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Controle Motor e Neurociências

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Prévia do material em texto

Autora: Profa. Cynthia Bedeschi
Colaboradores: Profa. Roberta Pasqualucci Ronca
 Prof. Luiz Henrique Cruz de Mello
Controle Motor e 
Neurociências
Professora conteudista: Cynthia Bedeschi
Fisioterapeuta, professora e neurocientista paulistana, é professora titular e conteudista (UNIP interativa) do curso 
de graduação em Fisioterapia da Universidade Paulista (UNIP) no campus Alphaville e em diversos campi de São Paulo. 
Em 2013 recebeu o título de doutora em Neurociências e Comportamento pela Universidade de São Paulo (USP); em 
2008 tornou-se mestre em Neurociências e Comportamento pela Universidade de São Paulo (USP); especializou-se 
em Fisioterapia Neurológica em 2003 pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São 
Paulo (FMUSP) e graduou-se em Fisioterapia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Atua também como professora colaboradora do programa de pós-graduação em Neurociências e Comportamento 
da Universidade de São Paulo (USP) e como professora de pós-graduação em diversas outras universidades, ministrando 
módulos em relação a cognição, controle motor, neurociências, neuroplasticidade e fisioterapia neurofuncional. Ainda 
na área acadêmica, ministra diversos cursos, é revisora de periódicos internacionais e nacionais e atua na orientação de 
trabalhos de conclusão de curso (TCC) na UNIP nas seguintes áreas: cognição, fisioterapia neurofuncional, fisioterapia 
pediátrica, fisioterapia geriátrica e controle motor.
Ademais, atua na vertente assistencial e clínica, sendo sócia proprietária e diretora do Instituto NeuroAlpha, que 
presta atendimento fisioterapêutico a pessoas de todas as idades. É membra convidada da Associação Brasileira de 
Fisioterapia Neurofuncional (Abrafin); membra associada da International Parkinson and Movement Disorder Society 
(MDS) e membra da Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento (SBNeC).
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
B411c Bedeschi, Cynthia.
Controle Motor e Neurociências / Cynthia Bedeschi. – São Paulo: 
Editora Sol, 2020.
136 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Controle motor. 2. Controle cognitivo. 3. Neuroplasticidade. 
I. Título.
CDU 615.825
U510.68 – 21
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcello Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Jacinara Albuquerque
 Vitor Andrade
Sumário
Controle Motor e Neurociências
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 TEORIAS DE CONTROLE MOTOR ...................................................................................................................9
1.1 A natureza do movimento ................................................................................................................ 10
1.2 As três classes de movimentos ....................................................................................................... 11
1.3 Teorias de controle motor e suas implicações clínicas ......................................................... 11
1.3.1 Teoria reflexa ............................................................................................................................................ 12
1.3.2 Teoria hierárquica ................................................................................................................................... 13
1.3.3 Teoria da programação motora......................................................................................................... 15
1.3.4 Teoria dos sistemas ................................................................................................................................ 17
1.3.5 Teoria ecológica ....................................................................................................................................... 18
2 CONTROLE SEGMENTAR E SUPRASSEGMENTAR DA MOTRICIDADE VOLUNTÁRIA .............. 19
2.1 Controle segmentar da motricidade voluntária ...................................................................... 19
2.1.1 Integração em nível da medula espinhal ...................................................................................... 20
2.1.2 Integração em nível do tronco encefálico (TE) ........................................................................... 25
2.2 Controle suprassegmentar da motricidade voluntária ......................................................... 27
2.2.1 Integração em nível cerebelar ........................................................................................................... 28
2.2.2 Integração em nível dos núcleos da base ..................................................................................... 30
2.2.3 Integração ao nível cerebral ............................................................................................................... 34
3 ALTERAÇÕES DA MOTRICIDADE VOLUNTÁRIA .................................................................................... 39
3.1 Alterações da força muscular .......................................................................................................... 40
3.2 Alterações do tônus muscular ........................................................................................................ 41
3.2.1 Espasticidade ............................................................................................................................................ 41
3.2.2 Hipotonia ................................................................................................................................................... 42
3.3 Perda da seleção de ativação muscular (sinergias inadequadas) ..................................... 42
3.4 Coativação ............................................................................................................................................... 43
3.5 Alterações motoras associadas a lesões cerebelares .............................................................. 43
3.6 Alterações motoras decorrentes de acometimentos nos núcleos da base ................... 45
4 CONTROLE POSTURAL FISIOLÓGICO E ALTERADO .............................................................................. 46
4.1 Controle postural típico ..................................................................................................................... 46
4.1.1 Tipos de controle de equilíbrio .......................................................................................................... 49
4.1.2 Estabilidade anteroposterior .............................................................................................................. 52
4.1.3 Estabilidade mediolateral e multidirecional................................................................................ 55
4.1.4 Equilíbrio reativo em sedestação...................................................................................................... 57
4.1.5 Equilíbrio proativo: antecipatório .................................................................................................... 57
4.1.6 Equilíbrio proativo em sedestação ................................................................................................... 58
4.1.7 Sistemas sensoriais ................................................................................................................................. 59
4.1.8 Integração sensorial ............................................................................................................................... 61
4.1.9 Sistemas cognitivos no controle postural .................................................................................... 63
4.2 Controle postural alterado ............................................................................................................... 64
4.2.1 Estado estável alterado ........................................................................................................................ 64
4.2.2 Alterações do equilíbrio reativo ........................................................................................................ 65
4.2.3 Alterações no sequenciamento sinérgico ..................................................................................... 65
4.2.4 Atraso nas respostas posturais .......................................................................................................... 66
4.2.5 Alterações nas adaptações das respostas posturais ................................................................. 68
4.2.6 Alterações no controle muscular antecipatório ......................................................................... 69
4.2.7 Alterações nos sistemas perceptuais .............................................................................................. 69
4.2.8 Alterações sensoriais no equilíbrio estável ................................................................................... 69
4.2.9 Alterações nos sistemas cognitivos ................................................................................................. 71
Unidade II
5 MECANISMOS NEURAIS DA PERCEPÇÃO SENSORIAL E DA 
INTEGRAÇÃO SENSÓRIO-MOTORA .............................................................................................................. 78
5.1 Sistema somatossensorial ................................................................................................................. 80
5.2 Sistema visual ........................................................................................................................................ 91
5.3 Sistema vestibular ................................................................................................................................ 94
6 CONTROLE COGNITIVO DO MOVIMENTO VOLUNTÁRIO ................................................................... 96
6.1 Anatomia do controle cognitivo .................................................................................................... 97
6.2 Mecanismos envolvidos no controle cognitivo ....................................................................... 98
6.2.1 Mecanismos de memória..................................................................................................................... 98
6.2.2 Mecanismos de atenção ...................................................................................................................... 99
6.2.3 Controle cognitivo da marcha .........................................................................................................100
6.2.4 Controle cognitivo postural ..............................................................................................................103
7 MECANISMOS DA PLASTICIDADE NEURAL .........................................................................................105
7.1 Habituação ............................................................................................................................................107
7.2 Aprendizado e memória ..................................................................................................................107
7.3 Recuperação celular após lesões .................................................................................................108
7.3.1 Recuperação celular pós-lesão no SNP .......................................................................................108
7.3.2 Recuperação celular pós-lesão no SNC ........................................................................................111
7.4 Remapeamento do córtex cerebral .............................................................................................113
8 A NEUROPLASTICIDADE INSERIDA NA PRÁTICA CLÍNICA DA FISIOTERAPIA ........................115
8.1 Estratégias para aumentar a neuroplasticidade e a reorganização cortical ..............115
8.1.1 Dez princípios que podem potencializar a neuroplasticidade e podem ser 
colocados em prática em neurorreabilitação (KLEIM; JONES, 2008) .......................................... 116
8.2 Neuroplasticidade em indivíduos com doenças degenerativas ......................................117
7
APRESENTAÇÃO
Neste livro, você aprenderá sobre conceitos concernentes aos mecanismos neurais influentes e 
envolvidos no controle motor, bem como de postura e equilíbrio, o que contempla também teorias 
sobre o controle do movimento. E, também, algumas disfunções da motricidade voluntária e alterações 
posturais poderão ser identificadas.
Ademais, serão apresentados os princípios fisiológicos da percepção sensorial e das funções cognitivas 
que atuam e estão relacionados ao controle neural do movimento.
Por fim, conceitos sobre neuroplasticidade em eventos fisiológicos e diante de lesões neurológicas 
serão apresentados e elucidados neste livro-texto, além de considerar e induzir à reflexão sobre 
integração e utilização dos princípios de neuroplasticidade na prática clínica da fisioterapia.
Dessa forma, esta disciplina apresenta-se com os objetivos gerais de destacar ao aluno as teorias do 
controle motor que englobam uma atuação integrativa entre o sistema nervoso central e o periférico. 
Propõe descrever o controle motor sem alterações e sua associação com a percepção sensorial e funções 
cognitivas. Além disso, tem o objetivo geral de promover e facilitar a compreensão do aluno sobre o 
conceito de neuroplasticidade e suas implicações na prática clínica fisioterapêutica.
Como objetivos específicos, esta disciplina propõe apresentar as teorias do controle motor; apresentar 
o controle do movimento e da postura, bem como reconhecer suas alterações; conhecer a integração da 
percepção sensorial e das funções cognitivas em relação ao controle motor e, por fim, instigar o pensamento 
crítico-reflexivo sobre o conceito de neuroplasticidade e suas implicações na prática clínica fisioterapêutica.
