Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
VIVENCIANDO APLICAÇÃO DO CONTEÚDO INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS ÁREAS DE CONHECiMENTO DO ENEM TEORIA MULTiMÍDiA CONEXÃO ENTRE DiSCiPLiNAS DiAGRAMA DE iDEiAS HERLAN FELLiNi Caro aluno Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclu- siva metodologia em período integral, com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Para melhorar a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A seguir, apresentamos cada seção: No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cuidado- sa seleção de conteúdos multimídia para complementar o reper- tório do aluno, apresentada em boxes para facilitar a compreen- são, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, livros, etc. Tudo isso é encontrado em subcategorias que facilitam o apro- fundamento nos temas estudados – há obras de arte, poemas, imagens, artigos e até sugestões de aplicativos que facilitam os estudos, com conteúdos essenciais para ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica, em uma seleção realizada com finos critérios para apurar ainda mais o conhecimento do nosso aluno. Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu distanciamento da realidade cotidiana, o que dificulta a compreen- são de determinados conceitos e impede o aprofundamento nos temas para além da superficial memorização de fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios na aprendizagem dos conteúdos, foi desenvol- vida a seção “Vivenciando“. Como o próprio nome já aponta, há uma preocupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações entre aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm contato em seu dia a dia. Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desempenho ao fim da escolaridade básica, organizamos essa seção para que o aluno conheça as diversas habilidades e competências abordadas na prova. Os livros da “Coleção Vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas dessas habilidades. No compilado “Áreas de Conhecimento do Enem” há modelos de exercícios que não são apenas resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva e descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a apurar as questões na prática, a identificá-las na prova e a resol- vê-las com tranquilidade. Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso, cria- mos para os nossos alunos o máximo de recursos para orientá-los em suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de Ideias”, para aqueles que aprendem visualmente os conteúdos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas mentais e fluxogramas. Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos princi- pais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a organização dos estudos e até a resolução dos exercícios. Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é ela- borada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que trata de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares atuais não exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos conteúdos de cada área, de cada disciplina. Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abran- gem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, como Biologia e Química, História e Geografia, Biologia e Mate- mática, entre outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato com essa realidade por meio de explicações que relacionam a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de outros livros, sempre utilizando temas da atualidade. Assim, o aluno consegue entender que cada disciplina não existe de forma isolada, mas faz parte de uma grande engrenagem no mundo em que ele vive. De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desenvol- vida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e nos principais vestibulares voltados para o curso de Medicina em todo o território nacional. Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada coleção tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolução das ques- tões propostas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, com- pletos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas que complementam as explicações dadas em sala de aula. Qua- dros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados e compõem um conjunto abrangente de informações para o aluno que vai se dedicar à rotina intensa de estudos. Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fazem parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos compila- dos, deparamos-nos com modelos de exercícios resolvidos e co- mentados, fazendo com que aquilo que pareça abstrato e de difí- cil compreensão torne-se mais acessível e de bom entendimento aos olhos do aluno. Por meio dessas resoluções, é possível rever, a qualquer momento, as explicações dadas em sala de aula. © Hexag Sistema de Ensino, 2018 Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2021 Todos os direitos reservados. Autores Alessandra Alves Vinicius Gruppo Hilário Diretor-geral Herlan Fellini Diretor editorial Pedro Tadeu Vader Batista Coordenador-geral Raphael de Souza Motta Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica Hexag Sistema de Ensino Editoração eletrônica Felipe Lopes Santos Leticia de Brito Ferreira Matheus Franco da Silveira Projeto gráfico e capa Raphael de Souza Motta Imagens Freepik (https://www.freepik.com) Shutterstock (https://www.shutterstock.com) ISBN: 978-65-88825-41-9 Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusivo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à disposição para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições. O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para fins didáticos, não representando qualquer tipo de recomenda- ção de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora. 2021 Todos os direitos reservados para Hexag Sistema de Ensino. Rua Luís Góis, 853 – Mirandópolis – São Paulo – SP CEP: 04043-300 Telefone: (11) 3259-5005 www.hexag.com.br contato@hexag.com.br GEOGRAFIA GEOGRAFIA 1 GEOGRAFIA 2 Aulas 9 e 10: Dinâmicas climáticas 6 Aulas 11 e 12: Climas do Brasil e do mundo 13 Aulas 13 e 14: Hidrologia e bacias hidrográficas 35 Aulas 15 e 16: Domínios morfoclimáticos I 60 Aulas 9 e 10: Classificações do relevo 78 Aulas 11 e 12: Solos 87 Aulas 13 e 14: Problemas ambientais mundiais 98 Aulas 15 e 16: Grandes biomas do mundo 106 SUMÁRIO UFMG Identificar os conceitos básicos dos temas abordados neste caderno e analisá-los com ênfase nos aspectos socioespaciais. Questões sobre domínios morfoclimáticos costumam aparecer com bastante frequência. Estudar esse tema, suas características, prin- cipalmente com o auxilio de mapas, ocasiona sempre sucesso no acerto. O tema domínios morfoclimáticos aparece com frequência nessa prova, sendo abordado de várias formas: com mapas, imagens e gráficos. Isso significa que o vestibulando não pode deixar de estudar com muita atenção esse tema. Os temas dessa frente não apresentam sur- presas nesse vestibular, que aborda conceitos básicos contidos neste caderno. Prova bem objetiva que também aborda temas físicosrelacionados aos aspectos socioespaciais. A prova de Geografia da Santa Casa pede conteúdos bem específicos, ou seja, os detalhes e as particularidades do clima e dos biomas são bem relevantes. As avaliações do Enem buscam sempre colo- car o aluno diante de questões interdiscipli- nares e, às vezes, multidisciplinares, inclusive abordando todos os temas deste caderno. Nas provas, aparecem muitos recursos como mapas, gráficos e tabelas. É outro vestibular que relaciona esses temas com a sociedade e a economia. Tradicional, utiliza como base mapas, gráficos e tabelas Costuma ser uma prova bem tranquila. Os temas mais pedidos deste caderno são domínios morfoclimáticos e pontos básicos de climatologia. Esse vestibular não apresenta em seu edital mais recente e nem exigiu nas provas dos últimos vestibulares questões relacionadas à disciplina de Geografia. Colocamos esta dica no livro anterior: clima é um assunto certeiro nesse vestibular. Estude os conceitos e as características do clima e dos biomas do Paraná. Via de regra, geografia física sempre aparece a partir de questões regionais. No último vestibular da FUVEST, climatologia e domínios morfoclimáticas ganharam destaque. São temas recorrentes e devem ser estudados com afinco. Esse vestibular não apresenta em seu edital mais recente e nem exigiu nas provas dos últimos vestibulares questões relacionadas à disciplina de Geografia. INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS 5 GEOGRAFIA 1 6 1. Atmosfera A atmosfera é uma camada relativamente fina de gases e material particulado (aerossóis) que envolve a Terra. Cerca de 97% da massa total da atmosfera concentram-se nos primeiros 302 km, contados a partir da superfície terrestre. Essa camada é essencial para a vida e o funcionamento ordenado dos processos físicos e biológicos sobre a Terra. A atmosfera protege os organismos da exposição a níveis ar- riscados de radiação ultravioleta, contém gases necessários para os processos vitais de respiração celular e fotossíntese e fornece a água necessária para a vida. 1.1. A composição da atmosfera A composição do ar não é constante nem no tempo nem no espaço. Contudo, se removêssemos as partículas sus- pensas, vapor d’água e certos gases variáveis, presentes em pequenas quantidades, encontraríamos uma composi- ção muito estável sobre a Terra, até uma altitude de apro- ximadamente 80 km. Oxigênio Dióxido de carbono, argônio, vapor de água e gases raros 21% 1% Nitrogênio 78% O nitrogênio e o oxigênio ocupam 99% do volume de ar seco e limpo. A maior parte do 1% restante é ocupado pelo gás inerte argônio. Embora esses elementos sejam abundan- tes, têm