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Direito Penal I - Caderno UFRJ

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Direito Penal 1
Introdução ao Direito Penal
O que é Direito Penal?
● Ramo do direito público interno que reúne
normas jurídicas cujo conteúdo proíbe
determinadas ações ou omissões, sob ameaça
da pena (norma primária); ainda, no direito
penal, há normas que estabelecem os
princípios gerais e as condições ou
pressupostos de aplicação da pena e das
medidas de segurança (norma secundária);
● Surge com o Iluminismo, no século XVIII;
Obs! Correntes de pensamento:
Escola clássica: todo ser humano possui liberdade. Para
a Escola Clássica, aquele que escolhe praticar um
crime utiliza mal a sua liberdade. Assim, se o crime é
a expressão da má utilização da liberdade do
indivíduo, a resposta a esta infração somente poderia
ser a privação da liberdade (imputabilidade baseada
sobre o livre-arbítrio);
● Pena = principal consequência jurídica do
crime;
● Parte geral = art. 1º ao art. 120;
Obs! No Direito Penal, falamos na possibilidade do
indivíduo ser apenado. O termo ‘penalização’ é
utilizado em outros campos (ex: direito
administrativo e direito civil).
● O direito se caracteriza pela previsão de
comportamento e de sanção. De um lado
temos a sanção civil com natureza de
reparação, do outro há a pena, a qual é
caracterizada pela perda de um direito. É
imposta pelo Estado em razão do
cometimento de uma infração penal. Sua
natureza é de castigo, de retribuição;
Direito Penal x Direito Criminal
● A denominação “direito criminal” prevaleceu
até o século XIX. Mediante a secularização da
disciplina, houve a preferência pelo termo
“direito penal”. O penal está associado à ideia
de pena (algo criticável, já que a medida de
segurança aparece no direito penal moderno
também como conteúdo principal); em alguns
países, como os EUA, o termo “direito
criminal” é utilizado.
Qual a finalidade da pena? (para grande parte da
doutrina = discutir a justificação do direito penal)
● Dentro desse escopo, há três orientações
quanto à legitimidade da pena: “(1) sustenta-se
que a pena é um mal, mas que se converte em bem, pois
nega o mal que é o delito e restaura o direito e a justiça
(retribuição); (2) sustenta-se que a pena é um mal
menor ou socialmente útil (prevenção); e (3) afirma-se
que a pena e, por extensão, o Direito Penal, é ilegítima,
o que deveria conduzir a abolição de ambos.”
● Essas orientações se expressam por meio de
três teorias da pena prevalecentes:
- Absolutas: o indivíduo comete uma
conduta reprovável e, por essa razão,
deve ser punido. Está relacionada à
noção de justiça e de justa retribuição;
teóricos dessa corrente: Kant e Hegel;
- Relativas: a finalidade da pena não
seria punir todos os crimes, mas
prevenir (prevenção) todos os crimes;
parte da noção utilitarista,
destacando-se a função preventivista
da pena;
- Mistas ou unitárias: absolutas +
relativas. Não é possível afastar a
ideia de retribuição da pena, ainda
assim, ela deve ser um meio para se
alcançar a prevenção (geral e
especial);
Obs! Teoria agnóstica da pena: (Eugênio Raúl
Zaffaroni) - essa teoria sustenta que as teorias
clássicas da pena não se demonstram na realidade
concreta. Isto é, a prevenção não é verificável e a
defesa da vingança não é algo razoável; a pena,
portanto, não teria finalidade racional e consistiria no
controle estatal dos indivíduos por meio da
violência.
Ciências Penais
● É o conjunto de disciplinas que se dedicam ao
estudo do crime; algumas delas são:
Dogmática jurídico-penal (ciência do direito penal):
- Estuda o crime como fato jurídico; estudo da
norma penal;
- Parte do estudo da norma a fim de construir a
sua estrutura dogmática;
- “Pode ser definida como sendo a disciplina
que se encarrega da interpretação,
sistematização e desenvolvimento das
normas contidas na lei, bem como das
opiniões doutrinárias no âmbito do Direito
Penal.”
Política criminal:
- Atividade que tem por fim a pesquisa dos
meios mais adequados para o controle da
criminalidade; como o Estado lida e pode
controlar a criminalidade?
