes da empresa, ou para doação a usuários de serviços de organizações sem fins lucrativos, 
os quais não teriam recursos financeiros para realizar essa aquisição.
• Encorajar outros tipos de doações. Encorajar os funcionários a doarem comida, roupas usadas, 
móveis e outros itens. Da mesma forma, organizar para que a empresa faça doações de máquinas 
usadas, mobílias e outros materiais e equipamentos para escolas e organizações sem fins lucrativos 
da localidade.
113
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR
Comunidade/outros projetos comunitários: estratégias
• Apoiar o comércio local. Considerar a possibilidade de conseguir descontos juntos aos comerciantes 
locais para os funcionários da empresa.
• Considerar a possibilidade de ceder espaço interno da empresa para encontros de organizações 
e grupos sem fins lucrativos, de maneira tal que a segurança e as operações da empresa não 
fiquem comprometidas.
• Cessão de espaço para alfabetização, aulas particulares, encontros, ou outros programas. Procurar 
por oportunidades de fazer o uso do espaço e instalações da empresa em benefício de programas 
comunitários. Informar-se sobre os riscos que tal empréstimo pode acarretar: consultar sempre 
sua companhia de seguros sobre essa questão.
Direitos humanos
Na escolha dos fornecedores de produtos e/ou serviços, procurar trabalhar com parceiros que 
compartilham com a empresa a preocupação de dar um tratamento justo aos trabalhadores. Até 
mesmo empresas que contratam mão de obra em outras localidades para a produção de seus produtos 
(geralmente em países em desenvolvimento) devem considerar o contexto econômico, cultural e social 
do trabalhador. Estratégias:
• Verificar quais são os fornecedores; quais as fábricas utilizadas para a manufatura dos produtos; 
onde estão localizadas e suas capacidades de produção.
• Adotar um código de conduta. Muitas empresas criaram seus próprios códigos de conduta, os quais 
podem ser utilizados como modelo. A maioria destes códigos incorpora as leis trabalhistas locais e 
padrões internacionais aceitáveis de conduta. Um código de conduta pode ser um guia para o pessoal 
de sua empresa aferir até que ponto os itens ali relacionados estão sendo cumpridos de forma justa.
• Comunicar suas expectativas aos fornecedores. A empresa tem maiores possibilidades de alcançar 
os objetivos propostos se estes forem comunicados claramente aos fornecedores.
• Solicitar aos fornecedores um comprometimento formal.
• Utilizar todas as oportunidades para monitorar o cumprimento das regras estabelecidas.
• Oferecer sugestões sobre possíveis ajustes para a melhoria da prática. Tentar criar um clima de 
confiança, tentando discutir, inicialmente, itens menos sensíveis, tais como saúde e segurança.
Meio ambiente/minimização de resíduos: estratégias
• Criar um código de reciclagem. Promover a ideia, do ponto de vista de sua empresa, que “resíduo” 
representa tudo aquilo que não se pode utilizar ou vender, mas que se deverá pagar para poder se 
livrar dele.
114
Unidade III
• Encorajar os funcionários a apresentar sugestões para a redução do resíduo através da reutilização 
de materiais e reciclagem daqueles que não poderão mais ser utilizados.
• Reduzir o consumo de papel. Em muitas empresas, o papel é a maior fonte de lixo.
• Doar o excedente de móveis e equipamentos. Criar uma relação informal de organizações 
beneficentes que aceitam essas doações.
• Evitar produtos que geram resíduos. Ao fazer as compras da empresa, procurar por produtos que 
sejam mais duráveis, de melhor qualidade, recicláveis ou que possam ser reutilizados.
• Evitar produtos descartáveis.
• Considerar o aluguel de máquinas ou equipamentos usados, ou compartilhados com outros 
empresários da área.
Mercado e outras ideias
Fazer os investimentos de sua empresa com instituições socialmente responsáveis. Considerar a 
possibilidade de aplicar os fundos da empresa em instituições financeiras que suportem uma causa 
social. Existe uma grande variedade delas trabalhando no desenvolvimento de programas comunitários. 
Utilizar cartões de afinidade e serviços de instituições socialmente responsáveis.
Local de trabalho/Combate ao Assédio Sexual
Estabelecer uma diretriz contra o assédio. Esta não é só uma atitude social responsável, mas uma 
exigência legal. Desenvolver e implementar um política firme contra o assédio sexual. Estratégias:
• Explicar a matéria de forma clara e concisa, dando exemplos concretos para definir o 
comportamento proibido.
• Explicar os meios disponíveis na empresa para formalizar reclamações.
• Comunicar frequentemente aos funcionários, fornecedores, clientes e outros parceiros de trabalho, 
as diretrizes da empresa com relação ao assunto, sempre de forma consistente.