pouca influência sobre os fenômenos do tempo. A importância de um gás ou aerossol atmosférico não está re- lacionada à sua abundância relativa. Por exemplo, o dióxido de carbono, o vapor d’água, o ozônio e os aerossóis ocorrem em pequenas concentrações, mas são importantes para os fenômenos meteorológicos e para a vida. § Dióxido de carbono: por ser um eficiente absorve- dor de energia radiante (de onda longa) emitida pela Terra, ele influencia o fluxo de energia através da at- mosfera, fazendo com que a baixa atmosfera retenha calor, tornando a Terra propicia à vida. § Vapor d’água: é um dos mais variáveis gases na atmosfera e também tem pequena participação relativa. Nos trópicos úmidos e quentes constitui aproximadamente 4% do volume da baixa atmos- fera, enquanto sobre os desertos e regiões polares chega a não mais que 1%; entretanto, sem ele não há nuvens, chuva ou neve, além de ter grande parti- cipação na absorção da energia emitida pela Terra e também da energia solar. § Ozônio: é a forma triatômica do oxigênio (O3) e sua distribuição varia com a latitude, estação do ano, horário e padrões de tempo, podendo estar ligado a erupções vulcânicas e atividade solar. A presença de ozônio é de vital importância devido a sua capacidade de absorver a radiação ultravioleta do sol na reação de fotodissociação (O3 hv = O2 + O ), onde o átomo livre recombina-se outra vez para formar outra molécula de ozônio, liberando calor. Na ausência da camada de ozô- nio a radiação ultravioleta seria letal para a vida. Desde os anos de 1970, tem havido contínua preocupação de que uma redução na camada de ozônio na atmosfera pode estar ocorrendo por interferência antrópica. Acre- dita-se que o maior impacto é causado por um grupo de produtos químicos conhecido por clorofluorcarbo- nos (CFC). Os CFCs são usados como propelentes em sprays aerossóis, na produção de certos plásticos e em equipamentos de refrigeração e condicionamento de ar. Como os CFCs são praticamente inertes (não quimi- camente ativos) na baixa atmosfera, uma parte deles eventualmente atinge a camada de ozônio, onde a ra- diação solar os separa em seus átomos formadores. Os átomos de cloro, quando são liberados através de uma série de reações, acabam convertendo parte do ozônio em oxigênio. A redução do ozônio aumenta o número de casos de certos tipos de câncer de pele, além de afetar também colheitas e ecossistemas. DINÂMICAS CLIMÁTICAS HABILIDADE: 30 COMPETÊNCIA: 6 AULAS 9 e 10 7 Aerossóis Ao contrário do que muitos pensam, aerossóis não são substâncias gasosas. São partículas sólidas ou líquidas que se encontram suspensas em um meio gasoso (geralmente o ar). Alguns aerossóis líquidos agem como núcleos de condensação para o vapor d’água e são importantes para a formação de nevoeiros, nuvens e chuva. Outros podem absorver ou refletir a radiação solar, influen- ciando a temperatura. Assim, quando ocorrem erup- ções vulcânicas com expressiva liberação de poeira, a radiação solar que atinge a superfície da Terra pode ser sensivelmente alterada. Dentre os aerossóis sóli- dos, podemos citar a fumaça e a poeira, sendo que a poeira contribui para um fenômeno ótico que são as várias tonalidades de vermelho e laranja no nascer e pôr do sol. Assim, podemos dizer que esse material pode ser de origem natural ou produzido a partir das atividades humanas. As emissões antropogênicas de aerossóis atmosféricos têm aumentado significativamente causando vários impactos ambientais, que incluem efeitos adversos à saúde humana, como problemas de visão por exemplo. 1.2. Estrutura vertical da atmosfera Por conveniência de estudo, a atmosfera é usualmente subdividida em camadas concêntricas de acordo com o perfil vertical médio de temperatura. Observe as caracte- rísticas de cada subdivisão. § Troposfera: é a camada inferior da atmosfera e se estende a uma altitude média de 12 km (≈ 20 km no equador e ≈ 8 km nos polos). A troposfera é o principal domínio de estudo dos meteorologistas, pois é nessa camada que ocorrem essencialmente todos os fenô- menos que em conjunto caracterizam o tempo. Esses fenômenos só são possíveis pois é nessa camada que está a quase totalidade de vapores de água que envol- vem o planeta. Nessa camada a temperatura diminui conforme a altitude aumenta, ou seja, a cada 180 me- tros de altura há diminuição de 1 °C. § Estratosfera: estende-se até aproximadamente 50 km. Nos primeiros 20 km a temperatura permanece constante e depois vai aumentando até o topo da ca- mada. Temperaturas mais altas ocorrem na estratosfera porque é nessa camada que o ozônio está concentrado, pois esse gás tem a propriedade de absorver radiação ultravioleta do Sol. § Mesosfera: situada entre 50 e 80 km de altitude, é nessa camada que a temperatura novamente decres- ce em função da altitude. A temperatura pode atingir 95 °C negativos no limite superior. Esse é o ponto mais frio da atmosfera. § Termosfera: está situada entre 80 e 400 km de alti- tude. É composta por camadas sucessivas de partículas chamadas íons, responsáveis por refletirem os sinais de rádio ao redor do nosso planeta. Por esse motivo essa camada também é conhecida como ionosfera. Da mesma forma que na estratosfera, as temperaturas nessa camada também aumentam conformea altitude. Na ionosfera ocorre também o fenômeno das auroras. Quando esse fenômeno ocorre em regiões próximas ao polo Norte, é chamado de aurora boreal, e quan- do acontece no polo Sul, é chamado de aurora austral. Esses fenômenos são mais comuns entre os meses de fevereiro, março, abril, setembro e outubro. As auroras podem aparecer em vários formatos: pontos luminosos, faixas no sentido horizontal ou circulares. Porém, apa- recem sempre alinhadas ao campo magnético terrestre. As cores podem variar muito, como vermelha, laranja, azul, verde e amarela. Muitas vezes aparecem em vá- rias cores ao mesmo tempo. Em momentos de tempes- tades solares, a Terra é atingida por grande quantidade de ventos solares. Nesses momentos, as auroras são mais comuns. Embora esse espetáculo de luzes seja um fenômeno fantástico para observação, os ventos solares interferem em meios de comunicação (sinais de televisão, radares, telefonia, satélites) e sistemas eletrô- nicos diversos. 1.3. Circulação geral da atmosfera A circulação do ar na escala global é composta de um complexo conjunto de sistemas de ventos e pressão. Para entender melhor é conveniente utilizarmos um modelo idealizado da Terra. Vamos considerar inicialmente que a Terra está parada (sem rotação) e que a superfície é toda homogênea. A energia solar, por unidade de área, absorvida na região equatorial é maior do que a absorvida nas regiões po- lares. O ar em contato com a superfície se aquece mais na região equatorial do que nos polos. O ar equatorial torna-se mais “leve” e sobe, enquanto o ar das regiões polares, mais frio e pesado, desce. Por uma questão de continuidade de massa, estabelece-se então uma “célu- la de circulação”: o ar na superfície, que vem dos polos, sobe para os altos níveis no equador, retorna aos polos em altos níveis, e desce nessas regiões, fechando assim a circulação da célula. Essa circulação deve-se ao gradiente de pressão entre os polos e o equador, num mecanismo semelhante ao da brisa. 8 Vamos agora permitir que a Terra adquira um movimen- to de rotação. Pelo efeito da força de Coriolis, os ven- tos em superfície que sopravam de norte no Hemisfério Norte se transformarão em ventos de nordeste; por sua vez, os ventos que vinham de sul no Hemisfério Sul se transformarão em ventos de sudeste. Circulações no sen- tido inverso (sudoeste no Hemisfério Norte e noroeste no Hemisfério Sul) deverão ocorrer nos níveis superiores de nossa Terra hipotética. Por outro lado, nesse ponto, os ventos em superfície têm direção oposta à da rotação da Terra. Pelo efeito da força de fricção, seria de se esperar que esse atrito fosse “diminuindo” a velocidade de rotação da Terra com o tempo. Mas a velocidade de rotação da Terra é constante, ou seja, não se observa essa diminuição. Para justificar esse fato, deveriam existir ventos de oeste que anulariam a força de atrito dos ventos do leste. Os ven- tos na superfície seriam: § de nordeste, entre cerca de 30°N e o equador, e de sudeste entre 30°S (que existem e chamam-se “ventos alíseos”); § de sudoeste entre 30°N e 60°N, e no noroeste entre 30°S e 60°S (que existem e chamam-se “ventos de oeste”); § de noroeste entre 60°N e 90°N, e de sudeste en- tre 60°S e 90°S (que existem e chamam-se “ventos polares”). Fonte: Youtube Chove chuva – Jorge Ben Jor multimídia: música Como a convergência e divergência dos ventos na su- perfície estão ligadas a regiões de baixa e alta pressão, respectivamente, é de se esperar uma faixa de baixa pres- são na região equatorial e em latitudes médias (≈60°), e faixas de alta pressão em latitudes subtropicais (≈30°) e polares. A região de convergência dos alíseos na região equatorial é chamada de Zona de Convergência In- tertropical (ZCIT). As regiões de alta pressão (30°N e 30°S), chamadas de “ latitudes dos cavalos”, possuem ventos calmos. As regiões de baixa pressão (60°N e 60°S) são locais onde ocorre o encontro de massas de ar quente e úmido provenientes das regiões subtropicais com o ar frio e seco das regiões polares, o que forma as conhecidas frentes frias e quentes e ciclones. Analisando essa atmosfera descrita numa seção vertical, observamos o aparecimento de três pares de células de circulação na escala global: § Célula de Hadley (entre 0° e 30°); § Célula de Ferrel (entre 30° e 60°); e § Célula Polar (entre 60° e 90°). Alta polar Frente polar Zona de convergencial Intertropical (ZCTT) Baixa subpolar 60º 0º B A A Baixa Equatorial subtropical subtropical Ventos alísios Ventos contra