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UNIVERSIDADE LICUNGO
FACULDDE DE EDUCACAO E PSICOLOGIA
Movimento feminista 
Nome: Esperança Diroteio
					
Curso: licenciatura em psicologia
Ano: 2
Disciplina: teorias sobre a diferença de género
Docente: Dr. Piedade Alferes
Quelimane Maio de 2021
UNIVERSIDADE LICUNGO
FACULDDE DE EDUCACAO E PSICOLOGIA
Movimento feminista
Nome: Esperança Diroteio
				
Trabalho de carácter avaliativo a ser entregue
 No departamento de educação e psicologia
 na cadeira de teorias e diferença sobre género 
A ser leccionado por Dr. Piedade Alferes 
Quelimane Maio de 2021
1. 
2
Índice
2.	Introdução	4
2.2.	Metodologia	5
3.	História do movimento feminista	6
2.1. Primeira onda do movimento feminista	7
3.2.	Segunda onda do movimento feminista	8
3.3.	Terceira onda do movimento feminista	10
4.	Teorias sobre a diferença de género	12
3.1. Teorias essencialistas	13
3.1.1. Teoria do deficit	13
3.1.2. Teoria da dominação	14
3.1.3. Teoria das duas culturas (da diferença)	14
4.2.	Teorias não-essencialistas	15
4.2.1.	Teoria performativa ou construcionista	15
5.	Conclusão	16
6.	Referências bibliográficas	17
2. 
3. Introdução
Uma das questões mais centrais quando o tema é a presença da mulher na arena pública de decisão, em geral, ou na política, em particular, é a seguinte: que mulheres querem nos cenários políticos? Todas as mulheres, independente de classe, posição política, comprometimento com as questões de reconhecimento das minorias sem poder? Ou estamos lutando para elegermos nos parlamentos e nas posições-chave de poder, mulheres feministas que defendam as grandes causas do movimento?
Todavia, esta presença não garante que as mulheres tenham se eleito com plataformas feministas ou que sejam feministas. Mesmo assim é muito mais provável que as demandas por direitos das mulheres sejam defendidas por mulheres do que por homens, independente da posição política, ideológica e mesmo da inserção no movimento feminista.
1.1 Objectivos 
· Objectivos gerais
· Abordar sobre o movimento feminista.
· Objectivos específicos	
· Descrever a história do movimento feminista;
· Caracterizar as ondas do movimento feminista;
· Resumir sobre as teorias sobre diferença de género.
3.2. Metodologia
No que diz respeito a metodologia para a realização do trabalho foi feita através de leitura e de consultas bibliográficas relacionadas a esta área de estudo. As obras consultadas que tornaram o trabalho possível encontram-se listadas no final do trabalho, depois da conclusão, estando organizadas em ordem alfabética.
4. História do movimento feminista 
Ao longo da história ocidental sempre houve mulheres que se rebelaram contra sua condição, que lutaram por liberdade e muitas vezes pagaram com suas próprias vidas. A Inquisição da Igreja Católica foi implacável com qualquer mulher que desafiasse os princípios por ela pregados como dogmas insofismáveis. Mas a chamada primeira onda do feminismo aconteceu a partir das últimas décadas do século XIX , quando as mulheres, primeiro na Inglaterra, organizaram-se para lutar por seus direitos, sendo que o primeiro deles que se popularizou foi o direito ao voto. As sufragastes, como ficaram conhecidas, promoveram grandes manifestações em Londres, foram presas várias vezes, fizeram greves de fome.
O movimento feminista tem uma característica muito particular que deve ser tomada em consideração pelos interessados em entender sua história e seus processos: é um movimento que produz sua própria reflexão crítica, sua própria teoria. Esta coincidência entre militância e teoria é rara e deriva-se, entre outras razões, do tipo social de militante que impulsionou, pelo menos em um primeiro momento, o feminismo da segunda metade do século XX: mulheres de classe média, educadas, principalmente, nas áreas das Humanidades, da Crítica Literária e da Psicanálise. Pode se conhecer o movimento feminista a partir de duas vertentes: da história do feminismo, ou seja, da acção do movimento feminista, e da produção teórica feminista nas áreas da História, Ciências Sociais, Crítica Literária e Psicanálise. Por esta sua dupla característica, tanto o movimento feminista quanto a sua teoria transbordaram seus limites, provocando um interessante embate e reordenamento de diversas naturezas na história dos movimentos sociais e nas próprias teorias das Ciências Humanas em geral.
