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MICROBIOLOGIA-Unidade 4

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Unidade 4 -microbiologia
Introduzindo a imunologia e reconhecendo os antígenos
Propriedades gerais das respostas imunológicas
De acordo com o que foi estudado nas unidades anteriores, você deve ter percebido que o nosso organismo está constantemente sendo exposto aos microrganismos, sejam eles bactérias, fungos, parasitas ou vírus. Se estes microrganismos nunca encontrassem resistência do hospedeiro, estaríamos sempre doentes e provavelmente morreríamos de inúmeras doenças. Na maioria das vezes, não adoecemos justamente por conta da resposta imunológica do nosso organismo. O sistema imunológico é semelhante a um grande exército que combate os microrganismos invasores, impedindo que eles se instalem no nosso corpo e provoquem algum dano.
Um exemplo prático disso, é quando você adoece de um resfriado, por exemplo, e sem o uso de nenhum medicamento, de forma aparentemente espontânea fica curado. Por traz disso, o seu sistema imune através de várias funções combateu o agente responsável pelo resfriado.
A imunologia é a ciência que estuda as formas como o nosso corpo reage e funciona diante da invasão de microrganismos
Existem vários mecanismos de defesa utilizados pelo nosso corpo para combater os microrganismos, os quais são chamados de barreiras, a nossa pele, o ácido e a bile do trato gastrointestinal, são exemplos de barreiras protetoras que inativam e impedem a entrada de agentes estranhos (MURRAY, 2014).
No entanto, quando os microrganismos conseguem atravessar essas barreiras e invadir o nosso organismo, o sistema imune começa a combater os patógenos através de dois mecanismos, a imunidade inata e imunidade adaptativa. A imunidade inata corresponde a primeira linha de defesa utilizada contra os agentes invasores. A resposta inata está presente desde o nascimento, é uma resposta inespecífica e não gera a memória imunológica, ou seja, quando uma pessoa é exposta a um determinado micróbio o organismo não o reconhecerá caso entre em contato novamente com o mesmo (BROOCKS, 2014; TORTORA, 2012).
Entre os componentes da imunidade inata estão a primeira linha de defesa (pele e membranas mucosas) e a segunda linha de defesa (células assassinas naturais e fagócitos, inflamação, febre e substâncias antimicrobianas). As respostas imunes inatas representam o sistema de alerta precoce da imunidade e são projetadas para impedir que os micróbios tenham acesso ao corpo e para ajudar a eliminar aqueles que tiverem acesso (TORTORA, 2012, p. 450).
A resposta imune adaptativa é a que confere a imunidade contra determinados patógenos no caso de uma reinfecção pelo mesmo patógeno.
Esse tipo de resposta imunológica envolve células específicas chamadas de linfócitos. A imunidade adaptativa é especifica e possui a capacidade de reconhecer e destruir um patógeno, através da atuação dos linfócitos que possuem receptores específicos para o reconhecimento do antígeno (BROOCKS, 2014).
Antígeno é o termo utilizado para referir-se a toda e qualquer substância que é estranha ao organismo e que estimula a produção de anticorpos. Os anticorpos, por sua vez são glicoproteínas que conferem imunidade ao organismo.
Células e tecidos do sistema imunológico
O sistema imunológico, ou sistema imune refere-se ao sistema que tem como função defender o organismo contra agentes invasores, é constituído por inúmeras células especializadas em combater e destruir os microrganismos, além de tecidos e órgãos específicos que atuam para esta mesma função. No sangue estão presentes os glóbulos vermelhos e os glóbulos brancos, os glóbulos vermelhos contêm principalmente as hemácias ou eritrócitos, células que participam do transporte de oxigênio, e nos glóbulos brancos são encontrados os leucócitos. Os leucócitos são um grupo de células esféricas e nucleadas, são originadas a partir de células tronco da medula óssea vermelha, a função primordial dos leucócitos é proteger o organismo contra a atuação dos patógenos (AMABIS, 2004; MURRAY, 2014).
Em condições normais os leucócitos estão presentes na quantidade de 5 a 10 mil em cada mm³ de sangue, porém, durante uma infecção, principalmente infecções bacterianas, o número de leucócitos pode aumentar consideravelmente com o objetivo de combater e destruir os microrganismos causadores da infecção.
Os leucócitos podem ser classificados de acordo com vários aspectos, entre eles a morfologia, coloração histológica, funções imunológicas e marcadores intracelulares e de superfície celular (MURRAY, 2014). Com base na coloração histológica os leucócitos são classificados em dois grupos: granulócitos e agranulócitos. Os granulócitos são assim chamados porque apresentam grânulos em seu citoplasma e estão diferenciados em três tipos de células: neutrófilos, basófilos e eosinófilos (TORTORA, 2012).
Os neutrófilos são células fagocitárias e bastante móveis, são utilizados durante as fases iniciais de uma infecção. São os primeiros a chegar no local infectado e destruir os microrganismos que ali estão presentes. Os basófilos estão envolvidos na liberação de algumas substâncias como a histamina, importante nas respostas inflamatórias e alérgicas (TORTORA, 2012).
A histamina funciona como um sinal para alertar a pessoa que algo não está funcionando normalmente no organismo. Dessa forma, ela produz uma resposta inflamatória no local da infecção. Lembre-se que inflamação é diferente de infecção. A histamina provoca o aumento da permeabilidade vascular, ou seja, liberação de líquidos para o espaço onde está ocorrendo a infecção, o que resulta em edema. Além disso, a histamina também promove a vasodilatação, aumentando o fluxo sanguíneo no local, o que explica a vermelhidão.
Os eosinófilos têm como função principal produzir proteínas que sejam tóxicas em determinados parasitas, eles conseguem aderir-se ao corpo dos parasitas e liberam substâncias que são capazes de destruí-los. Em certas verminoses pode ser percebido um aumento significativo no número de eosinófilos (TORTORA, 2012).
Os agranulócitos são formados pelos monócitos, células dendríticas e linfócitos. Os monócitos, ao entrarem nos tecidos infectados tornam-se macrófagos que são células altamente fagocitárias, são encontrados em regiões como o baço e linfonodos e atuam ingerindo e digerindo os patógenos, além disso, os macrófagos juntamente com os linfócitos iniciam o processo de respostas imunológicas adaptativas (MADIGAN 2010; MURRAY, 2014).
Alguns macrófagos deslocam-se continuamente pelo corpo enquanto outros permanecem fixos em certos tecidos e recebem denominações especiais; nos pulmões são chamados macrófagos alveolares; no fígado, células de Kupffer; nos rins, células mesangiais; no encéfalo, células microgliais; nos tecidos conjuntivos, histiócitos (AMABIS, 2004, p. 310).
As células dendríticas, assim como a maioria das células do sistema imune são responsáveis pela fagocitose dos patógenos e também participam das respostas adaptativas iniciais, são encontradas, principalmente, na pele, nas mucosas, no timo e nos linfonodos, possuem alguns prolongamentos semelhantes aos dendritos das células nervosas (TORTORA, 2012).
Os linfócitos estão presentes no baço, linfonodos e medula óssea vermelha, são classificados em linfócitos B e T, essas células são consideradas as principais responsáveis pela imunidade do nosso organismo. A produção dos linfócitos B e T ocorrem na medula óssea vermelha, os do tipo B são específicos para produção dos anticorpos que tem a capacidade de identificar uma grande variedade de corpos estranhos e destruí-los. Os do tipo T são maturados no timo e são reclassificados em dois tipos: linfócitos auxiliadores e linfócitos citotóxicos. A função dos linfócitos auxiliadores é estimular a produção de anticorpos pelos linfócitos B, e a função dos citotóxicos é destruir as células anormais, entre elas células cancerígenas (AMABIS, 2004).
