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AULA 4 PLANOS DE CARREIRA E DESENVOLVIMENTO PESSOAL E PROFISSIONAL Profª Jane Vechi de Souza 2 INTRODUÇÃO A presente aula abrange temas de destaque em nosso mundo corporativo, entre eles a inteligência emocional, o uso da psicologia positiva, e o processo de crescimento pessoal e profissional, com base em ferramentas de gestão, linha do tempo e sustentabilidade de carreiras. A abordagem sobre carreiras evolui a partir de considerações pontuais, que permitem reflexões estratégicas e de impacto para pessoas e organizações. Sabemos que o fator humano tem sido referência na visão de empresas que desejam perdurar e ultrapassar gerações. Contudo, encontrar pontos de equilíbrio entre os desejos dos negócios e as perspectivas de colaboradores não acontece de imediato. Por essa razão, compreendermos a nós mesmos, reconhecer o que ocorre intrinsecamente, é uma via inteligente para maximizar resultados. Os atos de pensar e o agir com sabedoria dependem de uma série de atitudes individuais, assim como da remodelação de hábitos que possam dificultar a nossa jornada. Nossa carreira está atrelada a uma série de eventos. Ter essa consciência fará com que as pessoas descubram o que existe em suas respectivas vidas profissionais, ampliando a visão macro do cenário em que se encontram. Não podemos viver no passado se desejamos um futuro brilhante. Mas é fundamental valorizar a nossa história, rememorar bons momentos, trazer para o presente tudo aquilo que nos fez bem. Tal atitude mental alivia a tensão interna, promovendo mais disposição para a ação. Vamos estudar algumas práticas positivas, a fim de fortalecer aspectos profissionais e pessoais. Conviver bem consigo mesmo representa longevidade em qualquer esfera de nossa vida. Saber lidar e gerir assuntos adversos é um dos pilares de sustentação de nossas carreiras. Bom estudo! TEMA 1 – INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NA GESTÃO DE CARREIRA A carreira inicia, na vida de uma pessoa, quando ela descobre suas potencialidades e aptidões. Trabalhar com cérebro e coração já não é mais um estilo de conduta, mas sim uma necessidade para o mundo moderno. O que pode reger uma empresa por dentro? 3 Para compreender o cenário corporativo atual, não basta bons títulos e vida acadêmica evoluída. A lei da sobrevivência no mundo executivo ultrapassa o conhecimento técnico. Há uma soma de componentes intelectuais e comportamentais que ajudam a gerir uma carreira de sucesso. Isso requer zelo e cuidado consigo mesmo, pois para desenvolver ações empresariais estratégicas e competitivas, é necessário alimentar corpo e mente. Nesse cenário, a inteligência emocional aparece como principal responsável pelo sucesso ou insucesso de pessoas, em especial no mundo do trabalho. Daniel Goleman, psicólogo, popularizou o conceito de inteligência emocional, em 1986, com a publicação de seu livro Inteligência Emocional. O autor nos ensina que o controle das emoções é fundamental para o desenvolvimento da inteligência do ser humano, e que o temperamento pode ser trabalhado, uma vez que nossos circuitos cerebrais são flexíveis. No conceito de Goleman (2001, p. 337), inteligência emocional é a “capacidade de identificar os nossos próprios sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerir bem as emoções dentro de nós e nos nossos relacionamentos.” O autor enfatiza que nossa inteligência emocional pode ser subdivida em cinco habilidades específicas: autoconhecimento emocional, controle emocional, automotivação, empatia, desenvolver relacionamentos interpessoais (habilidades sociais). Conforme já apresentamos, o mapeamento da vida, como técnica de desenvolvimento de carreira, nos faz mergulhar em uma autoanálise, identificando quais contextos necessitam de maior atenção: familiar, profissional, social ou físico e mental, entre outros. Tais campos, em contínuo equilíbrio, representam