- Orienta a política legislativa;
Criminologia:
- Estudo do crime como fato social;
- Ciência empírica e interdisciplinar (ciências
sociais, estatística, matemática, medicina,
psicologia, etc);
- Estuda, além disso, a vítima, o criminoso e os
mecanismo de reação social;
Princípios limitadores do poder punitivo
● Estabelecer parâmetros para que o Estado
possa punir; há limites para a atuação estatal;
assim, esses princípios guiam o legislador na
adoção do sistema penal: respeito aos direitos
fundamentais e retirada, ao máximo, da
crueldade deste processo;
● Sobre isso, a Constituição Federal, em seu
artigo 5º, estabelece princípios que limitam o
poder punitivo estatal de maneira explícita e
de maneira implícita;
- Intervenção mínima: embora existam
diversos valores caros à sociedade, o
direito penal deve proteger somente
aqueles que se concebem como bens
jurídicos penais (núcleo central do
Estado Democrático de Direito: vida,
patrimônio, identidade corporal e a
liberdade psíquica ou individual);
ainda, ele só deve ser aplicado quando
os outros ramos do Direito forem
insuficientes ou fracassarem;
- Fragmentariedade: o direito penal
tutela apenas um fragmento das
condutas nas quais ocorre a violação
de um bem jurídico;
- Subsidiariedade: o direito penal deve
ser utilizado de maneira secundária
quando os demais ramos do Direito
não tenham se mostrado suficientes
para proteger os bens jurídicos;
- Lesividade: Ex: A maior parte dos
brasileiros gosta de futebol. Eles
consideram não gostar de futebol uma
conduta reprovável; contudo, isso não
é suficiente para incriminar a conduta
de não gostar de futebol. Isso porque,
para incriminar uma conduta é
necessário elencar um valor a ser
protegido. É necessário que a conduta
seja apta a expor a risco ou causar
dano ao bem jurídico; conduta do
homicídio: ataca o bem jurídico penal
vida;
- Adequação social: é quando há
mudança na percepção social sobre
determinados valores e, apesar da
existência de lei que tipifica
penalmente a conduta socialmente
aceita, não se aplica a intervenção
penal; ex: furar a orelha do
recém-nascido (Art. 129 CP);
- Humanização da pena: relaciona-se
com a ideia de proteção à dignidade
humana: a necessidade de prevenção
e repressão ao crime não podem
autorizar o emprego de medidas que
gerem excessivo e desnecessário
sofrimento ao indivíduo;
- Culpabilidade: significa
reprovabilidade; o indivíduo somente
responde criminalmente pelos atos
que praticou. Isso porque, a
responsabilidade penal é estritamente
pessoal e subjetiva (com culpa);
- Insignificância: está atrelada à
aplicação da lei penal; lesões ou
ameaças de mínima relevância ao bem
jurídico não devem gerar intervenção
penal; é preciso que a violação ao bem
jurídico tutelado tenha uma
magnitude; Para avaliar essa
magnitude, jurisprudências do STF e
do STJ indicam observar quatro
elementos: a) inexpressividade da
lesão jurídica; b) mínima ofensividade
da conduta do agente; c) ausência de
periculosidade social; d) reduzido
grau de reprovabilidade do
comportamento; Obs: não aplicável
em crimes cometidos contra mulher e
contra à administração pública;
Lei penal no tempo e no espaço
Art. 1º CP e Art. 5º CF, inciso XXXIX: “Não há crime
sem lei anterior que o defina. Não há pena sem
prévia cominação legal.”
● Anterioridade da lei; cominação é a primeira
etapa de individualização da pena; é a
atividade do legislador de definir a espécie de
pena que deve ser aplicada e de fixar limites
para a pena (isto é, de individualizar a pena
conforme o crime cometido); - Princípio da
reserva legal;
● Algumas das consequências do princípio da
reserva legal são:
- Nullum crimen, nulla poena sine lege
praevia (não há crime, nem pena, sem
prévia lei) > proibição da
retroatividade da lei;
- Nullum crimen, nulla poena sine lege
stricta (não há crime nem pena sem lei
estrita) > proibição da analogia ou da
utilização de costumes para
fundamentar ou agravar a pena;
- Nullum crimen, nulla poena sine lege
certa (não há crime, nem pena, sem lei
certa) > proibição de incriminações
vagase indeterminadas;
Art. 2º CP: “Ninguém pode ser punido por fato que
lei posterior deixa de considerar crime, cessando em
virtude dela a execução e os efeitos penais da
sentença condenatória. Parágrafo único - A lei
posterior, que de qualquer modo favorecer o agente,
aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos
por sentença condenatória transitada em julgado.”
