Buscar

Descrição e Interpretação das Lesões Macroscópicas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 29 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 29 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 29 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Descrição e Interpretação das Lesões Macroscópicas 
A DESCRIÇÃO das lesões deve conter 7 aspectos gerais: 
1. Distribuição 
2. Cor 
3. Consistência 
4. Forma 
5. Tamanho 
6. Aspectos especiais: peso, som, presença de líquido e odor 
7. Significado clínico 
Ao descrever uma lesão deve-se complementar a descrição com as informações: 
a. Espécie 
b. Local da lesão 
c. Superfície capsular ou de corte (quando aplicável) 
d. Distribuição, cor, consistência, forma, tamanho, aspectos especiais 
 
A INTERPRETAÇÃO da lesão é o que se conclui a partir dos 7 aspectos avaliados, 
caracterizando o diagnóstico. Assim, existem maneiras de se comunicar o diagnóstico de uma 
lesão: 
A. Diagnóstico morfológico: 
É um resumo da lesão sem especificar a causa. Deve constar: 
o Nome do órgão afetado; 
o Tipo de lesão; 
o Distribuição da lesão; 
o Severidade da lesão (leve, moderada ou acentuada); 
o Idade da lesão (aguda, subaguda ou crônica). 
B. Diagnóstico etiológico 
Indica apenas 2 coisas: 
o Local da lesão; 
o Agente causador da lesão. 
C. Etiologia: 
o Causa da lesão (nome do vírus, bactéria, fungo, etc); 
Não implica em colocar o nome do órgão, distribuição, etc. 
D. Nome da doença/condição: 
o Nome de uso comum da doença ou lesão. 
 
Distribuição 
É o arranjo espacial das lesões. Quanto à distribuição, a lesão pode ser: 
Focais; Multifocais (e suas subdivisões); Difusas; Segmentares; Simétricas; Aleatórias. 
Focais 
Apenas UMA lesão que se sobressai num fundo normal do tecido não afetado. 
 
Multifocais e subdivisões 
São lesões bem definidas num fundo normal. Subdivide-se em lesões multifocais, 
multifocais a coalescentes, miliares e disseminadas. 
➔ Multifocais 
Lesões múltiplas distribuídas pelo órgão e separadas entre si por tecido não afetado. 
 
➔ Multifocal a coalescente 
Ocorre quando alguns focos de lesões multifocais coalescem formando um foco maior. 
Indica que a lesão é mais antiga que uma multifocal simples. 
 
➔ Miliares 
Focos pequenos e numerosos, semelhante a semente de painço. 
 
➔ Multifocal Disseminada 
Lesões aparecem por toda a extensão do órgão ou sistema. 
 
Difusas 
Tudo (ou quase tudo) no campo de visão do tecido/órgão aparece afetado. 
Dependendo do órgão são mais difíceis de detectar pois não há contraste com o tecido normal, 
diferentemente das lesões focais. 
 
Simétricas 
A lesão se distribui ao longo de uma subunidade anatômica, seguindo um padrão anatômico. 
Ex: Lesões simétricas bilaterais no encéfalo podem indicar uma alteração tóxica como na 
intoxicação por Aeschynomene em suínos, enterotoxemia pela toxina de Clostridium 
perfingens tipo D em ovinos e intoxicação por Centaurea spp. em equinos. 
 
Segmentares 
Similar à focal. É uma porção bem definida do órgão apresentando aspecto anormal. 
Geralmente, a parte afetada obedece uma unidade vascular. 
 
Na cortical do rim desse bovino há uma área amarela focal, plana, segmentar, retangular, firme com 
3x2x2 cm (infarto renal). Essa descrição indica que a obstrução ocorreu na artéria arciforme. 
Aleatórias 
Não obedecem a nenhum padrão anatômico e ocorrem sem referência a qualquer estrutura 
anatômica específica. 
 
Múltiplas áreas de milímetros até 1-2cm deprimidas, vermelhas ou vermelho-azuladas, arredondadas, 
de contorno irregulares e distribuídas aleatoriamente no parênquima hepático. Fígado, ectasia 
sinusoidal multifocal aleatória. 
Cor 
A cor normal do tecido é constituída pela sua cor própria acrescida da cor dos pigmentos 
especiais, variando de acordo com a espécie animal. 
Órgãos que possuem quociente sangue/tecido alto são mais escuros (baço, fígado, rim). 
Os que têm quociente sangue/tecido baixo são claros (pulmão, encéfalo). 
Quanto à cor, a lesão pode ser: 
Vermelha; Amarela; Preta; Verde; Translúcida; Branca; Marrom. 
Vermelha 
Quando uma lesão é vermelha (vermelho vivo ou escuro) é porque há maior quantidade de 
sangue no tecido. 
o Hiperemia 
▪ Vasodilatação → vasos sanguíneos dilatados e bem evidenciados. 
 
