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1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REEDUCAÇÃO POSTURAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
REEDUCAÇÃO POSTURAL 
 
 
 
DÚVIDAS E ORIENTAÇÕES 
Segunda a Sexta das 09:00 as 18:00 
 
ATENDIMENTO AO ALUNO 
editorafamart@famart.edu.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
mailto:editora
3 
 
SUMÁRIO 
 
REVISÃO ANATÔMICA DA COLUNA VERTEBRAL.................................................. 5 
FIGURA DA COLUNA VERTEBRAL .......................................................................... 5 
VÉRTEBRAS ............................................................................................................. 6 
DISCOS INTERVERTEBRAIS ................................................................................... 8 
ARTÉRIAS ESPINHAIS ............................................................................................. 9 
LIGAMENTOS ............................................................................................................ 9 
FÁSCIAS TORACOLOMBARES .............................................................................. 10 
FUNÇÃO MUSCULAR ............................................................................................. 11 
MOVIMENTOS DA COLUNA VERTEBRAL ............................................................. 15 
POSTURA PADRÃO ................................................................................................ 22 
ANÁLISE DA POSTURA .......................................................................................... 22 
ALTERAÇÕES POSTURAIS .................................................................................... 30 
ESCOLIOSE ............................................................................................................ 30 
HIPERCIFOSE DORSAL ......................................................................................... 47 
DORSO PLANO ....................................................................................................... 50 
HIPERLORDOSE LOMBAR ..................................................................................... 51 
ACHATAMENTO LOMBAR ...................................................................................... 52 
POSTURA – ACHATAMENTO LOMBAR ................................................................. 53 
TRATAMENTO CONSERVADOR PARA DESVIOS ANTEROPOSTERIORES ....... 54 
CORRETOR POSTURAL......................................................................................... 54 
MÉTODO MÉZIÈRES – INÍCIO DO CONCEITO DE CADEIAS MUSCULARES ...... 55 
FRANÇOISE MÉZIÈRES ......................................................................................... 55 
PRECURSORES DAS CADEIAS MUSCULARES ................................................... 57 
GODELIEVE DENYS STRUIF ................................................................................. 58 
LEOPOLD BUSQUET .............................................................................................. 59 
DEFINIÇÃO DE CADEIAS MUSCULARES .............................................................. 60 
MÉTODO RPG (REEDUCAÇÃO POSTURAL GLOBAL) ......................................... 60 
POMPAGENS .......................................................................................................... 65 
APONEUROSE SUPERFICIAL ................................................................................ 65 
CADEIA PROFUNDA CERVICOTORACOABDOMINAL .......................................... 66 
OBJETIVOS DA POMPAGE .................................................................................... 67 
POMPAGENS PREPARATÓRIAS ........................................................................... 68 
AVALIAÇÃO DE ENCURTAMENTO DOS MÚSCULOS DAS CADEIAS .................. 70 
4 
 
ENCURTAMENTO DOS MÚSCULOS ANTERIORES ............................................. 70 
ENCURTAMENTO DOS MÚSCULOS POSTERIORES ........................................... 73 
ENCURTAMENTO DOS MÚSCULOS DA CADEIA ANTERIOR DO BRAÇO .......... 74 
ENCURTAMENTO DOS MÚSCULOS DA CADEIA ANTEROINTERNA DO OMBRO
................................................................................................................................. 77 
AVALIAÇÃO POSTURAL ......................................................................................... 79 
CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO POSTURAL .......................................................... 79 
HISTÓRIA CLÍNICA ................................................................................................. 79 
CRITÉRIOS PARA ESCOLHA DAS POSTURAS .................................................... 90 
RELAÇÃO POSTURA X MORFOTIPOLOGIA ......................................................... 91 
POSTURAS ............................................................................................................. 92 
POSTURA PARA CORREÇÃO DA CADEIA INSPIRATÓRIA .................................. 92 
POSTURAS EM FECHAMENTO ............................................................................. 93 
POSTURA RÃ NO AR .............................................................................................. 94 
POSTURA SENTADA .............................................................................................. 96 
INDICAÇÃO - POSTURAS COM BRAÇOS AO LONGO DO CORPO ................... 105 
INDICAÇÃO - POSTURA COM BRAÇOS EM ABDUÇÃO ..................................... 105 
RESULTADOS EM REEDUCAÇÃO POSTURAL GLOBAL.................................... 105 
REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 109 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
REVISÃO ANATÔMICA DA COLUNA VERTEBRAL 
 
 A coluna vertebral constitui o eixo ósseo do corpo e está constituída de modo 
a oferecer a resistência de um pilar de sustentação, mas também a flexibilidade 
necessária a movimentação do tronco. Assim, ela protege a medula espinhal do 
sistema nervoso central que está alojada no seu interior, serve de pivô para suporte e 
mobilidade da cabeça, permite movimentos entre as diversas partes do tronco e dá 
fixação a numerosos músculos. Sua função principal, entretanto, é suportar o peso da 
maior parte do corpo e transmiti-lo, por meio da articulação sacroilíaca, para os ossos 
do quadril. 
A coluna vertebral é constituída de 33 peças esqueléticas – as vértebras, 
colocadas umas sobre as outras no sentido longitudinal, de modo a formar um 
conjunto que se estende pela nuca, tórax, abdome e pelve, onde reconhecemos sete 
vértebras cervicais, doze torácicas, cinco lombares, cinco sacrais e quatro coccígeas. 
Por ser um suporte de peso, a parte anterior das vértebras, corpo vertebral, aumento 
de volume da porção cervical a lombar, uma vez que as vértebras inferiores têm 
sobrecarga de peso, quando comparadas às vértebras superiores. 
 
FIGURA DA COLUNA VERTEBRAL 
 
 
https://www.auladeanatomia.com/novosite/pt/sistemas/sistema-
esqueletico/coluna-vertebral/ 
 
https://www.auladeanatomia.com/novosite/pt/sistemas/sistema-esqueletico/coluna-vertebral/
https://www.auladeanatomia.com/novosite/pt/sistemas/sistema-esqueletico/coluna-vertebral/
6 
 
 Encontramos entre os corpos vertebrais, um disco intervertebral, 
fibrocartilaginoso, depressível, capaz de absorver os aumentos de pressão numa 
súbita sobrecarga da coluna e conferir mobilidade entre vértebras adjacentes. 
 
 
Fattini e Dangelo: Anatomia humana sistêmica e segmentar, 2002. 
 
Apresenta curvaturas no sentido anteroposterior, indispensáveis para a 
manutenção do equilíbrio e da postura ereta. 
 
VÉRTEBRAS 
 
 Embora as vértebras de cada uma das porções da coluna tenham suas 
características particulares, todas possuem uma estrutura básica, comum. Cada 
vértebra é constituída por um anel ósseo que circunda um forame (forame vertebral), 
que pode ser considerado como canal vertebralonde se aloja a medula espinhal. A 
parte anterior do anel é o corpo da vértebra. A parte posterior do anel, denominado 
arco vertebral, consiste de um par de pedículos e um par de lâminas. Os pedículos 
projetam-se posteriormente da parte superior do contorno posterior do corpo da 
vértebra e se unem com as lâminas formando o processo espinhoso. 
No ponto de fusão dos pedículos com as lâminas projetam-se três processos 
adicionais com direções diferentes: 
• Lateralmente: processo transverso; 
• Cranialmente: processo articular superior; 
7 
 
• Caudalmente: processo articular inferior. 
 
Estes dois últimos processos apresentam uma faceta articular. 
 
FONTE: Fattini e Dangelo: Anatomia humana sistêmica e segmentar, 2002. 
 
Vértebras cervicais 
 
 A 1ª e a 2ª vértebras cervicais (C1 e C2) são consideradas atípicas e 
denominadas respectivamente, atlas e áxis. As quatro seguintes (C3, C4, C5, C6) são 
consideradas típicas, com a sétima (C7), embora apresente uma particularidade, é 
chamada de vértebra proeminente. 
 
Vértebras torácicas 
 
 Embora as vértebras T1, T9, T10, T11 e T12 possam apresentar alguns 
acidentes que as distinguem das demais vértebras torácicas, estas diferenças não são 
de grande importância. É evidente que a primeira vértebra torácica assemelha-se a 
última cervical, assim como as últimas torácicas podem apresentar alguns aspectos 
encontrados nas vértebras lombares. 
Porém, as particularidades das vértebras torácicas em geral são: articula-se 
com as costelas; os processos espinhosos são mais inclinados e as facetas articulares 
situam-se principalmente em um plano frontal. 
 
 Vértebras lombares 
 
 As vértebras lombares (L1, L2, L3, L4, L5) são as mais volumosas da coluna 
vertebral, com corpo reniforme; os processos espinhosos são mais curtos e 
8 
 
quadriláteros situando-se no mesmo plano horizontal do corpo vertebral, e as facetas 
articulares estão situadas em plano anteroposterior. 
 
Vértebras sacrais 
 
 No adulto, ocorre a fusão das cinco vértebras sacrais que diminuem no sentido 
craniocaudal, formando o sacro. Deste modo, é um osso triangular recurvo, de base 
superior e ápice inferior, com concavidade anterior. Situa-se em cunha entre os ossos 
do quadril e fecha posteriormente a cintura pélvica. 
 
Cóccix 
 
 Deriva-se da fusão de três ou quatro peças coccígeas, constituindo um osso 
irregular, afilado, que representa o vestígio da cauda no extremo inferior da coluna 
vertebral. Articula-se com o sacro por meio de um disco intervertebral. 
 
DISCOS INTERVERTEBRAIS 
 
 Os discos intervertebrais situam-se entre os corpos das vértebras, 
promovendo união, alinhamento e certa mobilidade de vértebras vizinhas. São coxins 
compressíveis de fibrocartilagem que absorvem as forças de tração muscular, 
gravidade e carga. 
Cada disco apresenta duas partes: uma periférica, o ânulo fibroso e uma 
interna, o núcleo pulposo, suficientemente elástico para atuar como amortecedor dos 
choques de compressão. 
 
9 
 
 
FONTE: Sobotta: Atlas de anatomia humana, 2002. 
 
 
ARTÉRIAS ESPINHAIS 
 
 A união de dois pequenos ramos das artérias vertebrais formam a artéria 
espinhal anterior. A artéria espinhal anterior percorre a extensão da medula espinhal 
na fissura mediana posterior e supre os dois terços anteriores da medula espinhal. O 
calibre dessa artéria varia de acordo com sua proximidade de uma artéria radicular 
magna e geralmente é menor na região de T4 a T8 da medula. As artérias espinhais 
posteriores originam-se como pequenos ramos das artérias vertebrais ou das artérias 
cerebelares inferiores posteriores e frequentemente apresentam anastomoses entre 
si e com a artéria espinhal anterior. 
 