• Comunicar a todos que qualquer reclamação recebida, implicará em uma investigação objetiva, 
salientando as penalidades aplicadas por violação da regra, inclusive a possível demissão.
• Proibir, estritamente, qualquer vingança contra aqueles que apresentarem reclamações e monitorar 
pessoalmente tais situações, especialmente quando a reclamação envolver o supervisor direto do 
funcionário molestado.
• Proporcionar programas de treinamento. Treinar supervisores e gerentes para criar um ambiente 
de trabalho positivo e livre de assédios, para que reconheçam e confrontem o assunto de forma 
rápida e eficaz.
115
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR
• Estabelecer uma regra justa para encaminhamento das reclamações. Propiciar um ambiente 
correto para a apresentação e discussão de reclamações recebidas, bem como um processo justo 
para investigar as alegadas acusações.
• Criar um processo investigatório que respeite a privacidade, discutindo a matéria somente 
com as partes envolvidas. Estar atento que, ao tratar desses assuntos, os atos poderão ter 
implicações legais.
• Considerar a possibilidade de criar uma comissão composta de um corpo de funcionários de 
áreas diversas e da diretoria, como uma última instância, para se propor uma medida concreta a 
respeito do ocorrido.
• Criar um ambiente propício para a discussão do assunto. Considerar a criação de um mecanismo 
que possa ser utilizado pelo funcionário para aconselhamento, de forma anônima. Disponibilizar 
pessoal treinado para aconselhamento e discussão de possíveis casos de assédio e promover 
discussões e palestras sobre o assunto.
8.1.3 Cheklist e autoavaliação e aprendizagem
Trata-se de uma ferramenta de uso essencialmente interno, que permite a avaliação da gestão 
no que diz respeito à incorporação de práticas de responsabilidade social, além do planejamento de 
estratégias e do monitoramento do desempenho geral da empresa.
Auditorias e prestação de contas
Ao obter os primeiros resultados sobre a avaliação da empresa, é recomendado compartilhar com 
outras pessoas de confiança que possam dar um parecer honesto sobre os resultados obtidos e depois, 
incorporar os pareceres e comentários recebidos ao texto final do relatório de avaliação.
Também é importante compartilhar a avaliação. Começando o compartilhamento com grupos 
selecionados e, em um segundo momento, tornando-a pública. Considerar a possibilidadede torná-
la pública anualmente. Incluir os sucessos, dificuldades e as metas para futuras melhorias. Distribuir 
o relatório para os funcionários, fornecedores, clientes chaves e outros que sejam considerados como 
interessados pela avaliação.
8.2 Ética empresarial: apontamentos para o debate
Para muitos autores, pensar responsabilidade social das empresas está diretamente ligado a uma 
questão ética, dado que implica mudança de valores e atitudes. Para Moysés (2001 apud PASSOS, 2012) 
refletir a responsabilidade social como uma questão ética
[...] pressupõe uma atuação eficaz da empresa com todos aqueles que são 
afetados por sua atividade, sejam diretas sejam indiretas, possuindo um 
alto grau de comprometimento com seus colaboradores internos e externos 
(MOYSÉS, 2001 apud PASSOS, 2012, p. 164).
116
Unidade III
Logo, refletir sobre ética empresarial significa pensar sobre os valores que imperam em nossa 
sociedade e que permeiam as relações sociais dentro e fora das empresas em um contexto no qual a 
chamada responsabilidade social vem ganhando força nas últimas décadas.
8.2.1 Ética e moral: existe diferença?
Segundo Passos (2012), etimologicamente ética e moral são palavras que possuem origens distintas, 
mas significados iguais. Moral vem do latim mores, que quer dizer costume, conduta, modo de agir; 
ética vem do grego ethos e, do mesmo modo, quer dizer costume, modo de agir. Contudo, alguns 
autores, entre eles Vázquez (apud PASSOS, 2012), defendem que, apesar da proximidade são termos 
distintos, como veremos a seguir:
• Moral: “[...] enquanto norma de conduta, refere-se a situações 
particulares e quotidianas, não chegando à superação desse nível” 
(PASSOS, 2012, p. 22).
• Ética: “[...] destituída do papel normatizador, ao menos no que diz 
respeito aos atos isolados, torna-se examinadora da moral. Exame que 
consiste em reflexão, em investigação, em teorização” (PASSOS, 2012, 
p. 22-23).
Pode-se assim dizer que “[...] a moral normatiza e direciona a prática das pessoas, e a ética teoriza 
sobre as condutas, estudando as concepções que dão suporte à moral” (PASSOS, 2012, p. 23).
Sánchez (1975, p. 12 apud PASSOS, 2012, p. 23) define que a Ética “[...] é a ciência que estuda o 
comportamento moral dos homens na sociedade”.
