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GA G Fisiologia Circulatória Visão geral da circulação: Pressão, fluxo e resistência Aluna de Medicina: Greice A. Giongo Livro: Guyton & Hall - Tratado de Fisiologia médica, 14ª ed. A função da circulação: - Atender às necessidades das células corporais – transportar nutrientes para os tecidos, transportar resíduos de produtos, transportar hormônios de uma parte do corpo para outra, - manter um ambiente adequado em todos os líquidos corporais. A taxa de fluxo sanguíneo através de muitos tecidos é controlada em resposta a sua necessidade de nutrientes e remoção de resíduos do metabolismo, p. ex., o rim está relacionado à sua função excretora, que exige que um grande volume de sangue seja filtrado a cada minuto. Características físicas da circulação - É dividida em circulação sistêmica e circulação pulmonar Elementos funcionais da circulação: - Artérias: - Transportar sangue sob alta pressão para os tecidos - Paredes vasculares fortes e o sangue flui em alta velocidade - Arteríolas: - São os pequenos ramos finais do sistema arterial - Condutos de controle através dos quais o sangue é liberado para os capilares - Fortes paredes musculares que podem fechar os vasos completamente ou, por relaxamento, podem dilatá-los várias vezes - Alteram o fluxo sanguíneo - Capilares: - A função dos capilares é a troca de líquidos, nutrientes, eletrólitos, hormônios e outras substâncias entre o sangue e o líquido intersticial - As paredes são finas e têm numerosos poros capilares minúsculos - Vênulas: - coletam sangue dos capilares e gradualmente coalescem em veias progressivamente maiores. - Veias: - Funcionam como condutos para o transporte de sangue das vênulas de volta ao coração. GA G - reservatório de sangue extra - A pressão no sistema venoso é baixa, e suas paredes venosas são finas Volume sanguíneo nas diferentes partes da circulação - Cerca de 84% de todo o volume de sangue do organismo está na circulação sistêmica e 16%, no coração e nos pulmões. - Dos 84% na circulação sistêmica, aproximadamente - 64% estão nas veias, - 13% nas artérias e - 7% nas arteríolas e capilares sistêmicos. - O coração contém 7% do sangue e os vasos pulmonares contêm 9%. O mais surpreendente é o baixo volume de sangue nos capilares. É aqui, entretanto, que ocorre a função mais importante da circulação – a difusão de substâncias, em via de “mão dupla”, entre o sangue e os tecidos. Área de seção transversal e velocidade do fluxo sanguíneo GA G - Se colocados lado a lado, os vasos do sistema circulatório de cada tipo, teriam as seguintes áreas: VASO ÁREA DE SEÇÃO TRANSVERSAL (CM²) aorta 2,5 pequenas artérias 20 arteríolas 40 capilares 2.500 vênulas 250 pequenas veias 80 veias cavas 8 - Área das veias é 4 vezes maior: - A mesma quantidade de sangue que sai pelas artérias deve voltar pelas veias. - Existe muito maior área de capilares e veias que de artérias. - Logo, deve passar mais rapidamente pelas artérias: V = F/A - Portanto: - Velocidade média na aorta: 33 cm/s. - Velocidade média nos capilares 0,3 mm/s (1/1000 da v nas artérias). - Comprimento médio dos capilares 0,3 a 1 mm. - O sangue permanece 1-3 segundos nos capilares. Pressões nas diferentes partes da circulação - Como o coração bombeia continuamente sangue para a Aorta, sua pressão é alta: 100 mmHg - Seu bombeamento é pulsátil - E, a pressão arterial alterna entre um nível médio de pressão sistólica de 120 mmHg e um nível de pressão diastólica de 80 mmHg em condições de repouso - À medida que o sangue flui através da circulação sistêmica, sua pressão média cai progressivamente para cerca GA G de 0 mmHg no momento em que atinge o fim das veias cavas superior e inferior, onde deságua no átrio Direito - Pressão nos capilares: - 35 mmHg (próximo à extremidade arteriolar) - 10 mmHg (próximo à extremidade venosa) - 17 mmHg (média) - Suficientemente baixo para que pouco plasma flua através dos pequenos poros - Embora os nutrientes possam se difundir facilmente por esses mesmos poros para as células do tecido periférico. - Pressão no final das cavas: 0 mmHg Nas artérias pulmonares, a pressão é pulsátil, assim como na aorta, mas a pressão é bem menor; a pressão sistólica média da artéria pulmonar é de cerca de 25 mmHg e a pressão diastólica