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CONSOLIDAÇÃO DO SOLOS MOLES COM O USO DE ELETRO-OSMOSE Autoria*: Julyana de Oliveira Costa, Lucas Mendes de Oliveira, Jeferson Reis dos Santos Orientador**: Prof. Márcio Augusto Lima Teodoro RESUMO O presente trabalho descreve a utilização de um novo tipo de geossintético que tem as funções de drenagem, filtração e de direcionar e acelerar o fluxo de água livre no solo juntamente com um metodo pouco usado para aceleração do recalque em solos moles, que é o metodo da eletro-osmose. Eletrodos são incorporados a drenos verticais (DV) para formarem geossintéticos condutores elétricos (GCEs). Para conhecer esta nova técnica, foram feitos ensaios em duas caixas experimentais, utilizando-se a técnica convencional com drenos verticais + sobrecarga em uma e a nova tecnologia dos geossintéticos condutores elétricos + o metodo da eletro- osmose em outra. Com instrumentação simples, registrou-se o comportamento do recalque do solo mole (argila + silte), concluindo-se que ao aplicar eletricidade o gradiente elétrico tornou-se maior que o gradiente hidráulico provocando a consolidação do solo mais rapidamente. PALAVRAS-CHAVE: Eletro-osmose. Drenos Verticais. Consolidação. Solo mole. Eletricidade. Consolidation of soft soils with the use of electro-osmosis ABSTRACT The present work describes the use of a new type of geosynthetic that has the functions of drainage, filtration and of directing and accelerating the flow of free water in the soil together with a little used method for acceleration of the repression in soft soils, which is the method of electro-osmosis. Electrodes are incorporated into vertical drains (DV) to form electrical conducting geosynthetics (GCEs). In order to know this new technique, tests were done in two experimental boxes, using the conventional technique with vertical drains + overhead in one and the new technology of the electrical conductive geosynthetics + the electro-osmosis method in another. With simple instrumentation, the behavior of the soft soil repression (clay + silt) was recorded, concluding that when applying electricity the electric gradient became larger than the hydraulic gradient causing soil consolidation faster. KEY WORDS: Electro-osmosis. Vertical Drains. Consolidation. Just soft. Electricity. *Alunos do curso de Engenharia Civil E-mail: jefersoneis@hotmail.com, julianaoliveirac96@gmail.com, lucasmendesdeoliveira1995@gmail.com **Professor do curso de Engenharia Civil E-mail: marcioteodoro2004@yahoo.com.br mailto:jefersoneis@hotmail.com mailto:jefersoneis@hotmail.com mailto:lucasmendesdeoliveira1995@gmail.com mailto:marcioteodoro2004@yahoo.com.br 1 INTRODUÇÃO Durante os últimos 25 anos houve um aumento exponencial no uso de materiais geossintéticos poliméricos direcionados para engenharia civil e ambiental (NASCIMENTO, NETO E PALMEIRA, 2014, p.1). As funções destes materiais podem ser filtração, drenagem, separação, reforço e ação. Uma recente tendência é otimizar o uso de materiais geossintéticos criando combinações de geotêxtil, geogrelha, geomembrana e/ou outros materiais para formar geocompostos (NASCIMENTO, 2014, p.1). Trabalhando-se com este raciocínio de geocompostos, novos usos e aplicações de geossintéticos podem ser criados incorporando o fenômeno da cinética de elétrons com as tradicionais funções dos materiais geossintéticos: a eletricidade é usada para acelerar a consolidação do solo mole, método conhecido por eletro- osmose. Este método consiste em introduzir no solo dois tipos de eletrodos e aplicar uma corrente eléctrica contínua, provoca-se assim a migração de água da região onde se instalam ânodos para aquela em que se instalam cátodos, caracterizada como ponto em que se remove a água. Através desse método em que a eletricidade é usada para acelerar a consolidação do solo mole, é necessário o desenvolvimento de uma nova linha de materiais geossintéticos (ou geocompostos) que são condutores elétricos. Um geossintético com esta característica está referenciado como um geossintético eletro-cinético (GEC) (Hamir et al., 2001), geossintético condutor elétrico (GCE) ou dreno vertical condutor (DVC). Recentemente, no continente europeu e asiático, a eletro-osmose foi associada a drenos verticais pré-fabricados para acelerar o processo de consolidação de solos moles. No