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Módulo C - 91639 . 7 - Projeto de Interiores Comerciais e Especiais - D1.20221.C UNIDADE 1 Projeto de Interiores Comerciais e Especiais - UNIDADE IPULAR PARA A AULA 0% COMPLETO 1. UNIDADE 1 Apresentação Seção 1 de 5 Olá, estudantes! Nesta disciplina, teremos contato com dois tipos de projetos bastante interessantes e recorrentes na carreira da maioria dos profissionais de arquitetura e design de interiores: os projetos comerciais e os especiais. Nela, teremos a oportunidade de entender o funcionamento do processo de projeto para lojas e empresas, seus objetivos e como podemos alcançá-los trazendo satisfação aos usuários e melhorando vendas e bem-estar das pessoas que frequentam estes locais. Além disso, conheceremos mais sobre espaços externos públicos e privados. Os últimos tempos nos mostraram a importância de ter um bom espaço externo em nossas residências, bem como a necessidade do espaço público para o nosso convívio em sociedade. Esse último ponto nos leva também a uma reflexão: o quanto podemos, enquanto projetistas, contribuir para uma sociedade mais igualitária, tornando espaços mais interessantes e acessíveis a todo tipo de público que pode frequentá-lo? Que possamos ter cada vez mais embasamento e empatia para buscar esses objetivos. Sejam bem-vindos e bons estudos! CONTINUE Seção 1 - Apresentação Introdução Seção 2 de 5 Nessa unidade conheceremos mais sobre projetos comerciais. Trabalharemos as definições de cada tipo de projeto, os parâmetros a seguir durante o processo dele, veremos exemplos de layouts e entenderemos o caminho desde a captação de um projeto até o seu desenvolvimento. Convido você a participar dessa unidade utilizando-se de todos os recursos disponíveis, buscando, dessa forma, um aprendizado mais amplo. Bons estudos! Objetivos da Unidade Conhecer os tipos de projetos comerciais: de vendas, de serviços e de trabalho; • bullet Entender os parâmetros de projetos de cada um deles; • bullet Aplicar diferentes layouts para cada um deles. Arquitetura Comercial Seção 3 de 5 Em qualquer ambiente, seja ele residencial, comercial, hospitalar ou qualquer outro tipo, é fundamental que exista um planejamento para a utilização de cada espaço, permitindo assim um melhor aproveitamento, maior conforto aos usuários e o cumprimento das normas técnicas. O design de uma loja pode ajudar a apoiar a imagem da marca, assim como sustentar uma estratégia de varejo bem-sucedida. Os lojistas se utilizam do design da loja para chamar os clientes para ela, por isso a importância de trabalhar todos os elementos dela, desde a vitrine até a exposição e estoque. Alguns lojistas vão preferir um design de loja mais sutil, outros gostam de chocar e inspirar, criando lojas que geram burburinho e chamem a atenção. Ao andar por um shopping ou uma rua comercial, quais lojas chamam mais a atenção do público? As bem trabalhadas, com uma vitrine chamativa e produtos bem dispostos ou uma loja escura com uma visualização difícil do que está exposto? Por isso a importância da arquitetura comercial para destacar esse tipo de estabelecimento. Nas últimas décadas, a arquitetura comercial ganhou notoriedade no comércio. Isso é cada vez mais latente devido ao necessário planejamento dos detalhes, da atmosfera de compra, execução do layout, iluminação, comunicação externa e em tudo que contextualiza o público-alvo. A arquitetura comercial, segundo Underhill (2009), define que: O prédio, a locação, tornou-se um grande anúncio tridimensional de si mesmo. A sinalização, a posição dos mostruários, o espaço para as gôndolas e para o mobiliário de loja, tudo isso faz aumentar ou diminuir a probabilidade do usuário comprar determinado item. A ciência das compras foi desenvolvida para que pudéssemos saber como usar todas essas ferramentas. Como criar cartazes que as pessoas leiam. Como se assegurar de que todas as mensagens estejam no local apropriado. Como criar mostruários que os usuários passam manipular com facilidade e conforto. Como assegurar que os usuários percorram – e desejem percorrer – todos os cantos da loja (UNDERHILL, 2009, p.28). Quando falamos em projetos comerciais, estamos tratando principalmente de três tipos de locais: • bullet Vendas: comercialização de produtos. Exemplo: lojas, shoppings, showrooms. • bullet Serviços: comercialização de atividades e produtos relacionados. Exemplo: bares, restaurantes, salões de beleza, academias. • bullet Trabalho: desempenho de atividades laborativas administrativas. Exemplo: escritórios em geral, áreas de atendimento ao público. Em cada um desses, devemos utilizar de diferentes recursos com o objetivo de atingir todo o potencial de cada espaço. Vamos iniciar falando sobre os projetos de espaços de vendas. Projetos de Espaços de Vendas O sucesso de um ponto de vendas tem relação direta com o projeto de arquitetura do ambiente. Fatores como mobiliário, cores, iluminação e circulação são essenciais no momento de atrair a atenção dos consumidores e aumentar o faturamento da loja. Por esse motivo, existe um grande mercado para projetistas de lojas comerciais, conforme mostra gráfico abaixo. PANORAMA DO SETOR VAREJISTA DE SHOPPINGS Gráfico da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (ALSHOP), 2019. Em 2020, a Apple inaugurou a primeira loja flutuante do mundo, em Singapura. Vitrines e Fachadas Um aspecto extremamente importante em uma loja é sua fachada e vitrine, visto que elas são as ferramentas de marketing que atrairão o cliente para dentro da loja. Segundo Moraes (2015), na fachada estão os principais pontos que devem ser considerados, tais como: design e comunicação visual, vitrines e valorização dos acessos. Para o autor, a função principal da fachada é atrair clientes e transmitir a essência do interior do estabelecimento, permitindo assim que o consumidor visualize as mercadorias que pode encontrar ali. Morgan (2011) comenta sobre outro tipo de fachada, a que não possui vitrine, em que os centros comerciais são bons exemplos, pois nestes toda a parte frontal da loja possui uma porta metálica que proporciona mais segurança, e quando aberta, motiva o cliente a circular livremente pelo interior da loja, localizada principalmente em passeios voltados para o pedestre e com forte relação com a rua. O autor ainda cita os três tipos de vitrines mais comuns em ambientes comerciais: as vitrines fechadas, as vitrines abertas no fundo e as do tipo mostrador. • bullet As vitrines fechadas são as mais comuns no ambiente comercial, e se assemelham a um cômodo e possuem uma porta de acesso por dentro da loja. Esse tipo de vitrine por ter grandes dimensões requer elaboração e geram maiores custos. • bullet A vitrine aberta não possui fechamento posterior embora possam ter fechamentos laterais. Esse tipo de vitrine permite a visualização do interior da loja, requerendo um maior cuidado com o espaço interno deve estar sempre organizado e atraente. A vitrine aberta também pode ser vista tanto do lado externo quanto interno, o que acaba gerando preocupação com relação à segurança dos produtos de maior valor agregado, pois eles ficam expostos aos consumidores. • bullet E por fim os mostradores. Estes são adequados para mercadorias de pequena dimensão. Essas vitrines são cuidadosamente posicionadas ao nível dos olhos para uma análise minuciosa do produto venda, sendo as joalherias um bom exemplo de quem usa esse tipo de vitrine (MORGAN, 2011, p.44). Área de vendas Outro aspecto muito importante no projeto comercial, é o layout da loja, isto é, o posicionamento dos produtos dentro do espaço. De acordo com Morgan, “a chave para distribuir um layout, é o posicionamento dos produtos” (2017, p. 125). Este posicionamento é dividido em quatro áreas: platina, ouro, prata e bronze. A primeira coisa a ser definida é o local de entrada e saída dos clientes; a partir desteponto, vamos definir as áreas de atração do consumidor. Próximo a entrada, está localizada a área platina. Essa é a primeira área de contato do cliente com a loja, e tem uma grande importância para a experiência de compra e venda, por isso temos a associação com um metal muito caro. Nesse espaço estão localizados os produtos que atraem o cliente e fazem com que ele se sinta tentado a entrar na loja. É um espaço composto pelas vitrines e pela parte frontal da loja, que pode ser vista sem a necessidade de entrar no espaço. Geralmente, na parte frontal das lojas há um display com lançamentos ou promoções, que funciona como mais uma maneira de atrair a atenção das pessoas. O próximo setor é a área ouro. Nesse espaço estarão os lançamentos e as coleções mais recentes. Esse setor é responsável por confirmar o interesse do consumidor, garantindo a permanência dele na loja, por isso está localizado logo após as vitrines e displays. Em seguida temos a área prata. Nesse setor estão os produtos mais comercializados pela loja, os produtos que vão fidelizar os clientes, fazendo com que retornem. Essa é, de forma geral, uma área de maior permanência no espaço, onde as compras são feitas de forma mais tranquila, e tende a ocupar uma área maior dentro da loja Finalmente, temos a área bronze, que é o espaço onde se localizam os produtos de maior valor agregado, além do espaço de caixas e provadores, caso eles sejam necessários. Nele também podem estar localizados os produtos para a chamada “compra de impulso”, aquela que é feita próxima ao caixa, que não foi programada pelo consumidor. Outro motivo para que os produtos mais caros estejam nesse setor é a sua localização. Como esse setor está localizado, de forma geral, na parte posterior da loja, existe uma segurança maior, para controlar o fluxo de clientes e observar o movimento das pessoas. A figura “Setorização de lojas” indica a organização padrão