INTRODUÇÃO
As unidades deste livro-texto apresentam-se divididas de acordo com a organização da programação 
da disciplina e respeitando-se uma linhagem de raciocínio construída para promover seu melhor 
entendimento sobre o tema controle motor e neurociências.
Assim, inicialmente, serão apresentadas para sua maior compreensão as teorias do controle motor 
e suas implicações clínicas; os controles segmentar e suprassegmentar da motricidade voluntária bem 
como alterações da motricidade voluntária. Ademais, serão acrescidas descrições sobre os mecanismos 
neurais envolvidos no controle da postura e equilíbrio, bem como alterações desse mesmo controle.
Em seguida, serão apresentados os mecanismos neurais envolvidos na percepção sensorial; na 
integração sensório-motora; nas funções cognitivas como processamentos de memória e atenção,bem 
como suas relações com o controle do movimento diante de possíveis alterações.
E, por fim, serão apresentados a você os conceitos sobre neuroplasticidade, bem como identificados 
seus eventos celulares e sinápticos constituintes de mecanismos fisiológicos e diante de lesões do sistema 
nervoso; além de promover a relação reflexiva da integração das noções e princípios da plasticidade 
neural na prática clínica fisioterapêutica.
9
CONTROLE MOTOR E NEUROCIÊNCIAS
Unidade I
Olá, pupilo!
Esperamos que esteja bem e tranquilo. E esperamos também que esteja preparado para uma das 
viagens mais importantes de sua vida: uma viagem sem volta: a de adquirir conhecimento sobre o 
principal objeto de estudo e aplicação da fisioterapia: o movimento humano!
Será nesta disciplina que você aprenderá e descobrirá o fascinante controle do movimento humano, 
que é realizado por uma sofisticada integração entre vários sistemas do corpo, sob gerenciamento do 
sistema nervoso.
Esta disciplina é uma das mais importantes de todo o curso. Portanto, dedique-se a estudar cada 
pedacinho deste livro. 
1 TEORIAS DE CONTROLE MOTOR
O que é controle motor?
Os movimentos são parte integrante de nossa sobrevivência. Pense nas atividades que você precisa 
executar em seu dia a dia: quantas dessas atividades necessitam de movimentos seus para que 
aconteçam? Praticamente quase todas. Ou todas. Como será que esses movimentos são controlados? 
Como eles ocorrem? Por que você levanta da cadeira de uma forma e não de outra? É exatamente sobre 
isso que você irá estudar: como o movimento humano é controlado.
O termo controle motor é definido como “a habilidade em regular ou direcionar os mecanismos 
essenciais ao movimento” (SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 2017). Essa regulação é feita com maestria 
pelo nosso sistema nervoso, que gerencia músculos e articulações em movimentos coordenados que 
permitem que desempenhemos determinadas funções. Para tal, é preciso integração do corpo com 
os estímulos ambientais, os quais podemos nomeá-los como informações sensoriais. Como nossos 
movimentos são integrados de acordo com nossos objetivos, emoções, experiências?
Agora dê uma olhada rápida na definição de fisioterapia de acordo com nosso Conselho Federal 
de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Coffito): “é uma ciência da saúde que estuda, previne e trata os 
distúrbios cinéticos funcionais intercorrentes em órgãos e sistemas do corpo humano”. Então, o que 
são os distúrbios cinético-funcionais? São alterações decorrentes de movimento e funções humanas. 
Assim, o movimento humano é o principal foco da fisioterapia. Os fisioterapeutas tratam pacientes 
que apresentam algum acometimento do movimento, e para que se tenha capacidade e competência 
para reabilitar pessoas com desordens dos movimentos, é preciso que se entenda como o movimento 
é processado, gerenciado e modulado em indivíduos saudáveis. Para o fisioterapeuta trabalhar com 
10
Unidade I
maestria e melhorar o controle e o alinhamento postural de um indivíduo com alterações posturais, 
é preciso que se entenda detalhadamente como se dá o controle postural fisiológico. Percebeu a 
importância dessa nossa viagem ao conhecimento do controle do movimento?
Figura 1 
1.1 A natureza do movimento
Você já reparou como as pessoas realizam determinados movimentos de formas diferentes umas 
das outras? Isso porque o movimento não ocorre da mesma maneira entre as pessoas. O movimento 
ocorre diante de uma interação de três fatores: o indivíduo, a tarefa a ser executada e o ambiente onde 
o indivíduo se encontra.
Vamos dar um exemplo prático: elegemos a tarefa “caminhar”. Se alterarmos o pilar “indivíduo”, por 
exemplo, uma criança caminhará de forma diferente de um idoso, ainda que estejam em um mesmo 
ambiente – por exemplo, em um gramado de um parque. Agora vamos manter o mesmo indivíduo, a 
criança, mas mudamos o pilar “ambiente”: a criança caminhará diferentemente no gramado ou em um 
chão de areia, por exemplo. Dentro de uma piscina, então, mais diferentes ainda serão suas estratégias 
motoras de marcha. Percebeu? Por isso que o movimento não é algo “concreto”: ele é fluido e recebe a 
influência de fatores como o ambiente ou o perfil da tarefa.
Pensando nessa questão, poderíamos questionar: quais os sistemas que permeiam esse controle do 
movimento? Vamos falar sobre cada um deles a seguir.
Os sistemas motores incluem os sistemas neuromuscular e biomecânico, que se inserem na gama de 
ossos, músculos, articulações e integrações destes pelo sistema nervoso (SN), de forma que organizem 
movimentos coordenados e funcionais.
Os sistemas sensoriais e perceptuais são cruciais para o controle dos movimentos funcionais do ser 
humano. As sensações, quando passam por um crivo de nosso sistema nervoso mais apurado, em que 
há um reconhecimento do que se está sentindo e consequente interpretação da sensação, passam a se 
tornar uma verdadeira percepção do que ocorre no ambiente.
Assim, os sistemas sensoriais fornecem informações sobre o que está acontecendo no ambiente, a 
posição e a orientação do corpo no espaço e o grau de contração dos músculos.
11
CONTROLE MOTOR E NEUROCIÊNCIAS
Temos também os sistemas cognitivos, pois nossos movimentos são moldados de acordo com nossas 
intenções e passam por fases de planejamento, monitoramento, execução motora, atividades que 
necessitam de nossas capacidades de gerenciar nossas habilidades mentais de concentração, atenção, 
motivação, tomada de decisão, resolução de problemas, entre muitas outras.
Todos esses sistemas agem de forma integrada, dinâmica, organizada e modulada de forma que 
possamos manifestar comportamentos motores dos mais simples aos mais complexos.
1.2 As três classes de movimentos
Os movimentos podem ser categorizados em três classes, que se interpõem entre si e diferem no 
grau de controle voluntário e em complexidade.
As respostas reflexas são os movimentos mais simples e menos afetados pelo controle voluntário. 
São constituídos de respostas rápidas, estereotipadas, involuntárias e ocorrem após um estímulo 
sensorial específico. Podemos deixar como exemplos a retirada da mão após encostar em uma chapa 
quente, ou o reflexo de deglutição (engolir).
Os padrões motores rítmicos são movimentos combinatórios que abarcam ações voluntárias e reflexas. 
As porções voluntárias ocorrem principalmente ao início e final dos movimentos. Como exemplo, temos 
certas porções da organização da marcha e o movimento dos animais de coçarem-se.
Por sua vez, os movimentos voluntários são mais complexos e contemplam duas principais 
características: são direcionados a um objetivo (ditos proposicionais) e são aprendidos, em que a sua 
execução melhora com a prática. Como exemplo, temos o ato de tomar banho, escrever um texto, fazer 
um bolo, fazer comprar no supermercado.
Figura 2 
1.3 Teorias de controle motor e suas implicações clínicas
O gerenciamento e controle do movimento humano é um assunto que intriga a comunidade 
científica há décadas. E, ao longo dos anos, diversas teorias foram postuladas de forma que pudessem 
explicar ao menos em parte como o movimento é gerado e modulado no ser humano. Essas teorias são 
12
Unidade I
muito importantes, pois apresentam visões diferenciadas, que no fundo completam-se entre si. Vamos 
dar uma olhada em cada uma delas e você já tem uma primeira missão para tal: leia com atenção cada 
uma delas e responda: essa teoria faz sentido para você? E, ao final do capítulo, pense e reflita: qual a 
melhor teoria que abarca as questões relacionadas ao controle motor? E então analisaremos o assunto.
Vamos lá!
1.3.1 Teoria reflexa
Quando você tiver um tempo extra, vá até o computador e realize uma pesquisa sobre Sir Charles 
Sherrington, um importante neurofisiologista, que viveu entre 1857 e 1952, escreveu um livro em 1906 
de extrema importância nomeado The Integrative action of the nervous system (A ação integrativa 
do Sistema Nervoso), e ganhou um Prêmio Nobel de Fisiologiaem 1932, entre outros inúmeros feitos. 
Sherrington contribuiu muito com o conhecimento da área da neurologia e correlatas. Só para deixar 
um exemplo, foi ele quem instituiu o termo “sinapse” para a ligação entre os neurônios, descreveu a 
constituição dos nervos espinhais, mapeou os dermátomos e um dos principais feitos: descreveu o arco 
reflexo. O reflexo é constituído, basicamente, por um receptor, um condutor e um efetor (o músculo).
Para Charles Sherrington, os reflexos são blocos simples de movimentos que compõem os 
comportamentos complexos. Assim, acreditava-se que um comportamento motor complexo poderia ser 
explicado pela ação combinada de reflexos individuais que se encaixavam entre si (SHERRINGTON, 1947).
