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Fundamentos do Sistema Imunológico Quando um Ag (antígeno) invade o organismo de um animal, há uma primeira resposta do sistema imunológico. Essa resposta é chamada de resposta imune inata. Ela é inespecífica e atua da mesma maneira sobre qualquer tipo de Ag. Como o nome diz, essa resposta imune já nasce com o animal. Caso essa primeira resposta não consiga eliminar o Ag, entra em cena a resposta imune adquirida (ou adaptativa), que é uma resposta que o animal adquire conforme vai entrando em contato com diversos Ag's. É uma resposta imune mais específica e mediada por Ac (anticorpo). Ou seja, a imunidade inata ativa a imunidade adquirida. Iremos falar sobre cada uma mais à frente. Somos expostos constantemente a microrganismos. Nossa microbiota é composta por vários MOs (bactérias, protozoários e fungos) não patogênicos que ajudam o sistema imune (ela faz parte da imunidade inata). São os chamados MOs comensais. Caso eles se proliferem além da conta e o sistema imune do animal esteja comprometido de alguma maneira, podem se tornar patogênicos e desencadear doença. São os chamados MOs oportunistas. Ou seja, MOs comensais não causam infecção; já os patogênicos, sim. A função do sistema imune é proteger o organismo contra MOs infecciosos e até contra substâncias ditas estranhas, como alérgenos e corpos estranhos. Ambos vão desencadear uma resposta imunológica do organismo. Infecção: colonização por bactérias. Stress (físico e emocional): liberam cortisol que é um imunossupressor; Higiene: a falta dela impede que o sistema imune responda adequadamente à invasão de Ag's; Idade: animais muito jovens ainda não têm sistema imunológico tão desenvolvido. E nos animais idosos o sistema imune começa a diminuir sua atividade; Estado nutricional: sem se alimentar corretamente, o animal não receberá nutrientes necessários para sua homeostase e, consequentemente, seu sistema imunológico estará deficiente; Inflamação: calor, rubor, inchaço, dor e perda da função. Resposta que o sistema imune dá à invasão de um Ag. Sempre haverá inflamação, mas nem sempre haverá infecção. Caso haja uma resposta exacerbada do sistema imune, inicia-se a alergia. O sistema imunológico de animais alérgicos é mais ativo. Sendo assim, podem ter maior probabilidade a desenvolver doenças autoimunes (quando o sistema imune ataca células do próprio organismo). O sistema imune também pode atacar órgãos transplantados, pois o reconhecem como estranho àquele organismo. Por conta disso, deve-se sempre tomar imunossupressores para "frear" a resposta imunológica e evitar a rejeição do órgão. Só que por causa disso, o indivíduo ficará vulnerável a infecção, já que seu sistema imune está deficiente por conta do imunossupressor. Alguns fatores podem afetar o bom funcionamento do sistema imunológico. São eles: Tenta impedir a entrada de patógenos / substâncias estranhas. Ela tenta expulsar o Ag quando este entra no organismo (ex: espirro, tosse). Não é específica. Age da mesma maneira com todos os Ag's. Isso acontece porque ela não consegue distinguir pequenas diferenças entre os MO's. Ela é composta por: Barreiras físicas: pele (íntegra), mucosas, cílios, secreções (muco, saliva, lágrimas); Barreiras químicas: substâncias antibacterianas produzidas na superfície epitelial, quimiocinas liberadas na resposta inflamatória; Células fagocíticas: neutrófilos, macrófagos e células NK; Células sanguíneas: eosinófilos, basófilos e monócitos; Proteínas sanguíneas: componentes do sistema complemento e mediadores da inflamação. Ela combate MO's por meio de recrutamento de fagócitos e outros leucócitos e bloqueio da replicação viral ou destruição de células infectadas por vírus. É uma resposta imune mediada por células chamadas linfócitos e seus produtos (como os Ac's). Os linfócitos B e os linfócitos T são os principais. Genética: o animal simplesmente já nasce com alguma alteração em seu sistema imune. Podemos manipular o sistema imune para