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Descrição e Interpretação das Lesões Macroscópicas A DESCRIÇÃO das lesões deve conter 7 aspectos gerais: 1. Distribuição 2. Cor 3. Consistência 4. Forma 5. Tamanho 6. Aspectos especiais: peso, som, presença de líquido e odor 7. Significado clínico Ao descrever uma lesão deve-se complementar a descrição com as informações: a. Espécie b. Local da lesão c. Superfície capsular ou de corte (quando aplicável) d. Distribuição, cor, consistência, forma, tamanho, aspectos especiais A INTERPRETAÇÃO da lesão é o que se conclui a partir dos 7 aspectos avaliados, caracterizando o diagnóstico. Assim, existem maneiras de se comunicar o diagnóstico de uma lesão: A. Diagnóstico morfológico: É um resumo da lesão sem especificar a causa. Deve constar: o Nome do órgão afetado; o Tipo de lesão; o Distribuição da lesão; o Severidade da lesão (leve, moderada ou acentuada); o Idade da lesão (aguda, subaguda ou crônica). B. Diagnóstico etiológico Indica apenas 2 coisas: o Local da lesão; o Agente causador da lesão. C. Etiologia: o Causa da lesão (nome do vírus, bactéria, fungo, etc); Não implica em colocar o nome do órgão, distribuição, etc. D. Nome da doença/condição: o Nome de uso comum da doença ou lesão. Distribuição É o arranjo espacial das lesões. Quanto à distribuição, a lesão pode ser: Focais; Multifocais (e suas subdivisões); Difusas; Segmentares; Simétricas; Aleatórias. Focais Apenas UMA lesão que se sobressai num fundo normal do tecido não afetado. Multifocais e subdivisões São lesões bem definidas num fundo normal. Subdivide-se em lesões multifocais, multifocais a coalescentes, miliares e disseminadas. ➔ Multifocais Lesões múltiplas distribuídas pelo órgão e separadas entre si por tecido não afetado. ➔ Multifocal a coalescente Ocorre quando alguns focos de lesões multifocais coalescem formando um foco maior. Indica que a lesão é mais antiga que uma multifocal simples. ➔ Miliares Focos pequenos e numerosos, semelhante a semente de painço. ➔ Multifocal Disseminada Lesões aparecem por toda a extensão do órgão ou sistema. Difusas Tudo (ou quase tudo) no campo de visão do tecido/órgão aparece afetado. Dependendo do órgão são mais difíceis de detectar pois não há contraste com o tecido normal, diferentemente das lesões focais. Simétricas A lesão se distribui ao longo de uma subunidade anatômica, seguindo um padrão anatômico. Ex: Lesões simétricas bilaterais no encéfalo podem indicar uma alteração tóxica como na intoxicação por Aeschynomene em suínos, enterotoxemia pela toxina de Clostridium perfingens tipo D em ovinos e intoxicação por Centaurea spp. em equinos. Segmentares Similar à focal. É uma porção bem definida do órgão apresentando aspecto anormal. Geralmente, a parte afetada obedece uma unidade vascular. Na cortical do rim desse bovino há uma área amarela focal, plana, segmentar, retangular, firme com 3x2x2 cm (infarto renal). Essa descrição indica que a obstrução ocorreu na artéria arciforme. Aleatórias Não obedecem a nenhum padrão anatômico e ocorrem sem referência a qualquer estrutura anatômica específica. Múltiplas áreas de milímetros até 1-2cm deprimidas, vermelhas ou vermelho-azuladas, arredondadas, de contorno irregulares e distribuídas aleatoriamente no parênquima hepático. Fígado, ectasia sinusoidal multifocal aleatória. Cor A cor normal do tecido é constituída pela sua cor própria acrescida da cor dos pigmentos especiais, variando de acordo com a espécie animal. Órgãos que possuem quociente sangue/tecido alto são mais escuros (baço, fígado, rim). Os que têm quociente sangue/tecido baixo são claros (pulmão, encéfalo). Quanto à cor, a lesão pode ser: Vermelha; Amarela; Preta; Verde; Translúcida; Branca; Marrom. Vermelha Quando uma lesão é vermelha (vermelho vivo ou escuro) é porque há maior quantidade de sangue no tecido. o Hiperemia ▪ Vasodilatação → vasos sanguíneos