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AULA 5 - DIREITO PENAL MILITAR - CRIME DOLOSO E CULPOSO - ERRO DE TIPO - PROF CAYNA GAZELE (1)

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DIREITO PENAL MILITAR 
PROF. CAYNÃ GAZELE 
www.cursosdoportal.com.br 
CULPABILIDADE 
• A classificação dos crimes com base no 
elemento subjetivo costuma ser extensa 
segundo ensina a doutrina especializada. 
• Os crimes em regra podem ser classificados 
em: 
a. Crimes hediondos; 
b. Crimes dolosos; 
c. Crimes preterdolosos; 
d. Crimes culposos; 
e. Crimes de mera conduta; 
f. Crimes comissivos e omissivos; 
g. Crimes políticos; 
h. Crimes propriamente militares e Crimes 
impropriamente militares; 
i. Crimes ambientais; 
j. Crimes de responsabilidade; 
k. Crimes previstos no Estatuto da Criança e do 
Adolescente; 
l. Crimes previstos no Estatuto do Idoso; entre 
outros. 
 
• O CPM tratou de dividir os crimes em dois 
grandes blocos: crimes dolosos e crimes 
culposos; 
Art. 33. Diz-se o crime: 
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou 
assumiu o risco de produzi-lo. 
• O crime doloso ocorre quando o agente quis o 
resultado ou assumiu o risco de produzí-lo; 
• Dolo é a vontade livre e consciente de praticar 
um ato ilícito. 
• O agente, civil ou militar, assume o risco 
consciente de praticar o ato em busca de um 
resultado que poderá ou não ser consumado em 
razão da ação ou omissão que foi praticada. 
• A regra do Código Penal Militar é punir o ato 
doloso que foi praticado pelo agente, e que 
acabou causando uma lesão à vítima; 
• O dolo é formado pela soma de três elementos: 
 
