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FU N D AM EN TO S H ISTÓ RICO S E FILO SÓ FICO S D A ED U CAÇÃO Prof. Me. Diego Ruben Martin Prof.ª Me. Tamires Soares Ferreira INTRODUÇÃO À ENGENHARIA INTRODUÇÃO À ENGENHARIA PROF. ME. DIEGO RUBEN MARTIN PAULISTA A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma ação integrada de suas atividades educacionais, visando à geração, sistematização e disseminação do conhecimento, para formar pro�ssionais empreendedores que promovam a transformação e o desenvolvimento social, econômico e cultural da comunidade em que está inserida. Av. Cristo Rei, 305 - Banzato, CEP 17515-200 Marília - São Paulo. www.uca.edu.br FACULDADE CATÓLICA PAULISTA Diretor Geral Valdir Carrenho Junior Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. Todos os grá�cos, tabelas e elementos são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Projeto Grá�co Hey!Design SUMÁRIO O INÍCIO E A EVOLUÇÃO DA ENGENHARIA NO BRASIL 05 FORMAÇÃO E ÁREAS DE ATUAÇÃO DO ENGENHEIRO 17 ÓRGÃOS REGULAMENTADORES DA ENGENHARIA NO BRASIL 23 O MERCADO PROFISSIONAL PARA A ENGENHARIA 29 ÉTICA NA ENGENHARIA 39 RESPONSABILIDADE SOCIAL DO ENGENHEIRO 53 SUSTENTABILIDADE E MEIO AMBIENTE NA ENGENHARIA 61 ENSINO E PESQUISA CIENTÍFICA NA ENGENHARIA 69 A CRIATIVIDADE NA ENGENHARIA 77 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO NA ENGENHARIA 85 O PROJETO NA ENGENHARIA 91 O MÉTODO DE PROJETO DE ENGENHARIA – I 101 O MÉTODO DE PROJETO DE ENGENHARIA – II 109 A ENGENHARIA APLICADA NA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS 115 TECNOLOGIA E INOVAÇÃO NA ENGENHARIA 123 ENGENHARIA 4.0 131 CONCLUSÃO 137 ELEMENTOS COMPLEMENTARES 139 REFERÊNCIAS 141 INTRODUÇÃO Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . O INÍCIO E A EVOLUÇÃO DA ENGENHARIA NO BRASIL UNIDADE I O INÍCIO E A EVOLUÇÃO DA ENGENHARIA NO BRASIL O conceito de engenharia existe desde a antiguidade, junto com as primeiras criações do homem, como, por exemplo, as armas de caça, a roda, a alavanca, entre outras invenções. Todas exploravam princípios básicos do que hoje cha- mamos de engenharia moderna. A maior parte das invenções iniciais tinha um propósito militar de conquista e de domínio sobre outros povos. Contudo, à medida que estruturas civis foram sendo criadas para usos não-militares, sur- giu o termo Engenharia Civil, e esse conceito foi se estendendo para as demais áreas de Engenharia hoje conhecidas, como a Engenharia de Alimentos, de Produção, Mecânica, Elétrica, de Controle e Automação, entre outras. Os primeiros engenheiros nem levavam este título. Eram chamados de Mestres nas grandes construções. Sabe-se que desde a antiguidade já existia o conceito de engenharia, mas começou a tomar forma por volta do século XVI, quando se referia ao mestre que construía ou operava um “engenho”, que era uma máquina de guerra, semelhante a uma catapulta. E essa palavra engenho em latim era o “ingenium”, que signi�ca “gênio” ou uma invenção inteligente (OLIVEIRA, 2016). São diversos os conceitos da palavra Engenharia e, em muitos casos, utili- zar um exemplo prático para de�nir este termo pode ser uma alternativa mais e�caz, entretanto, Cocian (2009) de�ne a Engenharia como a arte da aplicação dos princípios cientí�cos, da experiência, do julgamento e do senso comum, para implementar ideias e ações em benefício da humanidade e da natureza. Os engenheiros fazem coisas diversas, como projetar pontes, equipamentos médicos, automóveis, desenvolver processos para a produção de alimentos e sistemas para o transporte de massas. Em outras palavras, a engenharia envolve o desenvolvimento de um produto técnico ou sistema que seja adequado para resolver uma questão especí�ca, valendo-se, para isso, de técnicas de utilização de materiais que a natureza oferece com a energia para fazer as transformações requeridas. Pensando nisso, outra de�nição interessante pode ser: “A engenha- ria é a aplicação dos saberes cientí�cos para criar algum elemento de valor a partir dos recursos naturais” (COCIAN, 2009). Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 07 Estes pro�ssionais exercem, certamente, um papel importante ao trazer objetos comuns até o mercado. Além disso, os engenheiros são participantes fundamentais em alguns dos mais animadores feitos da humanidade. Por exem- plo, o programa Apolo foi uma empreitada fabulosa que permitiu à humanidade se libertar de seu con�namento na Terra e pousar na Lua. Foi uma proeza da engenharia que empolgou os Estados Unidos e o mundo. Alguns especialistas argumentam que os astronautas jamais deveriam ter ido à Lua, simplesmente porque todos os outros feitos e conquistas perdem em comparação; no entanto, acredita-se que desa�os ainda mais excitantes aguardam você e sua geração (HOLTZAPPLE; REECE, 2013). O HISTÓRICO DA ENGENHARIA O surgimento da Engenharia remonta ao aparecimento das primeiras civi- lizações e acompanha a evolução do ser-humano. Desde o primeiro momento em que o homem pré-histórico se viu na necessidade de construir sua própria casa, ou ainda, fabricar suas ferramentas e armas para caça e defesa de seu ter- ritório, construir sistemas de transporte, podemos dizer que surgem os primeiros engenheiros, uma vez que estas atividades exigiam o desenvolvimento de capa- cidades e habilidades como o raciocínio lógico, projeto, planejamento e experiência adquirida. A Figura apresenta em ordem cronológica a evolução Como surgiu a Engenharia? Quando paramos para pensar que a engenharia está relacionada a aplicar o conhecimento para a melhoria da qualidade de vida, desenvolvendo ferramentas, equipamentos e objetos úteis, podemos voltar aos tempos antigos, na época da invenção da roda, da polia e da alavanca. Mas, nesse mesmo contexto, estão as ferramentas muito antigas usadas pelos pré-históricos, como facas feita de pedras, lanças e outros objetos. Ou seja, os engenheiros estavam lá, mas não levavam o título. Este artigo apresenta um panorama da origem dessa grandiosa pro�ssão. Fonte: Instituto de Engenharia (2019). Disponível em: https://www.institutodeengenharia.org. br/site/2019/03/29/como-surgiu-a-engenharia/. Acesso em 25 nov 2019. Isto está na rede Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 08 da roda, elemento importante no desenvolvimento de sistemas de transporte, criado no período neolítico, quando os principais materiais e ferramentas eram as pedras, ossos e madeiras. Figura – Evolução da roda Fonte: Shuttersctock. James Steidl – ID: 39705466 A �gura mostra claramente que as primeiras rodas eram construídas uti- lizando pedras e madeiras. À medida que o conhecimento e o domínio do homem sobre os materiais da época são desenvolvidos, sistemas mais com- plexos e tecnológicos são criados. Com o surgimento do pneu de borracha no ano de 1845 e a descoberta de novos materiais, como as ligas metálicas e os compósitos, as rodas tiveram seu desempenho aumentado, trazendo inúme- ras vantagens, como leveza, resistência, durabilidade, entre outros benefícios. Não se pode deixar de destacar as grandiosas construções da antiguidade. Com certeza você já se questionou como um palácio, ou uma pirâmide, foi construída há tantos anos? Como as pedras com dimensões enormes foram transportadas até o topo de montanhas? Quanto tempo poderiam ter levado essas construções? Os engenheiros (ou os precursores dos engenheiros) esta- vam presentes nas populações antigas quando pensamos na construção das pirâmides do Egito, os aquedutos romanos, Machu Picchu e outras constru- ções icônicas. Eles também estavam envolvidos na base matemática e física que formam a engenharia, como é o caso do conhecido teorema de Pitágoras. Acredita-se que o primeiro engenheiro civil foi Imhotep, um dos funcio- nários do faraó que projetou e construiu a pirâmide de Djoser. Isso aconteceu por volta de 2630 – 2611 a. C. Vale destacar que ele também foi considerado o primeiro arquiteto da história antiga. A palavra “engenheiro” só começou a ser usada no século XI, derivada do latim “ingeniator”. Ela era usada para de�nir Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 09 alguém que criava invenções engenhosas e práticas. Leonardo da Vinci, por exemplo, tinha o título de Ingegnere Generale devido a suas engenhosas ideias. Suas notas revelam que os engenheiros da época começavam a questionar sobre uma avaliação do “como” e “por que” funciona (FEREGUETTI, 2019). Outras invenções mostram a evolução da engenharia e criatividade dos engenheiros da Antiguidade, dadas as poucas ferramentas e conhecimentos da época. Um exemplo é a Eolípila (Figura), uma máquina a vapor criada por Heron de Alexandria, para diversão. Ela funcionava pelo aquecimento da água em uma bacia (ou caldeira) que era aquecida com fogo. O vapor passava atra- vés de um tubo que também servia de eixo para esfera e saía através de dois tubos curvos em lados opostos, fazendo com que a esfera girasse. Heron de Alexandria pode ser considerado o primeiro engenheiro mecânico da história e precursor da máquina a vapor (MANERA, 2013). Ao longo dos séculos, novas invenções e des- cobertas foram feitas, os conhecimentos foram se avolumando, mas tudo isso acontecia, em essên- cia, apenas por força da experiência prática de vários artesãos, que aperfeiçoavam empirica- mente seus produtos ou processos, transmitindo suas técnicas de fabricação para novas gerações (BAZZO; PEREIRA, 2014). A ENGENHARIA MODERNA A engenharia moderna surgiu na revolução cientí�ca, com a obra de Galileu, que buscava explicações sistemáticas e adotava uma abordagem cientí�ca para problemas práticos. Foi o início da análise estrutural, da representação matemática e do projeto de estruturas de construção. A primeira fase da engenharia terminou com a Primeira Revolução Industrial, quando as máquinas começaram a substituir Figura – Eolípila: máquina a vapor de Heron Disponível em: https://www.