 LIGAMENTOS 
 
 A função principal dos ligamentos é unir e manter as vértebras em 
alinhamento. 
Os ligamentos posteriores ao eixo do movimento limitam a inclinação para 
frente (flexão) dos segmentos vertebrais. Os ligamentos sujeitos às maiores 
sobrecargas na inclinação anterior são os ligamentos interespinhosos e 
supraespinhoso. Os ligamentos capsulares, ligamento amarelo e ligamento 
longitudinal posterior também ficam tensos e estabilizam a coluna no final da 
amplitude de flexão. 
O ligamento longitudinal anterior limita a inclinação para trás. Os ligamentos 
intertransversos colaterais, assim como o ligamento amarelo e os capsulares limitam 
a inclinação lateral. 
10 
 
 
 FÁSCIAS TORACOLOMBARES 
 
 A fáscia toracolombar consiste de três camadas de fáscias e aponeurose de 
vários músculos – o grande dorsal, serrátil posterior inferior, oblíquos internos e 
abdominais transversos. 
A camada posterior da fáscia insere-se nos processos espinhosos e cobre os 
músculos da coluna. 
A camada média é posterior ao quadrado lombar e insere-se nas pontas dos 
processos transversos e ligamentos intertransversos. Esta com a camada posterior 
envolve os músculos eretores da espinha. 
A camada anterior é uma lâmina final anterior ao quadrado lombar e insere-se 
na face anterior dos processos transversos e ligamentos intertransversos. 
 
FIGURA DA FÁSCIA TORACOLOMBAR 
 
FONTE: Kisner; Colby: Exercícios terapêuticos – fundamentos e técnicas, 
1996. 
 
A fáscia toracolombar reforça todo sistema ligamentar posterior através da 
orientação de suas fibras e inserções na coluna lombar e região pélvica. A tensão 
passiva na camada posterior da fáscia ocorre com a inclinação para frente da coluna 
lombar sobre a pelve ou com a inclinação posterior da pelve. A tensão suporta a 
vértebra lombar inferior através da estabilização contra os movimentos de flexão. 
Sua função principal é de prover estabilidade e suporte à coluna lombar, à 
medida que funciona na dinâmica do tronco em conjunção com suas inserções 
musculares. 
 
FIGURA DA COLUNA LOMBAR 
11 
 
 
FONTE: Fattini e Dangelo: Anatomia humana sistêmica e segmentar, 2002. 
 
 
FUNÇÃO MUSCULAR 
 
 
Os músculos do pescoço e tronco agem primariamente como estabilizadores 
da coluna vertebral na postura ereta. Eles são o controle dinâmico contra as forças da 
gravidade à medida que o peso de vários segmentos transfere-se para longe da base 
de suporte. 
Quando a linha da gravidade transfere-se para frente, o controle é feito pelos 
músculos extensores. Eles são o grupo eretor da coluna e os músculos cervicais 
posteriores, incluindo o trapézio superior. 
Quando este deslocamento transfere-se para trás, o controle é feito pelos 
músculos flexores, que são os músculos abdominais, intercostais, o longo da cabeça, 
o longo do pescoço, o reto da cabeça, psoas maior, escaleno anterior e o 
esternocleidomastóideo. 
Quando o deslocamento é lateral, os músculos contralaterais proveem o 
controle. Eles incluem o psoas maior, o quadrado lombar, os escalenos, o 
esternocleidomastóideo, o eretor da espinha, os oblíquos interno e externo e os 
músculos intercostais. 
É necessária pouca atividade muscular para manter a postura ereta, mas com 
relaxamento total dos músculos as curvaturas espinhais se tornam exageradas e as 
estruturas passivas de sustentação são requisitadas para manter a postura. 
12 
 
Planos musculares 
 
 
Plano Profundo: responsáveis pela manutenção do alinhamento das 
vértebras. 
a) Músculos interespinhal: são pouco desenvolvidos na região torácica 
ou mesmo inexistentes nesta região. Unem os processos espinhosos das regiões 
cervicais e lombares; 
b) Músculos intertranversais: só estão presentes na região cervical e 
lombar. Estes músculos unem os processos transversos adjacentes; 
c) Músculos rotadores: originam-se nos processos transversos e se 
dirigem medial e superiormente para se fixarem na lâmina da vértebra supraadjacente. 
Existem nas três regiões da coluna; 
d) Músculos levantadores das costelas: só existem na região torácica. 
Têm origem nos processos transversos e prendem-senas costelas supraadjacentes. 
 
IMAGEM DOS MÚSCULOS INSERIDOS NO PLANO PROFUNDO 
 
FONTE: Fattini e Dangelo: Anatomia humana sistêmica e segmentar, 2002. 
 
 Plano Intermédio: Este plano cobre o plano profundo e suas fibras em 
disposição bastante complicadas, com maior grau de fusão. Também chamados de 
complexo transverso espinhal. 
13 
 
a) Músculo Multifídio: é mais espesso na região lombar e termina na 
região cervical. É constituído por muitos feixes musculares, sem divisão clara e por 
esta razão, tem sido descrito como músculo único. Os feixes se originam do sacro e 
de todos os processos transversos, dirigindo-se cranial e medialmente para se 
inserirem nos lados dos processos espinhosos das vértebras, de L5 até o áxis; 
b) Músculo Semiespinhal do tórax: situa-se nos dois terços craniais do 
segmento torácico, estendendo-se dos processos transversos das seis vértebras 
torácicas inferiores aos processos espinhos das vértebras superiores e cervicais 
inferiores; 
c) Músculo Semiespinhal do pescoço: mesma disposição do semi 
espinhal do tórax, originando-se dos processos transversos das seis vértebras 
torácicas superiores e se insere nos processos espinhosos da 3ª até a 5ª vértebra 
cervical; 
d) Músculo Semiespinhal da cabeça: é a parte mais alta do complexo 
transverso-espinhal, estendendo-se de processos transversos cervicais à parte 
medial da linha nucal superior do occipital. 
 
IMAGEM DOS MÚSCULOS DO PLANO INTERMÉDIO 
 
FONTE: Fattini e Dangelo: Anatomia humana sistêmica e segmentar, 2002. 
 
 Plano Superficial: Este plano constitui a camada mais lateral e superficial dos 
músculos pós-vertebrais. Também chamados de complexo sacroespinhal. 
a) Músculo Iliocostal: três porções: iliocostal lombar, iliocotal torácico e 
iliocostal cervical; 
14 
 
b) Músculo Dorsal Longo: três porções: longuíssimo do tórax, 
longuíssimo do pescoço e longuíssimo da cabeça; 
c) Músculo Espinhal: três porções: espinhal do tórax, espinhal do pescoço 
e espinhal da cabeça; 
d) Músculo Esplênio do Pescoço: ascende lateralmente dos processos 
interespinhos torácicos superiores aos processos transversos cervicais inferiores; 
e) Músculo Esplênio da Cabeça: estende-se dos processos espinhosos 
cervicais inferiores e ligamento nucal ao processo mastoide do temporal. 
 
FIGURA DOS MÚSCULOS DO PLANO SUPERFICIAL 
 
FONTE: Fattini e Dangelo: Anatomia humana sistêmica e segmentar, 2002. 
 
BIOMECÂNICA DA COLUNA VERTEBRAL 
 
 A biomecânica lida com os movimentos e a cinesiologia, considerando a 
anatomia em relação aos movimentos do corpo. O conhecimento sobre a biomecânica 
é importante para a compreensão do desenvolvimento e para o tratamento das 
deformidades vertebrais. 
A translação e o movimento linear ocorrem sobre um único eixo, mas a rotação 
ocorre sobre o eixo longo de uma estrutura ou sobre seu centro de rotação. Na coluna 
15 
 
vertebral, frequentemente, esses movimentos são associados, por exemplo: 
movimentos laterais de coluna são acompanhados de um movimento rotacional. 
Já quando ocorre falha nos mecanismos estabilizadores da coluna, ocorrerão 
possíveis deformidades vertebrais levando a alterações do eixo e comprimento da 
coluna vertebral. 
A seguir estudaremos os movimentos funcionais, as curvaturas normais e 
patológicas da coluna vertebral. 
 
 MOVIMENTOS DA COLUNA VERTEBRAL 
 
 
Os movimentos da coluna são, em geral, o somatório de pequenos movimentos 
de vértebras adjacentes, resultando em ampla extensão da mobilidade da coluna 
como um todo. 
 
Flexão 
 
 
A flexão da coluna requer o relaxamento do ligamento longitudinal anterior e o 
estiramento dos ligamentos supraespinhal, infraespinhal e ligamento posterior. 
Na flexão, a cabeça e o tronco movem-se em direção anterior. Na parte superior 
das costas, a coluna normalmente se curva convexamente para trás. A flexão 
aumenta essa curva, resultando em um arredondamento da parte superior das costas. 
Em virtude do tamanho dos corpos vertebrais e da presença das costelas, ela será 
reduzida no segmento torácico da coluna. A flexão, pela inclinação da cabeça para 
frente, geralmente resulta apenas em retificação da coluna cervical. 
Semelhantemente, na região lombar, a coluna curva-se convexamente para frente, 
retificando-se, e a região mostra-se plana. 
 
AMPLITUDE - CERVICAL: +/- 40° - FLEXÃO CERVICAL 
16 
 
 
FONTE: Hoppenfeld: Propedêutica Ortopédica, 1995. 
 
 
AMPLITUDE - TORÁCICA: +/- 105° E LOMBAR: +/- 60° - FLEXÃO DO 
TRONCO 
 
FONTE: Hoppenfeld: Propedêutica Ortopédica, 1995. 
 
Extensão 
 
 A extensão da coluna estira o ligamento longitudinal anterior e relaxa os 
ligamentos posteriores. 
Na extensão da coluna, a cabeça e o tronco movem-se em direção posterior. 
Seria uma flexão posterior. No pescoço e região lombar, a extensão resulta em um 
aumento nas curvaturas normais à medida que a coluna vertebral dobra-se para trás. 
Já na região torácica superior e média ela resulta em uma diminuição da curva normal 
e retificação da coluna, de vez que esta parte não se dobra para trás onde a grande 
inclinação dos processos espinhosos bloqueia o movimento. 
 
AMPLITUDE - CERVICAL: +/- 75° - EXTENSÃO CERVICAL 
17 
 
 
FONTE: Hoppenfeld: Propedêutica Ortopédica, 1995. 
 