média é de cerca de 8 mmHg, com uma pressão arterial pulmonar média de apenas 16 mmHg. - A pressão capilar pulmonar média é de apenas 7 mmHg. - O fluxo total de sangue que passa pelos pulmões a cada minuto é o mesmo que pela circulação sistêmica. Princípios básicos da função circulatória - O fluxo sanguíneo para a maioria dos tecidos é controlado de acordo com as necessidades desse tecido. - Quando estão ativos, os tecidos precisam de mais fluxo sanguíneo do que quando em repouso - 20 a 30x mais. - O coração não pode aumentar seu débito cardíaco mais de 4 a 7x além dos níveis de repouso, não é possível aumentar o fluxo sanguíneo em todas as partes do organismo quando um determinado tecido exige um fluxo maior. - Nesses casos, as arteríolas se dilatam ou contraem para controlar o fluxo sanguíneo local no nível necessário à atividade do tecido - O débito cardíaco representa a soma de todos os fluxos teciduais locais - Sangue flui volta ao coração - Coração adapta-se ao maior retorno venoso (Frank-Starling). - Pode necessitar de auxílio simpático ou parassimpático para adaptar-se ao fluxo. - A regulação da pressão arterial geralmente é independente do controle do fluxo sanguíneo local ou do controle do débito cardíaco - O sistema circulatório tem um amplo sistema de controle da pressão arterial - Pressões abaixo de 100 mmHg desencadeiam uma descarga de reflexos nervosos que leva a uma GA G série de alterações circulatórias para aumentar a pressão de volta ao valor normal. - Esses sinais: - aumentam a força do bombeamento cardíaco; - provocam a contração dos grandes reservatórios venosos para fornecer mais sangue ao coração; e - provocam constrição generalizada das arteríolas em diversos tecidos - Os rins têm papel adicional a longo prazo: - pela secreção de hormônios controladores e, - pela regulação do volume sanguíneo Inter Relação de pressão, fluxo e resistência - Fluxo é a quantidade de sangue que passa por determinado ponto da circulação durante um intervalo de tempo: - Adulto: 5.000 ml/min - É chamado débito cardíaco porque é a quantidade de sangue bombeada para a aorta pelo coração a cada minuto. - Fluxo é determinado por dois fatores: - Diferença de pressão. - Impedância ao fluxo (resistência vascular) - A resistência ocorre como resultado do atrito entre o sangue que flui e o endotélio intravascular - O fluxo através do vaso pode ser calculado pela Lei de Ohm - Onde F é o fluxo sanguíneo,ΔP é a diferença de pressão (P1 – P2) entre as duas extremidades do vaso e R é a resistência. - O fluxo sanguíneo é diretamente proporcional à diferença de pressão, mas inversamente proporcional à resistência. GA G - É a diferença de pressão entre as duas extremidades do vaso que determina a taxa de fluxo - Se a pressão nas duas extremidades de um vaso for de 100 mmHg e não houver diferença entre elas, não haverá fluxo, embora exista uma pressão de 100 mmHg. Fluxo laminar de sangue nos vasos - O sangue flui em linhas concêntricas com as camadas de sangue equidistantes da parede do vaso - A porção central do sangue permanece no centro do vaso - A velocidade do fluxo no centro do vaso é muito maior do que em direção às bordas externas. - Padrão parabólico da velocidade do fluxo sanguíneo: - É o efeito que acontece nos vasos no fluxo sanguíneo laminar, o sg adjacente a parede quase não se move, a porção ligeiramente afastada da parede se move lentamente, já na porção central o fluxo se move mais rapidamente e por uma distância maior. Fluxo turbulento ou fluxo turbilhonado - É o sangue fluindo em todas as direções no vaso e se misturando continuamente em seu interior - Pode ocorrer quando a intensidade dofluxo sanguíneo fica muito alta ou quando passa por uma obstrução em um vaso, faz uma curva fechada ou passa sobre uma superfície áspera. - Neste fluxo, o sangue flui transversalmente no vaso e ao longo do percurso, formando espirais no sangue, chamadas correntes erráticas. - Na presença de correntes erráticas, o sangue flui com uma resistência muito maior do que quando o fluxo é laminar - A tendência para o fluxo turbulento aumenta em proporção direta à velocidade do fluxo sanguíneo, ao diâmetro do vaso e à densidade do sangue e é inversamente proporcional à viscosidade do sangue. - Onde, Re é o número de Reynolds - medida da