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Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6545-5
9 7 8 8 5 3 8 7 6 5 4 5 5
Código Logístico
58975
Lucienne Lautenschlager
Produção e Interpretação de Textos
Produção e
Interpretação
de Textos
Lucienne Lautenschlager
 Saber escrever, desde uma mensagem de 
texto no celular até um artigo acadêmico, não é uma 
habilidade espontânea, mas ensinada e aprendida com 
o objetivo de criar e reconhecer efeitos de sentido. 
Por isso, esta obra busca mostrar que todas as pessoas 
que desejam aprender sobre produção e interpretação 
de textos podem vir a reconhecer e compreender 
estruturas linguísticas de qualquer tipo ou gênero 
textual, tornando-se um leitor experiente.
 Apesar de serem muitos os caminhos da produção 
e interpretação de textos, neste livro evidencia-se um 
percurso que exige do leitor reflexão crítica e percepção 
do uso linguístico. Assim, esta obra traz artifícios 
linguísticos de extrema valia para o uso eficaz da escrita 
e leitura na (re)construção de efeitos de sentido.
Código Logístico
58975
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6545-5
9 7 8 8 5 3 8 7 6 5 4 5 5
Produção e interpretação 
de textos
IESDE
2019
Lucienne Lautenschlager
© 2019 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem 
autorização por escrito da autora e do detentor dos direitos autorais.
Capa: IESDE BRASIL S/A.
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
L423p
Lautenschlager, Lucienne
Produção e interpretação de textos / Lucienne Lautenschlager. - 
1. ed. - Curitiba [PR]: IESDE Brasil, 2019.
130 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6545-5
1. Língua portuguesa - Estudo e ensino (Superior). 2. Compreensão 
na leitura. 3. Língua portuguesa - Composição e exercícios - Estudo e 
ensino (Superior). I. Título.
19-60651 CDD: 469.8
CDU: 811.134.3
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Lucienne Lautenschlager
Mestre em Letras pela Universidade de São Paulo (USP). 
Graduada em Letras pela Universidade Braz Cubas (UBC) e 
em Pedagogia pela Universidade Nove de Julho (Uninove). 
Atua como psicopedagoga e consultora educacional de uma 
multinacional. É autora de livros sobre educação e editora de 
livros didáticos. Possui renomada experiência na formação 
de educadores, tanto da área pública quanto privada.
Sumário
Apresentação 7
1. Leitura e interpretação na prática 9
1.1 Finalidades da leitura 10
1.2 Texto e contexto 15
1.3 Linguagem verbal e não verbal 19
1.4 Intertextualidade 23
2. A linguagem nua e crua 29
2.1 Funções da linguagem 30
2.2 Denotação e conotação 43
2.3 Polissemia e ambiguidade 44
3. Estratégias de leitura e de escrita 53
3.1 Níveis de leitura de um texto 54
3.2 Tópico frasal e desenvolvimento de um parágrafo 66
3.3 Resumo 68
4. Tipologias e gêneros textuais 75
4.1 Tipos de textos 76
4.2 Narrar, argumentar e comunicar 86
4.3 Gêneros textuais 91
5. A escrita acadêmica na produção científica 99
5.1 Linguagem formal e informal 100
5.2 Exercitando a argumentação 104
5.3 Artigo acadêmico 113
Gabarito 125
Apresentação
Saber escrever, desde uma mensagem de texto no celular 
até um artigo acadêmico, não é uma habilidade espontânea, 
mas ensinada e aprendida com o objetivo de criar e reconhecer 
efeitos de sentido. Por isso, esta obra busca mostrar que todas as 
pessoas que desejam aprender sobre produção e interpretação 
de textos podem vir a reconhecer e compreender estruturas 
linguísticas de qualquer tipo ou gênero textual, tornando-se 
um leitor experiente.
No primeiro capítulo tratamos sobre as finalidades de 
leitura reconhecidas dentro de um contexto e as linguagens 
verbal e não verbal. A intertextualidade também é abordada, 
sob a perspectiva de que um texto sempre traz outros textos, 
possibilitando uma interpretação muito mais abrangente e 
funcional.
No segundo capítulo, procuramos mostrar a linguagem 
dentro dos discursos produzidos de modo tanto espontâneo 
quanto intencional. São abordadas também as diferentes 
funções da linguagem e os vários sentidos que as palavras 
podem receber.
No terceiro capítulo, refletimos sobre os graus de 
aprofundamento de leitura, sugerindo estratégias, como a 
identificação do núcleo de um parágrafo e a elaboração de 
um resumo, para auxiliar tanto a leitura quanto a escrita de 
um texto.
8 Produção e interpretação de textos
No quarto capítulo estudamos as estruturas discursivas 
que facilitam o enquadramento de um texto em tipos ou 
gêneros textuais. Assim, você poderá refletir sobre a função 
social de um texto e se ele atende às regularidades discursivas 
que facilitam a comunicação.
Por fim, no quinto capítulo apresentamos o universo 
acadêmico, mostrando como você pode utilizar diferentes 
tipos de argumentação para validar e divulgar suas 
pesquisas, utilizando a linguagem e a estrutura adequadas 
ao gênero artigo acadêmico.
Apesar de serem muitos os caminhos da produção e 
interpretação de textos, evidenciamos neste livro um percurso 
que exige a reflexão crítica e a percepção do uso linguístico. 
Assim, trazemos artifícios linguísticos de extrema valia para 
o uso eficaz da escrita e da leitura na (re)construção de efeitos 
de sentido.
Finalmente, desejamos um ótimo aprendizado e uma 
excelente jornada de aprendizagem!
1
Leitura e interpretação na prática
Lemos para que e por quê? Saber ler e interpretar significa, 
antes de tudo, identificar a finalidade do estudo com base nos 
múltiplos impactos discursivos e sociais. Comunicar-se e interagir 
com a língua portuguesa não quer dizer só ler e entender o que 
vem à cabeça, mas sim investigar o que cada elemento linguístico 
(verbos, adjetivos, substantivos, sinais de pontuação etc.) traz de 
informação e como podemos utilizá-lo para ampliar nosso universo 
de conhecimento, fazendo relações entre tudo aquilo que nós lemos, 
ouvimos, observamos e com o que interagimos.
A partir deste momento, você está convidado a refletir sobre o 
que significa ler bem. Ao iniciar essa difícil, mas fascinante reflexão, 
lembre-se de uma importante observação feita por Carlo Goldoni, 
dramaturgo veneziano: “O mundo é um belo livro, mas é pouco útil 
a quem não o sabe ler” (CABADA, 2001). Logo, se quiser descobrir 
um mundo de conhecimento, você terá de refletir sobre diferentes 
situações dentro dos textos.
Para começarmos essa jornada, vale dizer que este capítulo 
está dividido em quatro partes. Na primeira, refletiremos sobre os 
objetivos da leitura, para que reconheçamos essa prática de maneira 
significativa. Já na segunda parte, vamos aprender a situar o texto no 
contexto em que ele foi produzido, a fim de ampliar a compreensão 
leitora. Em seguida, veremos como diferentes linguagens produzem 
diferentes significados, e que o domínio da linguagem tanto verbal 
como não verbal garante aos sujeitos a expansão da capacidade do 
uso da língua. Por fim, discutiremos como todo texto traz outros 
textos de modo intrínseco, que, se reconhecidos, aumentam nossa 
capacidade de compreensão e senso crítico.
10 Produção e interpretação de textos
1.1 Finalidades da leitura
Ler é uma das ações mais importantes e todo e qualquer indivíduo 
deveria colocá-la em prática no dia a dia, pois ela pode oportunizar 
novos aprendizados e mudanças significativas no nosso pensamento, 
além de auxiliar na busca por uma solução para qualquer problema que 
possamos enfrentar ao longo de nossas vidas.
Por exemplo, digamos que você está na sua casa e está curioso 
para saber um pouco mais sobre aquela personagem da TV ou de 
um filme de que gosta; o que você faz? Caso tenha se imaginado 
procurando informações na internet, acertou! Essa é uma das 
atitudes mais prováveis que alguém pode tomar quando quer saber 
se aquela pessoa famosa tem namorado(a), que dia faz aniversário 
ou, até mesmo, se poderia ser seu ou sua crush ideal.
Além dessafinalidade, existem várias outras que nos fazem ler 
algum texto a fim de sanar diferentes necessidades. Será que você 
consegue descobrir algumas delas? Observe as imagens a seguir e 
descubra alguns motivos pelos quais lemos.
Figura 1 – Finalidades da leitura
Va
di
m
 G
eo
rg
ie
v/
Sh
ut
te
rs
to
ck
fiz
ke
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Sh
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Te
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ne
n/
Sh
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te
rs
to
ckD
crush: pessoa 
por quem se 
está apaixonado 
ou se sente 
atraído.
(Continua)
Leitura e interpretação na prática 11
An
to
ni
o 
G
ui
lle
m
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hu
tt
er
st
oc
kE
Outdoor:
sem querer você 
já leu!
An
dr
ew
Fi
rs
t/
Sh
ut
te
rs
to
ckF
Na Figura 1, em (A) temos o que você está fazendo agora: 
estudando; enquanto (B) caracteriza a leitura prazerosa, aquela 
que você faz por hobby. Perceba que, quando estamos na escola, 
na faculdade ou em algum curso, somos obrigados a ler assuntos 
específicos na maioria das vezes, aprofundando-os para ampliarmos 
nossos conhecimentos. Entretanto, em momentos de lazer, podemos 
ler para nos divertirmos, relaxarmos ou simplesmente desfrutarmos 
de um bom texto, um autor ou um gênero preferido (como romance, 
drama ou suspense). Assim, podemos afirmar que nem sempre a 
leitura com a finalidade de estudo é prazerosa, ou vice-versa.
Em seguida, (C) representa a leitura de um mapa em um GPS 
a fim de obter uma informação precisa. Essa leitura se aplica 
quando queremos, por exemplo, encontrar uma rota de um lugar a 
outro, tanto na mesma cidade, estado ou país quanto em territórios 
diferentes.
Em contrapartida, (D) remete à ideia da leitura para obter uma 
informação no âmbito geral, como na política, quando assistimos 
a um candidato em um comício. Nesse caso, temos a tendência 
de “ler” a sua maneira de se vestir, falar e se comportar, de modo 
geral e até inconsciente. Essa leitura permite que, considerando 
um texto de um determinado tema, seja ele verbal ou não verbal, 
identifiquemos informações com base em trechos que nos 
interessam mais e verifiquemos do que se trata o texto, sem nos 
atermos a detalhes necessariamente. Refere-se a uma leitura mais 
global e menos compromissada, porém nem por isso mais ou menos 
significativa. O valor dessa leitura depende muito mais do quanto a 
GPS: 
Sistema de 
Posicionamento 
Global. Permite 
localizar vários 
elementos 
sobre a 
superfície 
terrestre.