a sustentabilidade de carreira. Porém, o desafio de alcançar uma carreira promissora vai além. O executivo, quando chega lá, precisa de habilidades para manter-se na posição almejada. Isto requer malabarismo profissional. Lidar com adversidades corporativas, resolver conflitos, manter-se vitalizado e automotivado, empreender novos negócios, ser cobrado por resultados extraordinários, suportar pressão, lidar com pessoas difíceis, e mesmo assim apresentar estabilidade nas emoções, são indicadores de resiliência e coragem. E haja fôlego para suprir as lacunas. Sem contar que as demandas de outros contextos de vida muitas vezes são igualmente árduas. A forma de viver passa ser o novo lema do homem organizacional. Lembrando que, nas organizações, não existe somente vida corporativa, mas vida integral. O profissional, após identificar o seu estado presente, poderá trabalhar em uma série de 4 ações corretivas, que contribuem para a sua harmonização interna, passando a executá-las em tempo hábil. Sendo assim, poderá criar o seu próprio menu de evolução, fundamental para que a carreira perdure. Referenciamos aqui a competência emocional. 1.1 Emoção O que é uma emoção? William James (1952) define que palavra emoção, ao que tudo indica, vem do latim exmovere, que significa, em tradução livre, “mover para fora”. A emoção é uma reação do cérebro a um estímulo do ambiente. No entanto, diferente dos sentimentos, que são gerados a partir das emoções, as reações são automáticas. Ou seja, perante algum acontecimento, cada pessoa passará por uma emoção distinta, que será desenvolvida em seu cérebro instantaneamente. Quando vivenciamos as emoções, ocorrem mudanças na mente e no corpo. Quando as experiências são ruins, podem afetar o nosso organismo, de modo que a emoção leva a choro, aceleração cardíaca, ansiedade, suor e até mesmo dores físicas. Já os sentimentos são gerados a partir das emoções. É importante reconhecer que emoção guia os nossos passos, de forma a reforçá-la ou cuidar para que outras entrem em ação, retomando a assertividade em nossos relacionamentos, além de uma vida mais plena. Algumas pessoas, guiadas por determinadas emoções, passam a adotar comportamentos pouco construtivos, o que torna suas vidas e a dos que a rodeiam um tanto conflitivas, com ausência de motivação e com produtividade abaixo do potencial das competências. Maria Rita Gramigna (2004) apresenta cinco emoções básicas que se revelam em todo ser humano. São elas: amor, raiva, alegria, tristeza e medo. Presentes também nos ambientes profissionais, cada uma delas tem sua fisiologia, com consequências para os resultados organizacionais, além de impactos significantes na carreira. 1.1.1 Amor O amor é de uma amplitude que não podemos mensurar. Alimenta-se de estímulos exteriores, como atitudes, palavras, e também de pensamentos. É tudo o que nos impacta positivamente, nos aspectos físico e psicológico. 5 Em toda história, filósofos e psicólogos procuraram definições para o amor, e neurocientistas da atualidade ainda investem em seu estudo. Uma emoção de magnitude que pode ser representada pela confiança, com um espírito de servir sem pedir algo em troca, incondicional, legítimo, um sentimento que move pessoas para o mundo do “bem”. É como uma estrada sem fim. Nesse trajeto, somam-se experiências e atitudes construtivistas, que alavancam os mais nobres sentimentos nas interações socioempresariais. O amor apresenta diversas formas e sentidos: amizade, desejo, paixão, solidariedade, benevolência, piedade, entre outros. Trata-se de disponibilizar um afeto à vida alheia, e espontaneamente ela lhe retribui, de modo que ambos se sincronizam por tal sensação e a preservam. Uma pessoa que faz predominar o amor promove em si mesma a calma, fazendo com que o seu organismo encontre harmonia, promovendo assim o bem- estar. O que nos leva a ter paixão e amar o que fazemos? • Escolhas ao longo da vida• Consciência de quais são nossos propósitos e missão da vida • Realizar o que nos faz bem Em ambientes organizacionais, observamos a representatividade do amor a partir de ambientes geradores de fidelidade, respeito e valorização – sentir-se bem- quisto e parte de um “todo”. Como modelos referenciais, destacamos as lideranças que amam a vida, cuidam delas e são inspiradoras de sucesso. Tais indicadores podem trazer como consequência um clima mais harmônico e a retenção de talentos. 