Os órgãos do sistema imunológico são classificados em órgãos linfoides primários e secundários. Observe na figura 1 esta classificação.
Os órgãos e tecidos linfoides são encontrados em váriaspartes do corpo. Os órgãos linfoides primários incluem o timo e a medula óssea vermelha, o timo, como descrevemos anteriormente é o local específico onde ocorre a maturação dos linfócitos T, mas também armazena macrófagos e células dendríticas. A medula óssea vermelha é responsável pela produção das células sanguíneas (MURRAY, 2014; TORTORA, 2012).
Entre os órgãos e tecidos linfoides secundários podemos observar a presença de várias estruturas importantes, entre elas os linfonodos e o baço, os linfonodos funcionam como um filtro que filtra a linfa, retendo os microrganismos, além disso nos linfonodos os linfócitos T e B são ativados. O baço também apresenta uma função semelhante à dos linfonodos, filtrando os antígenos e também células velhas do sangue (MURRAY, 2014; TORTORA, 2012).
Os tecidos e os órgãos linfoides estão espalhados por todas as partes das membranas mucosas que revestem os tratos gastrintestinal, respiratório, urinário e reprodutivo. Eles protegem contra os micróbios que são ingeridos ou inalados. Vários agregados grandes de tecido linfoide estão localizados em partes específicas do corpo. Entre eles estão as tonsilas palatinas na garganta e as placas de Peyer no intestino delgado (TORTORA, 2012, p. 457).
Anticorpos e antígenos
De acordo com BROOCKS (2014) um antígeno é definido como uma substância que possui a capacidade de induzir uma resposta imune no organismo através da produção de anticorpos. Os anticorpos são glicoproteínas que conferem imunidade ao organismo, são também chamadas de imunoglobulinas.
Tanto os antígenos como os anticorpos realizam papéis fundamentais na resposta imunológica. Os antígenos provocam uma resposta imune especifica, isto é, os anticorpos que são produzidos através do estímulo do antígeno são capazes de reconhecê-lo, esses tipos de antígenos são chamados de imunógenos (TORTORA, 2012).
Os anticorpos identificam e interagem com locais específicos nos antígenos, esses locais são conhecidos como epítopos. A natureza dessa interação depende do tamanho, da forma e da estrutura química do sítio de ligação na molécula de anticorpo.
Complexo de Histocompatibilidade
A função primordial do sistema imunológico é identificar e destruir as células estranhas, ou seja, que não fazem parte do organismo. A capacidade de reconhecimento das células que pertencem e não pertencem ao organismo deve-se ao complexo principal de histocompatibilidade. O complexo principal de histocompatibilidade (MHC) desempenha um papel fundamental no sistema imune e compreende o conjunto de genes que estão localizados no cromossomo 6. O MHC surgiu com o objetivo de averiguar o papel da resposta imunológica na rejeição dos transplantes de pele, e é responsável por apresentar antígenos associados a células para serem reconhecidos pelos linfócitos T (BROOKS, 2014).
Durante um transplante de órgão de uma pessoa para outra, a compatibilidade e aceitação do órgão vai ser determinada pelo MHC, quando não há compatibilidade do MHC entre um doador e um receptor, o sistema imunológico entenderá que aquele órgão é um corpo estranho e inicia um processo de rejeição daquele órgão.
Os genes do MHC apresentam uma grande variação genética, além disso são poligênicos e polimórficos, ou seja, existem vários tipos de genes para cada classe de molécula e além disso, há também um grande número de alelos na população para cada um dos genes. Cada indivíduo herda dos pais um conjunto restrito de alelos (BROOKS, 2014).
Processamento de antígenos e apresentação aos Linfócitos T
O processamento de antígenos e apresentação aos linfócitos T representa a forma pela qual os antígenos se associam às próprias moléculas do MHC, são processos que ocorrem de maneira intracelular. Nesse processo, as proteínas de antígenos de origem exógena são internalizadas através das vesículas endocíticas no interior das Células Apresentadoras de Antígenos (APCs), tais como as células dendríticas e os macrófagos. Logo em seguida, os antígenos são apresentados as proteases que estão presentes nas vesículas intracelulares.
Apresentação antigênica é uma etapa crítica na resposta adaptativa. Proteínas a partir de antígenos exógenos são processadas por APCs e, então, apresentadas via molécula de MHC classe II. Esse complexo antígeno-MHC é reconhecido pelo TCR expresso pela célula T CD4. O CD4 atua como correceptor. Um segundo sinal é necessário para ativação das células T e, é derivado da interação entre a molécula CDSO, na superfície da APC com a molécula de CD2S na superfície da célula T. As células T, agora proliferam e se diferenciam em células T efetoras. Antígenos endógenos são processados pela APC e apresentados via molécula de MHC classe 1. O complexo peptídeo-MHC classe 1 é reconhecido pelo TCR expresso na superfície das células T CDS. (BROOCKS, 2014, p. 34).
Receptores de antígenos e moléculas acessórias dos linfócitos T.
As células T conseguem detectar a presença de patógenos intracelulares, pois as células que são infectadas pelos patógenos apresentam em suas superfícies fragmentos peptídicos que são provenientes de proteínas patogênicas. Esses peptídeos estranhos são expostos na superfície da célula através de glicoproteínas da célula hospedeira que possuem funções especificas, as moléculas do MHC (MUTPHY, 2010).
Os receptores de antígenos das células T (RCP) têm a função de reconhecer as características do peptídeo antigênico e da molécula do MHC à qual ligou-se. Existem duas classes de moléculas do MHC, MHC classe I e MHC classe II, essas moléculas diferem em sua forma estrutural e no modo de expressão sobre os tecidos corporais (MUTPHY, 2010).
Finalizamos o capítulo, tem alguma dúvida? vamos revisar. Nesse capítulo, foi iniciado o estudo da imunologia que é a ciência que estuda as formas como o nosso corpo reage e funciona diante da invasão de microrganismos. Existem vários mecanismos de defesa utilizados pelo nosso corpo para combater os microrganismos, os quais são chamados de barreiras, a nossa pele, o ácido e a bile do trato gastrointestinal, são exemplos de barreiras protetoras que inativam e impedem a entrada de agentes estranhos No entanto, quando os microrganismos conseguem atravessar essas barreiras e invadir o nosso organismo, o sistema imune começa a combater os patógenos através de dois mecanismos, a imunidade inata e imunidade adaptativa. A imunidade inata corresponde a primeira linha de defesa utilizada contra os agentes invasores. A resposta inata está presente desde o nascimento, é uma resposta inespecífica e não gera a memória imunológica, ou seja, quando uma pessoa é exposta a um determinado micróbio o organismo não o reconhecerá caso entre em contato novamente com o mesmo. O sistema imunológico, ou sistema imune refere-se ao sistema que tem como função defender o organismo contra agentes invasores, é constituído por inúmeras células especializadas em combater e destruir os microrganismos, além de tecidos e órgãos específicos que atuam para esta mesma função. No sangue estão presentes os glóbulos vermelhos e os glóbulos brancos onde são encontrados os leucócitos. Os leucócitos são um grupo de células esféricas e nucleadas, são originadas a partir de células tronco da medula óssea vermelha, a função primordial dos leucócitos é proteger o organismo contra a atuação dos patógenos. Um antígeno é definido como uma substância que possui a capacidade de induzir uma resposta imune no organismo através da produção de anticorpos. Os anticorpos são glicoproteínas que conferem imunidade ao organismo, são também chamadas de imunoglobulinas. Tanto os antígenos como os anticorpos realizam papéis fundamentais na resposta imunológica. Os antígenos provocam uma resposta imune especifica, isto é, os anticorpos que são produzidos através do estímulo do antígeno são capazes de reconhecê-lo, esses tipos de antígenos são chamados de imunógenos.