AMPLITUDE - TORÁCICA: +/- 60° E LOMBAR: +/- 35° - EXTENSÃO DO 
TRONCO 
 
FONTE: Hoppenfeld: Propedêutica Ortopédica, 1995. 
 
Flexão lateral 
 
A flexão lateral não é um movimento puro, pois ocorre em concordância com 
elementos de rotação em alguns segmentos da coluna. O alcance deste movimento é 
limitado pelos ligamentos circunjacentes. 
Pode ser à direita ou à esquerda. É o mais limitado dos movimentos cervicais, 
ampliando-se quando conjugada a rotação de cabeça. É máxima no segmento lombar 
da coluna e reduzida no segmento torácico. 
 
AMPLITUDE - CERVICAL: +/- 35° 
18 
 
 
FONTE: Hoppenfeld: Propedêutica Ortopédica, 1995. 
 
AMPLITUDE - TORÁCICA E LOMBAR: +/- 20° CADA SEGMENTO 
 
FONTE: Hoppenfeld: Propedêutica Ortopédica, 1995. 
 
Rotação 
 
Resulta da soma de pequenas torções entre vértebras adjacentes, permitidas 
por seus discos intervertebrais e a natureza das respectivas articulações sinoviais. Em 
movimentos combinados a rotação amplia-se. No segmento cervical, ela é máxima 
quando combinada com flexão lateral. Existe na região torácica, mas é mínima na 
lombar. 
 
AMPLITUDE - CERVICAL: +/- 50° 
19 
 
 
FONTE: Hoppenfeld: Propedêutica Ortopédica, 1995. 
 
 
AMPLITUDE - TORÁCICA: +/- 35° E LOMBAR: +/- 5° 
 
FONTE: Hoppenfeld: Propedêutica Ortopédica, 1995. 
 
CURVATURAS DA COLUNA VERTEBRAL 
 
20 
 
 As curvas normais da coluna consistem em uma 
curvatura convexa anterior no pescoço (região cervical), 
convexa posterior na coluna superior (região torácica), 
convexa anterior (região lombar) e levemente convexa 
posterior na região sacral. Essas podem ser descritas 
como leve extensão do pescoço, leve flexão da coluna 
superior e leve extensão da coluna inferior. 
 
FONTE: Kendall; McCreary; Provence: Músculos, 
provas e funções, 1995. 
 
 
 
 
 
As curvaturas anteriores (cervical e lombar) são denominadas lordoses, 
embora algumas fontes usem lordose para denominar condições anormais como 
hiperlordose lombar. 
As curvaturas posteriores (torácica) são denominadas cifoses. Postura cifótica 
refere-se a uma curvatura excessiva na coluna torácica. 
A linha da gravidade transecciona as curvaturas vertebrais, que são 
equilibradas anteriormente e posteriormente. Quando existe uma curvatura normal na 
coluna inferior, a pelve se acha em posição neutra. As proeminências ósseas na frente 
da pelve se acham no mesmo plano vertical, indicando que a pelve está em posição 
neutra. 
Qualquer desvio de uma parte da coluna vertebral resulta em alteração em 
outra parte para compensar e manter o equilíbrio.POSTURA 
 
 Postura é uma posição ou atitude do corpo. Da mesma forma entende-se por 
postura o arranjo relativo das partes do corpo para uma atividade específica, ou uma 
maneira característica de alguém sustentar seu corpo. 
21 
 
A postura corporal envolve conceito de equilíbrio, coordenação neuromuscular 
e adaptação que representa um determinado movimento corporal, e as respostas 
posturais automáticas são dependentes do contexto, ou seja, elas são ajustadas para 
ir de encontro às necessidades de interação entre os sistemas de organização 
postural (equilíbrio, neuromuscular e adaptação) e o meio ambiente. 
O controle da postura não está simplesmente baseado em um conjunto de 
respostas reflexas ou em uma resposta pré-programada acionada por um 
desequilíbrio. O controle da postura é uma característica adaptável ao sistema motor, 
que se baseia na interação entre o estímulo aferente e a resposta eferente (ENOKA, 
1995). 
Para avaliar e tratar problemas posturais é necessário uma compreensão de 
princípios básicos relacionados ao alinhamento, articulações e músculos, como já 
estudados anteriormente. 
As estruturas inertes que suportam o corpo são ligamentos, fáscias, ossos e 
articulações, enquanto que os músculos e suas inserções tendíneas são as estruturas 
dinâmicas que mantêm o corpo em uma postura ou o movimentam de uma postura 
para outra. 
A gravidade sobrecarrega as estruturas responsáveis por manter o corpo em 
postura ereta. Normalmente, a linha da gravidade passa através das curvaturas 
fisiológicas da coluna vertebral e elas são equilibradas. Se o peso em uma região 
desloca-se para longe da linha da gravidade, o restante da coluna compensa para 
recuperar o equilíbrio. 
 
FONTE: Kendall; McCreary; Provence: Músculos, provas e funções, 1995. 
22 
 
POSTURA PADRÃO 
 
 O alinhamento esquelético ideal usado como padrão é consistente com 
princípios científicos válidos e envolve uma quantidade mínima de esforço e 
sobrecarga, conduzindo a eficiência máxima do corpo. 
A postura correta consiste no alinhamento do corpo com eficiências fisiológicas 
e biomecânicas máximas. Minimizando o stress e a sobrecarga sofrida pelo sistema 
de apoio através dos efeitos da gravidade. 
A postura adequada é aquela que o indivíduo, em posição ortostática, exige um 
pequeno esforço da musculatura e dos ligamentos para manter-se nesta posição, de 
tal modo que seja facilitado o equilíbrio estático. 
Na postura adequada, a coluna apresenta as curvaturas normais e os ossos 
dos membros inferiores ficam em alinhamento ideal para sustentação do peso. A 
posição “neutra” da pelve conduz ao bom alinhamento do abdome, do tronco e dos 
membros inferiores. O tórax e coluna superior ficam em uma posição que favorece a 
função ideal dos órgãos respiratórios. A cabeça fica ereta em uma posição bem 
equilibrada que minimiza a sobrecarga sobre a musculatura cervical. 
 
 
ANÁLISE DA POSTURA 
 
 
A análise da postura envolve a identificação e a localização dos segmentos 
corpóreos relativos à linha de gravidade. 
 
Vista lateral 
 
 Para visualizarmos uma postura na posição em pé, na vista lateral, utilizamos 
um fio de prumo para representar uma linha de referência. O fio de prumo é uma linha 
com um peso preso na ponta para prover uma linha absolutamente vertical para medir 
desvios. É usado para determinar se os pontos de referência da pessoa que está 
sendo testada estão no mesmo alinhamento que os pontos correspondentes à postura 
padrão. 
 Os pontos que coincidem com a linha de referência (prumo) do alinhamento 
ideal (postura padrão) na vista lateral estão relacionados abaixo: 
 
23 
 
• Levemente posterior ao ápice da sutura coronal; 
• Meato auditivo externo; 
• Corpos das vértebras cervicais; 
• Articulação do ombro; 
• Corpo das vértebras lombares; 
• Levemente posterior ao eixo da articulação do quadril; 
• Levemente anterior ao eixo da articulação do joelho; Levemente 
anterior ao maléolo lateral. 
 
 
 
VISTA LATERAL 
 
 
FONTE: João: Avaliação Postural, 2009. 
24 
 
Vista posterior 
 
Para visualizarmos a vista posterior, a linha de referência vertical divide o corpo 
em secções direita e esquerda. 
Na vista posterior, o eixo referência fica a meio caminho entre os calcanhares 
e representa o ponto básico do plano médio sagital do corpo em alinhamento ideal. 
 
VISTA POSTERIOR 
 
FONTE: João: Avaliação Postural, 2009. 
 
EQUILÍBRIO 
 
 O sistema vestibular tem um papel importante na manutenção do equilíbrio, 
com interação com o sistema nervoso central, por meio das fibras nervosas aferentes 
que provêm das cristas ampulares ou das máculas otolíticas, que atingem a cavidade 
craniana pelo meato acústico interno, onde se encontram os corpos celulares 
bipolares formando o gânglio de Scarpa (ou gânglio Vestibular), são essas fibras que 
25 
 
vão formar a porção vestibular do oitavo par de nervos craniano (COSTA; CRUZ; 
OLIVEIRA, 1994). 
O equilíbrio corporal postural, também, está fundamentado nas relações 
provenientes das vias aferentes (vias auditivas e vias vestibulares) através do VIII par 
de nervos craniano chamado vestíbulococlear, relacionado respectivamente com o 
equilíbrio e a audição, dois fatores fundamentais para se trabalhar com as questões 
posturais (BANKOFF et al., 1992). 
 
 
FONTE: Fattini e Dangelo: Anatomia humana sistêmica e segmentar, 2002. 
 
 Segundo Rebelatto, o equilíbrio corporal é um processo complexo envolvendo 
a recepção e a integração de estímulos sensoriais. O planejamento e a execução de 
movimentos para controlar o centro de gravidade sobre a base de suporte é realizado 
pelo sistema de controle postural, que integra informações do sistema vestibular, dos 
receptores visuais e do sistema somatosensorial. 
O posicionamento dos segmentos corporais em relação ao ambiente e a outros 
segmentos é fornecido pelo sistema sensorial, enquanto o sistema motor ativa, correta 
e adequadamente, os músculos para realização do movimento. Já o sistema nervoso 
central conecta as informações advindas do sistema sensorial para enviar os impulsos 
nervosos aos músculos (REBELATTO; CASTRO; SAKO; AURICHIO, 2008). 
Os reflexos de endireitamentos utilizados para a manutenção da postura se 
constituem importantes para que possamos entender a complexidade da postura 
corporal tendo em vista ser um trabalho integrado e simultâneo na postura corporal. 
26 
 
Se em algumas situações esta integração for interrompida, consequentemente algo 
acontecerá, como por exemplo: quando perdemos a sequência lógica de passos numa 
caminhada, quando erramos os passos numa dança em relação ao ritmo; quando 
perdemos o equilíbrio e tropeçamos, e outros fatores; tudo isso se constitui pela 
interrupção momentânea no circuito integrado destes reflexos posturais. 
Estes reflexos de endireitamentos labirínticos – os que atuam sobre a cabeça, 
pescoço, corpo e os ópticos – estão situados na parte ventral do mesencéfalo, situado 
em frente ao terceiro par de nervos cranianos. Pouco se sabe a respeito do meio pelo 
qual esses reflexos contribuem para proporcionar uma postura corporal ereta e de 
equilíbrio, porém, sabemos o quanto eles são importantes (BANKOFF et al., 1992; DI 
GRAZIA, 2003; BEKEDORF, 2003; DI GRAZIA, BANKOFF, 2005). 
Na posição ereta, 25% do peso do corpo são distribuídos para cada calcâneo 
e 25% para a cabeça dos cinco metatarsos de cada pé; na proporção de cerca de 
uma parte para o metatarso I e 2,5 partes para os metatarsos II a V. A maior parte da 
tensão no arco longitudinal é suportada pelos ligamentos plantares. Somente cerca 
de 15% a 20% da tensão são suportadas pelos músculos tibiais posterior e fibular. 
Quando o corpo está na ponta de um pé, a tensão no arco é aumentada quatro vezes. 
O equilíbrio postural atua continuamente durante as mudanças de posição. Ou 
seja,na situação que o indivíduo encontra-se estático, o controle corporal atua de uma 
determinada maneira e em situação dinâmica, atua de outro modo. 
• Equilíbrio estático: a base de suporte se mantém fixa enquanto o 
centro de massa corporal se movimenta. Neste caso, o senso de equilíbrio deve 
manter o centro de massa corpórea dentro da base de suporte; 
• Equilíbrio dinâmico: tanto o centro de massa quanto a base de suporte 
se movimentam. O centro de massa jamais se alinha à base de suporte durante a fase 
de apoio unipodal do movimento. 
 
