Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Instalações Elétricas – Professor Luiz Henrique Alves Pazzini Faculdades Integradas de São Paulo - FISP 27 O condutor neutro, quando existir, deve possuir a mesma seção que os condutores fase nos seguintes casos: • em circuitos monofásicos a 2 e 3 condutores e bifásicos a 3 condutores, qualquer que seja a seção; • em circuitos trifásicos desequilibrados ou quando ocorrer a presença de harmônicos; Para os circuitos trifásicos equilibrados, deve-se adotar seção do condutor neutro igual a do condutor fase até o limite de 25 mm2. Para seções superiores, o condutor neutro adotado será o recomendado pela Tabela 10. Tabela 10: Seção mínima dos condutores neutros para circuitos trifásicos equilibrados. Seção dos condutores fase [mm2] Seção mínima do condutor neutro [mm2] 1,5 a 25 seção igual a do condutor fase 35 25 50 25 70 35 95 50 120 70 150 70 185 95 240 120 300 150 400 185 Exemplo 12: Um circuito trifásico equilibrado de 220 V alimenta uma carga elétrica de 50 kVA. Dimensione os condutores fase e neutro desse circuito, instalados em um eletroduto de PVC aparente juntamente com mais um circuito. Considere os seguintes dados: Comprimento do circuito: 45 m; Queda de tensão admissível: 2,5%; Temperatura ambiente: 35oC; fator de potência: 0,8. Utilizar condutores de cobre com isolação PVC. Solução Maneira de instalar: B1 (eletroduto aparente - Tabela 3). Três condutores carregados – circuito trifásico equilibrado Cálculo da corrente de projeto: [A] I .Ib 22131 2203 00050 ,=⇒ • = Fator de correção da temperatura: f1 = 0,94 (temperatura de 35°C). Fator de correção de agrupamento: f2 = 0,8 (dois circuitos no eletroduto). Instalações Elétricas – Professor Luiz Henrique Alves Pazzini Faculdades Integradas de São Paulo - FISP 28 Cálculo da corrente fictícia de projeto (Ib’): [A] Ib' ,, Ib' 49174 80940 22131 ,, =⇒ • = Com o valor de Ib’ consulta-se a Tabela 5 para determinar o valor da seção do condutor e obtém-se o condutor de 95 mm2 (suporta correntes de até 179 A). Deve-se verificar se a queda de tensão deste condutor está dentro das especificações (∆U% = 2,5%). Tem-se: V/A.km, ΔU ,, , ΔU unitunit 930045022131 2200250 =⇒ • • = De posse desse valor, consulta-se a Tabela 9 utilizando-se a coluna de fator de potência 0,8, eletroduto não metálico (PVC) e circuito trifásico. Da Tabela verifica-se que, pelo critério da queda de tensão, podem ser utilizados condutores de 50 mm2 (0,76 V/A.km). Porém, pelo critério da corrente admissível determinou-se um condutor de 95 mm2, valor que será adotado. O condutor neutro é obtido através da Tabela 10: 50 mm2. Portanto, tem-se: • condutores fase: seção de 95 mm2; • conutor neutro: seção de 50 mm2. 7.2 – Dimensionamento de circuitos alimentadores. Analogamente ao prescrito para circuitos parciais, o dimensionamento do alimentador principal inicia-se pela determinação da carga que atende. Entretanto, neste caso, a consideração simplesmente da soma das potências das cargas que o alimentador atende pode provocar o seu superdimensionamento, uma vez que a demanda simultânea, correspondente a um grupo de cargas de funcionamento não contínuo, é estaticamente inferior a essa soma. Esse aspecto da não simultaneidade da ocorrência da demanda máxima é levado em contra através da consideração do fator de