que ele funcione adequadamente através das vacinas. Especificidade: neste tipo de imunidade, há uma resposta específica/adaptativa para combater o Ag que a imunidade inata não conseguiu eliminar. Essa especificidade é possível por dois motivos: primeiro porque os linfócitos conseguem distinguir diferenças sutis na estrutura de epítopos distintos, e segundo por conta da expansão clonal, que é o mecanismo pelo qual os linfócitos sofrem considerável proliferação logo após a exposição ao antígeno, gerando descendentes com a mesma especificidade; Diversidade: É a capacidade dos linfócitos em reconhecerem um grande número de Ag's. Portanto, quanto maior o contato com diversos Ag's, maior a diversidade da imunidade adquirida de um animal. Essa diversidade é essencial para que o sistema imune consiga defender o organismo dos diversos patógenos presentes no ambiente; Memória: após contato com Ag, responde mais rápido da próxima vez (resposta secundária). Isso porque conforme o organismo entra em contato com os Ag's, o sistema imune gera células de memória, que têm vida longa e são específicas para cada tipo de Ag. Essa característica permite que o sistema imune produza respostas aumentadas a exposições persistentes ou recorrentes ao mesmo Ag; Autotolerância: capacidade que o sistema imune tem de reconhecer, responder e eliminar muitos Ag's estranhos, mas que não reage prejudicialmente aos Ag's do próprio organismo. Quando há alguma anormalidade nessa característica, o animal desenvolve as chamadas doenças autoimunes. Introdução sistema imunológico Imunidade Inata (natural) Imunidade adquirida/adaptativa Fundamentos do Sistema Imunológico Especificidade, memória e contração das respostas imunes adaptativas. Antígenos X e Y induzem a produção de diferentes anticorpos (especificidade). A resposta secundária ao antígeno X é mais rápida e maior do que a resposta primária (memória). Os níveis de anticorpos declinam com o tempo após cada imunização (contração, o processo que mantém a homeostasia). As mesmas características são vistas nas respostas imunes mediadas por células. Seleção clonal. Cada antígeno (X) seleciona um clone preexistente de linfócitos específicos e estimula a proliferação e diferenciação daquele clone. O diagrama mostra somente linfócitos B dando origem a células efetoras secretoras de anticorpos, mas o mesmo princípio se aplica aos linfócitos T. Fundamentos do Sistema Imunológico Resposta imune humoral: é a imunidade mediada por Ac's específicos para cada tipo de Ag e atua de forma extracelular. Os Ac's são produzidos pelos linfócitos B, quanto são ativados na forma de Plasmócitos. Esses Ac's reconhecem os MOs, neutralizam a infectividade deles e os marcam para que sejam eliminados pelos fagócitos e sistema complemento; Resposta imune celular: é mediada por linfócitos T e é para Ag's intracelulares, como os vírus por exemplo. Alguns MO's ingeridos sobrevivem nos fagócitos. Ali, eles ficam inacessíveis ao Ac's. Nesse caso, a imunidade celular promove a destruição desses MO's através da morte das células infectadas para que os reservatórios da infecção sejam eliminados. A imunidade adquirida é divida em dois tipos: Essas duas respostas imunes acontecem ao mesmo tempo. Tipos de imunidade adaptativa. Na imunidade humoral, os linfócitos B secretam anticorpos que previnem as infecções e eliminam os microrganismos extracelulares. Na imunidade mediada por células, os linfócitos T auxiliares ativam macrófagos e neutrófilos para matar microrganismos fagocitados, ou linfócitos T citotóxicos destroem diretamente as células infectada Classes de linfócitos. Os linfócitos B reconhecem muitos tipos de antígenos e se desenvolvem em células secretoras de antígenos. Os linfócitos T auxiliares reconhecem antígenos nas superfícies das células apresentadoras de antígenos e secretam citocinas, as quais estimulam diferentes mecanismos de imunidade e inflamação. Os linfócitos T citotóxicos reconhecem antígenos em células infectadas e matam essas