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Livro de Introdução à Engenharia

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CAÇÃO
 
Prof. Me. Diego Ruben Martin
Prof.ª Me. Tamires Soares Ferreira
INTRODUÇÃO À ENGENHARIA
INTRODUÇÃO À 
ENGENHARIA
PROF. ME. DIEGO RUBEN 
MARTIN
PAULISTA
A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma ação 
integrada de suas atividades educacionais, visando à geração, 
sistematização e disseminação do conhecimento, para formar 
pro�ssionais empreendedores que promovam a transformação e 
o desenvolvimento social, econômico e cultural da comunidade 
em que está inserida.
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Marília - São Paulo.
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FACULDADE 
CATÓLICA PAULISTA
Diretor Geral
Valdir Carrenho Junior
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização.
Todos os grá�cos, tabelas e elementos são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência, 
sendo de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos.
Projeto Grá�co 
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SUMÁRIO
O INÍCIO E A EVOLUÇÃO DA ENGENHARIA NO BRASIL 05
FORMAÇÃO E ÁREAS DE ATUAÇÃO DO ENGENHEIRO 17
ÓRGÃOS REGULAMENTADORES DA ENGENHARIA NO BRASIL 23
O MERCADO PROFISSIONAL PARA A ENGENHARIA 29
ÉTICA NA ENGENHARIA 39
RESPONSABILIDADE SOCIAL DO ENGENHEIRO 53
SUSTENTABILIDADE E MEIO AMBIENTE NA ENGENHARIA 61
ENSINO E PESQUISA CIENTÍFICA NA ENGENHARIA 69
A CRIATIVIDADE NA ENGENHARIA 77
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO NA ENGENHARIA 85
O PROJETO NA ENGENHARIA 91
O MÉTODO DE PROJETO DE ENGENHARIA – I 101
O MÉTODO DE PROJETO DE ENGENHARIA – II 109
A ENGENHARIA APLICADA NA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS 115
TECNOLOGIA E INOVAÇÃO NA ENGENHARIA 123
ENGENHARIA 4.0 131
CONCLUSÃO 137
ELEMENTOS COMPLEMENTARES 139
REFERÊNCIAS 141
INTRODUÇÃO
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O INÍCIO E A EVOLUÇÃO 
DA ENGENHARIA NO 
BRASIL
UNIDADE I
O INÍCIO E A EVOLUÇÃO DA ENGENHARIA NO 
BRASIL
O conceito de engenharia existe desde a antiguidade, junto com as primeiras 
criações do homem, como, por exemplo, as armas de caça, a roda, a alavanca, 
entre outras invenções. Todas exploravam princípios básicos do que hoje cha-
mamos de engenharia moderna. A maior parte das invenções iniciais tinha um 
propósito militar de conquista e de domínio sobre outros povos. Contudo, à 
medida que estruturas civis foram sendo criadas para usos não-militares, sur-
giu o termo Engenharia Civil, e esse conceito foi se estendendo para as demais 
áreas de Engenharia hoje conhecidas, como a Engenharia de Alimentos, de 
Produção, Mecânica, Elétrica, de Controle e Automação, entre outras.
Os primeiros engenheiros nem levavam este título. Eram chamados de 
Mestres nas grandes construções. Sabe-se que desde a antiguidade já existia o 
conceito de engenharia, mas começou a tomar forma por volta do século XVI, 
quando se referia ao mestre que construía ou operava um “engenho”, que era 
uma máquina de guerra, semelhante a uma catapulta. E essa palavra engenho 
em latim era o “ingenium”, que signi�ca “gênio” ou uma invenção inteligente 
(OLIVEIRA, 2016).
São diversos os conceitos da palavra Engenharia e, em muitos casos, utili-
zar um exemplo prático para de�nir este termo pode ser uma alternativa mais 
e�caz, entretanto, Cocian (2009) de�ne a Engenharia como a arte da aplicação 
dos princípios cientí�cos, da experiência, do julgamento e do senso comum, 
para implementar ideias e ações em benefício da humanidade e da natureza.
Os engenheiros fazem coisas diversas, como projetar pontes, equipamentos 
médicos, automóveis, desenvolver processos para a produção de alimentos e 
sistemas para o transporte de massas. Em outras palavras, a engenharia envolve 
o desenvolvimento de um produto técnico ou sistema que seja adequado para 
resolver uma questão especí�ca, valendo-se, para isso, de técnicas de utilização 
de materiais que a natureza oferece com a energia para fazer as transformações 
requeridas. Pensando nisso, outra de�nição interessante pode ser: “A engenha-
ria é a aplicação dos saberes cientí�cos para criar algum elemento de valor a 
partir dos recursos naturais” (COCIAN, 2009).
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Estes pro�ssionais exercem, certamente, um papel importante ao trazer 
objetos comuns até o mercado. Além disso, os engenheiros são participantes 
fundamentais em alguns dos mais animadores feitos da humanidade. Por exem-
plo, o programa Apolo foi uma empreitada fabulosa que permitiu à humanidade 
se libertar de seu con�namento na Terra e pousar na Lua. Foi uma proeza da 
engenharia que empolgou os Estados Unidos e o mundo. Alguns especialistas 
argumentam que os astronautas jamais deveriam ter ido à Lua, simplesmente 
porque todos os outros feitos e conquistas perdem em comparação; no entanto, 
acredita-se que desa�os ainda mais excitantes aguardam você e sua geração 
(HOLTZAPPLE; REECE, 2013).
O HISTÓRICO DA ENGENHARIA
O surgimento da Engenharia remonta ao aparecimento das primeiras civi-
lizações e acompanha a evolução do ser-humano. Desde o primeiro momento 
em que o homem pré-histórico se viu na necessidade de construir sua própria 
casa, ou ainda, fabricar suas ferramentas e armas para caça e defesa de seu ter-
ritório, construir sistemas de transporte, podemos dizer que surgem os primeiros 
engenheiros, uma vez que estas atividades exigiam o desenvolvimento de capa-
cidades e habilidades como o raciocínio lógico, projeto, planejamento e 
experiência adquirida. A Figura apresenta em ordem cronológica a evolução 
Como surgiu a Engenharia?
Quando paramos para pensar que a engenharia está relacionada a aplicar o conhecimento para 
a melhoria da qualidade de vida, desenvolvendo ferramentas, equipamentos e objetos úteis, 
podemos voltar aos tempos antigos, na época da invenção da roda, da polia e da alavanca. 
Mas, nesse mesmo contexto, estão as ferramentas muito antigas usadas pelos pré-históricos, 
como facas feita de pedras, lanças e outros objetos. Ou seja, os engenheiros estavam lá, mas 
não levavam o título. Este artigo apresenta um panorama da origem dessa grandiosa pro�ssão.
Fonte: Instituto de Engenharia (2019). Disponível em: https://www.institutodeengenharia.org.
br/site/2019/03/29/como-surgiu-a-engenharia/. Acesso em 25 nov 2019.
Isto está
na rede
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da roda, elemento importante no desenvolvimento de sistemas de transporte, 
criado no período neolítico, quando os principais materiais e ferramentas eram 
as pedras, ossos e madeiras.
Figura – Evolução da roda
Fonte: Shuttersctock. James Steidl – ID: 39705466
A �gura mostra claramente que as primeiras rodas eram construídas uti-
lizando pedras e madeiras. À medida que o conhecimento e o domínio do 
homem sobre os materiais da época são desenvolvidos, sistemas mais com-
plexos e tecnológicos são criados. Com o surgimento do pneu de borracha no 
ano de 1845 e a descoberta de novos materiais, como as ligas metálicas e os 
compósitos, as rodas tiveram seu desempenho aumentado, trazendo inúme-
ras vantagens, como leveza, resistência, durabilidade, entre outros benefícios.
Não se pode deixar de destacar as grandiosas construções da antiguidade. 
Com certeza você já se questionou como um palácio, ou uma pirâmide, foi 
construída há tantos anos? Como as pedras com dimensões enormes foram 
transportadas até o topo de montanhas? Quanto tempo poderiam ter levado 
essas construções? Os engenheiros (ou os precursores dos engenheiros) esta-
vam presentes nas populações antigas quando pensamos na construção das 
pirâmides do Egito, os aquedutos romanos, Machu Picchu e outras constru-
ções icônicas. Eles também estavam envolvidos na base matemática e física 
que formam a engenharia, como é o caso do conhecido teorema de Pitágoras.
Acredita-se que o primeiro engenheiro
civil foi Imhotep, um dos funcio-
nários do faraó que projetou e construiu a pirâmide de Djoser. Isso aconteceu 
por volta de 2630 – 2611 a. C. Vale destacar que ele também foi considerado o 
primeiro arquiteto da história antiga. A palavra “engenheiro” só começou a ser 
usada no século XI, derivada do latim “ingeniator”. Ela era usada para de�nir 
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alguém que criava invenções engenhosas e práticas. Leonardo da Vinci, por 
exemplo, tinha o título de Ingegnere Generale devido a suas engenhosas ideias. 
Suas notas revelam que os engenheiros da época começavam a questionar 
sobre uma avaliação do “como” e “por que” funciona (FEREGUETTI, 2019).
Outras invenções mostram a evolução da engenharia e criatividade dos 
engenheiros da Antiguidade, dadas as poucas ferramentas e conhecimentos 
da época. Um exemplo é a Eolípila (Figura), uma máquina a vapor criada por 
Heron de Alexandria, para diversão. Ela funcionava pelo aquecimento da água 
em uma bacia (ou caldeira) que era aquecida com fogo. O vapor passava atra-
vés de um tubo que também servia de eixo para 
esfera e saía através de dois tubos curvos em lados 
opostos, fazendo com que a esfera girasse. Heron 
de Alexandria pode ser considerado o primeiro 
engenheiro mecânico da história e precursor da 
máquina a vapor (MANERA, 2013).
Ao longo dos séculos, novas invenções e des-
cobertas foram feitas, os conhecimentos foram se 
avolumando, mas tudo isso acontecia, em essên-
cia, apenas por força da experiência prática de 
vários artesãos, que aperfeiçoavam empirica-
mente seus produtos ou processos, transmitindo 
suas técnicas de fabricação para novas gerações 
(BAZZO; PEREIRA, 2014).
