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TCC CONSOLIDAÇÃO DO SOLOS MOLES COM O USO DE ELETRO-OSMOSE

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CONSOLIDAÇÃO DO SOLOS MOLES COM O USO DE ELETRO-OSMOSE 
 
 
Autoria*: Julyana de Oliveira Costa, Lucas Mendes de Oliveira, Jeferson Reis dos Santos 
Orientador**: Prof. Márcio Augusto Lima Teodoro 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho descreve a utilização de um novo tipo de geossintético que tem 
as funções de drenagem, filtração e de direcionar e acelerar o fluxo de água livre no 
solo juntamente com um metodo pouco usado para aceleração do recalque em solos 
moles, que é o metodo da eletro-osmose. Eletrodos são incorporados a drenos 
verticais (DV) para formarem geossintéticos condutores elétricos (GCEs). Para 
conhecer esta nova técnica, foram feitos ensaios em duas caixas experimentais, 
utilizando-se a técnica convencional com drenos verticais + sobrecarga em uma e a 
nova tecnologia dos geossintéticos condutores elétricos + o metodo da eletro- 
osmose em outra. Com instrumentação simples, registrou-se o comportamento do 
recalque do solo mole (argila + silte), concluindo-se que ao aplicar eletricidade o 
gradiente elétrico tornou-se maior que o gradiente hidráulico provocando a 
consolidação do solo mais rapidamente. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Eletro-osmose. Drenos Verticais. Consolidação. Solo mole. 
Eletricidade. 
 
Consolidation of soft soils with the use of electro-osmosis 
ABSTRACT 
 
The present work describes the use of a new type of geosynthetic that has the 
functions of drainage, filtration and of directing and accelerating the flow of free water 
in the soil together with a little used method for acceleration of the repression in soft 
soils, which is the method of electro-osmosis. Electrodes are incorporated into 
vertical drains (DV) to form electrical conducting geosynthetics (GCEs). In order to 
know this new technique, tests were done in two experimental boxes, using the 
conventional technique with vertical drains + overhead in one and the new 
technology of the electrical conductive geosynthetics + the electro-osmosis method in 
another. With simple instrumentation, the behavior of the soft soil repression (clay + 
silt) was recorded, concluding that when applying electricity the electric gradient 
became larger than the hydraulic gradient causing soil consolidation faster. 
 
KEY WORDS: Electro-osmosis. Vertical Drains. Consolidation. Just soft. Electricity. 
 
 
 
 
 
 
*Alunos do curso de Engenharia Civil 
E-mail: jefersoneis@hotmail.com, julianaoliveirac96@gmail.com, 
lucasmendesdeoliveira1995@gmail.com 
**Professor do curso de Engenharia Civil 
E-mail: marcioteodoro2004@yahoo.com.br 
mailto:jefersoneis@hotmail.com
mailto:jefersoneis@hotmail.com
mailto:lucasmendesdeoliveira1995@gmail.com
mailto:marcioteodoro2004@yahoo.com.br
1 INTRODUÇÃO 
 
 
Durante os últimos 25 anos houve um aumento exponencial no uso de materiais 
geossintéticos poliméricos direcionados para engenharia civil e ambiental 
(NASCIMENTO, NETO E PALMEIRA, 2014, p.1). As funções destes materiais podem ser 
filtração, drenagem, separação, reforço e ação. Uma recente tendência é otimizar o 
uso de materiais geossintéticos criando combinações de geotêxtil, geogrelha, 
geomembrana e/ou outros materiais para formar geocompostos (NASCIMENTO, 2014, 
p.1). Trabalhando-se com este raciocínio de geocompostos, novos usos e aplicações 
de geossintéticos podem ser criados incorporando o fenômeno da cinética de 
elétrons com as tradicionais funções dos materiais geossintéticos: a eletricidade é 
usada para acelerar a consolidação do solo mole, método conhecido por eletro- 
osmose. 
 