células. As células T reguladoras suprimem asrespostas imunes (p. ex.: aos antígenos próprios). Imunidade adquirida/adaptativa Fundamentos do Sistema Imunológico Vacinas: é uma imunidade ativa artificial, pois ativam a imunidade do organismo de forma artificial. É a mais duradoura. Produz Ac's e células de memória; Infecção (doença): é uma imunidade ativa natural, pois ativa a imunidade de forma natural (o organismo tem contato direto com o Ag, desenvolvendo a doença). Produz Ac e células de memória; Colostro: é uma imunidade passiva natural, pois transfere Ac's de forma passiva e natural, através do leite da mãe. Não produz Ac e nem memória imunológica; Soro: é uma imunidade passiva artificial, pois transfere Ac's de forma passiva e artificial. Não produz Ac's e nem memória imunológica; Células imunes (linfócitos): imunidade por transferência adotiva. Transfusão de sangue. Acaba transferindo linfócitos B, que induz à imunidade. São adquiridos através de imunidade ativa e passiva. Ambas se dividem em artificial e natural. Imunidade ativa e passiva. A imunidade ativa é conferida pela resposta do hospedeiro a um microrganismo ou antígeno microbiano, enquanto a imunidade passiva é conferida pela transferência adotiva de anticorpos ou de linfócitos T específicos para o microrganismo. Ambas as formas de imunidade conferem resistência à infecção e são específicas para antígenos microbianos, mas somente as respostas imunes ativas geram memória imunológica. A transferência terapêutica passiva de anticorpos, mas não de linfócitos, é realizada rotineiramente e também ocorre durante a gravidez (da mãe para o feto). Memória Imunológica anticorpos Linfócito T Linfócito B Fundamentos do Sistema Imunológico É quando os linfócitos são ativados e começam a produzir clones. Estes são específicos para cada Ag. Seguem alguns esquemas que explicam como isso acontece. Célula apresentadora de Ag's (neutrófilos ou macrófagos) clonagem Ativado e diferenciado em linfócito efetor (CD4) e continua passando informações p/ Linf. B Clonagem Ativado e diferenciado em Plasmócito e passa a produzir Ac's Apresenta epítopo do Ag Passa informação As respostas imunes adaptativas consistem em passos distintos, sendo os três primeiros o reconhecimento do antígeno, a ativação dos linfócitos e a eliminação do antígeno (fase efetora). A resposta se contrai (declina) à medida que os linfócitos estimulados pelos antígenos morrem por apoptose, restaurando a homeostasia, e as células antígeno-específicas que sobrevivem são responsáveis pela memória. Linfócitos são produzidos na medula óssea, através de uma mesma célula-tronco hematopoiética, mas, dependendo do tipo, podem amadurecer em outros locais. Os estágios iniciais da maturação dos linfócitos B ocorrem na medula óssea. Depois ele irá deixar este local e completar sua maturação em órgãos linfoides secundários (linfonodos, baço, etc). Já os linfócitos T surgem de células precursoras na medula óssea que migram e amadurecem no Timo. Os sítios anatômicos onde ocorrem as principais etapas do desenvolvimento dos linfócitos são chamados órgãos linfoides geradores (ou primários), que são a medula óssea e o Timo Os linfócitos se desenvolvem a partir de células-tronco da medula óssea, amadurecem nos órgãos linfoides geradores (medula óssea e timo, para células B e T, respectivamente), e então circulam através do sangue para os órgãos linfoides secundários (linfonodos, baço, tecidos linfoides regionais como o MALT). As células T completamente maduras deixam o timo, porém as células B imaturas deixam a medula óssea e completam sua maturação nos órgãos linfoides secundários ou voltam por drenagem linfática para o sangue e recirculam através de outros órgãos linfoides secundários. expansão clonal Produção de linfócitos Fundamentos do Sistema Imunológico células do sistema imune São as células mais numerosas e as primeiras a aparecerem quando entra um Ag no organismo, portanto, são as mais importantes da primeira barreira de defesa. Faz