A ENGENHARIA MODERNA
A engenharia moderna surgiu na revolução cientí�ca, com a obra de Galileu, 
que buscava explicações sistemáticas e adotava uma abordagem cientí�ca para 
problemas práticos. Foi o início da análise estrutural, da representação matemática 
e do projeto de estruturas de construção. A primeira fase da engenharia terminou 
com a Primeira Revolução Industrial, quando as máquinas começaram a substituir 
Figura – Eolípila: máquina a vapor de Heron
Disponível em: https://www.�ickr.com/photos/bstorage/18994011658. Acesso em 26 nov 2019.
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os homens e o motor a vapor foi melhorado. Os então chamados artesãos eram 
os responsáveis pelo desenvolvimento dessas máquinas (FEREGUETTI, 2019).
Com a rápida expansão dos conhecimentos cientí�cos e sua aplicação a pro-
blemas práticos, surge o engenheiro. O aparecimento formal desse pro�ssional 
resultou, na realidade, de todo um processo de evolução ocorrido durante milha-
res de anos. Aos poucos a engenharia foi se estruturando, fruto fundamentalmente 
do desenvolvimento da matemática, da explicação dos fenômenos físicos, dos 
experimentos realizados - em ambiente controlado -, da prática de campo, da sis-
tematização de cursos formais. Quando no século 18 se chegou a um conjunto 
sistemático e ordenado de doutrinas, estava lançada, de�nitivamente, a semente 
da nova engenharia. Essa sistematização, podemos dizer, estabeleceu um marco 
divisório entre duas engenharias: a engenharia do passado e engenharia moderna.
A engenharia moderna é aquela que se caracteriza por uma forte aplica-
ção de conhecimentos cientí�cos à solução de problemas. Ela pode dedicar-se, 
basicamente, a problemas da mesma espécie que a engenharia do passado se 
dedicava, porém com uma característica distinta e marcante: a aplicação de 
conhecimentos cientí�cos. Se antes os artefatos eram construídos com base 
em determinantes estéticos e operacionais, tomando sempre como referên-
cia a experiência pregressa do construtor, agora um projeto teórico - baseado 
em conceitos cientí�cos, em teorias formalmente estudadas e em experiên-
cias de laboratório metodologicamente controladas - antecede a construção. 
Conhecimentos sistematizados a respeito da natureza – por exemplo a estru-
tura da matéria, os fenômenos eletromagnéticos, a composição química dos 
materiais, as leis da mecânica, a transferência de energia, as modelagens mate-
máticas dos fenômenos físicos - passam a fazer parte da prática dessa nova 
engenharia (BAZZO; PEREIRA, 2014).
A Engenharia moderna caminha junto com a Idade Moderna da história, 
que teve seu início marcado pela tomada da Constantinopla em 1453. Nesse 
período viveu um gênio do Renascimento, atuante em diversas áreas do conhe-
cimento e considerado o primeiro engenheiro multiáreas da história. Estamos 
falando de Leonardo Da Vinci, italiano, que tem a si atribuídas importantíssi-
mas invenções como calculadora mecânica, tanque de guerra, helicóptero, o 
uso da energia solar e o casco duplo nas embarcações (PINTO, 2006).
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Um marco importante para a disseminação da ciência e da técnica foi esta-
belecido por volta de 1450, quando Johannes Gens�eisch Gutenberg (1400 
- 1468), partindo de uma antiquíssima invenção dos chineses, a imprensa, a 
aperfeiçoou - implantando os tipos móveis metálicos para composição grá-
�ca – e mecanizou o processo, garantindo uma impressão mais rápida. Este 
fato injetou novo dinamismo no progresso intelectual, porque a partir daí os 
conhecimentos passaram a circular com maior velocidade, pois podiam ser 
reproduzidos mais facilmente. Até essa época, os conhecimentos só circulavam 
verbalmente ou através de manuscritos, que eram raros e de difícil reprodu-
ção (BAZZO; PEREIRA, 2006).
Nos séculos XVI e XVII, na Europa, a engenharia desenvolveu-se princi-
palmente pelas necessidades de segurança dos fortes militares e dos recursos 
bélicos. Na Revolução Industrial, �omas Newcomen, em 1712, criou o motor 
a vapor, e a partir dele vários outros equipamentos foram desenvolvidos. Em 
1778, na França, foi criada a primeira escola de engenharia do mundo, a École 
Nationale des Ponts et Chaussées (Escola de Pontes e Estradas), voltada para o 
ensino prático e teórico (CARDOSO, 1999).
O século XX foi a era da Engenharia das Telecomunicações e Informática e, 
dentre as principais invenções, devemos destacar a televisão em 1926 e o com-
putador digital eletrônico, que foi implementado pela primeira vez em 1936 
por Konrad Zuse. O computador foi fundamental para o avanço da ciência, 
tecnologia e da Engenharia em todas as áreas, propiciando cálculos mais com-
plexos e rápidos, simulações e armazenamento de dados. A divulgação e troca 
de conhecimentos tomou um novo impulso com o advento da Internet no �m 
da década de 1960 e da World Wide Web (Rede Mundial de Computadores), 
que foi criada em 1992, tornando a ciência e a tecnologia acessíveis a todos. 
Em 1974, foi realizada a primeira chamada a partir de um telefone celular. Esse 
inovador invento associado à internet reduziu a distância entre as pessoas e as 
informações (ZIMMERMANN, 2016).
O século XXI é a era das descobertas, com um aumento vertiginoso na 
velocidade das pesquisas em todas as áreas da ciência e Engenharia. Algumas 
descobertas da última década: o genoma humano, por meio da engenharia 
genética, foi mapeado em 2003, obtendo-se a ordem dos genes. Em 2011, foi 
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criada uma haste de metal, visível a olho nu, com comportamento, segundo a 
física quântica, o que antes era aplicado apenas a objetos como o tamanho de 
átomos; existência de gelo enterrado no solo e em grandes blocos em Marte; 
as doenças câncer, diabetes e Alzheimer relacionados a respostas in�amató-
rias; além de algumas técnicas que levaram
à comprovação de que o Cosmos 
é plano (BIOLOGIANAREDE, 2011).
A ENGENHARIA NO BRASIL
Não é possível estabelecer com certeza o início da atividade de engenha-
ria no Brasil, mas podemos imaginar que ela se iniciou com as primeiras casas 
construídas pelos colonizadores que chegaram aqui no Brasil; porém, como 
estas construções eram muito precárias não é considerada por muitos histo-
riadores como engenharia em si.
No Brasil, a engenharia se iniciou com a entrada das atividades de duas 
categorias de pro�ssionais: os o�ciais-engenheiros e os mestres de risco. Os 
mestres de risco eram construtores de edi�cações civis e religiosas, suas ativi-
dades se assemelham as dos arquitetos de hoje em dia, e foi devido à atividade 
destes pro�ssionais que os brasileiros tiveram teto, repartições e templos.
Já os o�ciais-engenheiros tinham como funções obras de defesa, demarcação 
de fronteiras e levantamentos geográ�cos, ensino, obras civis diversas, entre outras.
De acordo com Telles (1984) sempre houve falta de engenheiros na época 
colonial. Por volta de 1630, Pedro Roiz foi contratado pela Câmara Municipal 
de São Paulo para corrigir alinhamentos de ruas, sendo por isso considerado 
o patriarca dos engenheiros paulistanos.
O ensino da engenharia no Brasil pode ter iniciado, como a�rmam Bazzo 
e Pereira (2014), com a contratação do holandês Miguel Timermans, entre 
1648 e 1650, para ensinar sua arte e ciência.
A primeira escola de engenharia propriamente dita - a Academia Real 
Militar - foi criada em 4 de dezembro de 1810 pelo príncipe Regente - futuro 
Rei D. João VI - vindo a substituir a Real Academia de Artilharia, Forti�cações 
e Desenho, essa instalada em 17 de dezembro de 1792.
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Com o passar dos anos, a Academia Real Militar sofreu várias reformas e 
transformações. Após a Independência, teve seu nome alterado para Academia 
Imperial Militar e, posteriormente, para Academia Militar da Corte. Em outu-
bro de 1823, um decreto possibilitou a matrícula de alunos civis, que não mais 
eram obrigados a fazer parte do Exército.
Outras mudanças aconteceram até que, pelo decreto n° 2.116, de primeiro 
de março de 1858, por meio da nova organização das escolas militares, a Escola 
Militar da Corte passou a denominar-se Escola Central, sendo então destinada 
ao ensino das Matemáticas e Ciências Físicas e Naturais e, também, das dou-
trinas próprias da Engenharia Civil. Com estas modi�cações, o ensino militar 
�cou a cargo da Escola de Aplicação do Exército, agora denominada Escola 
Militar e de Aplicação do Exército, e da Escola Militar do Rio Grande do Sul.
Em 25 de abril de 1874, através do decreto nº. 5.600, foi criada a Escola 
Politécnica do Rio de Janeiro, sucessora da antiga Escola Central.
Também durante o Segundo Império, foi criada a Escola de Minas de Ouro 
Preto, em 12 de outubro de 1876. Ainda no século 19, mais cinco escolas de 
engenharia foram implantadas: em 1893, a Politécnica de São Paulo; em 1896, a 
Politécnica do Mackenzie College e a Escola de Engenharia do Recife; em 1897, 
a Politécnica da Bahia e a Escola de Engenharia de Porto Alegre.
Até 1946 já existiam 15 instituições de ensino de engenharia e, de lá para 
cá, muitas outras foram implantadas no país, o que representa, hoje, algumas 
centenas de cursos.