 Saiba mais
Leia uma breve biografia de Charles Sherrington em:
CHARLES SHERRINGTON. In: Infopédia. Porto: Porto Editora, 2003-2020. 
Disponível em: https://www.infopedia.pt/$charles-sherrington. Acesso em: 
8 out. 2020.
Figura 3 – Sir Charles Sherrington
13
CONTROLE MOTOR E NEUROCIÊNCIAS
Atualmente, sabe-se que os movimentos reflexos são as alças mais simples dos movimentos. Portanto, 
essa teoria tem sua parcela de sentido, mas apresenta certas limitações. Se os movimentos reflexos são 
as unidades básicas dos comportamentos, o que dizer sobre os movimentos voluntários espontâneos e os 
que não ocorrem após estímulos sensoriais, que não necessitam de agentes externos que os deflagrem? 
E os movimentos novos, habilidades motoras recém-aprendidas? Ademais, essa teoria também não 
explica os movimentos muito rápidos em que não há tempo de um feedback sensorial adequado. 
E, além, não explica a diversidade de movimentos que podem ocorrer de acordo com um mesmo estímulo 
sensorial, dependendo dos contextos e demandas ambientais e de modulação encefálica.
Não obstante essas limitações, a teoria do reflexo apresenta aplicações clínicas de extrema 
relevância para a prática fisioterapêutica. Se considerarmos os reflexos como unidades básicas, ainda 
que mais simples, dos movimentos funcionais, a avaliação dos reflexos dentro das práticas clínicas 
pode ser realizada com o intuito de prever a qualidade dos movimentos funcionais. Na verdade, em 
última instância, a avaliação dos reflexos denota averiguação da integração medular. Ademais, e, 
portanto, os reflexos como o miotático (de estiramento) podem ser utilizados como um reforçador da 
contração muscular – fato considerado e postulado dentro da fisioterapia pelo conceito da facilitação 
neuromuscular proprioceptiva (FNP).
A facilitação neuromuscular proprioceptiva é um conceito de tratamento fisioterapêutico baseado 
em uma filosofia positivista, em exercícios que ativam sinergias facilitatórias e na premissa de que todo 
paciente apresenta um potencial não explorado (ADLER; BECKERS; BUCK, 2014).
 Saiba mais
Você pode ler mais sobre a prática da FNP em:
ADLER, S. S.; BECKERS, D.; BUCK, M. PNF in practice: an illustrated guide. 
4. ed. Berlin: Marga Botsch, Heidelberg, 2014.
1.3.2 Teoria hierárquica
A organização hierárquica do sistema nervoso é considerada por muitos cientistas e pesquisadores, 
e podemos dividi-los em três níveis:
•	 Região 1: um nível mais primário, que seria a medula espinhal (ME) e o tronco encefálico (TE).
•	 Região 2: um nível mediano, que seria o mesencéfalo.
•	 Região 3: uma porção de mais alta hierarquia, que seria o córtex cerebral.
14
Unidade I
De acordo com essa teoria, que está sendo aprimorada há décadas, essas três áreas controlam o 
movimento humano de maneiras diferentes, em que a região 1 controlaria os reflexos primários, a 
região 2 as reações de endireitamento e controle postural, e a região 3 os movimentos complexos, as 
reações de equilíbrio e que, na maioria das circunstâncias, exerce hegemonia sobre as demais regiões 
(veja a figura a seguir).
Essa teoria também oferece implicações importantes do ponto de vista clínico. Como exemplo, 
temos a fisioterapeuta Brunnstrom, pioneira em reabilitação pós-acidente vascular encefálico (AVE), que 
dizia que “quando a influência dos centros corticais sofrem alterações permanentes ou temporárias, 
os reflexos normais tornam-se exagerados e os denominados reflexos patológicos aparecem” 
(BRUNNSTROM, 1970).
Circuitos neuronais locais 
Integração de neurônios 
motores inferiores
Aferências sensoriais
Agrupamentos de 
neurônios motores 
Neurônios motores inferiores
Musculoequeléticos
Córtex motor 
Planejamento, início e 
direcionamento de movimentos 
voluntários
Centros do tronco encefálico 
Movimentos básicos e controle 
postural
Sistemas descendentes 
Neurônios motores superiores
Núcleos da base 
Desencadeiam o início 
apropriado dos movimentos
Cerebelo 
Coordenação sensório-
motora de movimentos em 
andamento
Circuitos da medula espinhal 
e do tronco encefálico
Figura 4 – Organização geral das estruturas neurais envolvidas no controle do movimento: 
quatro sistemas – circuitos locais da medula espinhal e do tronco encefálico, 
vias modulatórias descendentes, os núcleos da base e o cerebelo 
contribuem de forma diferenciada no controle do movimento
15
CONTROLE MOTOR E NEUROCIÊNCIAS
Figura 5 
1.3.3 Teoria da programação motora
Para falar sobre essa teoria, apresentaremos a você um exemplo prático que fará com que entenda 
de imediato essa elucidação teórica.
Exemplo de aplicação
Pegue um pedaço de papel, um lápis e escreva seu nome com a mão direita, com a mão esquerda e 
com um de seus pés. Depois volte para continuar sua leitura.
Repare: você conseguiu escrever seu nome? Provavelmente a resposta é sim para todos os casos! 
Evidentemente a estratégia motora que você utilizou foi diferente de acordo com as condições, sendo que 
a precisão e a coordenação motora do movimento certamente foram mais harmônicas em sua escrita com 
sua mão dominante. Não obstante, mesmo assim você conseguiu escrever seu nome com a outra mão e, 
também, mesmo que de forma estranha, conseguiu escrever com o pé! Como isso seria possível?
A teoria da programação motora explica isso. De acordo com ela, nós temos armazenados em regiões 
específicas do encéfalo programas motores que representam ações motoras em âmbitos mais abstratos. 
Esses programas são organizados e contêm “regras” utilizadas para gerar os movimentos de acordo 
com determinada função, mesmo com sistemas motores efetores diferentes – nesse nosso exemplo, os 
músculos da mão ou do pé.
16
Unidade I
Então, como o programa motor da escrita está armazenado, o SN adequa essas regras aos sistemas 
efetores disponíveis para realizar determinadas ações motoras, dentro de um conceito que chamamos 
de “equivalência motora” (figura 6).
É muito legal descobrir isso, você não acha? Mais para frente, veremos que os núcleos da base 
são estruturas com funções cruciais na escolha e eleição desses melhores programas motores a 
serem colocados literalmente em prática, e que o cerebelo é o principal modulador desses programas, 
modificando-os com a experiência e a prática, de forma que a execução dessas ações ocorram com cada 
vez menos erros – contribuição-chave para a consolidação da aprendizagem motora.
A) Mão direita
C) Mão esquerda
D) Dentes
E) Pé
A) Mão direita
(pulso fixo)
Figura 6 – Conceito de equivalência motora; a habilidade dos diferentes sistemas 
motores para realizar o mesmo comportamento, por exemplo: a escrita pode 
ser realizada utilizando-se diferentes partes do corpo. Os exemplos utilizados 
aqui foram escritos pela mesma pessoa utilizando (A) a mão direita (dominante); 
(B) a mão direita com o punho imobilizado; (C) a mão esquerda; (D) a caneta presa 
entre os dentes; (E) a caneta presa entre os dedos do pé
Mesmo assim, como toda teoria, há limitações. Os programas motores centrais não podem ser 
considerados como únicos determinantes das ações motoras, pois um mesmo comando motor pode 
gerar movimentos diferentes, seja por posições diferentes dos membros, seja pela ação da gravidade 
em decorrência das posições articulares, entre outrosfatores. Assim, essa teoria não leva em 
consideração que o SN deve lidar com variáveis musculoesqueléticas e ambientais que permeiam a 
modulação do movimento.
Ainda assim, obtemos dessa teoria implicações clínicas muito importantes: já que temos programas 
motores armazenados, nos casos de pacientes que apresentam alterações nas programações motoras 
encefálicas, essa teoria sugere a importância do treino de movimentos dentro de um contexto funcional, 
e não apenas reeducando músculos específicos de forma isolada, de forma que as programações de 
movimentos sejam potencializadas e estimuladas. Você verá mais adiante que uma de nossas abordagens 
17
CONTROLE MOTOR E NEUROCIÊNCIAS
terapêuticas dentro da fisioterapia neurofuncional – a prática mental – promove essa potencialização 
das fases de planejamento e programação dos movimentos.
Figura 7 
1.3.4 Teoria dos sistemas
Um dos principais influentes dessa teoria foi Nikolai Bernstein, um cientista russo que viveu em 
meados do século XX. Ele postula que o controle dos movimentos é integrado por vários sistemas que 
interagem de forma cooperativa na sua geração. Assim, o movimento não é somente determinado 
pelo output do sistema nervoso central (SNC), mas também sofre uma filtragem desses sinais nos 
componentes biomecânicos do corpo – ossos, músculos e articulações.
O corpo é considerado como um sistema mecânico, por meio do qual o movimento emerge sob 
diferentes graus de liberdade, sofrendo influências de forças externas, como da gravidade e da inércia. 
Por essa teoria, apresentou-se um importante conceito: de sinergias motoras, conceito aprimorado ao 
longo dos anos. As sinergias são grupos musculares relacionados em função, que agem conjuntamente 
como uma unidade funcional, que são ativadas pelos níveis mais inferiores do SN, que por sua vez são 
ativados pelos níveis hierarquicamente mais altos do SN.
