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23/05/2022 12:54 Ead.br https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_ECOBRAC_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=1 1/22 ECONOMIA BRASILEIRAECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEACONTEMPORÂNEA DA ECONOMIA COLONIAL AODA ECONOMIA COLONIAL AO INÍCIO DA INDUSTRIALIZAÇÃOINÍCIO DA INDUSTRIALIZAÇÃO Autor: Me. Leonardo Aparecido Santos Silva Revisor : C láudia Kather ine Rodr igues IN IC IAR 23/05/2022 12:54 Ead.br https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_ECOBRAC_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=1 2/22 introdução Introdução Ao se fazer uma análise sobre a formação econômica do Brasil, busca-se compreender os aspectos fundamentais que impactaram a trajetória do país desde seu descobrimento. Ao longo da maior parte de sua história o país atuou basicamente como exportador de produtos agrários, como cana-de-açúcar, ouro e café, seguindo a lógica de uma colônia, mas, também, mantendo o mesmo estilo após a sua independência. Somente a partir da década de 1930 é que o país passou por um processo de industrialização mais consistente, com o Estado sendo o responsável por direcionar os caminhos da industrialização por meio do Processo de Substituição de Importação (PSI). Portanto, caro(a) estudante, ao ler esse livro-texto você vai: compreender a formação econômica do Brasil; analisar o funcionamento de uma economia agroexportadora primária; analisar o deslocamento do centro dinâmico brasileiro; entender o Processo de Substituição de Importação (PSI); e veri�car o papel de Getúlio Vargas na industrialização. 23/05/2022 12:54 Ead.br https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_ECOBRAC_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=1 3/22 O Brasil foi “descoberto” pelos portugueses em 22 de abril de 1500, proporcionando modi�cações, muitas vezes baseadas nos con�itos entre europeus e nativos, sobre a estrutura local econômica e social. Contudo, esse movimento não ocorreu rapidamente, pois nas primeiras décadas as terras, atualmente denominadas brasileiras, foram pouco atrativas para a estratégia de dominância portuguesa. Como ressalta Furtado (2007), o processo de colonização do continente americano, incluindo o do Brasil, ocorreu devido à expansão dos interesses comerciais na Europa. Nessa perspectiva, cabe compreender o papel da primeira atividade que permitiu a inserção e maior importância do atual território brasileiro na dinâmica econômica portuguesa. Prezado(a) estudante, você sabe qual é? No período inicial das descobertas das terras americanas, o território brasileiro não proporcionou rápido encontro de materiais preciosos (ouro e prata), diminuindo o interesse português. Dessa forma, o território brasileiro não tinha grande utilidade para Portugal no período inicial. De maneira diferente ocorreu com os territórios dominados pela Espanha, em decorrência dos metais preciosos terem sido encontrados de maneira mais rápida, com extração mais viável. A exploração econômica das terras americanas deveria parecer, no século XVI, uma empresa completamente inviável. Por essa época nenhum produto agrícola era objeto de comércio em grande escala na Europa. O principal produto da terra – o trigo – dispunha de abundantes fontes de abastecimento dentro do continente. Os fretes eram de tal forma elevados – em razão da insegurança no transporte a grandes distâncias – que somente os produtos manufaturados e as chamadas especiarias do Oriente podiam comportá-los (FURTADO, 2007, p. 29). Contudo, o avanço do açúcar permitiu que a economia colonial fosse estabilizada em terras brasileiras. Isso possibilitou que uma colônia de exploração fosse estabelecida no Brasil por Portugal para a exploração da cana-de-açúcar. Desse modo: As colônias de exploração centravam-se na produção de gêneros que interessassem ao mercado internacional. A diversidade de condições naturais, em comparação às europeias, propiciava a obtenção de gêneros diferentes e atrativos, considerados artigos de luxo, como o açúcar, chamado, então, de “ouro branco”. Tais produtos ofereciam altas taxas de retorno para quem neles investisse (LACERDA et al., 2018, p. 6). A colônia de exploração tinha como característica seu atraso político (democrático) e econômico, �cando sob controle direto da metrópole (Portugal). No entanto, a elevada possibilidade de lucros, decorrente do preço elevado do açúcar na época, proporcionou as possibilidades de imigração de portugueses para o território descoberto (LACERDA et al ., 2018). Dessa forma, a produção do açúcar foi a primeira empresa agrícola implementada pelos portugueses para a exploração na colônia latino-americana (Brasil), como aponta Furtado (2007). Economia ColonialEconomia Colonial 23/05/2022 12:54 Ead.br https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_ECOBRAC_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=1 4/22 O Complexo Empresarial da Cana-de-Açúcar O açúcar foi a saída para utilização da colônia por Portugal entre o século XVI e XVIII, mas se no início não era viável a utilização das terras do Brasil, quais fatores contribuíram para modi�car essa realidade? Existiram parcerias para potencializar as negociações? Como se deu a alocação do fator de produção nos canaviais? Prezado(a) estudante, por meio das respostas a essas perguntas, é possível compreender a instalação da empresa agrícola de cana-de-açúcar. Portugal já possuía experiência na produção de açúcar nas Antilhas. Os holandeses tinham capital e inserção comercial no mercado europeu, portanto, por meio dessa parceria, a produção do açúcar tornou-se mais viável. Contudo, ainda faltava conseguir número su�ciente de trabalhadores para a empreitada de uma grande empresa que serviria para abastecer o principal mercado consumidor do mundo: a Europa. Com o conhecimento português sobre o mercado escravocrata no continente africano foi possível fechar toda a equação, o que permitiu a produção do açúcar de maneira e�ciente, com baixos custos (FURTADO, 2007). Cada um dos problemas referidos – técnica de produção, criação de mercado, �nanciamento, mão de obra – pôde ser resolvido no tempo oportuno, independentemente da existência de um plano geral preestabelecido. O que importa ter em conta é que houve um conjunto de circunstâncias favoráveis sem o qual a empresa não teria conhecido o enorme êxito que alcançou (FURTADO, 2007, p. 35). Desse modo, por meio da plantação em um ambiente em que