alísios A A B B 30º 60º Célula polar Célula de Ferrel Célula de Hadley Alta Alta contra-alísios convergência (ZCIT) 2. Fenômenos meteorológicos devastadores 2.1. Tornados O tornado é um fenômeno que se forma a partir de uma nuvem de tempestade, a chamada Cumulonimbus. O tor- nado aparece primeiramente a partir da base da nuvem ex- pandindo-se até o chão. O movimento em rotação se dá do encontro de fortes correntes de ar em direções opostas que acontecem dentro da nuvem Cumulonimbus. Quanto mais intensas as correntes de ar ascendentes e descendentes dentro da nuvem, maior será a possibilidade de formar-se um rodamoinho que evolui para o tornado e que aparece como uma protuberância na base da nuvem. Nos casos mais intensos, o tornado tem condições de se desgarrar da Cumu- lonimbus e seguir um caminho próprio que pode se estender por quilômetros. Nesse caminho, a ventania vai levantando objetos, arrancando árvores e telhados, destruindo a vegeta- ção. O centro do tornado tem pressão baixa, o que atrai o ar, enquanto a rotação define a força centrífuga que afasta o ar para fora da rotação. Com o equilíbrio dessas duas forças, o movimento de rotação continuaria indefinidamente. Entre- tanto, o atrito com o chão e com os inúmeros obstáculos que o funil encontra no caminho acaba promovendo uma desa- celeração do tornado até sua dissipação. Quando ocorrem sobre o mar ou sobre grandes corpos d’água, os tornados podem ser vistos como uma coluna de água que se estende desde a base da nuvem até a superfície da água e, por isso, recebem o nome de tromba d’água. 9 Formação de uma tromba d’água Vamos entender melhor 2 5 43 1. Encontro de massas de ar frio (de origem polar) e quente faz com que a massa quente, mais leve, suba formando o mesociclone. A subida de ar quente é compensada pela descida de ar frio e pesado. O meca- nismo lembra um enorme saca-rolha num movimento externo ascendente e interno descendente. 2. Caracteriza-se por ter o topo mais gelado do que a base. A diferença de temperatura provoca ventos mui- to fortes no interior. 3. O ar frio e pesado que desce e o ar quente que sobe formando o cone do tornado deslocam-se em função da dinâmica interna do fenômeno e também pela to- pografia da região em que se manifesta. Essa situação forma minifrentes frias. 4. Ela deu origem a um tornado. Uma rajada de vento escapou da nuvem e atingiu o solo com grande velo- cidade. 5. O ar quente no interior do tornado tem uma ten- dência natural de levantar e criar uma forte corrente para cima, enquanto o frio desce. A maioria dos tornados são escuros devido à poeira e aos detritos arrancados do solo, pois o redemoinho atua como um enorme aspirador de pó. A velocidade dos ventos de um tornado pode superar os 200 km por hora. Devido às suas pequenas dimensões e por estarem em- baixo de uma grande Cumulonimbus, esses fenômenos não são vistos por satélite, sendo que radares meteo- rológicos detectam fenômenos de escala maior que um quilômetro e identificam apenas assinaturas que podem indicar a presença de um tornado. Testemunhos pessoais são fontes importante de informações, principalmente quando acompanhados de vídeos ou fotografias. Lugares com baixa concentração populacional têm baixos valo- res de ocorrência de tornados, muitas vezes por falta de testemunhos. Contudo, regiões com grande concentra- ção populacional e onde há recursosabundantes para registro e cobertura pela mídia aparentam ter um maior número de ocorrências. Isso também justifica em parte a percepção popular de que tornados são mais frequentes hoje do que antigamente. 2.1.1. Tornados no Brasil? As regiões Sul e Sudeste do Brasil estão na segunda área de maior probabilidade de ocorrência de tornados no mundo, perdendo apenas para o Meio-Oeste dos Estados Unidos. O chamado “corredor de tornados” no Brasil compre- ende Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Existe con- trovérsia sobre qual estado brasileiro registrou mais tornados. Estudos apontam que São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina são os mais afetados. A região que inclui as cidades de Campinas, Itupeva e Jundiaí seria a mais afetada pelo fenômeno, já que está inse- rida em uma área de depressão periférica, mais plana e mais branda, favorecendo o deslocamento de fluxo de ar. As condições climáticas são propícias para a ocorrência do fenômeno, pois são áreas onde o choque de massas de ar frio e seco vindas da Patagônia e massas de ar quente e úmido formadas na Amazônia resulta em gran- des nuvens de tempestades. A formação de tornados no Brasil só foi aceita pela co- munidade científica recentemente. Antes, os tornados eram classificados como tempestades ou vendavais. 2.1.2. Furacão, tufão e ciclone Furacões e tufões são o mesmo fenômeno meteoro- lógico: ciclones tropicais. Os cientistas chamam essas tempestades de nomes diferentes, dependendo de onde 10 elas ocorrem. No Atlântico e norte do Pacífico, as tem- pestades são chamados de “furacões“, hurricane em inglês, por causa do deus caribenho do mal, chamado Hurrican. No noroeste do Pacífico, as mesmas tempes- tades poderosas são chamadas de “tufões“. No sudeste do oceano Índico e no sudoeste do Pacífico, elas são chamadas de “ciclones tropicais severos“. No norte do oceano Índico, elas são chamados de “tempestades ci- clônicas severas“. No sudoeste do oceano Índico, elas são chamadas apenas de “ciclones tropicais“. Fonte: Youtube Documentário When the Levees Broke: A Requiem in... A Requiem in Four Acts (Quando os Diques Rompem / Um Réquiem em Quatro Atos) do cineasta americano Spike Lee. O trabalho é uma homenagem humana e histórica à cidade de Nova Orleans, que sofreu com o furacão Katryna, e ao mesmo tempo mostra o protesto contra o governo do presidente George W. Bush e as feridas sociais deixadas pelo desastre natural. multimídia: vídeo Escala de furacões de Saffir-Simpson Categoria Velocidade do vento Efeitos F1 119 e 153 km/h Ressaca de 1,2 a 1,5 metros acima do normal; algumas inundações; pouco ou nenhum dano estrutural F2 155 a 177 km/h Ressaca de 1,8 a 2,4 metros acima do normal; queda de árvores; danos a telhados F3 178 a 209 km/h Ressaca de 2,7 a 3,7 metros acima do normal; danos estruturais em casas; habi- tações sem alicerces destru- ídas; inundações severas F4 210 a 248 km/h Ressaca de 4 a 5,5 metros acima do normal; inunda- ções severas no interior; grandes danos estruturais F5 acima de 249 km/h Ressaca de pelo menos 5,5 metros acima do normal; algumas inundações seve- ras adentrando o interior; sérios danos à maioria das estruturas de madeira 2.2. El Niño De tempos em tempos, as águas equatoriais do Pacífico aquecem de maneira anormal, resultando no aparecimen- to do fenômeno El Niño, que altera profundamente o clima em escala planetária. Esse aquecimento manifesta-se nos meses de setembro/outubro. Em dezembro, essa porção de água oceânica aquecida chega à costa peruana. Pelo fato de esse fenômeno ocorrer na costa da América do Sul na época do Natal, recebeu o nome de Menino Jesus, El Niño. Para os pescadores peruanos, sua ocorrência é um grande problema, pois o aquecimento das águas não permite que haja ressurgência e, consequentemente, diminui a pisco- sidade na corrente de Humboldt que margeia a costa do Chile e do Peru. O El Niño é responsável por alterações climáticas em várias partes do mundo. Apesar disso, as causas que levam ao seu aparecimento ainda são desconhecidas. Diversas hipó- teses, incluindo algumas mirabolantes, já tentaram explicar o fenômeno sem resultado. Em 1982, ocorreu a manifestação mais forte já registrada, tendo sido divulgada com grande alarde pela mídia. Em 1983, as temperaturas chegaram a 5,1 ºC acima dos níveis normais nas águas do oceano Pacífico. Estudos mais recen- tes apontam que a manifestação de 1972-1973 foi mais ativa que a do começo da década de 1980. Em outubro de 1997, registrou-se novamente o aqueci- mento das águas equatoriais do Pacífico. Em 1998, ela se apresentava 4 ºC acima dos níveis normais. O El Niño esta- va de volta com bastante força. Para ser classificada como furacão, tufão ou ciclone, uma tempestade deve atingir velocidades de vento de pelo menos 119 km/h. São aglomerados de tempesta- des que têm origem em oceanos onde a temperatura superficial da água está acima de 27 ºC. Essa água mais quente evapora e entra em contato com o ar mais frio, formando nuvens do tipo Cumulonimbus, que vão ab- sorvendo cada vez mais ar quente e úmido, aumentan- do as nuvens e criando um sistema de baixa pressão, formando grandes redemoinhos que giram cada vez mais rápido sobre o oceano. No Hemisfério Sul esses sistemas giram no sentido horário e, no Hemisfério Nor- te, giram no sentido anti-horário. Quando se aproximam do continente, os ventos vão perdendo intensidade em função do atrito com o solo e possíveis construções. São raros no Atlântico sul. O único sistema classificado como furacão na história do Brasil foi o Catrina, que ocorreu em março de 2004. 