CONSEQUÊNCIAS DAS POSTURAS ESTÁTICAS 
 
 A utilização de posturas equivocadas durante as atividades que realizamos 
frequentemente pode levar a uma aceleração do processo de desgaste sofrido pelo 
aparelho locomotor. 
As posturas estáticas favorecem o encurtamento e/ou enfraquecimento de 
importantes grupos musculares. A falta de atividade física pode, em longo prazo, 
27 
 
proporcionar uma somatória de efeitos negativos até o surgimento de problemas mais 
graves para a postura. 
As más posturas são mais prejudiciais para a vida de pessoas pouco ativas e 
para indivíduos que possuem profissões que não exigem esforços físicos (ACHOUR 
JÚNIOR,1996). 
 
A seguir, apresentamos alguns exemplos de posturas estáticas: 
 
 
FONTE: Disponível em: < bloglsd.blogspot.com>. Acesso em: 17.12.2009 
 
FONTE: Arquivo pessoal. 
 
 
28 
 
Posturas estáticas podem solicitar constantemente ou deficitariamente o 
recrutamento de alguns grupos musculares produzindo encurtamentos musculares 
(pelo excesso de exigência). Em geral, atividades estáticas causam enfraquecimento 
pela deficiência de atividade. 
A manutenção de um grupo muscular encurtado aumenta a estimulação dos 
músculos agonistas tornando-os mais rígidos. Agonistas mais rígidos provocam 
simultaneamente maior enfraquecimento de seus antagonistas. 
A permanência de posturas por tempo prolongado prejudica o processo de 
entrada e saída de nutrientes para o interior do disco intervertebral, favorecendo o 
desgaste precoce destas estruturas, uma vez que são estruturas avasculares 
(NACHEMSON, 1990). 
Sendo assim, em qualquer circunstância, devemos procurar impedir o 
encurtamento do sistema muscular e observarmos as posturas cotidianas para as 
ações motoras exercidas. Esta medida pode reduzir os sintomas de dor localizada na 
coluna vertebral ou em outros segmentos corporais provocados pelo encurtamento 
musculoarticular. 
 
 
DESENVOLVIMENTO E CONSTRUÇÃO DA IMAGEM CORPORAL 
 
 Schilder (1999) vê a imagem corporal como uma unidade que engloba os mais 
diferentes aspectos. A denominação “esquema corporal”, “modelo postural do corpo” 
e “imagem postural” são termos equivalentes que tratam de uma mesma realidade. 
A imagem corporal é formada por um complexo fenômeno humano que envolve 
aspectos afetivos, cognitivos, socioculturais e motores. A imagem corporal está 
relacionada ao conceito de si próprio e é influenciada pela integração entre o ser e o 
meio em que vive. 
O processo de construção/desenvolvimento da imagem corporal está 
associado às diversas fases da existência humana, às concepções determinantes da 
cultura e à sociedade em que o indivíduo está inserido. 
A imagem corporal sofre alterações, transformações e adaptações de acordo 
com o momento vivido e com as fases de desenvolvimento do indivíduo desde o seu 
nascimento até a morte. 
 
29 
 
É através do movimento que desenvolvemos e adquirimos uma nova imagem 
corporal correta, que depende da realização de um trabalho de reprogramação 
sensorial, utilizando elementos de estimulação estática e dinâmica, desenvolvendo 
estímulos aferentes de diversas características. 
O movimento é essencial para o reconhecimento e construção da imagem 
corporal e, ao mesmo tempo, a cada instante em que nos movemos estamos 
modificando nossa imagem corporal. 
 
 
PROPRIOCEPÇÃO 
 
 As informações proprioceptivas constituem papel importante para a 
manutenção do equilíbrio corporal, pois as mesmas fornecem dados sobre a posição 
relativa das várias partes do corpo que serão captadas pelos receptores nas cápsulas 
articulares e também os impulsos de exteroceptores cutâneos, especialmente os de 
tato e pressão. Por exemplo: o cerebelo, a substância reticular e núcleos vestibulares 
do tronco cerebral determinam ajustes adequados nos músculos posturais quando 
recebem as informações de angulação de tórax ou no abdome, ajustando 
adequadamente a postura. 
Como mencionado, as sensações exteroceptivas também são importantes na 
manutenção do equilíbrio. As sensações de pressão provenientes dos pés podem dar 
informações quanto ao peso distribuído proporcionalmente ou com relação ao 
posicionamento. 
Quando uma pessoa projeta seu corpo para frente, durante uma corrida, é o 
resultado dos ajustes de manutenção do equilíbrio que ocorre devido à pressão do ar 
contra a parte anterior do seu corpo mostrando que a força se opõe ao corpo em uma 
direção diferente da que é causada pela força gravitacional. 
O sistema vestibular é quem comanda o equilíbrio, e sendo assim, a informação 
proprioceptiva mais importante e necessária à manutenção do equilíbrio é proveniente 
dos receptores articulares do pescoço. Se a cabeça é inclinada em determinada 
direção, ou rotação do pescoço, faz com que o sistema vestibular provoque uma 
sensação de desequilíbrio. Isto ocorre, pois, os receptores transmitem sinais opostos 
aos sinais transmitidos pelo sistema vestibular. 
30 
 
Já os impulsos provenientes do sistema vestibular não são opostos aos que se 
originam nos proprioceptores do pescoço, deste modo, quando todo o corpo se desvia 
em uma determinada direção, a pessoa perceberá uma alteração de equilíbrio de todo 
o corpo. 
 
ALTERAÇÕES POSTURAIS 
 
ESCOLIOSE 
 
 A escoliose é uma curvatura lateral da coluna. Como a coluna vertebral não 
pode inclinar-se lateralmente sem também fazer rotação, a escoliose envolve tanto 
flexão lateral quanto rotação, ocorrendo geralmente nas regiões torácicas e lombares. 
Quando ocorre esta alteração lateral da coluna, as forças de torção e 
lateralização se somam às forças compressivas, levando à descompensação do 
tronco e, consequentemente, à piora da escoliose. 
A progressão da escoliose depende da ação da gravidade e da qualidade 
muscular acometida. 
 
ALINHAMENTO IDEAL – DESALINHAMENTO (ESCOLIOSE) 
 
FONTE: Kendall; McCreary; Provence: Músculos, provas e funções, 1995. 
 
31 
 
 
Na imagem de escoliose em vista posterior, observa-se o desvio do eixo 
longitudinal da coluna. 
Quanto à relação estrutural as escolioses podem ser divididas em: 
• Escoliose não estrutural: esta escoliose corrige-se nas radiografias em 
supinação com inclinação lateral ou com radiografias sob tração; 
• Escoliose estrutural: consiste em uma curvatura lateral fixa com rotação. 
Este tipo de escoliose não se corrige nas radiografias de lateralização forçada na 
posição supina, portanto sem flexibilidade. 
 
Conforme conceito de alguns autores, escoliose estrutural é caracterizada pela 
rotação do corpo da vértebra. As curvas espinhais evoluem em direção lateral e são 
acompanhadas por um padrão de deformidade rotatório. Na coluna torácica, a ligação 
costal às vértebras resulta em deformidade do gradeado costal. A rotação do corpo 
vertebral está relacionada com a convexidade e a concavidade da curva. Devido à 
rotação e inclinação que as vértebras sofrem, os músculos da concavidade estão 
sempre encurtados e os da convexidade estão sempre alongados. 
A magnitude desta alteração postural pode ser classificada em: leves, 
moderadas e graves, dependendo do grau de acometimento. 
A localização da escoliose é caracterizada conforme o local onde se encontra 
o ápice da curvatura. 
 
 
Tipos de escoliose 
 
 
a) Idiopática: é o tipo de escoliose que possui predisposiçãogenética e é a mais 
comum escoliose estrutural. Embora existam várias teorias etiológicas sua causa 
permanece desconhecida. 
 
EXEMPLO DE ESCOLIOSE IDIOPÁTICA 
32 
 
 
FONTE: Hebert; Xavier: Ortopedia e Traumatologia: princípios e aplicações, 
1995. 
 
b) Paralítica: é relacionada a uma patologia de origem neuromuscular 
(poliomielite, paralisia cerebral, pós-paraplegias traumáticas, etc.). Não tem relação 
com o desenvolvimento esquelético, mas, sim, segue o curso da doença original, 
progredindo à medida que progride a paralisia da musculatura paraespinhal. 
 
EXEMPLO DE ESCOLIOSE PARALÍTICA 
 
33 
 
FONTE: Hebert; Xavier: Ortopedia e Traumatologia: princípios e aplicações, 
1995. 
 
 c) Congênita: é uma paralisia associada principalmente à malformação 
vertebral e dos arcos costais. Estas malformações tornam-se evidentes no primeiro e 
segundo ano de vida. 
As anomalias mais graves que envolvem os elementos nervosos são a 
diastematomielia e disrafismo espinhal. Esta escoliose possui crescimento lento, suas 
curvaturas não crescem mais que cinco graus por ano. O aumento desta curvatura 
ocorre rapidamente durante o surto de crescimento da pré-adolescência. A escoliose 
congênita não progride após a puberdade. 
 