a terra não era o fator limitante, sendo o açúcar produzido por um modelo de engenho e o sistema administrativo organizado em capitanias hereditárias via latifúndios de monocultura, foi possível o desenvolvimento da primeira grande empresa agrícola no país. Em suma, o modelo de produção brasileiro se resumiu em uma economia agroexportadora para a Europa, com o produto sendo o açúcar (SOUZA; PIRES, 2010). A Queda da Produção Açucareira no Brasil A viabilidade política e econômica da produção de açúcar na colônia de Portugal permitiu a exploração local ao longo das décadas. Contudo, problemas no quadro político e econômico entre Portugal e Espanha permitiram a ascensão da Holanda, que já controlava todo o comércio marítimo. Essa ascensão decorreu do conhecimento da empresa agrícola açucareira no Nordeste brasileiro (aspectos técnicos e de organização), como aponta Furtado (2007). Por meio do conhecimento da produção da empresa do açúcar, foi possível transferir a tecnologia de produção para o Caribe, quebrando o monopólio português de produção no território brasileiro. Assim, o aumento na oferta de produção diminuiu o preço do produto no mercado europeu, prejudicando Portugal e bene�ciando a Holanda a partir do �nal do século XVII (FURTADO, 2007). Em suma, depois de praticamente um século de domínio na produção do açúcar, o Brasil (Portugal) viu seu monopólio ruir e a crise na empresa açucareira se instalar. A Ascensão dos Metais Preciosos no Brasil: O Caso do Ouro Com o passar das décadas, ocorreu no Brasil a expansãoda ocupação de terras em direção ao Sul. Lembre-se de que o início da colonização ocorreu pelo Nordeste. A procura por metais preciosos foi uma das prioridades desde o início da descoberta do território, contudo apenas no século XVIII tornou-se rentável a descoberta de metais preciosos na região do atual estado de Minas Gerais. Vale ressaltar que a crise e o declínio da produção de açúcar potencializaram a migração para o Sul. [...] a colonização portuguesa estendeu-se pelo litoral brasileiro, sem interiorizar-se, até o início do século XVII. As primeiras iniciativas de interiorização, por meio das entradas e bandeiras, datam de 1601. O objetivo primordial era o de encontrar metais preciosos ou índios para escravizar. Entre 1709 e 1721, expedições realizadas desde os primeiros anos do descobrimento �nalmente encontraram riquezas minerais (ouro, prata e pedras preciosas) no interior da capitania de São Paulo, em sítio posteriormente nomeado região das Minas Gerais (SOUZA; PIRES, 2010, p. 16). 23/05/2022 12:54 Ead.br https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_ECOBRAC_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=1 5/22 Como ressalta Furtado (2007), a queda da empresa do açúcar fez com que a única saída para a viabilidade da colônia fosse a descoberta de metais preciosos, melhorando as condições �nanceiras da metrópole e colônia. Com essa descoberta, ocorreu um deslocamento de mão de obra escrava do Nordeste e uma nova rodada de imigração de Portugal. Contudo, o autor ressalta que apesar da utilização de escravos, a economia do ouro não utilizou de forma massiva esse tipo de mão de obra, não chegando a ser a maioria da população como na empresa agrícola do complexo da cana-de- açúcar. Essa segunda empresa colonial baseou sua exploração no ouro de aluvião, ou seja, os depositados às margens dos rios, portanto, diferente das minas exploradas pelos espanhóis. Porém, apresentavam alta lucratividade para a empresa. A natureza mesma da empresa mineira não permitia uma ligação à terra do tipo da que prevalecia nas regiões açucareiras. O capital �xo era reduzido, pois a vida de uma lavra era sempre algo incerto. A empresa estava organizada de forma a poder deslocar- se em tempo relativamente curto. Por outro lado, a elevada lucratividade do negócio induzia a concentrar na própria mineração todos os recursos disponíveis. A combinação desses dois fatores – incerteza e correspondente mobilidade da empresa, alta lucratividade e correspondente especialização – marca a organização de toda a economia mineira (FURTADO, 2007, p. 121). Lacerda et al . (2018) ressalta que apesar do ouro contribuir para a continuação da exploração da colônia, o valor de produção global nunca chegou ao proporcionado pelo complexo produtivo da cana-de-açúcar. No tocante à relação entre trabalho (social) e capital (lucro), Furtado (2007, p. 121) apresenta questões voltadas ao aspecto social no período da exploração dos metais preciosos na atual região de Minas Gerais: Sendo a lucratividade maior na etapa inicial da mineração, em cada região, a excessiva concentração de recursos nos trabalhos mineratórios conduzia sempre a grandes di�culdades de abastecimento. A fome acompanhava sempre a riqueza nas regiões do ouro. A elevação dos preços dos alimentos e dos animais de transporte nas regiões vizinhas constituiu o mecanismo de irradiação dos benefícios econômicos da mineração. Nessa perspectiva, existiam muitas di�culdades do ponto de vista social para a empresa de metais preciosos. Do ponto de vista dos escravos, existia maior possibilidade de mobilidade social, até mesmo por existirem trabalhadores livres em busca do ouro de aluvião. Esses trabalhadores livres tinham que pagar uma taxa conhecida como quinto (quinta parte do que conseguiam nos garimpos), que era recolhida pela derrama (LACERDA et al ., 2018). Contudo, assim como o complexo açucareiro, no �m do século XVIII, a mineração brasileira entrou em decadência, pois havia cada vez mais escassez do ouro, ou seja, di�culdade em encontrá-lo. Como para Portugal o Brasil era apenas uma colônia de exploração, não houve investimentos em tecnologia para melhorar o processo, tanto em relação ao capital quanto ao trabalho (LACERDA et al ., 2018). praticar Vamos Praticar O atual Estado brasileiro passou por um longo período como colônia de exploração de Portugal, que era o responsável por determinar toda a dinâmica de produção do país. Basicamente, durante esse período, o 23/05/2022 12:54 Ead.br https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_ECOBRAC_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=1 6/22 Brasil teve suas atividades produtivas voltadas para o mercado externo. Assim, qual foi esse modelo de produção? a) Modelo de indústria primária. b) Modelo agroexportador. c) Modelo agroindustrial. d) Modelo de povoamento. e) Modelo distributivo interno. 