Questões de SM 2021 1

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Ao assistir o filme “Estamira” e perceber o exemplo claro do processo saúde/doença mental que vivenciou a personagem real e protagonista do documentário, responda as questões que seguem:
1-Analise as sentenças e em seguida marque a opção correta:
I-O olhar de Estamira assusta. É possível ver em seus olhos que experimentou muito sofrimento ao longo de sua vida. O documentário revela sua história, que vai sendo desvendada aos poucos. Demonstra seu cotidiano, a subjetividade, o modo de estar no mundo da personagem e os seus delírios;
II-Estamira fala quase o tempo todo; seu discurso extravasa todos os sentimentos contidos em frases com palavras conhecidas se misturando com neologismos. A narrativa se une com uma trilha sonora angustiante e as imagens de um lixão: tudo impacta, tudo é tão real. Estamira tem "verdades" a serem reveladas ao mundo;
III-O discurso de Estamira problematiza o lixo como uma representação da própria condição do homem, do quanto o homem se apega ao desnecessário, e como a sensação de prazer trazida por este nos torna escravos do imediato, da máxima, "usou jogou fora". O filme e a personagem denunciam o desamparo humano; não só o biológico ou familiar, mas, também, o social, o econômico e o político. Estamira, essa que olha, é uma idéia, um estado de espírito no qual o ser humano pode ser mais autêntico. É uma resposta à negligência social;
IV-A história de vida da personagem demonstra que ela foi uma mulher saudável até o período da vida em que os sucessivos encontros com a violência e as situações que não podiam ser elaboradas de forma neurótica, a levaram a não mais acreditar e sentir, como ela fazia até então. Anteriormente, Estamira era uma pessoa com valores religiosos que acreditava em um deus, protetor e bondoso. Era, também, uma boa mãe, contida e controlada; 
a- Apenas I e IV são verdadeiras.
b- Apenas II e III são verdadeiras.
c- Todas são verdadeiras.
d- Apenas III é falsa.
e- Todas são falsas.
2-Ao analisar o filme é possível compreender sobre o processo saúde/doença mental de Estamira, escolha a opção que mais esclarece esse processo:
a- O filme aborda a neurose e a escuta do seu dizer. O delírio é um dos pontos principais tratados no filme, a personagem elucida o conceito ao mostrar em sua história que a resposta encontrada para os abusos e as violências a que foi e é submetida;
b- A história de vida da personagem demonstra que ela foi uma mulher saudável até o período da vida em que os sucessivos encontros com a violência e as situações que não podiam ser elaboradas de forma neurótica, a levaram a não mais acreditar e sentir, como ela fazia até então, construindo para si uma resposta psicótica para lidar com sua realidade tão difícil;
c- É importante ressaltar que o delírio é a psicose propriamente dita, e, também, uma tentativa de tratamento desta. Trata-se de uma doença para recobrir um buraco e da falta de operações simbólicas;
d- Aos olhos dos profissionais de saúde mental, é reconhecida como louca, não tem crédito, não se pode compreender, não consegue compartilhar opiniões e crenças, realidade facilmente encontrada por muitos, inclusive moradores de rua e pessoas que também vivem na borda de um país e de um mundo que não quer saber, e prefere continuar vivendo adormecido em relação a situação da exclusão dos portadores de transtornos mentais;
e- A personagem é pobre cognitivamente, não se utiliza da imaginação e nem busca a sua verdade. Ela se vitimiza com uma narrativa que traduz suas experiências violentas: explorada sexualmente quando criança, traída pelo marido na fase adulta e estuprada já idosa.
3-O documentário Estamira conta a história e a sabedoria da personagem principal dessa trama, com o mesmo nome, foge aos patrões comuns e mostra o cotidiano dessa mulher, forte, generosa, surtada e sábia. Os comentários tratam de análise do filme e sua relação com os cuidados em saúde mental, marque a opção correta sobre eles:
I - Os ‘trocadilos’ um conceito difuso que compreende críticas ao capitalismo selvagem, ao consumismo desenfreado, à predominância do capital sobre a moralidade e o respeito humano, e portanto, não há espaço para aquele que não se encaixa no processo de vida atual, de consumo, produção e especulação, nisso se inclui o louco ou qualquer um que rompa com os padrões sociais normóticos.
