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Profa. Ma. Selma Doná UNIDADE I Perícia, Avaliação e Arbitragem Perícia, na linguagem jurídica, designa especialmente, em sentido lato, a diligência realizada ou executada por peritos, a fim de que se esclareçam ou se evidenciem certos fatos. Segundo Magalhães et al. (2001, p. 12): “A perícia, pela óptica mais ampla, pode ser entendida como qualquer trabalho de natureza específica, cujo rigor na execução seja profundo. Dessa maneira, pode haver perícia em qualquer área científica ou até em determinadas situações empíricas, por outro lado, a natureza do processo é que a classificará, podendo ser de origem judicial, extrajudicial, administrativa ou operacional. Quanto à natureza dos fatos que a ensejam, pode ser classificada como criminal, contábil, médica, trabalhista etc.” Perícia – conceito A Norma Brasileira de Contabilidade – NBC TP 01, de 27 de fevereiro de 2015 conceitua: A perícia contábil constitui o conjunto de procedimentos técnico-científicos destinados a levar à instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar a justa solução do litígio ou constatação de fato, mediante laudo pericial contábil e/ou parecer técnico-contábil, em conformidade com as normas jurídicas e profissionais e com a legislação específica no que for pertinente. Perícia – conceito A Norma Brasileira de Contabilidade – NBC TP 01, de 27 de fevereiro de 2015, estabelece no tocante à habilitação legal, que os contadores deverão estar inscritos no Conselho Regional de Contabilidade, conforme item 4. “4 – A perícia contábil é de competência exclusiva de contador em situação regular perante o Conselho Regional de Contabilidade de sua jurisdição.” Perícia – habilitação Segundo D’Auria apud Ornelas (2000, p. 35), “a perícia contábil tem por objeto central os fatos ou questões contábeis relacionadas com a causa (aspecto patrimonial), as quais devem ser verificadas e, por isso, são submetidas à apreciação técnica do perito, que deve considerar, nessa apreciação, certos limites essenciais, ou caracteres essenciais”. Assim, Ornelas (2000, p. 35) considera que, independentemente dos procedimentos a serem adotados, são características essenciais da perícia contábil: a)Limitação da matéria; b)Pronunciamento adstrito à questão ou questões propostas; c) Meticuloso e eficiente exame do campo prefixado; d)Escrupulosa referência à matéria periciada; e) Imparcialidade absoluta de pronunciamento. Perícia – objeto Segundo Neto e Mercandale (2000, p. 5): “No âmbito judicial, o objeto da perícia contábil são as questões contábeis (propostas nos autos em forma de alegações ou contestações) discutidas pelas partes e que são submetidas à apreciação do perito, a fim de se obter parecer técnico que possibilite revelar a verdade dos fatos, contribuindo, assim, para o desate da lide”. Portanto, a perícia contábil tem como objeto a determinação do juiz ou as dúvidas colocadas pelas partes. O perito contador deve se ater às questões formuladas no objeto, não estendendo ou extrapolando o solicitado; caso ocorra esse excesso, o laudo pericial será nulo e o perito contador pode ser processado civil e criminalmente. Perícia – objeto A perícia contábil, como especialização da Ciência Contábil, é aplicada em todos os casos em que há a necessidade de uma avaliação precisa de fatos que envolvam o patrimônio de pessoas físicas ou jurídicas. Sá (1997, p. 93) explica que são muitos os casos de ações judiciais para os quais se requer a perícia contábil. Como força de prova, alicerçada em outros elementos como a escrita contábil, os documentos (tudo aliado a um acervo científico e tecnológico), a perícia é algo especial e específico. São considerados grandes campos de ação do perito os seguintes: alimentos, apuração de haveres, avaliação de patrimônio incorporado, busca e apreensão, entre outros. Campo de aplicação da perícia contábil A perícia é a prova elucidativa dos fatos; já a auditoria é