dilatados e bem evidenciados. o Congestão passiva ▪ Torção de lobo hepático → sangue chega no tecido pelas artérias e não consegue sair pelas veias que estão colabadas, causando estenose sanguínea. o Hemorragia o Embebição por hemoglobina ▪ Tecido com coloração vermelho vinhoso. ▪ Post mortem: em consequência da lise das hemácias, a hemoglobina se difunde nos tecidos conferindo essa cor. ▪ Ante mortem: doenças com hemólise acentuada → babesiose e hemoglobinúria bacilar em bovinos. o Hemoglobinúria ▪ Urina vermelho escuro à preto (cor de coca-cola) ▪ Doenças hemolíticas o Mioglobinúria ▪ Urina vermelho escuro à preto (cor de coca-cola) ▪ Doenças com degeneração muscular o Hematúria ▪ Urina vermelha ▪ Lesões de bexiga na hematúria enzoótica bovina ▪ Lesões renais de glomerulonefrite Amarela o Inflamação ▪ Acúmulo de exsudato inflamatório caseoso, como ocorre na linfadenite caseosa e na turberculose (amarelo ou branco-amarelado). ▪ Exsudato purulento (abcessos). o Bilirrubina (icterícia) ▪ Icterícia é a coloração amarelada generalizada dos tecidos produzida pela deposição de bilirrubina. • Deve ser diferenciada do amarelo normal da gordura de bovinos Jersey e Guerney e de cavalos. ▪ Cor vista principalmente em mucosas e tecidos brancos com grande conteúdo de elastina → íntima de artérias, fáscias de músculos, meninges e superfícies articulares. ▪ Principais causas de hiperbilirrubinemia e icterícia: • Pré-hepática: hemólise e produção excessiva de bilirrubina não- conjugada. • Hepática ou tóxica: Redução na tomada, conjugação ou secreção da bilirrubina pelos hepatócitos como consequência de lesão hepática difusa grave, aguda ou crônica. • Pós-hepática: obstrução dos ductos biliares extra-hepáticos, colestase extra hepática ou impedimento do fluxo dentro dos canalículos (colestase intra-hepática). o Gordura ▪ Gordura amarelada é comum em bovinos Jersey e Guernsey e cavalos. ▪ O acúmulo de gordura é amarelo na lipidose hepática em bovinos. o Queratina ▪ Carcinoma de células escamosas cornificados. o Fibrina ▪ É amarelada quando abundantemente infiltrada por neutrófilos. Se não possuir números abundantes de neutrófilos mortos e degenerados será branca. Se misturada a tecido necrótico e sangue será marrom. o Edema ▪ Alguns tipos de edema conferem cor amarela aos tecidos. Isso é muito evidente no edema do SNC de equinos, pois esses animais têm um índice ictérico elevado no soro. o Embebição biliar ▪ Ocorre nas porções do fígado e outros tecidos adjacentes à vesícula biliar, geralmente é uma alteração post mortem. Preta Manchas escuras nos tecidos muitas vezes são depósitos normais de melanina, como ocorre na intima de grandes vasos, meninges, mucosa do esôfago, pulmões e em outros tecidos de animais muito pigmentados (ovinos de raça de cara negra). Lesões ou estruturas que podem ser confundidas com lesões pretas incluem: o Melanose ▪ Hiperpigmentação de diversos tecidos e órgãos produzida pela acumulação de melanina. o Pseudomelanose ▪ É uma alteração da cor dos tecidos em contato com os intestinos → essa alteração resulta da combinação do sulfeto de hidrogênio (produzido por bactérias putrefativas no intestino) com o ferro liberado da hemólise pós-mortal de eritrócitos. ▪ O sulfeto de ferro é um pigmento que mancha os tecidos de azul- acinzentado, verde ou preto. o Melanoma (tumor de melanócitos) ▪ Manchas pretas de significado patológico associadas a tumores de melanócitos que produzem grande quantidade de melanina. o Sangue digerido ▪ Localizada no intestino indica uma hemorragia gástrica provinda do estômago. A passagem no sangue pelo TGI faz com que seja visualizada manchas pretas no intestino já que o sangue foi “digerido”. Se a hemorragia for intestinal, a coloração será avermelhada. o Antracose pulmonar ▪ Linfonodose tecido pulmonares com coloração preta em consequência da inalação de micropartículas de carbono (queima