 Saiba mais
O livro a seguir poderá contribuir para uma reflexão mais aprofundada, 
porém sucinta sobre ética:
VALLS, A. L. M. O que é ética. São Paulo: Brasilense, 2008. (Coleção 
Primeiros Passos, 177).
Nasch (1993, p. 6 apud PASSOS, 2012, p. 66) define ética nas organização como “[...] o estudo 
da forma pela qual normas morais pessoais se aplicam às atividades e aos objetivos de uma 
empresa comercial”.
O que nos permite pensar que a ética nas organizações apresenta-se como uma reflexão aprofundada 
da forma como os valores morais historicamente construídos são experimentados no ambiente empresarial.
117
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR
De acordo com Passos (2012):
[...] a ética nas organizações não se caracteriza como valores abstratos 
nem alheios aos que vigoram na sociedade; ao contrário, as pessoas que as 
constituem, sendo sujeitos históricos e sociais, levam para elas as mesmas 
crenças e princípios que aprenderam enquanto membros da sociedade [...]. 
Visa tornar inteligível a moral vigente nas empresas, através de estudos que 
contemplem também as questões de tempo e o espaço [...], pois os valores 
organizacionais mudam com as mudanças histórico-sociais e as relações 
humanas seguem a mesma tendência (p. 66).
Apesar do crescimento do número de empresas que demonstram interesse pela ética, ainda é forte 
a tensão entre a busca do lucro e a possibilidade de agir com ética (PASSOS, 2012).
Como essa tensão não se resolveu, os problemas morais continuaram crescendo dentro das organizações, 
vividos desde situações corriqueiras, “[...] como prática do favoritismo, a obediência inquestionável às leis 
[...] até subornos, sonegação fiscal entre outros” (PASSOS, 2012, p. 67). Sendo que esses comportamentos 
antiéticos ferem não só os outros, como também o próprio indivíduo, pois são desumanos com todos.
Os valores vigorantes na sociedade transformam as pessoas em seres apenas produtivos, desprezando 
a consciência de sua dimensão humana, que implica tempo para a vida, para o lazer e para a família 
(PASSOS, 2012).
É importante destacar que os valores considerados como antiéticos, que colocam o lucro na frente 
do ser humano, são aqueles que fundamentam a sociedade capitalista, cujo objetivo é acumular capital. 
Sendo que – como vimos anteriormente – o capitalismo, na realidade brasileira, tem características 
próprias devido à forma como esse modo de reprodução foi implantado.
Passos (2012) defende que a ética “[...] nos ajuda a entender que um bom profissional não é aquele que 
age como uma máquina, cumprindo ordens inconscientes e deixando de impor limites entre os mundos 
profissional e pessoal” (p. 67). Logo, a ética nas organizações implica não somente mudanças, mas também 
uma revolução que transforme a relação capital x trabalho, o que não nos parece tarefa fácil.
A autora concorda que na prática, em uma organização, as ações humanas são orientadas por princípios 
morais que, na maioria das situações, não satisfazem, dado que objetivam apenas garantir a sobrevivência de 
alguns de seus membros e, no máximo, da empresa, visando manter o posto de trabalho.
Outro exemplo de ação moral dentro de uma organização, destacado pela autora, é a que se 
constitui pela imposição de leis e pela cobrança do seu cumprimento, seguida por processos punitivos, 
entre outros.
Porém, defende “[...] uma ética em que as empresas procurem e alcancem o lucro, que é imprescindível 
para sua continuidade, dede que seja o ‘lucro virtuoso’, aquele capaz de gerar valor e que é posto a 
serviço do desenvolvimento social” (PASSOS, 2012, p. 69).
118
Unidade III
Exemplo de aplicação
Você acredita que o “lucro” pode ser “virtuoso” e priorizar qualidade de vida? Pesquise sobre esse 
tema e tire suas próprias conclusões. Afinal, a ética nos aponta esse caminho.
Na perspectiva de Passos (2012), a discussão sobre responsabilidade social como uma questão 
ética pressupõe:
a) [...] atuação eficaz da empresa com todos aqueles que são afetados por 
sua atividade, sejam diretas, sejam indiretas, possuindo um alto grau de 
comprometimento com seus colaboradores internos e externos (MOYSÉS, 
2001, p. 85 apud PASSOS, 2012); b) [...] reconhecer obrigação não só com 
acionista e clientes, mas também com os seres humanos, com a construção 
de uma sociedade mais justa, honesta e solidária, uma sociedade melhor 
para todos, assim, ela é uma prática moral. É uma prática orientada pela 
ética, que vai além das obrigações legais e econômicas, rumo às sociais, 
respeitando-se a cultura e as necessidades e desejos das pessoas; c) [...] que 
as empresas precisam comportar-se de forma justa com todas as pessoas 
com quem elas se relacionam direta ou indiretamente: colaboradores, 
clientes, fornecedores, consumidores, acionistas e comunidade. Precisam 
ficar atentas às necessidades das pessoas que são afetadas por elas, 
não como uma postura legal ou filantrópica, mas como compromisso e 
responsabilidade (PASSOS, 2012, p. 166-167).