revisão, verificação, tendendo a ser necessidade constante, repetindo-se de tempos em tempos, com menos rigores metodológicos, pois se utiliza da amostragem. A perícia repudia a amostragem como critério pelo caráter de eventualidade e só trabalha com o universo completo, em que a opinião é expressa com rigores de cem por cento de análise. Diferença entre auditoria e perícia contábil Processo: “[...] é o instrumento colocado a disposição dos cidadãos para solução de seus conflitos de interesses e pelo qual o Estado exerce a jurisdição. Tal solução e exercício são desenvolvidos com base em regras legais previamente fixadas e buscam, mediante a aplicação do direito material ao caso concreto, a entrega do bem da vida, a pacificação social e a realização da Justiça” (BARROSO, 2000, p. 3). Processo judicial Procedimento: “[...] é a forma como o processo se exterioriza e materializa no mundo jurídico. É através do procedimento que o processo age. Basicamente consiste ele numa sequencia de atos que deve culminar com a declaração do Judiciário sobre quem tem o direito material (bem da vida) na lide submetida a sua apreciação. Esta sequência deve observar, obrigatoriamente, a dialética processual, consistente em facultar as partes a efetiva participação durante seu desenvolvimento (tese do autor e antítese do réu) e garantir a utilização de todos os recursos legais inerentes a defesa dos interesses de cada litigante, tudo para formar o convencimento do julgador (síntese)” (BARROSO, 2000, p. 4). Procedimento judicial Quando necessário esclarecer matéria específica ou requerida pelas partes, o juiz aplica o artigo 465, do Código do Processo Civil (BRASIL, 2015): “Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixará de imediato o prazo para a entrega do laudo.” Prova pericial Segundo Sá (1997, p. 19), é possível classificar as perícias em três grandes grupos gerais: perícia judicial: a verificação de uma empresa para que o juiz possa homologar a recuperação judicial que ela pediu; perícia administrativa: a verificação contábil para apurar corrupção; perícia especial: aquela que se faz para fusão de sociedade. Tipos de perícias Para Alberto (2000, p. 53), os ambientes de atuação que definirão as características podem ser, do ponto de vista mais geral, o ambiente judicial, o ambiente semijudicial, o ambiente extrajudicial e o ambiente arbitral. São, então, quatro as espécies de perícias detectáveis, segundo o raciocínio esposado: perícia judicial: dentro dos processos judiciais, nomeada pelos juízes; perícia semijudicial: no Estado, fora do Poder Judiciário; perícia extrajudicial: nos confrontos judiciais entre particulares; perícia arbitral: perícia realizada por vontade das partes. Espécies de perícias Perícia, na linguagem jurídica, designa especialmente, em sentido lato, a diligência realizada ou executada por peritos, a fim de que se esclareçam ou se evidenciem certos fatos. De acordo com o conceito que envolve a perícia, ela deve: a) Ser específica. b) Ter objeto próprio. c) Ter objeto limitado. d) Ter o objeto analisado de forma profunda. e) Todas as alternativas estão corretas. Interatividade Resposta Perícia, na linguagem jurídica, designa especialmente, em sentido lato, a diligência realizada ou executada por peritos, a fim de que se esclareçam ou se evidenciem certos fatos. De acordo com o conceito que envolve a perícia, ela deve: a) Ser específica. b) Ter objeto próprio. c) Ter objeto limitado. d) Ter o objeto analisado de forma profunda. e) Todas as alternativas estão corretas. A perícia judicial tem fundamento em ação judicial e pode ser determinada pelo juiz do processo ou requerida pelas partes em litígio. A perícia judicial é específica e se define pelo texto da lei; estabelece o artigo 464, do Código de Processo Civil, na parte relativa ao processo de conhecimento:“a prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação” (BRASIL, 2015). Perícias judiciais A perícia judicial se motiva pelo fato