de uma loja, em função destas áreas; note que as dimensões de cada um destes espaços podem variar, em função do tamanho da loja, mas a disposição tende a seguir esta ordem. Circulação Morgan (2011) define que no design de interiores de uma loja é necessário observar as zonas hierárquicas e a circulação do espaço ao elaborar o layout mobiliário. Para tanto, inicialmente é preciso correlacionar os produtos, ou seja, definir quais produtos estarão próximos de outros. Com isso, a sinergia e a rentabilidade do espaço são otimizadas. Ocorre que a localização dos produtos deve considerar as zonas hierárquicas. Quando falamos de uma loja com diversos tipos de produtos, uma forma interessante de setorizar é baseando-se no faturamento. Por exemplo: se uma determinada peça de roupa é responsável por 40% do faturamento, deve-se dedicar a ela 40% do espaço de exposição de produtos. Essas zonas consistem na divisão de valor comercial crescente no espaço interior do estabelecimento. Tratam-se de quatro zonas diferentes. A primeira é a platina, área localizada logo após o acesso do estabelecimento, considerada a mais nobre. Depois, temos a zona ouro, a prata e, finalmente, a bronze, que corresponde ao espaço localizado nos fundos da loja. Morgan (2011) entende que os produtos que são lançamento, ou estão em liquidação, devem estar situados na área platina. Já os produtos de primeira necessidade, idealmente, devem estar localizados na zona bronze. Assim, o consumidor percorrerá todo o estabelecimento antes de encontrá-los. Figura 2 - Zonas hierárquicas e pontos focais. Fonte: MORGAN, 2009, p.118. A circulação é de grande importância, pois o usuário final deverá ser estimulado e orientado a seguir um determinado trajeto dentro do estabelecimento. Os pontos focais são expositores ou qualquer objeto que atraia a atenção do consumidor. As linhas de visão são linhas imaginárias que orientam o consumidor para determinadas áreas, e estas devem ser utilizadas em conjunto com os pontos focais. Os corredores devem ser bem definidos e atuam como linha de visão. Figura 3 - Exemplo de disposição dos expositores Fonte: MORGAN, 2011, p.120. Na figura acima, Morgan (2011) exemplifica como a disposição equivocada dos expositores pode se tornar um obstáculo. No exemplo onde temos os expositores dispostos em ângulo reto, o consumidor não é motivado a circular pela loja. Já na figura ao lado, onde os expositores estão dispostos em 45 graus, portanto em “V”, a circulação dos clientes é favorecida para o interior do estabelecimento. Figura 4 - Interior de uma loja de roupas Fonte: Istock, 2020. Alguns dos elementos que devem ser considerados para o de um espaço comercial são: a arquitetura da fachada, bem como suas sinalização e letreiros, a vitrine, os acessos (considerando acessibilidade para pessoas idosas e com necessidades especiais), a zona de transição, as zonas hierárquicas, circulações, disposição do layout mobiliário, design do mobiliário e expositores, espaços de permanência, iluminação, cores, texturas e materiais (GRASSIOTTO, 2010; MORGAN, 2009; UNDERHILL, 1999). Estoque Não devemos esquecer também do espaço destinado ao estoque. Um estoque mal administrado pode ocasionar prejuízos, dificuldade logística e até mesmo perda de vendas. Como projetistas devemos garantir que ele tenha um espaço para recebimento de mercadorias, dessa forma não ficam espalhadas pela loja antes de serem armazenadas; um espaço de armazenamento condizente com as dimensões dos produtos; uma boa circulação, e claro, uma iluminação adequada. Quando bem organizado, o estoque ajuda na produtividade do trabalho e na agilidade do atendimento. Mobiliário Comercial O mobiliário tem um papel primordial em um projeto comercial e a escolha das opções corretas, para o espaço e para as necessidades do cliente é um dos maiores desafios que enfrentamos na concepção de um espaço comercial. De acordo com Tony Morgan, existem vários modelos de mobiliário que podem ser utilizados em lojas, mas estes mobiliários se dividem em duas grandes categorias: mobiliário de piso, que pode ser utilizado em qualquer lugar dentro do espaço da loja, e o mobiliário linear, aquele que é, geralmente, preso nas paredes, mas que pode estar fixado em qualquer outra parte (MORGAN, 2017 p. 134). Estes dois tipos de mobiliário podem, ou não, ser utilizados em conjunto, dependendo das definições do Designer de Interiores. Mobiliário de Piso Em uma área dedicada à venda, como em uma loja, a ideia é que os produtos estejam em exposição, ou seja, que possam ser vistos pelo cliente, mas que isto seja feito de maneira organizada e harmoniosa, sem causar um cansaço visual, ou sem a perda de espaço disponível. Também é preciso que o tipo de mobiliário escolhido permita a livre circulação dos clientes, bem como a visualização de todo o espaço, fazendo com que o cliente se localize, e localize os produtos que está procurando, de forma simples e rápida. A categoria de mobiliário de piso tem vários modelos e estilos, além das peças que podem ser criadas pelo Designer de Interiores. Um dos tipos mais comuns e mais versáteis de mobiliário que utilizamos em lojas são as gôndolas. Esse tipo de móvel é muito prático pela liberdade de uso e de montagem que fornece ao lojista. As gôndolas podem ter uma infinidade de dimensões, mas geralmente são quadradas ou retangulares. Assim como as prateleiras, podem ter alturas ajustáveis, o que faz destas peças muito funcionais em um espaço comercial. A figura 8 mostra um tipo de gôndola muito comum em lojas. Figura 8 - Projeto Final. Fonte: O Autor (2020) A figura mostra uma gôndola, com 5 prateleiras. Este tipo de mobiliário pode ter iluminação embutida nas prateleiras, melhorando a exposição dos produtos. Lembre-se que se esse for o caso do móvel que você especificou, é preciso indicar a disposição dos pontos de luz no projeto de instalações elétricas que vai ser executado. As técnicas de exposição para umagôndola também são bem conhecidas, com os produtos maiores e mais pesados nas prateleiras inferiores, os produtos com maior valor nas prateleiras que estão localizadas nas alturas dos olhos, e os produtos menores e mais leves nas prateleiras superiores. Também é interessante que as prateleiras mais baixas comecem a uma altura de pelo menos 10 cm a partir do piso, evitando que os clientes tenham de se abaixar para pegar os produtos. Outro tipo de mobiliário muito usado em lojas são as mesas. Este tipo de móvel é muito utilizado para a exposição de produtos, especialmente os produtos que estão em destaque, como os lançamentos ou as promoções. Este é um dos tipos de mobiliário que permitem que o Designer de Interiores criem uma peça exclusiva para o projeto, de tal maneira que estas peças tenham uma relação mais direta com o estilo da loja. Figura 9 – Mesas. Fonte: O Autor (2020) A figura mostra um par de mesas, que se encaixam. Estas peças são muito versáteis, como as que são mostradas na figura 9. Na imagem, é possível observar que o projetista criou um conjunto de mesas semelhantes, com dimensões diferentes, que se encaixam. Esse tipo de mobiliário dá mais liberdade para o lojista, que pode utilizar as peças em conjunto ou separadamente, conforme a necessidade. Além disso, como os móveis se encaixam, basta colocar um sob o outro para ganhar mais espaço para circulação. Mobiliário residencial, com algumas adaptações também podem ser utilizados, dependendo do tipo de loja. Como estamos projetando uma loja de objetos de decoração, pode ser bastante interessante que utilizemos móveis como armários e cristaleiras, que são peças semelhantes àquelas que muitos consumidores possuem, e que podem passar uma ideia de como as peças que forem compradas podem ser utilizadas. De forma semelhante, uma loja de moda vai trabalhar com manequins que estarão vestidos com as roupas expostas, mostrando aos compradores como aquelas peças podem ser combinadas e compostas entre si, facilitando as vendas. Esses móveis, apesar das facilidades apresentadas, podem ser difíceis de serem iluminados para destacar de forma correta os produtos, causando uma zona de sobra na parte inferior das prateleiras mais baixas. É preciso um projeto específico de iluminação, ou um projeto de mobiliário, que seja semelhante a uma destas peças, mas que tenha um projeto de iluminação embutida. Baús, caixas e pedestais também podem e devem ser usados como mobiliário em lojas. Essas peças, de forma geral, podem diferir do estilo das outras peças que são usadas no projeto, já que a função deste tipo de móvel é destacar uma peça específica dentro do espaço. Por essa função muito especial, é preciso que a iluminação da peça também seja pensada de forma específica, fazendo com que o investimento na peça, e no espaço, tenha o destaque necessário. Existem ainda os móveis que são fornecidos pelos fabricantes de peças especificas, ou seja, muitas peças, ou linhas de peças, são entregues com um mobiliário específico, oferecido pela indústria que fabrica a peça, com um desenho específico para destacar as qualidades e as características do produto. Esse mobiliário pode ou não ser usado pelo lojista, dependendo, principalmente, de espaço e da possibilidade do espaço da loja. Finalizando a categoria de móveis de piso, temos as araras, ou cabideiros, usadas principalmente em lojas de roupas. Este tipo de mobiliário também vem em uma grande variedade de formatos e de modelos, e serve para deixar as peças expostas e organizadas, permitindo que sejam vistas por inteiro, despertando o interesse dos clientes. Também é preciso que este mobiliário seja pensado em consonância com o restante do projeto, usando a mesma paleta de cores, e, principalmente, com um projeto de iluminação que privilegie este tipo de mobília. Mobiliário linear Na categoria de