A evolução da engenharia no Brasil culminou no reconhecimento da pro�s-
são em 11 de dezembro de 1933 através do Decreto nº 23.569, que regulamentou 
o exercício das pro�ssões de engenheiro, arquiteto e agrimensor, sendo, nessa 
data, comemorado o dia do engenheiro. A partir desta data podemos listar, em 
ordem cronológica, grandes feitos e obras da Engenharia no Brasil:
 ■ 1936 – Abreugra�a: forma de visualizar órgãos internos, como o pul-
mão. Técnica inventada pelo brasileiro Manuel Dias de Abreu, indicado 
ao Nobel em 1950.
 ■ 1959 – Escorredor de arroz: patenteado pela dentista, porém engenheira 
intrínseca, �erezinha Beatriz Alves de Andrade Zorowich.
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 ■ 1972 – Walkman: percursor do diskman e players portáteis da atua-
lidade. Inventado por Andreas Pavel, alemão naturalizado brasileiro.
 ■ 1984 – Usina Hidrelétrica de Itaipu: com capacidade para 14 mil MW, 
foi construída integrando diversas áreas da engenharia tais como elé-
trica, civil, mecânica, eletrônica, química, metalúrgica e de materiais.
 ■ 1997 - Laboratório Nacional de Luz Síncrotron: laboratório de alta tec-
nologia com capacidade de acelerar elétrons até a velocidade da luz, 
percorrendo 93 metros gerando radiação para aplicações diversas sobre 
o estudo da matéria.
O Trabuquete: Um engenho de guerra
O trabuquete é um primitivo engenho de guerra. Consiste em uma longa viga, livre para girar em 
torno de uma articulação �xa. Em uma das extremidades da viga há uma cesta ou bolsa na qual 
os projéteis são colocados. Na outra extremidade há um contrapeso que, quando liberado, faz 
com que a viga gire e lance o projétil no ar. O trabuquete foi inventado na China há cerca de 2200 
anos e chegou a região do Mediterrâneo há, aproximadamente, 1440 anos. Esse engenho podia 
lançar, a grandes distâncias, objetos pensando até 1 tonelada; na realidade, ele continuou sendo 
utilizado mesmo após a invenção do canhão, pois seu alcance superava o das primitivas peças 
de artilharia. Um moderno trabuquete construído na Inglaterra podia lançar um automóvel de 
476kg (sem motor) a uma distância de 80 metros, com um contrapeso de 30.000kg. As máquinas 
antigas lançavam pedras, cavalos mortos e, até mesmo, cadáveres humanos, como uma forma de 
arma biológica. Como frequentemente ocorre, a prática precedeu a teoria; os trabuquetes foram 
construídos e empregados muito antes que sua teoria fosse entendida. Aparentemente, diversos 
conceitos modernos, como vetores força e trabalho foram desenvolvidos por engenheiros na 
tentativa de melhorar o desempenho de trabuquetes.
Fonte: Introdução à Engenharia dos autores Holtzapple e Reece.
Isto acontece
na prática
FORMAÇÃO E ÁREAS 
DE ATUAÇÃO DO 
ENGENHEIRO
UNIDADE II
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Para formar pro�ssionais que atuem com competência nas inúmeras ativida-
des, é imprescindível que os cursos de graduação sejam bem estruturados, a �m de 
contemplar um conjunto consistente de conhecimentos que os habilitem para tal. 
Disciplinas teóricas bem fundamentadas, estágios no mercado de trabalho e aulas 
práticas são, portanto, mais que necessárias, essenciais para que se possa alcançar 
estes propósitos. Os cursos de graduação são elaborados de maneira a fornecer um 
conjunto de conhecimentos que habilitem cidadãos a dominar uma determinada 
área de atuação. A Figura apresenta a estrutura básica dos cursos de engenharia.
Na formação básica temos as matérias 
que pertencem a todas as engenharias, estas 
podem ser diferentes dependendo da insti-
tuição de ensino, mas são basicamente:
 ■ Matemática (cálculo vetorial; cál-
culo diferencial e integral; geometria 
analítica; cálculo numérico; álgebra 
linear; probabilidade e estatística);
 ■ Física (medidas físicas; fundamentos 
de mecânica clássica; teoria cinética; 
termodinâmica; eletrostática e eletromag-
netismo; física ondulatória; introdução à 
mecânica quântica e relativista; introdu-
ção à física atômica e nuclear);
 ■ Química (estrutura e propriedades 
periódicas dos elementos e com-
postos químicos; tópicos básicos da 
físico-química);
 ■ Mecânica (estática, cinemática e dinâ-
mica do ponto e do corpo rígido);
 ■ Desenho (representações de forma 
e dimensão; convenções e norma-
lização; utilização de elementos 
grá�cos na interpretação e solução 
de problemas);
Figura – Estrutura básica dos cursos de engenharia
Fonte: adaptado de Holtzapple e Reece (2015).
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 ■ Elétrica (circuitos; medidas elétricas e magnéticas; componentes e equi-
pamentos elétricos e eletrônicos);
 ■ Resistência dos Materiais (tensões e deformações nos sólidos; análise de 
peças sujeitas a esforços simples e combinados; energia de deformação);
 ■ Fenômenos dos Transportes (mecânica dos �uidos; transferência de 
calor e de massa), entre outras.
Estas matérias básicas podem se diferenciar em relação também aos con-
teúdos e nomenclatura.
De acordo com Bazzo e Pereira (2014), a formação geral é formada por 
conhecimentos que tem como objetivo complementar a formação do engenheiro, 
estas matérias vão abranger, de modo geral, temas de natureza humanística e 
de ciências sociais. Também fazem parte desta formação geral matérias como 
economia, administração e ciências sociais, que irão fornecer aos engenhei-
ros conhecimentos relacionados a contabilidade, administração, organização 
industrial, preservação do meio ambiente, entre outros.
Em seguida, faz parte do processo de formação do Engenheiro, uma série 
de conteúdos pro�ssionalizantes que estão voltados para a área de atuação 
deste pro�ssional. Alguns conteúdos que abrangem a formação pro�ssional do 
Engenheiro são citados a seguir: Algoritmos e Estruturas de Dados; Ciência dos 
Materiais; Bioquímica; Telecomunicações; Controle de Sistemas Dinâmicos; 
Circuitos; Elétricos; Geotécnica; Máquinas de �uxo; Ergonomia e Segurança 
do Trabalho; Eletrônica Analógica e Digital; Matemática Discreta; Hidráulica, 
Hidrologia Aplicada e Saneamento Básico; Qualidade; Pesquisa Operacional; 
Sistemas Estruturais e Teoria das Estruturas; Estratégia e Organização; Sistemas 
Térmicos; Modelagem, Análise e Simulação de Sistemas; Conversão de Energia; 
Sistemas Mecânicos, Modalidades de Ciências do Ambiente, Mineralogia e 
Tratamento de Minérios; Engenharia do Produto; Sistemas Operacionais; 
Materiais de Construção Civil; Mecânica Aplicada; Expressão Grá�ca Processos 
Químicos e Bioquímicos; Gerência de Produção; Sistemas de Informação; 
Reatores Químicos e Bioquímicos; Paradigmas de Programação; Química 
Orgânica; Organização de Computadores; Processos de Fabricação; Topogra�a 
e Geodésia; Circuitos Lógicos; Compiladores; Construção Civil; Termodinâmica 
Reprodução proibida. A
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Aplicada; Métodos Numéricos; Eletromagnetismo; Geoprocessamento; Físico-
química; Tecnologia Mecânica; Operações Unitárias; Gestão Ambiental; Gestão 
Econômica; Materiais Elétricos; Química Analítica; Gestão de Tecnologia; 
Instrumentação; Microbiologia; Transporte e Logística.
Por �m temos a formação complementar, desta formação fazem parte as 
disciplinas extracurriculares. Estas disciplinas podem ser oferecidas pela gra-
duação como parte complementar da grade curricular, como por exemplo 
disciplinas que tratam sobre a sustentabilidade na atuação do Engenheiro. 
Aprender um outro idioma é muito importante, se tornando um diferencial 
no currículo do futuro pro�ssional. Algo que também pode melhorar o cur-
rículo e despertar o interesse na pro�ssão são os estágios, sendo eles obrigatórios 
ou não, são uma ótima estratégia para ganhar experiência.
AS DIFERENTES ÁREAS DE ATUAÇÃO DO ENGENHEIRO
Os engenheiros podem executar diversas atividades e, dependendo do 
trabalho a ser realizado, este pro�ssional precisa de muitas informações especí-
�cas, para dominar as tecnologias e recursos disponíveis de forma sustentável, 
sempre preocupando-se com a integridade do meio ambiente e da sociedade. 
Passar no vestibular e iniciar um curso de graduação é algo marcante na vida de muitas pessoas 
que sonham com isso. São várias as expectativas relacionadas com este fato, como fazer amizades, 
adquirir conhecimentos e ter uma pro�ssão, e a instituição de ensino é um fator importante para 
se alcançar esses objetivos. Sendo assim, se faz necessário que a instituição forneça a estrutura 
adequada para que o ensino aconteça, como laboratórios, salas de aula, docentes especializados. 
Porém, essa estrutura só será e�ciente se houver interesse por parte do aluno, sendo esta parte 
essencial na formação do futuro pro�ssional. O aluno tem que tomar uma decisão �rme de apro-
veitar todas as oportunidades oferecidas pela instituição, participando das atividades oferecidas, 
tendo um senso crítico em relação aos conhecimentos passados e buscando sempre aprender 
mais sobre cada assunto. Mesmo estando no primeiro, ano é necessário levar com seriedade a 
graduação e a pro�ssão que escolheu e já pensar no tipo de pro�ssional que deseja ser no futuro.
Anote isso
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Assim, um único pro�ssional não seria capaz de dominar todas as áreas do 
conhecimento, por exemplo, um engenheiro não consegue saber tudo sobre 
construção civil, projetos de equipamentos mecânicos, projetos elétricos, pro-
cessos de fabricação de alimentos e desenvolvimento de produtos químicos. 
Desta forma são necessários diversos tipos de engenheiros, diferenciando-se 
entre si pelas competências adquiridas nas disciplinas da formação pro�ssio-
nal do curso (BAZZO; PEREIRA, 2014).