● Conflitos da lei penal no tempo (acerca do
âmbito intertemporal das leis penais):
- Novatio legis incriminadora: inovação
legal que incrimina uma conduta;
nesse caso, não há retroatividade e o
indivíduo que praticou no passado a
conduta que foi criminalizada no
presente não pode ser incriminado;
- Abolitio criminis: conduta que
anteriormente era criminalizada passa
a ser lícita; nesse caso, a lei mais
favorável retroage;
- Novatio legis in mellius: trata-se de lei
posterior que beneficia o agente, quer
cominando pena menos rigorosa ou
tornando menos grave a situação do
réu;
- Novatio legis in pejus: trata-se de lei
posterior que piora a situação do
agente; essa nova lei não retroage para
quando o agente praticou a conduta
ilícita;
Obs! Lei intermediária - lei intermediária é aquela
que, na sucessão das leis penais, situa-se entre a
anterior e a posterior; Nesse caso, qual lei deve valer?
A jurisprudência estabeleceu que, se em algum
momento, o condenado fez juz a uma lei mais
favorável, seja ela anterior, posterior ou
intermediária, então a lei mais favorável deve ser
aplicada; E no caso de combinação de leis? o STF
entende que não cabe ao juiz combinar leis. É preciso
definir qual lei será aplicada;
Obs! Lei excepcional ou temporária (Art. 3º CP) -
exceção à regra geral; a lei excepcional ou
temporária, embora finalizada o período da sua
duração ou cessadas as circunstâncias que a
determinaram, aplica-se ao fato praticado durante
sua vigência (ultratividade da lei);
- Temporária: vigora durante certo tempo;
- Excepcional: atende a situações anormais da
vida social;
● Norma penal em branco: Lei ou norma penal
em branco é aquela na qual o preceito é
incompleto e deve ser completado por outra
disposição legal, já existente ou futura.
Tempo do crime (Art. 4º CP)
● o art. 4º do Código Penal determina que a
prática do crime ocorre no momento da ação
ou omissão, ainda que o resultado aconteça
em outro período; sobre isso, adota-se a
teoria da atividade: o crime é praticado no
momento da ação ou da omissão;
Obs! Crimes permanentes ou continuados: exemplo
de sequestro e cativeiro - o crime ocorreu a partir do
momento que a vítima foi sequestrada e cessa
somente quando a vítima é libertada; nesse caso, a lei
aplicada é aquela vigente no momento que o
sequestrador é processado penalmente, ainda que
outra lei sobre o tema existisse à época do sequestro;
Lugar do crime (Art. 5º, 6º e 7º CP)
● A lei brasileira é aplicável no caso concreto?
Art. 5º CP - “Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo
de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido no território
nacional.”
● Sobre a aplicação da lei no espaço são
observados cinco princípios gerais:
- Territorialidade: a lei aplicável ao
crime cometido no território brasileiro
é a lei penal brasileira;
- Personalidade ou da nacionalidade:
indica que a lei penal brasileira pode
ser aplicada a crimes cometidos por e
contra brasileiros; ou seja, a lei penal
brasileira pode ser aplicada a
brasileiros que cometem crime no
exterior ou a indivíduos que cometem
crime contra brasileiros;
- Real ou de defesa ou de proteção: a lei
penal brasileira é aplicável no caso de
lesão ao bem jurídico brasileiro
tutelado (ex: fé pública - falsificação
do real ou de passaporte brasileiro),
ainda que cometido por estrangeiro;
- Justiça universal: diz respeito a
valores que são extremamente
importantes (ex: crimes contra a
humanidade - genocídio);
- Representação ou da bandeira:
representação relaciona-se com
aeronave e bandeira com embarcação;
ou seja, é possível aplicar a lei penal
brasileira se o crime for cometido
dentro de aeronave ou embarcação
brasileira, ainda que isso ocorra no
exterior;
Art. 6º CP - “Considera-se praticado o crime no lugar
em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em
parte, bem como onde se produziu ou deveria
produzir-se o resultado.”