EXEMPLO DE ESCOLIOSE CONGÊNITA 
 
FONTE: Hebert; Xavier: Ortopedia e Traumatologia: princípios e aplicações, 
1995. 
 
d) Secundária à neurofibromatose: pertence a uma classificação a parte. São 
caracterizadas por neurofibromas cutâneos, histórico familiar autossômico dominante, 
manchas amarronzadas "café com leite" na pele e, eventualmente, pseudoartrose 
congênita da tíbia. A curvatura característica é torácica para o lado direito, rígida, de 
raio curto e bastante progressiva. 
 
EXEMPLO DE ESCOLIOSE SECUNDÁRIA À NEUROFIBROMATOSE 
34 
 
 
FONTE: Hebert; Xavier: Ortopedia e Traumatologia: princípios e aplicações, 1995. 
 
 
e) Secundária à assimetria de membros inferiores: diferença de comprimento 
de membros inferiores por causas diversas. 
 
EXEMPLO DE ESCOLIOSE SECUNDÁRIA A ASSIMETRIA DE MEMBROS 
 
35 
 
FONTE: Hebert; Xavier: Ortopedia e Traumatologia: princípios e aplicações, 1995. 
 
f) Antálgica: alteração postural relacionada com sintomas dolorosos em relação 
a processos tumorais ou hérnias discais. Esta alteração pode ser corrigida quando 
cessar a causa da dor. As dores posturais estão relacionadas a posturas inadequadas 
crônicas. 
 
EXEMPLO DE ESCOLIOSE SECUNDÁRIA À ASSIMETRIA DE MEMBROS 
 
FONTE: Hebert; Xavier: Ortopedia e Traumatologia: princípios e aplicações, 1995. 
 
Sintomatologia 
 
 A principal queixa é a deformidade em si ou a queixa de dor. As curvas na 
região torácica produzem logo uma assimetria do gradil costal, fazendo com que o 
diagnóstico seja mais precoce. 
Nas crianças, as deformidades em geral não causam dor, o que ocorrem 
geralmente com os adultos. O quadro álgico do adulto apresenta caráter funcional ou 
secundário a fenômenos degenerativos. 
Ao depararmos com um quadro doloroso e apresentando deformidade, 
devemos ficar atentos para patologias do tipo espondilólise ou listese, tumores ósseos 
ou medulares, doenças inflamatórias, hérnias discais, entre outras. 
No caso da queixa principal ser de caráter neurológico, devemos questionar se 
são sensitivas ou motoras e observar se estão associadas com alterações de 
equilíbrio. 
36 
 
Nas deformidades paralíticas, é importante sabermos a etiologia, evolução e 
patologias associadas (principalmente esfincterianas). 
 
Avaliação 
 
A escoliose pode ser classificada através de critérios clínicos radiológicos 
segundo alguns aspectos: a altura da localização do aumento de curvatura na coluna 
vertebral (levando em conta a vértebra-ápice), a lateralidade do desvio, a etiologia e 
a quantidade de curvas existentes na curvatura principal. 
A avaliação clínica é de grande importância para se chegar a um correto 
diagnóstico e prognóstico. 
A avaliação musculoesquelética em casos de escoliose deve incluir: 
• Testes de alinhamento postural: este teste pode ser realizado tanto com 
fio de prumo quanto segmentares observando a vista posterior, lateral e 
anterior. Observa-se se a escoliose é à direita, à esquerda ou ambas. 
Outro fator importante a ser analisado é se a escoliose é em forma de S 
(curvando-se para ambos os lados) ou em C (predomínio de um hemi 
lado). 
 
 
 
AVALIAÇÃO POSTERIOR DA ESCOLIOSE - DIREITA OU A ESQUERDA, 
EM S OU C 
 
FONTE: João: Avaliação Postural, 2009. 
 
37 
 
• Testes musculares: devemos observar o comprimento muscular dos 
seguintes músculos: flexores de quadril, isquiotibiais, inclinação anterior 
para músculos posteriores, tensor da fáscia lata, redondos e latíssimo 
do dorso. 
A força muscular também deve ser avaliada, como: extensores da coluna, 
abdominais superiores e inferiores, tronco lateral, flexores e extensores do quadril, 
adutores e abdutores do quadril e trapézio médio e inferior. 
Uma parte essencial do exame é a observação da coluna durante o movimento. 
Um dos testes mais conhecidos para a avaliação da escoliose é o “Teste de 
Adam”. Este teste consiste em o fisioterapeuta se postar em pé, atrás do paciente, e 
solicitar ao mesmo que se incline para frente, e logo em seguida retornar lentamente 
à posição ereta. Por meio deste método verifica-se a presença de gibosidade que 
ocorre devido à presença de rotação nas vértebras. A gibosidade consiste em uma 
deformidade rotacional que altera o gradil costal e é evidenciada pela protusão do 
mesmo, na região posterior do tronco, do lado da convexidade. 
 
REALIZAÇÃO DO TESTE DE ADAM – VERIFICAÇÃO DE GIBOSIDADE 
 
FONTE: João: Avaliação Postural, 2009. 
 
Exames complementares 
 
• Raio X: auxilia na determinação das curvaturas com relação ao seu eixo 
e seu potencial de progressão; deve ser realizado nos planos lateral e 
frontal. Alguns autores propõem que as radiografias frontais sejam 
realizadas posteroanterior para que as mamas recebam uma radiação 
menor. 
38 
 
Um detalhe importante e curioso é que as radiografias devem ser lidas na 
posição posteroanterior (padrão internacional), ou seja, o contrário do raio X clínico. 
 
RADIOGRAFIA EVIDENCIANDO ESCOLIOSE TORÁCICA À ESQUERDA 
 
FONTE: João: Avaliação Postural, 2009. 
 
Através dos exames complementares, pode ser determinado o grau de 
deformidade da escoliose através da técnica de medição do ângulo de Cobb. A 
determinação deste grau auxilia na verificação da inclinação da curvatura e no 
acompanhamento periódico desta alteração postural. 
Para a medição do ângulo de Cobb procura-se a vértebra inicial e final, que são 
aquelas com maior angulação em direção ao lado da escoliose. Depois disso, traça-
se uma linha paralela ao platô vertebral superior da vértebra inicial e uma linha 
paralela ao platô inferior da vértebra final. Teremos, assim, duas linhas que se 
aproximam uma da outra. O ângulo de Cobb, entretanto, não será feito diretamente 
entre essas linhas, e sim, entre duas linhas traçadas perpendiculares a elas. 
Por definição, teremos uma escoliose com ângulo superior a 10 graus. 
 
MEDIDAS DO ÂNGULO DE COBB 
39 
 
 
FONTE: Arquivo pessoal 
 
EXEMPLO DA MEDIÇÃO EM UMA RADIOGRAFIA 
 
FONTE: Arquivo pessoal 
 
 
40 
 
Curiosidade: em indivíduos destros observa-se uma leve curvatura em S para 
a direita na região torácica e a esquerda na lombar, ou uma leve curvatura em C para 
a esquerda na transição toracolombar. 
• Tomografia computadorizada: é importante na avaliação de 
deformidades congênitas e em casos de escolioses associadas com quadros 
dolorosos. A tomografia pode demonstrar patologias do tipo hérnias discais ou 
tumores benignos, como osteomas. 
• Ressonância magnética nuclear: tem superado as tomografias nas 
patologias vertebrais. É importante ressaltar sua disponibilidade limitada devido aoseu custo. 
• Este exame é necessário para determinar o posicionamento do cone 
medular. 
• Teste de função pulmonar: estes testes são úteis em deformidades 
graves nas quais o risco cirúrgico é muito grande, ou nas deformidades 
neuromusculares em que a fraqueza muscular for importante, como nas miopatias. 
 
Tratamento conservador 
 
• Órteses: tem a função principal de manter as deformidades que 
suportam, com pouca ou praticamente nenhuma função de correção. 
A órtese mais utilizada é a de Milwaukee que consiste em um artefato que, 
exercendo uma tração contínua na coluna vertebral, promove uma melhora acentuada 
do desvio angular. 
A órtese é autorregulável, podendo ser ajustada à medida que o indivíduo 
cresce. Para a utilização deste artefato se faz necessário um preparo psicológico do 
paciente e, muito mais, dos familiares. 
 
COLETE DE MILWAUKEE 
41 
 
 
FONTE: Hebert; Xavier: Ortopedia e Traumatologia: princípios e aplicações, 1995. 
 
 Estes coletes são utilizados em casos de diagnóstico precoce e para pacientes 
infantis e juvenis com curvas consideradas progressivas. A indicação do uso de colete 
se faz necessário para impedir a progressão da deformação da coluna, acompanhada 
de educação corporal através de exercícios. 
Poderemos também utilizar o colete de Milwaukee em casos inoperáveis pelas 
condições físicas do paciente, proporcionando-lhe uma atitude mais ou menos correta 
para o crescimento da coluna vertebral. 
É necessário para sua eficiência períodos de utilização de até 22 horas por dia 
e que o paciente esteja em fase de crescimento musculoesquelético. Sendo indicado 
para crianças antes da puberdade, que apresentam escoliose de 20° a 40°, de forma 
torácica e toracolombar. 
As principais vantagens do colete de Milwaukee são: 
• Prevenir o aumento das curvas; 
• Diminuir a irregularidade das curvas; 
• Promover o alinhamento do tronco; 
• Não apresentar riscos apreciáveis ou contraindicações sérias; 
• Não causar sérios danos à pele; 
• Manter a coluna completamente imóvel. 
 
As contraindicações do colete de Milwaukee são: 
42 
 
• Curvas acima de 40°; 
• Lordose torácica; 
• Insuficiência pulmonar grave; 
• Deformidade grave das costelas; 
• Curva escoliótica rígida; 
• Paciente que não coopera; 
• Pais ou familiares indisponíveis; 
• Falta de um bom técnico ortopédico ou de um ortopedista competente; 
• Barreiras geográficas ou socioeconômicas. 
 
Os controles radiográficos são muito importantes com e sem aparelho, na 
evolução dos casos, até a estabilização da curvatura ao fim do crescimento. 
Existem também métodos corretivos com coletes gessados. Dos coletes 
gessados, o tipo de Risses é mais tradicional. Este promove a preparação do paciente 
para a correção cirúrgica ou fusão. 
Lembrando que existem vários outros tipos de coletes em ortopedia para o 
tratamento das escolioses. 
 