11 Clima e Meio Ambiente – José Bueno Conti multimídia: livro Por causa dele, algumas regiões do planeta voltaram a ter o seu regime de chuvas muito alterado. Fortes estiagens e muito calor castigaram os Estados Unidos, o sudeste da África, a Indonésia, a Austrália e a América Central. Por outro lado, índices pluviométricos muito acima do normal provocaram enchentes e prejuízos para a lavoura nos paí- ses europeus do Mediterrâneo, no oeste da Índia e no sul do Brasil. No Brasil, os efeitos de El Niño foram sentidos em diferen- tes regiões. O Nordeste foi flagelado por uma forte seca, enquanto o Rio Grande do Sul enfrentava enchentes. Na úmida região Norte choveu muito menos do que o espe- rado, propiciando o aparecimento de grandes incêndios, como o que devastou 15% do estado de Roraima. <h tt ps :/ /s ea le ve l.j pl .g ov > as áreas em vermelho representam regiões quentes, onde ocorre o Fenômeno do el niño. 2.3. La Niña La Niña também é um fenômeno cíclico cuja manifestação opõe-se a do El Niño. Acontece quando ocorre um res- friamento maior que o normal das águas do Pacífico, em média, a cada dois ou sete anos, e pode durar aproxima- damente um ano. Em 1998, os cientistas apontaram um decréscimo de 1,9 ºC na temperatura da superfície das águas equatoriais no Pacífico, indicação de enfraquecimento do El Niño e da atividade do La Niña. No Brasil, La Niña alterou o regime de chuvas nordestino e provocou uma primavera atípica na região Sudeste, com ín- dices pluviométricos maiores do que a média nesse período, e temperaturas mais baixas que o normal, provocadas pela sucessão de dias nublados ou chuvosos. As áreas em azul re- presentam regiões frias, onde ocorre o fenômeno do La Niña. Nos Estados Unidos, o inverno foi um dos mais rigorosos com temperaturas negativas recordes. A Europa também sentiu seus efeitos: tempestades de neve alastraram-se pelo continente, provocando avalanches nos Alpes austrí- acos, além de atingir regiões onde raramente neva, como em Paris, na França. Os estudos mais recentes desse fenômeno indicam que não há padrões regulares nas consequências causadas por La Niña: há variações nos regimes de chuvas para mais ou para menos. Fo nt e: < ht tp s: // se al ev el .jp l.g ov > as manchas em azul indicamque as águas do pacíFico equatorial estão mais Frias Observar e procurar entender alguns fatores climáticos, durante uma viagem para a praia ou para altitudes elevadas, e como eles influenciam nas atividades do dia a dia dos moradores das diferentes localidades observadas. Outra dica importante é observar os mapas meteorológicos dos telejornais. VIVENCIANDO 12 Apesar dos dois ramos do conhecimento possuírem um caráter interdisciplinar, a Meteorologia costuma estar mais atrelada à Física, enquanto a Climatologia é mais relacionada à Geografia. No entanto, um bom climatologista e um bom meteorologista precisam ter um amplo conhecimento sobre ambas as áreas. CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS DIAGRAMA DE IDEIAS FENÔMENOS CLIMÁTICOS DEVASTADORES FURACÃO TORNADO ANOMALIAS CLIMÁTICAS EL NIN ~ O LA NIN ~ A 13 [...] a compreensão de fenômenos como secas, enchentes e elevação da temperatura não deve ser preocupação ex- clusiva de cientistas e pesquisadores, mas de todos os ci- dadãos. É necessário que os indivíduos percebam em que medida tais ocorrências são frutos de fatores naturais ou da ação do próprio ser humano. Após conhecer as várias dimensões dos fenômenos climáticos, cada cidadão será capaz de exigir, tanto das autoridades governamentais como de toda a sociedade, uma ação eficaz voltada para a preservação do meio ambiente e, consequentemente, da vida. CONTI, José bueno; FURLAN, sueli angelo. 1. Introdução Para o entendimento do papel do clima na organização do espaço geográfico de uma dada região, parte-se do princí- pio de que ele é um dos elementos de seu sistema natural, o ambiente, e que disponibiliza seus recursos à sociedade. O clima vem assumindo um posto de destaque nas últimas décadas, sobretudo com a crescente preocupação com a degradação ambiental e com a contínua depleção dos re- cursos naturais, sendo considerado elemento-chave capaz de direcionar as ações do homem, que é o agente, a princí- pio, teoricamente apto a intervir no ambiente. Nesse sentido, o clima é um dos aspectos que expressa a relação entre a sociedade e a organização econômica e social do espaço urbano, já que, por um lado, eventos ex- tremos que estejam ligados à temperatura ou às precipi- tações fora dos padrões normais repercutem na qualidade de vida da população que habita as grandes cidades. Por outro, o espaço físico atua como fator geográfico de modi- ficação das condições iniciais do clima, alterando, assim, as propriedades inerentes aos sistemas atmosféricos atuantes sobre uma dada região. Como vimos em aulas anteriores, o entendimento e a caracterização do clima de um lugar dependem do estudo do comportamento do tempo durante pelo menos 30 anos: das variações da temperatura e da umidade, do tipo de precipitação (chuvas, neve ou granizo), da sucessão das estações úmidas e secas, etc. Por essa ra- zão, o clima é definido por Max Sorre como uma “sucessão habitual dos tipos de tempo num determinado local da su- perfície terrestre”, enquanto o tempo é apenas o estado da atmosfera de um lugar, num determinado momento. Tropicalidade Altitude Correntes marinhas Vegetação Relevo Continentalidade / maritimidade Massa de Ar O Brasil, por ser um país de dimensões continentais, apresen- ta uma ampliada diversidade climática, que se organiza por meio da ação de diversos fatores e elementos que influenciam o comportamento da atmosfera. Em alguns pontos, predomi- nam os efeitos de massas de ar quente; em outros, de massas de ar frio. Há também as ações da vegetação, da altitude e das variações de latitude, entre outros aspectos. A maior parte da área do Brasil está localizada na Zona Intertropical, ou seja, nas zonas de baixas latitudes, com climas quentes e úmidos. A essa característica, denominamos tropicalidade, determinada pela diferença de insolação recebida pelas várias regiões do país. Além dessa característica importante do clima brasileiro, também podemos citar as elevadas temperaturas na maior parte do território, os regimes pluviométricos e o mecanismo das massas de ar. Outro fator interessante do clima brasilei- ro refere-se à amplitude térmica (diferença entre as médias anuais de temperaturas máximas e mínimas): conforme se aproxima da linha do equador, a amplitude térmica é menor. 1.1. Relembrando... Uma vez que a Terra é sempre iluminada pelo Sol, por que a insolação não é igual em todos os lugares da Terra, durante o ano todo? Por duas razões: § No movimento de translação, a Terra gira em torno do Sol em uma órbita elíptica. No entanto, o Sol não está CLIMAS DO BRASIL E DO MUNDO HABILIDADE: 30 COMPETÊNCIA: 6 AULAS 11 E 12 14 situado exatamente no centro dessa elipse. Por essa ra- zão, a Terra não está sempre à mesma distância do Sol, enquanto percorre sua órbita. Movimento de translação da Terra Fonte: <alunoonline.uol.com.br/geograFia/ movimentos-translação.html>. (adaptado) § Em seu movimento de rotação, o eixo da Terra tem uma inclinação de mais ou menos 23° em relação à perpen- dicular ao seu plano de órbita. Inclinação do eixo da Terra Fonte: <proJetoazul.blogspot.com.br/2012/04/ inclinação-da-terra-em-seu-eixo.html>. Uma das principais consequências do movimento de transla- ção da Terra são as estações do ano, opostas nos dois hemis- férios em virtude da inclinação do eixo terrestre. As datas que marcam o início dessas estações determinam a maneira e a intensidade com que os raios solares atingem a Terra. Esses dias recebem o nome de equinócios e solstícios. No dia 21 de junho, os raios solares chegam verticalmente ao paralelo de 23º27’N (Trópico de Câncer), quando então ocorre o solstício de verão no Hemisfério Norte. É o dia mais longo e a noite mais curta do ano, que marcam o iní- cio do verão nesse hemisfério. No Hemisfério Sul acontece o solstício de inverno, com a noite mais longa do ano, mar- cando o início da estação fria (inverno) nesse hemisfério. No dia 21 de dezembro, os raios de sol incidem vertical- mente sobre o Trópico de Capricórnio (23º27’S). É o sols- tício de verão no Hemisfério Sul, com o dia mais longo do ano e o início do verão nesse hemisfério. No Hemisfério Norte acontece a noite mais longa do ano. É o início do inverno naquele hemisfério. A partir dos solstícios, as diferenças de duração entre os dias e as noites vão diminuindo, até que em determinadas datas ficam exatamente iguais (12 horas), com exceção das regi- ões polares, porque os raios solares incidem perpendicular- mente sobre a linha do equador. É quando temos o equinó- cio (palavra que significa noites iguais aos dias), que ocorre nos dias 21 de março (equinócio de outono, no Hemisfério Sul, e de primavera, no Hemisfério Norte) e 23 de setembro (equinócio de primavera, no Hemisfério Sul, e de outono, no Hemisfério Norte). Em razão da posição geográfica ocupada pelo Brasil, não é muito fácil percebermos exatamente as estações do ano e os equinócios e solstícios, principalmente nas regiões pró- ximas ao Equador. Essas duas ocasiões são mais perceptíveis à medida que nos afastamos do equador (baixa latitude) em direção às altas latitudes. Trópico de câncer Trópico de Capricórnio Círculo polar Antártico Equador Fonte: <https: pt.wikipedia.org/wiki/solstício> 1.2. As diferenças de insolação A quantidade de luz solar (insolação) recebida pelas várias regiões do país durante o ano não é uniforme. Nas áreas 15 mais próximas do equador, essa incidência de luz solar é mais ou menos constante durante todo o ano; por isso há poucas diferenças na duração dos dias e das noites nas quatro estações do ano. Porém, à medida que nos apro- ximamos das regiões subtropicais e temperadas, essas di- ferenças vão ficando cada vez mais claras: no inverno, as noites são mais longas; no verão, os dias duram mais. Essa é uma das explicações para o horário de verão: quan- do se adianta uma hora nos relógios dos estados da por- ção Sul, para que haja melhor aproveitamento da luz solar, economiza-se maisenergia elétrica. Não é adotado na por- ção Norte, porque não haveria resultados práticos. O que explica essa diferença de insolação recebida por todo o território brasileiro é o movimento de translação e suas conse- quências: os solstícios e equinócios, que configuram as estações do ano, bem como a inclinação do eixo de rotação da Terra. Fonte: Youtube Documentário de 