Vamos conhecer algumas áreas da Engenharia? A seguir serão apresen-
tadas as áreas de atuação especí�cas das diferentes engenharias com base nos 
cursos aprovados pelo MEC. Serão abordadas as engenharias mais tradicio-
nais e algumas das mais recentes:
 ■ Engenharia Civil: o pro�ssional projeta, gerencia e executa obras como 
casas, viadutos, barragens, portos, entre outras. Também tem como atri-
buições a análise das características do solo, o estudo da insolação e da 
ventilação do local e a de�nição dos tipos de fundação.
 ■ Engenharia Mecânica: é o ramo que cuida do desenvolvimento, projeto, 
construção e manutenção de máquinas e equipamentos. Este pro�ssio-
nal desenvolve e projeta máquinas, equipamentos, veículos, sistemas 
de aquecimento e de refrigeração e ferramentas especí�cas da indús-
tria mecânica.
 ■ Engenharia de Produção: é o setor da engenharia responsável pelo 
gerenciamento de recursos humanos, �nanceiros e materiais, visando 
aumentar a produtividade de uma empresa. O engenheiro de produ-
ção é um pro�ssional fundamental em indústrias de praticamente todos 
os setores.
 ■ Engenharia de Alimentos: utilização de técnicas na fabricação, con-
servação, armazenamento e transporte de alimentos industrializados. 
O engenheiro vai cuidar do processo de preparo e conservação de ali-
mentos, sejam de origem animal ou vegetal.
 ■ Engenharia Elétrica: o pro�ssional atua nos diversos aspectos que 
envolvem a energia, desde a geração, transmissão, transporte e a dis-
tribuição. Também planeja, supervisiona e executa projetos nas áreas 
de eletrotécnica, relacionadas à potência da energia.
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rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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 ■ Engenharia de Computação: conjunto de conhecimentos usados no 
desenvolvimento de computadores e seus periféricos. Cabe a esse pro-
�ssional projetar e construir computadores, periféricos e sistemas que 
integram hardware e so�ware.
 ■ Engenharia de Controle e Automação: desenvolve e executa projetos 
de automação industrial. O engenheiro de controle e automação pro-
jeta e opera equipamentos utilizados nos processos automatizados de 
indústrias em geral, além de fazer sua manutenção.
 ■ Engenharia de Energia: visa o planejamento, análise e desenvolvi-
mento de sistemas de geração, transporte, transmissão, distribuição e 
utilização de energia.
 ■ Engenharia de Petróleo e Gás: utiliza técnicas para a descoberta de 
jazidas e para a exploração, produção e comercialização de petróleo e 
gás natural. O engenheiro de petróleo e gás atua em petroleiros, re�-
narias, plataformas marítimas e em petroquímicas.
■ Engenharia Química: é o ramo da engenharia responsável pelo desen-
volvimento de processos industriais que empregam transformações 
físico-químicas. O engenheiro químico cria técnicas de extração de maté-
rias-primas, bem como de sua utilização ou transformação em produtos 
químicos e petroquímicos, como tintas, plásticos, têxteis, papel e celulose.
 ■ Engenharia de Telecomunicações: é a área da engenharia que projeta, 
opera e realiza a manutenção de equipamentos e sistemas de telecomu-
nicações. Esse profissional desenvolve e implanta redes de 
telecomunicações.
Por mais recente que seja, todas as modalidades de engenharia necessitam de registro no CREA. 
Existem outras modalidades de Engenharia que você poderá explorar, além de conhecer mais sobre 
as atribuições das demais engenharias através dos Referenciais Nacionais dos Cursos de Engenharia.
Fonte: Disponível em: http://abepro.org.br/arquivos/websites/1/referenciais_engenharias_MEC.pdf. 
Acesso em: 26 dez 2019.
Isto está
na rede
ÓRGÃOS 
REGULAMENTADORES 
DA ENGENHARIA NO 
BRASIL
UNIDADE III
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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Você já se perguntou quais são as atividades que um engenheiro pode rea-
lizar no exercício de sua função? E quais são os órgãos que regulamentam e 
�scalizam as atividades executadas por estes pro�ssionais? As atribuições dos 
engenheiros correspondem aos direitos, poderes e privilégios concedidos pela 
legislação para desenvolverem suas atividades e funções. Existem competências 
e habilidades gerais que engenheiros de todas as áreas de engenharia devem 
estar preparados para exercer.
De um ponto de vista mais amplo, atribuições são os direitos, os poderes 
ou os privilégios concedidos a certas autoridades. De um ponto de vista mais 
restrito, as atribuições pro�ssionais são essas mesmas prerrogativas concedidas 
pela lei aos pro�ssionais liberais para executar trabalhos, desenvolver atividades 
ou exercer funções em suas respectivas áreas de formação. Às vezes as atribui-
ções pro�ssionais são chamadas de competências pro�ssionais.
Os juristas as de�nem como o conteúdo ocupacional decorrente 
da característica pro�ssional em função de seu título, curso ou currículo. 
Independentemente destes conceitos, todos os pro�ssionais têm o dever ético 
de conhecer as atribuições para o desempenho correto e legal de suas atividades.
A Lei Nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966 regulamenta o exercício da 
pro�ssão dos engenheiros e arquitetos. Nela estão descritas as funções e com-
petências dos engenheiros, dentre as quais podemos citar:
a. desempenho de cargos, funções e comissões em entidades estatais, para-
estatais, autárquicas, de economia mista e privada;
b. planejamento ou projeto, em geral, de regiões, zonas, cidades, obras, 
estruturas, transportes, explorações de recursos naturais e desenvolvi-
mento da produção industrial e agropecuária;
c. estudos, projetos, análises, avaliações, vistorias, perícias, pareceres e 
divulgação técnica;
d. ensino, pesquisas, experimentação e ensaios;
e. �scalização de obras e serviços técnicos;
f. direção de obras e serviços técnicos;
g. execução de obras e serviços técnicos;
h. produção técnica especializada, industrial ou agropecuária.
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ÓRGÃOS FISCALIZADORES
Após concluir a formação acadêmica, o engenheiro deve inscrever-se no 
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), que é o órgão �scali-
zador do exercício da pro�ssão. O CREA é um conselho de classe regional; cada 
estado tem o seu (CREA-SP, CREA-MG, etc.) e regulamenta a pro�ssão nos 
estados. Além disso, este conselho é uma manifestação estadual do CONFEA 
(Conselho Federal de Engenharia e Agronomia) que é a instância máxima.
A Lei Nº 5.194 citada, determina no Art. 24 que “A aplicação do que dispõe 
esta lei, a veri�cação e �scalização do exercício e atividades das pro�ssões nela 
reguladas serão exercidas por um Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura 
e Agronomia (CONFEA) e Conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura 
e Agronomia (CREA), organizados de forma a assegurarem unidade de ação”.
O CONFEA é um órgão nacional de representação da classe dos engenhei-
ros, é a instância superior da �scalização do exercício pro�ssional da Engenharia 
e da Agronomia, ao qual os CREAs regionais estão submetidos. O principal 
objetivo do CONFEA é zelar pela defesa da sociedade e do desenvolvimento 
sustentável do País, observados os princípios éticos pro�ssionais. Para tanto, 
no desempenho de seu papel institucional, o Conselho Federal exerce ações:
I. regulamentadoras, baixando resoluções, decisões normativas e deci-
sões plenárias para o cumprimento da legislação referente ao exercício 
e à �scalização das pro�ssões;
II. contenciosas, julgando em última instância as demandas instauradas 
nos CREAs;
III. promotoras de condição para o exercício, a �scalização e o aperfeiçoa-
mento das atividades pro�ssionais, podendo ser exercidas isoladamente 
ou em parceria com os CREAs, com as entidades representativas de 
pro�ssionais e de instituições de ensino nele registradas, com órgãos 
públicos ou com a sociedade civil organizada;
IV. informativas sobre questão de interesse público; e
V. administrativas, visando:
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a. gerir seus recursos e patrimônio; e
b. coordenar, supervisionar e controlar suas atividades e as atividades dos 
CREAs e da Mútua, observando, especi�camente, o disposto na legis-
lação federal, nas resoluções, nas decisões normativas e nas decisões 
proferidas por seu Plenário.
Mais especi�camente, entre as atribuições do CONFEA estão baixar e fazer 
publicar resolução e decisão normativa; homologar ato normativo de Crea; apro-
var proposta de composição dos plenários do CONFEA e dos CREAs; julgar, 
em última instância, matéria referente ao exercício das pro�ssões inseridas no 
Sistema CONFEA/CREA e as infrações ao Código de Ética Pro�ssional, bem 
como recurso sobre registro, decisão ou penalidade imposta pelos CREAs ou 
sobre decisão da diretoria-executiva da Mútua; promover a unidade de ação entre 
os órgãos que integram o Sistema CONFEA/CREA e a Mútua; supervisionar o 
funcionamento dos CREAs e da Mútua; dirimir dúvida, quando houver con-
trovérsia sobre matéria no âmbito do CREA, desde que previamente analisada 
sob os aspectos técnicos e jurídicos; �xar e alterar as anuidades, emolumentos 
e taxas a pagar pelos pro�ssionais e pessoas jurídicas; registrar obras intelectu-
ais de autoria de pro�ssionais do Sistema CONFEA/CREA; posicionar-se sobre 
matérias de caráter legislativo, normativo ou contencioso de interesse do Sistema 
CONFEA/CREA; articular com instituições públicas e privadas sobre questões 
de interesse da sociedade e do Sistema CONFEA/CREA; e manter atualizadas as 
relações de títulos, cursos, instituições ensino, entidades de classe, pro�ssionais e 
pessoas jurídicas registrados nos CREAs (todas as atribuições estão listadas nos 
artigos 27 da Lei nº 5.194/1966 e 3º do Regimento do CONFEA).
É necessário o cadastro no CREA para receber um número de registro e a 
carteira do CREA, que é a autorização para exercer a pro�ssão, além de pagar 
uma taxa anual que é recolhida pelo conselho. Caso o formando tenha rece-
bido apenas o comprovante de conclusão do curso, ele recebe um número do 
CREA Provisório, até que o diploma de�nitivo seja emitido. Quando o diploma 
for apresentado, o pro�ssional recebe o CREA De�nitivo.