23/05/2022 12:54 Ead.br https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_ECOBRAC_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=1 7/22 Após o declínio da produção de metais preciosos (ouro, principalmente) decorrentes da empresa mineira, o Brasil conseguiu avançar para a produção de novas culturas agrícolas, primeiramente com o algodão. Esse processo foi possível, basicamente, devido à Revolução Industrial na Inglaterra. O açúcar voltou a ser viável na colônia, mas não no mesmo patamar do século anterior. Também existiram produções de arroz e cacau, dentre outros (LACERDA et al ., 2018). No entanto, nenhum desses produtos obtiveram elevado sucesso para se transformar na fonte indutora do crescimento econômico brasileiro, como foram o açúcar e o ouro no passado. O sucesso de produção seria proporcionado pelo café. Produzido ainda na primeira metade do século XVIII, ele seria o grande produto da colônia de exploração agroexportadora entre os séculos XIX e XX. Portanto, o café teve seu auge após a independência do Brasil, que ocorreu em 7 de setembro de 1822. Contudo, Souza e Pires (2010) ressaltam que não ocorreram mudanças drásticas no modelo agroexportador quanto à exploração do trabalho após a independência da colônia em relação a Portugal. A lavoura de café do início do século passado não enfrentou nenhuma crise mais séria de escassez de mão de obra. O mercado de trabalho para a produção funcionava adequadamente, pois a questão da mão de obra fora resolvida a partir da década de 1870, com a abundante imigração europeia. Além disso, a terra não constituía obstáculo à expansão da produção do café, já que vastas regiões do estado de São Paulo encontravam-se desocupadas, podendo vir a ser cultivadas no futuro, ainda mais na presença de uma rede ferroviária que se expandia na medida da necessidade de ocupação das novas terras (LACERDA et al., 2018, p. 30). O período do café contou com trabalho escravo (no início) e, após a libertação dos escravos (13 de maio de 1888, com a Princesa Isabel por meio da Lei Áurea), houve a mão de obra assalariada dos imigrantes (principalmente italianos) e dos escravos livres. Vale destacar que a partir do aumento da mão de obra assalariada, o país passou a ter uma dinâmica de consumo interno melhor, dado que existia maior renda circulando na sociedade. Ainda nessa época ocorreu a Proclamação da República (1989), iniciando o período da Primeira República, que durou entre 1889 e 1930. Os recursos �nanceiros na lavoura de café são importantes por dois motivos: I) ao se tratar de uma cultura permanente, necessita de um período longo para sua formação; II) elevadas exigências do trato do cafezal, como a limpeza ao longo do ano para conservar a lavoura limpa e produtiva. Com a remuneração monetária do trabalho (após o �m da escravidão), a lavoura exigia muito capital de giro para sua operação, portanto tornava dependente o fazendeiro de café diante do comerciante (LACERDA et al ., 2018). Crise CafeeiraCrise Cafeeira 23/05/2022 12:54 Ead.br https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_ECOBRAC_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=18/22 Por meio da Figura 1.1, é possível observar a importância crescente do café ao longo do século XIX, sendo a fonte dinâmica que permitia ao país obter recursos com a exportação para importar todos os demais itens não produzidos no mercado interno. Prezado(a) estudante, durante o período de vigência da produção cafeeira, existiram outros produtos, contudo não tinham grande importância para a dinâmica da economia brasileira. Souza e Pires (2010) apontam que durante esse período de produção de café, o principal parceiro comercial do Brasil era a Inglaterra. Isso porque esse país era responsável por absorver 32,9% das exportações brasileiras e fornecia 54,8% das mercadorias estrangeiras que entravam no país. Isso posto, a produção de café desenvolveu-se comercialmente em decorrência da fragilidade do antigo grande produtor (Haiti), adaptação ao território brasileiro, possibilidade de utilização de mão de obra escrava e imigrante, pouco investimento necessário para a produção (as terras eram mais importantes). Em relação aos produtores, eram homens de negócios; produção e comércio eram bem planejados (forma superior à primeira empresa agrícola), com a classe de produtores se tornando a classe dirigente do Brasil (FURTADO, 2007). A Crise no Mercado de Café A cultura do café proporcionou ao Brasil uma nova inserção no comércio global (Europa), dependendo dessas exportações para a aquisição de produtos importados. O �m da escravidão proporcionou um aumento na dinâmica interna decorrente dos salários pagos aos antigos escravos e aos imigrantes da Europa. Porém, a elevada quantidade de trabalho disponível impediu que houvesse fortes aumentos da renda interna, devido à pouca dinâmica de bens e serviços produzidos no país reforçando, assim, a tendência ao baixo salário. De acordo com Furtado: Transformando-se qualquer aumento de produtividade em lucros, é evidente que seria sempre mais interessante produzir a maior quantidade possível por unidade de capital, e não pagar o mínimo possível de salários por unidade de produto. A consequência prática dessa situação era que o empresário estava sempre interessado em aplicar seu capital novo na expansão das plantações, não se formando nenhum incentivo à melhora dos métodos de cultivo (FURTADO, 2007, p. 233). Desse modo, o país dependia fortemente das exportações e do preço do café no mercado internacional e, na questão interna, o trabalho assalariado melhorou a dinâmica interna, mas muito pouco em decorrência do excesso de mão de obra. Assim, grande parte dos produtos consumidos no Brasil dependiam das importações que, por sua vez, necessitavam do contínuo aumento nas exportações e do preço do café. Figura 1.1 - Brasil, exportação de café (1821-1890, 1.000 sacos de 60 kg) Fonte: Tesouro Nacional, IBGE, 1990 apud Souza e Pires (2010, p. 29). 