 
Art. 33. Diz-se o crime: 
II - culposo, quando o agente, deixando de 
empregar a cautela, atenção, ou diligência 
ordinária, ou especial, a que estava obrigado em 
face das circunstâncias, não prevê o 
resultado que podia prever ou, prevendo-o, supõe 
levianamente que não se realizaria ou 
que poderia evitá-lo. 
• Ao tratar do crime culposo o Código Penal 
Militar não utiliza a expressão praticado com 
imprudência, negligência ou imperícia, o que 
não afasta em nenhum momento a incidência 
desta teoria aos crimes militares que são 
praticados com o elemento subjetivo 
denominado de culpa. 
• No CPM a culpa pode ser consciente ou 
inconsciente; 
• Na inconsciente ou comum, o resultado não é 
previsto pelo agente, embora previsível, visto 
que ele não empregou a cautela, atenção ou 
diligência. 
• Na consciente o resultado é previsto pelo 
sujeito, que espera levianamente que não 
ocorra ou que possa evitá-lo. É chamada 
também de culpa com previsão. 
• A distinção tem relevância para a fixação da 
pena (art.69) onde o juiz deverá ter em conta, 
inclusive, o grau da culpa: 
a) Grave 
b) Leve 
c) Levíssima 
EXCEPCIONALIDADE DO CRIME CULPOSO 
Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, 
ninguém pode ser punido por fato 
previsto como crime, senão quando o pratica 
dolosamente. 
• A regra do Código Penal Militar é punir a 
princípio apenas e tão somente os atos 
praticados com ação ou omissão que tenham 
como elemento subjetivo o dolo, sendo a 
exceção punir a conduta praticada com culpa. 
DIREITO PENAL MILITAR 
PROF. CAYNÃ GAZELE 
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• Somente em casos determinados e expressos 
em lei e também em razão da relevância do 
objeto tutelado, como, por exemplo, no caso da 
vida, da integridade física, entre outras, é que 
o legislador resolveu punir a conduta culposa, 
imprudência, negligência e imperícia. 
• O infrator em regra ficará sujeito a receber uma 
sanção inferior àquela correspondente ao ato 
praticado com dolo. 
NENHUMA PENA SEM CULPABILIDADE 
Art. 34. Pelos resultados que agravam 
especialmente as penas só responde o agente 
quando os houver causado, pelo menos, 
culposamente. 
• O autor de um fato ilícito penal militar somente 
poderá ter a sua pena agravada pelo resultado 
quando tiver causado este resultado, pelo 
menos culposamente, pois caso contrário à 
pena não poderá ser agravada pelo Juiz. 
• Somente aquele que transgride a lei é que 
poderá ser punido. Não se pode punir aquele 
que não agiu com o intuito de violar as 
disposições legais ou que não foi responsável 
por um determinado resultado. 
• Ninguém deve ser privado de sua liberdade ou 
de seus bens sem que tenha dado causa a um 
determinado resultado. 
ERRO DE DIREITO 
Art. 35. A pena pode ser atenuada ou substituída 
por outra menos grave quando o agente, salvo em 
se tratando de crime que atente contra o dever 
militar, supõe lícito o fato, por ignorância ou erro 
de interpretação da lei, se escusáveis. 
• Conforme a doutrina, o erro é a falsa percepção 
da verdade. 
• Uma pessoa por falta de conhecimento, 
ignorância, ou mesmo por uma questão de 
interpretação equivocada, pode acreditar que 
agiu em conformidade com a lei, e que, 
portanto a sua conduta seria lícita. 
• Neste caso, a pena poderá ser atenuada ou 
mesmo substituída por outra pena menos 
grave, desde que o ato praticado não venha a 
ferir o dever militar, a hierarquia e a disciplina, 
e a ética da profissão. 
ERRO DE FATO 
Art. 36. É isento de pena quem, ao praticar o crime, 
supõe, por erro plenamente 
escusável, a inexistência de circunstância de fato 
que o constitui ou a existência de 
situação de fato que tornaria a ação legítima. 
• O erro de fato alcança o agente que age 
acreditando que existiria alguma circunstância 
de fato que tornaria a sua ação legitima. 
• O agente fica isento de pena, ou seja, 
responderá a todo um processo criminal, 
podendo inclusive ao final ser considerado 
culpado, mas não ficará sujeito a imposição de 
uma pena privativa de liberdade, tendo em 
vista que no Código Penal Militar não existe a 
previsão de pena de multa, ou mesmo de penas 
restritivas de direito. 
ERRO CULPOSO 
§ 1º Se o erro deriva de culpa, a este título 
responde o agente, se o fato é punível como 
crime culposo. 
• O erro praticado pelo agente, civil ou militar, 
pode ser decorrente de um ato de imprudência, 
negligência ou imperícia, sendo que neste caso 
o infrator poderá ser responsabilizado pela 