1.1.2 Raiva A raiva, mais uma emoção primária, é considerada inata, assim como o medo, a alegria, a tristeza e o amor. Trata-se de um pequeno “grito interno”, que se empodera quando a pessoa se sente invadida em seu espaço, insultada ou impedida de acessar o que deseja. Conviver com emoções que nos causam mal-estar tem sido um grande desafio, desde os remotos tempos. Vejamos algumas dicas para conviver de forma saudável com esse sentimento arrebatador, causador de grandes danos morais, físicos e psicológicos: 6 • Tranquilize sua mente e seu coração: evite falar ou pensar o que lhe causa a irritação quando ela ainda prevalece. • Distancie-se: não tenha contato visual ou auditivo com quem ou o que lhe causou raiva. Crie imagens com sentimentos positivos, recorde um bom momento de sua vida e reviva-o. • Procure “válvulas de escape”: tenha hábitos novos e saudáveis; fique perto de quem você gosta; leia um livro; assista a um bom filme; se inclua em contextos alegres, divertidos. • Reflita e reprograme a cena emocional: após o ocorrido, com explosão ou implosão de emoções negativas, pense o que causou determinado transtorno emotivo e volte mentalmente ao mesmo contexto, visualizando a cena de fora. Entre na cena novamente e refaça o seu modelo comportamental, agindo de outra forma, com mais centramento. Mude as suas atitudes, recriando em seu cérebro um novo episódio, dessa vez mais sereno e estável. Cuidado: o ato de implodir (travar os próprios sentimentos, principalmente os que lhe causam dor) pode acarretar doenças psíquicas e físicas gradativas. Encontre o seu ponto de equilíbrio. Criar uma “trilha interna” que permita flexibilizar pensamentos e sentimentos é uma forma inteligente de lidar com a raiva. Além disso, busque observar uma mesma situação de diferentes ângulos, pois essa prática amplia a nossa percepção de mundo. 1.1.3 Alegria Emoção positiva e contagiante do ser humano, também conhecida como “emoção da expansão”, que nos impulsiona para o outro, estabelecendo vínculos interativos e estados de plenitude. Quem está alegre apresenta vitalidade elevada, olhos brilhantes, movimentação espontânea, predisposição para agir, ardor, vontade e otimismo. A expressão corporal de quem está alegre é altiva, a fala é vibrante e entusiasmada. Buscamos sensação de alegria constantemente, pois desde que nascemos vivemos a premissa de ser feliz. Existem momentos de felicidade, atitudes, acontecimentos que nos deixam alegres. Um estado de alegria, mesmo momentâneo, nos ajuda a superar adversidades e a encarar problemas complexos com melhor perspectiva de resolução. Muitas pessoas choram por sentirem-se felizes, em algum episódio muito positivo em sua vida. A emoção alegria pode provocar sentimentos e 7 atos que a princípio parecem o seu oposto, mas retratam um ser sensível, intenso no pensar, sentir e agir, que externa satisfação com facilidade, seja pelo choro, seja pelo sorriso. E como fazer predominar esse estado do eu? Exercícios mentais com base na neurociência são orientados para tal desenvolvimento pessoal. Estimulam nossos mais íntimos sentimentos e podem gerar alegrias de curto, médio e/ou longo prazo. Vejamos situações que fazem com que as pessoas se sintam felizes: • reconhecimento, sentimento de pertencimento e valorização; • atitudes éticas, justas e coerentes com os fatos; • possibilidades de desenvolvimento e crescimento profissional; • desafios, superação; • modelos de gestão abertos, colaborativos; • gestores que são exemplos, referências positivas. Um exercício que contribui para o equilíbrio do eu, e que você pode facilmente praticar: relacione o que lhe faz bem (pessoas, coisas, hábitos), por ordem de prioridade, e depois escolha ao menos duas opções e pratique. Inclua em seu diário de bordo ações que possam mudar a sua rotina e atrair sensações de bem-estar e gratidão. Acessar nossas emoções e atuar com mais leveza e serenidade nos leva a uma vida mais longeva. 