Descrevendo a maturação, ativação e regulação dos linfócitos
Maturação dos linfócitos e expressão dos genes do receptor de antígeno
De acordo com o que já foi descrito no capítuloanterior, de forma geral, podemos dizer que os linfócitos são células que fazem parte do sistema imunológico, participam ativamente da defesa do organismo contra agentes patogênicos e são comumente classificados em linfócitos do tipo T e B, cada uma com funções específicas no sistema imune.
Os linfócitos são originados a partir da diferenciação da célula hematopoiética pluripotente ainda durante a vida intrauterina e perdura por toda a vida, esta célula origina todas as células do sangue. A célula-tronco pluripotente se diferencia em células-tronco que formam diversas linhagens de células sanguíneas, entre elas, os linfócitos (MURRAY, 2014).
A capacidade que o organismo possui de produzir as células T diminui com o passar do tempo e geralmente é finalizada na adolescência. Isso faz com que o timo, órgão responsável pela maturação dos linfócitos T torne-se menos ativo.
Os linfócitos B e T são originados através da medula óssea, no entanto, apenas os linfócitos B são maturados na medula, os linfócitos T movem-se para o timo, onde amadurecem. Quando atingem a maturação, os linfócitos B e T migram para a corrente sanguínea e em seguida, permanecem nos tecidos e órgãos linfoides secundários. As células T e B maduras são chamadas de linfócitos virgens, até que encontrem um antígeno correspondente a ele e inicie a resposta imune adaptativa. Caso os linfócitos virgens não encontrem nenhum antígeno que seja corresponda a ele, acaba morrendo, num período entre um e três meses (ABBAS, 2014; MURPHY, 2010).
A maturação é iniciada por sinais de receptores de superfície celular que têm duas funções principais: eles promovem a proliferação de progenitores e iniciam o rearranjo dos genes dos receptores de antígenos específicos. O rearranjo dos genes dos receptores de antígenos é um evento-chave no comprometimento de uma célula progenitora com a linhagem de linfócitos B ou T (ABBAS, 2015, p. 399).
As células B e T quando estão em processo de desenvolvimento expressam receptores de antígenos completos e são selecionadas para a sobrevivência baseando no que esses receptores podem ou não identificar (ABBAS, 2015).
Cada linfócito em desenvolvimento produz apenas um receptor antigênico, por meio de rearranjos dos segmentos gênicos dos seus receptores. Os Linfócitos expressam receptores de antígenos altamente variados, o que lhes permite identificar uma grande quantidade de substâncias estranhas. Esta diversidade é conferida aos linfócitos T e B durante o seu desenvolvimento, por meio de células precursoras que não expressam receptores de antígenos e não podem reconhecer e responder aos antígenos (ABBAS, 2015).
A capacidade de cada indivíduo de gerar estes repertórios de linfócitos extremamente diversos evoluiu de tal forma que não exige um número igualmente grande de genes de receptores de antígenos diferentes; caso contrário, grande parte do genoma seria dedicada a codificar o grande número de moléculas de Ig e TCR. Os genes de receptores de antígenos funcionais são produzidos nas células B imaturas na medula óssea e nas células T imaturas no timo por um processo de rearranjo gênico (ABBAS, 2015, p. 406).
Os genes que codificam os diversos receptores de antígeno de linfócitos B e T são gerados pelo rearranjo, em cada linfócito, de diferentes segmentos gênicos da região variável (V) com segmentos gênicos de diversidade (D) e junção
Os linfócitos T e B diferem dos demais tipos de leucócitos por apresentarem um receptor antigênico. Quando localizam um antígeno, os linfócitos B se diferenciam em células plasmáticas que secretam anticorpos, as células T, por sua vez, se diferenciam em células T efetoras (MURPHY, 2010).
Ativação de Linfócitos T
A resposta imune adaptativa acontece através do encontro de um linfócito B ou T e seu antígeno correspondente, de modo geral, esse encontro promove a ativação do linfócito que passa de um estado de latência para um estado de proliferação com diversas funções (ROITT, 2013).
O objetivo da ativação dos linfócitos para o sistema imune é gerar uma grande quantidade de células T efetoras que sejam capazes de destruir os antígenos, além de possuir inúmeras células de memória duradouras que ao identificar algum antígeno exógeno que foi reintroduzido no organismo sejam capazes de combatê-lo rapidamente (ABBAS, 2014).
Os linfócitos T virgens, ou seja, que não foram ativados permanecem circulando pelo corpo em um estado de repouso, adquirindo habilidades específicas apenas quando são ativados. Sua ativação acontece nos órgãos linfoides secundários, através dos quais eles circulam (MURPHY, 2010).
Quando um agente patogênico consegue adentrar no organismo ele é capturado por uma célula dendrítica, que amadurecem e transportam esse microrganismo para os gânglios linfáticos. Quando os linfócitos T virgens reconhecem o seu antígeno específico através da superfície de uma célula dendrítica madura param circular e iniciam um processo chamado de expansão clonal, onde se proliferam e se diferenciam durante alguns dias, originando clones de células T efetoras, e com a mesma especificidade pelo antígeno (ABBAS, 2012; MURPHY, 2010).
A linfocitose, ou seja, aumento da quantidade de linfócitos detectado no leucograma de uma pessoa com alguns tipos de infecção microbiana, ocorre, em grande parte, por conta da expansão clonal que acontece quando o antígeno é detectado pelas células T.
O processo de ativação da célula T é associado a mudanças características nas moléculas de superfície, muitas das quais executam funções importantes em promover e limitar as respostas. A expansão clonal e a diferenciação prosseguem rapidamente devido a vários mecanismos positivos de autoampliação. Por exemplo, as citocinas feitas pelas células T ativadas estimulam a proliferação e a diferenciação das células T em células efetoras. Além disso, as células T ativadas mandam sinais de volta para as APC, amplificando mais ainda sua capacidade de ativar as células T (ABBAS, 2012, p. 204).
Quando finalizam a expansão clonal, as células T efetoras começam a desenvolver suas funções específicas para eliminar o microrganismo, durante o seu processo de diferenciação esse tipo de células também adquirem a capacidade de migrar para o local da infecção. Dessa forma, os linfócitos T deixam os órgãos linfoides, vão para a corrente sanguínea e de lá seguem para o local onde está ocorrendo o processo infeccioso (MURPHY, 2010). Veja a sequência do processo de ativação das células T na figura 3.
No tecido da infecção, os linfócitos efetores identificam o antígeno e provocam uma reação com objetivo de eliminá-lo, as células T auxiliares desempenham uma importante função neste processo, algumas células T auxiliares expressam moléculas de membrana e liberam citocinas que auxiliam os macrófagos a destruir os microrganismos, outras células T auxiliares contribuem secretando citocinas que convocam leucócitos e, assim, estimulam a inflamação no local da infecção, outras ainda atuam abrangendo as funções de barreira da mucosa, e outras continuam nos órgãos linfoides e colaboram par que as células B se diferenciem em células que secretam anticorpos (ABBAS, 2012).
