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1 CURSO: PEDAGOGIA DISCIPLINA: DIDÁTICA PROFESSOR AUTOR: EDUARDO OKUHARA ARRUDA UNIDADE 4: REPENSANDO AS PROPOSTAS PEDAGÓGICAS: METODOLOGIAS ATIVAS, LUDICIDADE E APRENDIZAGEM O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis. Fernando Pessoa TRILHA DE APRENDIZADO: Olá, nesta unidade vamos discutir algumas questões relativas as metodologias ativas à luz de uma compreensão do aluno como sujeito na relação com o objeto de aprendizagem e, ainda, o papel da ludicidade como estratégia pedagógica facilitadora para o ato de aprender. Desse modo, preparamos um e-book, um fórum de discussão, uma videoaula para ampliar a sua compreensão sobre os temas em discussão e, por fim, duas questões de múltiplas escolhas (TEA) para auxiliar na sua aprendizagem. OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM DA UNIDADE Compreender aspectos relativos a metodologias ativas à luz da compreensão do aluno como sujeito histórico, social e cultural. Analisar as implicações da ludicidade no campo da didática, isto é, como ação facilitadora processos de ensino e aprendizagem. Valorizar a emergência de novas estratégias na Pedagogia e na educação como um todo. 2 INTRODUÇÃO Olá, seja bem-vindo (a). Que ótimo tê-lo (a) conosco neste percurso formativo, pois o conhecimento configura-se num importante recurso para a evolução pessoal e profissional. Nesta unidade você irá conhecer aspectos relevantes sobre o tema do lúdico, das metodologias ativas e aprendizagem, aspectos fundamentais para compor propostas pedagógicas significativas nos espaços escolares e não escolares. Desse modo, ao final desse percurso, espero que a sua compreensão sobre os temas abordados sejam ressignificados. Vamos juntos nesse percurso? Vamos colocar vontade de aprender em ação? Bons estudos! METODOLOGIAS ATIVAS, LUDICIDADE E APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA. Bem, vamos lá, vamos. As análises que serão aqui apresentadas estabelecem uma crítica a modelos de ensino pautados no enfoque mecanicista, em que o aluno é passivo no processo educacional, o que ocorre na maioria das vezes. Para Castro (2015), o paradoxo consiste em que no ensino passivo, o aluno aprende pouco, mesmo achando que ficou sabendo tudo. No entanto, perante alguns desafios, esforços, típicos do ensino ativo, o aluno aprende em um nível em que o conhecimento mais significativo e, ainda, a partir dos estudos das neurociências, há uma memória longa duração e, assim, pode ser usado quando a ocasião exigir. Por sua vez, durante o esforço empreendido, o aluno tem uma percepção de que está aprendendo pouco e sua mente esta confusa, mas o aprendizado, sem dúvida, está sendo construído de uma forma mais consistente. Já em metodologias mais ativas, em que o ambiente de aprendizagem é organizado de modo mais democrático, dialógico, coletivo e o professor possuidor destes conhecimentos de caráter construtivista, cria situações de aprendizagem em que as resposta não chegam prontas, descontextualizadas, mas são formulados desafios, perguntas, resolução de problemas, trabalhos coletivos etc. Desse modo, as propostas ativas, pautadas na ação, no conhecer 3 fazendo e, ainda, na concepção de que cada um cria sua realidade e, por esta razão, pressupõe o diálogo, pode contribuir substancialmente para uma memória de longo prazo. Por todas as análises aqui apresentadas, claro está que há uma relação entre o processo de aprendizagem e a neuroaprendizagem, por exemplo a memória, um importante aspecto da aprendizagem que permite a apropriação de saberes. Em síntese, os estudos do cérebro constituem um fundamento teórico imprescindível à educação, pois tal compreensão sobre o processamento das informações e sua retenção, está, naturalmente, associada ao sucesso das estratégias de ensino e aprendizagem. Não por outra razão, a compreensão da forma como o cérebro humano aprende torna-se um campo teórico importantíssimo para a Pedagogia e a educação de forma geral. Diante disto, importa frisar que o professor pode fazer uso de estimulações que acessam o cérebro de diferentes formas e canais, atento, portanto, a experiência do processamento das informações, tendo em vista que o aluno possa armazenar na memória de longo prazo é necessário que haja um aprendizado com sentido (HOPPE; SPERHACKE, 2017). De todo modo, cabe salientar que esse sentido se constrói gradativamente, com a apropriação de saberes, que juntos irão gerando uma rede de significado, dentro de um processo de diálogo, respeito