demanda, definido como sendo a relação entre a demanda máxima provável de um grupo de cargas da mesma natureza e a correspondente potência instalada. Assim sendo, a demanda de um alimentador se determina através da soma das potências de todas as cargas que o alimentador atende, ponderadas pelos correspondentes fatores de potência. A figura 14 traz exemplo do conceito de demanda e de potência instalada. Instalações Elétricas – Professor Luiz Henrique Alves Pazzini Faculdades Integradas de São Paulo - FISP 29 Figura 14: Curva de demanda e da potência instalada. Os fatores de demanda são coeficientes empíricos, menores ou iguais a um, associados a grupos de cargas de mesma natureza, estabelecidos por norma ou por concessionária. Assim, existem diversas maneiras para se estimar o fator de demanda e, por consequência, a demanda de uma instalação. No nosso caso vamos estimar a demanda de uma instalação através da relação seguinte: D = P1 x fd1 + P2 x fd2 + P3 x fd3 + P4 x fd4 + P5 x fd5 + P6 x fd6 + P7 x fd7 + P8 x fd8 + P9 x fd 9 sendo: D = demanda da instalação [W]; P1 = potência do sistema de iluminação e de Tugs [W]; P2 = potência referente a chuveiros elétricos, torneiras elétricas, aquecedores de água de passagem e ferros elétricos [W]; P3 = potência referente a aquecedor central ou de acumulação [W]; P4 = potência de secadora de roupa, forno elétrico, máquina de lavar louça e forno de microondas [W]; P5 = potência referente a fogões elétricos [W]; P6 = potência referente a condicionadores de ar [W]; P7 = potência referente a motores e máquinas de solda a motor [W]; P8 = potência referente a equipamentos especiais [W]; P9 = potência referente a hidromassagem [W]; fd1, fd2, ..., fd9 = fatores de demanda dos respectivos equipamentos. As Tabelas 11 a 20 fornecem os valores dos fatores de demanda considerados. Instalações Elétricas – Professor Luiz Henrique Alves Pazzini Faculdades Integradas de São Paulo - FISP 30 Tabela 11: Fator de demanda de iluminação e Tugs: residencial Tabela 12: Fator de demanda de iluminação e Tugs: comercial e industrial P1 [kW] fd1 P1 fd1 0 <P1 ≤ 1 0,86 Auditórios, salões para exposições e semelhantes 1,0 1 <P1 ≤ 2 0,75 Bancos, lojas e semelhantes 1,0 2 <P1 ≤ 3 0,66 Barbearias, salões de beleza e semelhantes 1,0, 3 <P1 ≤ 4 0,59 Clubes e semelhantes 1,0 4 <P1 ≤ 5 0,52 Escolas e semelhantes 1,0 para os primeiros 12 kW; 0,50 para o excedente 5 <P1 ≤ 6 0,45 Escritórios (edifícios) 1,0 para os primeiros 20 kW; 0,70 para o excedente 6 <P1 ≤ 7 0,40 Garagens comerciais e semelhantes 1,0 7 <P1 ≤ 8 0,35 Hospitais e semelhantes 0,40 para os primeiros 50 kW; 0,20 para o excedente 8 <P1 ≤ 9 0,31 Hotéis e semelhantes 0,50 para os primeiros 20 kW; 0,40 para o excedente 9 <P1 ≤ 10 0,27 Igrejas e semelhantes 1,0 10 < P1 0,24 Indústrias 1,0 Restaurantes e semelhantes 1,0 Tabela 16: Fator de demanda de fogões elétricos n°°°° de aparelhos fd5 n°°°° de aparelhos fd5 1 1,00 8 0,31 2 0,60 9 0,31 3 0,48 10 a 11 0,30 4 0,40 12 a 15 0,28 5 0,37 16 a 20 0,26 6 0,35 21 a 25 0,26 7 0,33 acima de 25 0,26 Tabela 18: Fator de demanda de motores e máquinas de solda Tabela 19: Fator de demanda de equipamentos especiais motor fd7 equipamento fd8 maior motor 1,00 Maior equipamento 1,00 demais motores 0,50 Demais equipamentos 0,60 Instalações Elétricas – Professor Luiz Henrique