Depois que as células efetoras conseguem eliminar os antígenos há uma grande redução em sua quantidade, a maioria dos linfócitos T ativados, cerca de 90% acabam morrendo por apoptose, garantindo que o sistema imunológico retorne ao seu estado de normalidade (ABBAS, 2012).
Ativação da Célula B e produção de anticorpos
Assim como as células T, as células B virgens também permanecem em repouso e não possuem a capacidade de se dividir, no entanto, quando ativada é conduzida para o ciclo celular. A ativação das células B ocorre por meio do receptor de células B (BCR), esse processo inicia com a interação do antígeno com a imunoglobulina de superfície. (ROITT, 2013).
As células B também são ativadas por influência das células T auxiliares. Quando um antígeno é reconhecido pelas células T vários processos ocorrem no sistema imunológico, um desses processos corresponde a ativação dascélulas B (MURPHY, 2010).
As células T auxiliares estimulam a célula B por meio da ligação do ligante CD40 presente na célula T com o CD40 presente na célula B, pela interação com outros pares de ligantes da família TNF – receptor-TNF – e pela liberação direta de citocinas. As células B ativadas também fornecem sinais para as células T, por exemplo, via moléculas da família B7, que promovem a sua ativação contínua. A interação inicial ocorre na borda das áreas de células T e células B do tecido linfoide secundário, onde ambas as células T auxiliares antígeno-específicas e as células B antígeno-específicas são aprisionadas como consequência da ligação ao antígeno (MURPHY, 2010, p. 397).
Quando os linfócitos B virgens encontram os antígenos, eles são ativados por meio das células T auxiliares e de outros estímulos, sendo ativadas as células B começam o seu processo de expansão clonal, ou seja, elas se multiplicam, e também se diferenciam em células efetoras capazes de liberar anticorpos. No processo de diferenciação, algumas células B que foram ativadas passam por um processo chamado de troca de isotípica e maturação da afinidade, tornando-se células com memória de longa duração (ABBAS, 2014). Observe como esse processo acontece através da figura 4.
Assim como ocorre na ativação dos linfócitos T, durante a ativação das células B elas também se proliferam e se diferenciam em células plasmáticas capazes de secretar diversas classes de anticorpos que apresentam diferentes funções. Vários antígenos que são polissacarídeos e lipídicos possuem inúmeros epítopos, isto é, determinantes antigênicos idênticos que são capazes de ocupar múltiplas moléculas receptoras para os antígenos em cada célula B e começar o processo de ativação da célula B (ABBAS, 2014).
Algumas células B que estão passando pela proliferação se diferenciam em plasmoblastos, que inicialmente produzem anticorpos. Os plasmoblastos são células que começaram a secretar anticorpos, no entanto, permanecem dividindo-se. Depois de alguns dias, os plasmoblastos interrompem a sua divisão e, podem morrer ou se diferenciar em células plasmáticas. O processo de diferenciação de uma célula B em uma célula do plasma é seguida por inúmeras alterações morfológicas que afirmam a sua responsabilidade na produção de um grande número de anticorpos. Determinadas células plasmáticas continuam nos órgãos linfóides, e de lá, grande parte delas migram para a medula óssea, onde permanecem produzindo anticorpos (MURPHY, 2010).
Tolerância imunológica
Uma das características principais do sistema imune consiste em sua capacidade de combater uma grande variedade de microrganismos, porém sem atacar antígenos próprios do indivíduo, isso ocorre por conta da habilidade que o sistema imune possui de diferenciar os antígenos próprios dos não próprios, ou seja, daqueles que correspondem a células microbianas. Esse processo é conhecido como tolerância imunológica. Quando esse mecanismo falha, o sistema imune pode começar a atacar as células do próprio indivíduo, provocando distúrbios conhecidos como autoimunes (ABBAS, 2014).
Os distúrbios autoimunes são doenças provocadas quando o sistema imunológico não consegue diferenciar as células e tecidos próprios de agentes externos e começam a atacar o próprio corpo, alguns exemplos dessas doenças incluem a esclerose múltipla, lúpus e o diabetes tipo 1.
A tolerância imunológica pode ser definida como a não responsividade a um determinado antígeno. Esse mecanismo ocorre através da exposição prévia do organismo a esse mesmo antígeno. Os linfócitos específicos ao identificarem os antígenos, podem ser ativados e induzir respostas imunológicas, nesses casos, os antígenos são denominados de imunógenos, porém, em alguns casos, esses linfócitos também podem ser inativados, levando à tolerância imunológica, os antígenos que possuem essa capacidade são chamados de tolerogênicos e também existe alguns casos onde sistema imune pode simplesmente ignorar a presença do antígeno e não reagir, esse fenômeno tem sido chamado de ignorância imunológica (ABBAS, 2015).
A preferência entre a ativação dos linfócitos e a tolerância imunológica é determinada pela avaliação da natureza do antígeno e dos sinais apresentados quando esse antígeno é identificado pelo sistema imune. A tolerância imunológica é um importante fenômeno, formas de induzir tolerância estão sendo constantemente estudadas como uma forma de tratamento de doenças alérgicas e autoimunes e também para prevenir a rejeição em transplantes de órgãos (ABBAS, 2014).
A tolerância imunológica pode ser classificada em central e periférica, a tolerância central ocorre quando os linfócitos em desenvolvimento identificam os antígenos nos órgãos linfoides geradores, ou seja, a tolerância central refere-se a apenas a tolerância aos antígenos próprios que estão localizados nos órgãos linfoides geradores, ou seja, a medula óssea e o timo. Esse tipo de tolerância ocorre durante o processo de maturação dos linfócitos, onde o encontro com um antígeno pode ocasionar à morte celular ou à substituição de um receptor de antígeno autorreativo por outro que não apresente esta condição (ABBAS, 2015).
A tolerância imunológica periférica acontece quando os linfócitos maduros encontram antígenos próprios nos órgãos linfoides secundários ou nos tecidos periféricos. A tolerância periférica desencadeia-se quando linfócitos maduros reconhecem autoantígenos e morrem por apoptose ou quando se tornam incapazes de serem ativados pela reexposição àquele antígeno. (ABBAS, 2014; ABBAS 2015).
Ficou interessado em aprender mais sobre o sistema imunológico e o mecanismo de tolerância imunológica, recomendamos a leitura do artigo científico intitulado como “Sistema imunitário - parte III. O delicado equilíbrio do sistema imunológico entre os polos de tolerância e autoimunidade”. Disponível no link: https://bit.ly/2yZOfoE (Acesso em 27/03/2020).