Este método consiste em introduzir no solo dois tipos de eletrodos e aplicar uma 
corrente eléctrica contínua, provoca-se assim a migração de água da região onde se 
instalam ânodos para aquela em que se instalam cátodos, caracterizada como ponto 
em que se remove a água. Através desse método em que a eletricidade é usada 
para acelerar a consolidação do solo mole, é necessário o desenvolvimento de uma 
nova linha de materiais geossintéticos (ou geocompostos) que são condutores 
elétricos. Um geossintético com esta característica está referenciado como um 
geossintético eletro-cinético (GEC) (Hamir et al., 2001), geossintético condutor 
elétrico (GCE) ou dreno vertical condutor (DVC). 
 
Recentemente, no continente europeu e asiático, a eletro-osmose foi associada a 
drenos verticais pré-fabricados para acelerar o processo de consolidação de solos 
moles. No Brasil, Nascimento (2005), aplicou esta técnica visando acelerar o 
processo de recalque de uma argila mole do Distrito Federal e, consequentemente, 
aumentar a resistência mecânica e diminuir a compressibilidade deste solo. Este 
estudo utilizou a técnica convencional de sobrecarga com drenos verticais pré-
fabricados (DVPs), como também adicionando a esta técnica os antigos 
conhecimentos da eletro-osmose, formando nova tecnologia de geossintéticos. 
Partindo do que é observado nesta tecnologia, e levando em consideração o 
funcionamento completo do processo de drenagem e consolidação dos solos moles, 
a pergunta que orientará esta pesquisa consiste em avaliar: é possível o tratamento 
com a combinação de geossintéticos e o método da eletro-osmose para 
aproveitamento desses solos. 
 
 
2 DESENVOLVIMENTO 
 
 
2.1 Solos moles 
 
 
2.1.1 Definição e características 
 
 
Define-se como solo mole aquele no qual a resistência não drenada da argila é 
inferior a 25 KPA (Kilopascal) (TERZAGHI, 1943 apud ALMEIDA; MARQUES, 2014). 
Pode-se definir também por meio de ensaio de sondagens à percussão, onde solos 
muito moles são os solos ensaiados que apresentam resultados do índice de 
resistência à penetração dinâmica (Nspt) menores que dois e moles quando 
apresentam valores entre três e cinco (NBR 7250, 1982). 
 
Esses solos também chamados de solos compressíveis, são geralmente 
constituídos por uma alta porcentagem de material orgânico e alto teor de umidade. 
São solos finos (argilas e siltes) caracterizados principalmente por apresentarem 
baixa permeabilidade e baixa resistência ao cisalhamento, alta compressibilidade e 
elevados tempos de adensamento, consequência da dificuldade de percolação. 
 
2.1.2 Classificação dos Solos Moles 
 
 
Os critérios para classificação dos solos moles são: 
 
 
2.1.2.1 Índice de consistência (IC) < 0,5: 
 
 
IC = (LL – W) / (LL – LP) (1) 
Onde: 
 
 
LL = Limite de Liquidez; 
w = teor de umidade; 
LP = Limite de Plasticidade. 
 
 
A Tabela 1 apresenta a classificação adotada usualmente. 
 
 
Tabela 1 - Consistência da argila em função do índice de consistência 
 
 
Índice de consistência Consistência da argila 
< 0,5 Mole 
0,5 a 0,75 Média 
0,75 a 1 Rija 
> 1 Dura 
Fonte: (Adaptado de Pinto, 2006). 
 
2.1.2.2 Resistência a compressão simples ≤ 50 kPa: 
 
A resistência a compressão simples é a carga necessária para levar o corpo de 
prova à ruptura, dividida pela área da seção transversal desse corpo. A Tabela 2 
apresenta a classificação adotada usualmente. 
Tabela 2 - Consistência da argila em função da resistência à compressão simples 
 
 
Resistência (kPa) Consistência da argila 
<25 Muito mole 
25 a 50 Mole 
50 a 100 Consistência média 
100 a 200 Rija 
200 a 400 Muito rija 
> 400 Dura 
Fonte: (Adaptado de Pinto, 2006). 
 