mobiliário linear, ou seja, aqueles móveis que são fixados nas paredes ou nos pilares, temos os suportes e os trilhos para prateleiras, também conhecidos como cremalheiras. As cremalheiras são trilhos metálicos, que são fixados nas paredes, e que permitem a regulagem da altura das prateleiras, permitindo uma grande liberdade de montagem, o que facilita as adaptações, por parte do lojista, da área de exposição de produtos. Figura 10 - Cremalheira com prateleira. Fonte: O Autor (2020) A figura mostra duas cremalheiras, com duas prateleiras apoiadas. Existem ainda as prateleiras fixas. Estas peças são fixas nas paredes, ou nos pilares, e são visualmente mais agradáveis, porém não permitem a variação das alturas pelo cliente, ou seja, os produtos ficarão expostos em espaços fixos, independente das dimensões das peças a serem colocadas ali. Uma das grandes vantagens das prateleiras fixas, é a possibilidade de iluminação de cada uma das partes, isto é, como estas peças são fixas nas paredes, fica fácil de fazer com que a eletricidade chegue até cada uma das prateleiras, permitindo, de maneira simples, que seja projetada a iluminação que vai incidir sobre os produtos. Nas paredes também podem ser criados nichos que podem estar saltados em relação à superfície destas, ou ainda, é possível fazer o “engrosso” da parede com drywall, fazendo o efeito de que o nicho está “dentro” da parede. De maneira semelhante ao que acontece com as prateleiras fixas, é possível iluminar os nichos, causando um efeito de iluminação interessante sobre os produtos que estão expostos. Figura 11 - Nicho embutido e sobreposto Fonte: O Autor (2020) A figura mostra dois tipos de nicho, um sobreposto e um embutido. Nas paredes, ainda é possível a fixação de araras ou cabideiros, utilizados no caso de lojas de vestuário. Essas peças muitas vezes estão combinadas com prateleiras fixas. Vamos conhecer projetos interessantes nessa área? Nesse link temos o projeto vencedor do prix Versailles! Confira no link abaixo: LINK Projeto de Interiores Comerciais e Especiais - UNIDADE IPULAR PARA A AULA 60% COMPLETO Projeto de Interiores Comerciais e Especiais - UNIDADE IPULAR PARA A AULA 60% COMPLETO 1. UNIDADE 1 0. Apresentação Apresentação 100 Percent Complete 1. IntroduçãoIntrodução 100 Percent Complete 2. Arquitetura ComercialArquitetura Comercial 100 Percent Complete 3. Projetos CorporativosProjetos Corporativos 82 Percent Complete 4. Projetos de Espaços de ServiçosProjetos de Espaços de Serviços 0 Percent Complete Seção 3 - Arquitetura Comercial Projetos Corporativos Seção 4 de 5 Arquitetura corporativa significa tomar a definição corporativa como base para o projeto e para implementação sistemática da solução arquitetônica. Dessa forma, os funcionários e clientes experimentarão os valores corporativos em termos espaciais. Ou seja, assim como os clientes identificarão a marca da empresa a qual estão frequentando pelos aspectos arquitetônicos impressos no projeto de arquitetura do local, os funcionários de uma empresa viverão a essência daquela marca enquanto estiverem nos seus locais de trabalho. Um bom exemplo do funcionamento disso são os escritórios do Google, com seu aspecto inovador, colorido e nada tradicional, eles são facilmente identificáveis em fotografias, por exemplo. Legenda: Escritório do Google Amsterdam Fonte: Archdaily.com DEFINIÇÃO Branding é o conjunto de ações alinhadas ao posicionamento, propósito e valores da marca. O objetivo do branding é despertar sensações e criar conexões conscientes e inconscientes, que serão cruciais para que o cliente escolha a sua marca no momento de decisão de compra do produto ou serviço. O ambiente físico de trabalho deve estar associado a esse branding, transmitindo a mensagem dessa identidade. Alguns ambientes que podem existir na empresa são: • bullet recepções; • bullet salas de espera; • bullet estações de trabalho lineares; • bullet estações de trabalho individuais; • bullet salasindividuais; • bullet salas de equipes; • bullet salas de reunião; • bullet copa; • bullet sanitários; • bullet depósito de material de limpeza; • bullet almoxarifado; • bullet circulações; • bullet áreas de descanso. Saúde e trabalho É imprescindível observar as condições de saúde relacionadas ao trabalho, muitas delas ligadas diretamente às escolhas de projeto. Para isso, é importante estar atento a normas específicas, como: • bullet a NR17, Norma Regulamentadora que visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente; • bullet a NBR 9050, que estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados quanto ao projeto, construção, instalação e adaptação do meio urbano e rural, e de edificações às condições de acessibilidade; • bullet e a NBR 8995-1, que especifica os requisitos de iluminação para locais de trabalho internos e os requisitos para que as pessoas desempenhem tarefas visuais de maneira eficiente, com conforto e segurança durante todo o período de trabalho. Mobiliário corporativo As salas comerciais precisam otimizar seus espaços e propiciar ao colaborador um espaço adequado às suas atividades. Os móveis planejados ocupam uma boa fatia do público corporativo. Isso faz com que se estabeleça uma uniformidade de layout, com mobiliários pensados e projetados para cada espaço. Figura 6 - Mobiliário Corporativo. Fonte: iStock CONTINUE Projeto de Interiores Comerciais e Especiais - UNIDADE IPULAR PARA A AULA 80% COMPLETO Projeto de Interiores Comerciais e Especiais - UNIDADE IPULAR PARA A AULA 80% COMPLETO 1. UNIDADE 1 0. Apresentação Apresentação 100 Percent Complete 1. IntroduçãoIntrodução 100 Percent Complete 2. Arquitetura ComercialArquitetura Comercial 100 Percent Complete 3. Projetos CorporativosProjetos Corporativos 100 Percent Complete 4. Projetos de Espaços de ServiçosProjetos de Espaços de Serviços 91 Percent Complete Seção 4 - Projetos Corporativos Projetos de Espaços de Serviços Seção 5 de 5 Vamos, antes de tudo, conhecer o que são as empresas que são prestadoras de serviço: são as instituições que fazem alguma tarefa para outras pessoas e para outras empresas, ajudando e facilitando a vida deste público, que pode, com o auxílio destas prestadoras de serviço, focar em seus próprios negócios. Em termos conceituais, podemos dizer que uma prestação de serviço é um tipo de atividade econômica, onde não existe, efetivamente, um produto como resultado, ou seja, o que está sendo negociado entre as partes é um “serviço”. Existem vários tipos de empresa e de profissionais liberais que prestam serviços para pessoas ou para outras empresas. Abaixo estão listados alguns prestadores de serviço: • bullet hotéis e pousadas; • bullet escolas e instituições de ensino; • bullet agências de viagens e de turismo; • bullet serviços de segurança, manutenção, limpeza, jardinagem; • bullet academias; • bullet médicos; • bullet dentistas; • bullet arquitetos; • bullet Designers de Interiores. Tenho a certeza de que você notou que nós estamos nesta lista, não é? O que nós, designers de interiores, fazemos, é uma prestação de serviços. Somos contratados pelos nossos clientes para concretizar seus sonhos, e este trabalho é considerado uma prestação de serviços. Depois de conhecer o tipo de empreendimento que seu cliente tem, ou deseja abrir, vamos começar a executar uma pesquisa de casos de sucesso, para que possamos ter ideias a respeito do que vamos executar e também uma base a respeito de projetos semelhantes que funcionaram de forma exitosa. Caso seja possível, pode ser interessante visitar algumas dessas empresas, verificando in loco como o projeto funciona, fazendo uma análise crítica a respeito do projeto e criando uma base sobre a qual você vai conseguir projetar. Preste bastante atenção neste momento: não estamos falando sobre copiar ou fazer um projeto semelhante, mas sim sobre uma pesquisa crítica e analítica, com a intenção de agilizar e simplificar o seu trabalho! A ideia por trás desta pesquisa de casos é apenas facilitar sua tarefa, adquirindo algum conhecimento técnico a respeito do projeto a ser executado. Caso você precise projetar um cinema em algum momento da sua vida profissional, será mais simples conhecer alguns projetos existentes e as razões técnicas pelas quais eles foram executados desta forma do que tentar descobrir tudo sozinho em seu escritório, não é mesmo? É sobre isso que estamos falando ao mencionar o estudo de caso! Mobiliário de Serviços Por haver uma enorme gama de empresas que se enquadram nesse tipo de projeto, é impossível definir um ou alguns tipos de mobiliário que se adequem a todos esses ambientes. Uma academia, por exemplo, terá um projeto totalmente diferente de uma instituição de ensino. No entanto, é importante ressaltar algumas informações acerca desse tipo de projeto. Em uma academia, é importante conhecer os equipamentos a serem utilizados, o movimento que fazem e para que servem, a fim de setorizar espaços e prever a locação de cada maquinário sem atrapalhar a circulação enquanto estiver sendo utilizado. Além disso: qual o piso ideal? Que tipo de iluminação é adequada para o espaço? É indispensável a consulta às NBRs antes citadas (NR17, NBR NBR 9050,e NBR 8995-1), além das NBRs específicas de cada tipo de ambiente, da legislação local, orientações de corpo de bombeiros entre outros. Os ambientes necessários para o funcionamento do projeto deverão ser consultados através da legislação local, necessidades do cliente, avaliação de estudos de caso e normas técnicas. O mobiliário desenvolvido deve ser pensado, sempre que possível, baseado nos princípios do desenho universal e com materiais resistentes. Saiba Mais Design Universal ou Design Total ou Design Inclusivo, que significa "design que inclui" e "design para todos", é um enfoque no design de produtos, serviços e ambientes, a fim de que sejam usáveis pelo maior número de pessoas possíveis independente de idade, habilidade ou situação. Sintetizando: Nesta unidade, pudemos conhecer sobre os tipos de projetos comerciais, seu funcionamento, mobiliário e características. Aprendemos sobre zonas e setorização, e onde pesquisar referências e normas para iniciar nosso projeto. Na próxima, veremos os caminhos pelos quais o projeto passa, desde sua captação até a entrega final: briefing, estudos preliminares, projeto executivo e mais. Bons estudos e até lá! Atividade de Autoaprendizagem 1 10 DE 10 QUESTÕES RESTANTES Conteúdo do teste 1. Pergunta 1 0 ponto É um tipo de móvel muito utilizado para a exposição de produtos, especialmente os que estão em destaque, como os lançamentos ou as promoções. Esse é um dos tipos de mobiliário que permitem que o Designer de Interiores crie uma peça exclusiva para o projeto, de tal maneira que estas peças tenham uma relação mais direta com o estilo da loja. A qual tipo de móvel estamos nos referindo? 