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Luana Guedes Diniz Unime - Odontologia Técnicas Anestésicas Intra Orais As técnicas anestésicas tem o objetivo de bloquear a transmissão dos impulsos nociceptivos através do nervo, possibilitando a realização de procedimentos odontológicos. A inervação sensitiva geral de quase toda a cabeça é realizada por ramos do nervo trigêmeo. - Seringa Carpule (com ou sem aspiração) - Tubete Anestésico (que contém a droga anestésica, podendo ter ou não vasoconstrictor) - Agulha descartável Empunhadura de uma Seringa Carpule Tradicional As anestesias podem ser: ● ANESTESIAS TERMINAIS - Superficiais - Infiltrativas ● ANESTESIAS POR BLOQUEIO - Regionais - Tronculares 1 Luana Guedes Diniz Unime - Odontologia 1. ANESTESIAS TERMINAIS SUPERFICIAIS Atuam nos ramos terminais dos nervos, na superfície da pele ou mucosa (anestesia tópica). Essa anestesia pode ser realizada só na superfície do tecido ou por infiltração. Quando realizamos uma anestesia terminal só na superfície não é necessário injeção. ⤷ Anestesia tópica (apenas na superfície desejada com uma pomada ou gel ou algum outro tipo de anestésico tópico presente no mercado). 2. ANESTESIAS TERMINAIS INFILTRATIVAS Atuam nos ramos terminais dos nervos, pela infiltração nos tecidos por meio de injeções. Podem ser realizadas para atingir: ● Ramos Terminais Infiltrativas Gengivais - muito utilizado em crianças para a extração de dentes decíduos ● Ramos Terminais Infiltrativas Dentais e Periodontais - Como esses ramos ficam no osso, é necessário fazer a infiltração ao nível do fórnice do vestíbulo da área que queremos anestesiar, para que o anestésico atravesse o osso e chegue nos ramos gengivais que queremos anestesiar. 2 Luana Guedes Diniz Unime - Odontologia - Na mandíbula, como o osso, na região posterior, é muito denso, dificilmente é possível fazer terminais infiltrativas nessa área, pois o anestésico não consegue atravessar o osso para atingir esses ramos dentais e periodontais. Por isso, essa aplicação terminal, na mandíbula, é mais comum na parte anterior. Deve-se anestesiar todo o nervo para conseguir anestesiar o periodonto e os dentes posteriores 3. ANESTESIAS POR BLOQUEIO REGIONAL Atuam em um ramo nervoso, anestesiando a região por ele inervada. - São anestesias mais amplas, que tem uma abrangência maior, utilizadas quando se deseja anestesiar uma área maior, quando a área de trabalho está inflamada 3.1. ANESTESIA POR BLOQUEIO REGIONAL DOS NERVOS ALVEOLAR INFERIOR E LINGUAL O nervo lingual e alveolar inferior são ramificações do ramo mandibular do nervo trigêmeo. O nervo lingual, na região do forame mandibular, está à frente do alveolar inferior a apenas 8 mm. Então como a anestesia deve ser feita antes do nervo alveolar inferior entrar na mandíbula, já aproveita-se para anestesiar o lingual também com a mesma técnica. Porque é preciso atingir o alveolar inferior antes dele entrar no forame mandibular? - Porque é quando ele entra no osso e depois que ele entra é difícil o anestésico atravessar o osso. O nervo lingual vai inervar a gengiva lingual, assoalho de boca e o corpo da língua. O nervo alveolar inferior entra no canal mandibular e vai formando ramos dentais e periodontais para os molares e pré molares, até que na altura do forame mentual o alveolar inferior se bifurca em nervo mentual (que emerge pelo forame mentual e vai inervar a gengiva vestibular da região anterior, pele do lábio e do mento, ou seja, apenas tecidos moles) e no nervo incisivo que continua a formar os ramos dentais e periodontais dos dentes anteriores. Como conseguimos atingir o alveolar inferior antes dele entrar na mandíbula? - Deve-se ter como referência o forame mandibular 3 Luana Guedes Diniz Unime - Odontologia Como saber onde está o forame mandibular na boca: A altura do forame mandibular corresponde a metade da fossa retromolar. Então o primeiro passo é palpar a fossa retromolar