o Congestão passiva 
▪ Torção de lobo hepático → sangue chega no tecido pelas artérias e não 
consegue sair pelas veias que estão colabadas, causando estenose 
sanguínea. 
 
o Hemorragia 
 
o Embebição por hemoglobina 
▪ Tecido com coloração vermelho vinhoso. 
▪ Post mortem: em consequência da lise das hemácias, a hemoglobina se 
difunde nos tecidos conferindo essa cor. 
▪ Ante mortem: doenças com hemólise acentuada → babesiose e 
hemoglobinúria bacilar em bovinos. 
 
o Hemoglobinúria 
▪ Urina vermelho escuro à preto (cor de coca-cola) 
▪ Doenças hemolíticas 
o Mioglobinúria 
▪ Urina vermelho escuro à preto (cor de coca-cola) 
▪ Doenças com degeneração muscular 
o Hematúria 
▪ Urina vermelha 
▪ Lesões de bexiga na hematúria enzoótica bovina 
▪ Lesões renais de glomerulonefrite 
 
Amarela 
o Inflamação 
▪ Acúmulo de exsudato inflamatório caseoso, como ocorre na linfadenite 
caseosa e na turberculose (amarelo ou branco-amarelado). 
▪ Exsudato purulento (abcessos). 
 
o Bilirrubina (icterícia) 
▪ Icterícia é a coloração amarelada generalizada dos tecidos produzida 
pela deposição de bilirrubina. 
• Deve ser diferenciada do amarelo normal da gordura de bovinos 
Jersey e Guerney e de cavalos. 
▪ Cor vista principalmente em mucosas e tecidos brancos com grande 
conteúdo de elastina → íntima de artérias, fáscias de músculos, 
meninges e superfícies articulares. 
▪ Principais causas de hiperbilirrubinemia e icterícia: 
• Pré-hepática: hemólise e produção excessiva de bilirrubina não-
conjugada. 
• Hepática ou tóxica: Redução na tomada, conjugação ou 
secreção da bilirrubina pelos hepatócitos como consequência de 
lesão hepática difusa grave, aguda ou crônica. 
• Pós-hepática: obstrução dos ductos biliares extra-hepáticos, 
colestase extra hepática ou impedimento do fluxo dentro dos 
canalículos (colestase intra-hepática). 
 
o Gordura 
▪ Gordura amarelada é comum em bovinos Jersey e Guernsey e cavalos. 
▪ O acúmulo de gordura é amarelo na lipidose hepática em bovinos. 
 
o Queratina 
▪ Carcinoma de células escamosas cornificados. 
 
o Fibrina 
▪ É amarelada quando abundantemente infiltrada por neutrófilos. Se não 
possuir números abundantes de neutrófilos mortos e degenerados será 
branca. Se misturada a tecido necrótico e sangue será marrom. 
 
o Edema 
▪ Alguns tipos de edema conferem cor amarela aos tecidos. Isso é muito 
evidente no edema do SNC de equinos, pois esses animais têm um 
índice ictérico elevado no soro. 
 
o Embebição biliar 
▪ Ocorre nas porções do fígado e outros tecidos adjacentes à vesícula 
biliar, geralmente é uma alteração post mortem. 
 
Preta 
Manchas escuras nos tecidos muitas vezes são depósitos normais de melanina, como ocorre 
na intima de grandes vasos, meninges, mucosa do esôfago, pulmões e em outros tecidos de 
animais muito pigmentados (ovinos de raça de cara negra). 
Lesões ou estruturas que podem ser confundidas com lesões pretas incluem: 
o Melanose 
▪ Hiperpigmentação de diversos tecidos e órgãos produzida pela 
acumulação de melanina. 
 
o Pseudomelanose 
▪ É uma alteração da cor dos tecidos em contato com os intestinos → 
essa alteração resulta da combinação do sulfeto de hidrogênio 
(produzido por bactérias putrefativas no intestino) com o ferro liberado 
da hemólise pós-mortal de eritrócitos. 
▪ O sulfeto de ferro é um pigmento que mancha os tecidos de azul-
acinzentado, verde ou preto. 
 
o Melanoma (tumor de melanócitos) 
▪ Manchas pretas de significado patológico associadas a tumores de 
melanócitos que produzem grande quantidade de melanina. 
 
o Sangue digerido 
▪ Localizada no intestino indica uma hemorragia gástrica provinda do 
estômago. A passagem no sangue pelo TGI faz com que seja 
visualizada manchas pretas no intestino já que o sangue foi “digerido”. 
Se a hemorragia for intestinal, a coloração será avermelhada. 
 
o Antracose pulmonar 
▪ Linfonodose tecido pulmonares com coloração preta em consequência 
da inalação de micropartículas de carbono (queima de combustíveis, 
geralmente carvão). 
 
o Infecção por fungos pigmentados 
▪ Lesões causadas por Cladiosporum sp. 
▪ Ainda mais evidentes se ocorre em tecidos claros como o encéfalo. 
 