12 Produção e interpretação de textos
informação foi suficiente em um determinado momento do que do 
aprofundamento em um dado assunto.
De qualquer maneira, a leitura para conseguir uma informação, 
seja ela específica ou geral, é bastante comum no dia a dia. Isso se dá 
porque, com as chamadas tecnologias da informação1, a produção e a 
divulgação de conhecimento deixaram de ser monopólio dos meios 
de comunicação tradicionais para se tornarem acessíveis a diversas 
pessoas, independentemente de classe social, local em que residem 
ou instituição educacional que frequentam.
Atualmente, é muito comum olharmos as redes sociais sem 
um objetivo específico e apenas ir “passando os olhos” por várias 
postagens que tratam dos assuntos mais variados. Do mesmo 
modo, diante de reportagens ou notícias (independentemente de 
serem sobre esportes, política ou economia), para muitas pessoas, 
simplesmente olhar um título, um lide ou algumas partes do texto já 
é o suficiente para que obtenham informações necessárias sobre um 
assunto e ainda comentem sobre ele posteriormente. Em um mundo 
considerado a era da informação, essa finalidade está cada vez mais 
presente no dia a dia das pessoas, dando uma nova dinâmica aos 
estudos, à pesquisa e ao compartilhamento de informações, opiniões 
e saberes.
Diante disso, podemos afirmar que as pessoas estão interligadas 
mundialmente o tempo todo. Por um lado, isso ocasiona a rapidez 
da informação, a praticidade na descoberta de variados assuntos e 
o auxílio em diversas pesquisas; porém, por outro, surge uma nova 
característica na finalidade da leitura para obter informações de 
âmbito geral à medida que o grande volume de informações acaba 
por enfraquecer a memória e saturar o processo de compreensão.
1 Conjunto de ferramentas e recursos tecnológicos que usam a computação como meio 
para administrar, armazenar, produzir e transmitir diferentes informações.
lide: parágrafo 
inicial de 
uma matéria 
jornalística que 
apresenta, de 
modo resumido, o 
assunto principal.
Leitura e interpretação na prática 13
Então, ressaltamos que a simples aquisição de dados de modo 
superficial, fragmentado e, portanto, desconcentrado não é sinônimo 
de aprendizagem, já que esta exige organização, concentração e 
compreensão, e não apenas um entendimento simples e raso.
 Você sabe quais foram os três assuntos 
mais pesquisados no Google em 2018?
Resposta: Copa do Mundo, Big Brother Brasil e Eleições.
Fonte: Rosa, 2018.
PARA PENSAR
A pesquisa desenfreada por assuntos diversos e a leitura mais 
descompromissada nos remetem ao que (F) está ilustrando. Ela 
representa aquela leitura que acontece simplesmente porque é 
apresentada aos nossos olhos e nem tínhamos a intenção de ler, 
como quando passamos por um outdoor enquanto dirigimos. Já (E) 
se contrapõe a essa ideia, pois caracteriza as leituras que fazemos por 
obrigação ou necessidade. Por exemplo, na maioria das vezes, nem 
intencionamos ler uma bula de remédio, mas acabamos por realizar 
essa ação com a única finalidade de recebermos uma orientação 
acerca de um determinado medicamento. Desse modo, podemos 
afirmar que ambas as formas de leitura ocorrem sem intenção e, 
portanto, têm uma finalidade mais destituída de formalidade.
Considerando as finalidades de leitura, escolher um suporte 
textual com que você se identifique mais ou tenha mais afinidade 
sempre é uma boa opção. 
suporte textual: 
lugar onde os 
gêneros são 
colocados 
para circular 
(ex.: jornal, 
embalagem, 
placa de 
trânsito, livro).
14 Produção e interpretação de textos
Observe os suportes a seguir e reflita sobre qual você gosta 
mais de usar para leitura, seja para estudar ou se divertir.
Figura 2 – Suportes textuais
Celular
pi
gg
u/
Sh
ut
te
rs
to
ck
Revistas
Co
zi
ne
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hu
tt
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Computador
Livros 
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Sh
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rt
_s
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hu
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st
oc
k
Tablet
Fo
xy
 b
ur
ro
w
/S
hu
tt
er
st
oc
k
Vários suportes juntos
Independentemente de qual suporte você tenha escolhido, saiba 
que todos são denominados suportes convencionais. Marcuschi 
(2003) classifica os suportes textuais em:
• suportes convencionais: aqueles que têm como função 
natural portar ou fixar textos. São exemplos: livros, jornais, 
revistas, rádios, televisões, computadores, tablets, quadro de 
avisos, outdoors, faixas, fôlderes, encartes.
• suportes incidentais: têm a mesma função, porém de modo 
artificial ou, como o próprio nome já diz, de maneira ocasional 
ou eventual. Eles podem ou não evidenciar um texto, mas, 
no caso da evidência, ela é forçada ou não espontânea. 
São exemplos: para-choques ou para-lamas de caminhões, 
camisetas, muros, corpo humano, calçadas, estações de metrô, 
pontos de ônibus.
Leitura e interpretação na prática 15
 Você se lembra de alguma frase de camiseta 
que foi impactante na sua vida e por quê?
PARA PENSAR
Assim, vemos que há diferentes motivos que nos levam a ler um 
texto, que pode ser verbal ou não verbal. Seja para nos divertirmos 
ou estudarmos, de modo específico ou geral e intencional ou 
não, a leitura é uma atividade que sempre deve ser praticada 
e aperfeiçoada. Para isso, é importante escolher um suporte 
agradável e adequado ao nosso objetivo.
1.2 Texto e contexto
Várias pessoas dizem saber, mas você já se indagou sobre o que 
é texto? Quais textos exercem papel social e não podem ser tratados 
como simples registros para serem lidos, guardados e, muitas vezes, 
esquecidos? Observe atentamente a situação apresentada na Figura 
3 e a da Figura4.
Figura 3 – Placa em uma quitanda
Vendem-se 
batatas
ko
ya
97
9/
Sh
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te
rs
to
ck
16 Produção e interpretação de textos
Figura 4 – Placa em um aeroporto
Vendem-se 
batatas
10
00
Ph
ot
og
ra
ph
y/
 Sh
ut
te
rs
to
ck
Qual situação parece mais significativa? Claro que é a primeira, 
pois sabemos que não é nada usual vender batatas em um aeroporto, 
ainda mais em uma fila na qual elas sequer existem.
De acordo com Curto, Morillo e Teixidó (2000), texto é a 
unidade básica de comunicação que tem significado. Por isso, 
consideramos que a primeira situação é um texto, pois está 
efetivamente comunicando algo, enquanto a segunda não sustenta 
uma comunicação com significado real, o que enfraquece seu 
conceito de texto.
Ainda considerando a primeira situação, imaginemos agora 
chegar à mesma quitanda e encontrar a seguinte faixa:
Vendem-se batatas.
As batatas são fresquinhas.
As batatas estão baratas.
As batatas estão limpas.
O que achou? Bastante esquisito, não? Essa sensação se dá porque 
ninguém comunica algo com frases desconectadas. Geralmente, 
quando queremos transmitir uma mensagem, procuramos ser 
bastante claros, economizar palavras, evitar repetições e fazer 
do texto uma unidade significativa. Por isso, devemos levar em 
Leitura e interpretação na prática 17
consideração que “ninguém fala ou escreve por meio de palavras 
ou de frases justapostas aleatoriamente, desconectadas, soltas, sem 
unidade. O que vale dizer: só nos comunicamos através de textos” 
(ANTUNES, 2005, p. 30).
Para que uma pessoa se torne apta a produzir informação e/ou 
conhecimento individualmente ou em grupo, ela terá que aprimorar 
seus textos ao longo de sua vida e de sua carreira estudantil, com o 
objetivo de diminuir a distância entre o que se quis dizer e o que 
realmente foi dito. Assim, a comunicação não é algo simples, haja 
vista que uma palavra pode adquirir vários significados dependendo 
do texto e do contexto no qual se apresenta. Se considerada 
isoladamente, fora do contexto, a palavra perde sua dimensão mais 
importante: a construção e reconstrução de sentidos no processo de 
interação verbal. Mas afinal, o que é contexto?
Contexto é a situação em que um texto ocorre. Tomemos como 
exemplo as figuras analisadas anteriormente: achamos a primeira 
situação mais adequada porque o contexto apresentado – a quitanda 
– está condizente com a informação apresentada na placa “vendem-
-se batatas”. Já a segunda imagem – o aeroporto – não é condizente 
com essa prática de venda, o que nos faz crer que a informação 
apresentada está descontextualizada, ou seja, essa situação é 
aleatória, desconexa e, portanto, não merece validação por parte do 
leitor.
Assim, conceituar e identificar um texto não é uma tarefa fácil, 
pois isso significa apreender seu sentido com base na situação 
que o envolve. E essa situação pode ser justificada por alguma 
necessidade ou algo relacionado ao cotidiano e costuma fazer parte 
do conhecimento de mundo da maioria dos indivíduos. Então, 
dizemos que um texto pode ser lido e contextualizado quase que 
automaticamente por qualquer leitor, desde que ele possua esse tipo 
de conhecimento.
18 Produção e interpretação de textos
Além disso, para conseguirmos ler e contextualizar, é fundamental 
observarmos textos e, em seguida, refletir sobre seu contexto. Isso não 
só aproxima o leitor de várias linguagens usadas no dia a dia – seja em 
comunicações formais ou informais – como também o impulsiona a 
dar sentido e valorizar as mais variadas formas de comunicação.
1.2.1 Contextos de produção
Para encontrarmos o contexto de um determinado texto, é 
importante analisarmos a situação que o permeia. Isso só é possível 
quando identificamos a finalidade, onde e quando o texto foi escrito. 
Ou seja, a partir da leitura, precisamos analisar as informações tanto 
de ordem implícita quanto explícita, a fim de encontrarmos um 
conjunto de elementos de ordem cultural, social e histórica que, 
juntos, formam o contexto. 
Confira alguns exemplos de textos que apresentam o mesmo 
assunto em contextos diferentes.
Figura 5 – Exemplos de textos com contextos diferentes
Si
dn
ey
 de
 A
lm
ei
da
/ S
hu
tte
rs
to
ck
A – Placa de pare
Onde: em uma estrada.
Quando: a todo 
momento, desde que foi 
implementada.
Para quê: organizar o 
trânsito.