 
2.1.2.3 NSPT (Índice de Resistência à Penetração) 
 
 
Segundo Teixeira (1974), argilas e siltes argilosos são classificados em função do 
NSPT (nº de golpes necessários para penetração no solo dos 30 cm finais do 
amostrador padrão no ensaio SPT - Standard Penetration Test) de acordo com a 
Tabela 3: 
 
 
Tabela 3 - Consistência das argilas 
 
 
NSPT Classificação 
< 2 Muito mole 
2 – 4 Mole 
4 – 8 Média (o) 
8 – 15 Rija (o) 
15 – 30 Muito rija (o) 
> 30 Dura (o) 
Fonte: (Teixeira, 1974). 
 
 
Assim, conclui-se que em relação ao Índice de Resistência à Penetração (NSPT), 
solos moles são argilas ou siltes argilosos que apresentam NSPT menor ou igual a 4. 
 
2.2 Soluções para obras sobre solos moles 
 
 
2.2.1 Aterrossobre solo mole 
 
Para o dimensionamento de aterros sobre solos moles, deve ser analisada a 
estabilidade do aterro logo após a construção e os recalques previstos ao longo do 
tempo. Um fator de grande relevância nos estudos do comportamento dos aterros e 
obras sobre solos moles corresponde, às análises de suas condições de estabilidade 
interna (aterro), estabilidade externa (fundação) e estabilidade global (aterro + 
fundação). 
 
Tendo em mãos novas tecnologias, é possível aproveitar áreas consideradas 
inadequadas do ponto de vista técnico e financeiro, viabilizando construções das 
mais diversas em praticamente qualquer lugar que se deseje. Dentre estas é viável 
citar o uso de geossintéticos como geotêxteis e geogrelhas para melhorar as 
propriedades mecânicas dos solos, ainda há técnicas mais antigas, como remoção 
de solo, que consiste em substituir camadas ruins de solo por outras melhores. 
Segue também como consideração, o fato de que as técnicas não se excluem e 
podem ser utilizadas conjuntamente, melhorando camadas específicas cada uma ou 
sendo utilizadas com o mesmo propósito e no mesmo contexto. 
 
 
2.2.2 Intervenções convencionais 
 
 
De modo geral, existem muitos métodos para tratativa dos solos moles, e as 
intervenções estão agrupadas basicamente dentro de três grupos de atuação: 
 Desvio; 
 Remoção; 
 Tratamento e construção. 
 
A mudança de projeto ou a escolha de outra área para a construção seria um 
exemplo de evitar o problema, embora em certos casos não possa ser praticada. 
 
2.2.2.1 Substituição (total ou parcial) do solo mole 
 
 
A técnica de substituição da camada de solo mole é a mais antiga e usual forma de 
atuação em situações de camadas pouco espessas, esta substituição consiste na 
retirada, total ou parcial desses solos, por meio de dragas ou escavadeiras e na 
imediata colocação de aterro em substituição ao solo mole. Porém, em espaços 
urbanos, é difícil obter áreas para a disposição deste material escavado, além da 
questão ambiental associada a essa disposição. 
 
2.2.2.2 Aplicação de sobrecargas temporárias 
 
 
Entende-se como aterro convencional aquele que é executado sem dispositivos de 
controle de recalque ou de estabilidade. O usual é executar o aterro com sobrecarga 
temporária, essa sobrecarga tem dois objetivos principais: a aceleração dos 
recalques por adensamento primário e a compensação, total ou parcialmente, dos 
recalques compressão secundária (ALMEIDA e MARQUES, 2010). Após 
estabilização dos recalques, retira-se essa sobrecarga, que pode ser transferida 
para outro local da obra. Uma desvantagem desta técnica é o prazo para a 
estabilização dos recalques, geralmente muito grande, devido à baixa 
permeabilidade dos depósitos de solo mole. 
 
2.2.2.3 Bermas de Equilíbrio 
 
 
Bermas de equilíbrio são elementos utilizados para garantir a estabilidade global do 
conjunto formado pelo solo mole e pelo aterro, de modo que a estrutura compense 
os momentos instabilizantes com consequente aumento do fator de segurança. 
Cabe salientar que restrições de espaço e de material disponível podem inviabilizar 
o uso de bermas de equilíbrio. 
 