Chegou a hora de resumimos tudo o que foi estudado no capítulo. Neste capítulo foi estudado sobre o processo de desenvolvimento, maturação e ativação dos linfócitos. Os linfócitos são originados a partir da diferenciação da célula hematopoiética pluripotente ainda durante a vida intrauterina e perdura por toda a vida, esta célula origina todas as células do sangue. A célula-tronco pluripotente se diferencia em célulastronco que formam diversas linhagens de células sanguíneas, entre elas, os linfócitos. A capacidade que o organismo possui de produzir as células T diminui com o passar do tempo e geralmente é finalizada na adolescência. Isso faz com que o timo, órgão responsável pela maturação dos linfócitos T tornese menos ativo. Os linfócitos B e T são originados através da medula óssea, no entanto, apenas os linfócitos B são maturados na medula, os linfócitos T movem-se para o timo, onde amadurecem. Quando atingem a maturação, os linfócitos B e T migram para a corrente sanguínea e em seguida, permanecem nos tecidos e órgãos linfoides secundários. As células T e B maduras são chamadas de linfócitos virgens, até que encontrem um antígeno correspondente a ele e inicie a resposta imune adaptativa. Caso os linfócitos virgens não encontrem nenhum antígeno que seja corresponda a ele, acaba morrendo, num período entre um e três meses. A resposta imune adaptativa acontece através do encontro de um linfócito B ou T e seu antígeno correspondente, de modo geral, esse encontro promove a ativação do linfócito que passa de um estado de latência para um estado de proliferação com diversas funções. Assim como as células T, as células B virgens também permanecem em repouso e não possuem a capacidade de se dividir, no entanto, quando ativada é conduzida para o ciclo celular. A ativação das células B ocorre por meio do receptor de células B (BCR), esse processo inicia com a interação do antígeno com a imunoglobulina de superfície. As células B também são ativadas por influência das células T auxiliares. Quando um antígeno é reconhecido pelas células T vários processos ocorrem no sistema imunológico, umdesses processos corresponde a ativação das células B.
Caracterizando os mecanismos efetores das respostas imunes
Citocinas e imunidade inata
Quando somos expostos aos microrganismos, o nosso organismo utiliza inúmeros mecanismos de imunidade para combater os agentes patogênicos. Como foi descrito no capítulo 1, de forma geral, a imunidade pode ser inata e adaptativa. A imunidade inata, compreende às defesas que estão presentes desde o nascimento. Esse tipo de imunidade proporciona respostas rápidas que nos protegem contra as doenças. Entre os componentes da imunidade inata estão pele e membranas mucosas, as células assassinas naturais e fagócitos (TORTORA, 2012).
As respostas imunes inatas representam o sistema de alerta que primeiro é utilizado na imunidade e servem para bloquear o acesso dos microrganismos ao corpo e para ajudar a eliminar aqueles que tiverem acesso. Dessa forma, a imunidade inata realiza três funções primordiais que nos protegem contra microrganismos e lesões teciduais (ABBAS, 2015).
Inicialmente, a imunidade inata previne, controla ou elimina os microrganismos. Os mecanismos imunes inatos também eliminam células danificadas e começam o processo de reparo tecidual. Outro mecanismo da imunidade inata é estimular as respostas imunes adaptativas (ABBAS, 2015).
Os dois principais tipos de respostas do sistema imune inato que protegem contra microrganismos são a defesa inflamatória e a antiviral. A inflamação é o processo pelo qual leucócitos circulantes e proteínas plasmáticas são trazidos para os locais de infecção nos tecidos e são ativados para destruir e eliminar os agentes agressores (ABBAS, 2015, p. 134).
A duração e intensidade das respostas imunes são mediadas por proteínas específicas, denominadas de citocinas, as citocinas possuem como função principal agrupar macrófagos e células dendríticas com objetivo de destruir os microrganismos, outra função das citocinas é ativar as células T e B que participam da imunidade adaptativa (TORTORA, 2012).
As citocinas podem ser definidas como fortes proteínas de baixo peso molecular, que são produzidas por diferentes tipos de células. São proteínas que apresentam diversas funções, sendo de extrema importância na hematopoiese, imunidade, doenças infecciosas, na oncogênese, homeostasia, reparo celular e no crescimento e desenvolvimento celular.
As citocinas, geralmente, atuam como moléculas sinalizadoras, se ligando aos seus receptores glicoproteicos específicos na membrana celular. Essa interação inicial é seguida por uma retransmissão de sinais para o núcleo celular. A transdução do sinal é realizada de forma similar a muitos sistemas hormônio-receptor, via fosforilação mediada por proteína quinase de proteínas citoplasmáticas. De fato, a atividade tirosina quinase é intrínseca a vários receptores de citocinas (BROOCKS, 2014, p. 140).
As citocinas estão envolvidas em vários processos no nosso organismo. A sua função primordial é atuar como biomarcador de doenças, ou seja, sinalizam através de várias reações que algo não está funcionando bem no organismo. Elas podem ser classificadas em vários grupos que se baseiam em características comuns. Algumas funções das citocinas são: imunorregulatória, pró inflamatória e anti-inflamatória (BROCKS, 2014; TORTORA, 2012).
Na resposta imunológica inata os macrófagos liberam citocinas, como a ILI e o TNFα. Os outros mediadores liberados pelos macrófagos ativados são as prostaglandinas e os leucotrienos. Esses mediadores de inflamação começam a induzir alterações nos vasos sanguíneos locais. Essa ação começa com a dilatação das arteríolas e dos capilares locais, a partir dos quais ocorre o extravasamento do plasma. Há acúmulo de líquido de edema na área da lesão e a fibrina forma uma rede, causando a oclusão dos vasos linfáticos e limitando assim a disseminação dos microrganismos. (BROCKS, 2014; TORTORA, 2012).
Mecanismos efetores da imunidade mediada por células
A imunidade mediada por células corresponde a defesa do hospedeiro mediada através de linfócitos T e serve como um mecanismo de defesa contra microrganismos intracelulares e fagocitados. Nos mecanismos efetores da imunidade mediada por células, os linfócitos T são ativados e são capazes de migrar para locais periféricos de infecção e inflamação, mas não são transportados para as secreções mucosas ou através da placenta (ABBA, 2015).
Na imunidade mediada por células, os linfócitos T identificam os antígenos de microrganismos que são expostos nas superfícies das células infectadas dos hospedeiros. Dessa forma, a imunidade celular é eficaz contra microrganismos que se associam às células. Os defeitos na imunidade celular ocasionam aumento da susceptibilidade a infecções por vírus, que são parasitas intracelulares obrigatórios também por bactérias intracelulares e algumas extracelulares (ABBA, 2015).
Nas respostas imunológicas mediadas por células contra microrganismos fagocitados, as células T reconhecem especificamente os antígenos microbianos, mas os fagócitos são as células que de fato destroem os agentes patogênicos.
Mecanismos efetores da imunidade humoral
A imunidade humoral representa a imunidade que é produzida por anticorpos dissolvidos nos fluidos corporais. Esse tipo de imunidade é intercedido através de anticorpos secretados, sua função é defender o organismo contra a ação dos microrganismos e consiste na forma de imunidade que pode ser transferida de indivíduos imunizados para não imunizados por meio do soro (ABBAS, 2015).
Vários tipos de microrganismos são combatidos pela imunidade humoral, entre eles, bactérias, fungos e vírus. O combate dos antígenos através dos anticorpos abrange vários mecanismos efetores e necessita da participação de vários elementos celulares e humorais do sistema imunológico, que inclui células fagocitárias e proteínas do sistema complemento (ABBAS, 2015).
Os anticorpos possuem a capacidade de neutralizar os agentes microbianos, opsonização para fagocitose, ou seja, fixam substâncias como imunoglobulinas nos epítopos do antígeno, geram sensibilização para o processo de citotoxicidade celular dependente de anticorpo e ativam o sistema complemento. Observe a demonstração dessas diversas funções através da figura 5.
A produção dos anticorpos como foi demonstrada no capítulo anterior, acontece através dos plasmócitos nos órgãos linfoides secundários e na medula óssea, porém conseguem realizar suas funções efetoras em locais distantes e diferentes dos que foram produzidos. Os anticorpos produzidos nos linfonodos, no baço e na medula óssea conseguem adentrar na circulação sanguínea, dessa forma percorrem o corpo todo (ABBAS, 2015).