B – Caderno de 
conscientização Direção 
defensiva
Onde: em um caderno sobre 
direção defensiva.
Quando: maio de 2005.
Para quê: evitar acidentes no 
trânsito.
Fonte: Brasil, 2005.
Leitura e interpretação na prática 19
Chamamos as diferentes abordagens de um mesmo tema 
de contexto de produção. Nas duas figuras apresentadas, o tema é o 
trânsito e a preocupação é diminuir acidentes. Tanto a placa como o 
caderno de conscientização procuram conscientizar motoristas para 
que tomem certos cuidados, evitando maiores transtornos para a 
própria vida e para a de terceiros. Apesar de as duas imagens terem 
o mesmo tema, a do caderno aborda de modo detalhado, com textos 
e imagens que podem ser estudados com calma pelo leitor, enquanto 
a placa é um texto curto e direto, para ser lido rapidamente em meio 
ao trânsito movimentado.
Dessa forma, entendemos que o contexto de produção valida 
os textos. Quando o leitor entra em contato com uma unidade 
significativa, mesmo que cognitivamente, ele tende a identificar 
elementos que levem ao processo de contextualização e, 
consequentemente, encontra sentido naquilo que foi decodificado.
1.3 Linguagem verbal e não verbal
Por muitos anos, o texto foi sinônimo apenas de palavras escritas 
em uma superfície ou um papel. No entanto, principalmente com 
o surgimento de novas formas de comunicação trazidas pelas 
tecnologias digitais (e-mails, redes sociais, aplicativos etc.), a 
interação entre as pessoas foi se modificando e, como consequência, 
foram surgindo diferentes modos de apresentação de mensagens e 
de tipos de textos.
Conforme estudamos na seção anterior, o texto é uma unidade 
significativa e não precisa ser necessariamente escrito, pois é 
composto por diversos tipos de linguagens, ou seja, usos da língua. 
Sendo assim, podemos encontrar diferentes maneiras de expressão 
linguística com o objetivo de comunicar algo a alguém.
Entendemos que há duas formas principais de linguagem: a verbal e 
a não verbal (ou imagética). A primeira se apoia em palavras, que podem 
aparecer tanto na forma escrita quanto na oral – neste último caso, 
cognição: ato 
ou resultado de 
ter ou adquirir 
conhecimento.
20 Produção e interpretação de textos
chamamos de fala. Já a linguagem não verbal procura utilizar outros 
meios comunicativos, como imagens, figuras e gestos.
No dia a dia, querendo ou não, somos coagidos a produzir 
textos orais a fim de atender a diferentes objetivos comunicativos, 
como contar histórias que aconteceram conosco ou com alguém 
conhecido, pedir informações e participar de debates. Quando 
fazemos isso, estamos utilizando a linguagem verbal. Da mesma 
forma, utilizamos essa linguagem quando precisamos escrever 
uma mensagem de texto no celular, um e-mail, fazer uma lista de 
compras ou escrever um bilhete qualquer.
 Você sabia que muitas canções e crenças 
que existem até hoje sobreviveram ao longo de muitos 
anos só no chamado boca a boca? Isso significa que 
as pessoas transmitiam algo umas às outras apenas 
oralmente, contando, conversando e se informando. 
CURIOSIDADE
Sabemos que, na linguagem verbal, as palavras utilizadas em uma 
língua e outra são diferentes, mesmo quando querem dizer a mesma 
coisa. Por exemplo, na língua portuguesa, chamamos o lugar onde 
moramos de casa, enquanto na língua inglesa ela é conhecida como 
house. Isso acontece porque a escolha das palavras e sua relação com 
seu significado é arbitrária, ou seja, surge da escolha ou vontade de 
alguém que determinou que seria assim.
Porém, isso não ocorre apenas nesse tipo de linguagem, mas 
também na linguagem não verbal. Na Alemanha, por exemplo, 
colocar as mãos no bolso ao conversarcom alguém é considerado 
falta de educação e significa desinteresse pela conversa. Já no Brasil, 
como em vários outros países, esse ato é apenas uma forma de 
descansar as mãos ou uma simples pose.
Leitura e interpretação na prática 21
Assim, percebemos que estamos rodeados de textos que não 
apresentam linguagem verbal e exigem do leitor uma procura 
minuciosa do contexto, que pode ser carregado de ideologias, 
valores ou crenças. Tomando como exemplo as mãos no bolso e 
seu significado pelos países, podemos perceber que essa ação revela 
diferentes crenças de cada território.
Então, consideramos que o significado de linguagens tanto 
verbais quanto não verbais pode remeter a modos de manifestação, 
a situações sociais ou a espaços culturais, isto é, podemos manifestar 
nossas ideias ou pensamentos de diferentes formas, de acordo com 
as situações do cotidiano. Por exemplo, em uma universidade, 
revelamos uma maneira de agir e pensar diferente de quando 
estamos em uma festa. Essas ações são determinadas pela cultura que 
nos “dita” o que fazer e de que modo devemos revelar a linguagem. 
Identificar esses elementos em um texto escrito, ouvido, falado ou 
imagético é de fundamental importância para a interpretação dele.
 Um leitor menos experiente, ao analisar a 
linguagem não verbal exposta na figura a seguir, 
pode afirmar que se trata apenas do local turístico 
conhecido como Cristo Redentor, na cidade do 
Rio de Janeiro. Contudo, se analisarmos mais a 
fundo, poderemos compreender que essa figura 
supõe uma visão do Cristo Redentor em linha reta, 
direta ao Corcovado, que ignora toda e qualquer 
situação negativa ou problemas terrenos que 
existam abaixo do monumento.
(Continua)
SAIBA MAIS
22 Produção e interpretação de textos
Figura 7 – Cristo Redentor no Rio de Janeiro
dm
itr
y_
is
le
nt
ev
/S
hu
tt
er
st
oc
k
Lautenschlager (2016) afirma que muitos textos 
relacionados à cidade do Rio de Janeiro revelam a 
ideia de que o Cristo Redentor, situado no Corcovado, 
está voltado a abençoar toda a Guanabara, e não a ver 
coisas desagradáveis ou problemas sociais. 
Além disso, no local, a cor predominante é o azul, 
representada no céu e no mar, reforçando a ideia de 
união entre esses dois elementos e trazendo calma, 
paz e tranquilidade. Em contraposição, o verde do 
morro é evidenciado, remetendo explicitamente à 
ideia de natureza, vida e beleza natural. Portanto, a 
concretude da cidade é quase engolida por essas cores, 
passando a ideia de que o Rio de Janeiro é realmente 
a cidade maravilhosa. Com isso, não queremos negar 
esse fato ou consideração, mas sim refletir acerca dos 
problemas sociais e culturais existentes.
Leitura e interpretação na prática 23
Não podemos nos esquecer dos textos com linguagem mista, 
que misturam as linguagens verbal e não verbal em um só, como 
as histórias em quadrinhos. Atualmente, também são reconhecidos 
os textos multimodais, ou seja, textos que lançam mão de diversos 
modos de construção (cores, formas, sons, imagens, palavras etc.), 
que geram, por sua vez, muitos modos de significação.
Finalmente, retomamos que, a partir do levantamento do contexto 
e das impressões sociais, culturais ou históricas, conseguimos ler 
com propriedade tanto a linguagem verbal quanto a não verbal. Vale 
lembrar também que as duas expressões linguísticas são carregadas de 
significados, desde os mais simples até os mais complexos.
1.4 Intertextualidade
Os limites da minha linguagem são os limites de 
meu mundo – Ludwig Wittgenstein
Muitas vezes, quando lemos um texto ou assistimos a um filme, 
lembramo-nos imediatamente de outro, seja porque a linguagem 
não verbal é semelhante a algo que já vimos, ou porque a linguagem 
verbal se repete de algum modo.
Ao olharmos uma propaganda de hortifrúti2, por exemplo, com 
a figura de um melão na ponta de uma pedra, seguido do texto 
verbal “O Rei Melão”, muito provavelmente nos lembraríamos 
imediatamente do filme O Rei Leão. Quando temos essa recordação, 
estamos diante de um intertexto.
Intertexto é a apropriação de outros textos por um autor, pintor 
ou artista, com o objetivo de dar voz a uma determinada temática 
de maneira crítica, irônica, humorística ou intelectualizada. 
2 HORTIFRUTI - Rei Melão - Campanha Hortiflix. 2016. 1 vídeo (15 seg). Publicado pelo 
canal Hortifruti. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=7SbhCNPRUGw. 
Acesso em: 10 out. 2019.
http://pt.wikiquote.org/wiki/Linguagem
http://pt.wikiquote.org/w/index.php?title=Limite&action=edit&redlink=1
http://pt.wikiquote.org/wiki/Mundo
24 Produção e interpretação de textos
A intertextualidade é um recurso de grande eficácia para 
introduzir a opinião, o pensamento ou o discurso de outros 
enunciadores em um determinado texto, criando, assim, uma 
espécie de interseção entre dois ou mais textos.
No caso do anúncio publicitário, o autor quis comparar o melão 
(fruta) ao Rei Leão (filme). Isso faz com que, quando o indivíduo 
entre em contato com esse texto, ele se sinta atraído a comprar o 
melão do estabelecimento, ainda mais se for um fã do filme. Tentar 
persuadir o leitor é o objetivo primordial da publicidade, ainda mais 
no nosso mundo competitivo, em que muitas empresas de ramos 
iguais ou semelhantes disputam uma maior quantidade de clientes.
Diariamente, estamos rodeados de diferentes textos e recursos 
que invadem nossas casas, atraem nossos olhares e nos encantam 
com demonstrações de inovação, tecnologia ou diferentes estratégias 
de marketing. Seja na rua ou dentro de nossos lares, por meio dos 
aparelhos de comunicação, podemos observar diferentes linguagens 
que tentam nos envolver, criando identificação com as marcas e, 
consequentemente, fazendo-nos adquirir determinados produtos.
Como afirmam Ribeiro e Eustachio (2003, p. 17), “em um 
mundo de produtos cada vez mais semelhantes, a propaganda é o 
recurso de maior eficácia, do qual o anunciante pode fazer uso para 
prevalecer em relação aos seus concorrentes”.
Em alguns casos, o recurso da intertextualidade pode ser 
explícito, como na propaganda de uma famosa marca de produtos 
de limpeza em que o garoto-propaganda se caracteriza tal qual 
a pintura da Mona Lisa, de Da Vinci3. Nesse exemplo, o anúncio 
publicitário cria um diálogo com a renomada e valiosa obra de arte, 
dando a entender que o amaciante é tão bom quanto o quadro. Isso é 
estabelecido tanto pela linguagem não verbal, que traz uma releitura 
3 CAMPANHAS. Bombril, [s. d.]. Disponível em: http://www.bombril.com.br/sobre/
campanhas/63/maio-de-1998. Acesso em: 10 out. 2019.
