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1 ATIVIDADE COMPLEMENTAR REDAÇÃO THIAGO / ANA CLÁUDIA Nº O QUE É UM TEXTO DISSERTATIVO - ARGUMENTATIVO? Segundo a Cartilha do participante 2019, o texto dissertativo-argumentativo é aquele que se organiza na defesa de um ponto de vista (tese) sobre determinado assunto. É fundamentado com argumentos, a fim de influenciar a opinião do leitor, tentando convencê-lo de que a ideia defendida está correta. É preciso, portanto, expor e explicar ideias. Daí a sua dupla natureza: é argumentativo porque defende uma tese, uma opinião, e é dissertativo porque utiliza explicações para justificá- la. O objetivo desse texto é, em última análise, convencer o leitor de que o ponto de vista em relação à tese apresentada é acertado e relevante. Para tanto, mobiliza informações, fatos e opiniões, à luz de um raciocínio coerente e consistente. A sua redação atenderá às exigências de elaboração de um texto dissertativo-argumentativo se combinar os dois princípios de estruturação explicitados a seguir. I. Apresentar uma tese, desenvolver justificativas para comprovar essa tese e uma conclusão que dê um fechamento à discussão elaborada no texto, compondo o processo argumentativo (ou seja, apresentar introdução, desenvolvimento e conclusão). TESE – É a ideia que você vai defender no seu texto. Ela deve estar relacionada ao tema e apoiada em argumentos ao longo da redação. ARGUMENTOS – É a justificativa para convencer o leitor a concordar com a tese defendida. Cada argumento deve responder à pergunta “por quê?” em relação à tese defendida. II. Utilizar estratégias argumentativas para expor o problema discutido no texto e detalhar os argumentos utilizados. ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS – São recursos utilizados para desenvolver os argumentos, de modo a convencer o leitor. Segundo Lucília Helena do Carmo Garcez (2017), os argumentos atribuem qualidades e informações em relação ao objeto ou fenômeno de que se fala para reforçar uma posição, um ponto de vista. Tais argumentos podem ser: exemplos; dados estatísticos; pesquisas; fatos comprováveis; citações ou depoimentos de pessoas especializadas no assunto; pequenas narrativas ilustrativas; alusões históricas; e comparações entre fatos, situações, épocas ou lugares distintos, entre outros recursos de convencimento. A REDAÇÃO DO ENEM COMO PARÂMETRO O modelo Enem, apesar de suas especificidades, é um modelo de dissertação-argumentativa com todos os requisitos necessários para suprir os critérios de redação na maioria das outras instituições de ensino. Portanto, seguir essa estrutura é aprender esse tipo textual de forma genuína. Nesse sentido, o esquema abaixo, retirado do guia do INEP para o participante do exame, é o parâmetro para a construção dessa forma textual. TEMA TESE ARGUMENTOS PROPOSTA DE INTERVENÇÃO TEMA X ASSUNTO O ASSUNTO é geral, abrangente. É sobre o que se escreve. Ex.: Cinema Já o TEMA é o recorte ou a delimitação do assunto. Em geral traz um problema social que exige discussão e solução. Ex.: "Democratização do acesso ao cinema no Brasil" (ENEM/2019) TESE É a posição assumida diante do tema. Ela pode aparecer em forma de: • Afirmativa • Fatores de causa ou consequência. Ex.: A falta de acesso ao cinema no Brasil se dá em razão, principalmente, da centralização das salas de exibição, além da elitização dessa forma de cultura. (Fatores causadores) 2 ARGUMENTO São estratégias organizadas para a defesa da tese. Responde à questão: “por quê?”. Deve explorar o repertório sociocultural acumulado do estudante, legitimando os posicionamentos assumidos. ARG. 1 – Centralização das salas de exibição. - Os cinemas concentram-se na Região Sudeste do país, segundo a ANCINE. - As áreas interioranas não possuem salas de exibição. ARG. 2 – A elitização do cinema. - A maioria dos cinemas localizam-se nos shoppings, que por sua vez concentram se em áreas nobres e afastadas da periferia. - Os custos com passagem, entrada e pipoca tornam esse bem cultural caro para uma grande parte da população que sobrevive com um salário mínimo. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO São proposições para resolver ou minimizar as questões apontadas. Toda ação interventiva deve estar voltada ao problema abordado, em conformidade com discussão realizada, principalmente no desenvolvimento do texto. AGENTE: O governo; ONGs; as empresas, ANCINE; AÇÃO: estabelecer equidade de acesso ao cinema. MEIO: por meio de políticas públicas de promoção da cultura e da arte no meio social. EFEITO: - democratizar o acesso ao cinema; - permitir que as camadas mais pobres possam desfrutar desse bem. DETALHAMENTO: este pode ser feito acerca de qualquer um dos elementos anteriores. É uma informação a mais, uma justificativa, uma explicação a mais: exemplo a criação de cinemas itinerantes que percorram as regiões mais afastadas. A ESTRUTURA DO TEXTO DISSERTATIVO- ARGUMENTATIVO A estrutura dissertativo-argumentativa envolve a observação dos limites MACRO e MICRO textual do tipo exigido. Esses termos são compreendidos como o claro delineamento das partes do texto como segue: MACROESTRUTURA – Trata-se da divisão mais geral das três partes que constituem o texto, ou seja, a identificação clara de INTRODUÇÃO - DESENVOLVIMENTO - CONCLUSÃO. MICROESTRUTURA - Ordenamento claro dos elementos que constituem os parágrafos e suas funções no texto: apresentação da tese, argumentação, intervenção. ESQUEMA BÁSICO INTRODUÇÃO ENEM Catarse seletiva Com mais de 1,5 milhão de espectadores brasileiros, o longa-metragem “Coringa” se tornou sucesso nacional ao abordar aspectos históricos e reflexivos sobre o conhecido personagem das histórias em quadrinhos. Apesar de recentes recordes nacionais em bilheteria, a indústria do cinema ainda é cenário para problemáticas quanto ao seu acesso, uma vez que o processo histórico de urbanização, atrelado à insuficiência de políticas públicas, corroborou empecilhos em sua democratização. Dessa forma, deve-se questionar o tema, a fim de garantir meios para solucioná-lo. 3 ESQUEMA BÁSICO DESENVOLVIMENTO ENEM Ademais, essa dificuldade com selecionados conglomerados populacionais é também relacionada à falta de investimentos governamentais para ampliação da temática. Prova disso é que de acordo com o IBGE, até o ano de 2015 somente 10% dos municípios brasileiros possuíam ao menos uma sala de cinema, sendo esses concentrados nas regiões Sul e Sudeste. A partir desse dado, pode-se perceber que a falta de acessibilidade geográfica auxilia para o desconhecimento de certas populações sobre o próprio cinema, tendo possibilidade somente aos filmes apresentados em canais abertos ou em eventos específicos. Dessa forma, excluídos da modernização cultural, e sem respaldo de políticas públicas, o que em tese seria um mecanismo analítico de contemplação, passam a reiterar a estratificação social da atualidade. ESQUEMA BÁSICO DESENVOLVIMENTO ENEM Portanto, é possível compreender que o cinema, embora seja um meio de garantir cultura e senso crítico, ainda precisa ser democratizado para o contexto nacional. Faz-se necessário, em vista disso, que o Ministério da Cidadania, que recentemente incorporou o Ministério da Cultura em suas funções, invista no aumento de salas de cinemas em regiões defasadas, por meio de incentivos fiscais, com a finalidade de garantir interesse de empresas privadas. Além dessa ação, as escolas devem investir em objetos multimodais para a utilização de aulas audiovisuais, de modo contextualizar os alunos nesse recurso. Somente assim será possível realizar a democratização do acesso ao conhecimento, tornando igualitário o conhecimento dos tempos modernos. Disponível em: https://g1.globo.com. Acesso em: 25 nov. 2019. 4 A CORREÇÃO DA REDAÇÃO NO ENEM E AS COMPETÊNCIASA avaliação da redação no Enem envolve cinco competências que garantem maior clareza e objetividade à correção, valorizando sempre a unidade temática do texto. Noutros termos, mesmo que cada competência se ocupe de diferentes aspectos, o texto não é tido como repartido, ele é analisado em sua unidade. Por essa razão é importante que se conheça o que cada competência está pontuando. Vejamos o que diz a Cartilha do participante 20191: Cada avaliador atribuirá uma nota entre 0 e 200 pontos para cada uma das cinco competências. A soma desses pontos comporá a nota total de cada avaliador, que pode chegar a 1.000 pontos. A nota final do participante será a média aritmética das notas totais atribuídas pelos dois avaliadores. Assim, para a Competência 1, quanto aos desvios, deve-se estar atento aos seguintes aspectos: • Convenções da escrita: acentuação, ortografia, separação silábica, uso do hífen e uso de letras maiúsculas e minúsculas. • Gramaticais: concordância verbal e nominal, flexão de nomes e verbos, pontuação, regência verbal e nominal, colocação pronominal, pontuação e paralelismo. • Escolha de registro: adequação à modalidade escrita formal, isto é, ausência de uso de registro informal e/ou de marcas de oralidade. • Escolha vocabular: emprego de vocabulário preciso, o que significa que as palavras selecionadas são usadas em seu sentido correto e são apropriadas para o texto. Para a Competência 2, escreva um texto dissertativo-argumentativo, que é o tipo de texto que demonstra, por meio de