2.2.3 Intervenções com Geossintéticos 
 
Segundo Sgarbi (2011) geossintéticos são produtos industrializados poliméricos 
(sintéticos ou naturais), cujas propriedades contribuem para melhoria de obras 
geotécnicas, nas quais eles desempenham principalmente funções de reforço, 
filtração, drenagem, proteção, separação, controle de fluxo (impermeabilização) e 
controle de erosão superficial. 
 
A grande versatilidade destes produtos, associada ao desenvolvimento tecnológico 
das últimas décadas, os torna presentes e indispensáveis em praticamente todas as 
obras geotécnicas da atualidade. Suas propriedades os tornam também grandes 
aliados dos geotécnicos na solução ou na prevenção de problemas ambientais. Os 
geossintéticos mais utilizados em aterros de solos moles são as geogrelhas que e os 
geotêxteis. As geogrelhas são materiais sintéticos em forma de grelha, 
desenvolvidos especificamente para reforços de solos, que podem ser unidirecionais 
ou bidirecionais. Utilizar as geogrelhas em aterros de solos moles constitui-se em 
uma solução econômica, segura, de rápida execução e de menor impacto. 
 
2.2.3.1 Drenos Verticais 
 
Os primeiros drenos verticais eram de areia, porém atualmente é muito difundido o 
uso de drenos pré-fabricados, conhecidos como geodrenos ou drenos fibroquímicos. 
O dreno vertical, ou geodreno, é aplicado com o intuito de acelerar a velocidade de 
recalque de construções executadas sobre solos moles, podendo reduzir o tempo de 
ocorrência destes, de anos para apenas alguns meses. É constituído por um núcleo 
maciço de PEAD – Polietileno de Alta Densidade, do qual saem diversas pequenas 
paredes verticais nos dias faces, formando canais. O núcleo é envolvido em um 
geotêxtil não-tecido, o qual funciona como filtro e separador, deixando apenas a 
água penetrar no dreno. A água captada pelo dreno é conduzida através dos canais 
do núcleo até a superfície do terreno, sendo drenada pela camada de dreno 
superior, colocada na superfície do terreno. 
 
2.3 Eletro-osmose 
 
 
Se dois eletrodos são cravados em um solo saturado e faz-se passar uma corrente 
elétrica de um ao outro, a água contida no solo migra do eletrodo positivo (ânodo) 
para o negativo (cátodo). Se o cátodo é um poço filtrante a água deposita-se nele, 
de onde pode ser removida. Segundo Nascimento (2005, p. 18) o movimento da 
água é devido ao fato da superfície das partículas do solo carregarem carga 
negativa: 
 
A negatividade da superfície das partículas de argila é causada pela 
substituição isomórfica de átomos de alumínio ou sílica por átomos de 
valência mais baixa dentro da estrutura cristalina da mesma. Em 
consequência, os íons da água que são carregados positivamente são 
atraídos para as partículas de solo argilosas e a película da água adjacente 
(livre) a este solo continua carregada positivamente devido à 
preponderância dos íons positivos. Estes íons positivos, que se acham 
concentrados na água próximos às partículas de solo, são atraídos pelo 
eletrodo negativo e repelidos pelo positivo. Desta forma, a camada positiva 
juntamente com colunas de água neutra envolvida migram para o cátodo. 
(NASCIMENTO, 2005, p. 18). 
 
 
2.3.1 Consolidação dos solos moles Por Eletro-Osmose 
 
 
O processo de consolidação dos solos por eletro-osmose pode ser explicado da 
seguinte forma: A aplicação de um gradiente elétrico pode ocorrer em uma massa de 
solo se dois eletrodos são cravados em um solo saturado e faz-se passar uma 
corrente elétrica de um eletrodo ao outro; assim, a água contida no solo migra do 
eletrodo positivo (ânodo) para o negativo (cátodo). Se a água é removida no cátodo, 
o solo decresce em volume (isto é, consolida-se) em quantidade igual ao volume de 
água removida. A resistência do solo é aumentada por este decréscimo de volume, 
processo chamado de consolidação por eletro-osmose. Existe um grande número de 
teorias relatando o fenômeno de eletro-osmose. Segundo Mitchell (1991), a mais 
utilizada para explicar fluxo hidráulico sob eletro-osmose é a Teoria de Holtz- 
Smoluchowski. 
 