tendência para ocorrer turbulência, - υ é a velocidade média do fluxo sanguíneo (em cm/s), - d é o diâmetro do vaso (em centímetros), - ρ é a densidade (em gramas/mℓ), e - η é a viscosidade (em poise). - A viscosidade do sangue normalmente é cerca de 1/30 poise - Quando o número de Reynolds está acima de 200 a 400, ocorre fluxo turbulento em alguns ramos dos vasos, GA G que se extingue ao longo das porções mais lisas - Quando o número de Reynolds fica acima de aproximadamente 2.000, geralmente ocorre turbulência, mesmo em um vaso reto e liso. - Nas porções proximais da aorta e da artéria pulmonar, o número de Reynolds pode aumentar para vários milhares durante a fase rápida de ejeção pelos ventrículos, o que causa considerável turbulência na aorta proximal e na artéria pulmonar, local onde as condições são favoráveis a turbulência, tais como: - alta velocidade do fluxo sanguíneo; - natureza pulsátil do fluxo; - mudança repentina no diâmetro do vaso; e - grande diâmetro do vaso Pressão sanguínea - Representa a força exercida pelo sangue contra qualquer unidade de área da parede do vaso. - Se a pressão em um vaso for de 100 mmHg, isso significa que a força exercida é suficiente para empurrar uma coluna de mercúrio contra a gravidade até um nível de 50 milímetros de altura. - Um milímetro de pressão de mercúrio equivale a 1,36 centímetro de pressão da água, porque a gravidade específica do mercúrio é 13,6 vezes maior que a da água, e 1 centímetro é 10 vezes maior que 1 milímetro Resistência ao fluxo sanguíneo - A resistência é o impedimento ao fluxo sanguíneo em um vaso - Calculada a partir das medidas de diferença de pressão e fluxo entre dois pontos do vaso. - Diferença de pressão 1 mmHg e fluxo 1 mL/s = 1 URP (unidade de resistência periférica) - Resistência vascular periférica total e resistência pulmonar vascular total - A taxa de fluxo sanguíneo em todo o sistema circulatório é igual à taxa de bombeamento do sangue pelo coração – ou seja, é igual ao débito cardíaco - 100mL/s. - A diferença de pressão das artérias sistêmicas para as veias sistêmicas é de cerca de 100 mmHg. - a resistência de toda a circulação sistêmica, chamada de resistência periférica total, é de cerca de 100/100 ou 1 URP - Vasoconstrição periférica pode chegar a 4 URP GA G - Vasodilatação a 0,2 URP - No sistema pulmonar, a pressão arterial pulmonar média é de 16 mmHg e a pressão atrial esquerda média é de 2 mmHg, conferindo uma diferença de pressão líquida de 14 mm. - quando o DC está 100 mℓ/s (normal), a resistência vascular pulmonar total é calculada em cerca de 0,14 URP (cerca de um sétimo da circulação sistêmica). - A condutância do sangue no vaso é o inverso da resistência - A condutância é a medida do fluxo sanguíneo através de um vaso em uma dada diferença de pressão - Expressa em termos de mℓ/s por mmHg de pressão - Pequenas variações no raio de um vaso provocam grandes alterações em sua capacidade de conduzir o sangue quando o fluxo sanguíneo é laminar. - Assim, a condutância do vaso aumenta na proporção da quarta potência do raio, de acordo com a seguinte fórmula: Condutância ∝ Raio⁴ - A causa desse grande aumento na condutância quando o raio aumenta é explicada pela Lei de Poiseuille - Os anéis concêntricos no interior dos vasos indicam que a velocidade do fluxo em cada anel é diferente daquela dos anéis adjacentes por causa do fluxo laminar, - O sangue no anel que toca a parede do vaso quase não flui por causa da aderência ao endotélio vascular. O anel seguinte de sangue, em direção ao centro do vaso, desliza pelo primeiro anel e, portanto, flui mais rapidamente. Da mesma maneira, o terceiro, o quarto, o quinto e o sexto anéis fluem em velocidades progressivamente crescentes. - Em vasos pequenos, praticamente todo o sangue está próximo à parede, de modo que o fluxo central muito rápido simplesmente não existe. GA G- Pela fórmula de Poiseuille, observamos que o diâmetro de um vaso sanguíneo (que é igual a duas vezes oraio) é o principal fator na determinação da taxa de fluxo sanguíneo através de um vaso. Importância da lei da quarta potência na resistência vascular - Na circulação sistêmica, cerca de ⅔ da resistência sistêmica total ao fluxo sanguíneo representam a resistência nas pequenas arteríolas. - Os diâmetros internos das