Um músculo pode pertencer a inúmeras sinergias e exercer uma contribuição única a cada sinergia; 
e uma ativação total muscular depende da ativação simultânea de sinergias múltiplas que contém 
aquele músculo e a sua contribuição relativa sem cada uma dessas sinergias. Essa teoria dos sistemas 
foi enriquecida ao longo das décadas, e baseando-se nos conceitos da natureza das sinergias como 
dinâmica, flexível e adaptativa, tornou-se a “Teoria dos Sistemas Dinâmicos”. Um importante conceito 
na descrição do controle do movimento diante da perspectiva dessa teoria é o papel da variabilidade dos 
movimentos na execução das ações motoras. O aumento das possibilidades de variações dos movimentos 
pode ser benéfico para que se atinja um desempenho ótimo de determinada função motora. Assim, de 
acordo com a Teoria dos Sistemas Dinâmicos, a avaliação e a intervenção devem focar não apenas nos 
acometimentos isolados de cada sistema, mas também na integração entre os diversos sistemas entre si.
18
Unidade I
Muito difícil? Falaremos mais sobre esse conceito das sinergias posteriormente neste livro – mas vale 
reiterar que se trata de um conceito muito importante e que fundamenta muitas de nossas abordagens 
dentro da fisioterapia.
Figura 8 
1.3.5 Teoria ecológica
Desenvolvida na segunda metade do século XX, essa teoria leva em consideração a participação 
do ambiente na modulação de um comportamento motor orientado a um objetivo. A organização 
é específica à tarefa e ao ambiente onde ela está sendo desempenhada. É a primeira vez em que a 
comunidade cientifica pontuou as variáveis ambientais como importantes na geração e desempenho 
dos movimentos. Diante de uma perspectiva ecológica, é importante determinar como um organismo 
detecta informações do ambiente que são cruciais para a ação motora e como essas informações são 
utilizadas de forma ativa para modificar e controlar os movimentos, em que o conceito de percepção se 
mostra como fundamental.
Pensando no que foi exposto nessa teoria, como podemos adequá-la a nossa conduta clínica? 
Uma linha de raciocínio importante para intervenções fisioterapêuticas é auxiliar o paciente a explorar 
possibilidades para atingir os objetivos de suas tarefas funcionais de várias formas, de acordo e diante 
de diferentes ambientes. Um controle motor efetivo requer que o paciente aprenda a perceber que o 
ambiente no qual está inserido pode impactar a organização de seus movimentos.
De forma prática, um exemplo de como o fisioterapeuta pode variar o ambiente para o treino de 
diversas ações motoras diante de diferentes ambientes é o uso da realidade virtual em sua prática 
clínica. Você aprenderá mais sobre isso em disciplinas posteriores do curso.
19
CONTROLE MOTOR E NEUROCIÊNCIAS
Figura 9 
E aí, você prestou atenção nas teorias e realizou a reflexão que solicitei anteriormente? As teorias 
fazem sentido para você? Qual delas é a melhor teoria?
Na verdade, a melhor teoria seria um compêndio das principais ideias de todas as teorias apresentadas 
previamente. Assim, desenvolver-se-iam ideias mais integrativas, complementares e dinâmicas entre as 
teorias propostas, de forma a considerar o caráter multifatorial do controle neural do movimento.
De fato, existem muitos cientistas que estão desenvolvendo teorias mais completas e que contemplam 
diversos aspectos apresentados aqui neste capítulo. Dentro de alguns anos teremos novas propostas de 
descrição desse fenômeno fascinante que é o controle motor.
2 CONTROLE SEGMENTAR E SUPRASSEGMENTAR DA MOTRICIDADE VOLUNTÁRIA
2.1 Controle segmentar da motricidade voluntária
Após nos depararmos com as diversas teorias relacionadas ao controle motor, vamos descobrir de 
fato como nosso movimento é produzido e modulado pelo SN. O controle do movimento é realizado 
por diversas estruturas do SN que são organizadas tanto de forma hierárquica como em paralelo. 
São três os níveis de controle dos sistemas motores: a medula espinhal, os sistemas descendentes do 
tronco encefálico e as áreas motoras do córtex cerebral. Essencialmente, essa modulação é realizada por 
dois “centros de gerenciamento” – um mais simples, embora não menos importante, constituinte da 
porção do SN denominada SN segmentar, constituída pela ME e TE.
Por sua vez, o outro centro é considerado mais “nobre”, responsável por modulações mais 
refinadas do movimento por meio de processamentos do cérebro e cerebelo, constituintes do 
chamado SN suprassegmentar. Essa organização em caráter hierárquico permite que os centros mais 
20
Unidade I
simples responsáveis pelos movimentos reflexos não exijam intervenções de níveis mais superiores. 
Uma organização também em paralelo dessas mesmas regiões permite que os centros mais altos 
modulem a integração segmentar.
 Observação
A segmentação do SN é classificada de acordo com sua conexão com 
os nervos. Sistema nervoso segmentar compreende o sistema nervoso 
periférico (SNP) e porções do sistema nervoso central (SNC), que tem 
relações com nervos, como a medula espinhal (ME) e o troncoencefálico (TE). 
Assim, o cérebro e o cerebelo (CB) constituem a porção do SN categorizada 
como suprassegmentar.
Vamos começar? Primeiramente, gostaríamos de fazer uma analogia bem legal com você. Temos 
certeza de que será mais fácil para entender algo tão complexo como o movimento humano.
Imagine uma grande empresa funcionando “a todo vapor”, com vários departamentos, um 
gerente, alguns diretores e o presidente da empresa. Essa empresa é o SN. Agora vamos focar em dois 
departamentos dessa empresa: “departamento de execução” – mediado pela ME e o “departamento de 
relacionamento” – mediado pelo TE.
Vamos lá! Bons estudos!
2.1.1 Integração em nível da medula espinhal
Antes de começar, vamos fazer uma revisão sobre a ME?
A ME é constituída por uma região central – denominada substância cinzenta – composta por 
corpos celulares neuronais e, ao redor dela, a região de substância branca, constituída por axônios.
Os corpos celulares dos neurônios motores localizam-se nos cornos ventrais da ME, onde estão 
agrupados os neurônios motores que inervamos músculos esqueléticos. Do ponto de vista funcional, 
esses núcleos motores seguem duas regras: a “proximal-distal” e a “flexor-extensor”.
A regra “proximal-distal” postula que os motoneurônios que inervam os músculos mais proximais 
(axiais) estão localizados mais medialmente, ao passo que os motoneurônios que inervam os músculos 
mais distais localizam-se mais lateralmente. Ademais, de acordo com a regra “flexor-extensor”, os 
neurônios motores que inervam músculos extensores estão situados mais ventralmente aos que inervam 
os músculos flexores.
Assim, os músculos axiais e proximais são funcionalmente relacionados ao controle da postura e 
equilíbrio, ao passo que os músculos distais estão relacionados às atividades motoras finas.
21
CONTROLE MOTOR E NEUROCIÊNCIAS
Músculos Músculos 
proximaisproximais
Músculos Músculos 
distaisdistais
Figura 10 
A figura a seguir mostra as principais regiões da ME:
Núcleos sensoriais
Visceral
Somático
Gânglio da raiz dorsal
Raiz dorsal 
Comissura 
posterior
Sulco mediano 
posterior
Núcleos motores
Visceral
Somático
Raiz ventral Comissura 
anterior cinzenta 
Comissura anterior branca 
Fissura mediana anterior 
Funículo anterior 
Corno ventral 
Funículo 
lateral 
Corno lateral 
Corno dorsal 
Funículo posterior 
Figura 11 
Do ponto de vista funcional, podemos considerar que a ME é o nível mais simples em relação à 
hierarquia de controle do movimento. A circuitária da ME está envolvida com a recepção inicial e 
a transmissão da informação somatossensorial oriunda de músculos, articulações e pele.
22
Unidade I
Além de viabilizar a transmissão dos impulsos sensoriais vindos da periferia, também é responsável 
por vias de cunho motor – relacionadas ao controle tanto reflexo como voluntário dos movimentos e 
do controle postural, por meio de suas vias eferentes e motoneurônios. Segundo Charles Sherrington, os 
movimentos dependem da ação integrada de diferentes grupos musculares, coordenados por circuitos 
medulares. E, dessa forma, os sinais convergem aos neurônios motores que inervam os músculos 
esqueléticos. Para Sherrington, os motoneurônios da ME são a “via final comum” do SN, já que são 
constituintes do último nível de processamento anteriormente à ativação muscular propriamente dita.
O processo de encadeamento dos músculos de modo que atuem em conjunto é chamado de 
coordenação motora. A forma mais elementar de coordenação motora é representada pelo ato reflexo. 
Assim, é na ME que é processada a forma mais simples dos movimentos: o movimento reflexo. Essa 
modulação reflexa é realizada sob várias formas, em que uma ou mais articulações podem estar envolvidas.
De uma forma geral, podemos categorizar os reflexos como movimentos simples, estereotipados, 
involuntários, que ocorrem como resposta a um estímulo sensorial específico. O movimento reflexo é 
organizado de acordo com duas características: o local, que determina quais músculos irão contrair para 
produzir determinada resposta reflexa; e a intensidade do estímulo, que determina a amplitude da resposta.
Vamos aprofundar um pouco mais esse conhecimento?
Vamos para o circuito mais simples do movimento e, também, um dos mais importantes: o arco 
reflexo, também chamado de reflexo de estiramento.