�ickr.com/photos/bstorage/18994011658. Acesso em 26 nov 2019. Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 10 os homens e o motor a vapor foi melhorado. Os então chamados artesãos eram os responsáveis pelo desenvolvimento dessas máquinas (FEREGUETTI, 2019). Com a rápida expansão dos conhecimentos cientí�cos e sua aplicação a pro- blemas práticos, surge o engenheiro. O aparecimento formal desse pro�ssional resultou, na realidade, de todo um processo de evolução ocorrido durante milha- res de anos. Aos poucos a engenharia foi se estruturando, fruto fundamentalmente do desenvolvimento da matemática, da explicação dos fenômenos físicos, dos experimentos realizados - em ambiente controlado -, da prática de campo, da sis- tematização de cursos formais. Quando no século 18 se chegou a um conjunto sistemático e ordenado de doutrinas, estava lançada, de�nitivamente, a semente da nova engenharia. Essa sistematização, podemos dizer, estabeleceu um marco divisório entre duas engenharias: a engenharia do passado e engenharia moderna. A engenharia moderna é aquela que se caracteriza por uma forte aplica- ção de conhecimentos cientí�cos à solução de problemas. Ela pode dedicar-se, basicamente, a problemas da mesma espécie que a engenharia do passado se dedicava, porém com uma característica distinta e marcante: a aplicação de conhecimentos cientí�cos. Se antes os artefatos eram construídos com base em determinantes estéticos e operacionais, tomando sempre como referên- cia a experiência pregressa do construtor, agora um projeto teórico - baseado em conceitos cientí�cos, em teorias formalmente estudadas e em experiên- cias de laboratório metodologicamente controladas - antecede a construção. Conhecimentos sistematizados a respeito da natureza – por exemplo a estru- tura da matéria, os fenômenos eletromagnéticos, a composição química dos materiais, as leis da mecânica, a transferência de energia, as modelagens mate- máticas dos fenômenos físicos - passam a fazer parte da prática dessa nova engenharia (BAZZO; PEREIRA, 2014). A Engenharia moderna caminha junto com a Idade Moderna da história, que teve seu início marcado pela tomada da Constantinopla em 1453. Nesse período viveu um gênio do Renascimento, atuante em diversas áreas do conhe- cimento e considerado o primeiro engenheiro multiáreas da história. Estamos falando de Leonardo Da Vinci, italiano, que tem a si atribuídas importantíssi- mas invenções como calculadora mecânica, tanque de guerra, helicóptero, o uso da energia solar e o casco duplo nas embarcações (PINTO, 2006). Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 11 Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 12 Um marco importante para a disseminação da ciência e da técnica foi esta- belecido por volta de 1450, quando Johannes Gens�eisch Gutenberg (1400 - 1468), partindo de uma antiquíssima invenção dos chineses, a imprensa, a aperfeiçoou - implantando os tipos móveis metálicos para composição grá- �ca – e mecanizou o processo, garantindo uma impressão mais rápida. Este fato injetou novo dinamismo no progresso intelectual, porque a partir daí os conhecimentos passaram a circular com maior velocidade, pois podiam ser reproduzidos mais facilmente. Até essa época, os conhecimentos só circulavam verbalmente ou através de manuscritos, que eram raros e de difícil reprodu- ção (BAZZO; PEREIRA, 2006). Nos séculos XVI e XVII, na Europa, a engenharia desenvolveu-se princi- palmente pelas necessidades de segurança dos fortes militares e dos recursos bélicos. Na Revolução Industrial, �omas Newcomen, em 1712, criou o motor a vapor, e a partir dele vários outros equipamentos foram desenvolvidos. Em 1778, na França, foi criada a primeira escola de engenharia do mundo, a École Nationale des Ponts et Chaussées (Escola de Pontes e Estradas), voltada para o ensino prático e teórico (CARDOSO, 1999). O século XX foi a era da Engenharia das Telecomunicações e Informática e, dentre as principais invenções, devemos destacar a televisão em 1926 e o com- putador digital eletrônico, que foi implementado pela primeira vez em 1936 por Konrad Zuse. O computador foi fundamental para o avanço da ciência, tecnologia e da Engenharia em todas as áreas, propiciando cálculos mais com- plexos e rápidos, simulações e armazenamento de dados. A divulgação e troca de conhecimentos tomou um novo impulso com o advento da Internet no �m da década de 1960 e da World Wide Web (Rede Mundial de Computadores), que foi criada em 1992, tornando a ciência e a tecnologia acessíveis a todos. Em 1974, foi realizada a primeira chamada a partir de um telefone celular. Esse inovador invento associado à internet reduziu a distância entre as pessoas e as informações (ZIMMERMANN, 2016). O século XXI é a era das descobertas, com um aumento vertiginoso na velocidade das pesquisas em todas as áreas da ciência e Engenharia. Algumas descobertas da última década: o genoma humano, por meio da engenharia genética, foi mapeado em 2003, obtendo-se a ordem dos genes. Em 2011, foi Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 13 criada uma haste de metal, visível a olho nu, com comportamento, segundo a física quântica, o que antes era aplicado apenas a objetos como o tamanho de átomos; existência de gelo enterrado no solo e em grandes blocos em Marte; as doenças câncer, diabetes e Alzheimer relacionados a respostas in�amató- rias; além de algumas técnicas que levaram à comprovação de que o Cosmos é plano (BIOLOGIANAREDE, 2011). A ENGENHARIA NO BRASIL Não é possível estabelecer com certeza o início da atividade de engenha- ria no Brasil, mas podemos imaginar que ela se iniciou com as primeiras casas construídas pelos colonizadores que chegaram aqui no Brasil; porém, como estas construções eram muito precárias não é considerada por muitos histo- riadores como engenharia em si. No Brasil, a engenharia se iniciou com a entrada das atividades de duas categorias de pro�ssionais: os o�ciais-engenheiros e os mestres de risco. Os mestres de risco eram construtores de edi�cações civis e religiosas, suas ativi- dades se assemelham as dos arquitetos de hoje em dia, e foi devido à atividade destes pro�ssionais que os brasileiros tiveram teto, repartições e templos. Já os o�ciais-engenheiros tinham como funções obras de defesa, demarcação de fronteiras e levantamentos geográ�cos, ensino, obras civis diversas, entre outras. De acordo com Telles (1984) sempre houve falta de engenheiros na época colonial. Por volta de 1630, Pedro Roiz foi contratado pela Câmara Municipal de São Paulo para corrigir alinhamentos de ruas, sendo por isso considerado o patriarca dos engenheiros paulistanos. O ensino da engenharia no Brasil pode ter iniciado, como a�rmam Bazzo e Pereira (2014), com a contratação do holandês Miguel Timermans, entre 1648 e 1650, para ensinar sua arte e ciência. A primeira escola de engenharia propriamente dita - a Academia Real Militar - foi criada em 4 de dezembro de 1810 pelo príncipe Regente - futuro Rei D. João VI - vindo a substituir a Real Academia de Artilharia, Forti�cações e Desenho, essa instalada em 17 de dezembro de 1792. Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 14 Com o passar dos anos, a Academia Real Militar sofreu várias reformas e transformações. Após a Independência, teve seu nome alterado para Academia Imperial Militar e, posteriormente, para Academia Militar da Corte. Em outu- bro de 1823, um decreto possibilitou a matrícula de alunos civis, que não mais eram obrigados a fazer parte do Exército. Outras mudanças aconteceram até que, pelo decreto n° 2.116, de primeiro de março de 1858, por meio da nova organização das escolas militares, a Escola Militar da Corte passou a denominar-se Escola Central, sendo então destinada ao ensino das Matemáticas e Ciências Físicas e Naturais e, também, das dou- trinas próprias da Engenharia Civil. Com estas modi�cações, o ensino militar �cou a cargo da Escola de Aplicação do Exército, agora denominada Escola Militar e de Aplicação do Exército, e da Escola Militar do Rio Grande do Sul. Em 25 de abril de 1874, através do decreto nº. 5.600, foi criada a Escola Politécnica do Rio de Janeiro, sucessora da antiga Escola Central. Também durante o Segundo Império, foi criada a Escola de Minas de Ouro Preto, em 12 de outubro de 1876. Ainda no século 19, mais cinco escolas de engenharia foram implantadas: em 1893, a Politécnica de São Paulo; em 1896, a Politécnica do Mackenzie College e a Escola de Engenharia do Recife; em 1897, a Politécnica da Bahia e a Escola de Engenharia de Porto Alegre. Até 1946 já existiam 15 instituições de ensino de engenharia e, de lá para cá, muitas outras foram implantadas no país, o que representa, hoje, algumas centenas de cursos. A evolução da engenharia no Brasil culminou no reconhecimento da pro�s- são em 11 de dezembro de 1933 através do Decreto nº 23.569, que regulamentou o exercício das pro�ssões de engenheiro, arquiteto e agrimensor, sendo, nessa data, comemorado o dia do engenheiro. A partir desta data podemos listar, em ordem cronológica, grandes feitos e obras da Engenharia no Brasil: ■ 1936 – Abreugra�a: forma de visualizar órgãos internos, como o pul- mão. Técnica inventada pelo brasileiro Manuel Dias de Abreu, indicado ao Nobel em 1950. ■ 1959 – Escorredor de arroz: patenteado pela dentista, porém engenheira intrínseca, �erezinha Beatriz Alves de Andrade Zorowich. Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 15 ■ 1972 – Walkman: percursor do diskman e players portáteis da atua- lidade. Inventado por Andreas Pavel, alemão naturalizado brasileiro. ■ 1984 – Usina Hidrelétrica de Itaipu: com capacidade para 14 mil MW, foi construída integrando diversas áreas da engenharia tais como elé- trica, civil, mecânica, eletrônica, química, metalúrgica e de materiais. ■ 1997 - Laboratório Nacional de Luz Síncrotron: laboratório de alta tec- nologia com capacidade de acelerar elétrons até a velocidade da luz, percorrendo 93 metros gerando radiação para aplicações diversas sobre o estudo da matéria. O Trabuquete: Um engenho de guerra O trabuquete é um primitivo engenho de guerra. Consiste em uma longa viga, livre para girar em torno de uma articulação �xa. Em uma das extremidades da viga há uma cesta ou bolsa na qual os projéteis são colocados. Na outra extremidade há um contrapeso que, quando liberado, faz com que a viga gire e lance o projétil no ar. O trabuquete foi inventado na China há cerca de 2200 anos e chegou a região do Mediterrâneo há, aproximadamente, 1440 anos. Esse engenho podia lançar, a grandes distâncias, objetos pensando até 1 tonelada; na realidade, ele continuou sendo utilizado mesmo após a invenção do canhão, pois seu alcance superava o das primitivas peças de artilharia. Um moderno trabuquete construído na Inglaterra podia lançar um automóvel de 476kg (sem motor) a uma distância de 80 metros, com um contrapeso de 30.000kg. As máquinas antigas lançavam pedras, cavalos mortos e, até mesmo, cadáveres humanos, como uma forma de arma biológica. Como frequentemente ocorre, a prática precedeu a teoria; os trabuquetes foram construídos e empregados muito antes que sua teoria fosse entendida. Aparentemente, diversos conceitos modernos, como vetores força e trabalho foram desenvolvidos por engenheiros na tentativa de melhorar o desempenho de trabuquetes. Fonte: Introdução à Engenharia dos autores Holtzapple e Reece. Isto acontece na prática FORMAÇÃO E ÁREAS DE ATUAÇÃO DO ENGENHEIRO UNIDADE II Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 18 Para formar pro�ssionais que atuem com competência nas inúmeras ativida- des, é imprescindível que os cursos de graduação sejam bem estruturados, a �m de contemplar um conjunto consistente de conhecimentos que os habilitem para tal. Disciplinas teóricas bem fundamentadas, estágios no mercado de trabalho e aulas práticas são, portanto, mais que necessárias, essenciais para que se possa alcançar estes propósitos. Os cursos de graduação são elaborados de maneira a fornecer um conjunto de conhecimentos que habilitem cidadãos a dominar uma determinada área de atuação. A Figura apresenta a estrutura básica dos cursos de engenharia. Na formação básica temos as matérias que pertencem a todas as engenharias, estas podem ser diferentes dependendo da insti- tuição de ensino, mas são basicamente: ■ Matemática (cálculo vetorial; cál- culo diferencial e integral; geometria analítica; cálculo numérico; álgebra linear; probabilidade e estatística); ■ Física (medidas físicas; fundamentos de mecânica clássica; teoria cinética; termodinâmica; eletrostática e eletromag- netismo; física ondulatória; introdução à mecânica quântica e relativista; introdu- ção à física atômica e nuclear); ■ Química (estrutura e propriedades periódicas dos elementos e com- postos químicos; tópicos básicos da físico-química); ■ Mecânica (estática, cinemática e dinâ- mica do ponto e do corpo rígido); ■ Desenho (representações de forma e dimensão; convenções e norma- lização; utilização de elementos grá�cos na interpretação e solução de problemas); Figura – Estrutura básica dos cursos de engenharia Fonte: adaptado de Holtzapple e Reece (2015). Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 19 ■ Elétrica (circuitos; medidas elétricas e magnéticas; componentes e equi- pamentos elétricos e eletrônicos); ■ Resistência dos Materiais (tensões e deformações nos sólidos; análise de peças sujeitas a esforços simples e combinados; energia de deformação); ■ Fenômenos dos Transportes (mecânica dos �uidos; transferência de calor e de massa), entre outras. Estas matérias básicas podem se diferenciar em relação também aos con- teúdos e nomenclatura. De acordo com Bazzo e Pereira (2014), a formação geral é formada por conhecimentos que tem como objetivo complementar a formação do engenheiro, estas matérias vão abranger, de modo geral, temas de natureza humanística e de ciências sociais. Também fazem parte desta formação geral matérias como economia, administração e ciências sociais, que irão fornecer aos engenhei- ros conhecimentos relacionados a contabilidade, administração, organização industrial, preservação do meio ambiente, entre outros. Em seguida, faz parte do processo de formação do Engenheiro, uma série de conteúdos pro�ssionalizantes que estão voltados para a área de atuação deste pro�ssional. Alguns conteúdos que abrangem a formação pro�ssional do Engenheiro são citados a seguir: Algoritmos e Estruturas de Dados; Ciência dos Materiais; Bioquímica; Telecomunicações; Controle de Sistemas Dinâmicos; Circuitos; Elétricos; Geotécnica; Máquinas de �uxo; Ergonomia e Segurança do Trabalho; Eletrônica Analógica e Digital; Matemática Discreta; Hidráulica, Hidrologia Aplicada e Saneamento Básico; Qualidade; Pesquisa Operacional; Sistemas Estruturais e Teoria das Estruturas; Estratégia e Organização; Sistemas Térmicos; Modelagem, Análise e Simulação de Sistemas; Conversão de Energia; Sistemas Mecânicos, Modalidades de Ciências do Ambiente, Mineralogia e Tratamento de Minérios; Engenharia do Produto; Sistemas Operacionais; Materiais de Construção Civil; Mecânica Aplicada; Expressão Grá�ca Processos Químicos e Bioquímicos; Gerência de Produção; Sistemas de Informação; Reatores Químicos e Bioquímicos; Paradigmas de Programação; Química Orgânica; Organização de Computadores; Processos de Fabricação; Topogra�a e Geodésia; Circuitos Lógicos; Compiladores; Construção Civil; Termodinâmica Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 20 Aplicada; Métodos Numéricos; Eletromagnetismo; Geoprocessamento; Físico- química; Tecnologia Mecânica; Operações Unitárias; Gestão Ambiental; Gestão Econômica; Materiais Elétricos; Química Analítica; Gestão de Tecnologia; Instrumentação; Microbiologia; Transporte e Logística. Por �m temos a formação complementar, desta formação fazem parte as disciplinas extracurriculares. Estas disciplinas podem ser oferecidas pela gra- duação como parte complementar da grade curricular, como por exemplo disciplinas que tratam sobre a sustentabilidade na atuação do Engenheiro. Aprender um outro idioma é muito importante, se tornando um diferencial no currículo do futuro pro�ssional. Algo que também pode melhorar o cur- rículo e despertar o interesse na pro�ssão são os estágios, sendo eles obrigatórios ou não, são uma ótima estratégia para ganhar experiência. AS DIFERENTES ÁREAS DE ATUAÇÃO DO ENGENHEIRO Os engenheiros podem executar diversas atividades e, dependendo do trabalho a ser realizado, este pro�ssional precisa de muitas informações especí- �cas, para dominar as tecnologias e recursos disponíveis de forma sustentável, sempre preocupando-se com a integridade do meio ambiente e da sociedade. Passar no vestibular e iniciar um curso de graduação é algo marcante na vida de muitas pessoas que sonham com isso. São várias as expectativas relacionadas com este fato, como fazer amizades, adquirir conhecimentos e ter uma pro�ssão, e a instituição de ensino é um fator importante para se alcançar esses objetivos. Sendo assim, se faz necessário que a instituição forneça a estrutura adequada para que o ensino aconteça, como laboratórios, salas de aula, docentes especializados. Porém, essa estrutura só será e�ciente se houver interesse por parte do aluno, sendo esta parte essencial na formação do futuro pro�ssional. O aluno tem que tomar uma decisão �rme de apro- veitar todas as oportunidades oferecidas pela instituição, participando das atividades oferecidas, tendo um senso crítico em relação aos conhecimentos passados e buscando sempre aprender mais sobre cada assunto. Mesmo estando no primeiro, ano é necessário levar com seriedade a graduação e a pro�ssão que escolheu e já pensar no tipo de pro�ssional que deseja ser no futuro. Anote isso Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 21 Assim, um único pro�ssional não seria capaz de dominar todas as áreas do conhecimento, por exemplo, um engenheiro não consegue saber tudo sobre construção civil, projetos de equipamentos mecânicos, projetos elétricos, pro- cessos de fabricação de alimentos e desenvolvimento de produtos químicos. Desta forma são necessários diversos tipos de engenheiros, diferenciando-se entre si pelas competências adquiridas nas disciplinas da formação pro�ssio- nal do curso (BAZZO; PEREIRA, 2014). Vamos conhecer algumas áreas da Engenharia? A seguir serão apresen- tadas as áreas de atuação especí�cas das diferentes engenharias com base nos cursos aprovados pelo MEC. Serão abordadas as engenharias mais tradicio- nais e algumas das mais recentes: ■ Engenharia Civil: o pro�ssional projeta, gerencia e executa obras como casas, viadutos, barragens, portos, entre outras. Também tem como atri- buições a análise das características do solo, o estudo da insolação e da ventilação do local e a de�nição dos tipos de fundação. ■ Engenharia Mecânica: é o ramo que cuida do desenvolvimento, projeto, construção e manutenção de máquinas e equipamentos. Este pro�ssio- nal desenvolve e projeta máquinas, equipamentos, veículos, sistemas de aquecimento e de refrigeração e ferramentas especí�cas da indús- tria mecânica. ■ Engenharia de Produção: é o setor da engenharia responsável pelo gerenciamento de recursos humanos, �nanceiros e materiais, visando aumentar a produtividade de uma empresa. O engenheiro de produ- ção é um pro�ssional fundamental em indústrias de praticamente todos os setores. ■ Engenharia de Alimentos: utilização de técnicas na fabricação, con- servação, armazenamento e transporte de alimentos industrializados. O engenheiro vai cuidar do processo de preparo e conservação de ali- mentos, sejam de origem animal ou vegetal. ■ Engenharia Elétrica: o pro�ssional atua nos diversos aspectos que envolvem a energia, desde a geração, transmissão, transporte e a dis- tribuição. Também planeja, supervisiona e executa projetos nas áreas de eletrotécnica, relacionadas à potência da energia. Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 22 ■ Engenharia de Computação: conjunto de conhecimentos usados no desenvolvimento de computadores e seus periféricos. Cabe a esse pro- �ssional projetar e construir computadores, periféricos e sistemas que integram hardware e so�ware. ■ Engenharia de Controle e Automação: desenvolve e executa projetos de automação industrial. O engenheiro de controle e automação pro- jeta e opera equipamentos utilizados nos processos automatizados de indústrias em geral, além de fazer sua manutenção. ■ Engenharia de Energia: visa o planejamento, análise e desenvolvi- mento de sistemas de geração, transporte, transmissão, distribuição e utilização de energia. ■ Engenharia de Petróleo e Gás: utiliza técnicas para a descoberta de jazidas e para a exploração, produção e comercialização de petróleo e gás natural. O engenheiro de petróleo e gás atua em petroleiros, re�- narias, plataformas marítimas e em petroquímicas. ■ Engenharia Química: é o ramo da engenharia responsável pelo desen- volvimento de processos industriais que empregam transformações físico-químicas. O engenheiro químico cria técnicas de extração de maté- rias-primas, bem como de sua utilização ou transformação em produtos químicos e petroquímicos, como tintas, plásticos, têxteis, papel e celulose. ■ Engenharia de Telecomunicações: é a área da engenharia que projeta, opera e realiza a manutenção de equipamentos e sistemas de telecomu- nicações. Esse profissional desenvolve e implanta redes de telecomunicações. Por mais recente que seja, todas as modalidades de engenharia necessitam de registro no CREA. Existem outras modalidades de Engenharia que você poderá explorar, além de conhecer mais sobre as atribuições das demais engenharias através dos Referenciais Nacionais dos Cursos de Engenharia. Fonte: Disponível em: http://abepro.org.br/arquivos/websites/1/referenciais_engenharias_MEC.pdf. Acesso em: 26 dez 2019. Isto está na rede ÓRGÃOS REGULAMENTADORES DA ENGENHARIA NO BRASIL UNIDADE III Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 24 Você já se perguntou quais são as atividades que um engenheiro pode rea- lizar no exercício de sua função? E quais são os órgãos que regulamentam e �scalizam as atividades executadas por estes pro�ssionais? As atribuições dos engenheiros correspondem aos direitos, poderes e privilégios concedidos pela legislação para desenvolverem suas atividades e funções. Existem competências e habilidades gerais que engenheiros de todas as áreas de engenharia devem estar preparados para exercer. De um ponto de vista mais amplo, atribuições são os direitos, os poderes ou os privilégios concedidos a certas autoridades. De um ponto de vista mais restrito, as atribuições pro�ssionais são essas mesmas prerrogativas concedidas pela lei aos pro�ssionais liberais para executar trabalhos, desenvolver atividades ou exercer funções em suas respectivas áreas de formação. Às vezes as atribui- ções pro�ssionais são chamadas de competências pro�ssionais. Os juristas as de�nem como o conteúdo ocupacional decorrente da característica pro�ssional em função de seu título, curso ou currículo. Independentemente destes conceitos, todos os pro�ssionais têm o dever ético de conhecer as atribuições para o desempenho correto e legal de suas atividades. A Lei Nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966 regulamenta o exercício da pro�ssão dos engenheiros e arquitetos. Nela estão descritas as funções e com- petências dos engenheiros, dentre as quais podemos citar: a. desempenho de cargos, funções e comissões em entidades estatais, para- estatais, autárquicas, de economia mista e privada; b. planejamento ou projeto, em geral, de regiões, zonas, cidades, obras, estruturas, transportes, explorações de recursos naturais e desenvolvi- mento da produção industrial e agropecuária; c. estudos, projetos, análises, avaliações, vistorias, perícias, pareceres e divulgação técnica; d. ensino, pesquisas, experimentação e ensaios; e. �scalização de obras e serviços técnicos; f. direção de obras e serviços técnicos; g. execução de obras e serviços técnicos; h. produção técnica especializada, industrial ou agropecuária. Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 25 ÓRGÃOS FISCALIZADORES Após concluir a formação acadêmica, o engenheiro deve inscrever-se no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), que é o órgão �scali- zador do exercício da pro�ssão. O CREA é um conselho de classe regional; cada estado tem o seu (CREA-SP, CREA-MG, etc.) e regulamenta a pro�ssão nos estados. Além disso, este conselho é uma manifestação estadual do CONFEA (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia) que é a instância máxima. A Lei Nº 5.194 citada, determina no Art. 24 que “A aplicação do que dispõe esta lei, a veri�cação e �scalização do exercício e atividades das pro�ssões nela reguladas serão exercidas por um Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CONFEA) e Conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA), organizados de forma a assegurarem unidade de ação”. O CONFEA é um órgão nacional de representação da classe dos engenhei- ros, é a instância superior da �scalização do exercício pro�ssional da Engenharia e da Agronomia, ao qual os CREAs regionais estão submetidos. O principal objetivo do CONFEA é zelar pela defesa da sociedade e do desenvolvimento sustentável do País, observados os princípios éticos pro�ssionais. Para tanto, no desempenho de seu papel institucional, o Conselho Federal exerce ações: I. regulamentadoras, baixando resoluções, decisões normativas e deci- sões plenárias para o cumprimento da legislação referente ao exercício e à �scalização das pro�ssões; II. contenciosas, julgando em última instância as demandas instauradas nos CREAs; III. promotoras de condição para o exercício, a �scalização e o aperfeiçoa- mento das atividades pro�ssionais, podendo ser exercidas isoladamente ou em parceria com os CREAs, com as entidades representativas de pro�ssionais e de instituições de ensino nele registradas, com órgãos públicos ou com a sociedade civil organizada; IV. informativas sobre questão de interesse público; e V. administrativas, visando: Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 26 a. gerir seus recursos e patrimônio; e b. coordenar, supervisionar e controlar suas atividades e as atividades dos CREAs e da Mútua, observando, especi�camente, o disposto na legis- lação federal, nas resoluções, nas decisões normativas e nas decisões proferidas por seu Plenário. Mais especi�camente, entre as atribuições do CONFEA estão baixar e fazer publicar resolução e decisão normativa; homologar ato normativo de Crea; apro- var proposta de composição dos plenários do CONFEA e dos CREAs; julgar, em última instância, matéria referente ao exercício das pro�ssões inseridas no Sistema CONFEA/CREA e as infrações ao Código de Ética Pro�ssional, bem como recurso sobre registro, decisão ou penalidade imposta pelos CREAs ou sobre decisão da diretoria-executiva da Mútua; promover a unidade de ação entre os órgãos que integram o Sistema CONFEA/CREA e a Mútua; supervisionar o funcionamento dos CREAs e da Mútua; dirimir dúvida, quando houver con- trovérsia sobre matéria no âmbito do CREA, desde que previamente analisada sob os aspectos técnicos e jurídicos; �xar e alterar as anuidades, emolumentos e taxas a pagar pelos pro�ssionais e pessoas jurídicas; registrar obras intelectu- ais de autoria de pro�ssionais do Sistema CONFEA/CREA; posicionar-se sobre matérias de caráter legislativo, normativo ou contencioso de interesse do Sistema CONFEA/CREA; articular com instituições públicas e privadas sobre questões de interesse da sociedade e do Sistema CONFEA/CREA; e manter atualizadas as relações de títulos, cursos, instituições ensino, entidades de classe, pro�ssionais e pessoas jurídicas registrados nos CREAs (todas as atribuições estão listadas nos artigos 27 da Lei nº 5.194/1966 e 3º do Regimento do CONFEA). É necessário o cadastro no CREA para receber um número de registro e a carteira do CREA, que é a autorização para exercer a pro�ssão, além de pagar uma taxa anual que é recolhida pelo conselho. Caso o formando tenha rece- bido apenas o comprovante de conclusão do curso, ele recebe um número do CREA Provisório, até que o diploma de�nitivo seja emitido. Quando o diploma for apresentado, o pro�ssional recebe o CREA De�nitivo. Toda vez que o engenheiro realizar uma obra ou uma prestação de ser- viço para pessoa jurídica na área que compreende as atribuições do CREA, ele deve emitir uma ART (Anotação de Responsabilidade Técnica), de acordo Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 