de o juiz depender do conhecimento técnico ou especializado de um profissional para poder decidir; essas perícias podem ser: oficiais: determinadas pelo juiz, sem requerimento das partes; requeridas: determinadas pelo juiz, com requerimento das partes; necessárias: quando a lei ou a natureza do fato impõe sua realização; facultativas: o juiz determina se houve conveniência; perícias de presente: realizadas no curso do processo; perícias do futuro: são as cautelares preparatórias da ação principal. Visam a perpetuar fatos que podem desaparecer com o tempo. Perícias judiciais Há perícias de diversas modalidades e nas diversas esferas judiciais, podendo-se destacar: Cível: prestação de contas, avaliações patrimoniais, litígios entre sócios, indenizações, avaliações de fundos de comércio, renovatórias de locações e outras. Família e Sucessões: avaliação de pensões alimentícias, avaliações patrimoniais e outras; Falência e Recuperação Judicial: perícias falimentares em geral. Criminal: fraudes e vícios contábeis, adulterações de lançamentos e registros, desfalques e alcances, apropriações indébitas e outras. Trabalho: indenizações de diversas modalidades, liquidações de processos e outros. Perícias judiciais É aquela que independe de tramitação judicial, sendo livremente contratada entre as partes envolvidas. Esse tipo de perícia se processa por meio de exames, que podem ser genéricos ou específicos. A perícia extrajudicial se subdivide em: Demonstrativa: tem como finalidade demonstrar a veracidade ou não do fato ou caso previamente especificado na consulta. Discriminativa: tem como finalidade colocar nos justos termos os interesses de cada um dos envolvidos na matéria potencialmente duvidosa. Comprobatória: tem como finalidade a comprovação das manifestações patológicas da matéria periciada (fraude, desvios, simulações), entre outros. Perícia extrajudicial Os tipos mais importantes de perícia extrajudicial são: perícia fiscal, procedida pelos agentes das fiscalizações federal, estadual ou municipal; perícia para equivalência patrimonial entre empresas; perícia para avaliação patrimonial de bens e direitos; perícia para avaliação de fundo de comércio; perícia para avaliação de bens e direitos para integralização do capital social das sociedades anônimas; perícia para cisão, fusão, incorporação ou transformação de empresas; perícias para arbitramentos de valores indenizatórios; perícia para litígio entre sócios de empresas; perícias para avaliação de resultados econômicos das empresas; perícias para avaliação de locações ou indenizações em caso de ações renovatórias de contratos de locação. Perícia extrajudicial O Código Civil compreende o conjunto de normas relativas a contratos, atividades comerciais e empresariais, dentre outras, regulamentando o direito dos envolvidos. Já o Código de Processo Civil estabelece os procedimentos que devem ser respeitados em todos os processos. Portanto, no Código Civil, verificamos a necessidade da perícia contábil; enquanto no Código de Processo Civil, os procedimentos de nomeação e desenvolvimento da atividade pericial contábil. Perícia contábil no Código Civil e no Código de Processo Civil A seguir destacamos aspectos ligados à perícia constantes do CC: Nas dissoluções de sociedade (art. 51, CC); Contagem dos prazos (art. 132, CC); Fraudes contra credores (arts. 158 a 165, CC); Prova (art. 212, CC); Documento público (arts. 215 a 220, CC); Obrigatoriedade de registro público de documento particular (art. 221, CC); Validade de documentos enviados por meio eletrônico ou similar (art. 222, CC); Aspectos ligados à perícia contábil no Código Civil Limite de validade de autenticação do tabelião de notas (art. 223, CC); Obrigatoriedade de tradução de documentos escritos em outras línguas (art. 224, CC); Limite de validade das provas de reproduções de originais (art. 225, CC); Valor probante dos registros contábeis vinculados à sua consistência (art. 226); Forma de liquidação