23/05/2022 12:54 Ead.br https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_ECOBRAC_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=1 9/22 Prezado(a) estudante, vale destacar que, durante o século XIX e o início do século XX, existiram períodos de crise sobre a produção cafeeira por diferentes motivos. Contudo, o fato do Brasil dominar a maior parte da produção mundial permitiu um melhor gerenciamento sobre o preço do café, mesmo sendo uma commodity sem grande capacidade de afetar o preço pelo produtor. Dessa maneira, houve diferentes planos elaborados para a defesa do café e, por consequência, a defesa da renda sobre a classe dominante (elite cafeeira). É importante não se esquecer de que: Entre 1902 e 1933, o Produto Interno Bruto brasileiro cresceu acentuadamente, apesar das fortes oscilações na taxa de variação real do PIB [...] nota-se a extrema dependência do crescimento da economia brasileira das exportações do café, nas primeiras décadas do século XX. Os picos de crescimento de 1906, 1920 e 1928 correspondem justamente a valorizações do preço do café devidas à compra de estoques pelo governo. Já, os refreamentos e as depressões do ritmo de crescimento brasileiro podem perfeitamente ser atribuídos à queda dos preços do café (SOUZA; PIRES, 2010, p. 54). Esse processo de proteção de defesa da economia cafeeira (e sua elite) funcionou relativamente bem até o �nal da década de 1920, mas o surgimento da crise �nanceira de 1929 (atualmente conhecida como a maior crise do capitalismo) modi�cou esse cenário, di�cultando a proteção do café visto que a elite perdeu o poder de pressionar o governo. O aumento na oferta do café devido aos estímulos do Estado brasileiro e a estabilidade na quantidade exportada faziam com que o cenário de controle pelo Estado do preço (retenção de oferta) impulsionasse os agricultores em aumentar a produção (FURTADO, 2007). Como medidas para amenizar a crise, foram adotadas políticas protecionistas para manter a renda do setor cafeeiro e a moeda estrangeira para garantir a capacidade de importação da economia. Para tal, foram adotadas medidas de desvalorização cambial no governo de Getúlio Vargas, como a compra do excedente do café produzido para, literalmente, queimar (controle de oferta); ressalta-se o �nanciamento sendo por meio do crédito e da emissão de moeda (MARIANO, 2012). Como resultado dessa política, entre 1931 e 1944 aproximadamente 78 milhões de sacas de café foram destruídas. Somente no ano de 1937 ocorreu a destruição de 70% do café produzido no país. Além da queima de sacas, as políticas protecionistas direcionadas ao café �zeram com que a queda na atividade econômica tenha sido menos intensa no Brasil do que a observada na economia mundial. A partir de 1933, já se iniciava a recuperação da atividade econômica do país (MARIANO, 2012, p. 2). Nesse contexto, o Quadro 1.1 a seguir apresenta os principais produtos agrícolas produzidos no mercado brasileiro no período anterior e posterior à Grande Depressão de 1929. 23/05/2022 12:54 Ead.br https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_ECOBRAC_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=1 10/22 Quadro 1.1 - Valor da produção agrícola segundo as principais culturas no Brasil - 1925/29, 1932/36 e 1939/43 Fonte: Vilela (2001 apud MARIANO, 2012, p. 3). Por meio do Quadro 1.1, é possível observar o rápido declínio da produção do complexo cafeeiro no país decorrente da crise econômica de 1929. Contudo, cabe ressaltar que, apesar da crise no mercado de café no período, modi�cando o centro dinâmico do país, no tocante às divisas externas provenientes das exportações, o café persiste como um produto exportável do país, permitindo que a industrialização pudesse ser continuada ao longo das décadas seguintes, como foi o caso com Getúlio Vargas. A Mudança Estrutural Brasileira Desde o �nal do século XIX e início do século XX, existiram tentativas de implementar o setor industrial na economia brasileira. Entretanto, as tentativas foram falhas já que a própria elite brasileira no período não tinha interesse na industrialização, preferindo continuar na produção do café devido aos lucros. O Estado também auxiliou nessa dinâmica ao proteger a renda do café já que a elite cafeeira dominava a política, mas, também, a proteção do café protegia o emprego e a renda nacional. Soares (2015) aponta que essa proteção também ocorreu durante a crise de 1929, sustentando o nível de emprego e renda durante a crise. Contudo, a defesa do café não era mais capaz de sustentar a atividade econômica, sendo a dependência de suas exportações insustentável, colocando em xeque o modelo agroexportador baseado no café. Nessa perspectiva, emergiu a discussão sobre a necessidade de industrialização para melhorar o desenvolvimento econômico e superar a dependência das exportações do café para conseguir bens e serviços do exterior (importação). Produtos Participação no período 1925/29 1932/36 1939/43 Algodão 5,9 14,9 21,6 Arroz 5,2 6,7 11,0 Cacau 1,4 1,8 2,2 Café 48 29,5 16,1 Cana-de-açúcar 3,5 5,7 7,5 Feijão 5,4 3,8 5,5 Fumo 2,9 2,6 2,2 Mandioca 4,7 6,8 7,0 Milho16,3 15,9 16,0 Trigo 0,9 0,8 1,3 Outros 5,8 12,4 9,6 Total 100 100 100 23/05/2022 12:54 Ead.br https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_ECOBRAC_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=1 11/22 É nesse contexto que deve ser compreendido o Governo de Getúlio Vargas, por meio do Estado Novo, permitindo o fortalecimento do Estado Nacional e fazendo com que a industrialização entrasse na agenda política. De fato, a industrialização passou a representar o novo modelo de desenvolvimento em substituição ao anterior modelo agroexportador (SOARES, 2015). Furtado (2007) argumenta que, com o cenário externo deteriorado, tornou-se necessário melhorar a dinâmica interna na formação de capital, deslocando o centro dinâmico da economia para o mercado interno. praticar Vamos Praticar O país passou boa parte de sua história, desde o descobrimento, como uma colônia de exploração de Portugal caracterizada pela produção agrícola voltada para a exportação, modelo conhecido como agroexportador. Contudo, um choque exógeno acabou por impulsionar o desenvolvimento industrial. Qual foi esse choque? a) Crise �nanceira internacional de 1929. b) Primeira Guerra Mundial. c) Segunda Guerra Mundial. d) Aumento nos preços do café. e) Fim da escravidão no país. reflita Re�ita Desde o seu descobrimento, o Brasil foi basicamente uma colônia agroexportadora, mesmo após sua independência. Durante esse longo período, o Estado cumpriu o papel de defesa de seu produto de exportação (açúcar e café, principalmente), defendendo, por consequência, sua elite econômica. Pouca dinâmica no mercado interno existiu em decorrência dos salários baixos e falta de uma estrutura mais robusta no mercado monetário. A modi�cação nesse eixo dinâmico só foi possível após a maior crise da história do capitalismo em 1929 (Grande Depressão). 