● Lugar do crime - teoria da ubiquidade (o que
importa é o local no qual a ação ou a omissão,
assim como se produziu ou deveria se
produzir o resultado);
● O que é considerado território brasileiro?
aeronave ou embarcação brasileira privada
ou pública, e aeronaves de propriedade
privada em pouso ou em voo no território
nacional ou embarcações de propriedade
privada estrangeiras em porto ou mar
territorial do Brasil; (isso não vale p/
embarcações ou aeronaves públicas
estrangeiras em território brasileiro);
Art. 7º CP - Extraterritorialidade:
- Incondicionada (Art. 7º, inciso I, § 1º
CP) - a lei é aplicável
independentemente das condições
que estão presentes. São as hipóteses
contidas nas alíneas:
a) Crimes contra a vida ou a liberdade do
Presidente da República; (significa o supremo
representante do Brasil no exterior)
b) Contra o patrimônio ou a fé pública da
União, do Distrito Federal, de Estado, de
Território, de Município, de empresa pública,
sociedade de economia mista, autarquia ou
fundação instituída pelo Poder Público; (ex:
invasão à embaixada brasileira no exterior,
invasão à Petrobras;)
c) Contra a administração pública, por quem
está a seu serviço; (ex: funcionário brasileiro
de embaixada brasileira no estrangeiro
comete o crime de corrupção);
d) De genocídio, quando o agente for brasileiro
ou domiciliado no Brasil; (o julgamento se dá
em razão da gravidade do crime).
- Condicionada (Art. 7º, inciso II, §§ 2º e
3º, CP) - a lei é aplicável quando
observadas determinadas condições;
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se
obrigou a reprimir; (Isso pode estar contido
em tratados ou convenções internacionais);
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações
brasileiras, mercantes ou de propriedade
privada, quando em território estrangeiro e aí
não sejam julgados.
§ 2º: Nos casos do inciso II, a aplicação da lei
brasileira depende do concurso das seguintes
condições:
a) Entrar o agente no território nacional;
b) Ser o fato punível também no país em que foi
praticado;
c) Estar o crime incluído entre aqueles pelos
quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) Não ter sido o agente absolvido no
estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) Não ter sido o agente perdoado no
estrangeiro ou, por outro motivo, não estar
extinta a punibilidade, segundo a lei mais
favorável.
Limites à aplicação da lei penal em relação às pessoas:
imunidade diplomática e imunidade parlamentar
● A aplicação da lei penal brasileira sofre
exceções quando o crime é praticado em
território nacional por certas pessoas; essas
exceções são chamadas de imunidade
diplomática e imunidade parlamentar;
Obs! A imunidade diplomática e parlamentar não se
aplica a Chefes de Estado (presidente da república)
ou a Ministros de Estado; Presidente da República
possui foro por prerrogativa de função;
● Imunidade diplomática são privilégios
concedidos a representantes diplomáticos,
relativamente aos atos ilícitos por eles
praticados; a pessoa do diplomata acreditado
e do embaixador acreditado: não pode ser
retido, processado ou intimado a depor
(somente se assim quiser); Funcionários da
ONU e chefes estrangeiros e sua comitiva
também possuem imunidade diplomática;
● Agentes consulares não possuem imunidade
diplomática, pois são entendidos como
funcionários administrativos;
● Imunidade parlamentar (Art. 53 da CF) - “Os
Deputados e Senadores são invioláveis, civil e
penalmente, por quaisquer de suas opiniões,
palavras e votos.”
● Serve para que o parlamentar não seja
perseguido penalmente ou pela polícia;
● A imunidade se dá a partir da diplomação do
Deputado ou do Senador. Ou seja, é anterior
à posse. São de duas espécies:
- Imunidade material ou penal: o
parlamentar não cometecrime por
suas opiniões, palavras ou votos
quando estes são relacionados à
atividade parlamentar;
- Imunidade formal ou processual:
vedação de prisão de parlamentar,
salvo em flagrante de delito
inafiançável e possibilidade de
sustação, pela Casa Legislativa, do
andamento da ação penal por crimes
praticados após a diplomação (ex:
Flordelis - não foi presa, pois não
havia possibilidade de flagrante; a
casa legislativa não realizou a
sustação da ação penal e ela teve o seu
mandato cassado pela Câmara);
Art. 8º CP - “A pena cumprida no estrangeiro atenua
a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando
diversas, ou nela é computada, quando idênticas.”