Ou seja, pensar em responsabilidade social nos obriga a pensar em ética. O que nos leva a colocar o 
ser humano em primeiro lugar, “[...] respeitando os direitos humanos, justiça, dignidade; e com o planeta, 
comportando-se de forma responsável e comprometida com a sustentabilidade de toda a rede da vida” 
(PASSOS, 2012, p. 167).
Para ilustrar a nossa reflexão sobre ética nas organizações, apresentaremos a seguir o Código de Ética 
elaborado pelo Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife), a primeira Associação da América do 
Sul a agrupar organizações de origem privada que financiam ou executam projetos sociais, ambientais 
e culturais de interesse público.
Código de ética Gife: um exemplo para ilustrar
I) Compromissos dos associadosdo Gife
• Servir ao ideal do Gife, zelando pela aplicação profissional e ética dos conceitos e 
práticas de investimento social, conforme aqui descritas.
• Procurar disseminar esses conceitos e práticas, inspirando outros, principalmente 
por meio de seu próprio exemplo.
119
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR
• Adotar sempre uma atitude transparente quanto aos procedimentos e reais 
motivações de suas práticas de investimento social.
II. A relação dos associados com seus mantenedores/doadores
• Zelar para que, na definição e implementação dos programas de desenvolvimento 
social patrocinados por terceiros, os ideais do Gife sejam observados, sem distorções.
• Gerenciar eticamente, com competência e eficácia, os recursos a si confiados, 
cumprindo fielmente as intenções dos doadores, mantendo-os informados quanto 
aos resultados.
III. A relação dos associados com seus beneficiários/parceiros
• Proceder sempre de modo a privilegiar o benefício do parceiro sobre vantagens do 
próprio associado.
• Colaborar para manter uma relação produtiva entre as partes, tendo por base respeito, 
compromisso e confiança, privilegiando o processo de negociação em caso de conflitos.
• Não alimentar expectativas infundadas, nem avançar promessas que não possam 
ser cumpridas.
IV. A relação dos associados com outras entidades similares
• Proceder de modo cooperativo, buscando colaborar dentro das possibilidades, 
interesses e princípios éticos.
• Assumir na crítica, quando esta se fizer necessária, uma atitude construtiva.
• Assumir, em situação de conflitos, uma posição aberta à negociação e ao entendimento.
V. A relação dos associados com o Poder Público
• Ater-se estritamente à legislação geral e específica.
• Não buscar relações que privilegiem interesses corporativos, em detrimento do 
bem comum.
• Agir de maneira clara, com transparência quanto aos objetivos e interesses envolvidos.
VI. A conduta dos profissionais pertencentes aos quadros das entidades associadas 
do Gife
• Trabalhar pela efetiva realização da missão do Gife, observando os valores éticos que 
o embasam.
120
Unidade III
• Conduzir todas as atividades pessoais e profissionais com honestidade e integridade 
de modo a refletir favoravelmente no setor de investimento social.
• Esforçar-se por agir sempre com competência, definindo objetivos de 
autodesenvolvimento permanente.
• Afirmar com atitudes pessoais o compromisso com o desenvolvimento social e seu 
papel na sociedade.
• Respeitar o sigilo profissional, quando necessário.
Fonte: Gife (s.d.).
8.3 Responsabilidade social de empresas: um desafio para o serviço social
Como estudamos, as organizações filantrópicas há muito tempo estão presentes na realidade 
brasileira, porém, é a partir da década de 1990 que o Terceiro Setor tem encontrado terreno propício 
para sua proliferação.
Isso porque, no contexto neoliberal, a sociedade civil, assim como a então “filantropia empresarial”, 
tem sido chamada a “contribuir” no enfrentamento da questão social, concretizando uma “[...] 
transferência de responsabilidade para a iniciativa privada no campo do investimento social, que, 
na verdade, seria uma atribuição constitucional do Estado brasileiro em todos os níveis do governo” 
(MENEZES, 2010, p. 505).
Desse modo, a atuação das empresas na área social tem se expandido por meio de financiamento 
de OSCs, parcerias com associações de moradores, criação e a manutenção de fundações sociais, 
em uma estratégia de gestão empresarial, conhecida atualmente como “responsabilidade social 
empresarial” (RSE), podendo, inclusive, contar com o auxilio governamental, via parcerias, tendo as 
OSCs como “pontes” e/ou via deduções de impostos devidos ao Estado, respaldadas por leis federais 
(MENEZES, 2010).