Geralmente, ao palpar, o nosso polegar ocupa quase ou todo o espaço dessa depressão, então para saber a altura, uma vez que o forame fica na metade, será mais ou menos na metade do nosso polegar (que corresponde a mais ou menos 1,5 cm do plano oclusal). Limite no sentido medial (sentido latero lateral) e quem determina é a prega pterigomandibular. Então, recapitulando: 1. Palpamos a fossa 2. Altura - metade do nosso dedo 3. Medialmente localizar a prega pterigomandibular A agulha deve ir entre a fossa retromandibular e a prega pterigomandibular. - A agulha não pode ser inserida medialmente a prega, não podemos ignorar essa prega, pois essa prega pterigomandibular é o ligamento pterigomandibular coberto de mucosa, e esse ligamento é onde termina o músculo bucinador (é onde termina a bochecha/parede lateral da cavidade oral). Se anestesiamos 4 Luana Guedes Diniz Unime - Odontologia medialmente a essa prega adentramos outro músculo que se prende aqui, que é o músculo constritor superior da faringe. ● Técnica Direta - Seringa vem da região de pré-molar oposto ● Técnica Indireta - O ponto de partida é no mesmo lada da aplicação (paralelo ao dedo tangenciando a mandíbula) 5 Luana Guedes Diniz Unime - Odontologia Pode existir uma dificuldade em continuar o trajeto da agulha porque a frente do forame mandibular existe a língula (que serve de fixação do ligamento esfenomandibular da ATM). Tanto na técnica direta como na técnica indireta a agulha passa próxima ao nervo lingual, ou seja o anestésico é despejado primeiro primeiro no nervo lingual para depois alcançar o nervo alveolar inferior. Então, a região anestesiada é: - Todos os dentes da hemiarcada e seu periodonto - Gengiva vestibular da região anterior - Lábio inferior - Mento - Gengiva lingual da hemiarcada - Assoalho de boca da hemiarcada - Corpo da língua da hemiarcada Dessa forma, para completar a anestesia de toda hemiarcada inferior, só fica faltando anestesiar a gengiva vestibular posterior que é inervada pelo nervo bucal (fica fora dessa técnica anestésica). 3.2. ANESTESIA POR BLOQUEIO REGIONAL DO NERVO BUCAL - Inerva gengiva vestibular da região posterior e bochecha - O nervo bucal é ramificação do ramo mandibular do nervo trigêmeo O nervo bucal sai do mandibular, cruza a fossa retromolar e vai para a lateral (vestibular). Por isso o bloqueio deve ser feito no momento em que ele está se 6 Luana Guedes Diniz Unime - Odontologia vestibularizando para que todo esse trajeto em direção a gengiva e bochecha fique anestesiado. - Na técnica original: Palpar a fossa retromolar e inserir a agulha direto na fossa - Variação da técnica: Invés de atuar direto na fossa, inserir a agulha no nervo bucal já no trajeto vestibular desde o início. É interessante quando no mesmo procedimento será necessário anestesiar ângulo da mandíbula, fazendo a infiltração como se fosse uma infiltração terminal no fórnice do vestíbulo, pegando o nervo bucal bem no início do trajeto vestibular aprofundando a agulha para também atingir ramos que ficam no ângulo da mandíbula. Então, a região anestesiada é: - Gengiva vestibular inferior posterior (região de molares) - Bochecha 3.3. ANESTESIA POR BLOQUEIO REGIONAL DOS NERVOS ALVEOLAR INFERIOR, LINGUAL E BUCAL Técnica de Gow-Gates Como anestesiar os 3 ao mesmo tempo? Como o nervo bucal vai se vestibularizar ao nível dafossa retromolar então a injeção deve ser mais alta para que possa pegar os 3. - Usa-se os mesmos referenciais do bloqueio regional alveolar inferior e lingual: Fossa retromolar, Prega Pterigomandibular, porém invés da agulha entrar na metade da altura do dedo, entra acima do dedo para pegar o nervo bucal antes dele vestibularizar. A agulha passa tangenciando a mandíbula. 