a defesa celular primária principalmente contra bactérias Trabalham em respostas parasitárias ou processos alérgicos. Estão envolvidos em processos alérgicos, parasitários e inflamatórios. Secretam quimiocinas.Célula que circula no sangue e que participa da fagocitose. Quando migra para os tecidos é chamado de macrófago. São a base no desencadeamento e execução da resposta imune. Se dividem em linfócitos B (LB - produção de anticorpos e apresentação de antígenos), linfócitos T (LT - reconhecimento de antígenos), células Natural Killer (NK - matar qualquer antígeno). Forma madura dos monócitos sanguíneos. Dependendo do tecido em que se encontram, terão um nome diferente. Fagocitose e apresentação de antígenos. Produção de tromboplastina (coagulação). Célula diferenciada e presente nos tecidos. Localiza-se próximo a pequenos vasos sanguíneos. Quando ativado pela presença de um agente estranho, libera substâncias que afetam a permeabilidade desses vasos e causa inflamação, permitindo, assim, que mais células de defesa atinjam o local rapidamente. Pode desenvolver respostas alérgicas ou até mesmo choque anafilático. monócito linfócitos mastócito macrófago Basófilos eosinófilos Neutrófilo Fundamentos do Sistema Imunológico TECIDOS E ÓRGÃOS LINFOIDES Os órgãos linfoides são locais de armazenamento de linfócitos para onde são drenados os Ag's, para que ocorra interações destes com os linfócitos. São divididos em órgãos linfoides primários (OLP) e órgãos linfoides secundários (OLS). Os OLP''s (timo e medula óssea) são os produtores de linfócitos e onde os mesmo amadurecem. Já os OLS's (adenoides, baço, linfonodos, etc), ativam e proliferam linfócitos, ou seja, executam a resposta imune. Os OLP's involuem; os OLS's não. Esse é um dos motivos pelo qual animais idosos têm sistema imune deficiente, pois passam a produzir menos células de defesa. Local de geração de células sanguíneas circulantes, incluindo hemácias, granulócitos e monócitos, bem como o local de maturação do linfócito B. Em adultos, só as extremidades de ossos longos e chatos têm capacidade de produzir células-tronco hematopoiéticas. Atua como OLS também, pois produz Ac indiretamente através dos linfócitos B. Também chamada de bolsa cloacal, pois está localizada perto da cloaca das aves. É histologicamente semelhante ao timo e também involui, ficando resquício na cloaca. Realiza hematopiese além da maturação e diferenciação de células produtoras de anticorpos, os linfócitos B. Há uma doença viral das aves chamada Doença de Gumboro que atinge a bolsa de Fabrício, fazendo com que tenham baixa de imunidade. Assim ocorrem morte, infecções secundárias e perdas econômicas Estão localizadas na mucosa intestinal. São OLS em cães e gatos (ou seja, não involuem, exceto em doenças como a parvovirose) e OLP em ruminantes (ou seja, involuem). Ag chega pelos vasos linfáticos, tendo contato, em seu interior, com macrófagos, LT e LB; Estimula a diferenciação dos LB; Parte medular (interna): é o centro germinativo. Presença de LT e LB. Produz células de memória; No segundo contato, célula de memória vai para medula (como plasmócito) e induz a formação de Ac Estruturas encapsuladas, vascularizadas estão localizados junto aos tratos linfáticos principais. Aumentam de tamanho em contato com o Ag ("íngua" ou linfonodos reativos). Isso acontece porque os linfócitos estão fazendo clonagem em resposta a alguma infecção. É ausente em aves Recebe todo o sangue do corpo; remover da circulação as células sanguíneas envelhecidas e danificadas; iniciar respostas imunes adaptativas a antígenos transportados pelo sangue; localizado na região abdominal esquerda; reserva de sangue; Ag são capturados por células fagocíticas (polpa vermelha), que apresentam fragmentos do Ag para LB e LT (na polpa branca –proliferam quando entra Ag, pois tem centro germinativo) o que são? Medula óssea (OLP) PLACAS DE PEYER linfonodos (OLS) BOLSA DE FABRÍCIO (OLP) baço (OLs)
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