2010 “Clima – Criando a paisagem” multimídia: vídeo 2. Elementos do clima do Brasil: as massas de ar Massas de ar, em meteorologia, são grandes porções de ar que apresentam condições internas de temperatura, pressão e umidade relativamente homogêneas, influenciadas pela região onde são formadas. Uma massa de ar cobre centenas ou milhares de quilômetros quadrados e possui as mesmas características da superfície que está abaixo dela. O local de formação da massa de ar é denominado região de origem e é nesse local que a massa de ar irá adquirir suas característi- cas de temperatura, pressão e umidade. Portanto, uma mas- sa de ar que se forma sobre uma superfície gelada, como a Antártida, apresenta características típicas dessa região, ou seja, temperatura baixa, alta pressão e pouca umidade. A troposfera (local de movimentação das massas de ar) não é uma camada homogênea, e, por isso, as massas de ar são classificadas de acordo com a latitude e as suas regiões de origem, continental ou marítima. As massas que se originam em latitudes altas são chamadas de massas polares ou árticas e as massas de ar que se formam em latitudes baixas são denominadas massas de ar tropical ou equatorial. Massas de ar continentais são secas, enquanto as marítimas são de monção úmida. Os sistemas frontais separam as massas de ar que têm diferentes densidades e temperaturas. Uma vez que uma massa de ar se move para longe de sua região de origem, fatores como a vegetação e disponibilidade de água numa determinada região podem modificar rapidamente o seu caráter. Isso quer dizer que, ao se deslocarem, as massas de ar vão aos poucos perdendo as suas características de temperatura, pressão e umidade originadas no momento de sua formação. Esse deslocamento ocorre sempre no sentido das altas pressões para as baixas pressões. Frentes quentes e frentes frias Frente quente é a parte dianteira de uma massa de ar quente em movimento. O ar frio é relativamente denso e o ar quente tende a dominá-lo, produzindo uma lar- ga faixa de nuvens e uma chuva fraca e persistente e às vezes nevoeiro esparso. As frentes quentes tendem a deslocar-se lentamente e podem ser facilmente al- cançadas por frentes frias, formando frentes oclusas. Quando uma frente deixa de se mover, chamamos de frente estacionária. As frentes quentes deslocam-se do equador para os polos. Como o ar quente é menos den- so que o ar frio, a massa de ar quente sobe por cima da massa de ar mais frio e geralmente ocorre precipitação. A temperatura eleva-se já ligeiramente antes da chega- da da frente quente, porque as nuvens aumentam lo- calmente o “efeito de estufa” na atmosfera, absorven- do radiação da superfície terrestre e emitindo radiação de volta à superfície. Uma frente quente é representada simbolicamente por uma linha sólida com semicírculos que apontam para o ar frio e na direção do movimento. Frente fria é a borda dianteira de uma massa de ar fria, em movimento ou estacionária. Em geral a massa de ar frio apresenta-se na atmosfera como um domo de ar frio sobre a superfície. O ar frio, relativamente den- so, introduz-se sob o ar mais quente e menos denso, provocando uma queda rápida de temperatura jun- to ao solo, seguindo-se de tempestades e também de trovoadas. As frentes frias deslocam-se dos polos para o equador, predominante de Noroeste, no Hemis- fério Norte, e de Sudoeste no Hemisfério Sul. Não es- tão associadas a um processo suave: as frentes frias movem-se rapidamente e forçam o ar quente a subir. Quando uma frente fria passa, a temperatura pode baixar mais de 5 °C só durante a primeira hora. Quan- do uma frente deixa de se mover, designa-se por frente estacionária. Uma frente fria é representada simboli- camente por uma linha sólida com triângulos que apontam para o ar quente e na direção do movimento. Frente fria Frente quente Frente oclusa Frente estacionária 16 2.1. O mecanismo das massas de ar no Brasil As massas de ar constituem elemento determinante dos climas brasileiros porque podem mudar bruscamente o tempo nas áreas onde atuam. O Brasil sofre a influência de praticamente todas as massas de ar que atuam na América do Sul, exceto as que têm ori- gem no oceano Pacífico (oeste), cuja influência é limitada pela cordilheira dos Andes, que barra a sua passagem para o interior do continente. O mecanismo das massas de ar no Brasil depende da circu- lação geral da atmosfera na Terra. Por ter 92% de seu território na zona tropical e estar loca- lizado no Hemisfério Sul, onde as massas líquidas (oceanos e mares) ocupam mais espaço do que as massas sólidas (terras), o Brasil é influenciado predominantemente pelas massas de ar quente e úmido. 2.1.1. Massa equatorial continental (mEc) Quente e úmida, com origem na região noroeste da Ama- zônia. Durante o inverno, essa massa restringe sua atuação à Amazônia ocidental, que é chuvosa durante todo o ano. No verão ocorre o escoamento de ar quente e úmido em baixos níveis altimétricos em direção às latitudes mais altas e a leste. Ou seja, durante o verão, a massa equatorial con- tinental exerce influência sobre a Amazônia oriental, Meio- -Norte (PI e MA), Centro-Oeste, Sudeste e, às vezes, sobre o sertão nordestino. Tem papel fundamental no transporte de umidade para outras regiões do país, devido ao forte processo de evapotranspiração da floresta. 2.1.2. Massa equatorial atlântica (mEa) Quente e úmida, formada no Atlântico equatorial e atuan- te sobretudo nos litorais do Nordeste e amazônico (Pará e Amapá). Essa massa contribui com 45% das chuvas que caem durante o período chuvoso nas proximidades da costa litorânea leste dos estados do Pará e Amapá. A massa equa- torial atlântica, ao encontrar com o ar do continente, forma as chamadas linhas de instabilidade (LI), caracterizadas pelos grandes conglomerados de nuvens cumulonimbus (nuvens cinzas que causam chuvas e trovoadas). São formadas gra- ças à circulação de brisa marítima – por influência da mEa –, podendo prolongar-se para o interior do continente ou até mesmo para o extremo oeste da Amazônia. A mEa é a causadora de precipitações na Amazônia central durante a estação seca (inverno); ao cair da tarde, em virtude da di- minuição da temperatura do ar e do acúmulo de vapor de água, ocorrem chuvas convectivas nas áreas dessas linhas. No litoral nordestino, causa chuvas principalmente no perío- do de inverno – de maio a setembro –, época em que a ZCIT se desloca para o norte e a circulação dos ventos alísios se intensifica (sopram para leste), trazendo mais chuvas. As linhas de instabilidade – LI, que se formam prin- cipalmente nos meses de verão no Hemisfério Sul (dezembro a março), encontram-se ao sul da linha do equador influenciando as chuvas no litoral norte do Nordeste e regiões adjacentes e ocorrem no período da tarde e início da noite. As linhas de instabilidade são bandas de nuvens cau- sadoras de chuva, normalmente do tipo cumulus, or- ganizadas em forma de linha (figura), daí o seu nome. Sua formação se dá basicamente pelo fato de que, com a grande quantidade de radiação solar incidente sobre a região tropical, ocorre o desenvolvimento das nuvens cumulus, que atingem um número maior à tar- de, quando a convecção é máxima, com consequentes chuvas. Outro fator que contribui para o incremento das linhas de instabilidade, principalmente nos meses de fevereiro e março, é a proximidade da ZCIT. Se uma linha de instabilidade se forma sobre regiões áridas, uma tempestade de areia conhecida como haboob pode resultar na formação de fortes ventos que carregam consigo poeirada superfície. Atrás de uma linha de instabilidade madura, uma área de baixa pressão em altitudes médias pode se formar, o que tende a criar um súbito aumento de tempera- tura por conta da massa de ar descendente que não mais está sendo resfriada pela chuva. Climatologia – noções básicas e climas do Brasil - Francisco Mendonça e Ines Moresco Danni-Oliveira Climatologia – noções básicas e climas do Brasil é uma obra de referência que reúne conceitos básicos de climatologia e meteorologia, com destaque para os domínios climáticos e sistemas atmosféricos que regem tempo e climas do continente sul-americano e Brasil. multimídia: livro 17 2.1.3. Massa tropical atlântica (mTa) Quente e úmida se forma próxima à latitude 30°S, entre o Brasil e a África. Essa massa de ar traz umidade e chuvas para o litoral oriental brasileiro – notadamente entre o “cotovelo” do RN e o norte do RS – ao longo do ano. Grande parte dos maiores índices pluviométricos no litoral é registrada no verão, com exceção do litoral oriental do Nordeste, pois naquela latitude as tempera- turas variam muito pouco durante o ano, e os alísios sopram com mais força no inverno. A mTa também penetra o continente, trazendo chuvas orográficas em diversos locais, como no planalto da Borborema, na chapada Diamantina e nas serras do Mar e da Mantiqueira. 2.1.4. Massa tropical continental (mTc) Quente e seca, forma-se no anticiclone tropical na planície do Chaco. O Chaco é uma região de planícies alagáveis que se estendem pelo norte da Argentina, noroeste do Paraguai, leste da Bolívia (mais seco) e chega ao Brasil, onde recebe o nome de Pantanal – no sudeste do MT e no oeste do MS. A baixa do Chaco se intensifica no verão e forma um anticiclone em altos níveis, que é a alta da Bolívia. No verão, a mTc penetra no país pelo oeste, atua com mais força sobre o Pantanal e exerce ação admirável em outras regiões, como no noroeste paranaense, Goiás, Tocantins e nas partes restantes do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além de ação periférica em Minas Gerais e oeste paulista. 