Alves Pazzini Faculdades Integradas de São Paulo - FISP 31 Tabela 13: Fator de demanda de chuveiros, torneiras, aquecedores de água de passagem e ferros elétricos Tabela 14: Fator de demanda de aquecedor central ou de acumulação n°°°° de aparelhos fd2 n°°°° de aparelhos fd3 1 1,00 1 1,00 2 1,00 2 0,72 3 0,84 3 0,62 4 0,76 acima de 3 0,62 5 0,70 6 0,65 Tabela 15: Fator de demanda de secadora de roupa, forno elétrico, máquina de lavar louça e microondas 7 0,60 n°°°° de aparelhos fd4 8 0,57 1 1,00 9 0,54 2 a 4 0,70 10 0,52 5 a 6 0,60 11 0,49 7 a 8 0,50 12 0,48 acima de 8 0,50 13 0,46 14 0,45 Tabela 17: Fator de demanda de condicionadores de ar 15 0,44 n°°°° de aparelhos fd6 16 0,43 1 a 10 1,00 17 0,42 11 a 20 18 0,41 21 a 30 19 0,40 31 a 40 20 0,40 41 a 50 21 0,39 51 a 75 22 0,39 76 A 100 23 0,39 acima de 100 24 0,38 acima de 24 0,38 Tabela 20: Fator de demanda de secadora de roupa, forno elétrico, máquina de lavar louça e microondas n°°°° de aparelhos fd9 1 1,00 2 0,56 3 0,47 4 0,39 acima de 4 0,39Instalações Elétricas – Professor Luiz Henrique Alves Pazzini Faculdades Integradas de São Paulo - FISP 32 Exemplo 13: Determinar a demanda [em W] de um circuito alimentador de uma residência com as seguintes cargas: • sistema de iluminação: 3,4 kVA (fp = 1,0); • Tugs: 7,45 kVA (fp = 0,8); • dois chuveiros de 5.000 W cada; • uma torneira elétrica de 2.200 W; • um ferro elétrico de 1.300 W; • um forno de microondas de 2,5 kW; • uma secadora de roupas de 3.850 W; • dois condicionadores de ar de 1.800 W cada. Solução A demanda da instalação pode ser determinada pela seguinte expressão: D = P1 x fd1 + P2 x fd2 + P3 x fd3 + P4 x fd4 + P5 x fd5 + P6 x fd6 + P7 x fd7 + P8 x fd8 + P9 x fd 9 P1 = potência de iluinação + potência das tugs. Dos dados do problema, tem-se: P1 = 3.400 x 1 + 7.450 x 0,8 ⇒ P1 = 9.360 W. Da Tabela 11 obtém-se o fator de demanda referente a iluminação e Tugs, fd1: fd1 = 0,27. A potência P2 refere-se a chuveiros elétricos, torneiras elétricas, aquecedores de água de passagem e ferros elétricos. Dos dados do problema, tem-se: P2 = 2 x 5.000 + 2.200 + 1.300 ⇒ P2 = 13.500 W. Da Tabela 13 obtém-se o fator de demanda referente a P2, fd2: fd2 = 0,76. A potência P3 refere-se a aquecedores de água de acumulação, que não constam da instalação em estudo. A potência P4 refere-se a secadora de roupa, forno elétrico, máquina de lavar louça e forno de microondas. Dos dados do problema, tem-se: P4 = 2.500 + 3.850 ⇒ 6.350 W. Da Tabela 15 obtém-se o fator de demanda referente a P4, fd4: fd4 = 0,70 A potência P5 refere-se a fogões elétricos, que não constam da instalação em estudo. A potência P6 refere-se a condicionadores de ar. Dos dados do problema, tem-se: Instalações Elétricas – Professor Luiz Henrique Alves Pazzini Faculdades Integradas de São Paulo - FISP 33 P6 = 2 x 1.800 ⇒ P6 = 3.600 W. Da Tabela 17 obtém-se o fator de demanda referente a P6, fd6: fd6 = 1,0 A potência P7 refere-se a motores e máquinas de solda, que não constam da instalação em estudo. A potência P3 refere-se a equipamentos especiais, que não constam da instalação em estudo. A potência P3 refere-se a equipamentos de hidromassagem, que não constam da instalação em estudo. Assim, tem-se: D = P1 x fd1 + P2 x fd2 + P4 x fd4 + P6 x fd6 D = 9.360 x 0,27 + 13.500 x 0,76 + 6.350 x 0,70 + 3.600 x 1,00 D = 20.832 W