Leitura e interpretação na prática 25
da pintura, quanto pela linguagem verbal, que deixa essa relação 
explícita, ao revelar a seguinte frase: “Mon Bijou deixa sua roupa 
uma perfeita obra-prima”. Para que possamos interpretar esse texto, 
é fundamental que o leitor tenha conhecimento prévio da obra e 
investigue a memória artística a que remete. Do contrário, a leitura 
não terá a mesma qualidade nem alcançará seu objetivo.
Em outros casos, o intertexto pode aparecer de modo implícito, 
em meio ao contexto de publicação do texto, como na música “Roda 
Viva”, de Chico Buarque4. Para interpretar esse texto, a primeira 
coisa a se fazer é entender seu contexto: ela foi escrita no ano de 
1968, momento em que foi criado o Ato Institucional n. 5, ligado à 
ditadura militar. Esse ato marcou o período mais rígido e sombrio 
de toda a ditadura, pois foi marcado pela censura aos meios de 
comunicação, tortura de pessoas, confisco de bens privados e 
demissões de pessoas do serviço público indistintamente.
Chico Buarque, então, escreveu uma crítica, praticamente em 
forma de código verbal, utilizando a música como meio. Assim, 
podemos entender a expressão roda viva como uma alusão aos 
representantes da ditadura que, como uma roda, iam “atropelando” 
todo mundo, sem se preocupar com os danos que causavam. Desse 
modo, essa “roda viva” impede e proíbe a expressão artística e 
cultural. Por isso, ele clama em forma de cançãoa necessidade de se 
“ter voz ativa” e “no nosso destino mandar”.
Portanto, para encontrar a intertextualidade, muitas vezes 
é necessário que o leitor pesquise, leia outros textos e vá atrás de 
outros contextos. Assim, ele deixará de fazer uma leitura superficial 
para efetivamente investigar o que as palavras carregam consigo 
além das explícitas letras ou sílabas.
4 RODA viva. Compositor e intérprete: Chico Buarque de Holanda. In: CHICO Buarque 
de Hollanda: volume 3. São Paulo: RGE, 1968. 1 LP (36 min), lado B, faixa 6. Letra da 
música disponível em: https://genius.com/Chico-buarque-roda-viva-lyrics. Acesso 
em: 10 out. 2019.
Código verbal: 
linguagem 
verbal utilizada 
de modo tão 
implícito que 
acaba se 
tornando um 
código secreto 
a ser decifrado 
por quem lê.
26 Produção e interpretação de textos
Considerações finais
Tornar-se leitor e escritor significa apropriar-se de uma 
tradição de leitura e escrita e assumir uma herança cultural, a 
qual envolve realizar diversas operações, como conhecer um texto, 
seus contextos e as relações intertextuais. Portanto, precisamos 
valorizar o contato com a leitura nos vários momentos de nossa 
vida e tornar cada um deles uma imersão e reflexão sobre o que é 
ler. Com isso, seremos capazes de pensar sobre esse objeto cultural 
que é o texto.
Mas vale lembrar que devemos praticar ações como pensar, 
refletir, analisar e compreender a escrita em toda a sua riqueza e 
complexidade. A participação em práticas sociais que envolvam 
a leitura, como grupos de estudo e pesquisa, possibilita resolver 
problemas e refletir sobre a escrita em diferentes suportes e 
contextos. Assim, vamos construindo ideias e hipóteses de como se 
estrutura o sistema linguístico.
Um leitor não é, portanto, um mero receptor passivo de 
informações e conhecimentos, mas sim um sujeito que elabora, 
transforma, cria e interpreta as informações e os conhecimentos, 
buscando compreendê-los.
Finalmente, é importante ressaltar que só aprendemos a 
interpretar se interpretarmos. Toda estratégia de leitura demanda 
tempo, conhecimento linguístico e planejamento por parte do 
leitor. Este, mesmo diante de dificuldades de compreensão, não 
deve desistir e precisa montar diariamente sua estratégia para 
análise e ressignificação.
Leitura e interpretação na prática 27
Ampliando seus conhecimentos
• NA PRÁTICA. 10 dicas para estudar melhor segundo a 
ciência. Época Negócios, 30 maio 2018. Disponível em: https://
epocanegocios.globo.com/Vida/noticia/2018/05/10-dicas-
para-estudar-melhor-segundo-ciencia.html. Acesso em: 10 
out. 2019.
Nessa matéria sobre como a ciência nos ensina a estudar melhor, 
especialistas dão dez dicas possíveis de serem colocadas em 
prática na hora da prova, do concurso ou vestibular.
• ROSENFELD, A. Texto/contexto I. 5. ed. São Paulo: 
Perspectiva, 2009.
Nesse livro, o autor transita entre teatro, poesia, literatura, 
cinema e pintura, estabelecendo contextos críticos que, até 
hoje, impressionam e ensinam os leitores mais ávidos por 
conhecimento.
• WEIL, P.; TOMPAKOW, R. O corpo fala. 74. ed. Petrópolis: 
Vozes, 2015.
O livro trata da comunicação não verbal do corpo humano, 
apresentando gestos, expressões e posições que as pessoas 
utilizam diante de diferentes situações (como risco, medo e 
domínio) e que acabam por revelar sentimentos, crenças ou 
posicionamentos inconscientes.
• MALÉVOLA. Direção: Robert Stromberg. Los Angeles: Walt 
Disney Pictures, 2014. 1 DVD (97 min). Aventura e fantasia.
Esse é um filme com a atriz Angelina Jolie, que traz a vilã 
Malévola no papel principal, contando a história a partir de 
seu ponto de vista. Ele traz como intertexto o conto/filme 
A bela adormecida, o qual tem seu enredo marcado pelo 
enfeitiçamento da jovem Aurora pela vilã.
28 Produção e interpretação de textos
Atividades
1. Com qual(is) finalidade(s) de leitura você costuma ler? 
Exemplifique algumas situações em que utiliza essa(s) 
finalidade(s).
2. Lembre-se de um livro que você tenha lido e comente seu 
contexto.
3. Dê um exemplo de intertextualidade de uma cena de filme ou 
livro que você tenha assistido ou lido.
Referências
ANTUNES, I. Lutar com palavras: coesão e coerência. São Paulo: Parábola, 
2005.
BRASIL. Direção defensiva: trânsito seguro é um direito de todos. Ministério 
das Cidades, maio 2005. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.
br/download/texto/dt000002.pdf. Acesso em: 2 out. 2019.
CABADA, G. 3001 pensamentos. São Paulo: Loyola, 2001.
CURTO, L. M.; MORILLO, M. M.; TEIXIDÓ, M. M. Escrever e ler: como as 
crianças aprendem e como o professor pode ensiná-las a escrever e a ler. v. 1. 
Porto Alegre: Artmed, 2000. 
LAUTENSCHLAGER, L. A cidade maravilhosa além da paisagem. São 
Paulo: Biblioteca 24Horas, 2016.
MARCUSCHI, L. A. A questão do suporte dos gêneros textuais. DLCV: 
Língua, Linguística e Literatura, João Pessoa, v. 1, n. 1, p. 9-40, 2003.
RIBEIRO, J.; EUSTACHIO, J. Entenda propaganda: 101 perguntas e 
respostas sobre como usar poder da propaganda para gerar negócios. São 
Paulo: Senac, 2003.
ROSA, N. Google revela os assuntos mais buscados no Brasil em 2018. 
Canaltech, 12 dez. 2018. Seção Internet. Disponível em: https://canaltech.
com.br/internet/google-revela-os-assuntos-mais-buscados-no-brasil-
em-2018-128917/. Acesso em: 2 out. 2019.
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/dt000002.pdf
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/dt000002.pdf
2
A linguagem nua e crua
A temática deste capítulo está centrada nas interações 
comunicativas, as quais são mediadas de acordo com a 
intencionalidade do interlocutor e com as funções e significados que 
a língua assume. Sendo assim, para descobrir a linguagem “nua e 
crua”, dividimos esse assunto em três partes: funções da linguagem; 
denotação e conotação; e polissemia e ambiguidade.
Na primeira parte, conceituamos discurso e discutimos como as 
linguagens assumem diferentes funções conforme as pretensões do 
emissor. Na análise da sua recorrência em um texto, especificamos 
algumas características que permitem enquadrar as linguagens de 
acordo com suas especificidades.
Na segunda parte, abordamos os sentidos literais e figurados 
encontrados em um discurso. O objetivo é entender de que modo 
essas formas de uso da linguagem influenciam, diretamente, na 
distância entre aquilo que se quer dizer e aquilo que realmente foi 
dito. Esse entendimento parte do pressuposto de que, dependendo de 
como construímos um texto, ele pode tanto significar rigorosamente 
o que foi escrito quanto deixar algo subentendido.
Então, trazemos o assunto polissemia e ambiguidade, visto que 
ambos possuem conceitos que caracterizam um aspecto muito 
usado pelos sujeitos no cotidiano: uma palavra que apresenta 
multiplicidade de sentidos no discurso. Dependendo de como se 
dá essa construção de significados, dizemos que o discurso ficou 
polissêmico ou ambíguo.
30 Produção e interpretação de textos
Assim, este capítulo procura explicar a linguagem para auxiliar 
você a realizar uma compreensão mais efetiva do texto e se tornar 
cada vez mais experiente frente às construções linguísticas.
2.1 Funções da linguagem
Para comunicar algo a alguém, utilizamos a linguagem a todo 
momento, seja ela verbal ou não verbal. Mas você já pensou em 
como ela está presente em sua vida?
A essa ação comunicativa damos o nome de discurso. Dizemos 
que o discurso é uma das principais condições mentais que os 
membros de uma sociedade linguística têm em comum. Assim, ele 
deve ser influente ou convincente para que faça sentido na mente 
dos seus leitores.
Você já deve estar se lembrando de muitos discursos que 
produziu durante toda a sua vida, com a intenção de influenciar ou 
convencer sua mãe, seu pai, seu amigo ou, talvez, seu chefe, não é 
mesmo? Se você é bom nisso, tenho uma boa e uma má notícia para 
te dar.
A boa notícia é que, se você já conseguiu muitas coisas que 
queria ao longo da sua vida, desde conseguir a autorização dos 
seus pais para ir àquela festa,ou aquele meio ponto a mais dado 
pelo seu professor, até aquele projeto concedido pelo seu chefe, 
talvez isso signifique que você é um excelente comunicador e tem 
a competência e a habilidade necessárias para usar a língua a seu 
favor.