23/05/2022 12:54 Ead.br https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_ECOBRAC_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=1 12/22 A Grande Depressão, apesar de seu impacto negativo sobre a economia brasileira principalmente ao seu modelo agroexportador (café), proporcionou condições favoráveis para a mudança do centro dinâmico da economia para o setor industrial a partir do Estado Novo, com Getúlio Vargas. Em suma, a queda no preço do café, a diminuição das receitas obtidas com sua venda e a desvalorização cambial resultando no aumento dos preços dos produtos importados contribuíram para a formação de um cenário ideal para o avanço da industrialização no país. Getúlio Vargas, ao assumir o poder, em novembro de 1930, encontrou uma situação bastante difícil na área econômica, com os termos de troca (café x importados) declinando em 30% entre 1930 e 1932 decorrente. Assim, o aumento dos preços sobre os produtos importados e manutenção de parte da demanda interna, auxiliou a produção nacional em detrimento da produção externa. A partir desse período, o Estado passou a ter importância crescente no país (CORSI, 2010a): O crescimento da procura de bens de capital, re�exo da expansão da produção para o mercado interno, e a forte elevação dos preços de importação desses bens, acarretada pela depreciação cambial, criaram condições propícias à instalação no país de uma indústria de bens de capital [...] a capacidade para importar não se recuperou nos anos 30. Em 1937 ela ainda estava substancialmente baixo do que havia sido em 1929 [...] a renda criada pelas exportações havia decrescido em termos reais [...] A produção industrial cresceu em cerca de cinquenta por cento entre 1929 e 1937, e a produção primária para o mercado interno cresceu em mais de quarenta por cento no mesmo período (FURTADO, 2007, p. 279-281). A recuperação da crise econômica e a industrialização dependeram, em parte, de um conjunto de iniciativas estatais. Deve-se ressaltar, ainda, a importância dos dé�cits públicos e a expansão na base monetária para auxiliar o processo de industrialização da nação. Durante esse período, foi desenvolvida, também, a primeira legislação trabalhista por meio da Consolidação das Leis de Trabalho (CLT), como aponta Corsi (2010a): [...] a relação entre o Estado e a classe trabalhadora passou por três fases entre 1930 e 1945. A primeira, que se estendeu até 1934, foi caracterizada pela introdução gradual da legislação trabalhista e pela repressão à esquerda e aos setores da classe trabalhadora por ela organizado. A segunda, entre 1935 e 1942, foi marcada pela forte repressão à esquerda, pela organização independente dos trabalhadores e pelo avanço da estrutura sindical controlada pelo Estado, que, porém, carecia de conteúdo. O objetivo era anular qualquer possibilidade de organização independente da classe trabalhadora. A partir de 1943, Vargas busca estimular a mobilização dos trabalhadores e transformar os sindicatos corporativos em organismos ativos, capazes de envolver amplos setores da classe e dar suporte às iniciativas estatais (FAUSTO, 1988, p. 2627 apud CORSI, 2010a, p. 68). Estado Novo e a SegundaEstado Novo e a Segunda Guerra MundialGuerra Mundial 23/05/2022 12:54 Ead.br https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_ECOBRAC_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=1 13/22 Nesse contexto, o período após a Grande Recessão resultou em dados da produção agrícola e industrial surpreendentes no tocante ao seu dinamismo. Prezado(a) estudante, lembre-se de que o período foi de uma crise econômica mundial fortíssima. Nesse período, ocorreu aumento da renda nacional, induzido, basicamente, a partir do próprio mercado interno, e aumento do processo de industrialização na economia brasileira (LACERDA et al ., 2018). A Segunda Guerra Mundial Apesar de Getúlio Vargas ter subido ao poder ainda em 1930, o Estado Novo foi instituído em 1937 por meio de um golpe militar que manteve o presidente no poder. Esse período de ditadura durou até 1945, portanto, abrangendo a Segunda Guerra Mundial, com o Estado tomando a frente no processo de industrialização. Consequentemente, esse período foi de consolidação de um projeto nacional, no qual caberia ao Estado assumir o papel de indutor do desenvolvimento industrial, quer implantando agências governamentais para a regulação das atividades econômicas, quer estabelecendo uma nova legislação trabalhista, quer, ainda, assumindo o papel de produtor direto (LACERDA et al ., 2018). É importante ressaltar que: Com relação à guerra, no início houve redução dos saldos comerciais. Porém, em 1942, ocorreu novamente crescimento das exportações e produção de fortes superávits comerciais. Também deve-se destacar que a redução das importações contribuiu para a produção desses superávits. O aumento das vendas externas resultou dos seguintes fatores: (i) aumento das exportações para os Estados Unidos; (ii) aumento das exportações para mercados que, antes do início da guerra, eram supridos pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido; (iii) maciças compras de carne e de algodão pelo Reino Unido e (iv) melhoria nos preços do café. No que se refere às importações, houve forte contração, especialmente entre 1942 e 1945, em decorrência da baixa disponibilidade de oferta no mercado internacional (SOARES, 2015, p. 25). Nessa perspectiva, no início da década de 1940, o país conseguiu acelerar o crescimento industrial, ampliando a acumulação de reservas internacionais e melhorando a quantidade de entrada de investimento estrangeiro direto (principalmente dos Estados Unidos). Durante esse período, as políticas �scais, monetárias e creditícias foram expansionistas, impactando no avanço da aceleração in�acionária e, conforme em outros períodos da história brasileira, o �nanciamento do dé�cit público por meio da emissão primária de moeda (SOARES, 2015). Nessa década (1940), ocorreu a concessão de créditos e materiais pelo EUA, para a construção da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). A intervenção do Estado no domínio econômico também foi caracterizada pela instalação da Companhia Valedo Rio Doce. Ocorrem, ainda, avanços sociais por meio da implantação da legislação social (trabalhista), dentre outros fatores (SOARES, 2015). 