de combustíveis, geralmente carvão). o Infecção por fungos pigmentados ▪ Lesões causadas por Cladiosporum sp. ▪ Ainda mais evidentes se ocorre em tecidos claros como o encéfalo. Verde o Pseudomelanose ▪ Podem ocorrer manchas verdes como parte do processo de pseudomelanose. o Necrose ▪ Áreas de necrose causadas pela tumefação do músculo supra coracoide em um compartimento não expansível de frangos e perus → impede o suprimento sanguíneo e causa necrose isquêmica. o Pigmento biliar o Infecções por algas ▪ Algas do gênero Chlorella produzem pigmento verde associado à lesão. o Locais de injeções o Deposição de biurato de amônia na bexiga ▪ Os cristais de biurato de amônia são comumente vistos em cães, causando coloração característica. o Biliverdina ▪ Evolução de hematomas → Os glóbulos vermelhos nessas lesões são degradados e fagocitados pelos macrófagos. Nos primeiros dias devido a presença de hemoglobina sem oxigênio a lesão fica vermelho- azulada. Após 3 a 6 dias a hemoglobina é degradada e ocorre a formação de biliverdina, atribuindo à lesão a cor azul-esverdeada. A biliverdina é convertida enzimaticamente após 7 a 10 dias, em bilirrubina, ficando com coloração amarelada. Finalmente com 10 a 15 dias adquire cor castanha amarronzada por causa da hemossiderina, até sumir. Translúcido Lesões que consistem de líquidos translúcidos (incolores ou citrinos, que deixam passar a luz) indicam cistos ou transudatos. o Cistos ▪ Cistos de Cysticercus tenuicollis no fígado. o Edemas ▪ Edemas localizados: inflamatório, linfedema, insuficiência vascular, angioedema. ▪ Edemas generalizados: anasarca, ascite, derrame pleural, derrame pericárdico. ▪ Transudatos → baixo teor de proteínas. ▪ Intersticial edema cavitário. Por vezes o edema cavitário é amarelo citrino, mas translúcido. o Muco Branco Um tecido branco indica ausência de sangue. o Anemia ▪ Em casos de anemia acentuada, como na hemoncose de ovinos, os tecidos (principalmente mucosas) são brancas porcelana. o Inflamação ▪ Infiltrado de células inflamatórias podem produzir acúmulos brancos que contrastam com a cor normal do tecido. ▪ Esses infiltrados de células inflamatórias podem ser difíceis de diferenciar de infiltrados de células neoplásicas. o Fibrina ▪ A fibrina que faz parte do exsudato inflamatório é branca ou amarela se estiver com pouco ou muita infiltração de neutrófilos, respectivamente. o Áreas de necrose o Queratinização o Fibrose ▪ Mais visível em tecidos escuros. o Áreas de tecido de granulação (cicatricial) ▪ O tecido de granulação mais antigo é branco e o mais recente é róseo avermelhado, pois nesse último há maior número de capilares e, portanto, maior quantidade de sangue. o Gordura ▪ Dependendo da espécie, o acúmulo de gordura pode ser branco, como no caso de um lipoma em cães. o Mineralização ▪ A mineralização torna o tecido branco. Isso vale tanto para mineralização dos tecidos moles como do osso. o Osso o Infiltração por células tumorais o Uratos Marrom o Exsudatos purulentos com certa quantidade de sangue e tecido necrótico Consistência É a característica de um tecido encarada do ponto de vista da homogeneidade, coerência, firmeza, compacidade, aderência entre as suas partes, resistência, densidade, viscosidade, etc. A organização (ou falta de) de um tecido é mais bem apreciada na superfície de corte. Quanto à consistência, a lesão pode ser: Amorfa; Organizada; Líquida; Macia; Firme; Dura. Amorfa Uma lesão amorfa é aquela que não possui organização e aderência entre suas células, sendo assim, suas partes de soltam ao serem manuseadas. Se na superfície de corte a lesão é amorfa, ou o tecido é semissólido ou líquido espesso, provavelmente trata-se de um tecido morto ou de um exsudato. Se dá para passar o tecido com uma faca sobre um pão como se fosse “patê”, trata-se de um exsudato não-organizado. Organizada Um tecido organizado é aquele que possui aderência