Brasil, Nascimento (2005), aplicou esta técnica visando acelerar o processo de recalque de uma argila mole do Distrito Federal e, consequentemente, aumentar a resistência mecânica e diminuir a compressibilidade deste solo. Este estudo utilizou a técnica convencional de sobrecarga com drenos verticais pré- fabricados (DVPs), como também adicionando a esta técnica os antigos conhecimentos da eletro-osmose, formando nova tecnologia de geossintéticos. Partindo do que é observado nesta tecnologia, e levando em consideração o funcionamento completo do processo de drenagem e consolidação dos solos moles, a pergunta que orientará esta pesquisa consiste em avaliar: é possível o tratamento com a combinação de geossintéticos e o método da eletro-osmose para aproveitamento desses solos. 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 Solos moles 2.1.1 Definição e características Define-se como solo mole aquele no qual a resistência não drenada da argila é inferior a 25 KPA (Kilopascal) (TERZAGHI, 1943 apud ALMEIDA; MARQUES, 2014). Pode-se definir também por meio de ensaio de sondagens à percussão, onde solos muito moles são os solos ensaiados que apresentam resultados do índice de resistência à penetração dinâmica (Nspt) menores que dois e moles quando apresentam valores entre três e cinco (NBR 7250, 1982). Esses solos também chamados de solos compressíveis, são geralmente constituídos por uma alta porcentagem de material orgânico e alto teor de umidade. São solos finos (argilas e siltes) caracterizados principalmente por apresentarem baixa permeabilidade e baixa resistência ao cisalhamento, alta compressibilidade e elevados tempos de adensamento, consequência da dificuldade de percolação. 2.1.2 Classificação dos Solos Moles Os critérios para classificação dos solos moles são: 2.1.2.1 Índice de consistência (IC) < 0,5: IC = (LL – W) / (LL – LP) (1) Onde: LL = Limite de Liquidez; w = teor de umidade; LP = Limite de Plasticidade. A Tabela 1 apresenta a classificação adotada usualmente. Tabela 1 - Consistência da argila em função do índice de consistência Índice de consistência Consistência da argila < 0,5 Mole 0,5 a 0,75 Média 0,75 a 1 Rija > 1 Dura Fonte: (Adaptado de Pinto, 2006). 2.1.2.2 Resistência a compressão simples ≤ 50 kPa: A resistência a compressão simples é a carga necessária para levar o corpo de prova à ruptura, dividida pela área da seção transversal desse corpo. A Tabela 2 apresenta a classificação adotada usualmente. Tabela 2 - Consistência da argila em função da resistência à compressão simples Resistência (kPa) Consistência da argila <25 Muito mole 25 a 50 Mole 50 a 100 Consistência média 100 a 200 Rija 200 a 400 Muito rija > 400 Dura Fonte: (Adaptado de Pinto, 2006). 2.1.2.3 NSPT (Índice de Resistência à Penetração) Segundo Teixeira (1974), argilas e siltes argilosos são classificados em função do NSPT (nº de golpes necessários para penetração no solo dos 30 cm finais do amostrador padrão no ensaio SPT - Standard Penetration Test) de acordo com a Tabela 3: Tabela 3 - Consistência das argilas NSPT Classificação < 2 Muito mole 2 – 4 Mole 4 – 8 Média (o) 8 – 15 Rija (o) 15 – 30 Muito rija (o) > 30 Dura (o) Fonte: (Teixeira, 1974). Assim, conclui-se que em relação ao Índice de Resistência à Penetração (NSPT), solos moles são argilas ou siltes argilosos que apresentam NSPT menor ou igual a 4. 2.2 Soluções para obras sobre solos moles 2.2.1 Aterrossobre solo mole Para o dimensionamento de aterros sobre solos moles, deve ser analisada a estabilidade do aterro logo após a construção e os recalques previstos ao longo do tempo. Um fator de grande relevância nos estudos do comportamento dos aterros e obras sobre solos moles corresponde, às análises de suas condições de estabilidade interna (aterro), estabilidade externa (fundação) e estabilidade global (aterro + fundação). Tendo em mãos novas tecnologias, é possível aproveitar áreas consideradas inadequadas do ponto de vista técnico e financeiro, viabilizando construções das mais diversas em praticamente qualquer lugar que se deseje. Dentre estas é viável citar o uso de geossintéticos como geotêxteis e geogrelhas para melhorar as propriedades mecânicas dos solos, ainda há técnicas mais antigas, como remoção de solo, que consiste em substituir camadas ruins de solo por outras melhores. Segue também como consideração, o fato de que as técnicas não se excluem e podem ser utilizadas conjuntamente, melhorando camadas específicas cada uma ou sendo utilizadas com o mesmo propósito e no mesmo contexto. 