Justiça Militar, Federal ou Estadual. 
• Importante: o erro praticado pelo agente deve 
derivar de um ato culposo, caso contrário, o 
agente não poderá ser beneficiado pelas 
disposições que foram estabelecidas neste 
parágrafo do art. 36. 
ERRO PROVOCADO 
§ 2º Se o erro é provocado por terceiro, responderá 
este pelo crime, a título de dolo ou 
culpa, conforme o caso. 
• Se uma pessoa, civil ou militar, for levada ao 
erro para a prática de um ato ilícito penalmilitar 
por uma terceira pessoa, esta que provocou o 
erro ficará sujeita a ser responsabilizada na 
seara penal. 
• O infrator poderá responder pelo ilícito 
praticado na modalidade de dolo ou culpa 
conforme for o caso, e em conformidade com a 
espécie do tipo penal no qual incidiu. 
• O critério adotado pelo Código Penal Militar 
pune aquele que abusa da confiança ou faz em 
razão de sua conduta que uma pessoa venha a 
incidir em uma conduta da qual não tinha 
conhecimento. 
ERRO SOBRE A PESSOA 
Art. 37. Quando o agente, por erro de percepção ou 
no uso dos meios de execução, ou outro acidente, 
atinge uma pessoa em vez de outra, responde 
como se tivesse praticado o crime contra aquela 
que realmente pretendia atingir. Devem ter-se em 
conta não as condições e qualidades da vítima, 
mas as da outra pessoa, para configuração, 
qualificação ou exclusão do crime, e gravarão ou 
atenuação da pena. 
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• A regra no CPM é beneficiar o agente que age 
com erro. No tocante ao Erro sobre a pessoa 
tem-se uma exceção. 
• Não traz qualquer benefício para ao agente que 
deverá ser responsabilizado na seara penal 
como se tivesse praticado o ilícito contra aquela 
pessoa que realmente pretendia atingir. 
• O erro sobre a pessoa é um erro na execução 
do ato ilícito que não justifica a concessão de 
um nenhum tipo de benefício ao agente que 
queria realmente causar uma lesão, um dano, 
ao seu desafeto. 
• Em razãodesta conduta, deve ser punida a 
conduta praticada como forma de evitar que 
condutas semelhantes possam ocorrer 
novamente. 
ERRO QUANTO AO BEM JURÍDICO 
§ 1º Se, por erro ou outro acidente na execução, é 
atingido bem jurídico diverso do 
visado pelo agente, responde este por culpa, se o 
fato é previsto como crime culposo. 
• Neste tipo de erro, o agente acaba sendo 
beneficiado pela lei penal. 
• Se por erro ou outro acidente na execução, o 
infrator atinge um bem jurídico diverso daquele 
que foi visado responderá por culpa se o fato é 
previsto como crime culposo. 
• O § 2º complementa as disposições do artigo 
para evitar que o agente possa escapar das 
consequências legais do ato que foi praticado e 
que na realidade somente não se consumou por 
um erro na execução que pode inclusive 
decorrer da falta de prática do agente no 
manuseio do instrumento que escolheu para a 
execução do ilícito. 
DUPLICIDADE DO RESULTADO 
§ 2º Se, no caso do artigo, é também atingida a 
pessoa visada, ou, no caso do parágrafo 
anterior, ocorre ainda o resultado pretendido, 
aplica-se a regra do art. 79. 
• O parágrafo sob análise assim como o anterior 
cuida do instituto da aberratio ictus, ou seja, o 
erro de execução, que poderá ser praticado pelo 
agente, mas que não pode e não deve afastar a 
sua responsabilidade ainda que seja a título de 
modalidade culposa. 
• Nestes casos, aplica-se a regra do art. 79 que 
cuida do concurso de crimes, que na lei penal 
militar é muito mais severo do que aquele 
previsto na legislação penal comum. 
QUESTÕES 
1. Tício, 18 anos, durante a comemoração de sua 
aprovação no vestibular, ingere bebida alcoólica com 
seus amigos em um bar, apesar de não ter, com isso, 
qualquer intenção de ficar bêbado ou praticar crimes, 
mas tão só de comemorar seu sucesso nos estudos. 
Apesar disso, em razão da quantidade de cerveja que 
optou por ingerir, acaba ficando completamente 
embriagado e desfere quatro socos na face do ex-
namorado de sua irmã, causando-lhe lesões 
gravíssimas. Considerando a hipótese narrada, é correto 
afirmar que a embriaguez de Tício era completa e: 
a) involuntária, logo exclui a imputabilidade penal; 
b) culposa, logo exclui a imputabilidade penal; 
c) voluntária em sentido estrito, não excluindo a 
imputabilidade penal e devendo ser 
reconhecida a agravante da embriaguez 
preordenada; 
d) culposa, mas não exclui a imputabilidade penal; 
e) voluntária em sentido estrito, não excluindo a 
imputabilidade penal, mas não deve ser 
reconhecida a agravante da embriaguez 
preordenada. 
 