• Fisioterapia: o tratamento a ser instituído depende do grau da curva da 
escoliose, sua localização e de suas manifestações. Assim, as escolioses que causam 
perturbações respiratórias, que sejam geradoras de dores e incapacidades, bem como 
as que tenham tendência a um crescimento desenfreado da curva, são indicadas a 
tratamento cirúrgico. 
Em todos os casos de escoliose, é importante o diagnóstico precoce e a 
avaliação clínica completa e radiológica do paciente. O tratamento não significa 
envolver-se em um programa vigoroso de exercícios ativos, mas prescrever alguns 
poucos exercícios selecionados cuidadosamente que ajudem a estabelecer um senso 
cinestésico de bom alinhamento. 
A fisioterapia deve proporcionar orientações ao paciente sobre evitar posições 
habituais ou atividades que claramente conduzam ao aumento da curvatura. 
Mais adiante verificaremos a utilização da reeducação postural global aplicada 
às alterações na coluna vertebral. 
 
 
43 
 
Tratamento cirúrgico 
 
A principal função da cirurgia deve ser a de conter a evolução da deformidade 
e de estabilizar o tronco, podendo também corrigi-la. Ainda, pode ser indicada para 
tratar deformidades dolorosas, quando associadas a fenômenos degenerativos. 
As escolioses idiopáticas têm indicação cirúrgica quando há progressão da 
curva em pacientes jovens, apesar do tratamento conservador ou após o término do 
crescimento; por razões estéticas, por desequilíbrio de tronco e por dor, o que é raro. 
Geralmente são escolioses acima de 45 º. 
As escolioses congênitas devem ser operadas quando as curvas progridem. 
Em deformidades paralíticas, as intervenções podem incluir o sacro e por fim, nas 
escolioses dolorosas, deve-se inicialmente excluir a causa da dor. 
 
São indicações precisas para tratamento cirúrgico em escoliose de adultos: 
• Dores; 
• Aumento da deformidade; 
• Diminuição da capacidade pulmonar (insuficiência respiratória); 
• Problemas neurológicos (paralisias); 
• Problemas renais; 
• Deformidades estéticas progressivas; 
• Quando falham métodos conservadores e a curva progride. 
 
A cirurgia envolve uma fusão espinhal, na maioria dos casos, por via posterior, 
que apresenta menor morbidade. As técnicas mais utilizadas são: a de Harrington, 
que consiste na fixação em dois pontos nos extremos da haste, por meio de ganchos 
fixados nas vértebras neutras superior e inferior; e por meio de distração, corrigindo a 
deformidade, porém deve ser feito a utilização de imobilizações externas por períodos 
de até seis meses. 
 
 
 
 
 
 
44 
 
TÉCNICA DE HARRIGTON 
 
FONTE: Hebert; Xavier: Ortopedia e Traumatologia: princípios e aplicações, 1995. 
 
 Outra técnica é a de Luque: consiste na passagem de fios de aço de cada lado 
da coluna amarrados a hastes de aço inoxidável, fixando-a. Não há necessidade de 
uso de fixador externo pós-cirúrgico. 
 
A) PACIENTE COM ESCOLIOSE IDIOPÁTICA B) RAIO X PRÉ-OPERATÓRIO 
 
FONTE: Sizínio e Cols: Ortopedia e Traumatologia: princípios e prática, 2003. 
45 
 
C) RAIO X PÓS-OPERATÓRIO (TÉCNICA DE LUQUE) 
D) APARÊNCIA DA PACIENTE NO PÓS-OPERATÓRIO IMEDIATO (NOTAR 
AUSÊNCIA DE IMOBILIZAÇÃO EXTERNA) 
 
FONTE: Sizínio e Cols: Ortopedia e Traumatologia: princípios e prática, 2003. 
TÉCNICA DE LUQUE 
 
FONTE: Sizínio e Cols: Ortopedia e Traumatologia: princípios e prática, 2003. 
 
 
 
 
46 
 
 
A) ACENTUADA ESCOLIOSE NO PRÉ-OPERATÓRIO 
B) RAIO X PANORÂMICO ANTEROPOSTERIOR DA COLUNA 
VERTEBRAL 
MOSTRANDO O PADRÃO DA CURVA ESCOLIÓTICA DUPLA TORÁCICA E 
TORACOLOMBAR E A OBLIQUIDADE PÉLVICA NO PRÉ-OPERATÓRIO 
 
FONTE: ROSO et al: Surgical treatment of scoliosis in spinal muscular atrophy, 
2003. 
 
 
A - ACENTUADA MELHORA DA ESCOLIOSE NO PÓS-OPERATÓRIO. RAIO 
X 
ANTEROPOSTERIOR DA COLUNA VERTEBRAL NO PÓS-OPERATÓRIO 
IMEDIATO (TÉCNICA DE LUQUE-GALVESTON) E 
B) NO PÓS-OPERATÓRIO TARDIO E 
C) MOSTRANDO A MELHORA DAS CURVAS TORÁCICA E 
TORACOLOMBAR E DA OBLIQUIDADE PÉLVICA 
47 
 
 
FONTE: ROSO et al: Surgical treatment of scoliosis in spinal muscular atrophy, 
2003. 
 
 Em ambas as técnicas cirúrgicas, o paciente apresentará uma artrodese 
(fixação rígida) no segmento fixado, restringindo assim a amplitude de movimento da 
coluna vertebral. 
 
HIPERCIFOSE DORSAL 
 
Também chamada de “dorso curvo”. Caracterizado por uma curvatura torácica 
aumentada, protração escapular (ombros curvos) e, geralmente uma protração da 
cabeça acompanhando. 
 
48 
 
POSTURA – HIPERCIFOSE DORSAL 
 
FONTE: Kendall; McCreary; Provence: Músculos, provas e funções, 1995. 
 
EXEMPLO DE HIPERCIFOSE 
 
FONTE: Disponível em: <www.fisioterapiacientifica.blogspot.com>. Acesso 
em 18.12.2009 
 
49 
 
RAIO X – HIPERCIFOSE DE 50° 
 
FONTE: Disponível em: <www.fisioterapiacientifica.blogspot.com>. 
 
Em decorrência da inclinação pélvica que pode ser variável, em geral ocorre 
um deslocamento do segmento pélvico, anteriormente,resultando em extensão do 
quadril e deslocamento do segmento torácico, posteriormente, resultando em flexão 
do tórax na coluna lombar superior, aumento da lordose na região inferior e protusão 
da cabeça. 
Após períodos prolongados na posição em pé, geralmente assume-se um apoio 
assimétrico sendo que a maior parte do peso fica predominantemente sobre um dos 
membros inferiores, com mudanças periódicas do peso para o membro oposto. 
 
Os desequilíbrios musculares observados são: 
• Alongados e fracos: 
✓ Flexores do pescoço; 
✓ Músculos abdominais inferiores; 
✓ Extensores da região torácica inferior; Flexores de quadril uniarticulares. 
 
• Curtos e fortes: 
✓ Músculos abdominais superiores; 
✓ Intercostal interno; 
✓ Isquiotibiais; 
✓ Músculos extensores lombares inferiores. 
 
50 
 
As causas comuns: é uma postura relaxada na qual os músculos não são 
usados para dar suporte, atitude assumida de desleixo contínuo, fadiga, fraqueza 
muscular ou ênfase excessiva em exercícios de flexão em programas gerais de 
exercício. 
 
DORSO PLANO 
 
 
Caracterizado por uma diminuição na curvatura torácica, depressão escapular, 
depressão clavicular e postura de achatamento cervical. 
A cabeça encontra-se anteriorizada, com a cervical em ligeira extensão, porção 
torácica e lombar retificadas. 
 
Os desequilíbrios musculares encontrados são: 
• Alongados e fracos: 
✓ Flexores de quadril uniarticulares. 
 
• Curtos e fortes: 
✓ Isquiotibiais; 
✓ Abdominais. 
As causas mais comuns é uma postura exageradamente ereta. 
 
POSTURA – DORSO PLANO 
 
FONTE: Kendall; McCreary; Provence: Músculos, provas e funções, 1995. 
51 
 
HIPERLORDOSE LOMBAR 
 
 
Também conhecida como “postura militar”. A acentuação da curvatura da 
coluna lombar é evidente, projetando a pelve em anteversão. 
 
Os desequilíbrios musculares encontrados são: 
• Alongados e fracos: 
✓ Abdominais anteriores; 
✓ Isquiotibiais. 
 
• Curtos e fortes: 
✓ Músculos lombares; 
✓ Flexores dos quadris. 
 
As causas mais comuns são má postura mantida, gravidez, obesidade e 
músculos abdominais fracos. 
 
POSTURA – HIPERLORDOSE LOMBAR 
 
FONTE: Kendall; McCreary; Provence: Músculos, provas e funções, 1995. 
 
52 
 
 
EXEMPLO DE HIPERLORDOSE 
 
FONTE: arquivo pessoal. 
 
ACHATAMENTO LOMBAR 
 
 Caracterizada por uma diminuição no ângulo lombossacro, diminuição na 
lordose lombar ou inclinação posterior da pelve. 
 
Os desequilíbrios musculares encontrados são: 
• Alongados e fracos: 
✓ Flexores de quadril uniarticulares; 
✓ Oblíquos externos; 
✓ Extensores da coluna superior; Flexores do pescoço. 
 
• Curtos e fortes: 
✓ Isquiotibiais; 
✓ Fibras superiores do oblíquo interno; 
✓ Músculos lombares: fortes, porém não encurtados. 
 
As causas mais comuns são desleixo ou flexão contínua durante postura 
sentada e em pé, ênfase excessiva em exercícios de flexão em programas gerais de 
exercícios. 
 
53 
 
POSTURA – ACHATAMENTO LOMBAR 
 
 
FONTE: Kendall; McCreary; Provence: Músculos, provas e funções, 1995. 
 
AVALIAÇÃO EM DESVIOS ANTEROPOSTERIORES 
 
 A avaliação musculoesquelética, em casos de desvios anteroposteriores deve 
incluir: 
• Testes de alinhamento postural: tanto com fio de prumo quanto 
segmentares, nas vistas posterior, lateral e anterior. 
• Testes musculares: 
▪ Comprimento muscular: flexores de quadril, isquiotibiais, inclinação 
anterior para músculos posteriores, tensor da fáscia lata, redondos e latíssimo do 
dorso. 
▪ Força muscular: extensores da coluna, abdominais superiores e 
inferiores, tronco lateral, flexores e extensores do quadril, adutores e abdutores do 
quadril e trapézio médio e inferior. 
Os exames radiológicos evidenciarão as alterações de desvios da coluna, 
ajudando assim a diagnosticar e prever um prognóstico de cada caso. 
Mais adiante verificaremos a especificidade de uma avaliação postural diante 
os princípios da Reeducação Postural Global. 
54 
 
 
 
TRATAMENTO CONSERVADOR PARA DESVIOS ANTEROPOSTERIORES 
 
 O tratamento será traçado através da avaliação prévia da postura apresentada, 
e determinando a prescrição de alongamentos ativos e passivos, fortalecimentos, 
conscientização de respiração, alinhamento e postura adequada, recorrendo, em 
certos casos, ao uso de eletroterapia com ondas curtas e crioterapia para aliviar a dor. 
Aplicam-se, conjuntamente, massagens e manipulação da coluna vertebral. 
Podemos utilizar como método associativo a utilização de acessórios como 
cintas elásticas corretivas. 
 