1.1.4 Tristeza Emoção primária do ser humano, a tristeza é um estado afetivo que se caracteriza por melancolia, sentimento de vazio, insatisfação e falta de perspectiva. As emoções são reações do nosso corpo. Quando o corpo experimenta situações mais sensíveis, como traumas, perda, solidão, nos comunicamos intrinsicamente com a tristeza. Assim como a alegria tem em seu grau extremo a euforia, a tristeza em seu nível mais profundo pode levar o ser humano a um estado crônico de depressão. Ficamos inativos quando o sentimento da tristeza nos toma. Ela nos lança a um baú de memórias de dor, angústia e demais fragilidades que vivenciamos ao longo de nossa jornada. O indivíduo triste tem postura fechada e voltada para o próprio umbigo, além de ombros caídos, abatimento, ausência de vitalidade, falta de brilho no olhar. Geralmente, a tristeza nos acomete quando passamos por situações de derrotas ou dificuldades. Dependendo de como encaramos as frustrações ou perdas 8 em nossas vidas, a tristeza se atenua ou se intensifica, podendo permanecer em nós por um período indesejável e indeterminado. Como a neurociência nos ajuda a gerir esse sentimento amorfo? A orientação dos especialistas é perguntar a si mesmo: “O que me torna grato?” Esse ato simples causa a liberação de serotonina, um hormônio responsável pela estabilização do humor, contribuindo para o bem-estar e a felicidade. Pensar em coisas que o tornam grato o força a focar em aspectos positivos da vida. Descrever as emoções, dar nomes a elas, também ameniza o sentimento de tristeza. Não existe uma fórmula para uma vida marcada apenas por boas emoções. E nem seria desejável, por uma condição assim não é saudável. Sabemos que as emoções moldam a nossa personalidade, e assim devemos respeitar a tristeza e saber senti-la. Experiências resultam de novas emoções, e consequentemente novos aprendizados e uma melhor compreensão sobre nós mesmos, o que nos faz evoluir emocionalmente. 1.1.5 Medo O medo é um estado emocional que é acionado diante de uma situação de perigo ou ameaça, que pode ser física, moral ou ainda de outra ordem. Sua presença altera os batimentos cardíacos, acelera a respiração, dilata as pupilas e reduz o fluxo de sangue nos órgãos periféricos, preparando o corpo para luta ou fuga. É uma reação a algum estímulo que nos desconforta, gerando alerta em nosso organismo. Essa reação “não positiva” libera hormônios de estresse. O ser humano cultiva alguns medos aprendidos. De ser expor, da crítica, de ousar, transgredir, errar. A origem do medo pode estar presente na ansiedade, sensação que causa “agitação interna” e uma série de pensamentos difusos, como apreensão, angústias, preocupação em excesso, perda de sono por expectativas não supridas, entre outros. Na ansiedade, a pessoa teme antecipadamente o encontro com a situação que lhe causa medo. Por exemplo: um novo relacionamento, já que o anterior não deu certo; um novo empreendimento (medo por falta de informações precisas sobre o negócio a ser empreendido); falar em público. O medo presente nesses contextos pode representar também uma proteção, que busca preservar o eu. Por exemplo, o fato de você não colocar a mão em um animal perigoso o protege de riscos. Alerta: a ansiedade abre “portas” para o transtorno do pânico, quando a pessoa paralisa frente a determinados eventos da vida,de ordem social e/ou profissional. 