A ruim é que, infelizmente, você não inventou (e dificilmente 
irá inventar) todos aqueles argumentos que costumam ser usados 
em casa, na escola, no trabalho, ou em outro espaço qualquer. 
Isso porque, enquanto usuários de uma língua, nossa mente tem 
a tendência de reter e aprender modelos preestabelecidos na 
A linguagem nua e crua 31
sociedade no qual estamos inseridos, com a finalidade de utilizá-los 
nas mais diversas formas de interação/comunicação.
Esses modelos são aprendidos, adquiridos, formados e 
transformados, tanto no nível individual quanto nas interações 
sociais. A sociedade compreende os mais diferentes grupos, 
instituições e organizações em que há interação coordenada e 
negociada entre os indivíduos; e, se há interação, há também o 
compartilhamento de conhecimentos e crenças, feito por meio do 
discurso.
Considerando que o discurso é, assim, toda situação que envolve 
a comunicação dentro de um determinado contexto, para estudá-
lo devemos considerar quem o produz, para quem se produz 
e sobre o que se fala. Portanto, todo discurso é constituído de 
componentes específicos que desempenham funções na construção 
de significados.
Toda ação comunicativa advém de um contexto, que pressupõe 
a existência de dois ou mais participantes em um ato discursivo, e 
apresenta os seguintes elementos:
• Remetente (ou emissor): quem produz a mensagem;
• Destinatário (ou receptor): a quem se destina a mensagem;
• Mensagem: conteúdo estabelecido pelo emissor para o 
receptor;
• Referente: o foco da mensagem, aquilo de que se trata o 
conteúdo da mensagem; ou o contexto;
• Contato (ou canal): o suporte textual ou digital; no caso da 
linguagem falada, as ondas sonoras;
• Código: em que linguagem se veicula a mensagem.
32 Produção e interpretação de textos
Definidos os elementos, é possível, então, definir as funções da 
linguagem (Figura 1), de acordo com os objetivos que se pretende 
alcançar na comunicação.
Figura 1 – Funções da linguagem
Funções da 
linguagem
Metalinguística
Apelativa
Poética
Referencial
FáticaEmotiva
Código Mensagem
Canal
ContextoReceptor
Emissor
Fonte: Elaborada pela autora.
Então, vamos estudar cada uma dessas funções!
2.1.1 Função emotiva
A principal característica da função emotiva é evidenciar o 
ponto de vista de quem está produzindo a mensagem, ou seja, do 
remetente. O emissor explicita uma mensagem com o objetivo de 
emocionar o destinatário e provocar seus sentimentos, deixando vir 
à tona as mais diferentes sensações e emoções.
Por exemplo, quando ouvimos a canção Eu sei que vou te amar, 
de Tom Jobim1, é fácil identificar que o remetente (o eu-lírico) 
1 Letra disponível em: https://genius.com/Antonio-carlos-jobim-eu-sei-que-vou-
te-amar-lyrics. Acesso em: 4 out. 2019.
eu-lírico: voz 
no poema que 
expressa o 
pensamento 
daquele que 
narra.
A linguagem nua e crua 33
expressa um sentimento, uma emoção – o amor. Podemos perceber 
que há o despertar de uma tristeza e da amargura profunda pelo fato 
de o remetente não se sentir amado e prometer devoção à pessoa 
amada por uma vida inteira.
Portanto, ao ler esse texto, o leitor pode se sentir tomado por 
sentimentos de saudade e perda, fazendo com que o discurso alcance 
seu objetivo. O leitor é influenciado por aquilo que lê de modo 
empático, em uma espécie de inclusão nessa atmosfera expressiva 
que foi criada por meio da organização linguística entre versos e 
estrofes.
2.1.2 Função apelativa ou conativa
Quando a mensagem está voltada ao destinatário, dizemos que 
sua função é apelativa ou conativa. Sabemos que há muitas formas 
de persuadir alguém; porém, é por meio das palavras que isso pode 
se efetivar de modo mais eficaz. A persuasão existe em todas as 
informações e consegue ganhar mais força, principalmente, pelas 
várias formas de comunicação, tentando muitas vezes limitar nossas 
escolhas de propósito e, dessa forma, nos manipular, mesmo que de 
modo inconsciente.
 Você já comprou aquela roupa ou aquele 
produto de beleza porque foi influenciado por uma 
propaganda na televisão, revista ou outdoor?
Se você respondeu sim, não se preocupe! A linguagem 
do anúncio apenas fez o papel dela: convencer você.
PARA PENSAR
persuasão: 
discurso que 
pretende agir 
sobre o outro 
por meio do uso 
da linguagem, 
causando 
reação de 
aceitação.
34 Produção e interpretação de textos
Leia e analise a linguagem não verbal a seguir:
Figura 2 – Mistura de chocolate e leite
Observe que essa figura serviria tranquilamente para fazer a 
propaganda de um chocolate que tivesse a cremosidade do leite em 
sua composição. Além da linguagem verbal que anuncia “chocolate 
& leite” (em inglês, chocolate & milk), toda linguagem não verbal 
também tem a função de apelar para o visual do leitor, tentando fazer 
com que ele seja tomado pela vontade de experimentar o produto e, 
consequentemente, adquiri-lo o mais rápido possível.
2.1.2.1 Uso da forma verbal imperativa afirmativa 
ou negativa
É muito comum encontrarmos, em textos que apresentem 
a função apelativa da linguagem, verbos na forma imperativa 
afirmativa ou negativa, como: “Não viva sem ...!”; “Compre!”; 
“Leve!”. Essa forma verbal expressa o que o emissor quer que o leitor 
faça; nesse caso, a compra de algum produto. Por meio de uma 
ordem, conselho ou súplica, o destinatário da mensagem pode se 
sentir coagido e, por isso, acabar adquirindo determinado produto.
Ve
ct
or
po
ck
et
/S
hu
tt
er
st
oc
k
A linguagem nua e crua 35
O uso de uma linguagem com a função conativa objetiva os 
destinatários, incitando o seu desejo ao consumismo. Guareshi (2000) 
explica três movimentos em que o remetente deve pensar ao produzir 
uma propaganda: 1. incitar o afeto de modo inconsciente; 2. exteriorizar 
esse afeto por meio de expressões verbais, faciais ou de qualquer outra 
forma; e 3. concretizar esse afeto, ou seja, realizar a aquisição do produto.
	 Orlandi	 (2000)	 afirma	 que	 não	 há	
neutralidade no uso dos signos e que o sentido de 
um determinado discurso se dá na sua relação com 
um determinado sujeito. Então, em tempos de uso 
intenso de tecnologia digital, podemos nos lembrar da 
publicidade on-line e analisar todos os signos que ela 
permite integrar.
Por essa possibilidade de integração e interação, 
podemos considerar que essa publicidade se 
diferencia de qualquer outra tecnologia tradicional, 
podendo não apenas seduzir o leitor, mas também o 
incorporar ao ato da leitura, a qual pode proporcionar 
hiperlinks, banners, botões das mais variadas formas, 
cores	e	gráficos	para	chamar	ainda	mais	a	atenção	do	
consumidor.
hiperlink: links 
que levam o 
usuário da rede 
de uma página 
a outra quando 
clicados.
banner: forma 
publicitária 
em forma de 
bandeiras, que 
aparecem em 
algum canto 
da página da 
internet.
SAIBA MAIS
Envolvido na função apelativa da linguagem, o destinatário 
tende a criar significação entre o sujeito e o sentido, sofrendo os 
efeitos diretos da persuasão sobre si mesmo.
Portanto, ao produzir uma propaganda, ou qualquer texto em 
que a função apelativa da linguagem seja necessária, devemos utilizar 
a força sedutora e poderosa da palavra e relacionar as linguagens 
verbal e não verbal da melhor forma possível para a construção dos 
sentidos e transmissão da mensagem.
36 Produção e interpretação de textos
2.1.3 Função poética
Leia o poema a seguir e reflita sobre qual sentimento é despertado 
no leitor.
DESEJOS VÃOS
Eu queria ser o Mar de altivo porte
Que ri e canta, a vastidão imensa!
Eu queria ser a Pedra que não pensa,
A pedra do caminho, rude e forte!
Eu queria ser o Sol, a luz imensa,
O bem do que é humilde e não tem sorte!
Eu queria ser a árvore tosca e densa
Que ri do mundo vão e até a morte!
Mas o Mar também chora de tristeza...
As árvores também, como quem reza,
Abrem, aos Céus, os braços, como um crente!
E o Sol altivo e forte, ao fim de um dia,
Tem lágrimas de sangue na agonia!
E as Pedras ... essas ... pisa-as toda a gente! ...
(ESPANCA, 1978).
Nesse poema, é nítido que a poeta transmite uma mensagem de 
profunda tristeza e dor, juntamente a um lirismo desmesurado, ao 
selecionar e combinar palavras entre os versos, a ponto de transmitir 
ao leitor o desejo do eu-lírico de ser uma pessoa diferente. Para isso, 
ela faz combinações entre elementos da natureza (mar, sol, pedra) 
e características humanas (rir, cantar, chorar), buscando nesses 
elementos aquilo que, provavelmente, lhe faria mais forte e corajosa. 
Porém, nas duas últimas estrofes, acaba por perceber que até mesmo 
a natureza tem seus momentos de tristeza.
Assim, estamos diante da função poética da linguagem. Essa 
função está intimamente relacionada à mensagem do discurso. 
Apesar do seu nome, não encontramos a função poética apenas 
em poemas, mas também em textos em que há uma seleção e 
A linguagem nua e crua 37
combinação da linguagem para atender um objetivo específico. 
Como mostra Chalhub (2003, p. 34):
Qualquer sistema de sinal, no sentido de sua organização, 
pode carregar em si a concentração poética, ainda que não 
predominantemente. Uma foto pode estar contaminada 
de traços poéticos, uma roupa pode coordenar, na sua 
montagem sintagmática, o equilíbrio de cor, corte e textura 
do tecido, um prato de comida pode desenhar, sensualmente, 
a forma e cheiro do cardápio, uma arquitetura pode exibir 
relações de sentido entre o espaço e a construção, a prosa 
pode aspirar à poeticidade. 
Em todo caso, a função poética tem o propósito de chamar a 
atenção do leitor para a mensagem que se quer transmitir por meio 
de uma construção linguística elaborada, que foi construída para tal 
fim. Por isso, diante da necessidade da escrita ou da interpretação 
de um texto cuja função linguística é a poética, sempre é necessário 
voltar nossa atenção para as palavras e para o que elas estão 
comunicando a partir da análise do seu contexto.