2.1.5. Massa polar atlântica (mPa) É a mais famosa de todas. Tem origem no oceano Atlântico, junto ao extremo sul da Patagônia. É fria e úmida. No verão, por causa das temperaturas muito altas predominantes no continente sul-americano, a massa não consegue penetrar com força no continente, barrada muitas vezes pelo ar quente continental, e dirige-se a norte pelo Atlântico, preferencialmente. Mesmo vindo via oceano, chega enfraquecida ao litoral oriental, onde encontra a mTa, causando chuvas frontais. Às vezes, a mPa consegue vir através do continente no verão, atingindo o Sul e algumas partes do Su- deste brasileiro, causando mais chuvas frontais do que propriamente o frio. No inverno, essa massa penetra a América do Sul pela Patagônia – no sudeste da Argentina –, onde se encaminha para o Brasil, entrando pelo Rio Grande do Sul. Como vem por terra, a massa chega já bem mais seca que na sua origem e, por ser inverno, é muito mais fria do que no verão. A mPa pode chegar na Amazônia no inverno e causar o fenômeno conhecido por friagem. Atuação das massas de ar no Brasil – inverno e verão Brasil - Massas de ar Brasil - Massas de ar Verão Equador Inverno mEc mEa mTa mEc mTa mPa mTc Equador Alísio de sudeste mEa → Equatorial atlântica mEc → Equatorial continental mTa → Tropical atlântica mPa → Polar atlântica mTc → Tropical continental mTc mEa Fonte: educação.globo.com/geogra�a 18 Zona de Convergência Intertropical Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) é a área que circunda a Terra, próxima ao equador, onde os ventos ori- ginários dos Hemisférios Norte e Sul se encontram. A ZCIT era inicialmente chamada, entre os anos 1920 e 1940, de Frente Intertropical (FIT), mas, com o reconhecimento, nos anos 1940 e 1950, da relevância da convergência de ventos para a determinação do clima tropical, o termo ZCIT passou a ser aplicado. Na escala planetária, a ZCIT está localizada no ramo ascendente da célula de Hadley, atuando no sentido de transferir calor e umidade dos níveis inferiores da atmosfera das regiões tropicais para os níveis superiores da troposfera e para médias e altas latitudes. Entretanto, a ZCIT dinamicamente é uma região de baixa pressão, tendo convergência de escoamento em baixos níveis e divergência em altos níveis, sendo a fonte principal de precipitação nos trópicos (chuvas fortes), responsável por condições de mau tempo sobre uma extensa área e o desenvolvimento vertical das nuvens que se estende até a alta troposfera das regiões tropicais. Onde a ZCIT se junta à circulação de monção, ela é chamada de cavado de monção, termo de uso mais comum na Austrália e em algumas regiões da Ásia. Os primeiros marinheiros deram a esse cinturão de calma o nome de doldrums (literalmente, "desânimo"), por causa da inatividade e estagnação em que eles ficavam após dias sem ventos. Permanecer numa calmaria nessa região, num clima quente e abafado, poderia significar a morte numa época em que o vento era o único propulsor eficiente para os navios no oceano. Mesmo hoje, marinheiros em barcos de lazer ou de competição procuram cruzar a região o mais rápido possível, pois o clima errático e os padrões de vento podem causar atrasos indesejados. A ZCIT se apresenta como uma faixa de nuvens com grande desenvolvimento vertical (Cb – Cumulonimbus), fre- quentemente de tempestades, que circunda o globo próximo ao equador. No Hemisfério Norte, os ventos alísios se movem de nordeste para sudoeste, enquanto no Hemisfério Sul eles vão de sudeste para noroeste. Quando a ZCIT está posicionada ao norte ou ao sul do equador, essas direções variam conforme a força de Coriolis, provocada pela rotação da Terra. A ZCIT está inserida numa região onde ocorre a interação de características marcantes atmosféricas e oceânicas, tais como: § Zona de confluência dos Alísios (ZCA); § Zona do Cavado Equatorial; § Zona de Máxima Temperatura da Superfície do Mar (TSM); § Zona de Máxima Convergência de Massa; § Zona da Banda de Máxima Cobertura de Nuvens Convectivas. Todas essas características interagem próximo à faixa equatorial. Apesar dessa interação, as características não se apresentam necessariamente ao mesmo tempo, sobre a mesma latitude. 19 Influências da ZCIT no Brasil A ZCIT é um dos principais sistemas geradores de precipitação na região Norte e Nordeste do Brasil. A quantidade de precipitação durante o verão do HS na região Norte é influenciada por fatores como: os mecanismos de brisa marítima, que particular- mente ocorre o ano todo; a penetração de sistemas frontais, pois nessa época do ano a Alta Subtropi- cal do Atlântico Sul (ASAS) está mais para o ocea- no permitindo assim que o fenômeno de bloqueio não ocorra dentro do continente; o aparecimento da Baixa do Chaco, que aumenta a confluência em baixos níveis e dessa maneira articula a convecção profunda associada à alta umidade vinda da flo- resta Amazônica, e enfim a ZCIT, que na estação de verão está posicionada em latitudes que compreendem a parte Norte e Nordeste do Brasil. No inverno, a ZCIT está posicionada em latitudes mais ao norte, entretanto sua influência restringe-se apenas ao estado de Roraima. Em anos de El Niño, o ramo descendente da célula de Walker se desloca para a região sobre a Amazônia inibindo a convecção. Os ventos alísios de nordeste estão bem mais fracos, diminuindo assim o fluxo de umidade vinda dos oceanos que penetra na região Amazônica. Contudo, a ZCIT está posicionada bem mais ao norte do que sua posição normal e então períodos de El Niño são extremamente secos, durante o que seria a estação chuvosa (janeiro, fevereiro e março − JFM) da região Norte, mais precisamente na Amazônia Central. A região Nordeste fica bem ao sul da ZCIT em anos secos, ou seja, em uma região preferencialmente de subsidência que inibe a precipitação. Em anos chuvosos, a ZCIT se desloca até 6ºS atingindo a costa norte do Nordeste, permanecendopor períodos mais longos no HS até o mês de maio. Vale lembrar que o antici- clone do Atlântico Norte e consequentemente os ventos alísios de nordeste estarão mais intensos em anos chuvosos, logo a ZCIT estará mais ao sul. Zona de Convergência do Atlântico Sul Climatologicamente, a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) pode ser identificada, na composição de imagens de satélite, como uma banda de nebulosidade de orientação Noroeste/Sudeste, estendendo-se desde o sul da região amazônica até a região central do Atlântico Sul. Atua geralmente entre as regiões Centro-Oeste e Sudeste. Para a ZCAS se formar, é necessária uma frente fria bloqueada sobre o Sudeste e alimentada pela umidade que vem da Amazônia em altitude, formando, assim, um grande corredor de umidade de nuvens carregadas. Para ser considerada ZCAS, é preciso que esse processo dure pelo menos quatro dias, pois, quando uma frente fria fica parada por menos de quatro dias, os meteorologistas chamam esse fenômeno de Zona de Convergência de Umidade (ZCOU). Quando a ZCAS se forma, é sinal de grandes volumes de chuvas que, às vezes, perduram por quase uma semana, podendo provocar transbordamentos de rios e enchentes. A época mais comum para a formação da ZCAS no Brasil é o verão, pois é justamente nessa época do ano que acontece o fluxo de umidade da Amazônia para o Sudeste do país. Os meteorologistas conseguem prever a for- mação da ZCAS com pelo menos 11 dias de antecedência. mm. 3300 3000 2700 2400 2100 1800 1500 1200 900 600 300 Fonte: INMET 1931/1930 20 2.2. Pluviosidade do Brasil Apesar de o país apresentar médias anuais pluviométricas em torno de mil milímetros, as chuvas não se distribuem de modo uniforme por toda sua extensão. Em algumas áreas, como em trechos da Amazônia, no lito- ral sul da Bahia e no trecho paulista da serra do Mar, chove mais de 2 mil milímetros por ano. É o caso da Amazônia, de Belém (PA), com 2,2 mil mm anuais, e em São Paulo; na área banhada pelo rio Itapanhaú, em Bertioga, chove mais de 4 mil milímetros. No extremo oposto está o Sertão do Nordeste, com totais bem abaixo da média do país, como nas localidades de Cabaceiras, na Paraíba (331 mm anuais), e Areia Branca, no Rio Grande do Norte (588 mm anuais). Na maior parte do território brasileiro chove anualmente mil e dois mil milímetros. A porção situada abaixo do paralelo 20ºS, onde predomina o clima subtropical, é caracterizada pela relativa uniformi- dade das chuvas ao longo do ano. <p re -v es tib ul ar .a rt eb lo g. co m .b r> <p re -v es tib ul ar .a rt eb lo g. co m .b r> <p re -v es tib ul ar .a rt eb lo g. co m .b r> ciclônicas 2.3. Temperaturas Em quase 95% de nosso território, temos médias térmicas superiores a 18 ºC, como decorrência da tropicalidade. Ob- serve no mapa "Temperatura Média Anual". Entretanto, o comportamento das temperaturas está sujei- to à influência de outros fatores além da latitude: a altitu- de, a continentalidade e as correntes marítimas. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), no Brasil a temperatura máxima (43,2 ºC) foi registrada em 1982, na cidade de Bom Jesus do Piauí, no estado do Piauí; e a mínima (–11,6 ºC), na cidade de Xanxerê, no estado de Santa Catarina, em 25 de julho de 1945. No primeiro caso, a latitude e a influência do oceano podem explicar a ocor- rência de altas temperaturas; no segundo, o frio extremo é consequência da conjugação dos fatores latitude (média) e altitude (alta). Temperatura média anual Verão Primavera 5N EQ 5S 10S 15S 20S 25S 30S (a) 75W 70W 65W 60W 55W 50W 45W 40W 35W 5N EQ 5S 10S 15S 20S 25S 30S (b) 75W 70W 65W 60W 55W 50W 45W 40W 35W Inverno Outono 5N EQ 5S 10S 15S 20S 25S 30S 75W 70W 65W 60W 55W 50W 45W 40W 35W (c) 75W 70W 65W 60W 55W 50W 45W 40W 35W (d) 5N EQ 5S 10S 15S 20S 25S 30S 6 8 10 12 14 16 18 20 22 ht tp s:/ /si te s.g oo gl e. co m /si te /e cli ps el un ar 21 22 00 8/ cli m at ol og ia Verão Primavera 5N EQ 5S 10S 15S 20S 25S 30S (a) 75W 70W 65W 60W 55W 50W 45W 40W 35W 5N EQ 5S 10S 15S 20S 25S 30S (b) 75W 70W 65W 60W 55W 50W 45W 40W 35W Inverno Outono 5N EQ 5S 10S 15S 20S 25S 30S 75W 70W 65W 60W 55W 50W 45W 40W 35W (c) 75W 70W 65W 60W 55W 50W 45W 40W 35W (d) 5N EQ 5S 10S 15S 20S 25S 30S 6 8 10 12 14 16 18 20 22 ht tp s:/ /si te s.g oo gl e. co m /si te /e cli ps el un ar 21 22 00 8/ cli m at ol og ia Verão Primavera 5N EQ 5S 10S 15S 20S 25S 30S (a) 75W 70W 65W 60W 55W 50W 45W 40W 35W 5N EQ 5S 10S 15S 20S 25S 30S (b) 75W 70W 65W 60W 55W 50W 45W 40W 35W Inverno Outono 5N EQ 5S 10S 15S 20S 25S 30S 75W 70W 65W 60W 55W 50W 45W 40W 35W (c) 75W 70W 65W 60W 55W 50W 45W 40W 35W (d) 5N EQ 5S 10S 15S 20S 25S 30S 6 8 10 12 14 16 18 20 22 ht tp s:/ /si te s.g oo gl e. co m /si te /e cli ps el un ar 21 22 00 8/ cli m at ol og ia Fonte: Youtube A chuva cai – Beth Carvalho multimídia: música 3. Os fatores do clima no Brasil Diversos fatores podem modificar os elementos que com- põem o clima. No caso brasileiro, destacamos a altitude, a latitude, a continentalidade, a maritimidade e as correntes marinhas, que podem ter maior ou menor influência no clima brasileiro. 3.1. Altitude Quanto maior a altitude, mais frio será. Mas somente a in- fluência da altitude, isolada de outros fatores, não é muito 21 marcante no Brasil, porque mais de 95% do relevo brasilei- ro estão a menos de 1,2 mil metros de altitude. Campos do Jordão, em São Paulo, e as serras gaúchas e catarinenses, com altitudes acima de 1,2 mil metros são, exceções. A imagem a seguir ilustra diferentes médias térmicas anuais de acordo com as altitudes. Relação entre a altitude e a temperatura metros 4800 4000 3100 2400 1600 800 0 <w w w .b us hc ra ftb r.c om > Fonte: ibge. anuário estatístico do brasil, 1999. 3.2. Latitude Esse fator influencia os climas no Brasil, pois o território bra- sileiro apresenta quase 40º de variação latitudinal. Nas altas latitudes, as temperaturas são mais baixas e as amplitudes térmicas, maiores. Portanto, as cidades próximas à linha do equador (região Norte) têm amplitudes térmicas menores e temperaturas mais altas do que as cidades do Sul e do Su- deste, em virtude das diferenças de latitude entre elas. Fator latitude e médias térmicas Fonte: ibge. atlas nacional do brasil, 2000. 3.3. Continentalidade e maritimidade Quanto menor a distância em relação ao mar, menor a am- plitude térmica de uma cidade, porque a proximidade do mar torna as temperaturas mais estáveis. Isso ocorre em consequência do “efeito regulador de caráter térmico” que as águas dos oceanos exercem sobre as terras próximas. Por exemplo, a cidade de Santos, em São Paulo, possui me- nor amplitude térmica do que cidades localizadas no inte- rior do território brasileiro, como as dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Fonte: <proFessoralexinowatzki.webnode.com.br/climatologia/ Fatores-do-clima/continentalidade-e-maritimidade>. 22 3.4. Correntes marítimas O Brasil sofre influência de duas correntes marítimas quentes: a corrente do Brasil (no sentido sul) e a corrente das Guianas (no sentido norte), que contribuem para os climas quentes. Correntes marítimas que atuam no Brasil CLIMAS CONTROLADOS POR MASSAS DE AR EQUATORIAIS E TROPICAIS Equatorial Úmido Litorâneo Úmido Tropical Tropical Semi-Árido CLIMAS CONTROLADOS POR MASSAS DE AR EQUATORIAIS E POLARES Subtropical Úmido Corrente quente Corrente fria <a sp ec to st er re st re s. bl og sp ot .c om .b r> Tropical Semiárido 4. Climas do Brasil EQUATORIAL TROPICAL TROPICAL SEMI-ÁRIDO TROPICAL DE ALTITUDE TROPICAL ATLÂNTICO SUBTROPICAL Equador Trópico de Capricornio 65º 45º ESCALA 0 590 km OCEANO ATLÂNTICO <g eo gr af iap ar ap ro fe ss or es .w or dp re ss .co m > SEMIÁRIDO 23 4.1. Clima equatorial O clima equatorialabrange a região Norte brasileira, o norte do Mato Grosso e de Tocantins e, ainda, o oeste do Maranhão. Todo esse espaço é conhecido por Amazônia (entre 5°N e 10°S), área que apresenta clima, vegetação e hidrografia típicos de regiões equatoriais. O clima é quente e úmido. Devido aos altos valores de energia so- lar incidente na superfície amazônica, o comportamento da temperatura do ar mostra pequena variação ao longo do ano. A amplitude térmica sazonal é da ordem de 1° a 2 °C/ano – a menor do Brasil – sendo que os valores médios se situam entre 24 °C no mês mais frio e 26 °C no mês mais quente. Em particular, Belém (PA) apresenta temperatura média mensal máxima de 26,5 °C, no mês de novembro, e temperatura mínima de 25,4 °C, em mar- ço. Manaus (AM), por outro lado, possui seus extremos de temperatura nos meses de setembro (27,9 °C) e abril (25,8 °C). A exceção é aquela parte mais ao sul (Rondônia e Mato Grosso). A região amazônica possui uma precipitação média de aproximados 2,3 mil mm por ano. Existem algumas dife- renças no clima da Amazônia, dividido em equatorial úmi- do e equatorial subúmido (ou semiúmido). Na Amazônia ocidental – mais especificamente noroeste do Amazonas –, onde atua a massa equatorial continental durante todo o ano, não existe estação seca, e as médias pluviométricas são altas. Na fronteira entre Brasil, Colômbia e Venezuela, o total anual atinge os 3,5 mil mm, e o clima é dito equa- torial superúmido. No litoral do Pará e do Amapá, os níveis de precipitação também são altos (cerca de 2,5 mil mm ao ano) e sem período de seca definido, pois há influência das linhas de instabilidade que se formam ao longo da costa litorânea durante o período da tarde e são forçadas pela brisa marítima. Nessa área, o clima é equatorial úmido. O período de chuvas ou de forte atividade convectiva na região amazônica é compreendido entre os meses de no- vembro e março, sendo que o período de seca (sem grande atividade convectiva) é entre maio e setembro, chovendo menos de 60 mm. Esse último período ocorre numa área que abrange o leste de Roraima (parte mais seca da Ama- zônia), a região do médio Amazonas – também conhecida como Amazônia central, onde estão Marabá, Santarém, etc. Observar como os diferentes climas do Brasil (um país bastante extenso leste-oeste e norte-sul) podem interferir no dia a dia das pessoas (roupas, culinária, lazer) e na economia (turismo, agropecuária, etc). VIVENCIANDO –, o sul do Pará, Rondônia e partes do Acre. Ao sul dela, o inverno é mais seco e, em razão da ação devastadora do homem – garimpagem, desmatamento, queimadas, projetos agropastoris –, a pluviosidade diminuiu cerca de 10% nos últimos tempos. Ao norte amazônico, a estação da primavera é também seca, sendo que lá costuma chover em torno de 2,0 mil mm por ano e o clima é o equatorial semiúmido. Fonte: <proFwladimir.blogspot.com.br/2012/09/mapas-brasil-clima.html>. (adaptado) 4.2. Clima tropical continental O clima tropical envolve a maior parte da região Cen- tro-Oeste, do Sudeste e partes do Nordeste. As tempe- raturas médias anuais estão acima de 18 °C e há uma alternância nítida entre a estação seca (inverno) e a es- tação chuvosa (verão). Os índices de precipitação ficam em torno dos 1,5 mil mm anuais. No verão, predomina a atuação da massa equatorial continental e/ou da massa tropical atlântica, isto é, o verão apresenta muito calor e muita umidade (chuvas convectivas). Em outros casos ocorre o encontro da mEc com a mPa, que chega já muito enfraquecida às regiões de clima tropical típico, mas cau- sa tempestades frontais ao se encontrar com a primeira. 24 Mais de 70% do total das chuvas caem entre novembro e março. No inverno predomina a atuação da massa tro- pical continental e da massa polar atlântica, que chega já sem umidade à região central do Brasil e o clima é seco. No interior do país sentimos com nitidez o efeito de continentalidade. Em cidades como Brasília ou Cuiabá, o clima costuma ser bem seco em julho, cuja temperatura diurna passa facilmente dos 25 ºC, alcançando até 30 ºC; mas, à noite, a temperatura não raro cai abaixo dos 15 ºC, chegando aos 10 ºC em algumas ocasiões, diminuindo bastante a média diária. Fonte: <proFwladimir.blogspot.com.br/2012/09/mapas-brasil-clima.html>. (adaptado) Na área de clima tropical merece destaque também o Pantanal mato-grossense, por ser uma região de clima muito quente, que apresenta um longo período de es- tiagem – de abril a setembro. No Pantanal, as médias pluviométricas estão por volta dos 1,2 mil mm anuais, chovendo cada vez menos à proporção que caminhamos para oeste. www.cptec.inpe.br multimídia: site 4.3. Clima tropical semiárido O clima semiárido abraça uma região cujo limite apresenta algumas variações nos diferentes mapas. É uma porção do território nacional, não totalmente contínua, em que as pluviosidades são baixas (no má- ximo 750 mm/ano) e irregulares. O clima semiárido ocupa um pedaço de terra que adentra o país desde uma estreita faixa de terra litorânea na divisa dos lito- rais cearense e potiguar (RN). É o clima denominado sertão nordestino, presente em todos os estados dessa área brasileira, com exceção do Maranhão. A região do vale do rio Jequitinhonha, no norte mineiro, também é semiárida. semiárido Fonte: <proFwladimir.blogspot.com.br/2012/09/mapas-brasil-clima.html>. (adaptado) O sertão nordestino é uma região de grande variabilidade anual na precipitação. Historicamente, sempre foi afetado por grandes secas ou cheias. O clima tropical semiárido do sertão do Nordeste reflete as condições de divergência anticiclônica do ar, isto é, geradora de ventos e dispersora de ar. As altas pressões fazem com que a mTa, mEc e mPa, que gerariam instabilidades na região, sejam muitas vezes dissipadas. Há diversas partes no domínio do clima semiárido em que a evaporação da água é superior à quantidade que cai em forma de chuva. A desertificação é definida como “a degra- dação da terra nas zonas áridas, semiáridas e subúmidas secas resultantes de fatores diversos, tais como as varia- ções climáticas e