27 com a Resolução nº 1.025, de 2009, do CONFEA. A anotação é feita por meio do formulário eletrônico, disponível na Internet no site do CREA regional onde o serviço é prestado. Quando o pro�ssional não tiver registro no CREA do seu estado ou esti- ver com ele suspenso, não poderá atuar, assim como executar atividades estranhas às atribuições descritas na legislação. Caso isso ocorra, será consi- derado exercício ilegal da pro�ssão punível pela lei. Além disso, se o engenheiro assinar como responsável por um projeto ou por uma empresa sem que efeti- vamente esteja trabalhando, também incorrerá em exercício ilegal da pro�ssão (CONFEA, 2019). O engenheiro pode exercer inúmeras funções, o que atribui a ele carac- terísticas que interessam muito a vários segmentos do mercado como o da indústria, do comércio e de serviços. Esse fato faz com que o pro�ssional da área de Engenharia seja bastante solicitado pelo mercado de trabalho, mesmo fora de sua área de formação. Um exemplo de exercício ilegal da pro�ssão ocorreu no centro do Rio de Janeiro, em 2012, onde uma moradora de um apartamento do nono andar, juntamente com um pedreiro, mudou o banheiro de lugar. Esse prédio desabou e a reforma está implicada nas causas do desaba- mento. Nenhum dos dois tinha diploma de Engenharia e, ao realizar a reforma, colocaram em risco todos os moradores. No Brasil, o exercício ilegal da pro�ssão é uma contravenção, e o art. 47° do decreto-lei n° 3.688 de 1941 prevê para esses casos uma pena de prisão simples, de 15 dias a três meses, ou multa. Porém, se por exercer ilegalmente a pro�ssão ocorrerem danos ao patrimônio ou às pessoas, será outra situação, o que poderá implicar os envolvidos em outras punições referentes ao código penal sobre homicídio doloso. Fonte: Instituto de Engenharia (2012). Disponível em: http://www.institutodeengenharia.org.br/site/2012/02/06/exercicio-ilegal-de- -pro�ssao-para-engenheiros-e-apenas-contravencao-penal/. Acesso em 26 dez 2019. Isto acontece na prática O MERCADO PROFISSIONAL PARA A ENGENHARIA UNIDADE IV Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 30 A engenharia é considerada uma carreira em alta no Brasil, e pesquisas da área indicam que a demanda por engenheiros continuará intensa nos próximos anos. Apesar da grande quantidade de pro�ssionais que se formam todo ano (cerca de 38 mil engenheiros por ano) ainda se fala em escassez de mão-de-obra quali�cada em engenharia para atender as necessidades do mercado brasileiro. O Brasil possui seis engenheiros para cada grupo de 100 mil pessoas, de acordo com estudos da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O ideal, de acordo com a Finep, seriam pelo menos 25 por 100 mil habitantes, proporção veri�cada nos Estados Unidos e Japão. O mesmo estudo da CNI, entidade que representa o setor produtivo nacional, diagnostica que dos 40 mil engenheiros que se diplo- mam anualmente no Brasil, mais da metade opta pela engenharia civil - a área que menos emprega tecnologia. Assim, setores como o petroleiro, de gás e biocombus- tível são os que mais sofrem com a escassez desses pro�ssionais (PINTO, 2018). O Brasil perde na formação de novos engenheiros até mesmo de outros países, emergentes. Anualmente, graduam-se em engenharia 30 mil brasileiros. Na Coreia do Sul, 80. E na China, são 400 mil novos pro�ssionais especializa- dos em engenharia, todos os anos. Além de poucos, o Brasil forma engenheiros em especialidades muito similares. Dados do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), demonstram esse quadro. Do total de pro- �ssionais registrados, 1.003.387, mais de 77% são formados em apenas quatro especialidades: técnico industrial (339.822, ou 33,87% do total), engenheiro civil (201.290, 20,06%), engenheiro eletricista (122.066, 12,16%) e engenheiro mecânico e metalurgia (109.788, 10,94%) (PINTO, 2018). Estes fatos demonstram que, além de faltarem engenheiros no mercado, faltam pro�ssionais em áreas especí�cas de engenharia, como por exemplo, alimentos, petróleo e gás, materiais, química, ambiental etc. A partir destas informações, você, aluno, consegue visualizar oportuni- dade? O mercado de trabalho está cheio de graduados, mas não são todos que conseguem assumir posições de liderança na hierarquia empresarial. Portanto, essa é a hora para que vocês invistam na formação e na experiência pro�ssio- nal de vocês para que sejam requisitados futuramente. Outro motivo é a busca por pro�ssionais com bom relacionamento. As empresas estão cada vez mais procurando pro�ssionais que sejam completos. Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 31 Ou seja, que além de possuírem os conhecimentos técnicos, também tenham habilida- des de relacionamento. O pro�ssional precisa saber se comunicar e trabalhar em equipe. QUANTO GANHA UM ENGENHEIRO A carreira de engenheiro é uma das que mais abre leques de atuação, o que a torna também uma das mais populares no Brasil: o CONFEA (Conselho Federal de Engenheiros de Arquitetura e Agronomia) estipula que o país conta com 600 mil enge- nheiros e que, a cada ano, novas 40 mil pessoas se formam na área (MIOZZO, 2017). Atualmente, existem ao menos 20 áreas da engenharia que contam com pro�ssionais no país. O portal InfoMoney apontou, com base nos salários publi- cados, qual o salário médio de cada uma delas, conforme a Tabela. Cargo e área Salário médio Engenheiro de petróleo R$ 15.126 mensais Engenheiro de segurança no trabalho R$ 8.024 mensais Engenheiro de minas R$ 7.768 mensais Engenheiro naval R$ 7.559 mensais Engenheiro mecânico R$ 7.546 mensais Engenheiro civil R$ 7.325 mensais Engenheiro de produção R$ 7.312 mensais Engenheiro de telecomunicações R$ 7.080 mensais Engenheiro eletricista R$ 7.043 mensais Engenheiro químico R$ 7.009 mensais Engenheiro agrícola R$ 6.897 mensais Engenheiro de so�ware R$ 6.648 mensais Engenheiro industrial R$ 6.571 mensais Engenheiro mecatrônico R$ 6.310 mensais Engenheiro ambiental R$ 6.234 mensais Engenheiro de controle e automação R$ 5.992 mensais Engenheiro �orestal R$ 5.966 mensais Engenharia aeronáutica R$ 5.526 mensais Engenharia de alimentos R$ 4.878 mensais Engenheiro sanitarista R$ 4.628 mensais Tabela – Média salarial de engenheiros. Fonte: InfoMoney (2017). Disponível em: https://www.infomoney.com.br/carreira/quais-os-salarios-de-engenheiros-de- 20-areas-diferentes-no-brasil/. Acesso em 27 dez 2019. Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 32 Embora possa ser observada uma variação na média salarial de acordo com a especialidade, o piso salarial que deve ser pago ao engenheiro em exercício é determinado pela Lei 4.950-A/66, de 1966, que regulamenta a remuneração dos pro�ssionais diplomados em Engenharia, Química, Arquitetura, Agronomia e Veterinária, a tabela salarial do engenheiro está vinculada ao valor do salá- rio mínimo vigente e à jornada diária do pro�ssional, independentemente do seu local de atuação. ■ Jornada de 6 horas: 6 salários mínimos; ■ Jornada de 7 horas: 7,25 salários mínimos; ■ Jornada de 8 horas: 8,5 salários mínimos. De acordo com a Tabela Salarial da consultoria Robert Half, publicada na revista Exame, que leva em consideração o tempo de experiência e o porte da empresa onde atua, temos os seguintes exemplos de salário médio para car- gos ocupados por engenheiros: Engenheiros com 3 a 5 anos de experiência em empresas de pequeno e médio porte: ■ Diretor de Supply Chain: R$ 21.000,00 a R$ 30.000,00 ■ Diretor de Operações/Industrial: R$ 20.000,00 a R$ 40.000,00 ■ Gerente de Projetos/Contratos: R$ 7.000,00 a R$ 13.000,00 ■ Gerente de Compras/Logística: R$ 7.000,00 a 17.000,00 ■ Engenheiro Civil/Planejamento: R$ 5.500,00 a R$ 10.000,00 A mesma tabela salarial da Exame indica salários acima dos R$ 40.000,00 para engenheiros com mais de dez anos de experiência. Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 33 QUALIDADES DESEJÁVEIS DE UM ENGENHEIRO Para que um engenheiro tenha um bom desempenho de sua pro�ssão, ele pre- cisa contar com sua formação acadêmica e seu raciocínio. Mas também é importante que tenha um senso crítico para que saiba lidar com as questões contemporâneas que são complexas e envolvem características de vários campos disciplinares. Porém a competência pro�ssional não envolve apenas o conhecimento cientí�co, atualmente é preciso que se tenha conhecimento no campo CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade) que abrangem conhecimentos da econo- mia, psicologia, sociologia, ecologia, relacionamento pessoal, entre outros. Os estudos do campo da CTS visam compreender as características do fenô- meno cientí�co tecnológico e quais as suas consequências para a sociedade e para o meio ambiente. Também buscam promover a alfabetização cientí�ca e tecno- lógica mostrando a importância destas duas áreas para a sociedade em geral. Isto não quer dizer que o engenheiro precise dominar todos os campos de conhe- cimento, mas sim que possua um mínimo conhecimento sobre diversos assuntos, além de uma consciência de cidadania, para que consiga desenvolver soluções para diver- sos problemas e, que essas soluções possam repercutir positivamente na sociedade. De um lado o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta e projeta escassez de enge- nheiros (sobretudo civis) até 2020. Do outro, recém-formados relatam di�culdade em encontrar o primeiro emprego efetivo com o título de pro�ssional da engenharia. Flávio Pavan, gerente de projetos e pesquisa da Carreira Muller, consultoria que faz semestralmen- te levantamento de remuneração de engenheiros em todo Brasil, explica o aparente paradoxo. Como o