de dívida e a obrigação de fazer em moeda corrente (arts. 315, 318 a 325); Permissão de estipular aumento progressivo de prestações sucessivas (art. 316, CC); Do inadimplemento das obrigações (arts. 389 a 391, CC); Da mora (art. 394 e 395); Aspectos ligados à perícia contábil no Código Civil Premissas de perdas e danos (art. 404, CC); Do termo inicial da contagem dos juros de mora (arts. 405 a 407, CC); Da retirada de sócio da sociedade (art. 1.031, CC); Da liquidação da sociedade – atribuições do liquidante (arts. 1.102 a 1.112, CC); Do contabilista e outros auxiliares – responsabilidade civil (arts. 1.177 e 1.178, CC); Das premissas para a escrituração contábil (arts. 1.179 a 1.195). Aspectos ligados à perícia contábil no Código Civil Segundo Sá (1997, p. 64), a perícia judicial possui um ciclo normal, dividido em três fases: preliminar, operacional e final. Fase preliminar: 1. A perícia é requerida ao juiz pela parte interessada; 2. O juiz defere a perícia e escolhe seu perito; 3. As partes formulam quesitos e indicam seus assistentes; 4. Os peritos são cientificados da indicação; 5. Os peritos propõem honorários e requerem depósito; 6. O juiz estabelece prazo, local e hora para início. Características da perícia judicial Fase operacional: 1. Início da perícia e das diligências; 2. Curso do trabalho; 3. Elaboração do laudo. Características da perícia judicial Fase final: 1. Assinatura do laudo; 2. Entrega do laudo ou laudos; 3. Levantamento dos honorários; 4. Esclarecimentos (se requeridos). Sá (1997, p. 65) ainda complementa: “[...] o ciclo da perícia judicial compõe-se da fase inicial, operacional e final e estas de eventos distintos que formam todo o conjunto de ocorrências que caracterizam tais tarefas”. Características da perícia judicial A perícia judicial difere das demais modalidades de perícia, sendo realizada em ações judiciais, podendo ocorrer na fase inicial do processo (instrução), ou na fase final (execução). Essa perícia poderá ser solicitada pelas partes ao juiz que, analisando o pedido, poderá deferi-la ou não. Ela poderá ainda ser determinada pelo juiz, quando verificar que a matéria a ser analisada depende de parecer de um técnico especialista. Características da perícia judicial Tipos de ações judiciais que exigem a atuação do perito judicial: ações alimentares; ações de inventário; dissolução de sociedades; desapropriações; reclamatórias trabalhistas; fundo de comércio; avaliação do intangível; execuções fisco-tributárias; recuperações judiciais; indenizatórias contratuais; impugnações de créditos; inquérito policial. Características da perícia judicial O objeto da perícia é o limitador, seja ela contábil ou de qualquer outra espécie. Nas contábeis, o perito deve ter muito claro o objeto a ser periciado, pois, de maneira alguma, poderá exceder esse limite, sob pena, principalmente nas perícias judiciais, de ter seu trabalho desconsiderado e até ser destituído pelo juiz que o nomeou e ainda responder civil e criminalmente. Características da perícia judicial Segundo ensina Sá (1997, p. 64), a perícia judicial tem um ciclo normal, que pode ser dividido em três fases. Considerando essa assertiva, aponte quais são essas fases. a) Inicial, alternativa e conclusiva. b) Antecedente, conclusiva e alternativa. c) Preliminar, operacional e final. d) Operacional, alternativa e conclusiva. e) Preliminar, alternativa e conclusiva. Interatividade Resposta Segundo ensina Sá (1997, p. 64), a perícia judicial tem um ciclo normal, que pode ser dividido em três fases. Considerando essa assertiva, apontequais são essas fases. a) Inicial, alternativa e conclusiva. b) Antecedente, conclusiva e alternativa. c) Preliminar, operacional e final. d) Operacional, alternativa e conclusiva. e) Preliminar, alternativa e conclusiva. Os usuários da perícia contábil são as pessoas físicas e jurídicas, o Poder Judiciário e os operadores do Direito. A aplicação da perícia se diferencia da contabilidade em