Nesse cenário, as organizações que compõem o Terceiro Setor “[...] têm se aprimorado para buscar 
financiamentos junto a essas empresas, firmando parcerias e até se adequando aos seus interesses 
para atraí-las” (MENEZES, 2010, p. 505) e, com a ampliação das ações sociais empresariais, ascende um 
campo potencial para a atuação do assistente social na chamada responsabilidade social das empresas 
(MENEZES, 2010).
Ou seja, o Terceiro Setor – como estudamos – é composto por diferentes instituições e compreende a 
soma de esforços envolvendo a empresa privada, o governo, as ONGs e a sociedade civil. Tem se tornado 
em sua totalidade um campo de trabalho emergente para os profissionais do Serviço Social.
A atuação do assistente social na responsabilidade social das empresas pode ser considerada nova 
(ou renovada), dado que se diferencia das tradicionais demandas impostas à profissão no âmbito da 
121
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR
empresa – onde a atuação profissional se voltava basicamente para o público interno – funcionários e 
suas famílias (MENEZES, 2010, p. 505).
No contexto da responsabilidade social, a empresa visa superar a postura assistencialista em que mantinham 
ações sociais caracterizadas como “[...] ajudas, doações esporádicas feitas diretamente às comunidades ou 
pessoas pobres que se localizavam no entorno das empresas” (BEHRING apud MENEZES, 2010, p. 508-509).
Institui-se então a chamada por alguns autores de “neofilantropia empresarial”, ou seja, retorno da 
filantropia, porém com características distintas, já que a empresa busca ações
[...] mais preventivas dos “problemas sociais”. É calçada por um discurso 
baseado em conceitos como ética e cidadania, participação e parceria, mas 
ainda representa uma modalidade de intervenção reguladora da “pobreza”. 
Estado e sociedade devem trabalhar em parceria para amenizar a “exclusão 
social” [...]. Tem como características/objetivos principais: o incentivo à 
educação como meio de aumentar “a competitividade econômica nacional” 
e facilitar as “condições de inserção do país na nova ordem mundial” (idem, 
p. 56) seguindo uma lógica de eficiência. Esse ativismo é divulgado pelo 
marketing social, onde ganha centralidade a figura do “cidadão consumidor” 
e suas preocupações com as desigualdades sociais e um desenvolvimento 
sustentável; o discurso da “parceria” e o comprometimento com uma causa 
(BEHRING apud MENEZES, 2010, p. 509).
Para Menezes (2010), a chamada responsabilidade social das empresas pauta-se em um discurso 
de defesa da cidadania, da democracia, da participação social etc. para o enfrentamento da “questão 
social” como uma estratégia ideológica, objetivando facilitar o aumento de seus níveis de acumulação. 
No entanto, a referida autora afirma que isso não significa que o profissional deva recusar-se a atuar 
nesse espaço, já que, como trabalhador, necessita vender sua força de trabalho. Porém, defende que ele 
não deve alimentar ilusões quanto à possibilidade de as práticas sociais das empresas tornarem-se a 
solução para as expressões da questão social, muito menos enganar-se, confiando que o mercado está 
de fato totalmente comprometido com a superação da desigualdade social.
 Saiba mais
O livro a seguir poderá contribuir para uma reflexão mais ampla sobre 
os desafios impostos ao assistente social na sociedade atual.
IAMAMOTO, M. V. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e 
formação profissional. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2005.
122
Unidade III
Como nos alerta Sarachu (1999 apud Santos, 2007), é responsabilidade do profissional do serviço 
social refletir sobre essas transformações, compreendendo a ampliação do conceito de Estado e de 
sociedade civil, e a própria condição de uma profissão que atua nessa mediação.
Menezes (2010) defende que este é um contexto contraditório, em que as fundações sociais das 
empresas e seus projetos de cidadania empresarial não têm condições de substituir os postos de trabalho 
fechados no âmbito estatal e que o vínculo empregatício com esses projetos é precário, flexível e, muitas 
vezes, temporário.
Pontua ainda que a prática do assistente social nesse campo de atuação
[...] embora tenha um discurso de construção de cidadania, se restringea uma 
prática assistencialista, que busca o consenso entre classes antagônicas, ou mesmo 
de enquadramento ou cooptação do usuário já que nesse campo não existe 
espaço para “sujeito de direito” – existem usuários de serviços privados. Nessas 
ações não existe nenhuma garantia de atendimento; o público alvo é escolhido 
de acordo com a imagem que a empresa pretende passar aos consumidores; suas 
ações são paliativas e superficiais, já que as empresas precisam mostrar resultados 
rápidos para ganhar visibilidade e garantir seus lucros. Seus atendimentos não se 
constituem em direitos sociais, ao contrário do que ocorre no Estado. Estão inscritas 
no campo “não direito”, contribuem para o paternalismo nos atendimentos e para 
a refilantropização da assistência social (MENEZES, 2010, p. 526).