Toda vez que o engenheiro realizar uma obra ou uma prestação de ser-
viço para pessoa jurídica na área que compreende as atribuições do CREA, 
ele deve emitir uma ART (Anotação de Responsabilidade Técnica), de acordo 
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com a Resolução nº 1.025, de 2009, do CONFEA. A anotação é feita por meio 
do formulário eletrônico, disponível na Internet no site do CREA regional 
onde o serviço é prestado.
Quando o pro�ssional não tiver registro no CREA do seu estado ou esti-
ver com ele suspenso, não poderá atuar, assim como executar atividades 
estranhas às atribuições descritas na legislação. Caso isso ocorra, será consi-
derado exercício ilegal da pro�ssão punível pela lei. Além disso, se o engenheiro 
assinar como responsável por um projeto ou por uma empresa sem que efeti-
vamente esteja trabalhando, também incorrerá em exercício ilegal da pro�ssão 
(CONFEA, 2019).
 
O engenheiro pode exercer inúmeras funções, o que atribui a ele carac-
terísticas que interessam muito a vários segmentos do mercado como o da 
indústria, do comércio e de serviços. Esse fato faz com que o pro�ssional da 
área de Engenharia seja bastante solicitado pelo mercado de trabalho, mesmo 
fora de sua área de formação.
Um exemplo de exercício ilegal da pro�ssão ocorreu no centro do Rio de Janeiro, em 2012, 
onde uma moradora de um apartamento do nono andar, juntamente com um pedreiro, mudou 
o banheiro de lugar. Esse prédio desabou e a reforma está implicada nas causas do desaba-
mento. Nenhum dos dois tinha diploma de Engenharia e, ao realizar a reforma, colocaram em 
risco todos os moradores. No Brasil, o exercício ilegal da pro�ssão é uma contravenção, e o art. 
47° do decreto-lei n° 3.688 de 1941 prevê para esses casos uma pena de prisão simples, de 15 
dias a três meses, ou multa. Porém, se por exercer ilegalmente a pro�ssão ocorrerem danos ao 
patrimônio ou às pessoas, será outra situação, o que poderá implicar os envolvidos em outras 
punições referentes ao código penal sobre homicídio doloso.
Fonte: Instituto de Engenharia (2012).
Disponível em: http://www.institutodeengenharia.org.br/site/2012/02/06/exercicio-ilegal-de-
-pro�ssao-para-engenheiros-e-apenas-contravencao-penal/. Acesso em 26 dez 2019.
Isto acontece
na prática
O MERCADO 
PROFISSIONAL PARA A 
ENGENHARIA
UNIDADE IV
Reprodução proibida. A
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A engenharia é considerada uma carreira em alta no Brasil, e pesquisas da 
área indicam que a demanda por engenheiros continuará intensa nos próximos 
anos. Apesar da grande quantidade de pro�ssionais que se formam todo ano 
(cerca de 38 mil engenheiros por ano) ainda se fala em escassez de mão-de-obra 
quali�cada em engenharia para atender as necessidades do mercado brasileiro.
O Brasil possui seis engenheiros para cada grupo de 100 mil pessoas, de acordo 
com estudos da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O ideal, de acordo 
com a Finep, seriam pelo menos 25 por 100 mil habitantes, proporção veri�cada 
nos Estados Unidos e Japão. O mesmo estudo da CNI, entidade que representa 
o setor produtivo nacional, diagnostica que dos 40 mil engenheiros que se diplo-
mam anualmente no Brasil, mais da metade opta pela engenharia civil - a área que 
menos emprega tecnologia. Assim, setores como o petroleiro, de gás e biocombus-
tível são os que mais sofrem com a escassez desses pro�ssionais (PINTO, 2018).
O Brasil perde na formação de novos engenheiros até mesmo de outros 
países, emergentes. Anualmente, graduam-se em engenharia 30 mil brasileiros. 
Na Coreia do Sul, 80. E na China, são 400 mil novos pro�ssionais especializa-
dos em engenharia, todos os anos. Além de poucos, o Brasil forma engenheiros 
em especialidades muito similares. Dados do Conselho Federal de Engenharia, 
Arquitetura e Agronomia (Confea), demonstram esse quadro. Do total de pro-
�ssionais registrados, 1.003.387, mais de 77% são formados em apenas quatro 
especialidades: técnico industrial (339.822, ou 33,87% do total), engenheiro 
civil (201.290, 20,06%), engenheiro eletricista (122.066, 12,16%) e engenheiro 
mecânico e metalurgia (109.788, 10,94%) (PINTO, 2018).
Estes fatos demonstram que, além de faltarem engenheiros no mercado, 
faltam pro�ssionais em áreas especí�cas de engenharia, como por exemplo, 
alimentos, petróleo e gás, materiais, química, ambiental etc.
A partir destas informações, você, aluno, consegue visualizar oportuni-
dade? O mercado de trabalho está cheio de graduados, mas não são todos que 
conseguem assumir posições de liderança na hierarquia empresarial. Portanto, 
essa é a hora para que vocês invistam na formação e na experiência pro�ssio-
nal de vocês para que sejam requisitados futuramente.
Outro motivo é a busca por pro�ssionais com bom relacionamento. As 
empresas estão cada vez mais procurando pro�ssionais que sejam completos. 
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Ou seja, que além de possuírem os conhecimentos técnicos, também tenham habilida-
des de relacionamento. O pro�ssional precisa saber se comunicar e trabalhar em equipe.
QUANTO GANHA UM ENGENHEIRO
A carreira de engenheiro é uma das que mais abre leques de atuação, o que a 
torna também uma das mais populares no Brasil: o CONFEA (Conselho Federal de 
Engenheiros de Arquitetura e Agronomia) estipula que o país conta com 600 mil enge-
nheiros e que, a cada ano, novas 40 mil pessoas se formam na área (MIOZZO, 2017).
Atualmente, existem ao menos 20 áreas da engenharia que contam com 
pro�ssionais no país. O portal InfoMoney apontou, com base nos salários publi-
cados, qual o salário médio de cada uma delas, conforme a Tabela.
Cargo e área Salário médio
Engenheiro de petróleo R$ 15.126 mensais
Engenheiro de segurança no trabalho R$ 8.024 mensais
Engenheiro de minas R$ 7.768 mensais
Engenheiro naval R$ 7.559 mensais
Engenheiro mecânico R$ 7.546 mensais
Engenheiro civil R$ 7.325 mensais
Engenheiro de produção R$ 7.312 mensais
Engenheiro de telecomunicações R$ 7.080 mensais
Engenheiro eletricista R$ 7.043 mensais
Engenheiro químico R$ 7.009 mensais
Engenheiro agrícola R$ 6.897 mensais
Engenheiro de so�ware R$ 6.648 mensais
Engenheiro industrial R$ 6.571 mensais
Engenheiro mecatrônico R$ 6.310 mensais
Engenheiro ambiental R$ 6.234 mensais
Engenheiro de controle e automação R$ 5.992 mensais
Engenheiro �orestal R$ 5.966 mensais
Engenharia aeronáutica R$ 5.526 mensais
Engenharia de alimentos R$ 4.878 mensais
Engenheiro sanitarista R$ 4.628 mensais
Tabela – Média salarial de engenheiros.
Fonte: InfoMoney (2017). Disponível em: https://www.infomoney.com.br/carreira/quais-os-salarios-de-engenheiros-de-
20-areas-diferentes-no-brasil/. Acesso em 27 dez 2019.
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Embora possa ser observada uma variação na média salarial de acordo com 
a especialidade, o piso salarial que deve ser pago ao engenheiro em exercício é 
determinado pela Lei 4.950-A/66, de 1966, que regulamenta a remuneração dos 
pro�ssionais diplomados em Engenharia, Química, Arquitetura, Agronomia 
e Veterinária, a tabela salarial do engenheiro está vinculada ao valor do salá-
rio mínimo vigente e à jornada diária do pro�ssional, independentemente do 
seu local de atuação.
 ■ Jornada de 6 horas: 6 salários mínimos;
 ■ Jornada de 7 horas: 7,25 salários mínimos;
 ■ Jornada de 8 horas: 8,5 salários mínimos.
De acordo com a Tabela Salarial da consultoria Robert Half, publicada na 
revista Exame, que leva em consideração o tempo de experiência e o porte da 
empresa onde atua, temos os seguintes exemplos de salário médio para car-
gos ocupados por engenheiros:
Engenheiros com 3 a 5 anos de experiência em empresas de pequeno e 
médio porte:
 ■ Diretor de Supply Chain: R$ 21.000,00 a R$ 30.000,00
 ■ Diretor de Operações/Industrial: R$ 20.000,00 a R$ 40.000,00
 ■ Gerente de Projetos/Contratos: R$ 7.000,00 a R$ 13.000,00
 ■ Gerente de Compras/Logística: R$ 7.000,00 a 17.000,00
 ■ Engenheiro Civil/Planejamento: R$ 5.500,00 a R$ 10.000,00
A mesma tabela salarial da Exame indica salários acima dos R$ 40.000,00 
para engenheiros
com mais de dez anos de experiência.
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QUALIDADES DESEJÁVEIS DE UM ENGENHEIRO
Para que um engenheiro tenha um bom desempenho de sua pro�ssão, ele pre-
cisa contar com sua formação acadêmica e seu raciocínio. Mas também é importante 
que tenha um senso crítico para que saiba lidar com as questões contemporâneas 
que são complexas e envolvem características de vários campos disciplinares.
Porém a competência pro�ssional não envolve apenas o conhecimento 
cientí�co, atualmente é preciso que se tenha conhecimento no campo CTS 
(Ciência, Tecnologia e Sociedade) que abrangem conhecimentos da econo-
mia, psicologia, sociologia, ecologia, relacionamento pessoal, entre outros.