Os grupos de músculos que atuam sobre uma articulação e que estão ligados entre si por esse 
sistema de vias reflexas é chamado de unidade miotática – por isso que o reflexo de estiramento também 
é chamado de reflexo miotático.
O reflexo de estiramento é a contração de um músculo após este ser estirado. Ele depende de 
conexões monossinápticas entre as fibras aferentes primárias, oriundas dos fusos musculares, e dos 
neurônios motores que inervam o mesmo músculo. Os fusos musculares são receptores especializados e 
você estudará mais sobre eles em outro capítulo deste livro.
O arco reflexo é constituído essencialmente por dois neurônios: um aferente (Ia) e outro eferente 
(neurônio motor alfa), que fazem sinapse no interior da medula. Ramos do aferente Ia inervam não apenas 
todos os motoneurônios que inervam o mesmo músculo, mas também os que inervam os músculos 
sinergistas (até 60% de suas fibras). Outros ramos também fazem conexões com interneurônios, que 
inervam de forma inibitória os músculos antagonistas.
O processo do reflexo de estiramento ocorre da seguinte maneira: tudo começa com um 
alongamento abrupto muscular. Esse estiramento súbito promove aumento da frequência de 
descarga das fibras Ia que saem deste músculo, excitando também os motoneurônios do músculo 
homônimo e de seus sinergistas. Essa sinalização de alteração do comprimento muscular vinda dos 
fusos musculares é direcionada ao neurônio aferente Ia, que se dirige à ME. Nesta, há uma sinapse 
com o motoneurônio alfa, que se direciona com sinal eferente ao mesmo músculo que foi estirado, 
promovendo sua contração. Portanto, podemos dizer que o reflexo de estiramento é monossináptico.
23
CONTROLE MOTOR E NEUROCIÊNCIAS
Medula espinhal
Neurônio aferente 
(sensorial)
Neurônio eferente 
(motor)
Músculo (efetor)
Dedo (receptor)
Fonte de calor 
Ação
Figura 12 
Então, perceba que legal: um estiramento muscular promove, por ação reflexa, a contração muscular do 
mesmo músculo. Pode-se então considerar o arco reflexo um reforçador da contração muscular? Sim.
Guarde essa informação em um local bem especial do seu arquivo de memórias: o reflexo 
de estiramento promove reforço da contração muscular. Essa é a sua primeira ferramenta como 
fisioterapeuta. Há um reforçador da contração muscular no próprio organismo de seu paciente.
Exemplo de aplicação
O fisioterapeuta pode utilizar em seu tratamento efeitos potencializadores do reflexo de estiramento 
no intuito de reforçar a contração muscular de seu paciente. Pense em como isso pode ser realizado.
Ademais, podemos considerar que além de efeitos de contração muscular, temos efeitos de 
relaxamento muscular – esses últimos efeitos ocorrem nos músculos opostos ao que contraiu – o que 
chamamos músculos antagonistas.
Dessa forma, como essa descarga neuronal também promove inibição dos neurônios motores 
antagonistas, por meio de um interneurônio inibitório (IN) Ia, os músculos antagonistas tendem a sofrer 
relaxamento (veja figura 13).
Assim, temos outra ferramenta, baseada no processo fisiológico denominado inervação recíproca: o 
reflexo de estiramento, ao promover uma contração do músculo agonista ao determinado movimento, 
promove também um relaxamento do músculo antagonista. Em que momento isso poderia ser útil para 
o fisioterapeuta? Reflita sobre o caso.
24
Unidade I
Aferência sensorial Ia Interneurônio inibitório Ia
Motoneurônios
E
F
Extensor
Flexor
Figura 13 
Precisamos considerar que isso ocorre quando as condições da ME estão satisfatórias, certamente. 
Em casos de acometimentos neurológicos, esse sistema de processamento integrativo medular pode 
estar alterado – para mais ou para menos. Mas isso é assunto para outro momento.
Você deve estar pensando: é possível avaliar esses reflexos? Sim. Reflexos de estiramento podem ser 
avaliados por meio da percussão muscular com o martelo de reflexos. Essa avaliação é muito importante 
também para avaliar o grau de integridade e excitabilidade medular, bem como a integridade das 
conexões aferentes e eferentes.
Esses reflexos podem estar mais “fracos”, o que chamamos de reflexos hipoativos, ou hiporreflexia, 
caracterizada por alterações dos circuitos reflexos ou musculares, que podem ocorrer como padrões de lesões 
neurológicas periféricas, ou lesões neurológicas em fases iniciais ou também em caso de lesões cerebelares.
Ademais, esses reflexos podem estar mais “fortes”, o que chamamos de reflexos hiperativos ou 
hiperreflexia, caracterizada por uma entrada excitatória aumentada e relacionada a distúrbios do tônus, 
como espasticidade.
O reflexo de estiramento também regula o tônus muscular. Na verdade, quando um estiramento 
ocorre, as conexões diferentes dos aferentes do fuso,sobre os músculos sinérgicos bem como os IN, 
asseguram que a combinação apropriada de sinergistas seja ativada e a combinação apropriada de 
músculos antagonistas seja inibida. Dessa forma a unidade miotática regula o tônus muscular pertencente 
à modulação de toda uma articulação.
Os reflexos espinhais também podem ser polissinápticos – quando um ou mais IN intercalam-se 
entre os neurônios sensorial e motor. Esses reflexos podem ser constituídos por circuitos complexos 
e podem atuar sobre várias articulações. Os reflexos espinhais, portanto, podem gerenciar três níveis 
25
CONTROLE MOTOR E NEUROCIÊNCIAS
de controle: um controle dos músculos individuais; controle da ação muscular sobre uma articulação 
e coordenação de músculos atuando sobre várias articulações. Como exemplo desse último, temos o 
reflexo de retirada após pisar em um prego: as atividades biomecânicas relacionadas à tríplice flexão 
envolvem as articulações de tornozelo, joelho e quadril, o que exige uma atuação de várias sinapses nos 
circuitos medulares (figura 14).
Outro exemplo de reflexos medulares atuantes sobre várias articulações é o chamado “reflexo 
de extensão cruzada”: durante o reflexo de flexão ou de retirada, os músculos flexores do membro 
estimulado contraem-se ao mesmo tempo em que os músculos extensores desse mesmo membro são 
inibidos. No entanto, no membro contralateral ocorre o oposto: os músculos extensores são excitados, 
enquanto os flexores são inibidos. Esse reflexo, denominado reflexo de extensão cruzada, aumenta o 
suporte postural durante o afastamento de um estímulo doloroso, por exemplo, e é essencial para o controle 
da postura, também, durante a marcha.
B) Vias monossinápticas (reflexo de estiramento)
Interneurônio 
inibitório IaNeurônio 
motor alfa
Fuso
Fibra 
aferente 
Ia
Músculo antagonista
Músculo homônimo
Músculo sinérgico
A) Vias polissinápticas (reflexo flexor de retirada)
Fibras aferentes de nociceptor 
cutâneo (Aδ)
 Interneurônio 
inibitório
Neurônios 
motores 
ativados
Músculo 
extensor 
Extensão da perna 
contralateral
Flexão da perna 
estimulada
Músculo 
flexor
Músculo 
extensor 
Figura 14 
2.1.2 Integração em nível do tronco encefálico (TE)
Como estão os estudos? Vamos avançar de nível?
Vamos agora para a integração do movimento no TE.
Se considerarmos a direção “caudal-cranial”, o próximo nível de integração do movimento acima da 
ME é o TE. Vamos para uma breve revisão?
26
Unidade I
O TE é composto pelo bulbo, ponte e mesencéfalo. O TE recebe informações da pele, dos músculos 
da cabeça e dos sistemas visual e vestibular. Ademais, os núcleos do TE controlam impulsos efetores 
para pescoço, face, olhos e são importantes na audição e na gustação. O TE também é uma via de 
passagem de vias ascendentes e descendentes que conduzem sinais sensoriais e motores a diversas 
outras porções do SN.
Além de inúmeras funções relacionadas ao controle neurovegetativo, como regulação de nossa 
frequência respiratória e cardíaca e outras atividades, o TE contempla funções integrativas de controle do 
movimento, pelas suas vias descendentes. Muitos grupos neuronais projetam-se do TE para a substância 
cinzenta da ME. Esses grupos neuronais fazem parte de dois sistemas neuronais paralelos: o sistema 
medial e o sistema lateral.
As vias mediais culminam na região ventromedial da substância cinzenta medular, influenciando 
dessa forma os neurônios motores que inervam os músculos axiais e proximais. Assim, o sistema 
medial exerce importante função no controle postural por meio da integração das informações 
vestibulares e visuais.
Por sua vez, as vias laterais terminam na região dorsolateral da substância cinzenta medular, 
influenciando os neurônios motores que controlam os músculos distais dos membros. Muitos núcleos 
específicos do TE controlam também movimentos da cabeça e dos olhos.
Vamos adentrar um pouco mais nessas vias?
2.1.2.1 Vias mediais do tronco encefálico
As vias descendentes mediais do TE são compostas por três tratos: vestibuloespinhal, tectoespinhal 
e reticuloespinhal. Como dito anteriormente, essas vias terminam sobre neurônios motores mediais, que 
inervam os músculos axiais, com participação especial no controle postural.
Os tratos vestibuloespinhais originam-se nos núcleos vestibulares e conduzem informações oriundas 
do sistema vestibular para controle de equilíbrio e postura.