Foi na revolução francesa que as mulheres passaram a se questionar, pois, nessa
época, os homens lutavam em busca de cidadania e as mulheres lutavam junto a eles, porém não foi o povo que dirigiu a revolução nem quem colheu o fruto.
Beauvoir (2016, p.159), ou seja, as conquistas políticas ainda não chegavam até elas, não eram vistas como cidadãos de direito pela sociedade. Ao longo da história ocidental sempre houve mulheres que se rebelaram contra sua condição, que lutaram por liberdade e muitas vezes pagaram com suas próprias vidas. A Inquisição da Igreja Católica foi implacável com qualquer mulher que desafiasse os princípios pregados como dogmas insofismáveis. Então, não é de hoje que mulheres questionam suas condições e reivindicam por mudanças, ao longo da história ocidental sempre houve mulheres que se rebelaram contra sua condição, que lutaram por liberdade e muitas vezes pagaram com suas próprias vidas.
Pinto (2010 p.15) falar do movimento feminista é entrar em um caminho repleto de estudos e teorias esclarecedoras, sobre a relação de poder na sociedade em que estamos inseridos. O movimento feminista apresenta suas próprias reflexões críticas que se aprimoraram com o decorrer do tempo e o aprofundamento de seus estudos levam a tomada de consciência das condições impostas à mulher na sociedade.
2.1. Primeira onda do movimento feminista
Na metade do no século XIX, na Europa e nos Estados Unidos, o movimento feminista passa a ser desenvolvido; é, nesse período, que se inicia a chamada primeira onda do movimento feminista que, segundo Cisne (2015), é o período em que as mulheres vão ter aproximação com as lutas sociais. A mesma autora afirma que, inicialmente, o movimento feminista é marcado por três correntes, começando pela corrente feminista liberal representada pelas mulheres burguesas que reivindicavam por direitos políticos iguais, educação e mudanças na legislação sobre o casamento.
 Conforme Cisne (2015 p.106), “o feminismo liberal buscava reduzir as desigualdades entre homens e mulheres por meio das políticas de acção positiva, podemos falar de um feminismo reformista” Mas, devido ao processo de industrialização, desenvolvem-se as classes e as mulheres passaram a serem incluídas nos trabalhos operários, então, as mulheres operárias passam a organizar reivindicações que alcançaram as mulheres da classe trabalhadora, conseguindo chamar uma atenção que proporcionou certa visibilidade (não significa que foi uma visibilidade positiva na sociedade) ao movimento.
Com a consolidação do capitalismo, as mulheres são incluídas nesse sistema, sendo super exploradas e postas a situações abusivas e precárias, passando a trabalhar o dobro do que os homens trabalhavam e a receber um comparativo de 1/3 do salário masculino, dessa forma “a mulher era explorada mais vergonhosamente ainda do que os trabalhadores do outro sexo, Beauvoir (2016, p.166). Com isso, essas mulheres passam a vivenciar as lutas operárias e a se aproximar dos estudos marxistas, o que se torna outra corrente do movimento feminista, as mulheres trabalhadoras romperam o silêncio e projectaram suas reivindicações na esfera pública. Com isso, as mulheres se unem aos homens em greves, contudo, o resultado das lutas operárias ainda excluía as mulheres. 
Devido a essa exclusão, as mulheres trabalhadoras desenvolvem a corrente feminista marxista. Nesse processo, o movimento feminista ganha força e visibilidade com as
Sufragistas; esse movimento surge na Inglaterra no século XIX e sua principal reivindicação era o direito ao voto. As sufragistas uniam mulheres de todas as classes em busca do sufrágio feminino. Dois nomes bastante importantes nesse processo são o deOlympia de Gouges (1748-1793) que em 1789 fez críticas a Declaração dos direitos do homem e do cidadão, publicando uma versão do mesmo documento para o feminino a “Declaração dos direitos da mulher e da cidadã” na França e Mary Wollstonecraft (1759-1797) publicou a obra “ uma vindicação dos direitos da mulher” em 1792 trazendo reflexões sobre a emancipação das mulheres, defendendo a democracia e o direitos das mulheres na Inglaterra, ambas são reconhecidas como pioneiras do feminismo, e influenciaram a construção do movimento das Sufragistas que lutavam pelo direito ao voto, assim alcançando tanto as mulheres burguesas, como as operarias.