O que só reforça o fato de que a inserção do assistente social nesse espaço deve ser crítica no 
sentido de identificar as forças presentes nessa arena de conflitos, visualizando limites, mas buscando 
possibilidades que potencialize a prática profissional.
Como afirma Santos (2007), o Serviço Social brasileiro tem elementos para que se realizem uma 
análise dessa realidade e se elaborarem respostas para as novas demandas impostas à profissão.
Para superar ações pautadas no senso comum, enfatiza a autora, faz-se necessário que a atuação 
profissional no Terceiro Setor se fundamente em reflexões sobre a relação entre a dimensão do público 
e do privado, assim como sobre os conflitos na sociedade capitalista e sobre o compromisso histórico 
da profissão no Brasil.
O fato é que temos experimentado tempos difíceis, onde o capital mostra-se cada vez mais valioso 
em relação ao homem. Nessa lógica, as expressões da questão social têm se aprofundado, tornando a 
vida da classe trabalhadora cada vez mais difícil.
Nesse cenário, o Estado apresenta-se cada vez mais distante de concretizar a proteção social 
pautada nos princípios constitucionais que garantem a atendimento do ser humano em suas múltiplas 
necessidades. Na contramão, ele convoca a sociedade civil e o setor privado para exercer ações no 
enfrentamento da questão social que deveriam ser de sua responsabilidade.
123
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR
Essa realidade implica que o profissional que tem como objeto de trabalho as expressões da questão 
social busque uma compreensão profunda dos elementos que se manifestam nas diferentes áreas de 
atuação profissional, seja ela pública ou privada, não sendo diferente no Terceiro Setor.
Apenas sabendo interpretar essa realidade é que o assistente social será capaz de pensar em ações 
profissionais comprometidas com seu projeto ético-político e, para esse fim, é preciso instrumentalizar-se, 
entender a lógica instituída no seu local de trabalho, preparando-se para enfrentar os desafios impostos 
cotidianamente, superando o imediatismo e traçando uma trajetória norteada pelo projeto ético-político 
da profissão. “O conformismo imperante em alguns profissionais determina, muitas vezes, a falta de 
análise e de resposta às novas questões que se colocam na atualidade” (SARACHU, 1999, p. 150 apud 
SANTOS, 2007, p. 130, tradução nossa).
 Observação
O assistente social que atua Terceiro Setor deve ser crítico, no sentido de 
identificar as forças presentes nessa arena de conflitos, visualizando limites, 
mas buscando possibilidades que potencializem a prática profissional.
8.3.1 A interface entre a responsabilidade social e os Objetivos de Desenvolvimento do 
Milênio (ODMs) e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODSs)
Quando se trata da elaboração e implantação de processos de responsabilidade social nas organizações 
é fundamental estabelecer uma relação das ações com os ODMs e ODSs.
Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, que são as oito metas estabelecidas pela Organização 
das Nações Unidas (ONU) em 2000, com o apoio de 191 nações, inclusive do Brasil, e ficaram conhecidas 
como Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). São elas:
1. Acabar com a fome e a miséria.
2. Oferecer educação básica de qualidade para todos.
3. Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres.
4. Reduzir a mortalidade infantil.
5. Melhorar a saúde das gestantes.
6. Combater a aids, a malária e outras doenças.
7. Garantir qualidade de vida e respeito ao meio ambiente.
8. Estabelecer parcerias para o desenvolvimento.
124
Unidade III
 Saiba mais
Os ODMs foram aprovados na Organização das Nações Unidas (ONU) 
pelos seus 191 países integrantes, incluindo o Brasil, no ano 2000, que 
se comprometeram através de governo e sociedade a colaborar para a 
sustentabilidade do planeta, por meio de ações concretas até o ano 2015.
INSTITUTO ETHOS. Objetivos do desenvolvimento do milênio. São Paulo: 
Instituto Ethos, 2006. Disponível em: https://www.ethos.org.br/wp-content/
uploads/2014/05/pubPOR_Objet_de_Desenv_do_Milenio_1edi.pdf. Acesso 
em: 3 fev. 2020.