Já os tratos reticuloespinhais originam-se em diversos núcleos na formação reticular da ponte e do 
bulbo, responsáveis pela manutenção da postura.
Na verdade, o TE abarca uma região importante para o ajuste da marcha denominada região 
locomotora mesencefálica (subtalâmica), responsável pela geração de movimentos rítmicos locomotores 
e ajustes dos movimentos dos passos. Esses neurônios são especializados e denominados geradores 
centrais de padrão (GCP), que se conectam à ME via trato reticuloespinhal.
Por sua vez, o trato tectoespinhal origina-se no colículo superior do mesencéfalo, é controlado pelo 
córtex cerebral e é responsável pela coordenação dos movimentos da cabeça e dos olhos.
27
CONTROLE MOTOR E NEUROCIÊNCIAS
2.1.2.2 Vias laterais do tronco encefálico
Temos uma única via descendente lateral do TE, constituída pelo trato rubro-espinhal, que se origina na 
porção magnocelular do núcleo rubro, no mesencéfalo. As fibras do trato rubro-espinhal culminam na coluna 
lateral da ME, no grupo dorsolateral de neurônios motores que inervam os músculos distais dos membros.
Você viu que interessante? Vamos fazer uma recapitulação até o momento? Enquanto a integração 
medular envolve essencialmente a modulação dos movimentos reflexos, a integração do TE contempla 
diversas vias relacionadas ao controle de postura, tônus muscular, movimento da cabeça e olhos.
A) Tratos vestibuloespinhais 
lateral e medial
Núcleos 
vestibulares 
mediais
Núcleos 
vestibulares 
laterais
Formação reticular 
pontina e bulbar
Colículo 
superior
Medula 
cervical
Medula 
cervical
Medula 
cervical
B) Trato reticuloespinhal C) Trato tetoespinhal 
(coliculoespinhal)
Figura 15 – Vias descendentes mediais do tronco encefálico
2.2 Controle suprassegmentar da motricidade voluntária
Vamos voltar para nossa empresa fictícia? Pois bem, a ME e o TE são os departamentos de “execução” e de 
“relacionamento” – as porções segmentares do SN. Agora vamos falar sobre outros integrantes da empresa, 
constituintes de áreas mais nobres do SN: a região suprassegmentar. Sabe aquele gerente que supervisiona os 
funcionários para averiguar se estão cumprindo adequadamente as tarefas indicadas pelo presidente? Esse 
gerente supervisor é o CB. Você vai entender direitinho como ele age e quais são suas funções. Primeiramente, 
precisamos considerar o seguinte: quem dita as primeiras ordens para a empresa é o presidente. Ele é o 
chefão. Imaginem que ele planejou determinada tarefa que deva ser executada. Esse plano é entregue a dois 
responsáveis por monitorar essa posterior execução: o gerente supervisor e os diretores gerais. O presidente, 
em nossa analogia, é o cérebro. O gerente supervisor é o CB e os diretores gerais são os núcleos da base (NB). 
28
Unidade I
A tarefa a ser realizada é um determinado comportamento motor. Assim, o movimento voluntário nasce no 
cérebro, em áreas responsáveis pelo planejamento do movimento. Veremos detalhes mais adiante.
Uma “cópia” desse programa motor é direcionada ao gerente supervisor, o CB. E este irá monitorar 
como os funcionários da periferia estão trabalhando. É o que vamos ver agora, mas antes de tudo, 
vamos estudar com calma e rever esse órgão tão importante: o cerebelo.
2.2.1 Integração em nível cerebelar
O CB repousa atrás do TE e é conectado a ele por meio dos pedúnculos cerebelares. É formado 
por um córtex de substância cinzenta, substância branca e três pares de núcleos profundos, a saber: 
fastigial, interpósito (formado pelos núcleos globoso e emboliforme) e denteado. O CB recebe entradas 
da periferia e de absolutamente todosos níveis do SNC, que se dirigem aos núcleos profundos e ao 
córtex cerebelar. Suas conexões de saída (eferentes) emergem de seus núcleos cerebelares.
Anatomicamente, o CB pode ser dividido em algumas regiões:
•	 Região do vérmis, com conexões diretas com núcleos vestibulares e indiretas com sistemas 
descendentes. Essa região é responsável pelo controle dos músculos axiais e proximais dos membros.
•	 Já a zona intermediária de cada hemisfério projeta-se para regiões do córtex e do TE, formando 
as vias descendentes laterais que controlam os músculos distais dos membros.
•	 Por sua vez, a zona lateral de cada hemisfério projeta-se para o núcleo denteado, conectando-se 
com regiões motora e pré-motora do córtex cerebral. Essas regiões são classicamente envolvidas 
no planejamento dos movimentos voluntários.
Assim, funcionalmente, o CB também apresenta divisões importantes (ver figura 16):
•	 Vestibulocerebelo: formado por conexões aferentes e eferentes com núcleos vestibulares do 
bulbo. Recebe inputs dos sistemas visual, somatossensorial e vestibular, sendo responsável por 
movimentos oculares e equilíbrio durante a bipedestação e marcha.
•	 Espinocerebelo: região formada pelo vérmis e pelos núcleos profundos. Recebe input proprioceptivo 
e cutâneo da ME, formando o trato espinocerebelar, além de informações auditivas, visuais e vestibulares. 
Suas conexões eferentes abarcam a formação reticular, núcleos vestibulares, tálamo, córtex motor 
e núcleo rubro. Assim, o espinocerebelo é responsável pelo controle dos componentes medial e lateral 
dos sistemas motores descendentes, que, por sua vez, controlam os movimentos dos membros.
•	 Cerebrocerebelo: contempla regiões formadas pelas porções laterais de cada hemisfério cerebelar. 
Suas conexões aferentes são núcleos pontinos com vias oriundas de muitas áreas do córtex 
cerebral como áreas sensorial, motora, pré-motora e parietal posterior. Suas conexões eferentes 
direcionam-se ao núcleo denteado – que projeta para o tálamo e então para córtices motor, 
pré-motor, parietal e pré-frontal. Essa região exerce importante papel no planejamento e na 
iniciação dos movimentos e também medeia processamentos cognitivos por meio de projeções 
do núcleo denteado para áreas frontais envolvidas no processamento cognitivo, bem como áreas 
ativas durante a imaginação do movimento.
29
CONTROLE MOTOR E NEUROCIÊNCIAS
Aferência
Eferência
Córtex 
associativo
Cerebrocerebelo Espinocerebelo Vestibulocerebelo
Núcleos 
espinocerebe-
lares e pontinos
Núcleo rubro e 
núcleos reticulares
Núcleos 
espinocerebelares 
Núcleos 
vestibulares
Núcleos 
vestibulares
Núcleos 
pontinos
Tálamo 
ventrolateral
Córtices: motor, 
pré-motor, 
pré-frontal e 
parietal
Receptores 
somatossensoriais 
(membros), córtex 
motor
Interneurônios (medula 
espinhal), oliva inferior e 
outros núcleos do tronco 
encefálico
Receptores somatossensoriais 
(pescoço), informações dos labirintos 
e visuais
Núcleos 
vestibulares
Receptores 
somatossensoriais 
(tronco), informação 
visual e auditiva
Neurônios motores 
e interneurônios 
(medula espinhal e 
tronco encefálico)
Vias espinocerebelares (e 
vias vestibulocerebelares e 
pontocerebelares)
Vias vestibulocerebelares 
(e espinocerebelares 
pontocerebelares)
Figura 16 – As três regiões funcionais do cerebelo têm diferentes aferências e 
diferentes alvos eferentes: D: núcleo denteado; IP: núcleo interpósito; F: núcleo fastigial
30
Unidade I
Isto posto, voltemos a nossa empresa. O CB é o gerente supervisor, que irá com o plano em mãos 
ditado pelo presidente até a periferia checar se os funcionários estão trabalhando adequadamente. 
Agora imaginem a cena: o gerente supervisor chega para seus subordinados e diz “tudo bem por aí? 
Estão cumprindo direitinho com o plano de atividades mandado pelo presidente?”, e, ao checar 
irregularidades, comenta “não façam dessa forma, vocês precisam ajustar as tarefas de acordo 
com o plano do chefe, façam desta outra forma”. E o gerente orienta os funcionários a agirem com 
desempenho melhor e, portanto, com menor número de erros, sempre tendo como base o plano 
oriundo do presidente. Conseguiu projetar essa cena em sua tela mental? Pois bem, é exatamente isso 
que o cerebelo faz: ele age como um comparador.
O CB ajusta nossas respostas motoras por meio da comparação do planejamento do movimento com 
o que está sendo realizado de fato – e, caso a trajetória do movimento esteja desviada de seu plano 
original, o CB é responsável por ajustá-la.
Por isso que em nossa analogia empresarial, o gerente dirige-se aos funcionários ditos da “periferia” 
– são as conexões com a ME – e os receptores sensoriais (musculares e articulares) recebendo um input 
por meio de feedback sobre os movimentos. Recebe conexões do córtex cerebral com informações sobre 
planejamento dos movimentos, além de mandar informações ao TE.
Assim, funcionalmente, o CB atua como um comparador do movimento pretendido e seu verdadeiro 
desempenho. É capaz de corrigir os movimentos em curso e de modificar os programas motores centrais, 
em que os movimentos subsequentes podem atingir alvos com menos erros. O CB é considerado um 
modulador indireto do movimento e postura, pois ajusta a saída dos principais sistemas motores 
descendentes do encéfalo.