Os anticorpos produzidos nos tecidos linfoides associados às mucosas são transportados através das barreiras epiteliais para o lúmen de órgãos mucosos, como o intestino e as vias respiratórias, onde esses anticorpos secretados bloqueiam a entrada de microrganismos ingeridos ou inalados. Os anticorpos também são ativamente transportados através da placenta para a circulação do feto em desenvolvimento. Ocasionalmente, os anticorpos podem ser produzidos em tecidos periféricos não linfoides, em locais de infecção ou de inflamação crônica (ABBAS, 2015, p. 621).
Os anticorpos que fornecem a imunidade protetora podem ser produzidos através de plasmócitos produtores de anticorpos de vida longa ou curta. Durante a primeira exposição do organismo ao antígeno, os linfócitos B virgens são ativados e iniciam o seu processo de diferenciação em plasmócitos que secretam anticorpos e células de memória. Quando esse mesmo organismo é exposto ao mesmo antígeno, as células B de memória são ativadas e a resposta imunológica acontece de forma mais rápida (ABBAS, 2015).
Os anticorpos que atuam contra os microrganismos e suas toxinas tem como função bloquear a ligação desses agentes e suas toxinas aos receptores celulares, impedindo que eles consigam adentrar na célula. Dessa forma, os anticorpos podem atuar inibindo ou neutralizando os agentes infecciosos, e os potenciais efeitos nocivosde suas toxinas. Vários microrganismos adentram as células hospedeiras através da ligação de determinadas moléculas da superfície microbiana a proteínas ou lipídios de membrana que estão presentes na superfície das células hospedeiras. Veja na figura 6 um mecanismo de bloqueio dos anticorpos.
As vacinas são um método muito eficaz para induzir a proteção imune, através do estímulo da produção de anticorpos. Atualmente, existem algumas vacinas que protegem contra várias doenças graves. Veja no quadro 1 alguns exemplos de vacina e os seus respectivos mecanismos de imunidade protetora.
Quadro 1 – Imunidade humoral induzida por vacinas
Imunidade aos microrganismos.
Para que ocorra o desenvolvimento de uma doença infecciosa em uma pessoa, é necessário que aconteça várias interações complexas entre o microrganismo e o hospedeiro. Está lembrado dessas reações? elas foram estudadas anteriormente, mas vamos relembrar.
O desenvolvimento de uma infecção requer que o microrganismo consiga entrar no hospedeiro, invadir as células, se multiplicar, colonizar os tecidos e provocar danos celulares nesse hospedeiro. Quando os microrganismos provocam a morte das células do hospedeiro eles conseguem produzir uma doença no hospedeiro (ABBAS, 2015).
Microrganismos frequentemente causam doenças por estimulação da resposta imunológica que prejudica tanto os tecidos infectados quanto os tecidos normais. Muitas características dos microrganismos determinam sua virulência e muitos e diversos mecanismos contribuem para a patogênese das doenças infecciosas (ABBAS, 2015. p. 780).
O combate do sistema imune contra microrganismos acontece através imunidade inata e adaptativa. A imunidade inata promove a defesa inicial e a imunidade adaptativa fornece uma resposta mais forte e rápida. Inúmeros microrganismos com capacidade de provocar doenças, ao longo do tempo, conseguiram formas de resistir à imunidade inata e a cobertura contra essas infecções tem sido, em grande parte, dependente das respostas imunes adaptativas (ABBAS, 2015).
Nas respostas imunes adaptativas, uma grande quantidade de células especializadas e moléculas de anticorpos são produzidos com a finalidade de matar os agentes microbianos. Uma característica importante do sistema imunológico é responder de forma diferente e especializada a diversos tipos de microrganismos, com objetivo de combater esses agentes patogênicos de maneira mais eficaz.
Diferentes microrganismos requerem diferentes mecanismos de eliminação, e o sistema imune adaptativo evoluiu para responder contra microrganismos da melhor forma. A geração dos subgrupos de células T CD4 + efetoras TH1, TH2 e TH17 e a produção de diferentes isótopos de anticorpos são excelentes exemplos da especialização da imunidade adaptativa (ABBAS, 2015, p. 781).
A vacinação é uma estratégia poderosa para a prevenção de infecções. As vacinas mais eficazes são aquelas que estimulam a produção de anticorpos de elevada afinidade e de células de memória. Muitas abordagens para a vacinação estão em uso clínico e estão sendo testadas para várias infecções. (ABBAS, 2015).
A patogenicidade e a sobrevivência dos agentes infeciosos em um hospedeiro são induzidos através da capacidade que os microrganismos têm de evadir os tecidos e conseguir resistir aos mecanismos efetores da imunidade. Tanto os agentes patogênicos como o sistema imunológico evoluíram e estão constantemente em uma luta para a sobreviver. A estabilização entre a resposta imune do hospedeiro e os mecanismos utilizados pelos microrganismos para resistir à imunidade é determinado pelo resultado das infecções. (ABBAS, 2015).
A forma como o sistema imunológico interage com os agentes infecciosos é dinâmica. Cada espécie e tipos de agentes infecciosos induzem diferentes respostas imunológicas. A imunidade inata contra bactérias extracelulares, por exemplo, é realizada através dos fagócitos e do sistema complemento. Já em bactérias intracelulares, a imunidade inata e adaptativa é mediada principalmente por macrófagos (ABBAS, 2015).
As respostas imunes para fungos compreendem a imunidade inata, concedida pelos neutrófilos e macrófagos e na imunidade adaptativa humoral é mediada por células. Os vírus estimulam a imunidade inata que é mediada por interferons do tipo I e pelas células NK, mas frequentemente podem escapar das respostas imunológicas por meio da variação antigênica, inibição de apresentação de antígeno e produção de moléculas imunossupressoras (ABBAS, 2015).
Alguns parasitas, tais como protozoários e helmintos provocam infecções crônicas persistentes, o que acontece porque a imunidade inata contra eles não é forte, e talvez por conta disso, os parasitas desenvolveram vários mecanismos para evadir e resistir à imunidade específica. A diversidade estrutural e antigênica dos parasitas patogênicos se reflete na heterogeneidade da resposta imune adaptativa que eles provocam.
Finalizamos mais um capítulo, gostou do que estudou? Vamos ao nosso resumo. Neste capítulo, estudamos os mecanismos efetores das respostas imunes. Quando somos expostos aos microrganismos, o nosso organismo utiliza inúmeros mecanismos de imunidade para combater os agentes patogênicos. As respostas imunes inatas representam o sistema de alerta que primeiro é utilizado na imunidade e servem para bloquear o acesso dos microrganismos ao corpo e para ajudar a eliminar aqueles que tiverem acesso. Dessa forma, a imunidade inata realiza três funções primordiais que nos protegem contra microrganismos e lesões teciduais. Inicialmente, a imunidade inata previne, controla ou elimina os microrganismos. Os mecanismos imunes inatos também eliminam células danificadas e começam o processo de reparo tecidual. Outro mecanismo da imunidade inata é estimular as respostas imunes adaptativas. Além da imunidade inata, também foi descrito sobre a imunidade mediada por células e imunidade humoral. A imunidade mediada por células corresponde a defesa do hospedeiro mediada através de linfócitos T e serve como um mecanismo de defesa contra microrganismos intracelulares e fagocitados. A imunidade humoral representa a imunidade que é produzida por anticorpos dissolvidos nos fluidos corporais. Esse tipo de imunidade é intercedido através de anticorpos secretados, sua função é defender o organismo contra a ação dos microrganismos e consiste na forma de imunidade que pode ser transferida de indivíduos imunizados para não imunizados por meio do soro. Vários tipos de microrganismos são combatidos pela imunidade humoral, entre eles, bactérias, fungos e vírus. O combate dos antígenos através dos anticorpos abrange vários mecanismos efetores e necessita da participação de vários elementos celulares e humorais do sistema imunológico, que inclui células fagocitárias e proteínas do sistema complemento. Os anticorpos possuem a capacidade de neutralizar os agentes microbianos, opsonizam os mesmos para fagocitose, ou seja, fixam substâncias como imunoglobulinas nos epítopos do antígeno, geram sensibilização para o processo de citotoxicidade celular dependente de anticorpo e ativam o sistema complemento
Estudando o sistema imune na doença
Imunologia do transplante
Uma das funções primordiais do sistema imune é diferenciar o que pertence ao organismo e o que não pertence a ele, isso acontece através de inúmeros complexos mecanismos, envolvendo várias células. O transplante de órgãos e tecidos entre humanos é, atual-mente, uma forma de tratamento largamente empregada e representa uma grande conquista da medicina. O objetivo do transplante é substituir algum órgão ou tecido que deixaram de cumprir suas funções por órgãos ou tecidos que sejam saudáveis. De forma técnica, o transplante é o processo onde ocorre a retirada das células, tecidos ou órgãos de um indivíduo colocando-os em um outro indivíduo (ABBAS, 2015).