Os estudos do campo da CTS visam compreender as características do fenô-
meno cientí�co tecnológico e quais as suas consequências para a sociedade e para 
o meio ambiente. Também buscam promover a alfabetização cientí�ca e tecno-
lógica mostrando a importância destas duas áreas para a sociedade em geral.
Isto não quer dizer que o engenheiro precise dominar todos os campos de conhe-
cimento, mas sim que possua um mínimo conhecimento sobre diversos assuntos, além 
de uma consciência de cidadania, para que consiga desenvolver soluções para diver-
sos problemas e, que essas soluções possam repercutir positivamente na sociedade.
De um lado o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta e projeta escassez de enge-
nheiros (sobretudo civis) até 2020. Do outro, recém-formados relatam di�culdade em encontrar 
o primeiro emprego efetivo com o título de pro�ssional da engenharia.
Flávio Pavan, gerente de projetos e pesquisa da Carreira Muller, consultoria que faz semestralmen-
te levantamento de remuneração de engenheiros em todo Brasil, explica o aparente paradoxo.
Como o piso salarial da categoria é estabelecido por lei federal (4.950-A/66) e �scalizado pelo 
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) com amparo dos sindicatos da categoria, o 
recém-formado acaba saindo “caro” para as empresas, tendo em vista o risco da sua “inexperiência”.
A reportagem mostra um mapeamento da remuneração dos engenheiros no Brasil, desde es-
tagiários a pro�ssionais de nível sênior.
Fonte: Exame (2014).
Disponível em: https://exame.abril.com.br/carreira/quanto-ganham-os-engenheiros-no-brasil/.
Acesso em 27 dez 2019.
Isto está
na rede
Reprodução proibida. A
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Desse modo, além dos conhecimentos cientí�cos, diversas qualidades 
devem fazer parte das ações de um engenheiro, algumas destas qualidades 
serão apresentadas neste tópico.
Aperfeiçoamento contínuo
Um bom pro�ssional, independentemente de sua área de atuação, deve 
estar sempre atento aos avanços tecnológicos de sua pro�ssão, e para o enge-
nheiro esta premissa não seria diferente.
Um título alcançado com a graduação é o primeiro passo para uma carreira sólida, 
mas ela sozinha não é su�ciente para que o pro�ssional se mantenha dentro do mer-
cado de trabalho, é preciso que o pro�ssional esteja em constante aperfeiçoamento 
através de livros, periódicos, palestras, congressos, simpósios, feiras e entidades de 
classe. Algumas destas podem já fazer parte da vida do engenheiro mesmo durante 
a sua formação acadêmica, já o preparando para o futuro pro�ssional.
Os engenheiros também podem se especializar em determinadas áreas de 
atuação durante sua vida pro�ssional, essa especialização pode ser alcançada 
por meio de cursos de pós-graduação, em nível de mestrado e doutorado, ou 
em cursos de especialização e treinamento.
O mestrado busca aprofundar os conhecimentos em determinada área, 
enquanto o doutorado visa formar pesquisadores. Já as especializações são 
uma maneira dos pro�ssionais se atualizarem e serem treinados em determi-
nados assuntos, através de cursos de curta duração.
Comunicação
Muitos engenheiros cometem o erro de a�rmar que justamente por serem enge-
nheiros não precisam saber falar ou escrever de maneira correta por trabalharem 
com números. Mas isto é um equívoco, em várias oportunidades vão ser exigidos dos 
engenheiros a capacidade de comunicação, tanto oral como escrita. Exemplos de oral 
é a participação em seminários, congressos e até mesmo de entrevistas de emprego.
Já em relação à comunicação escrita temos a elaboração de relatórios téc-
nicos, onde deve-se expor as atividades realizadas, utilizando grá�cos e tabelas 
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para expor os dados e textos bem escritos para explicar de maneira clara e pre-
cisa o desempenho de um sistema ou projeto. Além da parte escrita, os relatórios 
possuem a parte oral onde o redator do relatório deve explicar a sua equipe ou 
seus superiores o conteúdo escrito.
Como podemos ver, uma comunicação é uma qualidade indispensável para 
que um engenheiro tenha sucesso em sua carreira pro�ssional, sendo assim se faz 
necessário que os futuros engenheiros desenvolvam o hábito da leitura para auxi-
liá-los na lógica de elaboração de textos e na construção de um vasto vocabulário.
Ética profissional
Os engenheiros com suas ações têm o poder de modi�car hábitos, ambien-
tes, qualidade de vida, a maneira como moramos, nos locomovemos, podem 
até mudar consideravelmente o comportamento de uma sociedade. Diante 
dessa responsabilidade associada à preocupação de adotar soluções adequa-
das, as ações de um engenheiro devem ser coerentes e racionais, pautadas em 
princípios éticos bem rígidos.
Um engenheiro sempre deve estar preocupado em saber quais são os seus 
deveres, direitos, atribuições e quanto deve cobrar pela prestação de seus ser-
viços. As ações do engenheiro perante a sociedade, seus clientes, fornecedores 
e concorrentes devem ser baseadas em preceitos éticos, no respeito pelo tra-
balho de outros pro�ssionais e na garantia de adoção de uma postura correta 
na aplicação de seus conhecimentos.
Experimentação
Diversas vezes se faz necessário realizar experimentos, seja para veri�car 
algum resultado teórico, ou para obter dados, ou para analisar como determi-
nado sistema se comporta. Saber realizar estes experimentos, quando é preciso 
realizá-los e interpretá-los é uma das qualidades desejáveis de um engenheiro.
Esta experimentação envolve simular modelos, testar protótipos, regular o 
funcionamento de sistema, medir variáveis, entre outros. Além disso o enge-
nheiro deve saber como interpretar os resultados da experimentação, como 
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citado acima, sabendo identi�car se há erros e quais são, os possíveis erros rela-
cionados com os equipamentos de medição, quando há ou não a possibilidade 
de repetição dos testes, as incertezas, e vários outros parâmetros que podem 
surgir dependendo do tipo de experimento que está realizando.
Relações humanas
Outra qualidade que também é muito importante que um engenheiro tenha 
é um bom relacionamento com as pessoas. Em sua vida pro�ssional o engenheiro 
terá que se relacionar com clientes, funcionários, políticos, diretores da empresa, 
por isso é necessário que possua habilidade para interagir, convencer, argumen-
tar, discutir, expor suas opiniões sempre mantendo um bom nível de diálogo.
Um outro aspecto no qual essa qualidade é indispensável para o enge-
nheiro, é que ele muitas das vezes acaba assumindo cargos de liderança e vai 
ter que saber lidar com pessoas com as mais variadas personalidades.
Trabalho em equipe
O exercício de todas as pro�ssões exige em algum momento uma certa 
habilidade em se trabalhar em equipe, pois o mundo está cada vez mais inter-
ligado e os negócios mais complexos e dinâmicos.
É preciso acabarmos com a ideia de que o mundo é formado por forças 
individuais. O trabalho
em equipe é muito importante pois busca valorizar cada 
indivíduo e permite que todos façam parte de uma mesma ação. Além disso, 
possibilita que os membros da equipe troquem conhecimentos e experiências.
Muitos pro�ssionais acham que estão trabalhando em equipes, mas na 
verdade estão trabalhando em grupo, como se o trabalho fosse uma linha de 
produção, onde o trabalho é individual. No trabalho em equipe, cada membro 
sabe o que os outros estão fazendo e sua importância para o sucesso da tarefa.
Quando o trabalho é realizado em equipe os membros possuem objetivos 
em comum e desenvolvem metas coletivas que geralmente vão além daquilo 
que foi determinado. Por isso o trabalho em equipe é tão importante e deve 
ser desenvolvido desde a formação acadêmica.
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A empregabilidade está diretamente relacionada à capacidade de falar inglês! Segundo o Sindi-
cato dos Administradores no Estado de São Paulo (2016), o candidato deve dominar pelo menos 
o idioma inglês, pois tê-lo �uente pesa mais do que um curso de MBA ou de pós-graduação na 
disputa por uma boa posição no mercado de trabalho.
Anote isso
ÉTICA NA 
ENGENHARIA
UNIDADE V
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Os engenheiros geralmente trabalham em equipe, di�cilmente trabalham 
sozinhos, e os produtos que são frutos de seu trabalho impactam a sociedade 
como um todo. Sendo assim, se faz necessário que haja um conjunto de regras 
de interação que estabeleça qual é o comportamento adequado do engenheiro 
no seu relacionamento com outras pessoas e com a sociedade (Figura).
Essas regras envolvem tanto a sociedade quanto o engenheiro: as obriga-
ções que o engenheiro tem para com a sociedade e as obrigações que a sociedade 
tem para com o engenheiro. As regras de interação podem ser classi�cadas 
como etiqueta, direito, morais e ética.
Figura – a conduta ética é exigida dos engenheiros
Fonte: Pixabay.com
A etiqueta é formada por um conjunto de códigos de comportamentos e 
cortesia, estes códigos nos instruem a como colocar os talheres em uma mesa 
de jantar formal e qual o vestuário utilizar em um casamento, por exemplo.
Já existem livros que tratam sobre as regras de etiqueta, mas geralmente as 
aprendemos a partir da experiência diária. Não existem consequências muito 
sérias de se violar estas regras de interação, o máximo que pode acontecer é 
um mal-entendido entre os envolvidos.
Dentro da engenharia, a etiqueta se vê presente no respeito aos funcioná-
rios, chefes e clientes, em uma atitude pro�ssional ao atender o telefone, entre 
outras atitudes.
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O direito retrata um conjunto de regras que são determinadas por autori-
dades, governos, sociedade ou costumes do local, estas regras são denominadas 
de leis. De forma diferente da etiqueta, há punições para quem não respeitar as 
leis, como prisão, multas, serviços comunitários, suspensão de algum direito. 
Cada sociedade impõe suas próprias consequências para as violações das leis.
Como a violação das leis pode gerar punições, muitas vezes gravíssi-
mas, é necessário que seja claramente identi�cável, para que assim todos 
saibam quais são os limites que separam o legal do ilegal. Cada país possui 
sua maneira de estabelecer e impor suas leis, assim como de identi�car o que é 
legal ou não. E temos os direitos legais que são “pleitos justos”, como a�rmam 
Holtzapple e Reece (2015), concedidos a todas as pessoas sob a jurisdição de 
um governo. A maioria dos governos outorga direitos a seus cidadãos através 
de uma constituição.