2. Em relação às causas de exclusão da culpabilidade, é 
correto afirmar que: 
a) o erro de proibição afasta o requisito da 
exigibilidade de conduta diversa; 
b) a coação moral irresistível afasta a potencial 
consciência da ilicitude; 
c) a obediência hierárquica afasta a potencial 
consciência da ilicitude; 
d) a menoridade penal, segundo o Código vigente, 
orienta-se pelo critério puramente biológico; 
e) o erro de proibição afasta o requisito da 
imputabilidade. 
 
3. Antony, estrangeiro que reside no Brasil há dois 
meses, inicia em seu quintal uma plantação de maconha, 
com a intenção de utilizar aquele material para fins 
medicinais, já que sua doença respiratória melhora com 
o uso da droga. Ao tomar conhecimento de que seu 
vizinho, João, possui a mesma doença, decide 
transportar o material até a residência de João, mas vem 
a ser abordado por policiais civis. Após denúncia pela 
prática do crime de tráfico, durante seu interrogatório, 
Antony esclarece que tinha conhecimento de que 
transportar maconha no Brasil era crime, mas acreditava 
na licitude de sua conduta diante da intenção de utilizar 
o material para fins medicinais, esclarecendo, ainda, que 
essa conduta seria válida em seu país de origem. 
Com base apenas nas informações expostas, Antony 
agiu: 
a) em erro de proibição, podendo gerar 
reconhecimento de causa de redução de pena 
ou afastamento da culpabilidade; 
b) em erro de tipo, o que gera o reconhecimento 
de causa de diminuição de pena; 
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c) com desconhecimento da lei, o que não afasta 
a culpabilidade; 
d) em erro de proibição, afastando a tipicidade da 
conduta; 
e) em erro de tipo, afastando a tipicidade da 
conduta. 
 
4. Ao final das comemorações da noite de Natal com sua 
família, Paulo, quando deixava o local, acabou por levar 
consigo o presente do seu primo Caio, acreditando ser o 
seu, tendo em vista que as caixas dos presentes eram 
idênticas. Após perceber o sumiço do seu presente e 
acreditando ter sido vítima de crime patrimonial, Caio 
compareceu à Delegacia para registrar o ocorrido, 
ocasião em que foram ouvidas testemunhas presenciais, 
que afirmaram ter visto Paulo sair com aquele objeto. 
Paulo, ao tomar conhecimento da investigação, 
compareceu em sede policial e indicou onde o objeto 
estava, sendo o bem apreendido no dia seguinte em sua 
residência. Preocupado com sua situação jurídica, Paulo 
procurou a Defensoria Pública. 
Sob o ponto de vista jurídico, sua conduta impõe o 
reconhecimento de que: 
a) ocorreu erro de proibição, afastando a 
culpabilidade ou gerando causa de redução de 
pena, a depender de ser considerado vencível 
ou invencível; 
b) foi praticado crime de furto, mas deverá ser 
reconhecida a causa de diminuição de pena do 
arrependimento posterior; 
c) houve erro sobre a pessoa, devendo ser 
consideradas as características daquele que se 
pretendia atingir; 
d) ocorreu erro de tipo, o que faz com que, no caso 
concreto, sua conduta seja considerada atípica; 
e) houve erro na execução (aberratio ictus), logo 
a conduta deverá ser considerada atípica. 
 
5. Após intenso debate político repleto de ofensas, Ana, 
40 anos, e Maria, 30 anos, iniciam uma longa discussão. 
Ana, revoltada com o comportamento agressivo de 
Maria, arremessa uma faca em direção a esta com a 
intenção de causar sua morte, mas a arma branca acaba 
por atingir Joana, criança de 13 anos, que passava pela 
localidade, sendo o golpe de faca no coração a causa 
eficiente de sua morte. 
Descobertos os fatos pelo Ministério Público, 
considerando apenas as informações narradas, é correto 
afirmar que Ana deverá ser responsabilizada pelo crime 
de homicídio 
a) doloso consumado sem a causa de aumento da 
idade da vítima, em razão do erro de execução. 
b) culposo consumado, em razão do erro sobre a 
pessoa. 
c) culposo consumado, em razão do erro de 
execução. 
d) doloso consumado sem a causa de aumento da 
idade da vítima, em razão do erro de pessoa. 
e) consumado com a causa de aumento da idade 
da vítima, em razão do erro sobre a pessoa.

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