2.2.2 Intervenções convencionais De modo geral, existem muitos métodos para tratativa dos solos moles, e as intervenções estão agrupadas basicamente dentro de três grupos de atuação: Desvio; Remoção; Tratamento e construção. A mudança de projeto ou a escolha de outra área para a construção seria um exemplo de evitar o problema, embora em certos casos não possa ser praticada. 2.2.2.1 Substituição (total ou parcial) do solo mole A técnica de substituição da camada de solo mole é a mais antiga e usual forma de atuação em situações de camadas pouco espessas, esta substituição consiste na retirada, total ou parcial desses solos, por meio de dragas ou escavadeiras e na imediata colocação de aterro em substituição ao solo mole. Porém, em espaços urbanos, é difícil obter áreas para a disposição deste material escavado, além da questão ambiental associada a essa disposição. 2.2.2.2 Aplicação de sobrecargas temporárias Entende-se como aterro convencional aquele que é executado sem dispositivos de controle de recalque ou de estabilidade. O usual é executar o aterro com sobrecarga temporária, essa sobrecarga tem dois objetivos principais: a aceleração dos recalques por adensamento primário e a compensação, total ou parcialmente, dos recalques compressão secundária (ALMEIDA e MARQUES, 2010). Após estabilização dos recalques, retira-se essa sobrecarga, que pode ser transferida para outro local da obra. Uma desvantagem desta técnica é o prazo para a estabilização dos recalques, geralmente muito grande, devido à baixa permeabilidade dos depósitos de solo mole. 2.2.2.3 Bermas de Equilíbrio Bermas de equilíbrio são elementos utilizados para garantir a estabilidade global do conjunto formado pelo solo mole e pelo aterro, de modo que a estrutura compense os momentos instabilizantes com consequente aumento do fator de segurança. Cabe salientar que restrições de espaço e de material disponível podem inviabilizar o uso de bermas de equilíbrio. 2.2.3 Intervenções com Geossintéticos Segundo Sgarbi (2011) geossintéticos são produtos industrializados poliméricos (sintéticos ou naturais), cujas propriedades contribuem para melhoria de obras geotécnicas, nas quais eles desempenham principalmente funções de reforço, filtração, drenagem, proteção, separação, controle de fluxo (impermeabilização) e controle de erosão superficial. A grande versatilidade destes produtos, associada ao desenvolvimento tecnológico das últimas décadas, os torna presentes e indispensáveis em praticamente todas as obras geotécnicas da atualidade. Suas propriedades os tornam também grandes aliados dos geotécnicos na solução ou na prevenção de problemas ambientais. Os geossintéticos mais utilizados em aterros de solos moles são as geogrelhas que e os geotêxteis. As geogrelhas são materiais sintéticos em forma de grelha, desenvolvidos especificamente para reforços de solos, que podem ser unidirecionais ou bidirecionais. Utilizar as geogrelhas em aterros de solos moles constitui-se em uma solução econômica, segura, de rápida execução e de menor impacto. 2.2.3.1 Drenos Verticais Os primeiros drenos verticais eram de areia, porém atualmente é muito difundido o uso de drenos pré-fabricados, conhecidos como geodrenos ou drenos fibroquímicos. O dreno vertical, ou geodreno, é aplicado com o intuito de acelerar a velocidade de recalque de construções executadas sobre solos moles, podendo reduzir o tempo de ocorrência destes, de anos para apenas alguns meses. É constituído por um núcleo maciço de PEAD – Polietileno de Alta Densidade, do qual saem diversas pequenas paredes verticais nos dias faces, formando canais. O núcleo é envolvido em um geotêxtil não-tecido, o qual funciona como filtro e separador, deixando apenas a água penetrar no dreno. A água captada pelo dreno é conduzida através dos canais do núcleo até a superfície do terreno, sendo drenada pela camada de dreno superior, colocada na superfície do terreno. 