0. Caixas. 1. Mesas. 2. Cremalheira. 3. Gôndola. 4. Arara. 2. Pergunta 2 0 ponto Certamente é um dos pontos mais importantes do projeto de arquitetura comercial. Entre tantas cores e texturas, os elementos gráficos – como marcas e logotipos – devem ser inseridos harmoniosamente no todo, buscando uma melhor comunicação entre público e empresa. Com base no texto acima, podemos afirmar que estamos nos referindo especificamente: 0. À vitrine. 1. À fachada. 2. Ao mobiliário. 3. À circulação. 4. À iluminação. 3. Pergunta 3 0 ponto O mobiliário comercial e de serviços tem como objetivo aliar funcionalidade e estética ao projeto arquitetônico, com foco na promoção da marca ou do produto. São vários os elementos que compõe o projeto que buscaatender o usuário final de acordo com suas expectativas. Leia as afirmações abaixo: Os materiais já possuem fabricação em série, outros necessitam de produção personalizada, atendendo às necessidades do arquiteto quanto ao projeto desenvolvido. A necessidade de personalização do mobiliário comercial é de extrema importância para projetos bem desenvolvidos, que atendam à demanda sob medida e, como se espera, concedam resultados satisfatórios e funcionais. Os componentes, sejam araras, gôndolas ou outros acessórios e expositores, atendem a todo tipo de loja devido ao grande número de opções oferecidas. Podemos afirmar que: 0. Somente I e II estão corretas. 1. Somente II está correta. 2. Somente II e III estão corretas. 3. Somente I está correta. 4. Todos as afirmações estão corretas. 4. Pergunta 4 0 ponto Com base no layout esquemático para a disposição dos expositores, nas imagens abaixo mencionadas, podemos identificar na sequência que são: 0. A e B são disposições favoráveis. 1. A – Disposição equivocada; B – Disposição favorável. 2. B – Disposição com risco de acidentes com o usuário final. 3. A e B são disposições equivocadas. 4. A – Disposição favorável; B – Disposição equivocada. 5. Pergunta 5 0 ponto As normas da ABNT possuem relevância quando efetivamente atreladas aos projetos de desenho técnico. Dessa forma, podemos afirmar que: I – Servem de padronização para o entendimento do desenho, independente do seu segmento. II – Permitem ao engenheiro a possibilidade de adequação dos seus projetos, de acordo com o conjunto de pranchas desenvolvidas. III – Permitem ao designer o desenvolvimento de projetos de ordem sustentável, desde que apoiadas nas normas oriundas de cada NBR. Com base nas informações citadas acima, podemos afirmar que a alternativa correta é: 0. Somente I e III estão corretas. 1. Somente II está correta. 2. Somente III está correta. 3. Somente I está correta. 4. Somente I e II estão corretas. 6. Pergunta 6 0 ponto A escolha da planta de circulação de uma loja é uma definição muito importante. Esse tipo de circulação é o mais econômico, pois utiliza mobiliário padronizado e uma iluminação mais simples e direta. Essa opção pode, no entanto, deixar a loja muito carregada, tirando o foco de um tipo de produto, ao não privilegiar nenhuma área. Qual é esse tipo de circulação? 0. Planta Diagonal. 1. Planta Geométrica. 2. Planta Mista. 3. Planta Angular. 4. Planta Reta. 7. Pergunta 7 0 ponto Esse tipo de planta apresenta curvas e ângulos criados no interior da loja; o uso desta opção é mais comum em lojas de padrão mais alto, já que existe uma considerável perda de área, e a maior parte do mobiliário é feito sob medida. Como este tipo de planta é conhecido? 0. Planta Reta. 1. Planta Angular. 2. Planta Mista. 3. Planta Geométrica. 4. Planta Diagonal. 8. Pergunta 8 0 ponto A setorização nos ajuda a entender a localização dos espaços em uma loja. Em um determinado espaço estarão os lançamentos e as coleções mais recentes. Esse setor é responsável por confirmar o interesse do consumidor, garantindo a permanência dele na loja, por isso está localizado logo após as vitrines e displays. Qual é esse setor? 0. Aço. 1. Prata. 2. Ouro. 3. Platina. 4. Bronze. 9. Pergunta 9 0 ponto A preocupação com a acessibilidade deve permear todos os nossos projetos. Para evitar dúvidas e erros, existem alguns parâmetros que devem ser seguidos, reunidos em uma NBR. Qual é essa NBR? 0. 15575. 1. 3578. 2. 5050. 3. 9050. 4. 8462. 10. Pergunta 10 0 ponto O termo Merchandising Visual é aparentemente novo no Brasil, mas possui grande relevância quando falamos de arquitetura de interiores voltada ao âmbito comercial. Sendo assim, analise as afirmações a seguir. I – O objetivo principal de projetos comerciais é a interação com o consumidor. II – Uma loja precisa ser organizada e confortável, de modo que o consumidor que entrou nela também consuma. III – O consumidor precisa reconhecer e valorizar a marca, transformando-se em cliente. Assinale a alternativa correta: 0. Somente I e III estão corretas. 1. I, II e III estão corretas. 2. Somente I e II estão corretas. 3. Somente I está correta. 4. Somente II está correta. Filtro de questões (10)Nenhum filtro aplicado. Todas as questões estão listadas. Salvar e fechar Enviar Ajuda para a página atual Cursos carregados com sucesso UNIDADE 2 Projetos de Interiores Comerciais e Especiais - UNIDADE IIPULAR PARA A AULA 0% COMPLETO Projetos de Interiores Comerciais e Especiais - UNIDADE IIPULAR PARA A AULA 0% COMPLETO 1. UNIDADE 2 0. IntroduçãoIntrodução 60 Percent Complete 1. Metodologia de ProjetoMetodologia de Projeto 0 Percent Complete 2. Projeto executivo e detalhamentoProjeto executivo e detalhamento 0 Percent Complete Introdução Seção 1 de 3 Nesta unidade, trabalharemos possíveis metodologias de projeto, para entender como funciona o processo de elaboração dele, desde a captação até a entrega. Falaremos sobre todas as etapas, incluindo o briefing, que é uma peça-chave para a elaboração de um projeto conforme esperado por cada cliente. Aprenderemos a montar um programa de necessidades e a fazer estudos de caso. Veremos também sobre a documentação de todas essas informações: o nosso desenho técnico. Bons estudos! Objetivos da Unidade • bullet o Entender e ser capaz de adotar uma metodologia de projeto; o Criar um modelo de briefing para utilizar com potenciais clientes; o Gerar ideias e escolher alternativas; o Documentar o projeto em forma de desenhos técnicos. o Elucidar conceitos sobre segurança operacional. Metodologia de Projeto Seção 2 de 3 Pronto para começar nosso projeto comercial? Talvez você se sinta preocupado ou mesmo assustado diante desta perspectiva. Isto é, começar um projeto a partir do zero pode ser uma ideia intimidante. Esta é uma sensação comum, já que muitas vezes não sabemos como iniciar um projeto sem saber como ele vai acabar. O que fazer? Esperar a ideia genial? Começar a pesquisar? Como começar? O que é metodologia Para começar, vamos assistir a um vídeo para contextualizar seu aprendizado? Cheque ele a seguir: Existem algumas ferramentas que podem nos ajudar neste momento, que são chamadas de “metodologias de projetos”. Vários pesquisadores têm tentado sistematizar o processo de criação de projetos seguindo algum tipo de metodologia. Segundo o professor Gustavo Bomfim, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, metodologia “é o estudo dos métodos, técnicas e ferramentas e de suas aplicações à definição, organização e solução de problemas teóricos e práticos” (BOMFIM, 1995, p. 7). Ou seja, foram estudadas as maneiras que vários profissionais utilizam para a resolução dos seus problemas e dos seus projetos, e, a partir destes estudos, foram sistematizadas as maneiras utilizadas, para tentar ajudar os novos designers a criar um caminho e desenvolver um método para a criação de seus projetos. Cada pesquisador e estudioso vai sistematizar a metodologia utilizada por empresas e profissionais, mas, de forma geral, é possível compreender a ideia de desenvolvimento de projeto a partir de alguns passos, que você provavelmente já conhece e até mesmo já usa, mas talvez nem tenha se dado conta. Vamos pensar a nossa metodologia para os projetos comerciais, mas você vai ver que existe uma semelhança muito grande com todos os tipos de projeto que você puder imaginar. Esse é um dos pontos positivos no desenvolvimento de uma metodologia de projeto: ela vale para a maior parte dos projetos, e, o que é mais importante, você vai conseguir sistematizar seu pensamento, de forma a organizar suas ideias e conseguir desenvolver o trabalho. Etapas de uma metodologia Os passos comuns a grande parte das metodologias de projeto podem ser resumidos conforme o esquemaabaixo: Briefing ou levantamento de necessidades; Criação de alternativas; Definição da alternativa mais efetiva; Desenho executivo e detalhamento. É claro que podemos colocar mais algumas etapas, em função de diferenças de levantamento por parte do pesquisador ou estudioso, bem como do