arteríolas variam de 4 micrômetros a 25 micrômetros. - Porém, suas fortes paredes permitem que os diâmetros internos mudem por até 4x. - A partir da lei da quarta potência, conclui-se que um aumento de 4x no diâmetro do vaso pode aumentar o fluxo em até 256 vezes. - A lei da quarta potência possibilita que as arteríolas, respondendo a sinais nervosos ou a sinais químicos do tecido local com pequenas alterações no diâmetro, sejam capazes de interromper quase completamente o fluxo sanguíneo para o tecido ou, no outro extremo, causar um grande aumento. Resistência ao fluxo sanguíneo em circuitos vasculares em série e em paralelo. - O sangue bombeado pelo coração flui de uma região de alta pressão da circulação sistêmica (ou seja, a aorta) para uma área de baixa pressão (ou seja, a veia cava) por muitos quilômetros de vasos sanguíneos dispostos em série e em paralelo. - As artérias, as arteríolas, os capilares, as vênulas e as veias são organizados coletivamente em série (Fig A) GA G - o fluxo através de cada vaso sanguíneo é o mesmo e a resistência total ao fluxo sanguíneo (Rtotal) é igual à soma das resistências de cada vaso: - Rtotal = R1 + R2 + R3 + R4.. - Os vasos sanguíneos ramificam-se extensamente para formar circuitos em paralelo (Fig B) - O que permite que cada tecido regule seu próprio fluxo sanguíneo, em grande medida, independentemente do fluxo para outros tecidos. - Muitos vasos sanguíneos paralelos facilitam o fluxo do sangue através do circuito, porque cada vaso paralelo fornece outra via de condutância para o fluxo sanguíneo. - As circulações cerebral, renal, muscular, gastrointestinal, cutânea e coronária são organizadas em paralelo, e cada tecido contribui para a condutância geral da circulação sistêmica. Efeito do hematócrito e da viscosidade do sangue sobre a resistência vascular e o fluxo sanguíneo - Quanto maior a viscosidade, menor será o fluxo em um vaso se todos os outros fatores forem constantes. - A viscosidade do sangue normal é cerca de 3x maior que a viscosidade da água. - O grande número de eritrócitos suspensos no sangue é o que o torna tão viscoso. - Se uma pessoa tem hematócrito de 40, isso significa que 40% do volume de sangue são células e o restante é plasma - O hematócrito dos homens adultos é em média cerca de 42, enquanto o das mulheres é em média 38. - A viscosidade do sangue total, em um hematócrito normal, é de cerca de 3 a 4; - Policitemia - hematócrito de 60 ou 70 - a viscosidade do sangue pode chegar a 10x a da água. - A viscosidade do plasma sanguíneo é cerca de 1,5 vez a da água GA GEfeito do hematócrito sobre a viscosidade do sangue.Efeitos da pressão sobre a resistência vascular e o fluxo sanguíneo dos tecidos- A autorregulação atenua o efeito da pressão arterial sobre o fluxo sanguíneo tecidual- um aumento na pressão arterial não apenas aumenta a força que impulsiona o sangue pelos vasos, mas também inicia aumentos compensatórios na resistência vascular em poucos segundos, por meio da ativação de mecanismosde controle local - É a capacidade de cada tecido de ajustar sua resistência vascular e de manter o fluxo sanguíneo normal durante alterações de pressão arterial entre 70 e 175 mmHg - As mudanças no fluxo sanguíneo podem ser causadas por forte estimulação simpática, que contrai os vasos - Vasoconstritores hormonais, como noradrenalina, angiotensina 2, vasopressina ou endotelina, podem reduzir o fluxo sanguíneo, temporariamente. Tensão na parede vascular - A tensão sobre a parede do vaso sanguíneo se desenvolve em resposta aos gradientes de pressão transmural e faz com que a musculatura lisa vascular e as células endoteliais sofram estiramento em todas as direções - Vasos maiores expostos a altas pressões, como a aorta, devem ter paredes mais fortes para suportar níveis mais elevados de tensão e geralmente são reforçados com faixas fibrosas de colágeno - Tensão de cisalhamento - É a força de atrito ou resistência nas células endoteliais causada pelo fluxo sanguíneo. A tensão de cisalhamento resulta na deformação unidirecional das células endoteliais. GA G - É proporcional à velocidade do fluxo e à viscosidade do sangue, inversamente proporcional ao cubo do raio, e geralmente é expressa em força/unidade de área.
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