geral por ser específica e ter um objeto próprio, podendo ser aplicada aos usuários da contabilidade quando houver imperfeições, inadequações e irregularidades. As pessoas físicas podem se utilizar da perícia contábil quando houver a necessidade de verificação, em livros ou documentos contábeis, de fatos que possam prejudicar seu patrimônio. Usuários da perícia contábil Existem casos de sócios que podem se sentir prejudicados na distribuição de lucros e pedem, por meio de um perito contábil, a verificação dos resultados da empresa. As pessoas jurídicas podem se utilizar dos serviços dos peritos contábeis, que atuarão como assistentes técnicos nos processos dos quais elas são parte, com o objetivo de acompanhar o perito judicial nas diligências e na elaboração do laudo pericial, bem como na emissão de parecer técnico que possa lhe dar subsídios para impugnação do laudo do perito do juízo. O Poder Judiciário utiliza os serviços do perito judicial como auxiliar do juiz, podendo haver a nomeação desse profissional na fase inicial do processo, com o objetivo de se obterem provas para o julgamento deste ou na fase de execução, com o propósito de apurar os valores devidos. Usuários da perícia contábil Há a figura do árbitro, que também é usuário dos serviços de peritos judiciais, pois ele também precisa, muitas vezes, de elementos confiáveis para poder tomar suas decisões. Além disso, tratando-se de matéria contábil, ele poderá solicitar um laudo pericial ou um parecer a um profissional da contabilidade. Os operadores do Direito também se utilizam da perícia contábil, muitas vezes, para auxiliar no momento de proporem uma determinada ação em juízo, com o objetivo de saberem antecipadamente se o resultado que buscam valerá a pena. Dessa forma, antes de proporem a ação, solicitarão ao perito contábil um parecer que demonstre, de forma clara, o objeto que buscarão em juízo. Usuários da perícia contábil Os procedimentos básicos para a execução da perícia contábil são: Nomeação; Aceitação ou escusa; Prazo para o laudo; Exames, análises e avaliação dos documentos, prova e outros; Elaboração do laudo; Honorário; Conclusão; Esclarecimentos adicionais. Procedimentos básicos da perícia contábil De acordo com o Código do Processo Civil (BRASIL, 2015), temos os seguintes procedimentos relativos à perícia: “Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixará de imediato o prazo para a entrega do laudo. § 1° Incumbe as partes, dentro de 15 (quinze) dias contados da intimação do despacho de nomeação do perito: I. Arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se for o caso; II. Indicar assistente técnico; III. Apresentar quesitos.” Procedimentos básicos da perícia contábil “Art. 465. § 2° Ciente da nomeação, o perito apresentará em 5 (cinco) dias: I. Proposta de honorários; II. Currículo, com comprovação de especialização; III. Contatos profissionais, em especial o endereço eletrônico, para onde serão dirigidas as intimações pessoais. § 3° As partes serão intimadas da proposta de honorários para, querendo, manifestar-se no prazo comum de 5 (cinco) dias, após o que o juiz arbitrará o valor, intimando-se as partes para os fins do art. 95.” Procedimentos básicos da perícia contábil “Art. 465. § 4° O juiz poderá autorizar o pagamento de ate cinquenta por cento dos honorários arbitrados a favor do perito no inicio dos trabalhos, devendo o remanescente ser pago apenas ao final, depois de entregue o laudo e prestados todos os esclarecimentos necessários. § 5° Quando a pericia for inconclusiva ou deficiente, o juiz poderá reduzir a remuneração inicialmente arbitrada para o trabalho. § 6° Quando tiver de realizar-se por carta, poder-se-á proceder a nomeação de perito e a indicação de assistentes técnicos no juízo ao qual se requisitar a pericia.” Procedimentos básicos da perícia contábil “Art. 466. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que lhe foi cometido, independentemente de termo de compromisso. § 1° Os assistentes técnicos são de confiança da parte e não estão sujeitos a impedimento ou suspeição. § 2° O perito deve assegurar aos assistentes das partes o acesso e o acompanhamento das diligências e dos exames que realizar, com prévia comunicação, comprovada nos autos, com antecedência mínima de 5 (cinco) dias.” Procedimentos básicos da perícia contábil “Art. 467. O perito pode escusar-se ou ser recusado por impedimento ou suspeição. Parágrafo único. O juiz, ao aceitar a escusa ou ao julgar procedente a impugnação, nomeará novo perito.” Procedimentos básicos da perícia contábil “Art. 468. O perito pode ser substituído quando: I. Faltar-lhe conhecimento técnico ou científico; II. Sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que lhe foi assinado. § 1º No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a ocorrência à corporação profissional respectiva, podendo, ainda, impor multa ao perito, fixada tendo em vista o valor da causa e o possível prejuízo decorrente do atraso no processo. § 2º O perito substituído restituirá, no prazo de 15 (quinze) dias, os valores recebidos pelo trabalho não realizado, sob pena de ficar impedido de atuar como perito judicial pelo prazo de 5 (cinco) anos. § 3º Não ocorrendo a restituição voluntária de que trata o § 2º, a parte que tiver realizado o adiantamento dos honorários poderá promover execução contra o perito, na forma dos arts. 513 e seguintes deste Código, com fundamento na decisão que determinar a devolução do numerário.” Procedimentos básicos da perícia contábil “Art. 469. As partes poderão apresentar quesitos suplementares durante a diligência, que poderão ser respondidos pelo perito previamente ou na audiência de instrução e julgamento. Parágrafo único. O escrivão dará à parte contrária ciência da juntada dos quesitos aos autos. Art. 470. Incumbe ao juiz: I. indeferir quesitos impertinentes; II. formular os quesitos que entender necessários ao esclarecimento da causa.” Procedimentos básicos da perícia contábil “Art. 471. As partes podem, de comum acordo, escolher o perito, indicando-o mediante requerimento, desde que: I. Sejam plenamente capazes; II. A causa possa ser resolvida por autocomposição. § 1º As partes, ao escolher o perito, já devem indicar os respectivos assistentes técnicos para acompanhar a realização da perícia, que se realizará em data e local previamente anunciados. § 2º O perito e os assistentes técnicos devem entregar, respectivamente, laudo e pareceres em prazo fixado pelo juiz. § 3º A perícia consensual substitui, para todos os efeitos, a que seria realizada por perito nomeado pelo juiz.” Procedimentos básicos da perícia contábil “Art. 472. O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na contestação, apresentarem, sobre as questões de fato, pareceres técnicos ou documentos elucidativos que considerar suficientes.” Procedimentos básicos da perícia contábil De acordo com o art. 465, o juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixará de imediato o prazo para a entrega do laudo. No parágrafo 1º, caberá às partes, dentro de 15 (quinze) dias contados da intimação do despacho de nomeação do perito: a) Arguir o impedimento do perito, se for o caso. b) Arguir suspeição do perito, se for o caso. c) Indicar assistente técnico. d) Apresentar quesitos. e) Todas as alternativas estão corretas. InteratividadeResposta De acordo com o art. 465, o juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixará de imediato o prazo para a entrega do laudo. No parágrafo 1º, caberá às partes, dentro de 15 (quinze) dias contados da intimação do despacho de nomeação do perito: a) Arguir o impedimento do perito, se for o caso. b) Arguir suspeição do perito, se for o caso. c) Indicar assistente técnico. d) Apresentar quesitos. e) Todas as alternativas estão corretas. A nomeação de perito judicial por parte do juízo ocorre diante da necessidade do juiz de esclarecer dúvidas existentes no processo judicial. O profissional nomeado