O fim da primeira onda é marcado por algumas publicações que serviram de base
para o início da segunda onda do movimento. No final da década de 1940, Simone de
Beauvoir (1908-1986) uma escritora francesa, publica o seu livro “O segundo sexo”; essa
obra traz novos questionamentos sobre os condicionamentos que a mulher sofre em sua
socialização, segundo e contribuiu para as reflexões feministas na década de 1960. Simone de Beauvoir trouxe reflexões para além das desigualdades políticas, ela fazia questionamentos relacionados à cultura e ao processo de socialização, como também levantou reflexões sobre o que é ser mulher. “Ninguém nasce mulher: Torna-se mulher assim afirmava a autora onde explica a existência das definições do masculino e feminino na sociedade.
4.2. Segunda onda do movimento feminista
A segunda onda inicia-se no período pós-guerra, em que carregavam um lema “o político é pessoal”; esse lema se referia aos acontecimentos dentro do âmbito familiar que recebia uma intervenção da esfera pública e as mulheres que estavam envolvidas no
movimento feminista buscavam por mudanças, abordavam em suas pautas a questão da
violência social e doméstica que as mulheres sofriam, afirmando que essa questão deveria ser tratada pela esfera pública em busca de soluções. Portanto, a segunda onda inicia-se trazendo reflexões relacionadas às condições das mulheres em âmbito doméstico e social e, além disso, passam a levantar questionamentos relacionados aos papéis de género.
O livro de Beauvoir trouxe para o movimento feminista uma reflexão do género
em sua forma social, considerando que o género é construído pelas relações sociais, ou seja, está relacionado ao que o indivíduo se torna após o seu nascimento e tudo que irá ser imposto por toda uma construção social. Com isso Betty Friedan (1921-2006) uma activista feminista americana, baseando-se nos estudos de Beauvoir, desenvolve um trabalho, publicado em 1963, chamado “A mística feminina”; o trabalho traz depoimentos de mulheres da classe média nos quais mostram suas frustrações relacionadas ao seu papel como “rainha do lar”. Esse livro traz a experiência e a vivência dessas mulheres no âmbito doméstico. Outro nome importante é de Kate Miller (1934-2017) uma activista americana que publicou o livro “Política Sexual”, no qual, fazia uma análise histórica das relações entre os sexos e da relação de poder prevalente em todas as culturas. E na mesma época, Juliet Mitchell (1940) um psicanalista feminista, pulica “A condição da mulher”, em que fazia reflexões sobre as esferas de produção da reprodução da sexualidade e da educação.
Essas obras passam a contribuir no desenvolvimento dos estudos feministas no
período 1960 a 1980: o movimento passa a adquirir novas características e as reivindicações que antes eram voltadas apenas para a desigualdade de direitos políticos, trabalhistas e civis, passam também a questionar e a estudar o que causa essas desigualdades. É nessa época que é desenvolvido uma nova corrente feminista, o feminismo radical, que será comentado um pouco mais à frente. 
Com isso, podemos perceber que o movimento feminista, na segunda onda, passa
a abordar pautas relacionadas à opressão da mulher, a sexualidade, a construção cultural de género e dominação. O discurso agora estava focado nas relações de poder entre homens e mulheres, debatendo sobre questões de discriminação, desigualdades culturais e estruturas sexistas.
Lembrando que antes, a luta se baseava em uma conquista política, relacionada à
luta de classes e ao papel da mulher na sociedade; quando se conquista o direito ao voto, os questionamentos começam a ser para além desse debate. Portanto, a segunda onda é caracterizada pelo começo dos questionamentos voltados ao género, opressão do sexo
feminino e a reflexões acerca do sistema patriarcal.
Também é nesse período que o movimento feminista traz discussões em torno da
defesa de liberdade sexual da mulher; o aborto também passa a ser uma pauta do movimento nesse período, assim como a pauta da discussão sobre o direito de ser mãe a partir da vontade da mulher, a qual pudesse ter a liberdade de decidir se quer ou não ter filhos, bem como o momento de ter filhos seja escolha da mulher. Todas essas pautas foram construídas e desenvolvidas na chamada segunda onda, porém o movimento feminista logo sofrerá por mudanças em suas discussões.
4.3. Terceira onda do movimento feminista
A partir da década de 1990, o movimento feminista vivenciou a chamada terceira
onda; os estudos e as pesquisas feministas vão enriquecendo e o movimento começa a passar por grandes transformações. Feministas passaram a questionar o próprio movimento, percebia-se que os estudos feministas abordavam experiências que representavam apenas as mulheres da classe média e brancas. Esse questionamento marcara a terceira onda, pois é, nesse momento, que, mulheres ligadas ao feminismo, farão críticas aos estudos que caracterizaram a segunda onda. 