A moral é considerada como sendo os comportamentos aceitos de certo e 
errado, geralmente são aplicados ao comportamento individual. Estes compor-
tamentos padrões podem ser adquiridos dos pais, da religião, dos amigos e até 
da mídia. Alguns dos padrões morais estão registrados em escritos religiosos 
e ainda que existem diversas religiões e culturas pelo mundo, temos concor-
dância em relação a alguns padrões morais. Um exemplo são os assassinatos e 
roubos que são considerados por vários países como comportamentos imorais.
Por outro lado, temos alguns comportamentos em que há opiniões diver-
gentes em relação a moralidade ou não destes, como jogos de azar, consumo 
de álcool e tabaco, algumas culturas consideram essas práticas como imorais, 
porém para outras não há problemas.
Os direitos morais, segundo Holtzapple e Reece (2015), são “pleitos justos” 
que pertencem a todas as pessoas, independentemente de serem reconhe-
cidas ou não por um governo. A sociedade reconhece que apenas o fato de 
sermos humanos nos cobre de direitos, não sendo necessário fazer nada para 
conquistá-los.
A moral, como já mencionado anteriormente, regulariza como o homem 
deve se comportar consigo mesmo, de�nem os costumes, deveres e como o 
homem deve agir com os outros homens, estando de acordo com a justiça e a 
equidade natural. Dessa forma, podemos considerar que os princípios éticos 
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e morais são os pilares de uma identidade pro�ssional. Estes princípios são os 
pilares da construção de um pro�ssional que exerça o Direito Justo, este pro-
�ssional se diferencia dos demais por seu talento e por sua moral.
Oliveira (2012) a�rma que o mundo ético é o mundo do “deve ser” (mundo 
dos juízos de valor), em contraposição ao mundo do “ser” (mundo dos juí-
zos de realidade).
Entretanto, a moral pode ser considerada como sendo a parte subjetiva 
da ética, pois o homem em muitas vezes não pode o que quer e nem sempre 
quer o que pode.
Como em todas as relações, a ética deve ser aplicada no campo das ati-
vidades pro�ssionais e é essencial ao pro�ssional, pois nas ações humanas o 
“fazer” e o “agir” estão relacionados. O fazer está relacionado com a compe-
tência, o pro�ssional precisa ser e�ciente no exercício da sua pro�ssão. Já o 
agir é referente à conduta do pro�ssional, em como ele age no cumprimento 
de sua pro�ssão.
Segundo Oliveira (2012), o varredor de rua que se preocupa em limpar o 
canal de escoamento de água da chuva; o médico cirurgião que confere as sutu-
ras nos tecidos internos antes de completar a cirurgia; o contador que impede 
uma fraude ou desfalque, ou que não maquia o balanço de uma empresa; o 
engenheiro que utiliza o material mais indicado para a construção de uma 
ponte, todos estão agindo de forma eticamente correta em suas pro�ssões, ao 
fazerem o que não é visto, ou aquilo que, alguém vendo, não saberá quem fez.
A ética é, portanto, o estudo do que é correto ou incorreto, justo ou injusto, 
adequado ou inadequado. E tem como um dos seus objetivos a busca de jus-
ti�cativas para as regras propostas pela Moral e pelo Direito, diferindo destes 
dois por não estabelecer regras.
Cada pro�ssão deve ter leis que são determinadas com o intuito de prote-
ger os pro�ssionais e as pessoas que dependem deles. Porém, além destas leis 
temos vários outros aspectos não previstos especi�camente e que devem fazer 
parte do compromisso do pro�ssional com a ética, que recebendo ou não elo-
gios pelo o que fez, faz a coisa certa.
 
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CÓDIGO DE ÉTICA DO ENGENHEIRO
A ética, como já mencionado, é um conjunto de conceitos gerais e abstra-
tos de comportamentos que são considerados certos e errados, são derivados 
da �loso�a, teologia e das sociedades pro�ssionais. As pro�ssões são exerci-
das por pessoas de diferentes culturas e religiões, por isso os padrões de ética 
das pro�ssões devem ser seculares. A maior parte das sociedades pro�ssio-
nais tem um código de
ética formal para guiar seus associados. De acordo com 
Holtzapple e Reece (2015), fazendo uma análise desses códigos, podemos per-
ceber que fornecem as seguintes orientações:
1. Proteger a segurança, a saúde e o bem-estar públicos;
2. Atuar apenas em áreas de competência;
3. Ser verdadeiro e objetivo;
4. Comportar-se de forma honrosa e digna;
5. Seguir aprendendo para aprimorar as aptidões técnicas;
6. Prover trabalho honesto a árduo aos empregadores ou clientes;
7. Informar as autoridades competentes sobre atividades danosas, peri-
gosas ou ilegais;
8. Envolver-se com assuntos cívicos e comunitários;
9. Proteger o meio ambiente;
10. Não aceitar propinas ou presentes que possam interferir no julgamento 
da engenharia;
11. Proteger informação con�dencial de empregadores e clientes;
12. Evitar con�itos de interesse.
A elaboração de um código de ética deve sempre se iniciar pela determi-
nação dos princípios que o fundamentam e se desenvolve em torno de dois 
eixos de normas: direitos e deveres. Quando de�ne os direitos, o código de 
ética está cumprindo o objetivo de delimitar o per�l do seu grupo. Quando 
de�ne os deveres, abre o grupo à universalidade.
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A de�nição de deveres tem que ser completa o bastante, de modo que cada 
membro que o cumprir realize o ideal de ser humano. O processo de elaboração do 
código de ética já tem que ser considerado como um exercício da ética. De outro 
modo, não deixará de ser apenas um código moral defensivo de uma corporação.
A elaboração de um código de ética necessariamente precisa abranger todos 
os componentes do grupo social que ele envolverá e irá representar. Isso requer 
um processo de formulação do diverso ao unitário, de modo que o resultado 
seja um código que represente todas as disposições morais e éticas do grupo.
O engenheiro, assim como outras pro�ssões, possui um código de ética, 
sendo este apresentado abaixo.
Código de Ética do Profissional da Engenharia, da 
Agronomia, da Geologia, da Geografia e da Meteorologia
1 - Preâmbulo
Artigo 1º - O Código de Ética Pro�ssional enuncia os fundamentos éticos 
e as condutas necessárias à boa e honesta prática das pro�ssões da Engenharia, 
da Agronomia, da Geologia, da Geogra�a e da Meteorologia e relaciona direi-
tos e deveres correlatos de seus pro�ssionais.
Artigo 2º - Os preceitos deste Código de Ética Pro�ssional têm alcance 
sobre os pro�ssionais em geral, quaisquer que sejam seus níveis de formação, 
modalidades ou especializações.
Artigo 3º - As modalidades e especializações pro�ssionais poderão estabe-
lecer, em consonância com este Código de Ética Pro�ssional, preceitos próprios 
de conduta atinentes às suas peculiaridades e especi�cidades.
2 – Da identidade das pro�ssões e dos pro�ssionais
Artigo 4º - As pro�ssões são caracterizadas por seus per�s próprios, pelo 
saber cientí�co e tecnológico que incorporam, pelas expressões artísticas que 
utilizam e pelos resultados sociais, econômicos e ambientais do trabalho que 
realizam.
Artigo 5º - Os pro�ssionais são os detentores do saber especializado de 
suas pro�ssões e os sujeitos pró-ativos do desenvolvimento.
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Artigo 6º - O objetivo das pro�ssões e a ação dos pro�ssionais volta-se 
para o bem-estar e o desenvolvimento do homem, em seu ambiente e em suas 
diversas dimensões: como indivíduo, família, comunidade, sociedade, nação 
e humanidade; nas suas raízes históricas, nas gerações atual e futura.
Artigo 7º - As entidades, instituições e conselhos integrantes da organiza-
ção pro�ssional são igualmente permeados pelos preceitos éticos das pro�ssões 
e participantes solidários em sua permanente construção, adoção, divulgação, 
preservação e aplicação.
3 - Dos princípios éticos
Artigo 8º - A prática da pro�ssão é fundada nos seguintes princípios éti-
cos aos quais o pro�ssional deve pautar sua conduta:
Do objetivo da pro�ssão
I - A pro�ssão é bem social da humanidade e o pro�ssional é o agente capaz 
de exercê-la, tendo como objetivos maiores a preservação e o desenvolvimento 
harmônico do ser humano, de seu ambiente e de seus valores;
Da natureza da pro�ssão
II - A pro�ssão é bem cultural da humanidade construído permanen-
temente pelos conhecimentos técnicos e cientí�cos e pela criação artística, 
manifestando-se pela prática tecnológica, colocado a serviço da melhoria da 
qualidade de vida do homem;
Da honradez da pro�ssão
III - A pro�ssão é alto título de honra e sua prática exige conduta honesta, 
digna e cidadã;
Da e�cácia pro�ssional
IV - A pro�ssão realiza-se pelo cumprimento responsável e competente 
dos compromissos pro�ssionais, munindo-se de técnicas adequadas, assegu-
rando os resultados propostos e a qualidade satisfatória nos serviços e produtos 
e observando a segurança nos seus procedimentos;
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Do relacionamento pro�ssional
V - A pro�ssão é praticada através do relacionamento honesto, justo e com 
espírito progressista dos pro�ssionais para com os gestores, ordenadores, des-
tinatários, bene�ciários e colaboradores de seus serviços, com igualdade de 
tratamento entre os pro�ssionais e com lealdade na competição;
Da intervenção pro�ssional sobre o meio
VI - A pro�ssão é exercida com base nos preceitos do desenvolvimento 
sustentável na intervenção sobre os ambientes natural e construído e da inco-
lumidade das pessoas, de seus bens e de seus valores;
Da liberdade e segurança pro�ssionais
VII - A pro�ssão é de livre exercício aos quali�cados, sendo a segurança 
de sua prática de interesse coletivo.