piso salarial da categoria é estabelecido por lei federal (4.950-A/66) e �scalizado pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) com amparo dos sindicatos da categoria, o recém-formado acaba saindo “caro” para as empresas, tendo em vista o risco da sua “inexperiência”. A reportagem mostra um mapeamento da remuneração dos engenheiros no Brasil, desde es- tagiários a pro�ssionais de nível sênior. Fonte: Exame (2014). Disponível em: https://exame.abril.com.br/carreira/quanto-ganham-os-engenheiros-no-brasil/. Acesso em 27 dez 2019. Isto está na rede Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 34 Desse modo, além dos conhecimentos cientí�cos, diversas qualidades devem fazer parte das ações de um engenheiro, algumas destas qualidades serão apresentadas neste tópico. Aperfeiçoamento contínuo Um bom pro�ssional, independentemente de sua área de atuação, deve estar sempre atento aos avanços tecnológicos de sua pro�ssão, e para o enge- nheiro esta premissa não seria diferente. Um título alcançado com a graduação é o primeiro passo para uma carreira sólida, mas ela sozinha não é su�ciente para que o pro�ssional se mantenha dentro do mer- cado de trabalho, é preciso que o pro�ssional esteja em constante aperfeiçoamento através de livros, periódicos, palestras, congressos, simpósios, feiras e entidades de classe. Algumas destas podem já fazer parte da vida do engenheiro mesmo durante a sua formação acadêmica, já o preparando para o futuro pro�ssional. Os engenheiros também podem se especializar em determinadas áreas de atuação durante sua vida pro�ssional, essa especialização pode ser alcançada por meio de cursos de pós-graduação, em nível de mestrado e doutorado, ou em cursos de especialização e treinamento. O mestrado busca aprofundar os conhecimentos em determinada área, enquanto o doutorado visa formar pesquisadores. Já as especializações são uma maneira dos pro�ssionais se atualizarem e serem treinados em determi- nados assuntos, através de cursos de curta duração. Comunicação Muitos engenheiros cometem o erro de a�rmar que justamente por serem enge- nheiros não precisam saber falar ou escrever de maneira correta por trabalharem com números. Mas isto é um equívoco, em várias oportunidades vão ser exigidos dos engenheiros a capacidade de comunicação, tanto oral como escrita. Exemplos de oral é a participação em seminários, congressos e até mesmo de entrevistas de emprego. Já em relação à comunicação escrita temos a elaboração de relatórios téc- nicos, onde deve-se expor as atividades realizadas, utilizando grá�cos e tabelas Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 35 para expor os dados e textos bem escritos para explicar de maneira clara e pre- cisa o desempenho de um sistema ou projeto. Além da parte escrita, os relatórios possuem a parte oral onde o redator do relatório deve explicar a sua equipe ou seus superiores o conteúdo escrito. Como podemos ver, uma comunicação é uma qualidade indispensável para que um engenheiro tenha sucesso em sua carreira pro�ssional, sendo assim se faz necessário que os futuros engenheiros desenvolvam o hábito da leitura para auxi- liá-los na lógica de elaboração de textos e na construção de um vasto vocabulário. Ética profissional Os engenheiros com suas ações têm o poder de modi�car hábitos, ambien- tes, qualidade de vida, a maneira como moramos, nos locomovemos, podem até mudar consideravelmente o comportamento de uma sociedade. Diante dessa responsabilidade associada à preocupação de adotar soluções adequa- das, as ações de um engenheiro devem ser coerentes e racionais, pautadas em princípios éticos bem rígidos. Um engenheiro sempre deve estar preocupado em saber quais são os seus deveres, direitos, atribuições e quanto deve cobrar pela prestação de seus ser- viços. As ações do engenheiro perante a sociedade, seus clientes, fornecedores e concorrentes devem ser baseadas em preceitos éticos, no respeito pelo tra- balho de outros pro�ssionais e na garantia de adoção de uma postura correta na aplicação de seus conhecimentos. Experimentação Diversas vezes se faz necessário realizar experimentos, seja para veri�car algum resultado teórico, ou para obter dados, ou para analisar como determi- nado sistema se comporta. Saber realizar estes experimentos, quando é preciso realizá-los e interpretá-los é uma das qualidades desejáveis de um engenheiro. Esta experimentação envolve simular modelos, testar protótipos, regular o funcionamento de sistema, medir variáveis, entre outros. Além disso o enge- nheiro deve saber como interpretar os resultados da experimentação, como Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 36 citado acima, sabendo identi�car se há erros e quais são, os possíveis erros rela- cionados com os equipamentos de medição, quando há ou não a possibilidade de repetição dos testes, as incertezas, e vários outros parâmetros que podem surgir dependendo do tipo de experimento que está realizando. Relações humanas Outra qualidade que também é muito importante que um engenheiro tenha é um bom relacionamento com as pessoas. Em sua vida pro�ssional o engenheiro terá que se relacionar com clientes, funcionários, políticos, diretores da empresa, por isso é necessário que possua habilidade para interagir, convencer, argumen- tar, discutir, expor suas opiniões sempre mantendo um bom nível de diálogo. Um outro aspecto no qual essa qualidade é indispensável para o enge- nheiro, é que ele muitas das vezes acaba assumindo cargos de liderança e vai ter que saber lidar com pessoas com as mais variadas personalidades. Trabalho em equipe O exercício de todas as pro�ssões exige em algum momento uma certa habilidade em se trabalhar em equipe, pois o mundo está cada vez mais inter- ligado e os negócios mais complexos e dinâmicos. É preciso acabarmos com a ideia de que o mundo é formado por forças individuais. O trabalho em equipe é muito importante pois busca valorizar cada indivíduo e permite que todos façam parte de uma mesma ação. Além disso, possibilita que os membros da equipe troquem conhecimentos e experiências. Muitos pro�ssionais acham que estão trabalhando em equipes, mas na verdade estão trabalhando em grupo, como se o trabalho fosse uma linha de produção, onde o trabalho é individual. No trabalho em equipe, cada membro sabe o que os outros estão fazendo e sua importância para o sucesso da tarefa. Quando o trabalho é realizado em equipe os membros possuem objetivos em comum e desenvolvem metas coletivas que geralmente vão além daquilo que foi determinado. Por isso o trabalho em equipe é tão importante e deve ser desenvolvido desde a formação acadêmica. Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 37 A empregabilidade está diretamente relacionada à capacidade de falar inglês! Segundo o Sindi- cato dos Administradores no Estado de São Paulo (2016), o candidato deve dominar pelo menos o idioma inglês, pois tê-lo �uente pesa mais do que um curso de MBA ou de pós-graduação na disputa por uma boa posição no mercado de trabalho. Anote isso ÉTICA NA ENGENHARIA UNIDADE V Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 40 Os engenheiros geralmente trabalham em equipe, di�cilmente trabalham sozinhos, e os produtos que são frutos de seu trabalho impactam a sociedade como um todo. Sendo assim, se faz necessário que haja um conjunto de regras de interação que estabeleça qual é o comportamento adequado do engenheiro no seu relacionamento com outras pessoas e com a sociedade (Figura). Essas regras envolvem tanto a sociedade quanto o engenheiro: as obriga- ções que o engenheiro tem para com a sociedade e as obrigações que a sociedade tem para com o engenheiro. As regras de interação podem ser classi�cadas como etiqueta, direito, morais e ética. Figura – a conduta ética é exigida dos engenheiros Fonte: Pixabay.com A etiqueta é formada por um conjunto de códigos de comportamentos e cortesia, estes códigos nos instruem a como colocar os talheres em uma mesa de jantar formal e qual o vestuário utilizar em um casamento, por exemplo. Já existem livros que tratam sobre as regras de etiqueta, mas geralmente as aprendemos a partir da experiência diária. Não existem consequências muito sérias de se violar estas regras de interação, o máximo que pode acontecer é um mal-entendido entre os envolvidos. Dentro da engenharia, a etiqueta se vê presente no respeito aos funcioná- rios, chefes e clientes, em uma atitude pro�ssional ao atender o telefone, entre outras atitudes. Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 41 O direito retrata um conjunto de regras que são determinadas por autori- dades, governos, sociedade ou costumes do local, estas regras são denominadas de leis. De forma diferente da etiqueta, há punições para quem não respeitar as leis, como prisão, multas, serviços comunitários, suspensão de algum direito. Cada sociedade impõe suas próprias consequências para as violações das leis. Como a violação das leis pode gerar punições, muitas vezes gravíssi- mas, é necessário que seja claramente identi�cável, para que assim todos saibam quais são os limites que separam o legal do ilegal. Cada país possui sua maneira de estabelecer e impor suas leis, assim como de identi�car o que é legal ou não. E temos os direitos legais que são “pleitos justos”, como a�rmam Holtzapple e Reece (2015), concedidos a todas as pessoas sob a jurisdição de um governo. A maioria dos governos outorga direitos a seus cidadãos através de uma constituição. A moral é considerada como sendo os comportamentos aceitos de certo e errado, geralmente são aplicados ao comportamento individual. Estes compor- tamentos padrões podem ser adquiridos dos pais, da religião, dos amigos e até da mídia. Alguns dos padrões morais estão registrados em escritos religiosos e ainda que existem diversas religiões e culturas pelo mundo, temos concor- dância em relação a alguns padrões morais. Um exemplo são os assassinatos e roubos que são considerados por vários países como comportamentos imorais. Por outro lado, temos alguns comportamentos em que há opiniões diver- gentes em relação a moralidade ou não destes, como jogos de azar, consumo de álcool e tabaco, algumas culturas consideram essas práticas como imorais, porém para outras não há problemas. Os direitos morais, segundo Holtzapple e Reece (2015), são “pleitos justos” que pertencem a todas as pessoas, independentemente de serem reconhe- cidas ou não por um governo. A sociedade reconhece que apenas o fato de sermos humanos nos cobre de direitos, não sendo necessário fazer nada para conquistá-los. A moral, como já mencionado anteriormente, regulariza como o homem deve se comportar consigo mesmo, de�nem os costumes, deveres e como o homem deve agir com os outros homens, estando de acordo com a justiça e a equidade natural. Dessa forma, podemos considerar que os princípios éticos Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 42 e morais são os pilares de uma identidade pro�ssional. Estes princípios são os pilares da construção de um pro�ssional que exerça o Direito Justo, este pro- �ssional se diferencia dos demais por seu talento e por sua moral. Oliveira (2012) a�rma que o mundo ético é o mundo do “deve ser” (mundo dos juízos de valor), em contraposição ao mundo do “ser” (mundo dos juí- zos de realidade). Entretanto, a moral pode ser considerada como sendo a parte subjetiva da ética, pois o homem em muitas vezes não pode o que quer e nem sempre quer o que pode. Como em todas as relações, a ética deve ser aplicada no campo das ati- vidades pro�ssionais e é essencial ao pro�ssional, pois nas ações humanas o “fazer” e o “agir” estão relacionados. O fazer está relacionado com a compe- tência, o pro�ssional precisa ser e�ciente no exercício da sua pro�ssão. Já o agir é referente à conduta do pro�ssional, em como ele age no cumprimento de sua pro�ssão. Segundo Oliveira (2012), o varredor de rua que se preocupa em limpar o canal de escoamento de água da chuva; o médico cirurgião que confere as sutu- ras nos tecidos internos antes de completar a cirurgia; o contador que impede uma fraude ou desfalque, ou que não maquia o balanço de uma empresa; o engenheiro que utiliza o material mais indicado para a construção de uma ponte, todos estão agindo de forma eticamente correta em suas pro�ssões, ao fazerem o que não é visto, ou aquilo que, alguém vendo, não saberá quem fez. A ética é, portanto, o estudo do que é correto ou incorreto, justo ou injusto, adequado ou inadequado. E tem como um dos seus objetivos a busca de jus- ti�cativas para as regras propostas pela Moral e pelo Direito, diferindo destes dois por não estabelecer regras. Cada pro�ssão deve ter leis que são determinadas com o intuito de prote- ger os pro�ssionais e as pessoas que dependem deles. Porém, além destas leis temos vários outros aspectos não previstos especi�camente e que devem fazer parte do compromisso do pro�ssional com a ética, que recebendo ou não elo- gios pelo o que fez, faz a coisa certa. Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 43 CÓDIGO DE ÉTICA DO ENGENHEIRO A ética, como já mencionado, é um conjunto de conceitos gerais e abstra- tos de comportamentos que são considerados certos e errados, são derivados da �loso�a, teologia e das sociedades pro�ssionais. As pro�ssões são exerci- das por pessoas de diferentes culturas e religiões, por isso os padrões de ética das pro�ssões devem ser seculares. A maior parte das sociedades pro�ssio- nais tem um código de ética formal para guiar seus associados. De acordo com Holtzapple e Reece (2015), fazendo uma análise desses códigos, podemos per- ceber que fornecem as seguintes orientações: 1. Proteger a segurança, a saúde e o bem-estar públicos; 2. Atuar apenas em áreas de competência; 3. Ser verdadeiro e objetivo; 4. Comportar-se de forma honrosa e digna; 5. Seguir aprendendo para aprimorar as aptidões técnicas; 6. Prover trabalho honesto a árduo aos empregadores ou clientes; 7. Informar as autoridades competentes sobre atividades danosas, peri- gosas ou ilegais; 8. Envolver-se com assuntos cívicos e comunitários; 9. Proteger o meio ambiente; 10. Não aceitar propinas ou presentes que possam interferir no julgamento da engenharia; 11. Proteger informação con�dencial de empregadores e clientes; 12. Evitar con�itos de interesse. A elaboração de um código de ética deve sempre se iniciar pela determi- nação dos princípios que o fundamentam e se desenvolve em torno de dois eixos de normas: direitos e deveres. Quando de�ne os direitos, o código de ética está cumprindo o objetivo de delimitar o per�l do seu grupo. Quando de�ne os deveres, abre o grupo à universalidade. Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 44 A de�nição de deveres tem que ser completa o bastante, de modo que cada membro que o cumprir realize o ideal de ser humano. O processo de elaboração do código de ética já tem que ser considerado como um exercício da ética. De outro modo, não deixará de ser apenas um código moral defensivo de uma corporação. A elaboração de um código de ética necessariamente precisa abranger todos os componentes do grupo social que ele envolverá e irá representar. Isso requer um processo de formulação do diverso ao unitário, de modo que o resultado seja um código que represente todas as disposições morais e éticas do grupo. O engenheiro, assim como outras pro�ssões, possui um código de ética, sendo este apresentado abaixo. Código de Ética do Profissional da Engenharia, da Agronomia, da Geologia, da Geografia e da Meteorologia 1 - Preâmbulo Artigo 1º - O Código de Ética Pro�ssional enuncia os fundamentos éticos e as condutas necessárias à boa e honesta prática das pro�ssões da Engenharia, da Agronomia, da Geologia, da Geogra�a e da Meteorologia e relaciona direi- tos e deveres correlatos de seus pro�ssionais. Artigo 2º - Os preceitos deste Código de Ética Pro�ssional têm alcance sobre os pro�ssionais em geral, quaisquer que sejam seus níveis de formação, modalidades ou especializações. Artigo 3º - As modalidades e especializações pro�ssionais poderão estabe- lecer, em consonância com este Código de Ética Pro�ssional, preceitos próprios de conduta atinentes às suas peculiaridades e especi�cidades. 2 – Da identidade das pro�ssões e dos pro�ssionais Artigo 4º - As pro�ssões são caracterizadas por seus per�s próprios, pelo saber cientí�co e tecnológico que incorporam, pelas expressões artísticas que utilizam e pelos resultados sociais, econômicos e ambientais do trabalho que realizam. Artigo 5º - Os pro�ssionais são os detentores do saber especializado de suas pro�ssões e os sujeitos pró-ativos do desenvolvimento. Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 45 Artigo 6º - O objetivo das pro�ssões e a ação dos pro�ssionais volta-se para o bem-estar e o desenvolvimento do homem, em seu ambiente e em suas diversas dimensões: como indivíduo, família, comunidade, sociedade, nação e humanidade; nas suas raízes históricas, nas gerações atual e futura. Artigo 7º - As entidades, instituições e conselhos integrantes da organiza- ção pro�ssional são igualmente permeados pelos preceitos éticos das pro�ssões e participantes solidários em sua permanente construção, adoção, divulgação, preservação e aplicação. 3 - Dos princípios éticos Artigo 8º - A prática da pro�ssão é fundada nos seguintes princípios éti- cos aos quais o pro�ssional deve pautar sua conduta: Do objetivo da pro�ssão I - A pro�ssão é bem social da humanidade e o pro�ssional é o agente capaz de exercê-la, tendo como objetivos maiores a preservação e o desenvolvimento harmônico do ser humano, de seu ambiente e de seus valores; Da natureza da pro�ssão II - A pro�ssão é bem cultural da humanidade construído permanen- temente pelos conhecimentos técnicos e cientí�cos e pela criação artística, manifestando-se pela prática tecnológica, colocado a serviço da melhoria da qualidade de vida do homem; Da honradez da pro�ssão III - A pro�ssão é alto título de honra e sua prática exige conduta honesta, digna e cidadã; Da e�cácia pro�ssional IV - A pro�ssão realiza-se pelo cumprimento responsável e competente dos compromissos pro�ssionais, munindo-se de técnicas adequadas, assegu- rando os resultados propostos e a qualidade satisfatória nos serviços e produtos e observando a segurança nos seus procedimentos; Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 46 Do relacionamento pro�ssional V - A pro�ssão é praticada através do relacionamento honesto, justo e com espírito progressista dos pro�ssionais para com os gestores, ordenadores, des- tinatários, bene�ciários e colaboradores de seus serviços, com igualdade de tratamento entre os pro�ssionais e com lealdade na competição; Da intervenção pro�ssional sobre o meio VI - A pro�ssão é exercida com base nos preceitos do desenvolvimento sustentável na intervenção sobre os ambientes natural e construído e da inco- lumidade das pessoas, de seus bens e de seus valores; Da liberdade e segurança pro�ssionais VII - A pro�ssão é de livre exercício aos quali�cados, sendo a segurança de sua prática de interesse coletivo. 