deve ter domínio da matéria a ser elucidada e ser de confiança do juiz. As partes podem nomear auxiliares para acompanhar o perito do juízo, os quais são denominados assistentes técnicos e representam as partes envolvidas. O perito do juízo é autônomo nas suas decisões, dando satisfação somente ao juiz que o nomeou. Profissionais envolvidos na perícia contábil Definidas e interligadas as bases conceituais, objeto e objetivo da perícia, é possível perceber que algumas das suas características devem compor o perfil do profissional que atua ou pretende atuar nesse ramo de conhecimento; é exigível e desejável que se conscientize da necessidade de discernir, analisar, julgar e agregar sua personalidade, em grau de que lhe empreste autoridade moral natural para o acatamento de seu trabalho, independentemente de atender aos aspectos formais e relativos a ele. Resumindo, é preciso ser ético em contraposição a ter ética, o que é substancialmente diferente, pois ter é tão somente atender as regras formalmente expressas porque a elas está subjugado, enquanto ser é entender as regras, formalizadas ou não, como uma atitude natural, intrínseca ao próprio ser, que só quem é conscientizado pode ter. Perito judicial Não basta ao perito a responsabilidade moral e intelectual. De acordo com o Código de Processo Civil (CPC), o perito possui também responsabilidade civil e criminal, delegado ao pagamento de indenização de prejuízos que causar por dolo ou culpa, nos moldes do artigo 158, do CPC (BRASIL, 2015), o qual dispõe “o perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas, responderá pelos prejuízos que causar a parte, ficara inabilitado, por 2 (dois) anos, a funcionar em outras perícias e incorrerá na sanção que a lei penal estabelecer”. A responsabilidade, nesse caso, refere-se às informações inverídicas e a prejuízos causados à parte, podendo ficar inabilitado de trabalhar em outras perícias por dois anos. Responsabilidade civil e criminal No tocante à responsabilidade criminal, dispõem os artigos 342 e 347, do Código Penal, que os atos praticados pelo auxiliar da Justiça, entendidos como dolo ou culpa, podem ainda ser passíveis de pena de reclusão e multa, no caso desse profissional proferir afirmação falsa, de se calar a verdade ou induzir o juiz ao erro. Código Penal – “Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral.” “Art. 347 (Fraude Processual) – Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito.” Responsabilidade criminal e infração ao Código de Ética A Resolução do CFC NBC PG 01 (Código de Ética do Profissional Contabilista), de 7 de fevereiro de 2019, aborda nos seus artigos 4º e 5º algumas condutas de caráter obrigatórias em relação ao perito-contador e ao perito-contador assistente que, se transgredidas, ensejam a aplicação das penalidades de: advertência reservada, censura reservada e censura pública. Responsabilidade criminal e infração ao Código de Ética Segundo Sá (1997, p. 20), o profissional que executa a perícia contábil precisa ter um conjunto de capacidades, que são suas qualidades. Entre essas capacidades, estão: a legal; a profissional; a ética; a moral. Perito judicial Sá (1997, p. 21) complementa: “o perito precisa ser um profissional habilitado, legal, cultural e intelectualmente e exercer virtudes morais e éticas com total compromisso com a verdade”. Dessa forma, verifica-se que o perfil do profissional que deve atuar em perícia envolve aspectos técnicos, morais e éticos; conhecimentos jurídicos e boa expressão, necessariamente, pela escrita. Perito judicial A capacidade legal é a que lhe confere o título de bacharel em Ciências Contábeis (e equiparados) e o registro no Conselho Regional de Contabilidade. A capacidade profissional é caracterizada por: conhecimento teórico da contabilidade; conhecimento prático das tecnologias contábeis; experiência em perícias; perspicácia; perseverança; sagacidade; conhecimento geral de ciências afins à contabilidade; índole