9 Para não desistir de objetivos e metas, é fundamental elencar o que lhe causa medo, compreender cada cenário, e se munir de conhecimentos a respeito, para enfrentar as contrariedades com mais segurança e se superar. O medo ainda pode se transformar em doença (fobia), quando passa a comprometer relacionamentos sociais e originar sofrimento psíquico. Para reduzir sensações “não positivas” de medo, recomenda-se terapia cognitivo comportamental, que nos ajuda a mudar pensamentos ruins. A forma como pensamos influencia a maneira como sentimos e agimos. Exemplo: se antes de uma entrevista profissional, você pensar: “não sei como vou me posicionar, não sei o que vou falar”, você vai se sentir tenso e ansioso. Ao contrário, se você pensar: “me preparei bem para a entrevista e vou trazer impactos positivos”, ficará mais calmo e confiante. Ainda assim, vale lembrar que, em muitas circunstâncias, o medo nos protege, nos impede de colocar as nossas vidas em risco. Estudos sobre o comportamento organizacional mostraram, ao longo do tempo, o quanto as emoções assumem papel significante na vida dos profissionais, com relação ao crescimento sustentável de suas carreiras. Refletir sobre como as emoções afetam a vida tem sido assunto recorrente nas “rodas de debate” em cenários de negócio. Manter a razão e a emoção em equilíbrio traz como consequência um clima interno de bem-estar e saúde mental na organização. Ao contrário, nosso trabalho tende a se tornar pouco atrativo, com baixo desempenho. 1.2 Outros estudos Há muitos estudos sobre as emoções. Outra teoria, do psicólogo Paul Ekman, em seu livro A linguagem das emoções, aponta a existência de sete emoções básicas: tristeza, raiva, surpresa, medo, aversão, desprezo e alegria (Ekman, 2011). Retrata ainda que tendemos mais à negatividade do que à positividade. A conceituação da emoção como uma descarga psíquica de breve duração (Scherer, 2005), distinta de outros estados afetivos, como o sentimento, é bem aceita pelos teóricos que se dedicam ao estudo das emoções. Também a postulação de emoções básicas é comumente encontrada na literatura sobre emoções. Emoções básicas, segundo Andersen e Guerrero (1998), são aquelas que têm maior probabilidade de serem expressas de maneira semelhante e de serem reconhecidas universalmente. A partir dos conceitos sinalizados, chegamos à inteligência emocional, uma característica de profissionais bem desenvolvidos em seu eu integral. 10 O termo inteligência emocional foi utilizado pela primeira vez por Mayer, DiPaolo e Salovey (1990), em estudos empíricos de um de seus componentes, a habilidade de percepção de conteúdos afetivos. Refere-se à capacidade de perceber acuradamente, de avaliar e de expressar emoções; a capacidade de perceber e/ou gerar sentimentos quando eles facilitam o pensamento; a capacidade de compreender a emoção e o conhecimento emocional; e a capacidade de controlar emoções para promover o crescimento emocional e intelectual. (Mayer; DiPaolo; Salovey, 1997, p. 15) Os autores comentam ainda que a inteligência emocional não é o oposto da inteligência, mas sim a intersecção entre ela e a emoção. Assim, ela seria uma habilidade cognitiva relacionada ao uso das emoções para ajudar na resolução de problemas. Argumentam que é inadequado conceber a emoção sem inteligência, ou esta sem aquela, trazendo ao conceito uma visão integrada entre razão e emoção. TEMA 2 – GESTÃO DAS EMOÇÕES Segundo Goleman (2001, p. 57), o QI (Quociente Intelectual) e a Inteligência Emocional não são capacidades que se sobrepõem, mas distintas. Na verdade, há uma ligeira correlação entre QI e alguns aspectos da inteligência emocional, embora bastante pequena para que fique claro que se trata de duas entidades bastante independentes. Quanto mais consciência o indivíduo tem sobre o seu modelo emocional, mais saúde mental e equilíbrio terá nas diversas áreas da vida. Saber liderar com diferentes cenários requer maturidade psicológica, emocional, levando