CORRETOR POSTURAL 
 
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Mais adiante verificaremos a utilização da Reeducação Postural Global 
aplicada com seus princípios e utilização aos desvios e alterações posturais da coluna 
vertebral. 
55 
 
 MÉTODO MÉZIÈRES – INÍCIO DO CONCEITO DE CADEIAS 
MUSCULARES 
 
 
No final da década de 40, Françoise Mézières, fisioterapeuta corporal, através 
de uma observação cuidadosa, desenvolveu uma teoria sobre os desequilíbrios 
corporais, segundo a qual todos os desvios de postura são causados pela 
hiperlordose (encurtamento anormal da coluna vertebral), afetando toda a “cadeia 
muscular posterior” responsável pelo equilíbrio. (Andrei, 2001) 
Mademoiselle Françoise Mézières, que nasceu na França em 1909, ensinou o 
seu método do fim dos anos 50 até sua morte em 1991, somente para os 
fisioterapeutas diplomados. Mézières acabou influenciando alunos que vieram a criar 
suas próprias técnicas, como Philippe-Emmanuel Souchard, que ensinou o método 
Mézières durante dez anos no centro Mézières, no sul da França, e criou o método 
conhecido como Reeducação Postural Global (RPG). 
 
FRANÇOISE MÉZIÈRES 
 
FONTE: Disponível em: < http://www.pucrs.br>. Acesso em: 18.12.2009. 
 
Françoise Mézières dedicou-se intensivamente ao estudo da mecânica 
muscular. Suas descobertas levaram-na concluir que a cadeia muscular posterior, que 
interliga os pés à cabeça, trabalha como um só músculo, obrigando os demais, menos 
potentes, a seguir seus “comandos”; e que o deslocamento das massas do corpo 
(cabeça, barriga e costas) faz com que as curvas vertebrais se acentuem, obrigando 
os músculos ligados às vértebras a tomarem uma posição de arco côncavo; e que 
56 
 
essa curva e o achatamento da musculatura posterior só tendem a agravar-se com o 
decorrer dos anos. A essa curvatura dá- se o nome de lordose. 
A partir dessas descobertas, Mézières afirmou que as alterações provinham do 
excesso de força da cadeia posterior, sugerindo então que a solução seria soltar os 
músculos posteriores para que eles libertassem as vértebras mantidas no arco 
côncavo. Concluiu também que não é somente o esforço para ficar em equilíbrio que 
encurta os músculos posteriores, mas, também todos os movimentos de média e 
grande amplitude executados pelos braços e pernas, que estão ligados pela coluna 
vertebral. 
Mézières observou que cada vez que tentava tornar menos acentuada a curva 
de um seguimento da coluna vertebral, a curva era deslocada para outro seguimento. 
Desta forma era necessário considerar o corpo em sua totalidade e cuidar dele como 
um todo. 
Então, seguindo as observações e princípios de Françoise Mézières, em 1947, 
nascia o método Mézières, através da observação de uma paciente afetada de 
hipercifose e de uma grave forma de artrite escapuloumeral bilateral que limitava 
quase que totalmente o movimento natural da articulação superior. Através de seus 
estudos e descobertas, Mézières aplicou as melhores formas possíveis de posturas 
corrigidas cuidadosamente de maneira ativa e com longa duração, obtendo assim 
excelentes resultados. Na publicação com o título “Revolução na Ginástica 
Ortopédica”, Françoise afirmou que as lordoses estão na origem de todas asdeformações, as afecções decorrentes da lordose são devidas as compensações 
musculares causadas por esta curvatura. 
Mademoiselle Françoise Mézières propôs então, um tratamento com base no 
alongamento dos músculos que causam a lordose e músculos rotadores internos 
(músculos posteriores), por manutenção postural prolongada a fim de obter um efeito 
corretivo das massas musculares. 
O Método Mézières buscou tratar as causas e não os sintomas, o físico e o 
emocional, proporcionando o bem-estar dos pacientes através de um método 
completo de aplicação dos princípios das cadeias musculares. 
Seu conceito sobre cadeias musculares: “É um conjunto de músculos de 
mesma direção e sentido que trabalham como um só músculo. São geralmente 
poliarticulares e se recobrem como telhas de um telhado” (Andrei, 2001). 
 
57 
 
 PRECURSORES DAS CADEIAS MUSCULARES 
 
Therése Bertherat, fisioterapeuta, foi aluna de Françoise Mézières e ficou 
fascinada pelos seus conceitos assim como pelo rigor e pela precisão do seu método. 
Assim, criou a antiginástica nos anos 70, na França. Ela define a antiginástica como 
um trabalho de prevenção que se destina a todos e é praticada em grupo onde o valor 
está na conscientização do movimento. 
 
THERÉSE BERTHERAT 
 
FONTE: Disponível em: < http://www.pucrs.br>. Acesso em: 18.12.2009. 
 
Phillipe Souchard, fisioterapeuta francês, associou-se à Mézières e hoje é 
reconhecido mundialmente como o criador do RPG. Realizou profundos estudos sobre 
anatomia dos animais e dos humanos, chegando ao método do Campo Fechado, que 
analisa o movimento humano de forma global e holística. Seu conceito sobre cadeias 
musculares: “Grupos musculares com as mesmas características histológicas e 
fisiológicas, interligadas por uma rede aponeurótica.” (Andrei, 2001). 
 
PHILLIPE E. SOUCHARD 
 
58 
 
http://www.ipsrpg.com.br/rpg-souchard.html 
 
Godelieve Denys Struif, fisioterapeuta e retratista, concebeu um conjunto de 
posturas designativas de estados “psicofísicos” e personalísticos específicos. 
Desenvolveu o método GDS. “O indivíduo se estrutura sobre a sua história de 
vida. As cadeias musculares irão moldar o indivíduo de acordo com as suas 
necessidades de expressão corporal” (Andrei, 2001). 
 
GODELIEVE DENYS STRUIF 
 
http://fisioterapiacomvoce.blogspot.com/2013/07/o-metodo-gds-as-cadeias-
musculares-de.html 
 
Leopold Busquet criou o mais dinâmico dos métodos neo-mézièristas. Grande 
conhecedor da anatomia humana, Leopold Busquet concebeu um conjunto de várias 
cadeias dinâmicas (cadeias de flexão e extensão, cadeias cruzadas), para além de 
uma cadeia estática posterior. Para ele, as Cadeias Musculares baseiam-se em três 
princípios: equilíbrio, economia e conforto. O tratamento é feito de forma analítica 
(liberação de zonas chaves) e global para rearmonizar a fisiologia das cadeias 
musculares. 
59 
 
 
LEOPOLD BUSQUET 
 
FONTE: Disponível em: < www.methode-
gds.com/images/equipe/godelieve.jpg>. Acesso em: 17.12.2009 
 
Michael Nisand, responsável por um método criado nos anos 90, logo após a 
morte de Françoise Mézières; sendo este o mais “neurológico” dos métodos, pois 
valoriza todas as modalidades de trabalho postural que facilitem a “inibição tônica” da 
musculatura postural. 
MICHAEL NISAND 
 
FONTE: Disponível em: < www.methode-
gds.com/images/equipe/godelieve.jpg>. Acesso em: 17.12.2009 
 
 
 
60 
 
DEFINIÇÃO DE CADEIAS MUSCULARES 
 
 
A noção de cadeias musculares vem, prioritariamente, da organização que 
unifica o sistema locomotor. Uma organização que unifica o corpo, da cabeça às mãos 
e aos pés. 
Segundo definição de Busquet, as cadeias musculares são circuitos 
anatômicos onde se propagam as forças organizadoras do corpo, onde se estruturam 
as compensações. 
 
MÉTODO RPG (REEDUCAÇÃO POSTURAL GLOBAL) 
 
 
É um método criado na França em 1980, pelo fisioterapeuta francês Phillipe 
Emanuel Souchard, que, com os conceitos iniciais de cadeias musculares aprendidos 
com Mézières, desenvolveu o método hoje conhecido como RPG. 
O RPG é um método manual para liberar pontos de tensão apresentados nas 
diferentes cadeias e dar nova função, preservando ou restituindo o equilíbrio estático 
e dinâmico. 
O tratamento pelo RPG visará reequilibrar as fontes de tensões musculares, 
articulares, viscerais, cranianas que estão na origem das compensações, das 
deformações. 
O tratamento com RPG é realizado através de posturas estáticas, com o 
objetivo de atuar neste conjunto de cadeias musculares, de modo que os músculos 
estáticos sejam alongados, enquanto que os dinâmicos devem ser contraídos. 
As posturas são feitas em conjunto com exercícios respiratórios, no qual o 
paciente faz 80% do trabalho, seguindo orientação do fisioterapeuta. O tratamento 
pode durar de três meses a dois anos, com uma sessão semanal de 50/60 minutos. 
Sendo assim, partindo da consequência até a causa do problema, o RPG busca 
reencontrar a boa morfologia corporal e solucionar os problemas relacionados a ela. 
Segundo Souchard, cinco são as cadeias musculares que serão avaliadas e 
que poderão sofrer atuação: a inspiratória, a posterior, a anterointerna da bacia, a 
anterior do braço e a anterointerna do ombro. 
 
61 
 
 Cadeia inspiratória 
 
 Compreende os músculos escalenos, peitoral menor, intercostais, diafragma e 
seu tendão. 
Em caso de encurtamento desta cadeia não mais será possível alongar a nuca, 
soltar os ombros ou corrigir a lordose lombar sem acarretar um bloqueio inspiratório. 
No caso de retração mais evidente dos escalenos e peitorais menores, a região 
superior do tórax será particularmente afetada. Quando da retração mais evidente do 
diafragma e seus pilares, as seis últimas costelas colocar-se-ão em posição de 
inspiração. Consequentemente, a expiração levará os ombros e a nuca para frente e 
então poderá realizar-se corretamente graças a uma compensação: a flexão dorsal 
anterior. 
Comprometimentos desta cadeia: protração dos ombros, tórax inspiratório, 
protração da cabeça e aumento da lordose lombar. 
 