2.1.4 Função referencial
Observe esta manchete e seu título auxiliar, retirados de um jornal:
Mato Grosso lidera número de 
queimadas em 20192
Após dez dias, incêndio na 
Chapada dos Guimarães é 
controlado
JORNAL 
2 Fonte: Jornal Folha de S.Paulo, 19 ago. 2019. Disponível em: https://www1.folha.
uol.com.br/ambiente/2019/08/apos-10-dias-incendio-na-chapada-dos-guimaraes-
e-controlado.shtml. Acesso em: 4 out. 2019.
38 Produção e interpretação de textos
Ao contrário do que acontece no poema Desejos vãos, ao lermos 
o título dessa notícia, percebemos que ela tem como objetivo expor 
um fato de maneira objetiva, utilizando uma linguagem clara e 
direta.
Isso acontece porque, diferentemente da função poética, a função 
referencial é centrada no referente, ou contexto, de modo que o foco 
deve ser a mensagem que se quer transmitir em si, com a exposição 
objetiva dos fatos e, de preferência, de modo impessoal.
Apesar de sabermos que é praticamente impossível desprover de 
um discurso de pessoalidade, ao construirmos um texto que pretende 
ser referencial, devemos optar pelas palavras mais neutras possíveis 
e tentar identificar o conhecimento partilhado na constituição de 
sentidos do enunciado.
Veja o exemplo:
Após dez dias, incêndio na 
Chapada dos Guimarães 
finalmente é controlado
JORNAL 
Perceba que a simples inserção do advérbio finalmente na 
manchete analisada anteriormente já muda seu sentido, uma vez que 
a palavra inserida forma um novo sentido: o controle do incêndio 
foi conseguido depois de muita espera, luta ou tentativa.
conhecimento 
partilhado: que 
é reconhecido 
pela maioria das 
pessoas em um 
determinado 
grupo ou local.
A linguagem nua e crua 39
A função referencial é caracterizada, então, pela produção de 
informações de modo claro e objetivo, evitando ambiguidades 
e juízos de valor. Por isso, é comum observarmos essa função em 
textos como artigos científicos, livros didáticos, notícias jornalísticas 
e documentos oficiais.
2.1.5 Função fática
Muitas vezes, em uma conversa, o foco está no canal, ou seja, 
no meio pelo qual se transmitem os sinais que evidenciam uma 
comunicação. Assim, considerando que o canal seja o telefone, por 
exemplo, a comunicação é bastante marcada por palavras como 
Alô?, Quem? e Oi, que têm o objetivo de reafirmar a comunicação ou 
até mesmo prolongá-la.
Figura 3 – Exemplo de função fática pela linguagem não verbal
Vo
in
au
 P
av
el
/p
ig
gu
/S
hu
tt
er
st
oc
k
Aham
Hein?!
É muito comum que os sujeitos se empenhem em manter a 
comunicação em um discurso, pois isso garante a atenção tanto do 
emissor quanto do remetente, além de servir como um teste para a 
comprovação do bom funcionamento do canal.
Com certeza, você já passou por alguma situação em que, falando 
no telefone ou em uma chamada de vídeo, quis chamar a atenção 
40 Produção e interpretação de textos
do seu interlocutor, seja porque ele fez um silêncio prolongado ou 
para ter certeza de que ele entendeu o que foi falado. Nesses casos, 
é muito comum utilizarmos frases prontas ou expressões próprias, 
como né?, não é mesmo? e hein!.
Seja qual for a opção, o foco está sempre voltado ao canal, que 
também pode ser marcado por simples ruídos, balbucios ou barulhos 
ininteligíveis; mas, principalmente, por frases prontas, peculiares do 
discurso de nossa língua. Imagine a seguinte conversa:
Figura 4 – Conversa entre duas pessoas
Vo
in
au
 P
av
el
/p
ig
gu
/S
hu
tt
er
st
oc
k
Oi! Como vai?
Tudo bem, e 
você?
Nesse exemplo, veja que a resposta da segunda pessoa pode não 
ser verdadeira, pois talvez ela nem esteja bem, mas sim triste e cheia 
de problemas. Porém, diante da pergunta inicial, feita pela primeira 
pessoa, ela acaba respondendo “tudo bem”, apenas para manter a 
função fática da linguagem, que é de prosseguir a conversa.
Do mesmo modo, analisamos a pergunta inicial “como vai você?”, 
que tem como objetivo apenas iniciar uma comunicação, e não 
realmente saber como a outra pessoa está. Vale lembrar que, nesse 
exemplo, caso uma das pessoas viole a função fática da linguagem, 
a comunicação pode ficar truncada, mal-educada e, até mesmo, ser 
encerrada. É o caso, por exemplo, de quando alguém diz “bom dia” 
e o outro responde “bom dia para quem?”, em que logo nos calamos 
e saímos de fininho.
A linguagem nua e crua 41
 Há um vício de linguagem na língua 
portuguesa chamado de tautologia, o qual caracteriza 
uma repetição desnecessária, utilizando palavras 
diferentes, com o objetivo de expressar uma mesma 
ideia. Por exemplo: “hemorragia de sangue” (hemorragia 
é sempre de sangue), ou “há anos atrás” (há anos 
já indica passado). Esse vício de linguagem acaba 
deixando o discurso redundante. Porém, geralmente, 
caracteriza a função fática da linguagem. 
CURIOSIDADE
Hoje, com os novos canais de comunicação e tecnologias digitais, 
podemos encontrar novas formas que evidenciam a função fática da 
linguagem. Em aplicativos de mensagens de texto, por exemplo, é 
muito comum encontrar o uso desse emoji como forma de aceitar 
ou concordar com o que foi falado pela outra pessoa. É uma espécie 
de “tudo bem” na tela do aparelho digital.
2.1.6 Função metalinguística
Você já assistiu a algum filme que falasse sobre filmes? Se você se 
lembrar de algum filme com essa temática saiba que, então, você já 
se deparou com a função metalinguística no cinema, na sala da sua 
casa ou no local em que assiste à televisão.
Isso porque a função metalinguística é aquela que utiliza 
o próprio conteúdo da linguagem como tema ou conteúdo da 
mensagem a ser elaborada pelo remetente. Assim, ela tem como 
foco o código utilizado para comunicar algo a alguém, o qual 
pode ser verbal ou não verbal e utilizado de diferentes formas para 
garantir a comunicação.
42 Produção e interpretação de textos
Leia os dois poemas a seguir e pense sobre o que eles têm em 
comum.Autopsicografia
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
(PESSOA, 1942)
O poema de Fernando Pessoa tem como tema a poesia. Perceba 
que esse texto é um poema falando sobre poemas, o que nos faz 
afirmar que existe a função metalinguística da linguagem. Do mesmo 
modo, dizemos que o dicionário tem essa função por ser um livro 
que usa a língua para falar da própria língua, considerando-se que 
todos os seus verbetes e respectivos significados são estruturados e 
definidos por meio de uma língua.
Portanto, a função metalinguística manipula os elementos 
linguísticos não só para retomar determinado assunto, mas também 
como ponto de partida. Essa função pode ser utilizada em diferentes 
campos de conhecimento como a música, cinema, pintura, 
publicidade e, até mesmo, no dia a dia.
A linguagem nua e crua 43
2.2 Denotação e conotação
Leia os balões a seguir e observe o sentido das palavras 
destacadas.
Já assinei o papel que 
me deixaram.
Fiz papel de bobo.
No primeiro exemplo, a palavra papel está sendo utilizada 
em seu sentido próprio, técnico e científico, portanto, no sentido 
denotativo; já no segundo exemplo, a mesma palavra assume um 
significado figurado, no sentido conotativo.
Dizemos que na denotação o significado é delimitado por um 
uso específico de caráter informativo, rigoroso e específico. Já a 
conotação tem um sentido mais amplo, pelo fato de permitir que 
sejam feitas associações a outros seres ou a situações que dão um 
entendimento figurado ao vocábulo. Por exemplo, na frase “Fiz 
papel de bobo”, a palavra papel abandona o significado literal de 
substância de matéria fibrosa, originada das árvores, para dar lugar 
ao sentido figurado de atuação, desempenho.
Devemos nos atentar para o fato de que o sentido denotativo 
nem sempre é aquele que está descrito no dicionário, uma vez que 
o sentido conotativo também pode aparecer descrito como um 
dos significados do verbete, com a rubrica pop. (popular) ou fig. 
(figurativo). Assim, para entendermos os sentidos denotativo e 
conotativo, é fundamental observarmos as impressões e os valores 
acumulados discursivamente, os quais podem ser positivos ou 
negativos, dependendo dos valores afetivos, sociais ou emocionais 
impregnados nos vocábulos.
rubrica: 
situada antes 
da definição 
do verbete em 
um dicionário; 
em geral, é 
apresentada 
abreviada.
44 Produção e interpretação de textos
Veja o exemplo a seguir.
Figura 5 – Criança fazendo duas afirmações
Aquele menino 
é meu vizinho.
Aquele moleque 
é meu vizinho.
Considerando as palavras em destaque, podemos dizer que 
elas são denotativas e significam “criança do sexo masculino”. 
Poderíamos dizer também as palavras criança, garoto e pivete, por 
exemplo. Porém, dependendo do grupo social, vocábulos como 
moleque ou pivete podem ser considerados pejorativos, o que faz 
com que essas palavras ganhem uma conotação diferente, ou seja, o 
sentido conotativo, com um sentido menos literal e mais figurativo.
2.3 Polissemia e ambiguidade
2.3.1 Polissemia: vários sentidos para uma só 
palavra
Leia a placa a seguir.
Vendo pôr do sol
Nessa placa, há duas leituras possíveis para a frase “vendo pôr 
do sol”: 1. a pessoa está vendendo (verbo vender) o pôr do sol; e 2. a 
pessoa está vendo (verbo ver) o pôr do sol.
Isso acontece porque as palavras podem assumir mais de um 
sentido e ser definidas em uma lista de significados. Você já parou 
para pensar quantos significados algumas palavras que usamos 
comumente têm?
A linguagem nua e crua 45
Observe o seguinte verbete, por exemplo.
fa.zer
Verbo transitivo direto.
1. Dar existência ou forma a; criar.
2. Construir (prédios, estradas, etc.).
3. Fabricar; manufaturar.
4. Produzir intelectualmente.
5. Executar, realizar (uma ação física ou movimento).
6. Pintar, esculpir, gravar, talhar, etc. (obra de arte).
7. Preparar, cozinhando.
8. Aparar, cortar, etc. ou mandar que o façam.
9. Dar origem a; produzir.
10. Levar a efeito; realizar: fazer um pagamento.
11. Restr. Proferir (discurso, promessa, votos, etc.).
12. Conceber; imaginar.
13. Cursar: Fez química.
14. Formar: Fez um círculo.
15. Obter (um resultado) por esforço, competência ou sorte.
16. Pop. Excretar.
17. Ser a causa, a razão ou o motivo de: O terremoto fez 
a cidade tremer. [Neste caso é seguido de outro verbo no 
infinitivo.] « Impess.