23/05/2022 12:54 Ead.br https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_ECOBRAC_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=1 14/22 O Processo de Substituição de Importação (PSI) Desde o momento que o modelo agroexportador começou a entrar em xeque em consequência da crise �nanceira de 1929, o país passou a avançar em seu processo de industrialização, por meio de um modelo chamado de Processo de Substituição de Importação (PSI). Como o próprio nome já diz, o país passou a focar na produção de bens que costumava ser importado das demais economias. Como ressalta Lacerda et al. (2018), o saldo desse processo para a economia brasileira foi a rápida ascensão da indústria, que passou a ser o fator dinâmico principal de criação da renda interna. Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. (2017) complementam a análise ao explicar que o motor dinâmico do PSI era o estrangulamento externo. Tal estrangulamento externo era recorrente e relativo: O conceito de substituição de importações, além de signi�car o início da produção interna de um bem antes importado, denota também uma mudança qualitativa na pauta de importações do país. Conforme aumenta a produção interna de bens de consumo anteriormente importados, aumenta também a importação de bens de capital e de bens intermediários necessários para essa produção. Além disso, dentro do modelo de industrialização por substituição de importações, muitas vezes a produção interna de um produto novo não estava, a rigor, “substituindo importações”, na medida em que aquele produto não era importado anteriormente (LACERDA et al., 2018, p. 65- 66). Nessa perspectiva, o PSI conseguiu dinamizar o mercado interno ao produzir diversos produtos antes importantes e, ainda, ao auxiliar no desenvolvimento industrial de outros setores que nem ao menos eram importados. Ainda, cabe destacar que a industrialização permitiu o aumento da renda interna, proporcionando maior acesso de bens e serviços a diversos agentes econômicos da sociedade. Assim, observe a Figura 1.2 a seguir: saiba mais Saiba mais Em relação ao relacionamento externo brasileiro no período, Getúlio Vargas procurou manter contato tanto com a Alemanha nazista quanto com os Estados Unidos. Contudo, a relação com os norte-americanos foi a que prevaleceu, inclusive com envio de soldados para a guerra, mas em número bastante reduzido, com o Brasil possuindo uma participação marginal nas batalhas realizadas no período. Para mais informações sobre a participação brasileira na Segunda Guerra Mundial, consultar o material elaborado pelo Ministério da Defesa (Governo Federal). ACESSAR http://www.eb.mil.br/exercito-brasileiro?p_p_id=101&p_p_lifecycle=0&p_p_state=maximized&p_p_mode=view&_101_struts_action=/asset_publisher/view_content&_101_assetEntryId=1556825&_101_type=content&_101_urlTitle=o-exercito-brasileiro-na-segunda-guerra-mundial&inheritRedirect=true 23/05/2022 12:54 Ead.br https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_ECOBRAC_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=1 15/22 Por meio da Figura 1.2, é possível analisar o avanço da industrialização brasileira após o início da crise �nanceira internacional de 1929, passando de 22,7% de participação no valor adicionado da produção brasileira em 1928/29, para pouco mais de 36% na primeira metade da década de 1940. De forma concomitante, o setor rural (agricultura) passou por contínua diminuição no mesmo período, saindo de 52,5% em 1928/29 para 37,1% em 1940/45. Apesar do pouco aumento na participação estatal no período analisado, o setor público foi de suma importância para direcionar o desenvolvimento do modelo PSI no período analisado. Esse primeiro momento de industrialização no país focou nos bens de consumo antes importados, sem avançar para a produção de bens de capital que necessitam de maior complexidade econômica e conhecimentos técnicos mais so�sticados. Nessa linha, Lacerda et al . (2018) analisam esse período (década de 1930) como de mudança na dinâmica da economia brasileira caminhando para o mercado interno. Contudo, também tratam da industrialização incompleta dado que os setores produtores de bens de capital e de bens intermediários, os chamados bens de produção, eram muito pouco desenvolvidos no país. Logo, observe o infográ�co a seguir com as principais medidas adotadas para proteger a indústria. Figura 1.2 - Participação dos setores no valor adicionado (1928-1945) Fonte: Haddad (1978 apud GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO JR., 2017, p. 381). PAGUE TARIFA 23/05/2022 12:54 Ead.br https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_ECOBRAC_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=1 16/22 Prezado(a) estudante, esse modelo teórico de industrialização por substituição de importações não foi uma criação unicamente brasileira, dado que já havia sido delineado pela Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), organismo da ONU criado em 1948. Segundo a Cepal, o relacionamento comercial dos países exportadores de matérias-primas com os países desenvolvidos era caracterizado pela deterioração das relações de troca (LACERDA et al ., 2018). Desse modo, ao atuar no mercado internacional ofertando produtos primários, como o café brasileiro, e importando bens e serviços de complexidade industrial, os países tinham um deterioramento nos termos de troca já que os produtos primários também são cotados no mercado externo, prejudicando a economia doméstica. Consequentemente, os produtos primários costumavam se depreciar em relação aos bens industrializados, tornando necessário expandir as exportações dos produtos primários, sendo que a demanda muitas vezes não aumentava o su�ciente mesmo com as quedas nos preços. praticar Vamos Praticar Em decorrência da crise �nanceira internacional de 1929 que, por sua vez, acabou por derrubar a cotação do café, acabou por viabilizar as ideias de industrialização já existentes na economia brasileira. Assim, a partir desse período, ocorreu uma atuação estatal direcionada para industrialização. Qual o nome desse processo? a) Desvalorização real do câmbio. b) Dinamização agrícola. c) Colônia de exploração. d) Modelo agroexportador. e) Processo de substituição de importação. 