Verde 
o Pseudomelanose 
▪ Podem ocorrer manchas verdes como parte do processo de 
pseudomelanose. 
 
o Necrose 
▪ Áreas de necrose causadas pela tumefação do músculo supra coracoide 
em um compartimento não expansível de frangos e perus → impede o 
suprimento sanguíneo e causa necrose isquêmica. 
 
o Pigmento biliar 
 
o Infecções por algas 
▪ Algas do gênero Chlorella produzem pigmento verde associado à lesão. 
 
o Locais de injeções 
 
o Deposição de biurato de amônia na bexiga 
▪ Os cristais de biurato de amônia são comumente vistos em cães, 
causando coloração característica. 
 
o Biliverdina 
▪ Evolução de hematomas → Os glóbulos vermelhos nessas lesões são 
degradados e fagocitados pelos macrófagos. Nos primeiros dias devido 
a presença de hemoglobina sem oxigênio a lesão fica vermelho-
azulada. Após 3 a 6 dias a hemoglobina é degradada e ocorre a 
formação de biliverdina, atribuindo à lesão a cor azul-esverdeada. A 
biliverdina é convertida enzimaticamente após 7 a 10 dias, em 
bilirrubina, ficando com coloração amarelada. Finalmente com 10 a 15 
dias adquire cor castanha amarronzada por causa da hemossiderina, até 
sumir. 
Translúcido 
Lesões que consistem de líquidos translúcidos (incolores ou citrinos, que deixam passar a luz) 
indicam cistos ou transudatos. 
o Cistos 
▪ Cistos de Cysticercus tenuicollis no fígado. 
 
o Edemas 
▪ Edemas localizados: inflamatório, linfedema, insuficiência vascular, 
angioedema. 
▪ Edemas generalizados: anasarca, ascite, derrame pleural, derrame 
pericárdico. 
▪ Transudatos → baixo teor de proteínas. 
▪ Intersticial edema cavitário. Por vezes o edema cavitário é amarelo 
citrino, mas translúcido. 
 
 
o Muco 
Branco 
Um tecido branco indica ausência de sangue. 
o Anemia 
▪ Em casos de anemia acentuada, como na hemoncose de ovinos, os 
tecidos (principalmente mucosas) são brancas porcelana. 
 
o Inflamação 
▪ Infiltrado de células inflamatórias podem produzir acúmulos brancos 
que contrastam com a cor normal do tecido. 
▪ Esses infiltrados de células inflamatórias podem ser difíceis de 
diferenciar de infiltrados de células neoplásicas. 
 
o Fibrina 
▪ A fibrina que faz parte do exsudato inflamatório é branca ou amarela se 
estiver com pouco ou muita infiltração de neutrófilos, respectivamente. 
o Áreas de necrose 
 
o Queratinização 
 
o Fibrose 
▪ Mais visível em tecidos escuros. 
 
o Áreas de tecido de granulação (cicatricial) 
▪ O tecido de granulação mais antigo é branco e o mais recente é róseo 
avermelhado, pois nesse último há maior número de capilares e, 
portanto, maior quantidade de sangue. 
 
o Gordura 
▪ Dependendo da espécie, o acúmulo de gordura pode ser branco, como 
no caso de um lipoma em cães. 
 
o Mineralização 
▪ A mineralização torna o tecido branco. Isso vale tanto para 
mineralização dos tecidos moles como do osso. 
 
o Osso 
 
o Infiltração por células tumorais 
 
o Uratos 
Marrom 
o Exsudatos purulentos com certa quantidade de sangue e tecido necrótico 
 
 
Consistência 
É a característica de um tecido encarada do ponto de vista da homogeneidade, coerência, 
firmeza, compacidade, aderência entre as suas partes, resistência, densidade, viscosidade, etc. 
A organização (ou falta de) de um tecido é mais bem apreciada na superfície de corte. 
Quanto à consistência, a lesão pode ser: 
Amorfa; Organizada; Líquida; Macia; Firme; Dura. 
Amorfa 
Uma lesão amorfa é aquela que não possui organização e aderência entre suas células, sendo 
assim, suas partes de soltam ao serem manuseadas. 
Se na superfície de corte a lesão é amorfa, ou o tecido é semissólido ou líquido espesso, 
provavelmente trata-se de um tecido morto ou de um exsudato. 
Se dá para passar o tecido com uma faca sobre um pão como se fosse “patê”, trata-se de um 
exsudato não-organizado. 
 