18. Ter decorrido (período de tempo); haver: Faz dois anos 
que ele nasceu.
19. Ocorrer (estado atmosférico); haver: Faz frio. Faz sol.
Verbo transitivo direto e indireto.
20. Prestar (favor, obséquio) a alguém.
21. Transformar, converter: fazer das tripas coração.
22. Fazer (15): Fez 58 pontos na prova.
23. Causar, ocasionar.
Verbo transobjetivo.
24. Tornar: Os problemas fizeram brancos os seus cabelos.
Verbo transitivo indireto.
25. Esforçar-se: Faça por ser um bom aluno.
Verbo intransitivo.
26. Proceder, portar-se.
Verbo pronominal.
27. Tornar-se, transformar-se.
28. Fingir-se: fazer-se de bobo. [C.: 18]
(FERREIRA, 2004).
46 Produção e interpretação de textos
Veja que uma só palavra, como fazer, pode assumir até 28 
significados distintos! Assim, podemos considerar que esses são 
os sentidos polissêmicos de uma palavra, os quais, dentro de uma 
análise linguística, devem ser questionados sempre a partir do 
contexto, o responsável pela modificação do valor de unidade de 
sentido do vocábulo.
Veja como isso acontece a seguir.
Figura 6 – Exemplos de significados do verbo fazer
Vou fazer um bolo.
(A)
H
Q
ua
lit
y/
Sh
ut
te
rs
to
ck
Fazer o quê?
(C)
M
ar
co
s 
M
es
a 
Sa
m
 W
or
dl
ey
 
/S
hu
tt
er
st
oc
k
Vou fazer teatro.
(B)
Fe
r G
re
go
ry
/S
hu
tt
er
st
oc
k
A linguagem nua e crua 47
No caso da Figura 6 (A), temos o verbo fazer assumindo o valor 
do verbo cozinhar ou assar. Na Figura 6 (B), o verbo pode assumir 
tanto o sentido do verbo estudar quanto do verbo representar. Já na 
Figura 6 (C), o verbo fazer não pode ser entendido separadamente, 
mas sim em conjunto com os outros dois vocábulos, já que só assim 
é possível manter o sentido da expressão como sendo “E agora?”.
Portanto, essa dinâmica polissêmica das unidades só é construída 
a partir do reconhecimento do contexto, da linguagem usada e dos 
valores referenciais no discurso e pelo discurso. Só a partir desse 
tipo de análise é possível determinar a relação de sentidos de uma 
palavra, frase, ou expressão, e explicitar a produção dos sentidos, a 
qual acaba disseminando uma ideologia e visa certa produção de 
efeitos sobre o interlocutor.
2.3.2 Extra! Extra! Estudante procura livro 
sequestrado via internet: um estudo sobre a 
ambiguidade
Quando um enunciado escrito gera duplo sentido ao ser lido, 
dizemos que ele é ambíguo. Por exemplo, no caso do subtítulo desta 
seção, ficamos em dúvida se o estudante procura o livro na internet 
ou se o livro foi sequestrado por meio da internet, o que seria muito 
estranho, mas, mesmo assim, possível, devido à construção sintática 
da frase.
Desse modo, segundo Henriques (2011, p. 87), ambiguidade 
acontece quando “um enunciado traz em si duas ou mais 
interpretações”. De acordo com Ilari (2010), a ambiguidade pode ser 
causada por motivos sintáticos (construção e organização da frase), 
como a má colocação de um adjunto adverbial, ou semânticos 
(sentido das palavras), como o mau uso do pronome dentro de 
um mesmo período. O primeiro dá a possibilidade de construção 
de duas ou mais análises sintáticas ao texto, enquanto o segundo 
permite que se encontrem dois ou mais antecedentes.
48 Produção e interpretação de textos
Vamos observar como isso acontece!
• “Eu fiquei sabendo do incêndio no shopping”.
Ao ler essa frase, ficamos em dúvida se o emissor ficou sabendo 
do incêndio no momento em que visitava ou fazia comprasno 
shopping ou se o shopping pegou fogo. Assim, dizemos que essa 
ambiguidade é sintática, porque a dúvida advém das funções que os 
termos exercem nas orações e suas relações.
• “Antônio recebeu uma mesada”.
Já nessa frase, podemos ficar em dúvida se Antônio recebeu uma 
mesada porque bateram nele com uma mesa, ou se ele recebeu uma 
quantidade de dinheiro de alguém. Nesse caso, a dúvida é originada 
pelos diversos significados assumidos pelo vocábulo. Por isso, 
dizemos que essa ambiguidade é semântica.
Para tirarmos a ambiguidade de um texto, é importante 
refazermos a construção sintática ou semântica, procurando sempre 
deixar o texto simples, conciso e sem muitos rebuscamentos. A 
simplicidade, o cuidado com os referentes e a clareza são elementos 
essenciais de um texto, pois ajudam a evitar construções ambíguas 
e facilitam o entendimento daquilo que se quis transmitir. Como 
afirma Henriques (2011, p. 90):
– A ambiguidade é um vício de linguagem?
– Depende! Diga-me em que texto está a ambiguidade 
e eu te direi se é um vício de linguagem ou se é uma 
experimentação.
Porém, em alguns gêneros textuais, a ambiguidade é essencial, 
pois provoca humor, convence o leitor ou direciona a leitura para 
um determinado ponto do texto. São exemplos a propaganda e o 
anúncio publicitário.
A linguagem nua e crua 49
Móveis por estes 
preços não vão durar 
nada!
Nesse caso, a construção sintática gera ambiguidade, visto que 
ficamos na dúvida se serão os móveis (pela qualidade) ou o estoque 
(por causa do preço) que não vão durar nada.
Muitas vezes, esses gêneros usam da ambiguidade para atingir 
um público-alvo ou objetivo predeterminado. Esse não é o caso no 
exemplo apresentado, já que nenhuma propaganda tem interesse 
em colocar a qualidade de seu produto em dúvida. Nos casos 
propositais, a ambiguidade não deve ser reformulada, o ideal é que 
ela seja analisada para que possamos compreender quais são os 
diferentes entendimentos que podemos ter do(s) período(s) e qual é 
o resultado do discurso.
Outros gêneros que fazem uso frequente da ambiguidade são: 
textos poéticos, textos humorísticos, histórias em quadrinhos, trovas 
e anedotas. Dependendo da intencionalidade de cada um deles, a 
ambiguidade se torna um instrumento de escrita; do contrário, ela 
é apenas um vício de linguagem. Textos científicos, informativos 
e com caráter acadêmico jamais podem ser ambíguos, pois devem 
primar pela clareza e pela concisão.
50 Produção e interpretação de textos
Considerações finais 
O falante de uma língua, enquanto remetente e destinatário 
de discursos, deve estudar e desenvolver as funções da linguagem 
e as diversas facetas que uma palavra pode assumir, uma vez que 
isso lhe oportuniza o entendimento da função social de uma 
língua e o desenvolvimento da potencialidade discursiva. Esse 
desenvolvimento exige uma continuidade, um processo das ações 
de escrita e leitura que devem ser analisadas linguisticamente. 
Assim sendo, não se comunica algo a alguém de qualquer 
forma. A comunicação é um processo que depende de estratégias 
de produção que proporcionem uma reflexão independente e 
autônoma dos indivíduos durante o uso da língua.
Nesse contexto, as funções da linguagem garantem aos indivíduos 
o acesso ao processo de participação social, posto que conseguem 
compreender as dimensões dialógicas do universo linguístico, 
superando a mera decodificação e transpondo as mais diferentes 
práticas comunicativas. 
Vale ressaltar que o sentido de um texto não pode ser estabelecido 
somente sob um único ponto de vista. É importante observar 
que a compreensão de uma palavra ou de um texto só é possível 
a partir da relação autor-texto-leitor-contexto, a qual oportuniza 
uma multiplicidade de sentidos, mas sempre dentro de um limite 
de informações explícitas ou implícitas, denotativas ou conotativas, 
ambíguas ou polissêmicas.
Finalmente, procurar avançar linguisticamente representa um 
desafio grande, porém fundamental, para as pessoas que buscam 
novos conhecimentos e o aprimoramento do uso da língua.
A linguagem nua e crua 51
Ampliando seus conhecimentos 
• FIORIN, J. L. Figuras de retórica. São Paulo: Contexto, 2014.
Aprofunde seus estudos sobre funções da linguagem com 
esse livro, que traz reflexões valiosas acerca do processo de 
comunicação com base na intencionalidade do produtor.
• EMOTICON do WhatsApp com significado. Disponível 
em: https://www.emoticonsignificado.com.br/. Acesso em: 
4 out. 2019.
Descubra o significado dos emojis mais usados nos aplicativos 
de envio de mensagens de texto. Lembramos que eles podem, 
vez ou outra, assumir a função fática da linguagem.
• BOLDRIN, R. Autobiografia de mim mesmo, à maneira de 
mim próprio. [S.l: s.n.], 2012. 1 vídeo (4 min). Publicado 
pelo canal TV Cultura Digital. Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=3nLtHcLwSuI. Acesso em: 4 out. 2019.
Podemos observar a função emotiva da linguagem nesse 
vídeo, em que Rolando Boldrin recita o texto Autobiografia 
de mim mesmo, à maneira de mim próprio, escrito por Millôr 
Fernandes. Mantendo o foco na linguagem, o texto reflete 
emoções e sentimentos segundo a visão do remetente.
• A INVENÇÃO de Hugo Cabret. Direção de Martin Scorsese. 
Los Angeles: Paramount Pictures, 2012. 1 DVD (127 min). 
Drama.
O filme conta a história de um menino que mora em uma 
estação de trem e começa a viver aventuras em busca de 
desvendar o mistério que gira em torno de uma chave que 
tem o fecho em forma de coração. Usando a metalinguagem, 
o filme relembra, em vários momentos, a trajetória do francês 
George Méliès, ilusionista e cineasta francês, detalhando 
peculiaridades de seu trabalho.
52 Produção e interpretação de textos
Atividades
1. Por que é importante reconhecermos as funções da linguagem? 
2. Alguns gêneros textuais, como um artigo científico ou notícia 
de jornal, exigem impessoalidade. Explique quais estratégias 
linguísticas podem ser utilizadas para garantir esse objetivo.