2.3.2 Teoria de Holtz-Smoluchowski 
 
 
Por analogia com a lei de Darcy, o fluxo eletroosmótico, produzido pela aplicação de 
campo elétrico é dado pela expressão: 
 
Qe = Ke.ie.A (2) 
 
 
Onde: 
Qe é a vazão eletro-osmótica (L3T-1); 
Ke é o coeficiente de permeabilidade eletroosmótico (L2T-1V(*)-1); 
A é a área da seção transversal normal à direção do fluxo (L2); 
ie é o gradiente elétrico (V(*)L-1). 
 
Pode-se obter o gradiente elétrico através da diferença de voltagem entre os 
eletrodos dividido pela distância entre os mesmos. O coeficiente de permeabilidade 
eletro-osmótico é uma propriedade do solo que indica a velocidade do fluxo 
hidráulico sob um gradiente elétrico unitário e é entãoanálogo à permeabilidade 
hidráulica, que é a velocidade do fluxo sob um gradiente hidráulico unitário. A 
medida de Ke pode ser feita pela determinação da razão de fluxo de água através de 
uma amostra de comprimento e seção transversal conhecidos, sob um gradiente 
elétrico também conhecido. Por meio de experimentos, é sabido que Ke está 
geralmente no intervalo de 1 x 10-9 a 10 x 10-9 m2/s/V e que este é relativamente 
independentemente do tipo de solo, mas sensível à concentração eletrolítica da 
água (Mitchell1976). 
 
2.3.3 Consumo Energético 
 
 
O consumo de energia é um fator importante na análise de viabilidade de um projeto 
de adensamento eletro osmótico. A energia, E (Wh/m³) calculada por metro cúbico 
de solo tratado, pode ser estimada em função da condutividade elétrica do solo, σe 
(S/m), do gradiente de potencial elétrico, 𝑖𝑖 (V/m) e do tempo de tratamento, t 
(Horas), através da equação 3. Essa equação pode ser utilizada como estimativa do 
consumo energético, pois, no decorrer do tratamento a condutividade elétrica do 
solo sofrerá modificações. 
 
E = α. θe.ie².t (3) 
 
 
Na equação 3, consta ainda um fator relacionado a aplicação de corrente 
intermitente e denominado fator de intermitência, α, dado pela equação 4. O 
procedimento de corrente intermitente consiste na aplicação de pulsos de corrente 
no decorrer do ensaio de adensamento, através de intervalos de sistema de energia 
ligado (tlig) intercalados com intervalos de sistema desligado (tdes). Em 
experimentos que utilizam corrente constante, ou seja, sem intermitência o valor de 
α será igual a 1. 
 
α = tlig.(tlig + tdes) (4) 
 
 
2.3.4 Condutividade elétrica do solo 
 
 
De modo similar à equação de Ohm, a condutividade elétrica (σe) é considerada nos 
sistemas solo-água, como sendo proporcional ao inverso da resistividade elétrica, 
conforme a Equação 5. 
σe = (1/R) . (L/A) (5) 
Onde: 
R = resistividade elétrica (ohm); 
L = comprimento da amostra (m); 
A = área da seção transversal da amostra. 
 
 
O valor da condutividade elétrica de um solo saturado, varia de 0,0001 a 0,01 
Siemens/cm sendo dependente de fatores como porosidade, grau de saturação, 
mineralogia, trajetória e tamanho das partículas, forma e superfície de condutância, 
estrutura do solo, cimentação e temperatura. Tais medidas são usadas nos campos 
de engenharia petrolífera, mapeamento e prospecção geofísica e mecânica dos 
solos. 
 