II - Nas visitas mensais da protagonista aos CAPs, na sua enorme sacola repleta de medicamentos controlados, vislumbramos um sistema público de saúde pouco curioso com as angústias pessoais por trás das doenças dos pacientes mentais. O único esforço reside em neutralizar sintomas e manifestações, e por consequência o indivíduo. "Nos viciam nos dopantes", acusa Estamira. 
III - Impossível não relacionar o discurso apresentado à obra de Michel Foucault, especialmente “A história da Loucura”. Através deste livro o filósofo nos mostra que o louco pode ser simplesmente alguém com um discurso radicalmente contrário ao que é estabelecido como normal, um indivíduo capaz de enxergá-lo em suas contradições, apontar com lucidez as incongruências.
IV - Para Estamira, “Neste mundo de maldades não tem mais o inocente. O que tem, isto sim, por todo lado, é o esperto ao contrário”. Em sua lucidez expõe a hipocrisia e desvela uma conduta honrada e integra, ao denunciar a manipulação e a conveniente dominação de uma elite sob uma grande parcela da sociedade que vive ignorante e alienada.
a- Somente I, II e IV são falsas;
b- Somente I, III são verdadeiras;
c- Somente II é falsa;
d- Todas são falsas;
e- Todas são verdadeiras.
4-Um conceito, uma palavra, uma expressão, podem ter diferentes significados a depender do contexto. Teorias que eram tidas como verdades podem modificar-se no decorrer do tempo. Assim, no que concerne as concepções de loucura nas respectivas épocas históricas, assinale a afirmação verdadeira.
 
a) Na Grécia Antiga, o conceito de doença mental vigorava na pólis, estreitamente ligada à cura do mal pelos sacerdotes representantes dos deuses. 
b) Na Antiguidade Clássica, foram criados os primeiros hospitais psiquiátricos, os quais procuravam localizar a loucura na relação do homem com o meio social. 
c) Na Idade Média, o louco ainda não era visto como um problema ou como um mal: era respeitado e possuía inclusive grande aceitação do clero e dos monarcas. 
d) Na Modernidade, a loucura como objeto do saber médico retira do paciente o saber acerca de si próprio e daquilo que seria sua doença ao mesmo tempo em que se delega esse saber ao clínico.
5- No que diz respeito à Lei Nº 10.216, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental, assinale a afirmação verdadeira. 
a) A modalidade da “internação involuntária”, nos termos da referida lei, é aquela determinada pela justiça. 
b) Entre a criação de seu projeto e o estabelecimento da lei definitiva, foram necessários poucos meses de debate na câmara. 
c) Essa lei institui os Centros de Atenção Psicossocial como principais serviços da rede, mas não apresenta nada em relação ao processo de internação compulsória dos pacientes. 
d) Essa lei proíbe a internação de pacientes portadores de transtornos mentais em instituições com características asilares.
6- Os Centros de Atenção Psicossocial (Caps), responsáveis pela atenção diária e intensiva às pessoas com sofrimento mental, oferecem acolhimento, cuidado e suporte desde o momento mais grave — a crise — até a reconstrução dos laços sociais. Cumprem uma dupla missão: a de serem lugares de cuidado e sociabilidade bem como de convívio. Nos referidos centros, a formação de grupos de usuários e seus familiares justifica-se como estratégia de intervenção psicossocial porque tais grupos 
a) integram o diagnóstico psiquiátrico, a avaliação psicométrica, a terapia ocupacional e o tratamento psicoterápico familiar. 
b) permitem a realização simultânea das consultas de clínica médica, psiquiátrica, psicológica, neurológica e de enfermagem. 
c) facilitam a intervençãopsicossociológica, por meio da inclusão do controle social no tratamento psicossocial dos usuários. 
d) possibilitam o desenvolvimento da clínica ampliada e o restabelecimento dos vínculos afetivos dos usuários e familiares. E viabilizam a equidade e acompanhamento na medicalização necessária ao tratamento dos transtornos mentais mais graves.