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1. Leia o texto a seguir. Tá lá mais um corpo estendido no chão – Flavio Moura “Uma juíza de São Paulo mandou soltar o policial que matou o camelô Carlos Augusto Muniz Braga durante ação na Lapa, no último dia 18. De acordo com a ordem de soltura, o assassinato se deveu ao fato de que o braço esquerdo do PM foi seguro ‘bruscamente’. E ainda à situação tensa em que ele se encontrava, cercado de ‘populares insatisfeitos com a polícia no local’. O tumulto, no entender da juíza, justifica a necessidade de o policial ‘então encontrar-se armado’. O vídeo circulou por todo canto. O policial aponta por três minutos a arma em todas as direções. As pessoas em volta gritam ‘baixa a arma!’, enquanto dois colegas seus tentam imobilizar um vendedor de rua no chão. O vendedor se recusara a entregar os CDs piratas que tinha na mão. A polícia partiu pra cima e a situação se criou. Acuado, o assassino tira do bolso um spray de pimenta para dispersar o grupo ao redor. Ato contínuo, Carlos Augusto tenta tirar o spray de sua mão. É o que basta para ser executado. Ele ainda correu por alguns metros com a bala na cabeça, antes de tombar no asfalto. Isso às 17h, numa rua movimentada de um bairro de classe média de São Paulo. Não chega a surpreender a decisão da juíza (o nome da figura é Eliana Cassales Tosi de Melo e ela faz parte da 5a Vara do Júri do Foro Central Criminal de São Paulo). A lógica peculiar é praxe entre seus colegas. Basta lembrar o juiz que recentemente queria manter preso o manifestante Fábio Hideki, detido injustamente em manifestação durante a Copa do Mundo, por considerá-lo ‘esquerda caviar’. O que assusta é a comoção relativamente branda em torno do episódio. Da declaração tosca do prefeito, ‘foi um ato isolado’, aos indignados de plantão das redes sociais, tudo se passou como se fosse mais um tropeço da polícia, entre tantos outros. Fiquei pensando o que ocorreria se a cena fosse na Paulista, nas manifestações de junho do ano passado. E se a vítima fosse um jovem de classe média quebrando uma vitrine de loja ou banco (gesto a meu ver mais grave do que vender CD pirata). O governo estadual corria o risco de ser deposto. Não custa lembrar que foi a violência policial o estopim para as manifestações de junho de 2013. As primeiras passeatas foram pequenas e reprovadas pela imprensa e pela maioria da população. Quando vieram à tona as cenas de manifestantes feridos por balas de borracha, o cenário virou. Dali em diante, os editoriais deram razão aos manifestantes e a classe média ganhou as ruas em defesa do direito de protestar. O episódio da semana passada me fez lembrar uma declaração do poeta Sergio Vaz, organizador dos saraus da Cooperifa. No documentário ‘Junho’, produzido pela TV Folha e bom retrato das manifestações do ano passado, ele pondera. ‘Bala de borracha? Se lá no meu bairro a polícia usasse bala de borracha meus amigos ainda estavam vivos’. Com todo respeito aos feridos em junho de 2013, o que se deu com o camelô Carlos Augusto é motivo para alguns milhares de passeatas. A letalidade da polícia brasileira é quatro vezes maior que a dos EUA e 100 vezes maior que a inglesa. Se antes o Rio era o palco dos principais descalabros da corporação, esse posto agora parece ser ocupado por São Paulo. Na véspera do assassinato na Lapa, a PM paulista transformou o centro da cidade num campo de guerra, com gás lacrimogêneo e barricadas em chamas para despejar 200 ocupantes de um prédio vazio. Em apenas uma semana, a cidade viu repetir-se o despreparo e a truculência em duas regiões próximas. Se voltamos para trás no tempo, há exemplos a perder de vista. O governador segue blindado e na liderança das intenções de voto para as próximas eleições. E o prefeito, que não tem responsabilidade direta pela ação da PM, poderia retificar sua frase infeliz. Bem que a gente gostaria, mas o crime da semana passada não foi um ato isolado.” Disponível em Com base na leitura, analise as afirmativas. I) O autor mostra-se indignado com a banalização da morte, afirmando que as pessoas não se mobilizam diante da violência da polícia, seja ela contra ricos ou pobres. II) O autor destaca que a violência policial contra os trabalhadores e contra os moradores de periferia, geralmente, não ganha grande repercussão na mídia e não estimula protestos populares. III) O objetivo do texto é criticar a pirataria, que é crime e gera confrontos entre ambulantes e policiais, espalhando violência pela cidade. IV) O texto critica a violência da polícia brasileira, mas defende a atuação repressiva diante de manifestações e crimes, uma vez que é esse o papel da instituição. Está correto o que se afirma somente em: a. I e II. b. II e III. c. I e IV. d. II e IV. e. II 2. Retrato de uma princesa desconhecida Para que ela tivesse um pescoço tão fino Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos Para que a sua espinha fosse tão direita E ela usasse a cabeça tão erguida Com uma tão simples claridade sobre a testa Foram necessárias sucessivas gerações de escravos De corpo dobrado e grossas mãos pacientes Servindo sucessivas gerações de príncipes Ainda um pouco toscos e grosseiros Ávidos cruéis e fraudulentos Foi um imenso desperdiçar de gente Para que ela fosse aquela perfeição Solitária exilada sem destino ANDRESEN, S. M. B. Dual. Lisboa: Caminho, 2004. p. 73. No poema, a autora sugere que: A) os príncipes e as princesas são naturalmente belos. B) Os príncipes generosos cultivavam a beleza da princesa. C) a beleza da princesa é desperdiçada pela miscigenação racial. D) o trabalho compulsório de escravos proporcionou privilégios aos príncipes. E) o exílio e a solidão são os responsáveis pela manutenção do corpo esbelto da princesa. 