23/05/2022 12:54 Ead.br https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_ECOBRAC_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=1 17/22 Após o �m da Segunda Guerra Mundial, Getúlio Vargas sai do governo, voltando a democracia por meio da eleição de Dutra que teve como característica central as ideias liberais sobre os rumos econômicos (ao contrário da ditadura do governo Vargas). Nesse período, existiu uma ilusão sobre as divisas externas em decorrência do “grande” volume de reservas internacionais do país. Outro ponto de ilusão foi considerar o país como um credor político dos Estados Unidos em função de sua colaboração com os aliados na Segunda Guerra. O governo considerava, ainda, que a política liberal (mercado livre) sobre o mercado de câmbio proporciona investimento estrangeiro direto para o país (LACERDA et al ., 2018). Destaca-se que: Ao liberarem-se as importações no pós-guerra e ao regularizar-se a oferta externa, o coe�ciente de importações subiu bruscamente, alcançando, em 1947, quinze por cento. Aos observadores do momento, esse crescimento relativo das importações pareceu re�etir apenas a compressão da procura nos anos anteriores. Tratava-se, entretanto, de um fenômeno muito mais profundo. Ao restabelecer-se o nível de preços relativos de 1929, a população novamente pretendeu voltar ao nível relativo de gastos em produtos importados, que havia prevalecido naquela época (FURTADO, 2007, p. 302). O resultado dessa política resultou em rápida queima das divisas, só em parte gastas com importações de máquinas e matérias-primas essenciais em decorrência da política ortodoxaadotada. Outro foco de preocupação no governo foi a ascensão in�acionária, que já atingira 20% em 1944 e 15% em 1945. Em julho de 1947, diante da impossibilidade de sustentar a política anterior, voltam os controles cambiais, enquanto o país enfrenta escassez de moedas fortes, sobretudo de dólares (LACERDA et al ., 2018). Os problemas brasileiros no mercado externo foram aliviados em decorrência da elevação no preço do café no �nal da década de 1940, permitindo auferir maiores receitas (superávit na balança comercial). Já no tocante a evolução do PSI, a utilização de taxa de câmbio diferenciada (valorizada) permitiu a importação de bens de capital e intermediários mais baratos, utilizados para fabricar os bens básicos internos. Ainda: a proteção da fabricação local e garantia do mercado interno (rentabilidade) auxiliou a industrialização (LACERDA et al ., 2018). O Governo Dutra e o Plano SALTE Após um início de governo baseado em políticas ortodoxas ligadas ao livre mercado, o governo Dutra passou da política contracionista para uma política monetária, �scal e cambial mais �exível (SOARES, 2015). Desse modo, o governo passou a desenhar um novo plano econômico para continuar o processo de desenvolvimento da economia brasileira, com base em maior presença do Estado, nascendo o Plano Salte. O Pós-GuerraO Pós-Guerra 23/05/2022 12:54 Ead.br https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_ECOBRAC_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=1 18/22 O Plano Salte teve como objetivo coordenar os gastos públicos nas áreas de saúde, alimentação, transporte e energia, estabelecendo investimentos para o período 1949-1953. No entanto, como não foram asseguradas as fontes de �nanciamento para esses investimentos, na prática o Plano Salte mal saiu do papel (LACERDA et al ., 2018). Esse plano quinquenal (1949-1953) foi a primeira tentativa de retomar o planejamento econômico depois do �m do Estado Novo. Contudo, não se tratava de um plano consistente, mas de um programa de dispêndio público (CORSI, 2010b). Essas áreas foram escolhidas porque o crescimento urbano industrial não tinha sido acompanhado pela ampliação da infraestrutura. No �nal da década de 1940, existiam graves pontos de estrangulamentos (transporte e energia), necessitando de avanços rápidos para a retomada da industrialização. Contudo, o Plano Salte foi um fracasso por não existir projetos abrangentes e estudos bem desenhados, inexistência de cronograma para liberação de verbas, sem coordenação central, dentre outros fatores (CORSI, 2010b). Em suma, Dutra esperava enfrentar o problema central do �nanciamento do desenvolvimento por meio da captação de recursos externos, o�ciais ou privados. Os capitais externos seriam utilizados para enfrentar os pontos de estrangulamento e para desenvolver a indústria de base. O governo acreditava no interesse dos Estados Unidos em �nanciar a industrialização brasileira (CORSI, 2010b). Apesar de todos esses problemas, no período ainda foram levadas adiante os trabalhos de organização da Companhia Hidrelétrica do São Francisco e criaram-se a Comissão do Vale do São Francisco e a Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia, só constituída efetivamente em 1953 (LACERDA et al ., 2018). O Governo Vargas e o Colapso Cambial O Brasil do início da década de 1950 já tinha passado por intenso processo de industrialização e urbanização, com a indústria tornando-se o setor dinâmico da economia. As classes urbanas tinham adquirido maior peso político e econômico. No debate econômico, o conceito de industrialização como o caminho para o desenvolvimento econômico e social tinha respaldo pela sociedade. Contudo, não existia consenso quanto à melhor política para fomentá-la (CORSI, 2010b). Para o Governo Vargas, o projeto de desenvolvimento seria, entre outros aspectos, fundamental para articular sua heterogênea base de sustentação política. O crescimento acelerado da economia responderia aos interesses do empresariado e, ao mesmo tempo, criaria as condições necessárias para o incremento do emprego e dos salários (CORSI, 2010b). Lacerda et al . (2018) argumenta sobre a necessidade de na época avançar na industrialização de bens de consumo duráveis, necessitando avançar no processo produtivo localmente. O projeto governamental consistiu em duas fases: I) a busca do equilíbrio nas �nanças públicas, permitindo a realização de uma política monetária contracionista consistente com o controle da in�ação; II) a fase dos empreendimentos e realizações através da Comissão Mista Brasil–Estados Unidos (CMBEU) para atrair recursos dos EUA e conseguir os aportes necessários à realização de investimentos em infraestrutura, com destaque para os setores de energia, transportes e portos, ou seja, na infraestrutura brasileira (SOARES, 2015). Em suma, o planejamento econômico de Vargas estava direcionado para: I) equilíbrios �scal e monetário. II) controle da in�ação. III) a�uxo de capitais. IV) investimentos em infraestrutura (SOARES, 2015). A proposta nacionalista de Vargas restringiu as possibilidades de �nanciamento externo desses projetos ou a participação de capitais estrangeiros na forma de investimentos diretos (LACERDA et al ., 2018): A criação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), em 1952, �nanciado por intermédio de um adicional sobre o Imposto de Renda, foi fundamental 23/05/2022 12:54 Ead.br https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_ECOBRAC_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=1 