entre suas células. Se o tecido possui organização, provavelmente trata-se de um tecido de granulação, fibroplasia, inflamação granulomatosa ou neoplasma. Líquida A consistência de uma lesão pode ser líquida, como no caso de sangue, edema ou exsudato. ➔ Sangue ➔ Edema ➔ Exsudato Macia É a consistência do lobo da orelha de uma pessoa. A consistência de uma lesão pode ser macia, como no caso de um linfossarcoma. Firme É a consistência da cartilagem da orelha ou ponta do nariz. A consistência de uma lesão pode ser firme, como no caso de um carcinoma de células escamosas cirroso. Dura É a consistência da testa de uma pessoa. A consistência de uma lesão pode ser dura, como no caso de uma lesão de actinomicose na mandíbula. Forma Considera-se os aspectos ou características geométricas da lesão. Quando à forma, a lesão pode ser: Elevada ou saliente; Plana; Deprimida; Geométrica. Elevada ou saliente Lesões elevadas ou salientes indicam que alguma coisa foi acrescentada ao tecido. Isto inclui edema, tumores, hematomas ou granulomas. Plana Uma lesão plana mantem a mesma altura que o tecido adjacente. Pode indicar que é uma lesão recente, isto é, não houve ainda tempo para alterar o tecido. Um exemplo é: área de necrose recente do córtex telencefálico, como observado em casos de malacia na meningoencefalite por herpes vírus bovino no lobo frontal. Deprimida A lesão deprimida indica que alguma coisa foi retirada no tecido. Isso ocorre em casos mais crônicos de necrose onde há tempo para a dissolução e retirada do tecido necrótico. A lesão deprimida indica um processo mais crônico que a lesão plana. Mantendo o exemplo acima, com o tempo o tecido necrosado da necrose cerebrocortical será retirado do local, deixando áreas deprimidas. Geométrica Lesões em formas geométricas bem demarcadas geralmente correspondem a lesões produzidas por alterações que obstruíram uma unidade vascular, são, portanto, em geral, lesões segmentares. É bem exemplificado no caso da erisipela suína e no caso dos infartos renais (áreas de necrose de coagulação causadas por isquemia). • Infartos renais que foram produzidos pela obstrução da artéria interlobular têm uma forma de cunha (triangular quando vista nas duas dimensões de uma superfície de corte) com o vértice voltado para a interface córtexmedular. • Infartos resultantes da obstrução da artéria arciforme são localizados na cortical do rim e têm forma retangular. • Infartos resultantes de obstrução da artéria interlobar têm também forma de cunha (triangular quando vista nas duas dimensões de uma superfície de corte), mas seu vértice localiza-se na zona medular do rim. Tamanho O tamanho de uma lesão deverá ser relatado em unidades do sistema métrico. Alterações do tamanho dos órgãos são difíceis de avaliar quando pouco acentuadas. Em órgãos pares essa avaliação é facilitada pelo termo de comparação, mesmo assim, pode correr a duvida de se a diferença de tamanho é pelo aumento de volume do órgão esquerdo ou diminuição de volume do órgão direito ou ambos. Um controle, isto é, um órgão de um animal de mesma espécie, tamanho e idade, ajuda decidir por possíveis variações no volume do órgão. Quanto ao tamanho, as lesões podem ser classificadas: Diminuição; Aumento; Assimetria; Rapidamente dinâmico; Lentamente dinâmico. Diminuição Aumento Aumento de volume considerável de órgãos únicos, como é o caso de um baço com hemangiossarcoma, são mais fáceis de avaliar. Órgãos ficam maiores por tumefação celular, por hipertrofia de suas células, por proliferação benigna de suas células (hiperplasia ou neoplasias benignas),por proliferação maligna dessas células (neoplasias malignas), infiltração de células malignas de outros neoplasmas (metástases) ou por proliferação de matriz extracelular, como no caso da endocardiose. Assimetria A assimetria de um órgão indica a alteração de volume de uma de suas partes. A assimetria