Inicia-se um processo de desconstrução “universal” da mulher, ou seja, o próprio
movimento feminista tratava a vida da mulher de forma colectiva como se todas as mulheres, de todas as classes e raça, vivessem os mesmos problemas, estivessem expostas à mesma forma de opressão. As feministas da terceira onda abordam sobre a exclusão das demais mulheres que não pertenciam à classe média e Consequentemente, o movimento passa a ganhar novas correntes que passam a considerar a raça, a classe e a região. Reconheciam que existia uma pluralidade feminina.
 O surgimento de novas correntes ou vertentes do movimento feminista surgem a partir de demandas e da necessidade de discussão da realidade das mulheres de classe mais baixa e diferenças raciais.
A partir disso, podemos trazer exemplos de novas correntes feministas que
estavam sendo desenvolvidas; nesse período, da terceira onda, o movimento feminista negro é o de maior destaque, segundo Miguel (2014 p.85), “Feministas negras questionaram os desdobramentos dessa construção da identidade da mulher” mostrando que a realidade das mulheres negras trabalhadoras é totalmente diferente das mulheres brancas de classe média.
Então, a terceira onda do movimento feminista é marcada pelo reconhecimento de
uma pluralidade feminina; esse reconhecimento contribuiu para o desenvolvimento de
vertentes que representassem e considerassem as particularidades das mulheres como a classe, a raça e a localidade. Hoje, nós podemos contar com diversas vertentes, incluindo as iniciativas que foram desenvolvidas no período da primeira e segunda onda.
Nesse ponto, podemos recapitular sobre as principais características de algumas
correntes citadas a cima; o movimento feminista liberal estava representado pelas mulheres burguesas, e, ainda hoje, tem esse perfil em que mulheres da classe mais alta fazem parte desse grupo. Essa vertente lutava por uma reforma nas políticas em que as desigualdades entre homens e mulheres pudessem ser reduzidas, reivindicavam por direitos políticos iguais, educação e mudanças na legislação sobre o casamento. Resumindo, na actualidade, o movimento feminista liberal acredita na ideia de que o problema vivenciado pelas mulheres pode ser resolvido a partir de mudanças políticas e legais.
Como o movimento feminista liberal está representado pelas mulheres da classe
média, o movimento feminista marxista é representado pelas mulheres da classe trabalhadora; coma consolidação do capitalismo, as mulheres passam a serem incluídas no mercado de trabalho; com a revolução industrial, temos o desenvolvimento dos movimentos sociais e, com isso, as mulheres operárias passam a participar das lutas operárias, aproximando-se dos estudos marxistas.
 Essa vertente trabalha com a ideia de que a divisão da sociedade em
classes influência nas relações sociais; com isso, suas reivindicações partem da ideia de que a mulher vem sendo oprimida pela sociedade e, mesmo que as leis sejam modificadas, dando assim um perfil igualitário para homens e mulheres, as mulheres ainda continuaram sempre atrás do homem, que sempre foi privilegiado e beneficiado pelo sistema. Como a primeira onda focalizava suas lutas em mudanças políticas, na segunda onda surge uma nova discussão voltada a um sistema patriarcal e estruturador, sobre o que é género e o que é ser mulher. Dito isso, na segunda onda, desenvolve-se outra vertente, o movimento feminista radical. O radical vem de raiz, trabalham com a ideia de que as mudanças só ocorreriam quando transformassem a raiz da questão e a raiz de toda opressão é o sistema patriarcal, um exemplo específico das relações de género que gera uma relação de poder e dominação masculina. A vertente também trabalha com a ideia de que a luta feminista deve ser colectiva e sem recortes, que todas as mulheres, de diferentes classes e raças, devem lutar juntas contra esses sistemas que estruturam as relações sociais e que dá privilegio ao homem.
Após a segunda onda, iniciam-se grandes questionamentos relacionados a esses
recortes, em que mulheres negras e de classe baixa não se identificam com as lutas anteriores, já que a mulher negra tem necessidades específicas, sua realidade não condiz com a realidade de mulheres brancas. Devido a essa questão, o movimento feminista negro é desenvolvido na terceira onda e tem, em suas pautas, além do preconceito que existe a mulher, também trazem o preconceito racial e a esse sofrimento duplo que a mulher negra sofre na sociedade. Também, na terceira onda, desenvolvem-se vertentes que surgem na mesma perspectiva do movimento negro, na ideia de representar mulheres com necessidades específicas, como o movimento feminista lésbico, interseccional, transfeminismo, entre muitas outras vertentes que surgem de acordo com as demandas e as necessidades de discussão da realidade das mulheres.