4 - Dos deveres Artigo 9º - No exercício da pro�ssão são deveres do pro�ssional: I - Ante ao ser humano e a seus valores: a. oferecer seu saber para o bem da humanidade; b. harmonizar os interesses pessoais aos coletivos; c. contribuir para a preservação da incolumidade pública; d. divulgar os conhecimentos cientí�cos, artísticos e tecnológicos ineren- tes à pro�ssão; II - Ante à pro�ssão: a. identi�car-se e dedicar-se com zelo à pro�ssão; b. conservar e desenvolver a cultura da pro�ssão; c. preservar o bom conceito e o apreço social da pro�ssão; d. desempenhar sua pro�ssão ou função nos limites de suas atribuições e de sua capacidade pessoal de realização; Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 47 e. empenhar-se junto aos organismos pro�ssionais no sentido da conso- lidação da cidadania e da solidariedade pro�ssional e da coibição das transgressões éticas; III - Nas relações com os clientes, empregadores e colaboradores: a. dispensar tratamento justo a terceiros, observando o princípio da equidade; b. resguardar o sigilo pro�ssional quando do interesse de seu cliente ou empre- gador, salvo em havendo a obrigação legal da divulgação ou da informação; c. fornecer informação certa, precisa e objetiva em publicidade e propa- ganda pessoal; d. atuar com imparcialidade e impessoalidade em atos arbitrais e periciais; e. considerar o direito de escolha do destinatário dos serviços, ofertando- -lhe, sempre que possível, alternativas viáveis e adequadas às demandas em suas propostas; f. alertar sobre os riscos e responsabilidades relativos às prescrições téc- nicas e às consequências presumíveis de sua inobservância; g. adequar sua forma de expressão técnica às necessidades do cliente e às normas vigentes aplicáveis; IV - Nas relações com os demais pro�ssionais: a. atuar com lealdade no mercado de trabalho, observando o princípio da igualdade de condições; b. manter-se informado sobre as normas que regulamentam o exercício da pro�ssão; c. preservar e defender os direitos pro�ssionais; V - Ante ao meio: a. orientar o exercício das atividades pro�ssionais pelos preceitos do desen- volvimento sustentável; b. atender, quando da elaboração de projetos, execução de obras ou cria- ção de novos produtos, aos princípios e recomendações de conservação de energia e de minimização dos impactos ambientais; Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 48 c. considerar em todos os planos, projetos e serviços as diretrizes e disposi- ções concernentes à preservação e ao desenvolvimento dos patrimônios sócio-cultural e ambiental. 5 - Das condutas vedadas Artigo 10º - No exercício da pro�ssão são condutas vedadas ao pro�ssional: I - Ante o ser humano e seus valores: a. descumprir voluntária e injusti�cadamente com os deveres do ofício; b. usar de privilégio pro�ssional ou faculdade decorrente de função de forma abusiva, para �ns discriminatórios ou para auferir vantagens pessoais; c. prestar de má-fé orientação, proposta, prescrição técnica ou qualquer ato pro�ssional que possa resultar em dano às pessoas ou a seus bens patrimoniais; II - Ante à pro�ssão: a. aceitar trabalho, contrato, emprego, função ou tarefa para os quais não tenha efetiva quali�cação; b. utilizar indevida ou abusivamente do privilégio de exclusividade de direito pro�ssional; c. omitir ou ocultar fato de seu conhecimento que transgrida à ética pro- �ssional; III - Nas relações com os clientes, empregadores e colaboradores: d. formular proposta de salários inferiores ao mínimo pro�ssional legal; e. apresentar proposta de honorários com valores vis ou extorsivos ou des- respeitando tabelas de honorários mínimos aplicáveis; f. usar de artifícios ou expedientes enganosos para a obtenção de vanta- gens indevidas, ganhos marginais ou conquista de contratos; g. usar de artifícios ou expedientes enganosos que impeçam o legítimo acesso dos colaboradores às devidas promoções ou ao desenvolvimento pro�ssional; Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 49 h. e. descuidar com as medidas de segurança e saúde do trabalho sob sua coordenação; i. f. suspender serviços contratados, de forma injusti�cada e sem prévia comunicação; j. g. impor ritmo de trabalho excessivo ou exercer pressão psicológica ou assédio moral sobre os colaboradores; IV - Nas relações com os demais pro�ssionais: a. intervir em trabalho de outro pro�ssional sem a devida autorização de seu titular, salvo no exercício do dever legal; b. referir-se preconceituosamente a outro pro�ssional ou pro�ssão; c. agir discriminatoriamente em detrimento de outro pro�ssional ou pro- �ssão; d. atentar contra a liberdade do exercício da pro�ssão ou contra os direi- tos de outro pro�ssional; V - Ante ao meio: a. prestar de má-fé orientação, proposta, prescrição técnica ou qualquer ato pro�ssional que possa resultar em dano ao ambiente natural, à saúde humana ou ao patrimônio cultural. 6 - Dos direitos Artigo 11º - São reconhecidos os direitos coletivos universais inerentes às pro�ssões, suas modalidades e especializações, destacadamente: a. à livre associação e organização em corporações pro�ssionais; b. ao gozo da exclusividade do exercício pro�ssional; c. ao reconhecimento legal; d. à representação institucional. Artigo 12º - São reconhecidos os direitos individuais universais inerentes aos pro�ssionais, facultados para o pleno exercício de sua pro�ssão, destacadamente: Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 50 a. à liberdade de escolha de especialização; b. à liberdade de escolha de métodos, procedimentos e formas de expressão; c. ao uso do título pro�ssional; d. à exclusividade do ato de ofício a que se dedicar; e. à justa remuneração proporcional à sua capacidade e dedicação e aos graus de complexidade, risco, experiência e especialização requeridos por sua tarefa; f. ao provimento de meios e condições de trabalho dignos, e�cazes e seguros; g. à recusa ou interrupção de trabalho, contrato, emprego, função ou tarefa quando julgar incompatível com sua titulação, capacidade ou dignidade pessoais; h. à proteção do seu título, de seus contratos e de seu trabalho; i. à proteção da propriedade intelectual sobre sua criação; j. à competição honesta no mercado de trabalho; k. à liberdade de associar-se a corporações pro�ssionais; l. à propriedade de seu acervo técnico pro�ssional. 7 - Da infração ética Artigo 13º - Constitui-se infração ética todo ato cometido pelo pro�ssional que atente contra os princípios éticos, descumpra os deveres do ofício, prati- que condutas expressamente vedadas ou lese direitos reconhecidos de outrem. Artigo 14º - A tipi�cação da infração ética para efeito de processo discipli- nar será estabelecida, a partir das disposições deste Código de Ética Pro�ssional, na forma que a lei determinar. Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 51 Crea vai apurar conduta de engenheiros da Arena após incidente na avalanche O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-RS) vai apurar se os três engenheiros que a polícia aponta como responsáveis pelo desabamento de torcedores no fosso da Arena, em janeiro de 2013, cometeram desvios éticos. Os engenheiros Marcos Benicio dos Santos, líder de projetos da OAS no Rio Grande do Sul, Jacques Andrade Antipo�, gerente de contratos da OAS, e Ricardo Sabino da Silva, contratado pela empresa terceirizada Aço Inox do Brasil, serão indi- ciados por dois crimes: lesão corporal culposa e exposição de outras vidas ao perigo iminente. Conforme a perícia do Departamento de Criminalística, o alambrado que cedeu no jogo entre Grêmio e LDU, ferindo oito pessoas na noite de 30 de janeiro, nem sequer atendia às normas para construção de um guarda-corpo em prédio residencial. Portanto, jamais poderia oferecer segurança a milhares de pessoas em um estádio. O coordenador da comissão de ética do Crea, Odir Francisco Ruckhaber, explica que a conduta dos três pro�ssionais deverá ser primeiramente avaliada em câmaras setoriais do conselho. Santos e Antipo�, que são engenheiros civis, serão submetidos à câmara de engenharia civil, formada por 30 conselheiros - e Sabino, engenheiro mecânico, será analisado na câmara de engenharia industrial, com 20 integrantes. Fonte: Paulo Germano (2013). Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/geral/noti- cia/2013/05/crea-vai-apurar-conduta-de-engenheiros-da-arena-apos-incidente-naavalan- che-4147506.html. Acesso em 28 dez 2019. Isto acontece na prática RESPONSABILIDADE SOCIAL DO ENGENHEIRO UNIDADE VI Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 54 Há algumas décadas surgiu o conceito de desenvolvimento sustentável e muitos valores já foram acrescidos a essa expressão desde então, mas apesar disso muitos se prendem apenas ao fato de poluir menos ou não desmatar. No entanto, nos dias de hoje esse conceito vai muito mais longe do que apenas proteger as �orestas e colaborar para a diminuição do efeito estufa, se mostra necessário que não adianta apenas isso, se não houver conscientização de todos nada vai funcionar com êxito. O desenvolvimento sustentável está totalmente entrelaçado com a responsabilidade social, pois é com a educação, conscien- tização e com exemplos que se criam projetos de sucesso. Para que projetos de responsabilidade social sejam cada vez mais implantados é necessário capacitar pro�ssionais para planejar e pôr em prática. Os engenhei- ros são pro�ssionais que lidam diretamente com grandes projetos e com pessoas em todos os sentidos, por isso a necessidade de conscientizá-los de que a res- ponsabilidade de um planeta mais sustentável depende dele, para que projetos continuem a acontecer e que novos sejam criados. Portanto o engenheiro precisa ser um pro�ssional coerente, precisa
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