3. A chance de uma criança de baixa renda ter um futuro melhor que a realidade em que nasceu está, em maior ou menor grau, relacionada à escolaridade e ao nível de renda de seus pais. Nos países ricos, o "elevador social" anda mais rápido. Nos emergentes, mais devagar. No Brasil, ainda mais lentamente. O país ocupa a segunda pior posição em um estudo sobre mobilidade social feito pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 2018, com dados de 30 países. Segundo os resultados, seriam necessárias nove gerações para que os descendentes de um brasileiro entre os 10% mais pobres atingissem o nível médio de rendimento do país. A estimativa é a mesma para a África do Sul e só perde para a Colômbia, onde o período de ascensão levaria 11 gerações. Mais de 1/3 daqueles que nascem entre os 20% mais pobres no Brasil permanece na base da pirâmide, enquanto apenas 7% consegue chegar aos 20% mais ricos. Filhos de pais na base da pirâmide têm dificuldade de acesso à saúde e maior probabilidade de frequentar uma escola com ensino de baixa qualidade. A educação precária, em geral, limita as opções para esses jovens no mercado de trabalho. Sobram-lhes empregos de baixa remuneração, em que a possibilidade de crescimento salarial para quem tem pouca qualificação é pequena – e a chance de perpetuação do ciclo de pobreza, grande. LEMOS, V. Brasil é o segundo pior em mobilidade social em um ranking de 30 países. BBC News Brasil, 15 jun. 2018 (adaptado). A partir das informações apresentadas, é correto afirmar que: A) o fator ambiental e o fator demográfico afetam a mobilidade social observada, sendo ela menor nos países que apresentam as maiores taxas de natalidade. B) a baixa organização social dos economicamente menos favorecidos determina a baixa mobilidade social da base para o topo da pirâmide. C) a mobilidade social é caracterizada por um fator ancestral que se revela ao longo das gerações, sendo um limitador da eficácia de políticas públicas de redução das desigualdades sociais. D) a análise de mobilidade social permite a observação de um ciclo vicioso, que se caracteriza por uma subida nas camadas sociais seguida de uma queda, repetindo-se esse ciclo de modo sucessivo. E) a ascensão social depende de fatores viabilizadores queestão fora do alcance das camadas pobres, o que ocasiona conflitos sociais em busca do acesso a tais fatores 4. Além do contexto econômico, o avanço da tecnologia também é um dos responsáveis pelo aumento dos trabalhadores informais. E a tendência de contratação de freelancers por meio de plataformas digitais, como aplicativos de delivery e de mobilidade urbana, ganhou até um nome: Gig Economy , ou economia dos bicos. Para os gigantes de tecnologia detentores desses aplicativos, os motoristas são trabalhadores autônomos, que não possuem vínculo empregatício. Além de não estarem sujeitos a nenhuma regulamentação e proteção legal, os profissionais que desenvolvem esse tipo de trabalho deixam de contribuir para a Previdência Social e de possuir benefícios como Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), férias e décimo terceiro salário. Não obstante, ainda arcam com todo o custo da atividade que exercem. Em uma reportagem que ouviu alguns desses trabalhadores, motoristas afirmaram sofrer com problemas de coluna e com o estresse no trânsito, além das longas jornadas de trabalho. Por esses motivos, a Gig Economy está no centro de uma discussão mundial acerca da responsabilidade dessas companhias milionárias sobre as condições de trabalho da mão de obra que contratam. No meio do limbo jurídico, quem sofre são os trabalhadores dessas plataformas, que ficam duplamente desprotegidos pelas empresas e pelo Estado. Disponível em: https://exame.abril.com.br/carreira/quais-sao-as-consequencia-do-trabalho-informal-no-pais/. Acesso em: 18 abr. 2020 (adaptado). A partir das informações apresentadas, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas. I. Trabalhadores autônomos informais que atuam em plataformas digitais sem qualquer vínculo empregatício, desprotegidos de regulamentação ou lei trabalhista, compõem a Gig Economy . PORQUE II. Os trabalhadores, na Gig Economy , arcam com todos os custos necessários para desempenhar o seu trabalho, ganham por produção e enfrentam longas jornadas diárias, o que os deixa mais desgastados e com problemas de saúde. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. A) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. B) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I. C) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. D) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. E) As asserções I e II são proposições falsas.
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