certamente à ascensão na carreira. Somente o QI (Quociente Intelectual) não é suficiente para o desenvolvimento da vida ou da carreira. O mercado de trabalho exige competência emocional, tanto quanto habilidades intelectuais. A inteligência emocional nos faz gerir melhor as emoções, entre elas a tristeza, a raiva ou sentimentos de menos valia. Nos torna fortes, mediante insucessos ou fracassos, ampliando a visão que temos sobre nós mesmos e nos ajudando a compreender as emoções alheias e encontrar a melhor forma de lidar com elas. Ameniza o stress, a tensão interna, a ansiedade, mesmo que nosso temperamento seja propenso a tais sensações. Portanto, há sempre um ganho extraordinário quando há maturação de inteligência emocional, tanto para o profissional quanto para a empresa. Para uma melhor análise do contexto emocional, podemos nos perguntar: 11 • Por que as pessoas reagem de maneiras tão diferentes as dificuldades e sucesso? • Por que muitos profissionais se reerguem rapidamente após derrotas ou perdas e outros entram em depressividade? Se tornam apáticos? • Por que muitos comemoram a cada pequena vitória e outros se posicionam de forma pessimista? A forma pela qual uma pessoa reage a uma mudança na empresa em que trabalha, ou ao mau humor de uma pessoa próxima, como de seu gestor, oferece pistas sobre como o seu cérebro opera. No livro O estilo emocional do cérebro, Richard Davidson e Sharon Begley defendem que as emoções são fundamentais para as funções cerebrais e para a vida da mente (Davidson; Begley, 2013). O estilo emocional tem seis dimensões, definidas a partir de pesquisas neurocientíficas modernas: • Resiliência: a velocidade com que nos recuperamos de uma adversidade. • Atitude: por quanto tempo conseguimos sustentar as emoções positivas. • Intuição social: facilidade com que captamos os sinais sociais emitidos pelas pessoas ao nosso redor. • Autopercepção: capacidade de perceber as sensações corporais relacionadas com as emoções. • Sensibilidade ao contexto: capacidade de regular nossas respostas emocionais para que correspondam ao contexto social. • Atenção: o quanto a nossa concentração é aguçada e clara. TEMA 3 – O USO DA PSICOLOGIA POSITIVA NA VIDA E NOS NEGÓCIOS A psicologia positiva engloba o estudo dos aspectos saudáveis do viver. Foca mais nas forças do que nas fraquezas do ser. Busca compreender a felicidade. Engloba aspectos de prevenção, resiliência ao lidar com contrariedades, além de saúde mental, com ênfase na capacidade de superação, enaltecendo os potenciais e não as fraquezas. Martin Seligman (2004) apresenta três pilares da psicologia positiva: • Estados positivos de bem-estar (satisfação com a vida, felicidade, otimismo). • Traços individuais psicológicos positivos (criatividade, coragem, compaixão, integridade, autocontrole, sabedoria, espiritualidade). 12 • Instituições positivas (famílias saudáveis, comunidade, escolas, ambientes de trabalho). Os aspectos estudados por Seligman nos levam a analisar o cenário global no qual estamos inseridos, agindo em prol de pontos de equilíbrio entre ambos. Algumas dicas para a prática da psicologia positiva: • Procure por algo que você acredita e faça. • Lute por causas, propósitos que são somente seus. • Medite! Estamos vivendo uma era que nos exige adotar hábitos simples de vida para que tenhamos longevidade. O autoconhecimento provocado pela meditação nos leva para essa jornada, viabilizando uma convivência mais harmônica com nossas emoções. • Crie a disciplina de realizar atividades físicas. Mover o corpo nos deixa mais focados, com sentimentos construtivos. O neurocientista norte-americano, Lawrence C. Katz, em seu livro Mantenha seu Cérebro Vivo (2011), nos sugere a prática de neuróbica, exercício para oestímulo da mente. Assim, pratique exercícios neurais, ginástica para o cérebro. Alguns exemplos: jogos lúdicos, quebra-cabeça, tangram, jogo da velha, palavras cruzadas, histórias