2.3 Eletro-osmose Se dois eletrodos são cravados em um solo saturado e faz-se passar uma corrente elétrica de um ao outro, a água contida no solo migra do eletrodo positivo (ânodo) para o negativo (cátodo). Se o cátodo é um poço filtrante a água deposita-se nele, de onde pode ser removida. Segundo Nascimento (2005, p. 18) o movimento da água é devido ao fato da superfície das partículas do solo carregarem carga negativa: A negatividade da superfície das partículas de argila é causada pela substituição isomórfica de átomos de alumínio ou sílica por átomos de valência mais baixa dentro da estrutura cristalina da mesma. Em consequência, os íons da água que são carregados positivamente são atraídos para as partículas de solo argilosas e a película da água adjacente (livre) a este solo continua carregada positivamente devido à preponderância dos íons positivos. Estes íons positivos, que se acham concentrados na água próximos às partículas de solo, são atraídos pelo eletrodo negativo e repelidos pelo positivo. Desta forma, a camada positiva juntamente com colunas de água neutra envolvida migram para o cátodo. (NASCIMENTO, 2005, p. 18). 2.3.1 Consolidação dos solos moles Por Eletro-Osmose O processo de consolidação dos solos por eletro-osmose pode ser explicado da seguinte forma: A aplicação de um gradiente elétrico pode ocorrer em uma massa de solo se dois eletrodos são cravados em um solo saturado e faz-se passar uma corrente elétrica de um eletrodo ao outro; assim, a água contida no solo migra do eletrodo positivo (ânodo) para o negativo (cátodo). Se a água é removida no cátodo, o solo decresce em volume (isto é, consolida-se) em quantidade igual ao volume de água removida. A resistência do solo é aumentada por este decréscimo de volume, processo chamado de consolidação por eletro-osmose. Existe um grande número de teorias relatando o fenômeno de eletro-osmose. Segundo Mitchell (1991), a mais utilizada para explicar fluxo hidráulico sob eletro-osmose é a Teoria de Holtz- Smoluchowski. 2.3.2 Teoria de Holtz-Smoluchowski Por analogia com a lei de Darcy, o fluxo eletroosmótico, produzido pela aplicação de campo elétrico é dado pela expressão: Qe = Ke.ie.A (2) Onde: Qe é a vazão eletro-osmótica (L3T-1); Ke é o coeficiente de permeabilidade eletroosmótico (L2T-1V(*)-1); A é a área da seção transversal normal à direção do fluxo (L2); ie é o gradiente elétrico (V(*)L-1). Pode-se obter o gradiente elétrico através da diferença de voltagem entre os eletrodos dividido pela distância entre os mesmos. O coeficiente de permeabilidade eletro-osmótico é uma propriedade do solo que indica a velocidade do fluxo hidráulico sob um gradiente elétrico unitário e é entãoanálogo à permeabilidade hidráulica, que é a velocidade do fluxo sob um gradiente hidráulico unitário. A medida de Ke pode ser feita pela determinação da razão de fluxo de água através de uma amostra de comprimento e seção transversal conhecidos, sob um gradiente elétrico também conhecido. Por meio de experimentos, é sabido que Ke está geralmente no intervalo de 1 x 10-9 a 10 x 10-9 m2/s/V e que este é relativamente independentemente do tipo de solo, mas sensível à concentração eletrolítica da água (Mitchell1976). 2.3.3 Consumo Energético O consumo de energia é um fator importante na análise de viabilidade de um projeto de adensamento eletro osmótico. A energia, E (Wh/m³) calculada por metro cúbico de solo tratado, pode ser estimada em função da condutividade elétrica do solo, σe (S/m), do gradiente de potencial elétrico, 𝑖𝑖 (V/m) e do tempo de tratamento, t (Horas), através da equação 3. Essa equação pode ser utilizada como estimativa do consumo energético, pois, no decorrer do tratamento a condutividade elétrica do solo sofrerá modificações. E = α. θe.ie².t (3) Na equação 3, consta ainda um fator relacionado a aplicação de corrente intermitente e denominado fator de intermitência, α, dado pela equação 4. O procedimento de corrente intermitente consiste na aplicação de pulsos de corrente no decorrer do ensaio de adensamento, através de intervalos de sistema de energia ligado (tlig) intercalados com intervalos de sistema desligado (tdes). Em experimentos que utilizam corrente constante, ou seja, sem intermitência o valor de α será igual a 1. α = tlig.