3.4. ANESTESIA POR BLOQUEIO REGIONAL DOS NERVOS MENTUAL E INCISIVO Técnica utilizada quando deseja-se bloquear somente a região anterior (dos pré-molares ao incisivo) - Forame Mentual (inserção do anestésico) 7 Luana Guedes Diniz Unime - Odontologia Nervo mentual inerva somente gengiva anterior, pele de lábio inferior e mento Nervo Incisivo continua na parte esponjosa do osso de onde saem ramos dentais e periodontais. Referencial: Aplicação no fórnice do vestíbulo na região de pré-molares (o forame mentual pode estar abaixo do 1° Pré-Molar, abaixo do 2° Pré-Molar ou entre os dois). A seringa parte de trás para frente (direcionamento póstero anterior), fazendo uma inclinação em relação a parede da mandíbula de mais ou menos 45°. MAXILA 1. ANESTESIA POR BLOQUEIO REGIONAL DOS NERVOS ALVEOLARES SUPERIORES ANTERIOR E MÉDIO (NERVO INFRAORBITAL) Os nervos alveolar superior anterior e médio são ramos do nervo infraorbital que é continuação do nervo maxilar. O nervo orbital passa no assoalho da cavidade orbital, formando ramificações (alveolar superior médio, que desce dentro do seio maxilar inervando parte do seio e depois se ramificando ainda mais formando ramos dentais e periodontais para os pré-molares. O alveolar superior anterior também passa pelo seio maxilar e inerva a porção anterior dele, se ramificando e formando ramos dentais e periodontais para incisivos e canino. 8 Luana Guedes Diniz Unime - Odontologia - Nessa técnica bloqueia-se todo o infraorbital e todas as suas ramificações em direção a seio e dentes anteriores até os pré-molares. Após formar os alveolares o infraorbital emerge na face pelo forame infraorbital e forma ramos cutâneos que vão para a pálpebra inferior, nariz e lábio superior. Ou seja, as áreas anestesiadas nessa técnica são: - Parte média e anterior do seio maxilar - Dente e periodonto de pré-molares, canino e incisivos - pequena parte posterior da cavidade nasal - pálpebra inferior, nariz e lábio superior Como atingimos esse nervo? - Através do forame infraorbital (fica mais ou menos 1 cm abaixo da margem infraorbital). Uma das formas de encontrá-lo é seguindo a linha do canino. 2. ANESTESIA POR BLOQUEIO REGIONAL DOS NERVOS ALVEOLARES SUPERIORES POSTERIORES. - Sai do nervo maxilar, antes do infraorbital, passa rente à face superior da maxila, se divide, entra pelos forames alveolares, passa pela região posterior do seio e forma os ramos dentais e periodontais dos molares (a raiz mésio-vestibular do 1° Molar é inervado pelo alveolar superior médio). - Face posterior da maxila ⟶ Forames alveolares 9 Luana Guedes Diniz Unime - Odontologia Referencial: Face mesial do segundo molar inclinando a agulha 45° do plano oclusal para alcançar a face posterior da maxila. Regiões anestesiadas: - Parte posterior do seio maxilar - Molares Superiores e seu periodonto (exceção da raiz mésio-vestibular do 1° Molar Superior) 3. ANESTESIA POR BLOQUEIO REGIONAL DOS NERVOS NASOPALATINOS Os nervos nasopalatinos emergem no forame incisivo que fica na região anterior da maxila, suprindo o mucoperiósteo da região anterior de canino a canino. Referencial: Papila incisiva. - Essa técnica não anestesia dente! 10 Luana Guedes Diniz Unime - Odontologia 11 Luana Guedes Diniz Unime - Odontologia 4. ANESTESIA POR BLOQUEIO REGIONAL DOS NERVOS PALATINOS MAIORES - Anestesiar gengiva palatina dos dentes Molares e Pré-Molares e o mucoperiósteo palatal da região posterior. - Emerge pelo forame palatino maior e emerge para frente. - Anestesiar Forame Palatino Maior. Referenciais: Visualizar na boca do paciente o limite entre o palato duro e o palato mole e desse limite, devemos colocar a agulha mais anterior a mais ou menos 1 cm à frente desse limite. Em relação a margem gengival, palatinizar essa infiltração a mais ou menos 2 cm da margem gengival. Região anestesiada: - Mucoperiósteo palatal da região posterior - Gengiva palatina dos pré-molares e molares 12 Luana Guedes Diniz Unime - Odontologia ANESTESIAS POR BLOQUEIO TRONCULAR - Atuam em um tronco nervoso. (exemplo: anestesiar todo o nervo maxilar assim que emerge do crânio pela fossa pterigopalatina). - Não são intraorais. 13