Já os ODS surgiram com o propósito de serem criadas metas internacionais para o desenvolvimento 
dos países. Nesse sentido, em setembro de 2015, líderes mundiais reuniram-se na sede da ONU, em 
Nova York, e decidiram mais um plano de ação para erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir 
que as pessoas alcancem a paz e a prosperidade. Nesse encontro ficou estabelecida a Agenda 2030 
para o Desenvolvimento Sustentável, a qual contém o conjunto de 17 Objetivos de Desenvolvimento 
Sustentável (ODS).
17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)
Objetivo 1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares.
Objetivo 2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar, melhoria da nutrição e 
promover a agricultura sustentável.
Objetivo 3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas 
as idades.
Objetivo 4. Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover 
oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.
Objetivo 5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.
Objetivo 6. Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento 
para todos.
Objetivo 7. Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à 
energia para todos.
Objetivo 8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, 
emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos.
125
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR
Objetivo 9. Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e 
sustentável e fomentar a inovação.
Objetivo 10. Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles.
Objetivo 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes 
e sustentáveis.
Objetivo 12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis.
Objetivo 13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos.
Objetivo 14. Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos 
marinhos para o desenvolvimento sustentável.
Objetivo 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas 
terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter 
a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade.
Objetivo 16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento 
sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, 
responsáveis e inclusivas em todos os níveis.
Objetivo 17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o 
desenvolvimento sustentável.
Adaptado de: Nações Unidas Brasil (s.d.).
A Agenda 2030 e os ODS afirmam que para pôr o mundo em um caminho sustentável é urgentemente 
necessário tomar medidas ousadas e transformadoras. Assim, os ODS constituem uma ambiciosa lista 
de tarefas para todas as pessoas, em todas as partes, a serem cumpridas até 2030. Se cumprirmos suas 
metas, seremos a primeira geração a erradicar a pobreza extrema e iremos poupar as gerações futuras 
dos piores efeitosadversos da mudança do clima.
Por esses motivos, todos os profissionais que estiverem relacionados com a Responsabilidade Social 
devem, necessariamente, estudar e conhecer profundamente esses objetivos. Pois somente, dessa forma 
conseguiram obter um reconhecimento da seriedade do projeto.
 Saiba mais
Para aprofundar seus conhecimentos sobre o tema, acesse:
NAÇÕES UNIDAS BRASIL. 17 objetivos para transformar o mundo. [s.d.]. 
Disponível em: https://nacoesunidas.org/pos2015/. Acesso em: 3 fev. 2020.
126
Unidade III
 Resumo
As organizações filantrópicas há muito tempo estão presentes na 
realidade brasileira, mas é a partir da década de 1990 que o Terceiro Setor 
tem encontrado terreno propício para sua proliferação, cuja composição 
tem se tornado cada vez mais complexa, contemplando diferentes atores 
e revelando a emergência de um novo modelo de atuação na área social, 
sendo ela a atuação envolvendo a chamada parceira entre empresa, 
governo, OSCs.
A proliferação e a diversificação das organizações se mantiveram por 
meio do movimento da responsabilidade social, onde para ser considerada 
uma empresa socialmente responsável a organização necessita desenvolver 
ações que conciliem as esferas econômica, ambiental e social na geração 
de um ambiente compatível com a expansão das atividades das empresas, 
no presente e no futuro.
A introdução do setor empresarial no Terceiro Setor se deu de maneira 
organizada, por meio da intensificação de doações de recursos e da firmação 
de parcerias com as OSCs, além da criação de suas próprias fundações 
e institutos empresarias, que passaram a implementar diretamente os 
programas e projetos.
No debate acerca da responsabilidade social das empresas, alguns 
autores defendem que, embora paute-se em um discurso de defesa da 
cidadania, da democracia, da participação social etc., para o enfrentamento 
da questão social, na prática, essa é mais uma estratégia ideológica do que 
objetiva para facilitar o aumento de seus níveis de acumulação.
Contra esse argumento, outros autores defendem que os objetivos e 
práticas sociais não podem ser confundidos com interesses comerciais e 
econômicos e que, embora na prática essa seja uma tendência, a verdadeira 
responsabilidade social deve efetivar-se na promoção da cidadania e do 
bem-estar para o público interno e externo, contemplado desde seus 
colaboradores até os membros da sociedade e o meio ambiente.
O fato é que a responsabilidade social é uma realidade que está em 
crescimento no Brasil. Esse modo de atuação empresarial e a introdução 
da visão de mercado no Terceiro Setor têm reforçado a tendência de 
modernização e multiplicação das organizações sem fins lucrativos como 
um todo.
127
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR
As organizações que compõem o Terceiro Setor têm se aprimorado 
para buscar financiamentos junto a essas empresas, firmando parcerias 
e até se adequando aos seus interesses para atraí-las. Elas têm buscado 
instrumentos para atuar com melhor qualificação técnica, visando à 
qualidade e resultados para atrair credibilidade e identificar novas estratégias 
de sustentabilidade e financiamento.