Organizada 
Um tecido organizado é aquele que possui aderência entre suas células. 
Se o tecido possui organização, provavelmente trata-se de um tecido de granulação, 
fibroplasia, inflamação granulomatosa ou neoplasma. 
 
Líquida 
A consistência de uma lesão pode ser líquida, como no caso de sangue, edema ou exsudato. 
➔ Sangue 
 
➔ Edema 
 
➔ Exsudato 
 
Macia 
É a consistência do lobo da orelha de uma pessoa. 
A consistência de uma lesão pode ser macia, como no caso de um linfossarcoma. 
 
Firme 
É a consistência da cartilagem da orelha ou ponta do nariz. 
A consistência de uma lesão pode ser firme, como no caso de um carcinoma de células 
escamosas cirroso. 
 
Dura 
É a consistência da testa de uma pessoa. 
A consistência de uma lesão pode ser dura, como no caso de uma lesão de actinomicose na 
mandíbula. 
 
 
Forma 
Considera-se os aspectos ou características geométricas da lesão. Quando à forma, a lesão 
pode ser: 
Elevada ou saliente; Plana; Deprimida; Geométrica. 
Elevada ou saliente 
Lesões elevadas ou salientes indicam que alguma coisa foi acrescentada ao tecido. Isto inclui 
edema, tumores, hematomas ou granulomas. 
 
Plana 
Uma lesão plana mantem a mesma altura que o tecido adjacente. 
Pode indicar que é uma lesão recente, isto é, não houve ainda tempo para alterar o tecido. 
Um exemplo é: área de necrose recente do córtex telencefálico, como observado em casos de 
malacia na meningoencefalite por herpes vírus bovino no lobo frontal. 
 
Deprimida 
A lesão deprimida indica que alguma coisa foi retirada no tecido. 
Isso ocorre em casos mais crônicos de necrose onde há tempo para a dissolução e retirada do 
tecido necrótico. A lesão deprimida indica um processo mais crônico que a lesão plana. 
Mantendo o exemplo acima, com o tempo o tecido necrosado da necrose cerebrocortical será 
retirado do local, deixando áreas deprimidas. 
 
Geométrica 
Lesões em formas geométricas bem demarcadas geralmente correspondem a lesões 
produzidas por alterações que obstruíram uma unidade vascular, são, portanto, em geral, 
lesões segmentares. 
É bem exemplificado no caso da erisipela suína e no caso dos infartos renais (áreas de necrose 
de coagulação causadas por isquemia). 
• Infartos renais que foram produzidos pela obstrução da artéria interlobular têm uma 
forma de cunha (triangular quando vista nas duas dimensões de uma superfície de 
corte) com o vértice voltado para a interface córtexmedular. 
 
• Infartos resultantes da obstrução da artéria arciforme são localizados na cortical do rim 
e têm forma retangular. 
 
• Infartos resultantes de obstrução da artéria interlobar têm também forma de cunha 
(triangular quando vista nas duas dimensões de uma superfície de corte), mas seu 
vértice localiza-se na zona medular do rim. 
 
Tamanho 
O tamanho de uma lesão deverá ser relatado em unidades do sistema métrico. 
Alterações do tamanho dos órgãos são difíceis de avaliar quando pouco acentuadas. Em 
órgãos pares essa avaliação é facilitada pelo termo de comparação, mesmo assim, pode correr 
a duvida de se a diferença de tamanho é pelo aumento de volume do órgão esquerdo ou 
diminuição de volume do órgão direito ou ambos. Um controle, isto é, um órgão de um 
animal de mesma espécie, tamanho e idade, ajuda decidir por possíveis variações no volume 
do órgão. 
Quanto ao tamanho, as lesões podem ser classificadas: 
Diminuição; Aumento; Assimetria; Rapidamente dinâmico; Lentamente dinâmico. 
Diminuição 
 
Aumento 
Aumento de volume considerável de órgãos únicos, como é o caso de um baço com 
hemangiossarcoma, são mais fáceis de avaliar. 
Órgãos ficam maiores por tumefação celular, por hipertrofia de suas células, por proliferação 
benigna de suas células (hiperplasia ou neoplasias benignas),por proliferação maligna dessas 
células (neoplasias malignas), infiltração de células malignas de outros neoplasmas 
(metástases) ou por proliferação de matriz extracelular, como no caso da endocardiose. 
 