(tlig + tdes) (4) 2.3.4 Condutividade elétrica do solo De modo similar à equação de Ohm, a condutividade elétrica (σe) é considerada nos sistemas solo-água, como sendo proporcional ao inverso da resistividade elétrica, conforme a Equação 5. σe = (1/R) . (L/A) (5) Onde: R = resistividade elétrica (ohm); L = comprimento da amostra (m); A = área da seção transversal da amostra. O valor da condutividade elétrica de um solo saturado, varia de 0,0001 a 0,01 Siemens/cm sendo dependente de fatores como porosidade, grau de saturação, mineralogia, trajetória e tamanho das partículas, forma e superfície de condutância, estrutura do solo, cimentação e temperatura. Tais medidas são usadas nos campos de engenharia petrolífera, mapeamento e prospecção geofísica e mecânica dos solos. 2.4 Metodologia Para descrever o processo de consolidação do solo, processo do qual a água vai sendo progressivamente expulsa do solo argiloso gerando uma diminuição da espessura do estrato (devido redução de água e vazios) e, logo, um assentamento da superfície do terreno, optou-se por fazer uma pesquisa experimental aplicando-se à esse procedimento a técnica eletro-osmótica junto ao geodreno, geossintético que melhor se associa a essa tecnologia, através do ensaio especificado a seguir, bem como os procedimentos metodológicos criados e empregados ao longo da demonstração. 2.4.1 Procedimentos Metodológicos O solo utilizado nos ensaios foi escavado em um lote na região metropolitana de Belo horizonte. Ensaio de granulométria mostrou que esse solo apresentava as proporções de 25% e 75% de areia e (silte + argila) respectivamente. A preparação do solo mole foi feita homogeneizando-se o solo argiloso com água tratada. Entre a camada de solo mole (34 cm) e a sobrecarga de areia (20 cm), foi instalada uma manta de geotêxtil com a função de separação entre as duas camadas. Para a drenagem horizontal da aguadas duas caixas, foram feitos o sistema de drenagem mostrado na figura 1. Figura 1 – Sistema de drenagem horizontal referente as duas caixas Fonte: Elaborado pelos Autores. Elaborou-se a experiência com instalação de drenos verticais em duas caixas experimentais para consolidação simultânea, onde os drenos feitos de haste de aterramento de cobre revestidos com uma manta de drenagem, conforme a figura 2. Figura 2 - Drenos Verticais Fonte: Elaborado pelos Autores. As caixas são de isopor tendo o formato retangular com as seguintes dimensões: 0,62 m x 0,41 m x 0,54 m (largura x comprimento x profundidade), perfazendo um volume útil de 0,14 m³. Em uma das caixas, o solo mole foi tratado através do processo de eletro-osmose juntamente com sobrecarga, e os drenos verticais instalados tiveram a função de direcionar e acelerar o fluxo de água como também a função de filtro e dreno para extração da água. Em outra caixa, o tratamento foi feito convencionalmente através da mesma sobrecarga no solo mole, ou seja, sem o processo de eletro-osmose e o geossintético teve apenas a função de filtro e dreno. Entre a camada de solo mole e a sobrecarga de areia, foi instalada uma manta de poliéster com a função de separação entre as duas camadas, conforme a figura 3. Figura 3 – Manta de poliéster para separação do solo mole e a sobrecarga. Fonte: Elaborado pelos Autores. O material utilizado como sobrecarga para induzir a consolidação da argila é uma areia de coloração amarela, comercialmente chamada de areia saibrosa. Como já mencionado, utilizou-se o geodreno convencional com a função de drenagem e filtração. Anexado ao mesmo, uma haste de aterramento padrão de cobre e uma cordoalha também de cobre foram usados como eletrodos em momentos diferentes, com a função de acelerar e direcionar o fluxo horizontal para o geodreno específico, formando assim, o geodreno condutor elétrico (GCE). 2.4.2 Ensaio nas Caixas Experimentais Visto que eletro-osmose é o processo pelo qual a água livre move-se do ânodo ao cátodo sob aplicação de corrente direta, foram instalados 2 eletrodos conectados ao pólo negativo da fonte (GCE cátodo) e 6 eletrodos conectados ao pólo positivo (GCE ânodo) em massa de solo saturado, com a configuração da Figura 4. Estes eletrodos foram conectados inicialmente a uma fonte com 12 V de diferença de potencial e uma capacidade de corrente máxima de 30 A. Figura 4 – Configuração dos Geossintéticos Condutores Elétricos (GCE) - Caixa 2 Fonte: Elaborado pelos Autores. Na outra caixa foram utilizados apenas drenos verticais convencionais com a configuração da Figura 5. Figura 5 – Configuração dos Drenos Verticais (DVP) – Caixa 1 Fonte: Elaborado pelos Autores. As caixas experimentais foram monitoradas através da placa de recalque para medida de recalque com um intervalo de tempo de 10 dias, e a fonte utilizada possui uma tensão de 12 volts e uma corrente de 30 amperes. 