profissional que usa essa metodologia. A criação de alternativas, por exemplo, pode ser dividida em brainstorming, seleção de alternativas e desenvolvimento de alternativas, mas é possível perceber que estas quatro etapas resumem de maneira efetiva o processo. Você certamente já tentou, em algum momento, a criação de um projeto com o uso dessas etapas e também sem a ajuda delas, e deve ter notado que, ao não fazer algum desses passos, o trabalho ficou mais difícil. Quando não fazemos o briefing, por exemplo, ou quando tentamos criar um projeto sem um cliente em mente, as dificuldades são enormes, pois qualquer solução pode funcionar, e isto, mesmo que pareça mais simples, será um grande problema, não é mesmo? DEFINIÇÃO Briefing: conjunto de informações ou uma coleta de dados passados em uma reunião para o desenvolvimento de um trabalho ou documento. Assista ao vídeo a seguir para ampliar seus conhecimentos: Por isso, o primeiro passo no desenvolvimento de nosso projeto é o briefing. Essa etapa, que é primordial, consiste no levantamento, ou na coleta, dos dados necessários para a execução do trabalho. Dito dessa maneira, o briefing parece ser uma coisa simples e rápida de ser feita, não é? Por esse motivo, muitos designers acabam desvalorizando esse primeiro passo, ou fazendo a sondagem de forma superficial ou simplista, e acabam tendo um trabalho muito grande, pois terão de refazer algumas, ou várias, das etapas do projeto e do detalhamento. Um briefing deve conter perguntas pertinentes e que o ajudem a efetivamente entender o cliente e suas necessidades, ou seja, é necessário que você consiga compreender quais os problemas e as carências que precisam ser resolvidas para que ele possa usufruir de forma plena os ambientes que estão sendo projetados. Briefing comercial No caso do projeto comercial, o briefing é um pouco mais específico e complicado, pois muitas vezes não estamos projetando para um cliente em especial, mas sim para o público que vai frequentar o espaço. Sendo assim, é preciso conhecer o público-alvo do nosso cliente, para que o espaço seja interessante e agradável para os usuários, seja uma loja, que faça com que os compradores entrem e consumam, seja um consultório, que faça com que os pacientes se sintam tranquilos, ou um escritório, onde clientes e funcionários sejam produtivos. Para este briefing, você precisa fazer alguns questionamentos antes de começar a pensar nas possibilidades de projeto que existem: por exemplo, qual produto será ofertado no espaço, e como o cliente imagina que este produto deverá ser ofertado. Outro fator fundamental para o sucesso de um projeto comercial é saber que tipo de público o cliente quer atender; ou seja, o público-alvo está na classe “A”, “B” ou “C”? Muitas vezes a definição do tipo de público-alvo vai ajudar você a saber como será o método de venda, isto é, se os clientes terão o auxílio de um vendedor, ou se será feito o autoatendimento, onde o cliente escolhe o que quer e vai direto ao caixa. De forma geral, os públicos das classes “A” e “B” preferem a ajuda de vendedores, enquanto o público da classe “C” prefere o autoatendimento. Também é importante conhecer as características da marca, como cores, tipografia, estilo das lojas, entre outras características. Caso a marca pertença a uma rede, significa que você terá parâmetros mais rígidos para seguir, ao passo que uma loja única apresenta uma liberdade criativa maior. Curiosidade Quando uma marca é desenvolvida para uma empresa, por profissionais especializados, existe um estudo acerca das cores, da fonte, das aplicações e de diversos fatores que visam a atrair e encantar o público-alvo daquela empresa. Por isso, sempre que possível, peça para ter acesso ao “manual da marca” da empresa. Ele pode ajudar muito no desenvolvimento do projeto. É possível perceber como essas perguntas simples e iniciais já começam a dar um direcionamento para seu projeto, colocando ou eliminando itens que devem fazer parte de um ou de outro tipo de projeto, certo? Perceba que ambos são projetos de loja, que podem inclusive estar em lugares próximos, mas, por atenderem a públicos com perfis diferentes, possuem uma estrutura, um layout e um mobiliário distintos um do outro. Briefing de serviços Saber fazer as perguntas certas, sem desviar o foco, é um desafio para muitos profissionais, que pensam que o briefing é uma “conversa” que manterão com o cliente. Na verdade, o briefing é uma reunião de negócios, um questionamento direcionado, onde você vai tentar conseguir o maior número de informações possíveis para iniciar seu projeto. É interessante que você leve um roteiro, com perguntas-chave, para resolver suas questões. Também é importante saber conduzir esse questionamento como se fosse uma conversa, isto é, seu cliente não pode ficar constrangido, como se estivesse sendo interrogado. Encare a reunião de briefing como uma conversa direcionada a tirar as suas dúvidas. Faça uma pequena lista onde constam as principais dúvidas que tiver. Ter roteiros, guias e checklists facilita o dia a dia e evita que algum ponto importante seja esquecido no processo do projeto. Com calma, elabore seus guias, e tente melhorá-los a cada novo projeto. Abaixo segue uma lista com algumas das perguntas mais básicas que um briefing para a execução de um projeto de espaço de prestação de serviço deve conter. Consta, ainda, uma pequena explicação a respeito das perguntas, já que você pode eleger quais das questões serão pertinentes e interessantes para cada cliente, ou, a partir delas, criar outras, que sejam mais importantes para um cliente específico. O espaço já está definido, isto é, o cliente já decidiu em qual local o empreendimento será instalado? Um dos serviços que você pode oferecer ao seu cliente é um tipo de assessoria que irá ajudá-lo a escolher um espaço adequado ao tipo de negócio que ele pretende implantar. Caso o espaço já esteja definido, o cliente possui os desenhos técnicos referentes à edificação? Caso ele não possua as plantas, cortes e fachadas, pode ser necessário executar um levantamento métrico e fotográfico dessas áreas. Qual o tipo de prestação de serviço que será feito no local, ou seja, qual o tipo de empreendimento que o cliente pensa em abrir? O seu projeto será todo balizado por esse empreendimento. Caso o espaço já esteja definido e o tipo de empreendimento a ser instalado no local também já seja conhecido, é possível que esse tipo de negócio seja instalado neste espaço? Em algumas cidades, existem legislações a respeito de empreendimentos em determinados locais. É preciso também estudar as dimensões necessárias para o tipo de empreendimento que seu cliente deseja abrir. Deve-se verificar tudo o que é preciso para que as coisas funcionem a contento na edificação escolhida. O cliente conhece sobre esse ramo? Caso a resposta seja afirmativa, é preciso entender o quanto ele conhece e até que ponto esse cliente pode lhe passar as informações técnicas relativas às necessidades deste tipo de empreendimento. Isso significa que a pessoa pode saber com o que quer trabalhar, mas não vai necessariamente saber as necessidades técnicas que estão envolvidas com este trabalho. Já existe um conceito a ser seguido? É preciso saber se o seu cliente deseja seguir algum tipo de padrão de cores, materiais e acabamentos ou se você terá a liberdade criativa de sugerir o que for definido em seu projeto. Acontecerá a visita de clientes ou serão apenas os funcionários que trabalharão no espaço? Isso vai ajudar a definir se haverá uma recepção, um espaço de espera e um posto de trabalho parauma recepcionista, ou se toda a área do imóvel pode ser ocupada por funcionários. Existe acessibilidade? É preciso conhecer o tipo de empreendimento e o público-alvo para que seja feito um projeto de adaptação que possibilite a acessibilidade em toda a edificação. Assim, deve-se verificar a colocação de rampas, plataformas elevatórias, banheiros adaptados, entre outras providências que podem ser tomadas. Será preciso um projeto de segurança? Pode ser preciso executar um projeto para a proteção contra incêndios, determinando as rotas de fuga, o posicionamento de extintores etc. Será preciso tomar algum cuidado especial para que o empreendimento seja instalado no local? Pode ser necessário que se faça o isolamento acústico dentro do ambiente, evitando que o som de dentro do espaço incomode os vizinhos. Ou então a instalação de aparelhos de ar-condicionado, para garantir o conforto térmico dos frequentadores. Essas perguntas são uma base para os projetos de interiores de empreendimentos de serviço. Algumas das questões podem ser colocadas para todas as empresas, enquanto outras são mais indicadas para um tipo específico de negócio. Além dessas perguntas, será preciso, evidentemente, acrescentar aquelas que são mais características da empresa de seu cliente, como o uso e instalação de maquinário, a quantidade de funcionários, a necessidade de uniformes (que indicará a necessidade de um vestiário), entre outras. De maneira semelhante ao que fazemos em um briefing para um projeto de interiores residenciais, é interessante que você tenha um formulário básico, como este, e vá acrescentando perguntas e questionamentos específicos para clientes com características diferentes. Programa de necessidades Após o briefing e a pesquisa, dependendo da complexidade do projeto em execução, pode ser interessante criar um programa de necessidades. Mas o que é um programa de necessidades? Trata-se de um programa feito a partir do levantamento das necessidades do projeto, tanto as que foram levantadas através do briefing como as que foram levantadas pelos estudos de caso. DICA A depender do tipo do projeto, existem ambientes que são exigidos por lei. Para cada projeto, é necessário estar