19/22 para o �nanciamento de projetos de infraestrutura de transporte e energia e, posteriormente, de projetos de implantação industrial (LACERDA et al., 2018, p. 74). Ainda com o intuito de manter um controle cambial e�ciente que potencializasse o desenvolvimento industrial brasileira, o segundo Governo Vargas criou a instrução 70 da Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc) que: condicionava as importações aos interesses industriais, mediante o leilão de divisas com câmbio diferenciado conforme a essencialidade da importação. Os leilões passaram a representar uma importante fonte de arrecadação para o Estado, além de manter a política cambial de favorecimento às indústrias substitutivas de importações (LACERDA et al., 2018, p. 74). A tentativa de Vargas de implantar o setor de bens capital e intermediários enfrentou as di�culdades políticas típicas de um projeto nacionalista. Isso porque necessitava manter o equilíbrio entre diferentes bases para sustentação do governo como os trabalhadores da indústria (principal) e a burguesia industrial. Os trabalhadores aumentavam suas reivindicações de salários. A burguesia era contrária à instrução 70 que aumentava o preço dos produtos importados (LACERDA et al ., 2018). Outro fator que contribuiu para a instabilidade do governo foi a nova crise na agricultura cafeeira, prejudicando Vargas politicamente em seu objetivo de desenvolver a indústria pesada e de produção de bens intermediários. No tocante ao �nanciamento, a dependência do mercado externo, aliada à necessidade de tecnologia externa, limitou as possibilidades de expansão industrial (LACERDA et al ., 2018). De forma semelhante, Corsi (2010) ressalta que a falta de apoio dos EUA prejudicou o desenvolvimento industrial, com a CMBEU não auxiliando efetivamente a indústria, como Vargas desejava. Desse modo, o país acabou passando por uma forte crise cambial no período, elevando a fragilidade e instabilidade econômica. Em partes, também, porque Vargas para controlar a in�ação, relaxou os controles sobre as importações, aumentando as importações e depreciando a moeda nacional, resultando em desequilíbrio externo até a crise cambial de 1952. Ainda, no segundo governo Vargas, além do BNDE, também foi criada a Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras) em 1953. Durante seu governo, Vargas procurou avançar na complexidade industrial para a produção de bens intermediários. Contudo, os diversos problemasenfrentados acabaram por resultar em seu suicídio e com Café Filho assumindo a Presidência da República. praticar Vamos Praticar O Brasil passou por um processo de industrialização mais conciso a partir da década de 1930, com Getúlio Vargas estando a frente desse processo na maior parte do tempo, tanto como um ditador quanto em um governo democrático que acabou o levando ao suicídio. Assim, qual a primeira fase do segundo governo Vargas? a) Investimentos públicos. b) Liberalização econômica e �nanceira. c) Liberalização do mercado cambial. d) Equilíbrio nas �nanças públicas. e) Avanço na agricultura para exportação. 23/05/2022 12:54 Ead.br https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_ECOBRAC_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=1 20/22 23/05/2022 12:54 Ead.br https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_ECOBRAC_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=1 21/22 indicações Material Complementar LIVRO Economia Brasileira: da colônia ao governo Lula Editora: Saraiva Autores: Luiz Eduardo Simões de Souza e Marcos Cordeiro Pires Organização de Marcos Cordeiro Pires ISBN: 978-85-02-10968-1 Comentário: Para melhor a compreensão sobre o funcionamento da primeira empresa agrícola no país, utilização da mão-de-obra, aspectos econômicos e sociais, chegando até a exploração de metais preciosos, consulte o capítulo “A herança colonial”. Esse título está disponível em nossa biblioteca virtual. LIVRO Economia brasileira: da colônia ao governo Lula Editora: Saraiva Autor: Francisco Luiz Corsi. Marcos Cordeiro Pires (Organizador) ISBN: 978-85-02-10968-1 Comentário: A partir da seção 4.2, é apresentado o segundo governo Vargas e seu projeto desenvolvimentista para a avançar na complexidade industrial para a indústria de bens intermediários. São detalhados, ainda, os problemas enfrentados por Vargas em seu projeto. 23/05/2022 12:54 Ead.br https://codely-fmu-content.s3.amazonaws.com/Moodle/EAD/Conteudo/NEG_ECOBRAC_20/unidade_1/ebook/index.html?redirect=1 22/22 conclusão Conclusão Em virtude dos fatos mencionados, entende-se que o Brasil passou por longo período como uma economia com características agroexportadora (cana-de-açúcar, ouro e café). Apesar das tentativas de industrialização entre o �m do século XIX e início do século XX, apenas a partir da década de 1930 é que foi possível atuar de forma sistemática e planejada no processo de industrialização, primeiramente em bens básicos para, em seguida, avançar para maior complexidade. Contudo, esse Processo de Substituição de Importação (PSI) ocorreu com a economia brasileira passando por diferentes problemas, como a in�ação, disputas políticas internas e desequilíbrio externo. referências Referências Bibliográ�cas CORSI, F. L. A criação das bases da industrialização (1930-1945). In : PIRES, M. C. Economia brasileira : da colônia ao governo Lula. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2010a. CORSI, F. L. As estratégias de desenvolvimento (1945-1960). In : PIRES, M. C. Economia brasileira : da colônia ao governo Lula. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2010b. FURTADO, C. Formação econômica do Brasil . 34. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. GREMAUD, A. P.; VASCONCELLOS, M. A. S.; TONETO JR. R. Economia brasileira contemporânea . 8. ed. São Paulo: Atlas, 2017. LACERDA, et al . Economia brasileira . 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2018. MARIANO, J. Introdução à economia brasileira . 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. PIRES, M. C. Economia brasileira : da colônia ao governo Lula. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. SOARES, F. A. R. Economia brasileira : da primeira república ao governo Lula. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. SOUZA, L. E. S.; PIRES, M. C. A economia escravista mercantil e o modelo primário-exportador. In: PIRES, M. C. Economia brasileira : da colônia ao governo Lula. São Paulo: Saraiva, 2010.
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