argumentação, a assertividade de uma ideia ou de uma tese. É mais do que uma simples exposição de ideias; por isso, deve-se evitar elaborar um texto de caráter apenas expositivo, devendo assumir claramente um ponto de vista. Além disso, é preciso que a tese que você irá defender esteja relacionada ao tema definido na proposta. Além disso, deve-se utilizar conhecimentos das diversas áreas de maneira pertinente, legitimada e produtiva. A Competência 3 trata da inteligibilidade do texto, ou seja, de sua coerência e da plausibilidade entre as ideias apresentadas, o que é garantido pelo planejamento prévio à escrita, ou seja, pela elaboração de um projeto de texto. A inteligibilidade da sua redação depende, portanto, dos seguintes fatores: • Relação de sentido entre as partes do texto. • Precisão vocabular. • Seleção de argumentos. • Progressão temática adequada ao desenvolvimento do tema, revelando que a redação foi planejada e que as ideias desenvolvidas são, pouco a pouco, apresentadas, de forma organizada, em uma ordem lógica. • Desenvolvimento dos argumentos, com a explicitação da relevância das ideias apresentadas para a defesa do ponto de vista definido. A Competência 4 observa a estruturação lógica e formal entre as partes da redação. A organização textual exige que as frases e os parágrafos estabeleçam entre si uma relação que garanta a sequenciação coerente do texto e a interdependência entre as ideias. Essa articulação é feita mobilizando-se recursos coesivos que são responsáveis pelas relações semânticas construídas ao longo do texto, por exemplo, relações de igualdade, de adversidade, de causa- consequência, de conclusão etc. Preposições, conjunções, advérbios e locuções adverbiais são responsáveis pela coesão do texto, porque estabelecem uma inter-relação entre orações, frases e parágrafos. Segundo a Competência 5 deve-se apresentar uma proposta de intervenção para o problema abordado. Considerando o planejamento de escrita, ou seja, seu projeto de texto (avaliado na Competência 3), sua proposta deve ser coerente em relação à tese desenvolvida no texto e aos argumentos utilizados, já que expressa sua visão, como autor, das possíveis soluções para a questão discutida. Além disso, é necessário, ao idealizar sua proposta de intervenção, respeitar os direitos humanos, ou seja, não romper com os valores de cidadania, liberdade, solidariedade e diversidade cultural. Competência 1: Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa. Competência2: Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa. Competência 3: Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista. Competência 4: Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação. Competência 5: Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado que respeite os direitos humanos. 5 REDAÇÕES PARA ANÁLISE TEMA: Os desafios no combate à fuga de cérebros no Brasil O artigo 218 da Constituição Federal, promulgada em 1988, estabelece como papel do Estado incentivar o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação. Todavia, os impasses na efetivação desse direito viabilizam a fuga de cérebros no Brasil. Assim, cabe analisar a displicência governamental na consolidação da legislação, bem como os problemas socioculturais da maioria dos brasileiros como desafios no combate ao quadro nefasto em questão. De início, a descontinuidade das políticas públicas voltadas para o incentivo da ciência perpetua a referida conjuntura. Sob essa óptica, o historiador Thomas Kuhn elucidou a influência da estrutura social e da economia no desenvolvimento de pesquisas, em sua obra A Estrutura das Revoluções Científicas. Dito isso, a migração dos profissionais qualificados para outros países ratifica o panorama de Thomas Kuhn, uma vez que a indiligência do Estado na melhoria das condições de trabalho e na expansão do mercado biotecnológico, a exemplo do ínfimo investimento em pesquisas e a escassez de bolsas de pós-graduação, impossibilita a consolidação dos pesquisadores no setor laboral e, por conseguinte, a sua permanência no país. Outrossim, a inócua formação socioeducacional de alguns cidadãos direcionada para a valorização da ciência corrobora o contexto mencionado. Paralelamente, o pensamento do filósofo Arthur Schopenhauer, de que os limites do campo de visão de uma pessoa determinam o seu entendimento de mundo, coaduna com o imbróglio brasileiro, pois a negligência de uma grande parte das escolas no desenvolvimento de projetos para fomentar a ampliação do conhecimento científico entre os jovens, como pesquisas e aulas práticas em laboratórios, inviabiliza o reconhecimento da referida profissão no Brasil. Como efeito, o