● Ainda que o agente tenha sido julgado no
estrangeiro pelo crime cometido, a lei penal
brasileira incidirá contra ele; ainda assim,
nesse caso, é possível que a pena de reclusão
cumprida no estrangeiro possa ser
computada da pena de reclusão determinada
pela Justiça brasileira;
Art. 9º CP - “ A sentença estrangeira, quando a
aplicação da lei brasileira produz na espécie as
mesmas conseqüências, pode ser homologada no
Brasil (pelo STJ) para:
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a
restituições e a outros efeitos civis; (isso depende de
pedido da parte interessada e visa efeitos puramente
patrimoniais); - isso acontece, já que aquilo que foi
provado no processo penal não precisa ser
comprovado dentro do processo civil. O contrário
não se aplica;
II - sujeitá-lo à medida de segurança.” (o louco
infrator se prova perigoso ao convívio social. A
homologação de sentença estrangeira serve para
submeter o louco infrator ao tratamento
compulsório.)
● Lei nº 13.445/2017 (Lei de migração) - prevê a
transferência de execução de pena em seu
artigo 100, caso observado determinadas
exigências;
● Contagem do prazo penal (Art. 10 CP) - o
prazo prescricional computa o dia de início
(não importa o horário);
● (Art. 11 CP) - as penas privativas de liberdade
não consideram as frações de horas, minutos
e segundos; As penas de multa não
consideram as frações do real
(desconsidera-se os centavos);
● (Art. 12 CP) - aquilo que está no CP é
aplicável a qualquer lei penal, salvo se nessa
lei existir alguma regra específica;
Teoria do crime
● Parte da Dogmática jurídico-penal que estuda
o crime como fato punível, para estabelecer e
analisar suas características gerais e suas
formas especiais de aparecimento;
● Fato punível = crime (ou delito, não se
distingue, no Brasil, crime e delito) e
contravenção (infrações penais menos
graves);
● O conceito de crime não é definido pela lei; as
definições encontradas são produzidas pela
doutrina;
Crime = ação ou omissão (conduta) típica, ilícita
(antijurídica) e culpável; > conceito analítico
Típica?
● A lei possui modelos de conduta. O crime
ocorre quando a conduta praticada pelo
indivíduo corresponde perfeitamente ao
modelo previsto na lei;
● A ação ou omissão é típica quando nela
estiverem presentes todos os elementos do
modelo de conduta proibida; Tipo é o modelo
de conduta proibida;
Ilícita?
● Para a conduta ser ilícita ela deve
corresponder objetiva e subjetivamente ao
tipo previsto na lei;
Culpável?
● É passível de ser culpável o indivíduo maior
de 18 anos e que possui sanidade mental;
Exemplo: ‘A’ dispara um tiro de revólver contra ‘B’,
que vem a falecer;
Ação = disparar a arma;
Típica = corresponde objetiva e subjetivamente ao
tipo do homicídio (Art. 121 CP)?
Ilícita = há alguma causa de exclusão da ilicitude
(legítima defesa, estado de necessidade, etc)?
Culpável = há exclusão da culpabilidade
(inimputabilidade, coação moral irresistível etc)?
Teorias da Conduta
● Ação é atividade humana conscientemente
dirigida a um fim - conceito mais difundido
no Brasil; (finalismo)
● Por não ser um conceito unívoco, existem seis
teorias principais da conduta:
- Causalismo: ação seria
comportamento humano que causa
um resultado; é um conceito que,
quando formulado, buscava afastar a
discricionariedade dos julgadores. Se
preocupa com o aspecto físico e o
resultado externo. Os elementos
psicológicos não integram a conduta e
devem ser analisados dentro da
culpabilidade, pois a ação diz respeito
apenas a aspectos externos e objetivos;
- Neokantismo: não formulou uma
nova teoria, mas pontuou as falhas
presentes na teoria causalista. São três:
a) omissão - se para existir ação é
necessário um resultado, a omissão
não seria considerada ação, uma vez
que não gera resultado, somente deixa
de impedir que o resultado aconteça.
b) tentativa - o mesmo vale para a
tentativa, pois o resultado não ocorre.