4 - Dos deveres
Artigo 9º - No exercício da pro�ssão são deveres do pro�ssional:
I - Ante ao ser humano e a seus valores:
a. oferecer seu saber para o bem da humanidade;
b. harmonizar os interesses pessoais aos coletivos;
c. contribuir para a preservação da incolumidade pública;
d. divulgar os conhecimentos cientí�cos, artísticos e tecnológicos ineren-
tes à pro�ssão;
II - Ante à pro�ssão:
a. identi�car-se e dedicar-se com zelo à pro�ssão;
b. conservar e desenvolver a cultura da pro�ssão;
c. preservar o bom conceito e o apreço social da pro�ssão;
d. desempenhar sua pro�ssão ou função nos limites de suas atribuições e 
de sua capacidade pessoal de realização;
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e. empenhar-se junto aos organismos pro�ssionais no sentido da conso-
lidação da cidadania e da solidariedade pro�ssional e da coibição das 
transgressões éticas;
III - Nas relações com os clientes, empregadores e colaboradores:
a. dispensar tratamento justo a terceiros, observando o princípio da equidade;
b. resguardar o sigilo pro�ssional quando do interesse de seu cliente ou empre-
gador, salvo em havendo a obrigação legal da divulgação ou da informação;
c. fornecer informação certa, precisa e objetiva em publicidade e propa-
ganda pessoal;
d. atuar com imparcialidade e impessoalidade em atos arbitrais e periciais;
e. considerar o direito de escolha do destinatário dos serviços, ofertando-
-lhe, sempre que possível, alternativas viáveis e adequadas às demandas 
em suas propostas;
f. alertar sobre os riscos e responsabilidades relativos às prescrições téc-
nicas e às consequências presumíveis de sua inobservância;
g. adequar sua forma de expressão técnica às necessidades do cliente e às 
normas vigentes aplicáveis;
IV - Nas relações com os demais pro�ssionais:
a. atuar com lealdade no mercado de trabalho, observando o princípio da 
igualdade de condições;
b. manter-se informado sobre as normas que regulamentam o exercício 
da pro�ssão;
c. preservar e defender os direitos pro�ssionais;
V - Ante ao meio:
a. orientar o exercício das atividades
pro�ssionais pelos preceitos do desen-
volvimento sustentável;
b. atender, quando da elaboração de projetos, execução de obras ou cria-
ção de novos produtos, aos princípios e recomendações de conservação 
de energia e de minimização dos impactos ambientais;
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c. considerar em todos os planos, projetos e serviços as diretrizes e disposi-
ções concernentes à preservação e ao desenvolvimento dos patrimônios 
sócio-cultural e ambiental.
5 - Das condutas vedadas
Artigo 10º - No exercício da pro�ssão são condutas vedadas ao pro�ssional:
I - Ante o ser humano e seus valores:
a. descumprir voluntária e injusti�cadamente com os deveres do ofício;
b. usar de privilégio pro�ssional ou faculdade decorrente de função de 
forma abusiva, para �ns discriminatórios ou para auferir vantagens 
pessoais;
c. prestar de má-fé orientação, proposta, prescrição técnica ou qualquer 
ato pro�ssional que possa resultar em dano às pessoas ou a seus bens 
patrimoniais;
II - Ante à pro�ssão:
a. aceitar trabalho, contrato, emprego, função ou tarefa para os quais não 
tenha efetiva quali�cação;
b. utilizar indevida ou abusivamente do privilégio de exclusividade de 
direito pro�ssional;
c. omitir ou ocultar fato de seu conhecimento que transgrida à ética pro-
�ssional;
III - Nas relações com os clientes, empregadores e colaboradores:
d. formular proposta de salários inferiores ao mínimo pro�ssional legal;
e. apresentar proposta de honorários com valores vis ou extorsivos ou des-
respeitando tabelas de honorários mínimos aplicáveis;
f. usar de artifícios ou expedientes enganosos para a obtenção de vanta-
gens indevidas, ganhos marginais ou conquista de contratos;
g. usar de artifícios ou expedientes enganosos que impeçam o legítimo 
acesso dos colaboradores às devidas promoções ou ao desenvolvimento 
pro�ssional;
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h. e. descuidar com as medidas de segurança e saúde do trabalho sob sua 
coordenação;
i. f. suspender serviços contratados, de forma injusti�cada e sem prévia 
comunicação;
j. g. impor ritmo de trabalho excessivo ou exercer pressão psicológica ou 
assédio moral sobre os colaboradores;
IV - Nas relações com os demais pro�ssionais:
a. intervir em trabalho de outro pro�ssional sem a devida autorização de 
seu titular, salvo no exercício do dever legal;
b. referir-se preconceituosamente a outro pro�ssional ou pro�ssão;
c. agir discriminatoriamente em detrimento de outro pro�ssional ou pro-
�ssão;
d. atentar contra a liberdade do exercício da pro�ssão ou contra os direi-
tos de outro pro�ssional;
V - Ante ao meio:
a. prestar de má-fé orientação, proposta, prescrição técnica ou qualquer 
ato pro�ssional que possa resultar em dano ao ambiente natural, à saúde 
humana ou ao patrimônio cultural.
6 - Dos direitos
Artigo 11º - São reconhecidos os direitos coletivos universais inerentes às 
pro�ssões, suas modalidades e especializações, destacadamente:
a. à livre associação e organização em corporações pro�ssionais;
b. ao gozo da exclusividade do exercício pro�ssional;
c. ao reconhecimento legal;
d. à representação institucional.
Artigo 12º - São reconhecidos os direitos individuais universais inerentes aos 
pro�ssionais, facultados para o pleno exercício de sua pro�ssão, destacadamente:
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a. à liberdade de escolha de especialização;
b. à liberdade de escolha de métodos, procedimentos e formas de expressão;
c. ao uso do título pro�ssional;
d. à exclusividade do ato de ofício a que se dedicar;
e. à justa remuneração proporcional à sua capacidade e dedicação e aos 
graus de complexidade, risco, experiência e especialização requeridos 
por sua tarefa;
f. ao provimento de meios e condições de trabalho dignos, e�cazes e 
seguros;
g. à recusa ou interrupção de trabalho, contrato, emprego, função ou 
tarefa quando julgar incompatível com sua titulação, capacidade ou 
dignidade pessoais;
h. à proteção do seu título, de seus contratos e de seu trabalho;
i. à proteção da propriedade intelectual sobre sua criação;
j. à competição honesta no mercado de trabalho;
k. à liberdade de associar-se a corporações pro�ssionais;
l. à propriedade de seu acervo técnico pro�ssional.
7 - Da infração ética
Artigo 13º - Constitui-se infração ética todo ato cometido pelo pro�ssional 
que atente contra os princípios éticos, descumpra os deveres do ofício, prati-
que condutas expressamente vedadas ou lese direitos reconhecidos de outrem.
Artigo 14º - A tipi�cação da infração ética para efeito de processo discipli-
nar será estabelecida, a partir das disposições deste Código de Ética Pro�ssional, 
na forma que a lei determinar.
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Crea vai apurar conduta de engenheiros da Arena após incidente na avalanche
O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-RS) vai apurar se os três engenheiros 
que a polícia aponta como responsáveis pelo desabamento de torcedores no fosso da Arena, em 
janeiro de 2013, cometeram desvios éticos. Os engenheiros Marcos Benicio dos Santos, líder de 
projetos da OAS no Rio Grande do Sul, Jacques Andrade Antipo�, gerente de contratos da OAS, 
e Ricardo Sabino da Silva, contratado pela empresa terceirizada Aço Inox do Brasil, serão indi-
ciados por dois crimes: lesão corporal culposa e exposição de outras vidas ao perigo iminente. 
Conforme a perícia do Departamento de Criminalística, o alambrado que cedeu no jogo entre 
Grêmio e LDU, ferindo oito pessoas na noite de 30 de janeiro, nem sequer atendia às normas 
para construção de um guarda-corpo em prédio residencial. Portanto, jamais poderia oferecer 
segurança a milhares de pessoas em um estádio. O coordenador da comissão de ética do Crea, 
Odir Francisco Ruckhaber, explica que a conduta dos três pro�ssionais deverá ser primeiramente 
avaliada em câmaras setoriais do conselho. Santos e Antipo�, que são engenheiros civis, serão 
submetidos à câmara de engenharia civil, formada por 30 conselheiros - e Sabino, engenheiro 
mecânico, será analisado na câmara de engenharia industrial, com 20 integrantes.
Fonte: Paulo Germano (2013). Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/geral/noti-
cia/2013/05/crea-vai-apurar-conduta-de-engenheiros-da-arena-apos-incidente-naavalan-
che-4147506.html. Acesso em 28 dez 2019.
Isto acontece
na prática
RESPONSABILIDADE 
SOCIAL DO ENGENHEIRO
UNIDADE VI
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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Há algumas décadas surgiu o conceito de desenvolvimento sustentável e 
muitos valores já foram acrescidos a essa expressão desde então, mas apesar 
disso muitos se prendem apenas ao fato de poluir menos ou não desmatar. No 
entanto, nos dias de hoje esse conceito vai muito mais longe do que apenas 
proteger as �orestas e colaborar para a diminuição do efeito estufa, se mostra 
necessário que não adianta apenas isso, se não houver conscientização de todos 
nada vai funcionar com êxito. O desenvolvimento sustentável está totalmente 
entrelaçado com a responsabilidade social, pois é com a educação, conscien-
tização e com exemplos que se criam projetos de sucesso.
Para que projetos de responsabilidade social sejam cada vez mais implantados 
é necessário capacitar pro�ssionais para planejar e pôr em prática. Os engenhei-
ros são pro�ssionais que lidam diretamente com grandes projetos e com pessoas 
em todos os sentidos, por isso a necessidade de conscientizá-los de que a res-
ponsabilidade de um planeta mais sustentável depende dele, para que projetos 
continuem a acontecer e que novos sejam criados. Portanto o engenheiro precisa 
ser um pro�ssional coerente, precisa

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