2.5 Resultados As caixas experimentais foram monitoradas através da placa de recalque para medida de recalque. A ação da sobrecarga sobre o solo mole saturado e com o geossintético condutor elétrico presente no ensaio, forçou a água a encontrar um caminho para ser retirada da argila, que foi o fundo da caixa pelo furo de escoamento. Assim, essa fuga da água pelo furo de escoamento confirma que o processo de eletro-osmose foi iniciado e que este realmente pode ajudar na aceleração da consolidação da argila mole com a retirada de água através dos geossintéticos condutores elétricos (GCEs). As medidas de recalque mostram que no ensaio com método convencional (Geodreno + Sobrecarga) houve um deslocamento de 13 mm, em 10 dias. Para o processo que utilizou a eletricidade, houve um deslocamento de 20 mm, no mesmo intervalo de tempo. A camada de argila que utilizou o processo de eletro-osmose recalcou 50 % a mais que a camada de solo que utilizou o processo convencional. Este aumento é relativamente considerável. 3 CONCLUSÃO Duas caixas foram utilizadas com a finalidade de comparar dois processos que aceleram a consolidação de solos finos: um é a técnica convencional da aplicação de sobrecarga e drenos verticais pré-fabricados, o outro consiste em somar a esta técnicao efeito da eletro-osmose. No entanto, melhorar a eficiência da consolidação através da eletro-osmose é recente e, portanto, com pouca quantidade de estudos na bibliografia mundial. Desta maneira, resolveu-se conhecer como um geossintético condutor elétrico (GCE) age e assim melhorar as propriedades de um solo fino através da consolidação. Este estudo trabalhou sobre os principais fatores para que se obtenha uma boa eficiência da consolidação usando a eletro-osmose. Além disso, verificou-se as limitações do processo tais como corrosão de elétrodos, intensidade de corrente e outros. Assim, os aspectos relevantes são: 1. O efeito de eletro-osmose foi visível, com a expulsão da água junto com o gás nos GCEs cátodos, 9 minutos após a fonte ser ligada. Isto apresentou uma evolução dos geossintéticos voltados para drenagem. Pois ao sair água após 9 minutos de aplicação de energia no GCE e o mesmo não ocorrer de forma visível na caixa com DVP, tenderá a ocorrer uma maior consolidação no processo que utilizou a eletricidade. Esta maior consolidação não ficou clara nesta pesquisa porque a energia foi aplicada apenas por algumas horas durante o período de tratamento e sem ser em tempo contínuo devido a problemas como queima da fonte. 2. Os valores de recalques também tendem a comprovar a influência do movimento eletro-cinético. Estes mostraram que o solo submetido ao processo eletro-osmótico recalcou 40% a mais que o outro processo. No entanto, esta diferença pode ser maior, porque houve levantamento do solo próximo ao GCE, podendo ter interferido na leitura da placa de recalque. Pode-se concluir, que ao aplicar uma corrente contínua, cria-se um gradiente adicional de natureza elétrica que acelera o movimento da água contida nos vazios do solo e direciona para o GCE cátodo, eliminando água e provocando a aceleração da consolidação como indicam a tendência dos resultados da instrumentação. Entretanto, há necessidade de intensificação de ensaios de pequena e grande escala para otimização dos parâmetros eletro-osmótico como corrente elétrica e voltagem aplicada para, consequentemente, aumentar a eficiência do processo eletro-cinético direcionado para consolidação de solo. REFERÊNCIAS ABNT. NBR 7250: Identificação e descrição de amostras de solos obtidas em sondagens de simples reconhecimento dos solos. Rio de Janeiro, ABR 1982. ABNT. NBR 12553: Geossintéticos - Terminologia. Rio de Janeiro, 2003. ABNT. NBR 6484: Solo – Sondagens de simples reconhecimento com SPT – Método de Ensaio. Rio de Janeiro, 2001. ALMEIDA M. S. S. Aterros sobre solos moles: da concepção à avaliação do desempenho. 1ª edição, Rio de Janeiro, Editora UFRJ, 1996. ALMEIDA, M. S.; MARQUES, M. E. S. Aterros sobre solos moles: projeto e desempenho. São Paulo: Oficina de Textos, 2010. ALMEIDA, M. S.; MARQUES, M. E. S. Aterros sobre solos moles: projeto e desempenho, 2ª edição revista e atualizada. 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