Graças a essa medida terapêutica, inúmeras vidas são salvas. O transplante tem aumentado de maneira significante durante as últimas décadas. O transplante de células célulastronco, rins, fígados e coração, córnea,por exemplo, são realizados com frequência atualmente (ABBAS, 2015).
Os transplantes podem ocorrer de várias formas, podem ocorrer através do tecido do próprio paciente que é retirado de um local e colocado em outro, como acontece nos autos enxertos, os enxertos de pele, por exemplo, são comuns em pessoas vítimas de queimaduras.
O indivíduo que fornece o enxerto é chamado de doador, e o indivíduo que recebe o enxerto é chamado de receptor. Se o enxerto é colocado em sua localização anatômica normal, o procedimento é chamado de transplante ortotópico, se o enxerto é colocado num local diferente, o procedimento é chamado de transplante heterotópico (ABBAS, 2015, p. 824).
No Brasil, existe uma fila enorme de pessoas que aguardam por transplantes. O transplante renal, por exemplo, é realizado anualmente em apenas 30% do total de pessoas que aguardam por este órgão. Os transplantes também podem ser realizados entre pessoas que são geneticamente semelhantes, e também entre as que não são geneticamente semelhantes. Na maioria das vezes, esses transplantes são bem-sucedidos, mas em alguns casos, o organismo pode rejeitar o tecido ou órgão transplantado. Os motivos para que ocorra falha no transplante estão relacionados com as respostas imunes adaptativas aos tecidos transplantados.
A rejeição é causada por respostas imunes a aloantígenos do enxerto, que são proteínas que variam de indivíduo para indivíduo dentro da espécie e são, portanto, percebidas como estranhas pelo receptor. Quando tecidos contendo células nucleadas são transplantados, as respostas das células T às moléculas do MHC altamente polimórficas quase sempre disparam uma resposta contra o órgão enxertado (MURPHY, 2010, p. 635).
De acordo com várias observações, foi visto que quando o transplante ocorre entre indivíduos que não são idênticos geneticamente, ocorre de forma invariável, à rejeição do órgão ou tecido que foi transplantado, por conta da resposta imunológica adaptativa. Este problema foi sendo constatado a partir dos transplantes de pele em pessoas que tinham alguma região desse órgão danificada e quando substituída com a pele de doadores que não eram familiares mostraram-se uniformemente fracassadas, de forma que após um período de 7 a 14 dias do transplante a pele transplantada ficava necrosada e se desprendia (ABBAS, 2015).
A afirmação de que a rejeição do órgão transplantado é decorrente de uma resposta imunológica adaptativa veio de experiências que mostraram que o processo apresentava características de memória e especificidade que era intercedido por linfócitos.
Por exemplo, em pessoas geneticamente diferentes, no primeiro enxerto a rejeição demora entre 10 a 14 dias para acontecer e no segundo enxerto obtido do mesmo doador essa rejeição acontece de forma mais rápida, apontando que o sistema imunológico gerou uma memória específica do tecido enxertado. Quando esse mesmo receptor recebe por uma terceira vez um enxerto de um doador diferente observa-se que a rejeição não acontece de forma acelerada, confirmando que o mecanismo de rejeição é altamente específico (ABBAS, 2015).
Quando um enxerto é transplantado de um indivíduo para o mesmo indivíduo é chamado de enxerto autólogo. Quando o enxerto ocorre de uma pessoa geneticamente idêntica para outra chama-se enxerto singênico. Quando os indivíduos são geneticamente diferentes, porém da mesma espécie é chamado de aloenxerto. Quando o transplante é entre indivíduos de espécies diferentes é chamado de xenoenxerto. As moléculas que são reconhecidas como estranhas em enxertos são chamadas de aloantígenos. Os antígenos que estimulam a resposta imunológica adaptativa contra aloenxertos são proteínas de histocompatibilidade, codificadas por genes polimórficos que diferem entre os indivíduos (ABBAS, 2015).
Os componentes do sistema imune podem começar um ataque contra o órgão ou tecido que foi reconhecido com um corpo estranho e, dessa forma, contribuir para a rejeição de forma hiperaguda, aguda ou crônica (ROITT, 2013). Veja no quadro 2 os mecanismos de rejeição dos enxertos.
Quadro 2 – Mecanismos de rejeição dos enxertos
Imunidade contra tumores
O câncer é considerado um sério problema de saúde mundial, sendo uma das principais causas de morbimortalidade em crianças e adultos. É caracterizado pelo crescimento rápido e descontrolado de células. Estima-se que existam mais de 100 diferentes tipos de câncer que afetam seres humanos. O fenótipo maligno dos cânceres envolve falhas na regulação da multiplicação celular, resistência das células tumorais à morte apoptótica, habilidade das células tumorais de alastrar-se nos tecidos do indivíduo e desenvolver metástases para locais distantes de onde o tumor surgiu. Atualmente, inúmeras pesquisas cientificas estudam a possibilidade de que os cânceres possam ser erradicados através das respostas imunológicas específicas.
Tumores estimulam respostas imunes adaptativas específicas. Observações clínicas e experimentos com animais demonstraram que, embora as células tumorais sejam derivadas das células do hospedeiro, os tumores provocam respostas imunes. Estudos histopatológicos mostram que muitos tumores são circundados por infiltrados de células mononucleares compostos por linfócitos T, células natural killer (NK) e macrófagos ativados, e que os linfócitos e macrófagos ativados estão presentes nos linfonodos que drenam os locais de crescimento tumoral (ABBAS, 2015, p. 878).
Através de estudos, observou-se que o sistema imune inato e adaptativo combatem diversos tipos de tumores. Observações clínicas e experiências realizadas com alguns animais evidenciaram que, por mais que as células tumorais sejam provenientes das células do hospedeiro, os tumores são capazes de provocar respostas imunes. Em estudos histopatológicos foi verificado que muitos tumores são envolvidos por infiltrados de células mononucleares compostos por linfócitos T, células natural killer (NK) e macrófagos ativados, e que os linfócitos e macrófagos ativados estão presentes nos linfonodos que drenam os locais de crescimento tumoral (ABBAS, 2015). Observe na figura 7 a presença e distribuição dessas células.