desafio na empregabilidade de alguns trabalhadores é um reflexo do preconceito resultante do obstáculo pedagógico em questão. Cabe, portanto, ao Congresso Nacional investir na realização de projetos para expandir o setor laboral científico no Brasil, com a ampliação dos programas de bolsas de pós-graduação e com o estímulo do mercado biotecnológico, mediante uma alteração na Lei de Diretrizes Orçamentárias, que estabelece as prioridades financeiras da União, a fim de mitigar a fuga de cérebros. Simultaneamente, compete às Instituições de Ensino orientar e informar a população acerca da importância da ciência, por intermédio de simpósios educativos sobre a temática e da abordagem transversal das aulas em laboratórios no currículo escolar, com o objetivo de incentivar a valorização dos profissionais em questão. Desse modo, o artigo 218 da Carta Magna será concretizado, e o empecilho mencionado será atenuado. Agnes Guimarães TEMA: Alternativas para mitigar a corrupção no Brasil Do exímio artista Cândido Portinari, a tela Os Retirantes esboça uma ordem social saturada pela miséria e pela pobreza, a qual exacerba a migração compelida. Similarmente, na contemporaneidade brasileira, tal cenário calamitoso é reiterado com a assiduidade da corrupção política, visto que deturpa, massivamente, o erário destinado ao bem-estar coletivo, imbróglio chancelado, de modo substancial, pelas defectivas atuações governamentaise cívicas. De início, convém pontuar, sob a óptica do jurista Raymundo Faoro, a qual exprime, mediante a Teoria do Monstro Macrocéfalo, a burocratização dos feitos estatais, a antinomia vigente entre as normas morais e as práticas antrópicas, corroborando a camuflagem de injuricidades em meio a vertentes legais não pragmáticas. Inserido nesse panorama, denota-se amoral e letárgica a atuação governamental, notadamente no âmbito jurisprudente, porquanto persistem vícios processuais que desfiguram as facetas constitucionais, em face da preponderância de predileções, as quais maculam o ideal previsto de direito impessoal, fomentando, ainda, a cifra oculta de atos lesivos. Em complementaridade, a morosidade fiscalizatória, ratificada pela exiguidade de aparatos reguladores em funcionalidade efetiva, potencializa a fugacidade das transgressões, em vista de obstaculizar, copiosamente, a identificação de licitações fraudulentas, viabilizando a nociva consolidação da corrupção sistêmica. Outrossim, é inescusável evidenciar, do escritor Augusto dos Anjos, o poema Versos Íntimos: “O homem que nesta terra miserável mora, entre feras, sente inevitável necessidade de também ser fera”, o qual realça a influência coletiva sobre o indivíduo, análoga à significativa banalização do óbice em pauta. Sob tal viés, verifica-se a leviandade coletiva, no tangente à efemeridade da sociedade de informação, uma vez que a apatia popular, amplamente comprovada pela diminuta quantidade de manifestações críticas, atua como catalisadora da consolidação de juízos infundados que institucionalizam a vertiginosa tolerância a práticas moralmente degradantes, exasperada, ainda, por visões informais oriundas da constância de ilegitimidades, em virtude da errônea assimilação desse axioma a características antropológicas intrínsecas. Como efeito, é notória a depreciação do bem-estar de uma sociedade plural, haja vista a persistência do desvio de fundos, potencialmente destinados a fins sociais, para propósitos escusos. Diante dos aspectos em voga, compete ao Governo maximizar a repressão coordenada da corrupção, sobretudo na cultura política, por meio da implementação de mecanismos internos de integridade, versados na transparência política, com o auxílio de agências reguladoras, em operacionalidade dinâmica, especializadas em transgressões desse feitio e gerenciadas por profissionais éticos e qualificados, e da desburocratização jurídica, a fim de detectar, evitar e punir a prática de desvios, fraudes e irregularidades públicas. Concomitantemente, é impreterível o engajamento cívico, aliado à conectividade midiática, na assertividade eloquente quanto a reclames de integridade política, a partir da incorporação da educação ética como instrumento de gestão, por intermédio de mesas-redondas e de programas culturais, alicerçados em temáticas sociofilosóficas, veiculados em canais midiáticos, acerca da banalização da temática e da necessidade de integração popular, com o intuito de transfazer, gradualmente, a superficialidade da consciência social e/ou política e, desse modo, mitigar o painel traçado por Portinari. Mariana Vasconcelos Diag. Stephenson. Rev. Carmen
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