em quadrinhos, jogo de xadrez; ou ainda caminhe de costas, utilize o lado não dominante do corpo para fazer algumas atividades, entre outras possibilidades. Ao fazer uso da psicologia positiva, compreendemos que a saúde psicológica é muito mais do que a ausência de sintomas; ou seja, nos fortalecemos, de modo que podemos nos dedicar ainda mais para a conquista da saúde mental, alimentando nossos pensamentos com positividade, e consequentemente também nossos sentimentos. Esse modelo de vida nos traz mais satisfação, levando-nos a viver com alegria e engajamento, vivenciando o melhor de si, e encontrando um sentido na vida (saber sobre nossa missão, visão e valores), além de melhorias nos relacionamentos de convívio. Utilizamos alguns pressupostos do modelo definido pela PNL – Programação Neurolinguística para a condução e a mudança de pensamento, entendendo que mudanças comportamentais são possíveis apenas por meio de uma mudança mental. 13 TEMA 4 – ACONSELHAMENTO PARA O DESENVOLVIMENTO PESSOAL E PROFISSIONAL Muitos profissionais com expertise em aconselhamento de vida e carreira prestam serviços de counseling (aconselhamento) e mentoria nas organizações atuais. A maturidade em determinadas áreas de negócio, alinhada com o desenvolvimento comportamental, permite que tais personagens entrem em cena, ajudando a direcionar carreiras e empresas com a máxima qualidade. Mostram caminhos e abordam as consequências de determinadas escolhas, mesmo antes que elas ocorram. Orientam atitudes com inteligência relacional e socioempresarial. O processo de aconselhamento envolve um conjunto de habilidades, atitudes e técnicas para ajudar as pessoas a ajudar-se. Partindo do pressuposto de que o homem já tem em si os recursos necessários, esse processo de interação, entre o counselor e o cliente, propõe-se a criar as condições para fazer emergir, por meio de um colóquio centrado sobre a pessoa, uma relação ativa e altamente pessoal, mais do que uma forma de solucionar um problema. O aconselhamento é educativo, preventivo, situacional. Lida com o material consciente e enfatiza a normalidade. Além disso, relaciona-se a apoio e a reeducação para indivíduo de ego forte, porém tão afligido por problemas situacionais ou para indivíduo de ego tão enfraquecido que a psicoterapia não seria de utilidade. O aconselhamento tem sido especificamente conceituado como um meio de maximização da eficácia humana. (Scheffer, 1979, p. 17-18) No aconselhamento, o sentimento existe sempre. Atrás de cada palavra ou de cada silêncio, está presente um sentimento ou uma mistura de muitos, de modo que é preciso ser um ouvinte atento para captar questões reais, como conflitos, paixões ou contradições, que estão no centro da problemática, e que conduzem a pessoa a buscar ajuda. Há dois tipos de aconselhamento: o de carreira, cujo foco centra-se no planejamento estratégico da carreira; e o emocional, que deve ser conduzido por um psicoterapeuta. O processo de counseling nas empresas direciona indivíduos para novos patamares, absorvendo desafios e superando-os, caso haja consciência das diretrizes. A busca pela manutenção da carreira nos dias atuais é intensa; mantê-la é uma maestria e inová-la é uma competência. Portanto, o diferencial de profissionais 14 em suas carreiras está na diversidade das competências que apresentam ao exercer os seus ofícios, surpreendendo o meio corporativo e a si mesmos, sempre. TEMA 5 – PILARES DE UMA CARREIRA SUSTENTÁVEL Vejamos pilares de fortalecimento de uma carreira: ter conhecimento de sua personalidade (a inteligência intrapessoal promove uma série de eventos favoráveis); conhecimento do negócio em que se insere; ações alinhadas com a missão empresarial e pessoal; saber sobre o futuro; traçar metas para o alcance das perspectivas; agir com responsabilidade, em prol das demandas que lhe cabem; buscar continuamente a evolução de suas competências e talentos. Com características