criativa e intuitiva. Perito judicial O perito indicado pelas partes (denominado assistente técnico) deverá acompanhar o perito nomeado pelo juiz nas diligências que forem efetuadas. Sua indicação é permitida legalmente, como traz o artigo 465, 1º, II, do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015). “Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixará de imediato o prazo para a entrega do laudo. § 1º Incumbe as partes, dentro de 15 (quinze) dias contados da intimação do despacho de nomeação do perito: II. Indicar assistente técnico;” Assistente técnico A responsabilidade do assistente técnico é com as partes que o indicaram, não podendo deixar de obedecer às Normas Brasileiras de Contabilidade e às Normas de Profissionais de Perito, aos procedimentos éticos e aos limites da perícia, por seu objeto. Assistente técnico – responsabilidades Como a função do assistente técnico é de verificação e fiscalização do trabalho do perito do juízo, poderá interferir nas conclusões emitidas, apresentando parecer técnico divergente. Os pareceres são apresentados em separado, nos termos do paragrafo 1º, do artigo 477, do CPC (BRASIL, 2015), no prazo de 15 dias após a apresentação do laudo: “Art. 477. O perito protocolará o laudo em juízo, no prazo fixado pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) dias antes da audiência de instrução e julgamento. § 1º As partes serão intimadas para, querendo, manifestar-se sobre o laudo do perito do juízo no prazo comum de 15 (quinze) dias, podendo o assistente técnico de cada uma das partes, em igual prazo, apresentar seu respectivo parecer.” Assistente técnico – pareceres Na atuação como assistente técnico na Justiça do Trabalho, o perito deverá observar o prazo estabelecido no parágrafo único, da Lei n. 5.584, de 26 de junho de 1970 (BRASIL, 1970), com a seguinte redação: “Art. 3º. Parágrafo único. Permitir-se-á a cada parte a indicação de um assistente, cujo laudo terá que ser apresentado no mesmo prazo assinado para o perito, sob pena de ser desentranhado dos autos.” Assistente técnico – pareceres Segundo Sá (1997, p. 20), o profissional que executa a perícia contábil precisa ter um conjunto de capacidades, que são suas qualidades. Entre essas capacidades, estão: a) Técnica e moral. b) Legal, profissional, ética e moral. c) Profissional, financeira e científica. d) Conhecimento, financeira e moral. e) Científica e ética. Interatividade Resposta Segundo Sá (1997, p. 20), o profissional que executa a perícia contábil precisa ter um conjunto de capacidades, que são suas qualidades. Entre essas capacidades, estão: a) Técnica e moral. b) Legal, profissional, ética e moral. c) Profissional, financeira e científica. d) Conhecimento, financeira e moral. e) Científica e ética. ALBERTO, V. L. P. Perícia contábil. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009. BARROSO, C. E. F. M. Processo civil: teoria geral do processo e processo de conhecimento.São Paulo: Saraiva, 2000, p. 04 (Coleção Sinopses Jurídicas, v. 11). HOOG, Wilson A. Z. Perícia Contábil: normas brasileiras interpretadas. 5. ed. Curitiba: Juruá, 2012. MAGALHÃES, A. D. F.; LUNKES, I. C. Perícia contábil: uma abordagem teórica, ética, legal, processual e operacional. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2001. NETO, C. E. O.; MERCANDALE, I. Roteiro prático de perícia contábil. 2. ed. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2000. Referências Norma Brasileira de Contabilidade – NBC TP 01. Disponível em: http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTP01.pdf. ORNELAS, Martinho Maurício Gomes de. Perícia Contábil. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2000. SÁ, Antonio Lopes de. Perícia Contábil. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1997. TAKATORI, Ricardo Sussumo; DONÁ, Selma Lúcia. Perícia, avaliação e arbitragem. São Paulo: Editora Sol, 2020. Referências ATÉ A PRÓXIMA!
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