 
2.4 Metodologia 
 
 
 
Para descrever o processo de consolidação do solo, processo do qual a água vai 
sendo progressivamente expulsa do solo argiloso gerando uma diminuição da 
espessura do estrato (devido redução de água e vazios) e, logo, um assentamento 
da superfície do terreno, optou-se por fazer uma pesquisa experimental aplicando-se 
à esse procedimento a técnica eletro-osmótica junto ao geodreno, geossintético que 
melhor se associa a essa tecnologia, através do ensaio especificado a seguir, bem 
como os procedimentos metodológicos criados e empregados ao longo da 
demonstração. 
 
2.4.1 Procedimentos Metodológicos 
 
 
O solo utilizado nos ensaios foi escavado em um lote na região metropolitana de 
Belo horizonte. Ensaio de granulométria mostrou que esse solo apresentava as 
proporções de 25% e 75% de areia e (silte + argila) respectivamente. A preparação 
do solo mole foi feita homogeneizando-se o solo argiloso com água tratada. Entre a 
camada de solo mole (34 cm) e a sobrecarga de areia (20 cm), foi instalada uma 
manta de geotêxtil com a função de separação entre as duas camadas. 
 
Para a drenagem horizontal da aguadas duas caixas, foram feitos o sistema de 
drenagem mostrado na figura 1. 
Figura 1 – Sistema de drenagem horizontal referente as duas caixas 
 
 
Fonte: Elaborado pelos Autores. 
 
 
Elaborou-se a experiência com instalação de drenos verticais em duas caixas 
experimentais para consolidação simultânea, onde os drenos feitos de haste de 
aterramento de cobre revestidos com uma manta de drenagem, conforme a figura 2. 
 
Figura 2 - Drenos Verticais 
 
 
Fonte: Elaborado pelos Autores. 
 
As caixas são de isopor tendo o formato retangular com as seguintes dimensões: 
0,62 m x 0,41 m x 0,54 m (largura x comprimento x profundidade), perfazendo um 
volume útil de 0,14 m³. Em uma das caixas, o solo mole foi tratado através do 
processo de eletro-osmose juntamente com sobrecarga, e os drenos verticais 
instalados tiveram a função de direcionar e acelerar o fluxo de água como também a 
função de filtro e dreno para extração da água. 
 
Em outra caixa, o tratamento foi feito convencionalmente através da mesma 
sobrecarga no solo mole, ou seja, sem o processo de eletro-osmose e o 
geossintético teve apenas a função de filtro e dreno. Entre a camada de solo mole e 
a sobrecarga de areia, foi instalada uma manta de poliéster com a função de 
separação entre as duas camadas, conforme a figura 3. 
 
Figura 3 – Manta de poliéster para separação do solo mole e a sobrecarga. 
 
 
Fonte: Elaborado pelos Autores. 
 
O material utilizado como sobrecarga para induzir a consolidação da argila é uma 
areia de coloração amarela, comercialmente chamada de areia saibrosa. 
 
Como já mencionado, utilizou-se o geodreno convencional com a função de 
drenagem e filtração. Anexado ao mesmo, uma haste de aterramento padrão de 
cobre e uma cordoalha também de cobre foram usados como eletrodos em 
momentos diferentes, com a função de acelerar e direcionar o fluxo horizontal para o 
geodreno específico, formando assim, o geodreno condutor elétrico (GCE). 
 
2.4.2 Ensaio nas Caixas Experimentais 
 
 
Visto que eletro-osmose é o processo pelo qual a água livre move-se do ânodo ao 
cátodo sob aplicação de corrente direta, foram instalados 2 eletrodos conectados ao 
pólo negativo da fonte (GCE cátodo) e 6 eletrodos conectados ao pólo positivo (GCE 
ânodo) em massa de solo saturado, com a configuração da Figura 4. 
 
Estes eletrodos foram conectados inicialmente a uma fonte com 12 V de diferença 
de potencial e uma capacidade de corrente máxima de 30 A. 
 
Figura 4 – Configuração dos Geossintéticos Condutores Elétricos (GCE) - Caixa 2 
 
 
Fonte: Elaborado pelos Autores. 
 
Na outra caixa foram utilizados apenas drenos verticais convencionais com a 
configuração da Figura 5. 
 