atento às normas do local, sejam elas a legislação da cidade ou o manual do centro comercial onde a loja estará implantada. No caso de locais de saúde ou alimentação, é necessário que seja consultada também a ANVISA Esse programa inclui todos os espaços que devem ser criados. Também é possível colocar a área útil aproximada que cada um desses espaços precisa ter. Além disso, é possível fazer um fluxograma que indicará as ligações entre esses espaços, dando uma ideia de como será a circulação dentro da edificação. Figura 1 - Fluxograma. Fonte: O Autor (2020) No fluxograma, é possível entender, de forma visual, como funciona a circulação dessa residência: a entrada principal se dá através de um hall de distribuição, e através dele podemos nos dirigir para a cozinha ou para a sala de estar. Note que isso não significa que estamos falando sobre espaços fechados ou separados, mas sim sobre a circulação imaginada para o espaço. Podemos ver, por exemplo, que só é possível acessar a área de serviço através da cozinha. Também podemos notar que só é possível chegar aos banheiros através dos quartos, o que nos indica que temos apenas suítes nesta edificação. Você consegue ver como podemos obter muitas informações do projeto através de um fluxograma? Nosso trabalho é facilitado ao permitir entender como as pessoas circularão pelo espaço, pois, assim, podemos direcionar o público de maneira mais eficiente. O programa de necessidades e o fluxograma vão encerrar a primeira fase da nossa metodologia de projeto. A fase seguinte da metodologia é a geração de ideias, ou seja, colocar no papel as ideias que você tem para o espaço de seu cliente. Essas ideias devem ter como parâmetro o que foi pesquisado na fase anterior, e é interessante que você coloque todas as suas ideias no papel, sem censura, apenas com o foco na solução do projeto e das necessidades de seu cliente. Estudos de caso Uma das alternativas para estimular a criação de ideias é o estudo de projetos que tenham características semelhantes ao projeto que você vai criar. É uma prática muito comum na área de criação e é importante estarmos atentos ao que acontece e às novidades em nossa área de trabalho. O acompanhamento semanal ou até diário de sites de referência e de revistas (digitais ou físicas) nos permite conhecer o trabalho de outros profissionais e lançamentos de tendências, cores, materiais e mobiliário. Perceba que a ideia aqui não é copiar as soluções adotadas por outros profissionais, mas sim perceber como tais opções podem ser adaptadas às suas necessidades ou auxiliar na criação de novas soluções a partir de um repertório que você possui. Para que possamos pensar em um exemplo concreto, o que você acha de criarmos uma escola de idiomas de pequeno porte? Isso vai nos permitir exercitar nossa criatividade tendo uma meta definida. O início dos estudos de caso, como o próprio nome indica, é a pesquisa de projetos semelhantes, ou que tenham características similares ao nosso, e que nos ajudem a entender como outros profissionais resolveram problemas. Lembre-se que esta é uma análise crítica, ou seja, é interessante perceber as coisas que funcionam de forma correta, mas também os pontos que podem ser mais eficientes. A forma de executar essa etapa varia conforme a disponibilidade de material de pesquisa que você encontra e a especificidade do projeto no qual você está trabalhando. É claro que uma de nossas principais fontes de pesquisa será a internet. Mas, neste momento, é preciso que façamos uma ressalva, que eu tenho certeza de que você já ouviu, mas que sempre é bom reforçar: cuidado com os resultados de suas pesquisas na internet e com sites que não são confiáveis. Sempre que possível, confirme seus resultados em mais de uma fonte, verificando se o que está sendo dito em um lugar é o mesmo que está sendo afirmado em outro. De qualquer forma, é claro que na internet temos uma forma prática e abrangente para encontrar informações e ideias. No caso de nossa escola de idiomas, por exemplo, conseguiremos uma seleção de opções muito grande. É importante definir alguns parâmetros a respeito do que você vai pesquisar, indicando, por exemplo, espaços, áreas, estilos, além outros critérios que vão nos direcionar e ajudar em nossa pesquisa. O estudo de caso envolve, ainda, a visita a espaços que tenham a mesma função que o espaço que estamos projetando. Nem sempre essas visitas são possíveis ou permitidas. Por isso, uma das qualidades de um designer de interiores é a curiosidade: vamos sempre estudar os espaços que visitamos, tentando entender o fluxo de pessoas e materiais, a circulação entre os espaços, e até mesmo as dimensões dessas áreas, mesmo que não tenhamos uma necessidade imediata deste conhecimento. Isso significa que quando você vai a uma clínica médica, por exemplo, é interessante perceber como ela funciona e os espaços que a compõem, fazendo uma análise crítica do espaço, percebendo se a paleta de cores escolhida está correta, se a iluminação é boa, se o fluxo de pacientes e funcionários é eficiente e prático, entre outras coisas. Pode ser que você nunca venha a projetar uma clínica médica, mas exercitar uma visão crítica o ajudará em todos os projetos que você vier a executar. Além da sua pesquisa de casos, outra coisa a ser feita quando trabalhamos com projetos mais complexos como esse é o programa de necessidades: listar todos os ambientes que serão necessários para o bom funcionamento do espaço. Esse programa pode ser considerado uma etapa anterior à execução do fluxograma. No fluxograma, mostramos como os ambientes são interligados, criando um fluxo de circulação que alimentará nosso projeto. O programa de necessidadescria uma relação com todos esses ambientes sem, necessariamente, indicar qual a conexão entre eles. Para uma escola como a que estamos projetando, já conhecemos alguns espaços que frequentamos, como as salas de aula. Mas quais espaços são necessários para o funcionamento de uma escola de idiomas? Vamos fazer uma lista, a partir do que foi levantado em nosso briefing e em nossas pesquisas. Lista de espaços necessários em uma escola de idiomas: • bullet Recepção/sala de espera; • bullet Biblioteca; • bullet Sanitários; • bullet Salas de aula; • bullet Sala de professores; • bullet Secretaria; • bullet Arquivo; • bullet Administração. Podemos, ainda, fazer a separação desses espaços por tipo de uso, definindo quais serão utilizados apenas por alunos, apenas por funcionários, ou por todos. Podemos, por exemplo, ter sanitários para os funcionários que não possam ser acessados por alunos. Essa separação também pode nos ajudar na construção do fluxograma. Com os espaços necessários listados, podemos começar a pensar em nosso fluxograma, ou seja, nas interligações que desejamos entre esses espaços, imaginando a melhor circulação entre eles, bem como as áreas que eles precisam possuir. Um arquivo para uma escola de idiomas, por exemplo, pode se resumir a um armário, que pode ficar no espaço da secretaria, onde ficam as fichas dos alunos, ou pode ser um cômodo reservado para este fim, com arquivos de aço, que podem guardar os históricos dos alunos, bem como os diplomas e certificados. Esse arquivo pode, ainda, existir apenas em formato digital, não necessitando sequer de um espaço físico. Essas definições serão obtidas através do briefing que foi feito previamente com o cliente, que definirá o tamanho da escola e o número de alunos que vão frequentar o espaço. Isso mostra a importância e a influência do briefing em nosso projeto, não é mesmo? O mesmo raciocínio será empregado em todos os ambientes que estiverem listados no programa de necessidades, descobrindo qual a sua função e quais as dimensões necessárias para o exercício dela. Por exemplo, uma sala de aula para cinco alunos terá uma dimensão diferente de uma sala de aula para quinze alunos. E onde essas informações serão coletadas? Isso mesmo! No briefing. Lembre-se, quem possui as informações a respeito do empreendimento e suas necessidades é seu cliente. A partir do levantamento do programa de necessidades, podemos iniciar a construção de nosso fluxograma, definindo a circulação dentro do espaço. É possível perceber que a quantidade de trabalho é proporcional à complexidade do projeto a ser executado, não é mesmo? Quanto maior e mais complexo o espaço a ser projetado, maior a importância de que o programa de necessidades seja bem feito e de que o fluxograma seja executado. Essas ferramentas permitirão que o projeto seja entendido de maneira mais simples. Na figura a seguir, temos um exemplo de fluxograma pensado para este projeto. Figura 2 - Fluxograma. Fonte: O Autor (2020) Analisando o fluxograma, podemos ver que o projeto inicia na recepção, que também funciona como sala de espera. Esse é o ponto de entrada de alunos, professores e funcionários. É claro que podemos ter entradas diferentes para públicos diferentes, mas o mais comum em projetos pequenos como esse é que exista apenas uma entrada. A partir dessa entrada, temos uma separação de fluxo, ou seja, a partir da recepção, cada um dos públicos que utiliza o espaço acessará uma área diferente da edificação. Os estudantes podem acessar a biblioteca ou as salas de aula. Podem, ainda, acessar os sanitários a partir desses dois espaços ou da recepção e, por isso, os sanitários exibem uma linha de ligação para todas essas áreas. Lembre-se que essas conexões e ligações são definidas pelo designer de interiores. Isso significa que você, por exemplo, pode decidir que os sanitários só serão acessados a partir da recepção, ou seja, os alunos terão que sair da sala de aula ou da biblioteca e retornar à recepção para então acessarem os sanitários. Esse esquema pode ser alcançado com o uso de divisórias ou com a construção de paredes, mas, de