as diferentes formas de percepção de mundo dos alunos. Para que ocorra o aprendizado, faz-se necessário que o novo faça algum sentido. Dessa forma, precisamos primeiro construir um sentido, preparar o terreno para que então ocorra o aprendizado e a memória e, nessa direção, fazer uso desses aprendizados em novos contextos na resolução de problemas e desafios. (HOPPE; SPERHACKE, 2017). Neste campo de análise, a ludicidade, ou melhor, o uso de estratégias lúdicas tem se colocado, nos mais diferentes campos de estudo, como uma interessante alternativa nos processos de aprendizagem, uma vez que proporciona aos alunos vivências positivas no contexto da sala de aula, contribuindo na construção de conhecimentos de forma dinâmica, prazerosa e criativa. Deriva disto que o aluno é incentivado a buscar, com autonomia, soluções de problemas, desenvolver o espírito 4 de cooperação e coletividade, entre outras aprendizagens de natureza formativa. Nessa direção, busca-se aqui nesta unidade discutir alguns conceitos centrais da neuroaprendizagem, relacionando-a com a ludicidade. Historicamente, predominou o processo de ensino e aprendizagem como processo de transmissão mecânica. O que isso implica? Isso implica, sem dúvida, numa crença de que o ato de aprender se reduz ao um ato de ouvir alguém e, desse modo, se dava o processo de aprendizagem, o aluno em posição passiva de ouvinte. Perante essas questões, cabe frisar a importância do lúdico, por quê? Porque o lúdico abre grande oportunidade de acesso ao aprender, tendo em vista que o aspecto do brincar integra outros campos das dimensões humanas, especialmente, além da dimensão cognitiva, estão mais intensamente presentes aspectos socioafetivos (HOPPE; KROEFF, 2014 apud HOPPE; SPERHACKE, 2017). De todo modo, o que nos cabe, considerando os fins de seção, é ampliar nosso horizonte de compreensão em relação a aprendizagem. Devemos, nessa direção, abrir uma compreensão de que o aluno é ativo no processo na aprendizagem. Entre outras questões, já abordadas na primeira unidade, especialmente, a partir do conceito de uma aprendizagem ativa, importa compreender que a aluno no ato de aprender cria e constrói sua rede de significados em relação a suas experiências. Por assim ser, dentro dessa nova compreensão de aprendizagem, onde o aluno é ativo e, a educação não se constitui como um processo mecânico, representacional, o professor deve se entender como um guia, isso mesmo, aquele que guia os seus alunos a novas descobertas, vai ampliando com suas intencionalidades pedagógicas bem organizadas os saberes dos seus alunos (CASTRO, 2015) Assim, claro está que nessa perspectiva de enfoque construtivista o professor não entrega as respostas prontas e definidas por quê? Porque sob a perspectiva construtivista, os alunos são sujeitos sociais, e a partir da sua história de vida, cultura, seu conjunto de valores e percepção própria do mundo, com esforço, disposição e motivação vão encontrando as respostas. 5 A rigor, importa pensar que a educação enquanto processo aberto, pautado num verdadeiro diálogo, não pode mais perpetuar o status quo (estado das coisas) de ummodelo mecanicista, de modo que aluno seja concebido apenas como um repositório de informações. Desse modo, a partir de uma perspectiva ativa, em que o aluno aprende na ação, na experiência vivida e, sobretudo, percebe as coisas a partir da sua história de vida, da sua cultura, conjunto de disposições afetivas, ou dito de outra forma, faz emergir sua rede de significados e sentidos pela sua corporeidade- existencialidade, o professor, ciente dessas questões, não pode mais conceber o aluno como um ser passivo, que não tem suas próprias interpretações sobre processos, propostas e conteúdos, pois não corresponde à realidade de organismos vivos, autopoiéticos, que se autoproduzem. (OKUHARA, 2018). Em vista disso, cabe ao professor propor uma pedagogia ativa, é isso mesmo. Uma pedagogia que empodere o aluno, conceda oportunidade de autonomia, de conquistas, de autodescoberta, de poder saborear suas conquistas a partir dos seus próprios esforços, uma verdadeira pedagogia do empowerment, ou seja, uma pedagogia que empodere os alunos (HOPPE; SPERHACKE, 2017). VAMOS PENSAR SOBRE ISSO? Vamos refletir. Pensando numa pedagogia que empodera (empowerment) e fortalece a autonomia do aluno, é preciso falar sobre metodologias ativas. Para tanto, ao nos referirmos a esse tipo de metodologia, é fundamental compreendermos que o papel do professor muda, isto é, deixa de ser um transmissor de saberes