3. Qual é a função que mais utiliza a conotação? Como ela faz 
uso desse recurso?
4. Qual é a relação entre polissemia e ambiguidade? Cite um 
exemplo em que há ambiguidade e/ou polissemia.
Referências
CHALHUB, S. Funções da linguagem. 11. ed. São Paulo: Ática, 2003.
ESPANCA, F. Sonetos. Portugal: Bertrand, 1978.
FERREIRA, A. B. H. Dicionário Mini Aurélio. Curitiba: Positivo Informática 
Ltda., 2004. Eletrônico. Versão 5.12.
GUARESHI, P. A. Comunicação e controle social. Petrópolis: Vozes, 2000. 
HENRIQUES, C. C. Léxico e semântica: estudos produtivos sobre palavra e 
significação. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
ILARI, R. Introdução ao estudo do léxico: brincando com as palavras. São 
Paulo: Contexto, 2010.
ORLANDI, E. P. Análise de discurso. São Paulo: Pontes, 2000.
PESSOA, F. Poesias. Lisboa: Ática, 1942. Disponível em: http://arquivopessoa.
net/textos/4234. Acesso em: 4 out. 2019.
3
Estratégias de leitura e de escrita
Como visto até agora, não devemos praticar sem fundamento 
as atividades que exigem o uso da língua. Afinal, escrever, ler e 
compreender são processos que dependem de estratégias que exigem 
reflexão independente dos falantes da língua. Essas atividades estão 
constantemente presentes no dia a dia do cidadão, que deve garantir 
o processo de compreensão, pois assim pode auxiliar sua família, a 
sociedade e até a si mesmo das mais diversas formas, por exemplo, 
ao ler uma placa ou conseguir um bom emprego.
Fica claro que os indivíduos têm um grande desafio: ler, escrever 
e interpretar além do que está posto na escrita, já que saber assinar 
o nome, conseguir reconhecer o alfabeto e as sílabas e fazer cálculos 
simples não é mais garantia de ser letrado.
Para auxiliar nessas atividades, apresentamos, neste capítulo, 
uma reflexão sobre os aspectos envolvidos no processo de leitura 
em diferentes níveis, e as diversas estratégias para alcançá-los. Essas 
estratégias poderão ser usadas, em diversos momentos do cotidiano, 
na exploração de diferentes linguagens,sejam elas escritas ou 
faladas, lidas ou ouvidas, verbais ou não verbais.
Neste capítulo, trazemos três assuntos relevantes para os 
processos de leitura e escrita: os níveis de leitura; o tópico frasal 
e o desenvolvimento de um parágrafo; e o resumo. Na primeira 
seção, veremos os níveis de leitura objetivo, inferencial e avaliativo, 
que compreendem desde a interpretação mais básica até a mais 
requintada. Não se trata de uma hierarquia de níveis, mas sim de 
competências e habilidades que devemos desenvolver e dominar 
durante uma leitura.
54 Produção e interpretação de textos
Na segunda seção, abordamos como um parágrafo costuma 
apresentar o tópico frasal, ou seja, um assunto nuclear, para que 
então sejam feitos desdobramentos. Essa identificação auxilia o 
processo tanto de escrita quanto de leitura. Por fim, veremos como 
se faz um resumo, gênero que exige do leitor um olhar atento aos 
tópicos mais importantes de um texto, além da consideração do 
contexto, da função da linguagem e da intencionalidade do texto.
Assim, o presente capítulo tem como objetivo principal promover 
uma reflexão para quem gosta de estudar, oferecendo atividades 
práticas que colaborem no processo de aprendizado da leitura e, 
consequentemente, da escrita.
3.1 Níveis de leitura de um texto
Segundo Teberosky e Tolchinsky (2006, p. 150), “um dos 
problemas cruciais na compreensão do processo de leitura é a 
relação entre interpretação e decodificação”. Muitas vezes, essa 
incompreensão se dá porque todo mundo sabe que existem várias 
funções da linguagem, mas muitas pessoas desconhecem os 
diferentes níveis de leitura.
Entender a língua como ato social e atividade de interação verbal 
entre dois ou mais interlocutores – vinculada, assim, a circunstâncias 
concretas e diversificadas de sua atualização e utilização – é o primeiro 
passo para formar um indivíduo competente que consiga discernir, 
decidir e atuar sobre a própria aprendizagem e realidade.
Você já deve ter passado por momentos nos quais, após ler um 
texto qualquer, foi obrigado a responder perguntas em que bastava 
voltar a ele, copiar um trecho e pronto, estavam respondidas as 
perguntas. Atualmente, sabemos que perguntas e respostas não são 
mais suficientes para avaliar leitores, visto que, para compreender 
Estratégias de leitura e de escrita 55
verdadeiramente um texto, são necessárias diferentes práticas, que 
podem envolver o implícito ou o explícito, o vocabulário geral ou 
o específico, ou, ainda, a percepção da estrutura linguística que os 
textos trazem de acordo com o gênero apresentado.
Por esse motivo, vamos aprender quais níveis estão envolvidos 
na leitura e por quais estratégias podemos alcançá-los.
3.1.1 Nível objetivo
Provavelmente, você já viajou ou conhece alguém que foi a 
algum lugar diferente do estado onde mora e que, ao chegar ao 
destino, enfrentou dificuldades com a tradição alimentar do local 
ou ficou na dúvida se era seguro se alimentar daquela culinária ou 
não. Pensando nisso, o Ministério do Turismo lançou uma cartilha 
com dicas sobre alimentação segura em viagens.
Sua escolha faz toda diferença
Hoje os destinos turísticos do Brasil estão se preparando 
para oferecer aos visitantes alimentos prontos para o 
consumo, com qualidade higiênico-sanitária.
Para que os bares, restaurantes, quiosques, ambulantes 
e outros serviços de alimentação adotem boas práticas, 
você, turista, precisa fazer a sua parte: escolha sempre 
lugares limpos e organizados, que se preocupam com 
a segurança dos alimentos.
Esteja atento!
Observe quem vai manipular os alimentos. Garçons, 
copeiros e demais atendentes não podem tocar nos 
alimentos, devendo utilizar corretamente os utensílios 
para servir os clientes. Os manipuladores devem estar 
56 Produção e interpretação de textos
com as unhas cortadas, limpas e sem esmalte, com os 
cabelos curtos ou presos e protegidos, e usar roupas 
limpas.
Lave bem suas mãos antes de pegar nos alimentos ou 
pegue-os envolvidos em um guardanapo.
De nada valerão os cuidados dos manipuladores de 
alimentos se você não fizer a sua parte. (BRASIL, 2006, 
p. 6 e 8)
Ao ler esse texto, fica claro que o Ministério do Turismo tem o 
objetivo de alertar o viajante sobre a escolha de alimentos e locais 
com qualidade higiênico-sanitária. Porém, de nada adiantará essas 
orientações se o turista não fizer sua parte, que está posta de modo 
explícito no texto. Você consegue encontrá-la?
Se você descobriu que é o trecho que alerta sobre a importância 
de o viajante dar preferência a lugares limpos e organizados e ter o 
cuidado de lavar bem as mãos antes de pegar qualquer alimento, 
você acertou! Não foi difícil encontrar essa resposta, não é mesmo? 
Isso porque dizemos que ela está posta de maneira objetiva no texto 
e deve ser interpretada da mesma forma: com clareza e sem rodeios.
Assim sendo, toda vez que temos que encontrar, no texto, uma 
situação objetiva, que vai direto ao ponto de um determinado tema 
e que não tem como ser modificada dentro do contexto apresentado, 
dizemos que fizemos uma interpretação no nível objetivo da leitura. 
Esse nível tem como característica principal fazer com que o leitor 
decodifique o texto, identifique informações explícitas ou busque 
Estratégias de leitura e de escrita 57
palavras e expressões que respondam a perguntas sobre informações 
básicas relacionadas a um determinado texto.
O nível objetivo é o mais superficial da leitura, e o alcançamos, 
geralmente, no primeiro contato com o texto. À medida que 
decodificamos um texto e fazemos a leitura, depreendemos 
informações explícitas postas no texto e que nos ajudam a determinar 
o tema principal e seus desdobramentos principais.
Observe a interpretação no nível objetivo que podemos fazer dos 
textos Sua escolha faz toda diferença e Esteja atento!, apresentados 
anteriormente:
• Tema principal: turismo.
• Desdobramento de Sua escolha faz toda diferença: a 
importância da qualidade higiênico-sanitária e da adoção 
de boas práticas na preparação de alimentos em bares, 
restaurantes, quiosques e ambulantes.
• Desdobramento de Esteja atento!: a manipulação de 
alimentos exige certos cuidados, como unhas limpas, cortadas 
e sem esmalte; cabelos curtos, presos e protegidos; e roupas 
limpas. Além disso, nem todos os profissionais dentro do 
restaurante podem manipular os alimentos.
• Outras informações: o turista deve estar sempre atento a 
essas dicas e fazer sua parte.
Para chegar a essa interpretação, o leitor pode utilizar estratégias 
como a antecipação e a observação. Em linguagens verbais, como 
a observada em um livro, a antecipação pode ser alcançada por 
meio do reconhecimento dos títulos ou subtítulos, pela previsão 
do conteúdo que eles trazem, e a observação diz respeito ao olhar 
atento ao índice, à capa, à contracapa e aos parágrafos.
58 Produção e interpretação de textos
Diante de uma linguagem não verbal, essas estratégias devem 
ser realizadas pela observação de detalhes, cores, fontes e todos os 
pormenores contidos na imagem.
Figura 1 – Linguagem não verbal representada por uma pintura
Fonte: BOTTICELLI, S. O nascimento de Vênus. ca. 1483. Têmpera sobre tela: 1,72 m x 2,78 m. 
Galeria Uffizi, Itália.
Diante desse texto, podemos antecipar, em uma primeira análise, 
que se trata de uma pintura renascentista, pois apresenta cores 
claras com escuras, temática mitológica e equilíbrio e elegância 
nas formas. Claro, isso exige um conhecimento prévio sobre 
arte. Porém, de qualquer modo, a partir da observação, podemos 
identificar uma mulher adulta, nua, acompanhada de três seres, 
todos com características mitológicas. Além disso, há um manto 
estampado, presença da natureza (mar, vegetação, flores) e uma 
concha de tamanho considerável apoiando a mulher. Poderíamos, 
ainda, descrever melhor as expressões, as características de cada ser, 
as vestimentas (ou sua falta) e as atitudes demonstradas.
Perceba que esses exemplos de interpretação se referem a um 
momento inicial

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