O CB também modula a força muscular e amplitude de movimento, sendo estas atividades dos 
neurônios cerebelares modificadas pela experiência. Esse fato justifica o papel importante do CB no 
aprendizado motor, principalmente em suas fases iniciais. Estudos mostram participação do CB em outras 
modulações que envolvem habilidades cognitivas, emocionais e caracterizam o CB como um órgão 
capaz de grande neuroplasticidade.
Entendendo melhor as funções do CB no controle do movimento, podemos inferir quanto aos 
sinais apresentados pelos indivíduos que apresentam acometimentos cerebelares: sem o “gerente geral” 
para ajustar as tarefas, os movimentos ocorrem de forma descoordenada, apresentando, portanto, 
incoordenação motora e o que chamamos de ataxia, com erros no alcance e força dos movimentos; erros 
na frequência e regularidade dos movimentos; alterações na coordenação oculomotora, de equilíbrio e 
também redução do tônus muscular.
2.2.2 Integração em nível dos núcleos da base
Voltemos à nossa empresa. Lembre-se de que o presidente (cérebro) manda uma cópia de seu 
planejamento ao gerente supervisor (CB) e outra cópia aos diretores gerais (NB). Esses diretores 
também são moduladores indiretos do movimento. É o que veremos agora: a participação dos NB 
no controle motor.
31
CONTROLE MOTOR E NEUROCIÊNCIAS
Imagine um grupo de diretores gerais que só mantêm contato com o presidente e seu assistente. 
Somente com eles. Recebem comandos e devolvem pareceres ao presidente. Assim são os NB: recebem 
input e mandam suas conexões eferentes ao cérebro. Essencialmente, as conexões aferentes são oriundas 
de diversas regiões do córtex cerebral, ao passo que suas eferências são direcionadas aos córtices 
pré-frontal, pré-motor e motor, por via talâmica.
O tálamo está situado no diencéfalo e age como um “núcleo relé”, um local de processamento 
de passagem: processa a maioria das informações oriundas do córtex cerebral, que por sua vez são 
originárias de vias paralelas diferentes (ME, CB e TE). Assim, o tálamo, em nossa analogia, seria o 
assistente do presidente.
Vamos fazer uma revisão de neuroanatomia? (Veja figura 17.)
Os NB são formados por cinco núcleos interconectados: caudado, putâmen, globo pálido (dividido 
em dois: globo pálido externo e globo pálido interno), subtalâmico (situado abaixo do tálamo) e 
substância negra (SN: dividida em parte reticulada e parte compacta).
As vias de entrada dos NB são constituídas pelos núcleos caudado e putâmen – derivados do 
telencéfalo – e também chamados de neoestriado ou corpo estriado. Essas vias aferentes são oriundas 
do córtex cerebral e núcleos intralaminares do tálamo e recebem informações de áreas sensoriais, 
motorase de associação corticais.
Já os núcleos de saída dos NB são constituídos pelo globo pálido (principalmente porção interna) e 
zona reticulada da SN por meio de duas vias, denominada direta e indireta. Os NB também têm uma via 
exclusiva de processamento interno, chamada de via dopa.
As conexões eferentes dos NB projetam-se para o tálamo e posteriormente para o córtex cerebral 
também via núcleo pedunculopontino e têm como suas principais regiões alvo as áreas: pré-frontal, 
pré-motora, área motora suplementar e motora primária. Existe uma projeção adicional para colículo 
superior, responsável pelo controle dos movimentos oculares.
Devido à ampla gama de conexões corticais aferentes e eferentes relacionadas aos NB, sua influência 
no controle do movimento é muito evidente. Na verdade, a atividade dos NB no controle motor se dá 
por modulação indireta por meio de diversas caraterísticas do movimento.
32
Unidade I
Núcleo caudado
Putâmen
Globo pálido:
Segmento externo
Segmento interno
Núcleo subtalâmico
Núcleos 
da base
Substância negra
Núcleo caudado
Putâmen
Tálamo
Cápsula interna
Figura 17 
Em relação às características funcionais, os NB estão envolvidos em quatro circuitos funcionais 
(ver figura 18), a saber:
•	 Circuito motor: com participação das áreas pré-motora, motora suplementar e motora primária 
e responsável pelas funções de preparação, execução do movimento e ativação seletiva de 
programas motores.
•	 Circuito oculomotor: com participação dos campos visuais frontal e suplementar do córtex, 
responsável pelo controle dos movimentos sacádicos dos olhos.
•	 Circuito executivo/associativo: funções não motoras, responsável pela organização do 
comportamento usando habilidades verbais na resolução de problemas e na mediação de respostas 
socialmente apropriadas.
•	 Circuito emoção/motivação: funções não motoras, envolvidas no controle dos comportamentos 
motivados e aprendizado implícito.
33
CONTROLE MOTOR E NEUROCIÊNCIAS
Alça para movimento corporal
Córtices motor primário, 
pré-motor, motor 
suplementar 
Campo visual 
frontal, campo 
visual suplementar
Córtex pré-frontal 
dorsolateral 
Córtex orbitofrontal 
e giro do cíngulo 
anterior
Alças motoras Alças não motoras
Comparação das alças ou circuitos motores e não motores dos núcleos da base
Af
er
ên
ci
a 
co
rt
ic
al
 
Es
tr
ia
do
Pá
lid
o
Tá
la
m
o
Córtex 
frontal Alvos 
corticais
Alvos 
corticais
Alvos 
corticais
Alvos 
corticais
Amídala, 
hipocampo, córtex 
orbitofrontal, 
giro do cíngulo 
anterior, temporal
Estriado ventral
 Pálido ventral
Núcleo 
mediodorsal
Córtex pré-frontal 
dorsolateral
Caudado anterior 
(cabeça)
Segmento interno 
do globo pálido; 
parte reticular da 
substância nigra
Núcleos 
mediodorsal e 
ventral anterior 
Córtices parietal 
posterior e 
pré-frontal 
Caudado (corpo)
Segmento interno 
do globo pálido; 
parte reticular da 
substância nigra
Núcleos 
mediodorsal e 
ventral anterior 
Córtices motor, 
pré-motor e 
somatossensorial
Putâmen
Segmento interno 
do globo pálido 
lateral
Núcleos ventral 
lateral e 
ventral anterior
Alça oculomotora Alça pré-frontal Alça límbica
Figura 18 
Essencialmente, os NB agem funcionalmente como um “portão inibitório” em relação aos programas 
motores que temos armazenados em nossos arquivos de memória encefálicos (GAZZANIGA; IVRY; 
MANGUN, 2016). São os processamentos dos NB que auxiliam a eleição dos programas motores a serem 
utilizados regendo um determinado comportamento motor; assim, o programa motor mais adequado é 
escolhido para ser colocado em prática.
Ademais, de uma forma mais prática, podemos associar os NB a um sistema refinado de modulação 
do movimento, composta por processamentos relacionados ao planejamento dos movimentos, 
iniciação dos movimentos, organização dos ajustes posturais, execução de estratégias motoras 
complexas, controle oculomotor e aspectos cognitivos do movimento. E, por tamanha importância, 
os indivíduos com lesões nessas regiões apresentam uma ampla gama de sinais e sintomas, não 
relacionados diretamente à fraqueza muscular, mas sim a aspectos regulatórios do acesso muscular, 
dificuldade na iniciação dos movimentos; alterações nas seletividades dos movimentos, como alteração 
na sua iniciação, lentidão nos movimentos (denominada hipocinesia, presente, por exemplo, na doença 
de Parkinson), atividade aumentada na regulação dos movimentos (denominada hipercinesia, presente, 
por exemplo, na doença de Huntington), bem como os indivíduos também podem apresentar alterações 
do tônus muscular e dos reflexos posturais.
34
Unidade I
Você viu como funcionam esses sistemas de regulação do movimento? Em relação a nossa empresa 
fictícia, o planejamento proposto pelo presidente cérebro é mandado aos seus dois departamentos 
de regulação indireta: o gerente supervisor CB e os diretores gerais NB – cada qual com seu perfil de 
modulação. O gerente supervisor mantendo contato com a periferia e tendo um perfil modulatório 
“on time” sobre o que está ocorrendo de fato comparando-se com o plano inicial é muito importante, 
em especial na aquisição de habilidades motoras novas. Complementar a isso, temos os diretores gerais 
NB, que exercem uma modulação mais refinada, conversando somente com o presidente e seu auxiliar 
direto, por meio de processamentos relacionados a ajustes e eleição de programas motores já existentes.
2.2.3 Integração ao nível cerebral
Agora vamos para o “poderoso chefão”? Vamos estudar como esse presidente da empresa atua no 
comando da organização dos nossos movimentos?
Na verdade, se nossos movimentos fossem modulados apenas por ME e TE, eles seriam classificados 
como movimentos estereotipados, sem modulação mais complexa, sem as modificações e ajustes dos 
centros superiores para se atingir determinados objetivos e comportamentos motores.
Essa capacidade de organizar atos motores complexos e de executar movimentos finos com precisão 
depende do controle das áreas motoras do córtex cerebral. Nossos movimentos voluntários contemplam 
duas características principais: planejamento de acordo com os objetivos e ajuste modulatório de 
acordo com aspectos específicos do ambiente.
 Lembrete
O CB e os NB agem como moduladores indiretos do movimento voluntário.
Os comandos motores corticais dividem-se em dois sistemas: as vias corticobulbares, que controlam 
os núcleos dos nervos motores cranianos e, portanto, os músculos faciais e as vias corticoespinhais, que 
controlam os neurônios motores que inervam os músculos do tronco e dos membros.