Apesar de todo o empenho do sistema imunológico em combater os tumores, as respostas imunes muitas vezes falham, e o surgimento do câncer é inevitável. Por inúmeras razões a imunidade antitumoral se torna incapaz de erradicar as células cancerígenas. Grande parte dos tumores possuem mecanismos específicos para evadir da resposta imune da pessoa, além disso, as células tumorais são originadas das células do hospedeiro e são semelhantes a células normais em muitos aspectos. Dessa forma, inúmeros tumores possuem uma tendência a ser pouco imunogênico (ABBAS, 2015).
Os tumores que provocam respostas imunes fortes, na maioria das vezes, são aqueles ocasionados por vírus oncogênicos, onde as proteínas virais são reconhecidas pelo sistema imunológico como antígenos estranhos. Já, os tumores que surgem de forma espontânea induzem uma resposta imune muito fraca ou mesmo indetectável. A explicação para isso acontecer é que os tumores que crescem passam por mutações que diminuem a sua capacidade de promover fortes respostas imunes. Um outro aspecto, refere-se ao seu crescimento acelerado e a propagação de um tumor pode exceder a capacidade do sistema imune de conter de forma eficaz esse tumor, o que é possível, apenas, quando todas as células malignas são eliminadas (ABBAS, 2015).
Doenças Causadas por resposta imune
Como você viu nos capítulos anteriores, a função mais importante da imunidade adaptativa consiste em promover a defesa do hospedeiro contra microrganismos que possam desenvolver infecções, porém, as respostas imunológicas que são lançadas para combater a infecção também são capazes de provocar lesão tecidual e algumas doenças, dessa forma, os distúrbios ocasionados por respostas imunes são chamados de hipersensibilidade (ABBAS, 2015).
Em outros casos, as doenças causadas por resposta imune, podem ser decorrentes da falha dos mecanismos normais de auto tolerância,resultando em reações contra as próprias células do indivíduo, um processo chamado de autoimunidade. As doenças autoimunes afetem, em torno de 2% a 5% da população nos países desenvolvidos, de modo que essa incidência é crescente (ABBAS, 2015). Veja no quadro 3 as principais doenças autoimunes e sua respectiva prevalência.
Hipersensibilidade imediata e Imunodeficiências congênitas adquiridas.
A hipersensibilidade imediata é uma reação que é rapidamente desencadeada, refere-se as respostas imunológicas a antígenos ambientais que não são provenientes de microrganismos e envolvem as células T auxiliares produtoras de IL-4, IL-5 e IL-13, a imunoglobulina E (IgE), mastócitos e eosinófilos (ABBAS, 2015).
Na fase efetora destas respostas, os mastócitos e eosinófilos são ativados para liberar rapidamente mediadores que levam ao aumento da permeabilidade vascular, a vasodilatação, e contração do músculo liso bronquial e visceral. Esta reação é chamada de hipersensibilidade imediata, porque ela começa rapidamente, poucos minutos após o desafio antigênico (imediata), e tem importantes consequências patológicas (hipersensibilidade) (ABBAS, 2015, p. 954).
Na clínica, essas reações são comumente chamadas de alergias, e as doenças que elas provocam são chamadas de doenças alérgicas ou doenças de hipersensibilidade imediata. Os antígenos que são responsáveis por desencadear as reações de hipersensibilidade imediata são chamados de alérgenos. A maioria deles são proteínas comuns do ambiente, produtos de origem animal e produtos químicos que podem modificar proteínas próprias.
As doenças alérgicas tem sido o distúrbio mais comum da imunidade e sua prevalência tem aumentado mundialmente, nos Estados Unidos e Europa, por exemplo, esse tipo de distúrbio afeta aproximadamente 20% de todos os indivíduos.
Resumidamente, o seguimento típico de eventos que ocorrem na hipersensibilidade imediata consiste na exposição do indivíduo a um antígeno, essa exposição ocasiona a ativação dos linfócitos específicos para o antígeno, em seguida será produzido o anticorpo IgE, que se ligará aos receptores Fc de mastócitos, a ativação dos mastócitos quando o indivíduo é novamente exposto ao antígeno, resulta na liberação de mediadores a partir dos mastócitos e a consequente reação patológica (ABBAS, 2015).
As imunodeficiências são distúrbios que acontecem quando um ou mais elementos do sistema imunológico são defeituosos. As imunodeficiências podem ser classificadas em dois tipos: congênitas ou adquiridas. As imunodeficiências congênitas são ocasionadas devido a defeitos ou ausência de alguns genes, ou seja, nesses casos, as pessoas já nascem com um sistema imune deficiente. As imunodeficiências adquiridas são consequência de outras doenças ou condições. Tanto a imunodeficiência congênita como a adquirida tem como resultado o aumento da susceptibilidade do indivíduo as infecções (TORTORA, 2012).
As imunodeficiências adquiridas, ou secundárias como também são chamadas, ocorrem como consequência de várias condições que podem ser uma doença ou não, a desnutrição e o uso de alguns medicamentos por exemplo, leva muitas vezes a imunodeficiência (ABBAS, 2015).
As pessoas que são imunodeficientes, principalmente, as que possuem defeitos na imunidade celular, frequentemente são acometidas por infecções microbianas que geralmente não acometeria pessoas saudáveis. Esses microrganismos, como já vimos nas unidades anteriores são chamados de oportunistas, pois aguardam uma oportunidade para desencadear o processo infeccioso no hospedeiro. Defeitos na imunidade inata podem resultar em diferentes categorias de infecções microbianas, dependendo da via ou do tipo de células afetadas.
Chegamos ao final deste capítulo e unidade. Você gostou do assunto estudado? Espero que sim, para que não fique dúvidas vamos resumir alguns tópicos estudados neste capítulo. Aqui você estudou inicialmente sobre a imunologia do transplante. O transplante de órgãos e tecidos entre humanos é, atualmente, uma forma de tratamento largamente empregada e representa uma grande conquista da medicina. O objetivo do transplante é substituir algum órgão ou tecido que deixaram de cumprir suas funções por órgãos ou tecidos que sejam saudáveis. Os transplantes podem ocorrer de várias formas, podem ocorrer através do tecido do próprio paciente que é retirado de um local e colocado em outro, como acontece nos autos enxertos, os enxertos de pele, por exemplo, são comuns em pessoas vítimas de queimaduras. Os transplantes podem ser realizados entre pessoas que são geneticamente semelhantes, e também entre as que não são geneticamente semelhantes. Na maioria das vezes, esses transplantes são bem-sucedidos, mas em alguns casos, o organismo pode rejeitar o tecido ou órgão transplantado. Os motivos para que ocorra falha no transplante estão relacionados com as respostas imunes adaptativas aos tecidos transplantados. Também foi estudado sobre a imunologia dos tumores. O fenótipo maligno dos cânceres envolve falhas na regulação da multiplicação celular, resistência das células tumorais à morte apoptótica, habilidade das células tumorais de alastrar-se nos tecidos do indivíduo e desenvolver metástases para locais distantes de onde o tumor surgiu. Atualmente, inúmeras pesquisas cientificas estudam a possibilidade de que os cânceres possam ser erradicados através das respostas imunológicas específicas. Também foi descrito sobre as doenças que são causadas por respostas imune, as doenças causadas por resposta imune, podem ser decorrentes da falha dos mecanismos normais de auto tolerância, resultando em reações contra as próprias células do indivíduo, um processo chamado de autoimunidade. As doenças autoimunes afetem, em torno de 2%a 5% da população nos países desenvolvidos, de modo que essa incidência é crescente.
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