A lógica da responsabilidade social exige uma nova postura dos atores 
envolvidos, pautada em valores éticos que visem o desenvolvimento 
sustentado da sociedade em sua totalidade. Logo, pensar responsabilidade 
social das empresas está diretamente ligado à uma questão ética, já que 
implica mudança de valores e atitudes. O que não nos parece tarefa fácil!
Com a ampliação das ações sociais empresariais, ascende um campo 
potencial para a atuação do assistente social na chamada responsabilidade 
social, que coloca demandas diferenciadas das tradicionais impostas à 
profissão no âmbito da empresa – onde a atuação profissional voltava-se 
basicamente para o público interno – funcionários e suas famílias.
Esse é um campo de atuação contraditório, em que se expressam 
valores opostos aos defendidos pelo projeto ético-político-profissional. 
Isso só reforça o fato de que a inserção do assistente social nesse espaço 
deve ser crítica, no sentido de identificar as forças presentes nesse campo 
de conflitos, visualizando limites, mas buscando possibilidades que 
potencializem práticas norteadas pelo projeto em questão.
Faz-se necessária uma atuação profissional fundamentada na reflexão 
sobre a relação entre a dimensão do público e do privado, assim como sobre 
os conflitos na sociedade capitalista e sobre o compromisso histórico da 
profissão no Brasil.
Apenas sabendo interpretar essa realidade é que o assistente social 
será capaz de pensar ações profissionais comprometidas com seu projeto 
ético-político e para esse fim é preciso instrumentalizar-se, entender a 
lógica instituída no seu local de trabalho, preparando-se para enfrentar 
os desafios impostos cotidianamente, superando o senso comum e o 
imediatismo, e traçando uma trajetória à luz desse projeto.
Nesse mesmo sentido, é fundamental que qualquer projeto 
de responsabilidade social esteja alinhado com os 17 objetivos de 
desenvolvimento sustentável. Pois tais objetivos buscam concretizar 
os direitos humanos de todos e alcançar a igualdade de gênero e o 
empoderamento das mulheres. Por esses motivos, eles são integrados e 
indivisíveis e equilibram as três dimensões do desenvolvimento sustentável: 
a econômica, a social e a ambiental.
128
Unidade III
 Exercícios
Questão 1. (IADES 2018, adaptada) Leia o trecho a seguir:
Enquanto o setor empresarial, em sua grande maioria, apoiava as reformas liberais do Estado, o 
significado dominante atribuído à responsabilidade social e empresarial e às práticas de ação social 
empresarial foi incorporado como uma forma de compensar os efeitos negativos dessas reformas [...]. 
Um dos problemas dessas ações é que elas retiram da arena política e pública os conflitos distributivos 
e as demandas coletivas por cidadania e igualdade. Distanciada de uma cidadania fundada na garantia 
de direitos, a noção de cidadania sugerida pela significação atribuída à responsabilidade social, uma 
vez reduzida à prática da ação social empresarial, está sujeita a decisões particulares e à intervenção 
pulverizada, ao arbítrio das preferências privadas de financiamento [...].
ASHLEY, P. A. Ética e responsabilidade social nos negócios. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 138-155 (com adaptações).
Considerando o fragmento do texto apresentado, assinale a alternativa correta.
A) A maior parte do setor empresarial era contrária às reformas liberais do Estado.
B) As práticas de ação social eram uma forma que as empresas encontraram de compensar os efeitos 
adversos do não apoio às reformas liberais do Estado.
C) As ações de responsabilidade social promovidas pelas empresas estão sujeitas a decisões individuais.
D) Na visão da autora, é positivo que as demandas por cidadania e igualdade estejam afastadas das 
discussões políticas.
E) As empresas provocam o fortalecimento da cidadania fundada na garantia de direitos.
Resposta correta: alternativa C.
Análise das alternativas
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: o texto afirma que a maioria das empresas apoiava as reformas neoliberais.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: segundo a autora, as ações de responsabilidade social foram uma compensação das 
empresas às reformas neoliberais. Essa compensação é parcial, pois não favorece a construção de uma 
cidadania fundamentada em direitos.
129
PROJETOS SOCIAIS NO TERCEIRO SETOR
C) Alternativa correta.
Justificativa: um problema da delegação de funções públicas a entidades do setor privado e do Terceiro 
Setor é o fato de que não há um controle democrático sobre os projetos sociais por eles desenvolvidos, 
de maneira que as decisões sobre a provisão dos serviços sociais ficam à mercê das preferências, dos 
preconceitos e dos interesses por lucro e por construção de marca de particulares.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: para a autora, a arena pública democrática seria o espaço ideal para a

Outros materiais