Cadeia posterior 
 
 Compreende os músculos espinhais, glúteo máximo, isquiotibiais, poplíteo, 
tríceps sural e os da planta do pé. 
O encurtamento dos espinhais altera a harmonia das curvas vertebrais: nuca 
curta e cabeça elevada, ausência de cifose dorsal e/ou hiperlordose lombodorsal. O 
encurtamento dos músculos estáticos dos membros inferiores impede o bom 
posicionamento de diferentes segmentos: joelho varo ou valgo, calcâneo varo ou 
valgo, de acordo com a predominância da rigidez dos músculos da coxa, da panturrilha 
ou da planta do pé. 
Comprometimentos desta cadeia: elevação da cabeça, desequilíbrios das 
curvas vertebrais, coxofemural aberto, alterações do joelho e calcâneo (varo ou 
valgo), ângulo tíbiotársico aberto ou fechado. 
 
CADEIA MESTRA POSTERIOR 
62 
 
 
FONTE: Souchard: Reeducação postural global, 2007. 
 
ENCURTAMENTO CADEIA POSTERIOR 
 
FONTE: Struyf: Cadeias musculares e articulares, 1995. 
 
 
63 
 
Cadeia anterointerna do ombro 
 
 É constituída pelo subescapular, coracobraquial e peitoral maior. Prolongase 
pela cadeia anterior do braço. A perda de flexibilidade desta cadeia ocasiona adução 
e rotação medial do braço. 
Comprometimento desta cadeia: adução de ombros e rotação medial dos 
ombros. 
 
 
Cadeia anterior do braço 
 
 Suspensores do braço, do antebraço, da mão e dedos. Trapézio superior, 
deltoide médio, coracobraquial, bíceps, braquiorradial, pronador redondo, palmares, 
flexores dos dedos e os músculos da região tenar e hipotenar. 
Comprometimento desta cadeia: ombros elevados, cotovelo fletido, pronação 
de antebraço e flexão de punhos e dedos. 
 
CADEIA ANTERIOR DO BRAÇO 
 
www.reeducacaopostural.blogspot.com> 
 
 
64 
 
Cadeia anterointerna da pelve 
 
Iliopsoas, adutores pubianos (pectíneo,adutor curto, adutor longo, grácil e 
porção anterior do adutor maior). Em cima ela continua pelos espinhais graças à ação 
lordosante desses músculos sobre os ilíacos e a coluna lombar. Embaixo, sendo o 
psoas e adutores pubianos flexores e rotadores internos do fêmur, quando o indivíduo 
está em pé, ela prolonga-se com o poplíteo, a panturrilha e os músculos plantares. 
A retração desta cadeira acarreta uma adução rotação interna dos fêmures e 
uma hiperlordose lombar. 
Comprometimentos desta cadeia: aumento da lordose lombar, flexão de 
quadril, rotação medial e adução do quadril, joelhos valgos. 
 
CADEIA ANTEROINTERNA DA PELVE 
 
www.reeducacaopostural.blogspot.com 
 
AS CADIAS MUSCULARES SEGUNDO SOUCHARD 
 
65 
 
FONTE: Souchard: Reeducação postural global, 2007. 
 
POMPAGENS 
 
 As cadeias de fáscias são virtuais, existem apenas na teoria fisiológica. Dizem 
respeito apenas à função mecânica que utiliza diversos órgãos. Esses órgãos 
encontram-se ligados entre si pelo tecido conjuntivo, das fáscias, das aponeuroses e 
etc. 
As pompagens serão utilizadas dentro de uma posição precisa, que Françoise 
Mezières denominou “postura”. Esta posição é em decúbito dorsal, nuca em extensão. 
Os dois membros inferiores alongados fletidos a 90 graus sobre o quadril, os dois pés 
em talo. Esta posição coloca toda a musculatura posterior, antigravitacional, sob 
tensão. 
 
APONEUROSE SUPERFICIAL 
 
 Essa grande aponeurose é, seguramente, a mais importante de toda a 
anatomia, recobrindo toda a face externa do corpo. 
Por ser a maior e principal aponeurose, torna-se um órgão mecânico da 
coordenação motora, fazendo parte de várias cadeias igualmente, tornando-se assim 
foco principal nas intervenções posturais. 
A aponeurose superficial é composta por um conjunto de todas as 
aponeuroses; esta envolve o corpo e tem poucas inserções fixas; além disso, muitas 
dessas inserções ocorrem sobre ossos móveis, como por exemplo, a fíbula, e envolve 
profundamente todo o sistema contrátil muscular. Diante da visão deste conjunto 
membranoso, conseguimos compreender que uma falta de mobilidade em um local 
qualquer possa provocar uma lesão à distância. 
A aponeurose superficial apresenta-se como duas aponeuroses simétricas, 
recobrindo paralelamente cada hemilado corporal. Sua inserção ocorre na porção 
posterior, ao longo da coluna e, na frente, sobre o esterno e a linha alba. 
Essa visão de uma aponeurose única, sempre em conjunto com suas 
extensões, leva a uma noção fundamental da base dos métodos globais de 
alongamentos posturais. Não há deformidade ou correção única, isolada ou 
localizada. No tratamento de deformidades ou limitações com base nos princípios da 
66 
 
reeducação postural, e tendo em vista a funcionalidade aponeurótica, observa-se que 
o mesmo deve ser realizado de forma global. 
 
CADEIA PROFUNDA CERVICOTORACOABDOMINAL 
 
 É considerada a mais sólida e mais volumosa fáscia da anatomia. Devido à 
união de três pontos de sustentação é chamada de cadeia dos três diafragmas, ao 
qual se unem os quatro membros. A porção superior suspende o diafragma na base 
do crânio e na coluna cervicodorsal alta que comanda os membros superiores; a 
porção inferior suspende os membros superiores ao diafragma e a coluna lombar. O 
diafragma é dessa forma, a ligação entre os dois níveis. 
O diafragma não é um músculo, e sim um conjunto tendinomuscular constituído 
por oito músculos digástricos e sendo o diafragma um conjunto membranoso, 
geralmente adapta-se aos movimentos do tronco e às deformidades torácicas que 
esses movimentos acarretam. 
A lâmina fibrosa pré-vertebral ocupa um lugar muito importante na evolução 
escoliótica por ser considerada o pilar central de sustentação. Ela se origina no 
occipital pela aponeurose cervical profunda. Na região do mediastino é constituído 
pelo espessamento posterior da fáscia endocárdica. Até T4 ela se encontra unida à 
coluna, em seguida, separa-se dela para com ela manter contato apenas por meio de 
pequenos tratos fibrosos ricos em receptores sensitivos. Na região abdominal e 
pélvica, ela se prolonga até o sacro pelo espessamento da fáscia parietal. Ao longo 
desse trajeto, ela volta a se colar à coluna lombar e sacra a partir de L1. 
Na porção superior, ela se liga ao membro superior até T4 pela aponeurose 
dos trapézios, em baixo ao membro inferior a partir de L1 pela aponeurose do psoas 
e a fáscia ilíaca. Ela se separa da coluna vertebral entre T4 e L1, zona de rotação do 
tronco para permitir a rotação do sistema cruzado. Assim ela forra a coluna óssea em 
todo o seu comprimento, mas tensiona a zona entre T4 e L1 como a corda de um arco. 
Marcel Bienfait recuperou esse procedimento para utilização em fisioterapia, 
sistematizando e classificando as diferentes manobras. 
 
As pompagens são realizadas em três tempos: 
 
67 
 
1) Tensionamento do segmento: deve ser feito até o limite da elasticidade 
fisiológica da estrutura musculoaponeurótica. Se esse tensionamento ultrapassá-la, 
haverá reação através de um reflexo miotático direto. O fisioterapeuta deve alongar 
de forma lenta, regular e progressivamente as fibras até o limite de sua elasticidade. 
A pompage é uma manobra simples e leve, porém, difícil de executá-la 
convenientemente. O tensionamento é mantido por 20 a 30 segundos, durante os 
quais o paciente realiza de três a quatro expirações relaxantes. Retorno lento e 
cuidadoso; 
2) Manutenção do tensionamento, que será maior ou menor de acordo com 
o objetivo que se procura; 
3) Retorno à posição inicial, que ocorrerá lentamente e cuja velocidade 
também será determinada de acordo com o objetivo perseguido; 
4) Repetições: a manobra deve ser repetida de até 5 vezes. 
 
OBJETIVOS DA POMPAGE 
 
1) Relaxamento muscular: em casos de contratura e retrações, as moléculas 
de actina e miosina interpenetram-se excessivamente, havendo, assim, diminuição do 
comprimento muscular. A pompage, realizada no sentido das fibras musculares, 
promove o deslizamento dessas moléculas em sentido contrário e aumenta o 
comprimento total do músculo. 
• No primeiro momento, de maneira lenta, regular e progressivamente, a 
estrutura muscular é tensionada até onde permitir, para não haver reflexo miotático. 
A forma de proceder nesse primeiro tempo é a mesma, seja qual for o tipo de pompage 
que se realize; 
• No segundo momento, a tensão obtida deve ser mantida. Esse é o tempo 
principal da pompage muscular; 
• No terceiro momento é o tempo de retorno, que deve ser realizado 
lentamente, uma vez mais, para não provocar um reflexo contrátil do músculo. Este 
tipo de pompage pode ser realizada isolada ou segmentarmente, preparando uma 
determinada região para a realização da postura; ou pode ser realizada dentro de uma 
postura com objetivo corretivo, sendo que neste momento a retração será combatida, 
sem que haja compensações em outras regiões, através do relaxamento do músculo 
em questão durante um tensionamento geral. 
68 
 
 
POMPAGE DE TRAPÉZIO 
 
www.centrodesaopaulo.com.br/fisioterapia 
 
POMPAGENS PREPARATÓRIAS 
 
Pompage global 
 
Esta manobra independente de qualquer mobilização global da fáscia, 
relaxando todas as tensões à distância. É agradável ao paciente e relaxa fisicamente. 
• O paciente deve-se posicionar em decúbito dorsal, com os membros 
inferiores alongados e não cruzados, seus braços ao longo do corpo e relaxados, 
palmas das mãos voltadas para o teto; 
• O fisioterapeuta senta-se à cabeceira do cliente, com os antebraços 
apoiados sobre a mesa. Escorrega suas duas mãos sob o occipital repousando em 
suas palmas. Os polegares devem apoiar-se contra as têmporas, os indicadores sobre 
as apófises mastóideas, a extremidade dos outros dedos levemente fletidas ao longo 
da linha curva occipital superior; 
• A pompage deve ser realizada de maneira suave e simétrica

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