as atividades humanas”. Esse desgaste apresenta-se como: 25 § empobrecimento dos solos e de recursos hídricos; § danos à vegetação e à biodiversidade; e § redução da qualidade de vida da população afetada. Existem indícios de desertificação em pelo menos cinco locais: Gilbués (PI), Irauçuba (CE), Cabrobó (PE), Seridó (RN/PB), Rodelas – Raso da Catarina (BA). Os solos do semiárido, em geral, são rasos, pedregosos e pobres em matéria orgânica. Lá estão as maiores médias térmicas do país (próxi- mo de 26 °C), chegando a 28 °C em algumas cidades, como em Sobral (CE). A massa tropical atlântica atua esporadicamente no inverno, mas costuma chegar já sem muita umidade no sertão. A famosa seca ocorre quando não chove durante longos períodos de um ano ou mais. Já houve secas de até três anos em algumas cidades sertanejas. As áreas em que menos chove, com 9 a 11 meses secos, ficam no “cotovelo” do São Francis- co, entre a Bahia e Pernambuco; e na região da Bahia, conhecida como sertão de Canudos, onde chove em média menos de 500 mm/ano. Na maior parte dos verões, ocorre a penetração da mas- sa equatorial continental, que já perdeu grande parte da umidade pelo caminho. Os sertanejos chamam o verão de inverno, porque, irregularmente, a mEc traz chuvas esporádicas à região; além disso, essas águas são decorrência da ação da mEc e amenizam um pou- co as temperaturas. As explicações para a origem dessa mancha semiárida ainda são incompletas e bastante diversas. Uma primeira explicação seria a presença do planalto da Borborema, que funciona como barreira para a passagem dos ventos oceânicos, retendo toda a umidade na franja litorânea. No entanto, essa explica- ção pode ser contestada em função das modestas alti- tudes e pela irregularidade desse planalto. A presença de uma célula de alta pressão atmosférica (anticiclonal),geradora de ventos, também dificulta que a massa equatorial continental, a tropical atlântica e a frente polar levem umidade para a região. Explicações mais recentes contemplam também o papel das corren- tes marítimas. É que, nas baixas latitudes do atlântico ao sul do equador, as águas são mais frias, devido à influência da corrente marítima fria de Benguela, que, após atingir costas ocidentais da África, onde se origina o deserto da Namíbia, desloca-se numa rotação anti- -horária até o litoral do nordeste brasileiro, provocando queda na pluviosidade numa faixa de 10º de latitude desde o litoral do Ceará e Rio Grande do Norte até o norte de Minas Gerais. 4.4. Clima tropical úmido Fonte: <proFwladimir.blogspot.com.br/2012/09/mapas-brasil-clima.html>. (adaptado) O clima tropical úmido ou tropical atlântico ou, ain- da, litorâneo úmido, é próprio da faixa litorânea que vai da divisa do Paraná e de São Paulo até próximo ao “co- tovelo” do Rio Grande do Norte. A precipitação média da área é de 2.000 mm/ano. Há o predomínio da massa tropi- cal atlântica ao longo do ano e existe uma estação muito chuvosa e outra, menos. Do Sudeste até o sul da Bahia, as chuvas prevalecem no verão, e de Salvador ao Rio Grande do Norte, no inverno. 4.5. Clima tropical de altitude O clima tropical de altitude é o que domina nos planal- tos e serras do leste e sudeste do Brasil. Dentre eles estão o planalto Atlântico, que compreende as áreas das serras do Mar e Mantiqueira, além da região metropolitana de São Paulo, conhecida como Grande São Paulo; a escarpa de Botucatu, na borda leste do planalto ocidental paulista; as regiões da serra da Canastra e serra do Espinhaço, ambas em Minas Gerais. Nessas áreas, as médias térmicas anuais caem para per- to de 18 °C ou até menos, o que se deve tanto à lati- tude um pouco maior dessa área – que costuma sofrer ação intensa da mPa durante o inverno – quanto ao predomínio de regiões de dobramentos antigos relati- vamente altas. 26 Fonte: <proFwladimir.blogspot.com.br/2012/09/mapas-brasil-clima.html>. (adaptado) Em geral, as precipitações são pouco mais acentuadas que na região de clima tropical. A região com as maiores médias pluviométricas do Brasil está na serra do Mar, no estado de São Paulo, e o lugar no qual já foram registrados os maiores índices de precipitação do Brasil é Itapanhaú (próxima à cidade paulista de Mogi das Cruzes), onde já choveu 4.500 mm num único ano. No domínio do clima tropical de altitude, sobreleva-se a ação da massa tropical atlântica. Além disso, é frequente a ação da massa polar atlântica. O encontro dessas duas traz muitas chuvas à região, sobretudo no verão, quando a mPa faz um caminho quase marinho, chegando carregada de umidade às regiões serranas. 4.6. Clima subtropical O clima subtropical abrange a parte do Brasil ao sul do Trópico de Capricórnio, que apresenta as meno- res médias térmicas do país, quase sempre inferiores a 18 ºC no ano. As amplitudes térmicas – diferenças entre a média térmica do mês que se escolhe para análise com a da maior média térmica do ano e do mês de menor média térmica – são em geral superiores a 10 ºC de diferença do mês mais frio para o mais quente. A massa tropical atlân- tica atua por todo o litoral do sul do país, principalmente a partir do litoral norte do Rio Grande do Sul, levando bas- tante chuva durante o ano todo. É importante também a ação da massa polar atlântica e das frentes polares, muito presentes na região no verão, trazendo chuvas e, às ve- zes, fazendo cair as temperaturas. No inverno, a mPa traz chuvas, geadas e até alguns casos de neve, além do frio, é claro. O clima é mais frio nas áreas serranas dos lestes pa- ranaense e catarinense, e nas serras do Rio Grande do Sul; em outras áreas, com altitudes menos expressivas, é mais brando. As precipitações estão em torno dos 1.500 mm anuais e são bem distribuídas ao longo do ano. Mais es- pecificamente, no norte do Paraná, as chuvas predominam no verão e, no sul do Rio Grande do Sul, de junho a julho. Fonte: <proFwladimir.blogspot.com.br/2012/09/mapas-brasil-clima.html>. (adaptado) 5. Os grandes climas do planeta Terra O deslocamento das massas de ar formadas na dinâmica da circulação atmosférica é responsável pela ocorrência simultânea de diversos tipos de tempo atmosférico no pla- neta. Como as massas de ar não são um elemento estático, os tempos obtidos de sua atuação também não. Apesar disso, a repetição de determinados tipos de tempo atmos- férico permite a identificação de grandes climas terrestres. 5.1. Clima equatorial Tipo de clima localizado entre 5ºN e 5ºS, ou seja, muito pró- ximo da linha do equador. As principais áreas de ocorrência são as bacias do Congo e do Amazonas, ilhas do sudeste Asiático e, ainda, da costa oriental da América Central. As temperaturas médias anuais situam-se entre 24 ºC e 27 ºC, e a temperatura média mensal é sempre superior a 18 ºC – o Sol anda sempre muito próximo do zênite, ponto mais alto na abóbada celeste. A amplitude térmica anual é inferior a 4 ºC, ou seja, as oscilações são mínimas. As chuvas são abundantes o ano todo. Num mês, raramen- te são inferiores a 60 mm. São chuvas de convecção, ou seja, oriundas do ciclo da água. 27 5.2. Clima tropical A área de ocorrência encontra-se entre 5ºN e 30ºS, desta- cando-se partes da Venezuela e da Colômbia, interior do Brasil, Sudão, porção oriental da África, parte da África do Sul, norte da Austrália e regiões da América Central. Suas temperaturas são constantes e elevadas ao longo do ano, visto que o Sol se encontra quase sempre próximo do zêni- te. Por isso, a duração dos dias e das noites não varia muito ao longo do ano. A amplitude térmica anual é superior à do clima equatorial, oscilando entre 15 ºC e 20 ºC. As chuvas são essencialmente de origem convectiva. No entanto, nas regiões montanhosas são comuns chuvas de origem orográfica, cujos totais anuais e mensais chegam a atingir valores muito elevados; por exemplo, no norte da Índia, numa localidade chamada Cherrapunji, a me- dia anual é de 11,4 mil mm, e em um único mês foram registrados 9,3 mil mm. Situação semelhante verifica-se nas serras próximas do litoral brasileiro. Mesmo assim, de maneira geral, as chuvas anuais nas áreas tropicais ainda são menores que nas regiões equatoriais. O clima tropical caracteriza-se genericamente pela exis- tência de duas estações ou períodos: a estação mais úmi- da e a estação seca. 5.3. Clima desértico A área de ocorrência mais comum situa-se entre os 15ºN e 45ºS, coincidindo com as faixas tropicais. São destaques o norte do México, o sudoeste dos EUA, todo o norte da África, a Arábia, o Irã, o Paquistão, o interior da Austrália, o sudoeste da África do Sul e a faixa formada por Peru e Chile. As temperaturas sofrem grandes oscilações ao longo do dia, superiores a 30 ºC, em função da pequena capacidade do solo de reter o calor. As temperaturas médias mensais são elevadas, situando-se acima dos 35 ºC. As chuvas são fracas ou inexistentes, sendo normalmente inferiores a 150 mm por ano. A precipitação ocorre sempre de forma lo- calizada, com aguaceiros irregulares. Pode ser desastrosa, visto que, como não há vegetação, o escoamento é muito rápido e pouco proveitoso, formando-se torrentes de lama. A maior parte da água que cai evapora em seguida. A aridez, reforçada pela presença de correntes frias que fornecem pouquíssima umidade para os litorais, é a princi- pal característica do clima desértico. 5.4. Clima mediterrâneo Sua área de ocorrência está entre 0ºN e 40ºS, destacan- do-se a bacia do Mediterrâneo, a Califórnia, o Centro do Chile, o sul da África do Sul e sul da Austrália As temperaturas são elevadas durante a maior par- te do ano, chegando à média de 22 ºC anuais. No in- verno, porém, as temperaturas são suaves. A amplitu- de térmica anual não é significativa e fica próxima dos 15 ºC, mas a média do mês mais frio nunca é inferior a 5 ºC.
Compartilhar