qualquer modo, as decisões que forem tomadas no fluxograma ajudarão a definir como será feita a circulação no projeto. É fácil entender isso, agora que conseguimos visualizar o conjunto de maneira gráfica, não é mesmo? Os professores, por sua vez, a partir da recepção, podem ir para a sua sala ou para os mesmos ambientes que são frequentados pelos alunos, como as salas de aula ou a biblioteca. Os funcionários podem circular por todos os ambientes sobre os quais já falamos, mas, provavelmente, irão para a secretaria e a partir daí para os arquivos e para a administração. É importante que você perceba que não é preciso que esses ambientes sejam separados ou constituídos por salas diferentes. A administração e a secretaria podem ocupar até o mesmo espaço, mas a separação é importante para que consigamos entender o projeto de forma mais clara, mesmo que ela não seja uma separação física, feita com paredes ou divisórias. A separação entre usos de um mesmo ambiente pode ser feita de várias outras formas além do uso de divisórias, como com o uso de tipos diferentes de piso ou com o mesmo tipo de piso com cores ou texturas diferentes. Também é possível utilizar biombos. Além dessas opções, podemos fazer uma diferença no nível dos pisos, criando degraus ou diferenças no rebaixo do teto, criando pés-direitos diferentes, que também definem usos diferentes. É importante que o designer de interiores utilize essas opções, pois isso manterá um espaço. Geração e escolha de alternativas De acordo com o professor Mike Baxter, “a geração de ideias é o coração do processo criativo” (2008, p. 61), ou seja, nessa fase inicial de geração de alternativas, é interessante que você não se limite ou crie obstáculos para a sua imaginação. Na maior parte das vezes, os croquis feitos à mão livre serão mais rápidos e simples do que o desenho feito em um computador, dependendo do seu domínio dessa ferramenta. Existem vários métodos para ajudar a estimular a sua criatividade e existe uma vasta literatura a respeito, com ferramentas e técnicas que podem aumentar a concepção de ideias. O professor Baxter comenta que “mesmo quando não se trabalha no nível consciente, a mente continua a processar as ideias” (2008, p. 53), o que significa que muitas vezes as pessoas se forçam a resolver um problema em determinado tempo, mas que às vezes é preciso parar de focar no problema e se distrair da tarefa para que sua mente encontre uma solução. O processo criativo em cinco etapas https://br.linkedin.com/learning/o-processo-criativo-em-cinco- etapas/boas-vindas?autoplay=true&trk=learning- course_tocItem&upsellOrderOrigin=default_guest_learning Você já deve ter passado por essa experiência, quando fica tentando resolver um problema por um longo tempo, sem sucesso e, quando começa a pensar em outra coisa, a solução aparece de forma quase mágica em sua mente, não é? Esse é o motivo! De acordo com o professor Baxter, devemos abastecer nossa mente com o máximo de informações possível e depois deixar que ela resolva o problema. Falando assim, parece fácil, não é? Mas nem sempre temos esse tempo para esperar que nossa mente apareça com uma solução, o que significa que podemos precisar de algumas “técnicas” que podem nos ajudar e incentivar nossa criatividade na resolução da tarefa. De acordo com o professor Lobach, uma técnica para essa “fase é a associação livre de ideias, o que sempre leva a novas combinações de ideias” (2001, p. 153); essa técnica consiste em colocar as ideias no papel e, a partir do que foi pensado, fazer novas associações, criando mais ideias e variações sobre o que foi criado. Outra técnica interessante e muito útil, sugerida pelo professor Baxter, é o brainstorming, ou tempestade cerebral. Apesar de essa técnica terdisso desenvolvida para ser utilizada em grupo, é possível que ela seja utilizada por uma única pessoa. Semelhantemente à “associação livre de ideias”, esse método de estímulo de criatividade deve ser orientado, ou seja, focado no problema a ser resolvido, com o máximo de informações reunidas, tal qual vimos na fase anterior. A partir desse momento, começa a fase chamada de “ideação”, que é a fase de criação propriamente dita; nessa fase, as ideias são colocadas no papel, sem censuras e sem limites, mas contando com as indicações e orientações sobre as quais já falamos. O brainstorming se baseia no princípio de que “quanto mais ideias, melhor” (BAXTER, 2008, p. 67), ou seja, a função dessa ferramenta é justamente a criação de várias opções diferentes. É interessante observar, ainda, que as primeiras ideias geralmente são as mais óbvias e comuns, mas, conforme a sessão de brainstorming avança e é aprofundada, a qualidade e a diversidade de ideias aumentam. A forma gráfica de criação e demonstração dessas alternativas, criadas com qualquer um desses métodos ou, ainda, com algum outro que você ache interessante, vai depender da sua preferência; isto é, a maneira como você apresentará essas opções dependerá da mídia na qual você se sentirá mais confortável, ou seja, se você vai desenhar sua ideia à mão livre, com a ajuda de ferramentas de desenho técnico, ou com o auxílio de um computador é uma escolha sua. De acordo com Lobach, nessa “fase de produção de ideias, a mente precisa trabalhar livremente, sem restrições, para gerar a maior quantidade possível de alternativas” (2001, p. 150). Essa liberdade criativa também pode ser facilitada pelo desenho manual. Para termos alguns parâmetros, vamos criar um projeto para uma loja de objetos de decoração, que se localiza em um shopping. A loja conta com uma única entrada e com um único piso. Além disso, a loja tem vitrines, e você vai optar entre fechá-las ou deixá-las abertas, ou seja, dependendo das suas definições para o projeto, as pessoas que estão passando pelo corredor do shopping poderão, ou não, visualizar o interior da loja. A loja que projetaremos possui as seguintes dimensões: uma frente de 6,50m, uma porta de entrada de 2,00m, que está centralizada na fachada, uma profundidade de 18,00m e o pé-direito da loja é de 4,50m. É importante lembrar que esses primeiros croquis têm o propósito de colocar as suas ideias de uma maneira gráfica, e que não precisam ser detalhados ou esteticamente agradáveis, mas que sejam claros e que expressem as várias possibilidades que você criou para o espaço. Vamos começar nosso projeto estudando algumas alternativas para a circulação dos clientes. A figura “Geração de alternativas” demonstra como o mobiliário que será escolhido vai ajudar a definir a circulação pretendida para a loja, ao direcionar o fluxo de pessoas pelo espaço. A figura mostra um desenho feito à mão livre, com três croquis diferentes para a mesma planta. Como você já sabe, é importante treinar a sua mente para que o processo de geração de alternativas fique mais simples e fácil. Uma boa tática é tentar dar outra solução para coisas que não são um problema, isto é, você pode tentar encontrar alternativas para projetos que já funcionam, tentando encontrar opções. Você pode fazer isso na sua casa, encontrando opções para os cômodos e espaços que já são funcionais. Esse exercício fará com que você comece a ter uma visão diferente das opções que podem existir para essas áreas. A geração de alternativas pode ser feita com o desenho manual, ou com o desenho auxiliado por computador, dependendo da sua habilidade em cada uma dessas mídias. A grande vantagem do desenho manual é a velocidade de produção e de geração de alternativas, pois este desenho é mais simples e permite uma maior liberdade. Após a geração das ideias, quando você já criou várias alternativas para a resolução de um mesmo problema, vem o momento de escolha da alternativa que vai solucionar a questão de maneira mais simples e eficiente. Essa escolha deve ser feita a partir dos parâmetros que foram fixados na etapa anterior e deve resolver todos os problemas que foram levantados, ou a maior parte deles. Essas opções são chamadas de anteprojeto, pois estão associadas a uma fase anterior à fase de projeto, isto é, os primeiros desenhos compõem uma fase que leva ao projeto. Muitas vezes a solução encontrada será a mistura de duas ou mais ideias geradas nessa fase, ou uma evolução de uma dessas opções. Também é importante que sejam geradas ideias com soluções diferentes, e até mesmo algumas que sejam estranhas ou que não possam ser executadas, pois algumas soluções podem estar em ideias que, à primeira vista, são erradas. A opção que será escolhida para ser desenvolvida não precisa estar totalmente resolvida, pois vamos definir e detalhar esse esboço várias vezes. Também pode acontecer, em algum momento, que nenhuma das ideias que foram geradas possam ser usadas, seja por motivos técnicos, seja por estarem muito fora do que foi pedido pelo cliente. Nesse caso, será preciso que se retome a fase de pesquisas, revendo o que foi levantado, e a geração de ideias, criando outras opções. Uma coisa importante é saber que, muitas vezes, as ideias que não podem ser utilizadas para um projeto não precisam ser descartadas, mas podem ser arquivadas para que sejam revistas e adaptadas para outro projeto. Quando uma das opções criadas é escolhida, geralmente ainda está em um estágio bastante inicial da concepção, e ainda será desenvolvida até o ponto em que será considerada como um projeto. A diferença entre o anteprojeto e o projeto é a possibilidade de execução do projeto, ou seja, um projeto apresenta uma grande capacidade de execução, sendo um desenho mais próximo à realidade da obra, diferente do anteprojeto, que é um desenho de concepção, sem o detalhamento necessário para a execução. Outra diferença entre um projeto e um anteprojeto é a possibilidade de alteração. A maior parte das alterações deve ser feita na fase de anteprojeto, onde ainda