do telencéfalo indica que houve aumento (alguma coisa acrescentada) ou diminuição (alguma coisa retirada) de um dos hemisférios. Rapidamente dinâmico Alguns órgãos são rapidamente dinâmicos (segundos a minutos), como o pulmão e a bexiga. Lentamente dinâmico Alguns órgãos são lentamente dinâmicos, como o baço e o TGI. Aspectos especiais A avaliação de alguns aspectos especiais dos órgãos na necropsia ajuda na interpretação das lesões. Quanto aos aspectos especiais, classifica-se: Peso (tamanho); Som; Odor. Peso (tamanho) O peso indica se houve perda (alguma coisa retirada) ou ganho (alguma coisa acrescentada) de massa tecidual. O órgão poderá ser pesado em balança ou medido com fita/régua para comparação anatômica. O coração com hipertrofia concêntrica do VE possui as paredes ventriculares E mais espessas e redução da luz ventricular E, conferindo maior peso ao órgão. Som O som é um aspecto que fornece informações limitadas. A presença de gás em um órgão ou tecido é descrita como crepitante, se em excesso é hipercriptante, já a ausência deste é descrita como hipocriptante ou acriptante. O som crepitante do músculo esquelético em um bovino indica miosite com produção de gás (provavelmente carbrúnculo sintomático, infecção por Clostridium chauvoei. O som hipocriptante em um pulmão com consistência de borracha e coloração vermelho- escuro pode indicar atelectasia, isto é, a distensão incompleta dos alvéolos. Este termo é usado para descrever os pulmões que não expandiram com o ar no momento do nascimento (congênito) ou dos pulmões que colapsaram após a inflação ter ocorrido (adquirido). O pulmão afunda ao ser colocado na água. Odor Odor é um parâmetro difícil de definir. O odor da fossa séptica no intestino de equinos indica Salmonelose. Em cães, enterite hemorrágica tem um cheiro suis generis. Na intoxicação por Senecio spp. há um odor agridoce característico na pele de bovinos. Significado clinico Aspectos importantes que influem no significado clinico de uma lesão incluem: Extensão; Reversibilidade da lesão; Vulnerabilidade do tecido e localização. Extensão da lesão A extensão da lesão é relatada de acordo com a porcentagem do tecido envolvido na lesão. “20% da região cranioventral do fígado está consolidada.” É necessário que 80% do parênquima sejam comprometidos por uma lesão para que ocorra insuficiência hepática, assim, uma lesão focal, como um abcesso tem um significado diferente do que uma lesão hepática difusa, como cirrose. Fígado, hepatite abscedativa focal ou abcesso hepático. Etiologia: Fusobacterium necrophorum. Descrição: No parênquima hepático há uma estrutura esférica de 3cm que contém material semilíquido amarelo (pus) em seu interior e é encapsulada por tecido fibroso. Reversibilidade da lesão O potencial de reversibilidade de uma lesão é determinado pelo diagnóstico morfológico. Um diagnóstico de dermatofitose num bovino indica um processo reversível. Já o diagnóstico de carcinoma de células escamosas na vulva de uma vaca indica um processo irreversível. Vulnerabilidade do tecido A vulnerabilidade de um tecido está relacionada à redundância se duas unidades anatômicas, de sua reserva funcional e de sua capacidade de regeneração. O fígado é formado de unidades redundantes (ácinos hepáticos) que se repetem aos milhares. A perda de algumas dessas unidades não trará qualquer prejuízo ao funcionamento do órgão. No entanto, poucas estruturas se repetem no encéfalo e a perda dessas estruturas redunda em dano permanente a função do órgão. A reserva funcional está relacionada a estruturas redundantes que não são utilizadas normalmente e que podem entrar em funcionamento em caso de lesão. O poder de regeneração diminui a vulnerabilidade de um órgão. O fígado pode regenerar até 70% de seu parênquima em caso de lesão, o que não ocorre com o tecido do SNC.
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