5. Teorias sobre a diferença de género 
Primeiramente, sinalizarei as teorias essencialistas que surgiram no fim dos anos setenta e foram classificadas, segundo suas pesquisadoras, como: teoria do deficit, teoria da dominação e teoria das duas culturas sendo esta focada nos papéis inadequados como a origem da diferença, em que a abordagem “cultural” ou “da diferença” seria focada na socialização da separação dos sexos como a origem.
 Na teoria do deficit, há um suposto bilinguismo da mulher, ou seja, há diferenças da linguagem relativas ao género. A teoria das duas culturas, relacionada às diferenças sociais de necessidades do homem e da mulher, leva-nos a culturas comunicativas diferenciadas pelo género. Na abordagem relativa ao poder, não há só diferenças culturais, mas também de autoridade exercidas entre ambos os géneros, de acordo com Lakoff (1975) e Cameron (1995). 
 Algumas destas teorias, ao contrário, propõem uma postura não essencialista ao classificar género. Durante a década de noventa, já se percebe, pelos estudos das teorias sobre género/sexo, uma visão mais realista, ou seja, não essencialista, que não sugere uma correspondência entre as identidades e aspectos da realidade social. 
 Na teoria performática/construcionista, os actos/performance dos géneros/sexos acontecem de acordo com os vestígios culturais, isto é, expresso em comportamentos linguísticos, práticas e/ou acções em contextos sociais particulares.
3.1. Teorias essencialistas 
 Surgiram no final dos anos setenta. Propõem uma postura essencialista sobre género. 
3.1.1. Teoria do deficit 
 Lakoff (1975) foi quem identificou as formas linguísticas, para ela, enfraquecidas ou mitigadas do discurso feminino. Suas observações forneceram um ponto de partida para explorar a complexidade das relações entre género e discurso. 
 Esta teoria aponta que a linguagem da mulher seria deficitária em relação à do homem, ou seja, existiria um suposto bilinguismo da mulher, isto é, formas linguísticas inerentes à fala feminina e à masculina. As características da fala da mulher apontariam para essa deficiência/desvio através de um menor número de palavras em seu vocabulário, com sentenças menos complexas e um estilo que veicularia a incerteza.
 Esta teoria teve como consequência um foco de pesquisas voltado para a “diferença” da fala feminina em relação à masculina; criou-se a expectativa de que as mulheres deveriam interpretar a linguagem do homem e pressionou-se para que a mulher usasse a linguagem do homem, ou seja, treinasse a “defectividade” masculina, quando pretendesse ser, por exemplo, assertiva. 
Em Oliveira (1993, p.78-81) encontramos algumas reflexões sobre esta teoria: “A existência de dois discursos, dois estilos, dois modos de expressão, um feminino e outro masculino, tributário cada um do pertencimento a uma esfera de vida e a um espaço social, merecem uma produção teórica importante, sobretudo de pesquisadores norte-americanos.
A linguagem nos usa tanto quanto nós usamos a linguagem a nossa escolha e as formas de expressão são guiadas pelos pensamentos que queremos expressar, da mesma forma que a maneira como sentimos as coisas no mundo real governa a maneira como nos expressamos sobre essas coisas.
3.1.2. Teoria da dominação 
 A abordagem relativa ao poder – também conhecida como teoria da dominância/dominação – teve a contribuição das pesquisas de Lakoff (1975) e uma releitura por Cameron (1995). Tal teoria faz uma crítica em relação às outras teorias (das duas culturas/diferença e do deficit) à medida que propõe a reflexão sobre o papel do discurso feminino frente ao masculino hegemonicamente construído. 
 Nesta teoria, as autoras acreditam que não existem problemas culturais que sinalizem problemas discursivos entre os sexos. O problema é da dominação/dominância e/ou poder. 
Lakoff (1975) considera que a fala da mulher seria caracterizada por implicatórias conversacionais. A autora atribui características próprias ao “falar” feminino, como por exemplo, ser menos assertivas ao comunicar-se. Além disso, a fala da mulher também seria marcada por formas de polidez como, por favor, muito obrigada. Sob o ponto de vista comunicativo, a autora considera a fala feminina como hesitante, trivial, educada e incerta. Ao falar como uma dama, por exemplo, a mulher seria vista como insegura e incapaz de participar de discussões sérias. A autora estabelece relações entre a natureza da fala da mulher com a falta de poder da mesma na sociedade norte-americana, por exemplo.