Resposta: a demanda da instalação é de 20.832 W. De posse da demanda máxima correspondente às cargas atendidas pelo alimentador, procede-se de modo análogo ao dimensionamento de circuitos parciais para se selecionar a seção do condutor mais adequado. Exemplo 14: Para a instalação anterior, determie a seção dos condutores do circuito alimentador em duas situações: a) considerando a demanda calculada; b) considerando a potência instalada. Utilize as seguintes informações: • tensão de 220 V (2F 2 1 N); • fator de potência de 0,8; • condutores de cobre com isolação de PVC instalados em eletrodutos de PVC embutidos em alvenaria; • temperatura ambiente de 25oC; • um circuito no eletroduto; • comprimento do circuito: 35 m; • queda de tensão percentual admissível: 1,5%; Solução a) considerando o valor calculado da demanda. Dos dados do problema, tem-se: • maneira de instalar: B5 (condutores instalados em eletroduto embutido em alvenaria – Tabela 3); • três condutores carregados (2F – N). Instalações Elétricas – Professor Luiz Henrique Alves Pazzini Faculdades Integradas de São Paulo - FISP 34 O procedimento para dimensionamento dos condutores de circuitos alimentadores é similar ao de circuitos terminais. A mudança que ocorre é no valor da potência utilizada: enquanto que nos circuitos terminais utiliza-se o valor da potência total da carga a ser alimentada, neste caso considera-se a demanda calculada. Assim, tem-se: [A] 118,36 Ib 220 20.832 fpU DIb = • ⇒ • = 8,0 Deve-se corrigir esse valor através dos fatores de correção. Tem-se: f1 = 1,06 (temperatura de 25oC – Tabela 6) f2 = 1,0 (um circuito no eletroduto) Logo: [A] 111,66 Ib' 1,06 118,36 f2f1 IbIb' = • ⇒ • = 0,1 Com este valor, e utilizando a Tabela 5, obtém-se: condutores de 50 mm2 (suporta correntes de 118 A). Deve-se, também, verificar a queda de tensão do circuito. Tem-se: V/A.km0,80 U U unitunit =∆⇒ • • =∆ 035,036,118 220015,0 Com o valor acima calculado, consulta-se a Tabela 9 e obtém-se: Condutores de 70 mm2 (queda de tensão unitária de 0,62 V/km.A). Logo, os condutores adotados (fase e neutro) são de 70 mm2. b) considerando a potência instalada. Neste caso soma-se todas as cargas instaladas e procede-se de forma similar ao caso anterior. Tem-se: Potência instalada = P1 + P2 + P4 + P6 Potência instalada = 9.360 + 13.500 + 6.350 + 3.600 Potência instalada = 32.810 W. Calcula-se a corrente de projeto (Ib): [A] 186,42 Ib 220 32.810 fpU PmáxIb = • ⇒ • = 8,0 Deve-se corrigir esse valor através dos fatores de correção. Tem-se: Instalações Elétricas – Professor Luiz Henrique Alves Pazzini Faculdades Integradas de São Paulo - FISP 35 f1 = 1,06 (temperatura de 25oC – Tabela 6) f2 = 1,0 (um circuito no eletroduto) Logo: [A] 175,88 Ib' 1,06 186,42 f2f1 IbIb' = • ⇒ • = 0,1 Com este valor, e utilizando a Tabela 5, obtém-se: condutores de 95 mm2 (suporta correntes de 179 A). Deve-se, também, verificar a queda de tensão do circuito. Tem-se: V/A.km0,51 U U unitunit =∆⇒ • • =∆ 035,042,186 220015,0 Com o valor acima calculado, consulta-se a Tabela 7 e obtém-se: Condutores de 95 mm2 (queda de tensão unitária de 0,48 V/km.A). Logo, os condutores adotados (fase e neutro) são de 95 mm2. Percebe-se que a não adoção de fatores de demanda pode levar a um excesso no dimensionamento dos condutores, acarretando perda de recursos.
Compartilhar