Figura 5 – Configuração dos Drenos Verticais (DVP) – Caixa 1 
 
 
 
Fonte: Elaborado pelos Autores. 
As caixas experimentais foram monitoradas através da placa de recalque para 
medida de recalque com um intervalo de tempo de 10 dias, e a fonte utilizada possui 
uma tensão de 12 volts e uma corrente de 30 amperes. 
 
2.5 Resultados 
 
 
As caixas experimentais foram monitoradas através da placa de recalque para 
medida de recalque. A ação da sobrecarga sobre o solo mole saturado e com o 
geossintético condutor elétrico presente no ensaio, forçou a água a encontrar um 
caminho para ser retirada da argila, que foi o fundo da caixa pelo furo de 
escoamento. Assim, essa fuga da água pelo furo de escoamento confirma que o 
processo de eletro-osmose foi iniciado e que este realmente pode ajudar na 
aceleração da consolidação da argila mole com a retirada de água através dos 
geossintéticos condutores elétricos (GCEs). 
 
As medidas de recalque mostram que no ensaio com método convencional (Geodreno 
+ Sobrecarga) houve um deslocamento de 13 mm, em 10 dias. Para o processo que 
utilizou a eletricidade, houve um deslocamento de 20 mm, no mesmo intervalo de 
tempo. A camada de argila que utilizou o processo de eletro-osmose recalcou 50 % 
a mais que a camada de solo que utilizou o processo convencional. Este aumento é 
relativamente considerável. 
 
 
3 CONCLUSÃO 
 
 
Duas caixas foram utilizadas com a finalidade de comparar dois processos que 
aceleram a consolidação de solos finos: um é a técnica convencional da aplicação 
de sobrecarga e drenos verticais pré-fabricados, o outro consiste em somar a esta 
técnicao efeito da eletro-osmose. No entanto, melhorar a eficiência da consolidação 
através da eletro-osmose é recente e, portanto, com pouca quantidade de estudos 
na bibliografia mundial. Desta maneira, resolveu-se conhecer como um geossintético 
condutor elétrico (GCE) age e assim melhorar as propriedades de um solo fino 
através da consolidação. 
Este estudo trabalhou sobre os principais fatores para que se obtenha uma boa 
eficiência da consolidação usando a eletro-osmose. Além disso, verificou-se as 
limitações do processo tais como corrosão de elétrodos, intensidade de corrente e 
outros. Assim, os aspectos relevantes são: 
 
1. O efeito de eletro-osmose foi visível, com a expulsão da água junto com o gás nos 
GCEs cátodos, 9 minutos após a fonte ser ligada. Isto apresentou uma evolução dos 
geossintéticos voltados para drenagem. Pois ao sair água após 9 minutos de 
aplicação de energia no GCE e o mesmo não ocorrer de forma visível na caixa com 
DVP, tenderá a ocorrer uma maior consolidação no processo que utilizou a 
eletricidade. Esta maior consolidação não ficou clara nesta pesquisa porque a 
energia foi aplicada apenas por algumas horas durante o período de tratamento e 
sem ser em tempo contínuo devido a problemas como queima da fonte. 
 
2. Os valores de recalques também tendem a comprovar a influência do movimento 
eletro-cinético. Estes mostraram que o solo submetido ao processo eletro-osmótico 
recalcou 40% a mais que o outro processo. No entanto, esta diferença pode ser 
maior, porque houve levantamento do solo próximo ao GCE, podendo ter interferido 
na leitura da placa de recalque. 
 
Pode-se concluir, que ao aplicar uma corrente contínua, cria-se um gradiente 
adicional de natureza elétrica que acelera o movimento da água contida nos vazios 
do solo e direciona para o GCE cátodo, eliminando água e provocando a aceleração 
da consolidação como indicam a tendência dos resultados da instrumentação. 
Entretanto, há necessidade de intensificação de ensaios de pequena e grande 
escala para otimização dos parâmetros eletro-osmótico como corrente elétrica e 
voltagem aplicada para, consequentemente, aumentar a eficiência do processo 
eletro-cinético direcionado para consolidação de solo. 
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