c) elementos normativos do tipo - nem
todos os elementos do tipo penal de
conduta conseguem ser objetivos;
- Finalismo: a resposta para os
problemas apontados pelo
neokantismo foi produzida pelo
finalismo. Conduta é uma ação ou
omissão humana, consciente e
voluntariamente dirigida a um fim; o
elemento psicológico sai da
culpabilidade e passa a integrar a
tipicidade;
- Teoria social da ação: similar ao
finalismo, mas indica que o fim da
conduta deve ser socialmente
relevante; foi absorvido pelo Direito
Penal brasileiro por meio do princípio
da adequação social;
● Excludentes de conduta, não há conduta
quando existir:
- Coação física irresistível (ex: obrigar
alguém, mediante força física
irresistível, a vibrar o golpe);
- Ação em completa inconsciência -
caso de sonambulismo e convulsão;
- Atos reflexos;
● Para existir crime, é necessário que a conduta
praticada deve corresponder perfeitamente
ao modelo de conduta proibida prevista na
lei;
● Há tipicidade quando o fato se ajusta ao tipo
(modelo de conduta proibida), ou seja,
quando corresponde às características
objetivas e subjetivas do modelo legal;
● Qual a função do tipo? a) concretização do
princípio da reserva legal - é necessário que a
lei estabeleça, de modo descritivo, aquilo que
se caracteriza como conduta reprovável. O
tipo existe para que o indivíduo saiba quais
são os modelos de conduta proibida; b)
fundamentação da ilicitude do fato
(normalmente a conduta típica é também
ilícita);
O tipo nos crimes comissivos dolosos
● Tipo objetivo = Nos crimes comissivos
dolosos, o tipo descreve ação em que há
vontade dirigida ao fato que consuma o
delito. O tipo objetivo, correspondendo ao
aspecto objetivo ou exterior da ação, tem
nesta o seu núcleo fundamental;
● Conduta, resultado e relação de causalidade.
Art. 13 CP - “O resultado, de que depende a
existência do crime, somente é imputável a quem lhe
deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão
sem a qual o resultado não teria ocorrido.”
● A maior parte dos autores indica que a
causalidade deveria ser superada;
● Teorias - equivalência dos antecedentes,
causalidade adequada e imputação objetiva;
● Equivalência dos antecedentes: está prevista
no caput do Art. 13 CP; quais
comportamentos ocasionaram o crime?
afirma a equivalência de todos os
antecedentes indispensáveis ao surgimento
do resultado concreto, qualquer que tenha
sido a sua categoria ou grau de contribuição
para o evento; condição sem a qual; tudo
aquilo que concorreu para a prática do crime
é causa;
● O que é causa? descobrimos o que é ‘causa’
pelo processo hipotético de eliminação.
Causa é todo antecedente que não pode ser
suprimido, sem afetar o resultado. Se eu
apagar o comportamento o resultado
desaparece?
● Análise das concausas (quando duas
situações coexistem para a existência de um
resultado):
- Causas absolutamente independentes:
as causas são independentes uma da
outra (ex: uma pessoa atira em outra
que não repara o disparo e que, no
mesmo momento, tem um infarto e
morre em decorrência deste). Isso não
afeta a relação de causalidade;
- Causas relativamente independentes:
existe mais de causa que pode
condicionar resultado (ex: uma pessoa
atira para matar, mas erra o tiro. A
pessoa percebe que foi atingida e, por
possuir cardiopatia grave, infarta e
morre. Nesse caso, o disparo passa a
influenciar no resultado). As
concausas relativamente
independentes podem ser: a)
preexistentes - já existe quando o
agente pratica a condutareprovável;
b) concomitantes - surgem ao mesmo
tempo; c) supervenientes - posteriores
à conduta reprovável;
● É possível romper nexo de causalidade
quando houver superveniência de concausa
relativamente independente. Ex: a pessoa
atira em outra. A vítima não morre no mesmo
momento e consegue ser socorrida. Durante o
trajeto até o hospital, a ambulância na qual a
vítima estava se envolveu em um acidente. A
vítima morreu em decorrência do acidente de
trânsito. Nesse caso, a causa da morte é
posterior à conduta reprovável e é
relativamente independente (não é comum
que pessoas baleadas morram em razão de
acidente de trânsito ocorrido quando estavam
dentro da ambulância); a pessoa que atirou,
nessa situação, responde por tentativa de
homicídio;
● A teoria da causalidade adequada gerou uma
série de problemas e críticas. Ex: alguém mata
um conjunto de pessoas; podemos dizer que
os pais desse indivíduo são a causa da
situação, pois se eles não tivessem se
conhecido isso não teria ocorrido? Crítica:
causalidade ao infinito. Como responder isso:
o limite para culpar alguém é que ele tenha
agido culposa ou dolosamente;
● Crítica: assassinos substitutos - se eu não
fizesse alguém o faria. Ex: sujeito é
condenado à pena de morte. Os pais da
vítima se descontrolam no dia do
cumprimento da pena e matam o condenado.
Como responder isso: todos vão morrer um
dia, logo se fossemos seguir esse raciocínio
nenhum homicídio deveria ser considerado
conduta reprovável;

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