Assimetria 
A assimetria de um órgão indica a alteração de volume de uma de suas partes. 
A assimetria do telencéfalo indica que houve aumento (alguma coisa acrescentada) ou 
diminuição (alguma coisa retirada) de um dos hemisférios. 
 
Rapidamente dinâmico 
Alguns órgãos são rapidamente dinâmicos (segundos a minutos), como o pulmão e a bexiga. 
 
Lentamente dinâmico 
Alguns órgãos são lentamente dinâmicos, como o baço e o TGI. 
 
 
Aspectos especiais 
A avaliação de alguns aspectos especiais dos órgãos na necropsia ajuda na interpretação das 
lesões. Quanto aos aspectos especiais, classifica-se: 
Peso (tamanho); Som; Odor. 
Peso (tamanho) 
O peso indica se houve perda (alguma coisa retirada) ou ganho (alguma coisa acrescentada) 
de massa tecidual. O órgão poderá ser pesado em balança ou medido com fita/régua para 
comparação anatômica. 
O coração com hipertrofia concêntrica do VE possui as paredes ventriculares E mais espessas 
e redução da luz ventricular E, conferindo maior peso ao órgão. 
 
Som 
O som é um aspecto que fornece informações limitadas. A presença de gás em um órgão ou 
tecido é descrita como crepitante, se em excesso é hipercriptante, já a ausência deste é descrita 
como hipocriptante ou acriptante. 
O som crepitante do músculo esquelético em um bovino indica miosite com produção de gás 
(provavelmente carbrúnculo sintomático, infecção por Clostridium chauvoei. 
O som hipocriptante em um pulmão com consistência de borracha e coloração vermelho-
escuro pode indicar atelectasia, isto é, a distensão incompleta dos alvéolos. Este termo é usado 
para descrever os pulmões que não expandiram com o ar no momento do nascimento 
(congênito) ou dos pulmões que colapsaram após a inflação ter ocorrido (adquirido). O 
pulmão afunda ao ser colocado na água. 
 
Odor 
Odor é um parâmetro difícil de definir. 
O odor da fossa séptica no intestino de equinos indica Salmonelose. 
Em cães, enterite hemorrágica tem um cheiro suis generis. 
Na intoxicação por Senecio spp. há um odor agridoce característico na pele de bovinos. 
 
 
Significado clinico 
Aspectos importantes que influem no significado clinico de uma lesão incluem: 
Extensão; Reversibilidade da lesão; Vulnerabilidade do tecido e localização. 
Extensão da lesão 
A extensão da lesão é relatada de acordo com a porcentagem do tecido envolvido na lesão. 
“20% da região cranioventral do fígado está consolidada.” É necessário que 80% do 
parênquima sejam comprometidos por uma lesão para que ocorra insuficiência hepática, 
assim, uma lesão focal, como um abcesso tem um significado diferente do que uma lesão 
hepática difusa, como cirrose. 
 Fígado, hepatite abscedativa focal ou abcesso hepático. 
Etiologia: Fusobacterium necrophorum. Descrição: No parênquima hepático há uma estrutura 
esférica de 3cm que contém material semilíquido amarelo (pus) em seu interior e é encapsulada por 
tecido fibroso. 
 
Reversibilidade da lesão 
O potencial de reversibilidade de uma lesão é determinado pelo diagnóstico morfológico. 
Um diagnóstico de dermatofitose num bovino indica um processo reversível. Já o diagnóstico 
de carcinoma de células escamosas na vulva de uma vaca indica um processo irreversível. 
 
Vulnerabilidade do tecido 
A vulnerabilidade de um tecido está relacionada à redundância se duas unidades anatômicas, 
de sua reserva funcional e de sua capacidade de regeneração. 
O fígado é formado de unidades redundantes (ácinos hepáticos) que se repetem aos milhares. 
A perda de algumas dessas unidades não trará qualquer prejuízo ao funcionamento do órgão. 
No entanto, poucas estruturas se repetem no encéfalo e a perda dessas estruturas redunda em 
dano permanente a função do órgão. 
A reserva funcional está relacionada a estruturas redundantes que não são utilizadas 
normalmente e que podem entrar em funcionamento em caso de lesão. 
O poder de regeneração diminui a vulnerabilidade de um órgão. O fígado pode regenerar até 
70% de seu parênquima em caso de lesão, o que não ocorre com o tecido do SNC.

Continue navegando