3.1.3. Teoria das duas culturas (da diferença) 
 A teoria das duas culturas (ou paradigma da diferença) originou-se nos estudos da linguística antropológica em que vários estudiosos contribuíram para constituir essa proposta sobre a natureza da fala feminina em contraposição à masculina. 
 Esta seção baseia-se nos estudos de Tannen (1994,1996). Pressupõe que as diferenças sociais levam a culturas comunicativas diferenciadas em função do género dos falantes. Haveria, assim, diferentes culturas de fala nos estilos conversacionais de homens e mulheres. 
 Revela, ainda, que os problemas de comunicação entre os sexos se dão por homens e mulheres pertencerem as diferentes subculturas sociolinguísticas, tendo diferentes concepções da conversação e interpretação. As diferenças sociais das necessidades do homem e da mulher levam-nos a culturas comunicativas diferenciadas pelo género. A origem, por exemplo, seria nas formas de socialização da criança, em que meninas brincam em ambientes fechados, em pequenos grupos, dedicando menos tempo aos jogos, tendo relativa intimidade entre elas e diferentes formas de lidar com o conflito.Já no “mundo dos meninos”, as brincadeiras se dão com grupos maiores, em jogos competitivos, grupos mais organizados, e, a fala, é usada para:
· Marcar posição de dominação; 
· Atrair e manter a audiência; 
· Afirmar-se quando os outros têm a palavra. 
A indiretividade na fala feminina e a assertividade na fala masculina estariam relacionadas a diferenciações de princípios dos relacionamentos do ponto de vista do género: a intimidade e a independência. 
 Para Tannen (1994, 1996), essas diferenças podem dar ao homem e à mulher diferentes visões da mesma situação. O estilo de fala da mulher seria mais indireto, seja em termos da indiretividade conversacional ou da indiretividade por implicatórias, em função da inferência conversacional. 
5.2. Teorias não-essencialistas 
 A partir dos anos noventa, novos debates surgem com o objectivo de rever as teorias essencialistas de género. Defendem uma visão não-essencialista, ou seja, não propõem uma correspondência entre as identidades e aspectos da realidade social. 
5.2.1. Teoria performativa ou construcionista 
A crítica sobre a visão realista de género, em que existe uma correspondência entre identidade e alguns aspectos da realidade social. Género seria, um atributo variável, expresso em comportamentos linguísticos, práticas e/ou acções em contextos sociais particulares. A fala não seria apenas um veículo para manifestar propriedades essenciais: alguém fala de determinada forma por ser homem ou mulher. 
 O autor apresenta uma nova abordagem – a vez do obstrucionismo – em oposição às teorias essencialistas, em que género seria manifestado nas actividades cotidianas e nas práticas comunicativas. Mclvenny (2002: 02). Ele também propõe a pesquisa do uso da linguagem em relação à orientação sexual e à formação de identidades sexuais. 
· 
6. Conclusão 
Conclui que enquanto Psique dormia, Cupido derrama, então, algumas gotas de água da fonte amarga sobre os lábios da jovem, embora ao vê-la quase fora tomado de piedade; depois, tocou-a de lado com a ponta de sua seta. Ao contrário, Psique acordou e abriu os olhos diante de Cupido (ele próprio invisível), que, perturbado, feriu-se com sua própria seta, isto significa que o destino natural das mulheres era ser mãe, esposa, e dona de casa, marcado pela maternidade, casamento e dedicação ao lar, foi profundamente revolucionado no século XX. É nesse contexto que as feministas se viram frente ao desafio de demonstrar que não são características anatómicas e fisiológicas que definem as diferenças entre as desigualdades de género, mas a militância pelos direitos igualitários entre os seres humanos.
 
7. Referências bibliográficas 
.
Beauvoir S. (2016) O segundo Sexo: a experiência vivida, volume2 - 3. ed. – Rio de Janeiro.
Cisne (2015) Feminismo e consciência de classe no Brasil – São Paulo.
Heilborn, Maria (1999) Estudos de Género Brasil. ..
Oliveira (1992) Uma questão de género Rio de Janeiro.
Scott (1978) Género: uma categoria útil para a análise histórica são Paulo.
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