existe a possibilidade de mudanças sem atrapalhar o fluxo do trabalho. Quando alteramos um projeto, muitos outros desenhos e projetos devem ser alterados e, quando o projeto está definido, iniciamos a execução dos projetos complementares e do detalhamento. Assim, alterar o projeto significa alterar todos esses outros projetos. Análise e definição das alternativas Voltando à loja, podemos notar que a figura também mostra que o desenho não tem muitas definições, funcionando apenas como um estudo de alternativas de circulação, mas que vai nos ajudar a entender como a disposição do mobiliário guiará o fluxo dos clientes. O conhecimento do tipo de circulação que queremos nos auxiliará a entender quais produtos devem ser mostrados na loja e como esses produtos podem ser expostos (lembra-se da setorização que acabamos de estudar?). Na alternativa “A” foi criado um apoio para as promoções e lançamentos, mas é preciso cuidado para que esse apoio não acabe se transformando em uma barreira visual, ou seja, é preciso que o tamanho dessa peça seja proporcional à porta e ao espaço interno. Na opção “B” temos os expositores na parede, e criamos dois “corredores” de circulação, com uma ilha central. Essa é uma opção mais tradicional, garantindo mais espaço de circulação para os clientes, o que significa que teremos menos espaço para exposição de produtos. Na alternativa “C”, temos menos espaço para os destaques e diminuímos a circulação de clientes, mas, ao mesmo tempo, aumentamos a área de exposição para os produtos. Para esse estudo fizemos apenas três alternativas, mas você pode colocar mais ideias no papel, de acordo com a sua necessidade, com o tipo de projeto e com o tempo disponível. Com as ideias no papel, vamos começar a avaliação de cada uma delas, entendendo os pontos fortes e o que pode ser aproveitado de cada uma delas. É precisoque você perceba que as três opções podem funcionar de maneira satisfatória, ou seja, a escolha de qual alternativa será adotada vai depender de uma seleção feita em conjunto com o cliente (lembre-se que ele conhece melhor que você os produtos que vai vender e o público que deseja atender). Como acontece com frequência em nossos projetos, a opção que será utilizada, em muitos casos, acaba surgindo de uma combinação das várias alternativas criadas. De acordo com a setorização que estudamos, sempre é interessante trabalharmos com um expositor na entrada, na chamada zona “Platina”, como uma forma de atrair os clientes para o interior da loja, mas é preciso que essa peça seja escolhida de maneira cuidadosa, evitando o que acontece na opção "A", na qual esse elemento está superdimensionado e atrapalha a entrada dos clientes no espaço, criando um obstáculo ao invés de um atrativo. A opção “B” conta com uma boa área de exposição de produtos, mas pode ter uma área para a circulação de clientes um pouco restrita. Uma forma interessante de setorizar os espaços é através de cores, mostrando, por exemplo, o que são espaços de serviços, de clientes, de alimentação etc. Um exemplo disso é essa planta da escola de arte de Carcassone. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/766983/escola-de-arte-nil-carcassonne- jacques-ripault-architecture/54e669b9e58ece76a2000021-second-floor- plan?next_project=no Nessa alternativa, não temos o móvel para a exposição na entrada da loja. Caso optemos por essa possibilidade, podemos utilizar as extremidades das gôndolas como uma forma de atração de clientes, mostrando lançamentos e promoções. A alternativa “C” mostra uma área de exposição menor, mas uma área para a circulação de clientes maior, o que pode significar mais conforto para as pessoas, mas também indica que os produtos terão que ser mostrados de forma diferente e mais criativa. Como uma forma de aumentar a área de exposição, foi colocado um expositor na área posterior da loja. De forma semelhante à opção “B”, também não foi colocado nenhum tipo de apoio na entrada, o que significa que provavelmente teremos que usar as extremidades das gôndolas. Em todas as alternativas, a área de pagamento e de retirada de mercadorias e pacotes está localizada no fundo da loja, o que fará com que os clientes caminhem por toda a área para pagar e retirar seus produtos. Depois de avaliar todas as alternativas que você criou, chegou a hora de definir sobre qual delas vamos trabalhar, para que criemos o projeto que será executado. Como já foi dito, existe a possibilidade de que uma das opções criadas já atenda a sua necessidade, mas, em muitos casos, o projeto que será desenvolvido resultará da combinação de duas, ou mais, das alternativas que foram criadas. No caso da loja que estamos projetando, vamos combinar todas as opções que criamos, e teremos a alternativa que será desenvolvida como o projeto definitivo. A figura “Projeto Final” mostra a opção que será detalhada. Para indicar um avanço nas definições de projeto, essa opção foi desenhada em um programa de CAD (Computer Aided Design ou Desenho Auxiliado por Computador), o que também possibilita o aumento no nível de detalhe e uma precisão muito maior nas dimensões e na escala dos desenhos. Como foi dito anteriormente, é interessante que esse tipo de desenho, mais técnico ou computacional, seja deixado para um momento em que o projeto esteja mais definido. É claro que isso vai depender de sua habilidade e de seu conhecimento, mas, de forma geral, o desenho auxiliado demanda mais atenção e treino, o que pode limitar sua criatividade. Figura 7 - Projeto Final. Fonte: O Autor (2020) A figura mostra uma planta com características dos três croquis indicados na figura “Geração de alternativas”. Na versão final de nosso projeto, é possível ver o display na parte frontal da loja, para a exposição de peças em promoção ou lançamento, e o grande número de gôndolas para a exposição de produtos, bem como uma grande área de circulação para clientes; a parte posterior da loja também foi utilizada para a exposição de produtos, próximo à região dos caixas. Devemos considerar alguns fatores para escolher uma opção entre as alternativas de projeto que foram criadas para um cliente. Os fatores podem ser definidos juntamente com seu cliente, pois podem variar de acordo com as necessidades de cada projeto. Para que a escolha seja a mais precisa, definimos um conjunto de fatores que a direcionarão, por exemplo: • bullet O custo, ou seja, escolher a opção que terá um custo menor de execução e de funcionamento; • bullet O tempo de execução da obra, já que a maior parte dos clientes vai pedir uma obra que seja de execução rápida; • bullet O mobiliário utilizado, pois a escolha do tipo deste ajudará a definir o estilo do espaço; • bullet O estilo de decoração, pois ele ajudará a definir o estilo do espaço e do negócio. Acesse: Projetos de quiosques são frequentemente solicitados quando se trata de arquitetura comercial. Vamos ver um bom exemplo de como um quiosque pode transmitir a ideia de uma marca, com personalidade, inovação e muita técnica? Acesse o https://www.poroarq.com/quiosque-nup%C3%AA-caf%C3%A9 para ver o quiosque criado pelo escritório Poro, de Fortaleza. Desenvolvimento da alternativa Com uma alternativa definida, será preciso fazer o desenvolvimento do projeto, detalhando os desenhos originais para que se transformem em um projeto que possa ser construído. O desenvolvimento de um projeto passa por várias fases, que incluem uma tarefa muito específica para o designer de interiores, exigindo um grande conhecimento técnico que é a escolha dos materiais de acabamento que serão utilizados no projeto. E é preciso que esses materiais estejam definidos para que os desenhos executivos sejam criados. É preciso conhecer as características de uma grande variedade de materiais, além das especificidades do projeto, para fazer as escolhas mais indicadas para cada caso. É preciso saber, por exemplo, a quantidade e a frequência de público que circulará pelos ambientes. A partir das definições dos materiais de acabamento que serão utilizados, é possível começar a criar os desenhos técnicos, que são fundamentais para a execução da obra, como as paginações de piso e de parede. É importante ter em mente que o valor de cada material é apenas um dos fatores determinantes para sua utilização. O primordial é que ele seja indicado para o uso que se está dando. Dessa forma, evitam-se acidentes, desgaste prematuro do material e demais problemas. Se, por exemplo, o projetista indica um piso inadequado para um banheiro, apenas por insistência do cliente, e ocorre um acidente, de quem é a culpa? As alterações que precisarem de obras de construção ou de demolição precisarão da colaboração de um arquiteto ou de um engenheiro, que trabalhará em parceria com o designer de interiores. As adaptações para que o espaço se torne acessível para pessoas com mobilidade reduzida, por exemplo, em muitos casos, precisam de obras para a ampliação da abertura das portas ou para a colocação de rampas. Documentação A Lei 8.666 de 1993 define que toda obra necessita um projeto, dividido em duas etapas: projeto básico e executivo. O projeto básico tem como objetivo apresentar as características básicas do empreendimento. Compreende as etapas e serviços que farão parte do escopo da obra. É caracterizada por estudos preliminares, anteprojeto, estudos de viabilidade técnica e econômica, entre outros. São realizados projetos de instalações elétrica, hidráulica e o que for necessário para a obra em questão. O projeto executivo detalha e aprofunda os elementos mais básicos e mais cruciais para o sucesso da obra. Conforme apresenta o Manual de obras públicas – edificações: práticas da SEAP (2020, p. 173). Citação O Projeto Executivo deverá estar representado graficamente por desenhos
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