para ser um mediador de aprendizagem. Na medida em que o professor faz a opção por processos metodológicos ativos, o papel do professor nesse contexto não é mais o papel de entregar respostas prontas, mas fazer perguntas, propor desafios e, sobretudo, ações criativas e coletivas que emergem a partir da corporeidade. Diante disso, ao falarmos em metodologia ativa devemos ter clareza que nesse processo o professor deixa de ter a característica de total 6 centralizador, ao invés disso, o professor metodologicamente ativo, não concebe o aluno como é um ser vazio, que vai somente receber conteúdos novos mecanicamente, mas, um agente responsável pela sua emergência da sua própria aprendizagem significativa (SPERHACKE; HOPPE; MEIRELLES, 2016). Em síntese, o que fica claro é que as metodologias ativas estão, a nosso ver, fundamentadas nas propostas da corporeidade, isto é, um conhecimento que é construído na ação, no fazer, portanto, na experiência corporal, a partir da sua corporeidade/historicidade, de modo que o cérebro e a mente não estão dissociados do corpo e, ainda, a maneira como disparam as conexões neuronais, e produzem pensamentos e significados, esta invariavelmente associada ao modo de ser e estar no mundo de cada indivíduo. QUESTÃO PROBLEMATIZADORA Numa nova compreensão de aprendizagem o aluno é ativo e a educação não se constitui como um processo mecânico, de mera transmissão de dados, onde o aluno é apenas um corpo repositório. O professor deve se entender como aquele que guia os seus alunos para novas descobertas. No enfoque construtivista o professor não entrega as respostas prontas e definidas por quê? Nesse contexto, vale considerar o papel da ludicidade. O lúdico, pelas características que lhe são próprias, podem oferecer diferentes estímulos sensoriais e, ainda, permitem a ação do corpo e da motricidade, envolvendo aspectos socioafetivos no processo da aprendizagem. Assim, configuram, portanto, uma multiplicidade de formas de aprender e processar informações. Sob a perspectiva da neuroaprendizagem, é importante ressaltar que as propostas lúdicas contribuem para uma aprendizagem que proporciona a ancoragem das informações, na medida em que se leva em conta os saberes já vivenciados dos alunos. Outro aspecto relevante a ser considerado, é o campo emocional ativado pelo lúdico. Nesse campo de 7 análise, vale frisar que a emoção representa uma chave para o aprendizado com significado (HOPPE; SPERHACKE, 2017). O emocional é, sem dúvida, abre caminhos neurais que constituem verdadeiros facilitadores para o ato de aprender. Claro está, portanto, que a educação lúdica, nas suas diferentes formas de produzir estímulos, contribui para a memória das experiências e, assim, para a apropriação de saberes e fazeres na memória de longo prazo (HOPPE; SPERHACKE, 2017). CONSIDERAÇÕES FINAIS Em síntese, o que fica claro é que as metodologias ativas podem estar, a nosso ver, fundamentadas nas propostas da corporeidade, isto é, um conhecimento que é construído na ação, no fazer, portanto, na experiência corporal, a partir da sua corporeidade/historicidade, de modo que o cérebro e a mente não estão dissociados do corpo e, ainda, a maneira como disparam as conexões neuronais, e produzem pensamentos e significados, esta invariavelmente associada ao modo de ser e estar no mundo de cada indivíduo. Nesse contexto, vale considerar o papel da ludicidade. O lúdico, pelas características que lhe são próprias, podem oferecer diferentes estímulos sensoriais e, ainda, permitem a ação do corpo e da motricidade, envolvendo aspectos socioafetivos no processo da aprendizagem. Assim, configuram, portanto, uma multiplicidade de formas de aprender e processar informações. REFERÊNCIAS CASTRO, C. M. Você sabe estudar? Quem sabe estuda menos e aprende mais. Porto Alegre: Penso editora, 2015. HOPPE, L.; SPERHACKE, S. Metodologias ativas na educação: uma perspectiva da neuroaprendizagem. Revista Eletrônica Interações Sociais, v. 8 1, n. 2, p. 131-146, set – dez, 2017. Disponível em: < https://periodicos.furg.br/reis/article/view/7690> Acesso em: 25 jan. 2021. OKUHARA, E. Fenomenologia, motricidade e linguagem: a roda de capoeira e o corpodown. 286 f. Tese (Doutorado em Educação) – Escola de Comunicação, Educação e Humanidades da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2018. SPERHACKE, S. L.; HOPPE, L.; MEIRELLES, M. Metodologias ativas: ludificação de conteúdo e uso de jogos em sala de aula. Porto Alegre: CirKula, 2016.
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