Portanto, a principal via motora descendente do cérebro é o trato corticoespinhal (TCE). Vamos 
descobrir um pouco mais sobre essa importante via? (Veja figura 19.)
O TCE é constituído por cerca de 1 milhão de axônios, compondo um maciço feixe de fibras. Esse 
feixe origina-se em regiões motoras e sensoriais, a saber: córtex motor primário (50% das fibras), área 
pré-motora dorsal e ventral, área motora suplementar, córtex somatossensorial. Essas fibras cursam pela 
cápsula interna e três quartos das fibras cruzam a linha média na decussação das pirâmides no bulbo, 
que descem pela parte dorsal da coluna lateral da ME e formam o denominado TCE lateral, responsáveis 
principalmente pelo controle dos movimentos distais dos membros. As fibras que não cruzam a 
decussação das pirâmides (cerca de 10%) descem pelas colunas ventrais e formam os TCE ventrais 
ou anteriores, responsáveis pelo controle de movimentos menos precisos dos músculos proximais de 
membros e tronco.
35
CONTROLE MOTOR E NEUROCIÊNCIAS
Via corticospinal lateral descendente
Córtex cerebral 
Córtex 
motor 
primário
Cápsula 
interna 
(ramo 
posterior)
Mesencéfalo
Ponte
Bulbo
Junção bulbo-medula 
espinal
Medula espinal 
cervical 
Zona intermediária 
lateral e núcleos 
motores laterais
Pedúnculo 
cerebral
Pirâmide
Decussação 
piramidal
Trato corticospinal lateral
Coluna lateral
Figura 19 – Trato corticoespinhal
Agora, vamos falar umpouco mais sobre o córtex cerebral de fato. As áreas motoras do córtex 
cerebral são responsáveis por funções variadas e são organizadas em mapas somatotópicos, em que 
36
Unidade I
áreas motoras corticais específicas controlam partes corporais contralaterais específicas. As áreas 
somatotópicas corticais são chamadas de homúnculos – temos, como exemplo, os homúnculos sensorial 
e motor, que refletem a inervação cortical organizada dos córtices sensorial e motor, respectivamente 
(figura a seguir).
 Observação
Somatotopia é a correspondência ponto a ponto de uma área do 
corpo com um ponto específico no SNC. Exemplo: uma área do corpo 
corresponde a um ponto de representação no córtex somatossensorial ou 
motor primários.
Intra-abdominal
Deglutição
Artelhos
Tornozelo
Joelho
Língua
Mandíbula
Lábios
Face
Ma
sti
ga
çã
o
Sa
liv
aç
ão
Vo
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liz
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ão
Pálp
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Ded
os
ArtelhosGenitais
Pé
Faringe
Língua
Dentes, gengiva e mandíbula
Lábio inferior
Lábio su
perior
Fa
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ar
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a
A) Homúnculo sensorial B) Homúnculo motor
Medial MedialLateral Lateral
B A
Figura 20 – Homúnculos sensorial e motor
A principal área de execução do movimento voluntário é modulada pelos neurônios do córtex motor 
primário, que codificam a força e a direção dos movimentos voluntários. Esses neurônios são mantidos 
informados sobre as variáveis do movimento, como situação de contração e velocidade, pois recebem 
entradas sensoriais. Assim, as ações motoras são controladas por populações de neurônios e organizadas 
por somação vetorial a fim de predizerem direção e amplitude do movimento.
Atualmente, sabe-se que o córtex motor primário não é responsável somente pela execução 
do movimento voluntário. Estudos recentes mostram atividades relacionadas ao córtex motor 
primário que contemplam funções concernentes à empatia, cognição social e aspectos emocionais 
(TOMASINO; GREMESE, 2016).
37
CONTROLE MOTOR E NEUROCIÊNCIAS
Córtex 
pré-motor
Área motora 
suplementar
Córtex motor 
primário
Córtex 
somatossensorial 
primário
Córtex parietal 
posteriorPernaPerna
BraçoBraço
FaceFace
Figura 21 
Exemplo de aplicação
Reflita sobre estimular a execução de movimentos e seus efeitos emocionais e cognitivos. Será 
que organizar seu tratamento considerando empatia e contexto emocional potencializa a execução 
dos movimentos?
Para que o movimento voluntário ocorra de forma harmônica e adequada, deve haver uma 
preparação dele. Essa preparação é chamada de planejamento do movimento e é realizada por porções 
mais anteriores do córtex cerebral, mais precisamente as áreas pré-motoras situadas no lobo frontal. 
Assim, as áreas pré-motoras corticais preparam os sistemas de execução motora para o movimento e são, 
portanto, responsáveis pelo planejamento dos movimentos direcionados a um objetivo. Existem duas 
principais áreas de planejamento motor: a área pré-motora e a área motora suplementar (figura a seguir).
A) Vista lateral
Córtex pré-motor
Córtex motor primário
Córtex pré-motor
Córtex motor 
primário
B) Vista medial
Figura 22 – Áreas corticais
38
Unidade I
Vejam que interessante: um estudo de 1980 mostrou que diferentes áreas corticais são responsáveis 
por diferentes atividades funcionais. Por meio da análise do fluxo sanguíneo, os cientistas detectaram 
o seguinte: quando as pessoas realizavam tarefas simples dos dedos, como apertar uma mola, o fluxo 
sanguíneo aumentava nas áreas corticais motora e sensorial primárias. A atividade motora estava 
relacionada à execução da resposta simples e a atividade sensorial relacionada à sinalização dos 
receptores periféricos.
Quando as pessoas realizavam sequências complexas de movimentos dos dedos, o aumento do 
fluxo sanguíneo se estendia dessas mesmas áreas até regiões da área motora suplementar. Entretanto, 
quando as pessoas apenas realizavam ensaio mental dessas mesmas sequências complexas, apenas 
houve aumento do fluxo sanguíneo da área motora suplementar (ROLAND et al., 1980).
Assim, demonstrou-se que a atividade dos neurônios na área motora suplementar está ligada 
à atividade mental necessária para o planejamento desses movimentos, envolvendo a mesma área 
do córtex caso o movimento seja executado de fato ou apenas ensaiado mentalmente. Trocando 
em miúdos, isso quer dizer que praticar mentalmente os movimentos promove ativação de áreas 
relacionadas à programação motora. Ademais, sabe-se que a área motora suplementar está relacionada 
à programação de sequências motoras complexas, também da coordenação de movimentos bilaterais 
das mãos. Diante do exposto, vejam que incrível: estamos com mais uma ferramenta da fisioterapia.
 Observação
A denominada prática mental é uma abordagem fisioterapêutica que 
envolve abordagens de ensaios dos movimentos e ativam e estimulam áreas 
relacionadas ao planejamento motor e potencialização de sua posterior 
execução sob uma teoria denominada “equivalência motora”: a prática 
mental ativa os mesmos circuitos motores do movimento executado de 
fato, ainda que em menor intensidade.
Importante considerar que as áreas pré-motoras e parietais estão envolvidas em identificação de 
alvos no espaço, na escolha de determinadas estratégias de ação e na programação dos movimentos. 
As áreas pré-motoras mandam outputs principalmente ao córtex motor, que por sua vez conduz os sinais 
para TE e ME via tratos corticoespinhal e corticobulbar. As áreas corticais também interagem com áreas 
de processamento sensorial no lobo parietal, com CB e NB, responsáveis, como vimos anteriormente, 
pelo planejamento, refinamento e execução das ações do movimento.
Outra região importante para o controle dos aspetos cognitivos do movimento são as áreas de 
associação das regiões frontais, onde a ação do córtex pré-frontal destaca-se como de extrema 
importância, por regular habilidades que regem o movimento voluntário, como intenção (volição), 
tomada de decisão, monitoramento do movimento, inibição de estímulos irrelevantes, entre outros. Esse 
assunto sobre a participação extensa dos sistemas cognitivos será estudado em outro capítulo muito 
importante ainda neste livro. Aguardem!
39
CONTROLE MOTOR E NEUROCIÊNCIAS
Devido a essas características funcionais relacionadas a execução e planejamento do movimento, 
podemos inferir sobre a presença de alguns sinais e sintomas apresentados pelos pacientes quando 
diante de lesões dessas regiões. Acometimentos que envolvam neurônios do córtex motor primário 
podem causar manifestações no recrutamento das miofibrilas propriamente ditas, levando a fraquezas 
musculares. Por sua vez, acometimentos em áreas pré-motoras comprometem a capacidade de se 
desenvolver estratégias adequadas para o movimento, de organizar um plano adequado dele.
Ademais, precisamos destacar as funções do “assistente do presidente da empresa”: o tálamo. 
O tálamo é considerado o maior centro de processamento do cérebro, pois recebe informações dos 
tratos ascendentes somatossensoriais, de NB e CB também.
 Observação
Devido a suas importantes funções, lesões no tálamo podem causar 
sérios sinais e sintomas tanto de cunho sensorial como motor.
Gostou? Como está sua percepção e seu conhecimento acerca do controle do movimento?
Em sua grande essência, podemos considerar a ME como integrativa dos reflexos, os sistemas 
descendentes do TE responsáveis pelo controle postural de tônus e dos movimentos de olhos e cabeça, 
o cérebro como grande gerenciador do movimento voluntário (direcionado a um objetivo) por meio de 
suas atuações no planejamento, na execução e na organização cognitiva do movimento voluntário e, 
por fim, a atividade modulatória dos dois grandes sistemas de controle indireto:

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