pessoais bem potencializadas, impactamos positivamente meios e pessoas. Dicas para uma carreira sustentável: Cuide de sua saúde física, emocional, mental; descubra suas competências e habilidades; identifique as mais carentes e procure ajuda de um especialista coach. Faça um plano de desenvolvimento com metas atingíveis, capazes de contribuir para o equilíbrio dos diversos campos de sua vida; mantenha-se com olhos de vanguarda; esteja bem informado sobre o mundo dos negócios, em especial sobre a sua área de formação; escolha para trabalhar empresas que estejam alinhadas à sua cultura e valores pessoais; aprenda a lidar com os obstáculos corporativos; saiba trabalhar em times; faça networking; participe de encontros, eventos, congressos, pois a interatividade é essencial para um crescimento saudável; preserve sua imagem; e por fim adote postura ética e sigilosa nos meios de trabalho. 5.1 Linha do tempo e carreira O tempo presente deve ser aproveitado também para planejar o futuro. Observar o que temos e estabelecer novos propósitos nos retroalimenta, sendo fundamental para a nossa sobrevivência e nossa saúde vital. Em seu livro Carreira Sustentável, Minarelli (2016) reforça que o mundo está em transformação, o que nos exige mudanças cada vez mais significativas nos planos de carreira, em aspectos comportamentais e relacionamentos, independentemente da posição que ocupamos ou da fase em que nos encontramos. Revisitar nosso passado é nobre, a fim de fortalecer quem éramos, quem somos e para onde vamos. Essa linha de tempo deve ser refletida por todos que 15 desejam plenitude em suas vidas. Rememorar o que passou, as lembranças positivas, como o que nos causou sensações de bem-estar e felicidade, e procurar dentro do possível repetir tais processos em nossas práticas atuais, certamente nos emociona positivamente, criando uma caminhada com pontes entre o presente e o futuro. Os planejamentos de carreira tendem a dar certo quando estruturados com essas atitudes mentais. Um filme que transita nas linhas da vida e gera autorreflexão, enfatizando a importância da mudança de nossos pensamentos e comportamentos, e ainda fazendo uma projeção de futuro, é Duas Vidas, de Walt Disney, que nos faz repensar sonhos, propósitos, busca por felicidade, carreira, vida futura e mudanças de crenças para um processo transformacional. Abrange um contexto lúdico, sensível e fundamental para os dias atuais, em que passamos por mudanças em várias esferas de nossa vida, com remodelações pessoais e nos negócios. É motivador! Inspirador. 16 REFERÊNCIAS ANDERSEN, P. A.; GUERRERO, L. K. (Ed.) Handbook of Communication and Emotion: Research, Theory, Applications, and Contexts. San Diego: Academic Press, 1998. DAVIDSON, R.; BEGLEY, S. O Estilo Emocional do Cérebro. Rio de Janeiro: Sextante, 2013. EKMAN, P. A linguagem das emoções. Lisboa: Editora Lua de Papel, 2011. GOLEMAN, D. Trabalhando com a Inteligência Emocional. Editora Objetiva, Rio de Janeiro, 2001. GRAMIGNA, M. R. Líderes inovadores: ferramentas de criatividade que fazema diferença. São Paulo: M Books, 2004. JAMES, W. The principles of psychology. Chicago: Encyclopedia Britannica Inc., 1952. MAYER, J. D.; DIPAOLO, M. T.; SALOVEY, P. Perceiving affective content in ambiguous visual stimuli: A component of emotional intelligence. Journal of Personality Assessment, v. 54, p. 772-781, 1990. MINARELLI, J. A. Carreira sustentável. São Paulo: Editora Gente, 2016. SCHEEFFER, R. Teorias do aconselhamento. São Paulo: Editora Atlas, 1979. SCHERER, K. What are emotions? And how can they be measured? Social Science Information, v. 44, n. 4, 2005. Disponível em: <http://ssi.sagepub.com/content/44/4/695>.Acesso em: 26 jun. 2021. SELIGMAN, M. E. P. Felicidade Autêntica: usando a nova psicologia positiva para a realização permanente. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2004.
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