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CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA PROF. HEGILDO HOLANDA GONÇALVES JOSÉ AIRTON FERNANDES DE FARIAS RESUMO: O QUE É CIÊNCIA AFINAL? CAJAZEIRAS – PB JANEIRO – 2014 RESUMO: O QUE É CIÊNCIA AFINAL? CHALMERS, Alan F. O que é Ciência Afinal?. Tradução: Raul Filker. Editora Brasiliense. 1993. Cap. I – Indutivismo: Cie ncia como conhecimento derivado dos dados da experie ncia Para dar vida à ideia de Indutivismo como uma ciência, o Autor subdivide esse primeiro capítulo de sua aclamada obra em cinco partes. A primeira enuncia uma concepção de senso comum da ciência plausivelmente aceita. Plausivelmente porque a ciência em si é citada como não- especulativa e não-subjetiva. Se tomarmos o conhecimento científico como um conhecimento provado objetivamente, encontraremos neste certeza e consistência. O raciocínio indutivo se caracteriza como principal tema desse capítulo, e sendo esse o principal, seu antagonista seria o indutivismo ingênuo, a segunda subdivisão do capítulo. Em termos gerais, a definição de indutivista ingênuo criada pelo autor remete ao raciocínio indutivo, que o mesmo cita ser em sua maioria, enquanto ciência, “completamente equivocada e mesmo perigosamente enganadora” (CHALMERS, 1993, p. 25). Para ele, o indutivista ingênuo tende a iniciar sua prática científica pela observação, sendo os dados a fonte essencial para constituir-se uma teoria. Ao coletarmos certas proposições como afirmações para levantarmos algum dado, podemos nos deparar com dois tipos de Afirmações, as singulares e as universais. As afirmações singulares reportam-se a uma ocorrência, estado ou lugar específico de alguma coisa num tempo específico, o que o estudioso não crê ser interessante em citar. As afirmações universais declaram atestações de um ou alguns comportamento(s) de eventos de um tipo específico a todos os lugares e tempos, sem distinção e que devam respeitar a generalidade, a variedade de condições e não devam conflitar com a lei universal da qual derivam, nos levando do particular para o todo. Todo esse aparato para justificar uma afirmação universal é que o estudioso denomina de raciocínio indutivo, e o processo, a indução. Para contrapor a indução, Chalmers apoia-se no raciocínio dedutivo para delinear explicações advindas da disciplina da lógica, firmando a terceira parte desse capítulo. Certificando-se desse fato ao exemplificar certas premissas que, se apoiadas na verdade, então a conclusão deve ser verdadeira, porém a obtenção da verdade dar-se-á por um recurso investigativo, que demarca a 4ª parte, onde a previsão e a explicação dos relatos indutivistas, que bem como a pesquisa dedutiva, são derivadas através de, primeiramente, leis e teorias, associadas às condições iniciais, culminando nessas previsões e explicações científicas. A última parte deste capítulo trata da objetividade da ciência indutivista, que é advinda principalmente das observações e do raciocínio indutivo. O reforço dos ideais indutivistas parte da afirmação dos defensores dessa modalidade no que concerne as suas teorias, que afirmam sempre “estarem apoiadas indutivamente em alguma base mais ou menos segura fornecida pela experiência.” (CHALMERS, 1993, p. 36). Cap. II – O problema da Induça o O criador da obra começa, neste capítulo, a ilustrar uma justificativa para porque proceder com a indução e até onde ela leva o indutivista ingênuo. Como já foi mencionado anteriormente, o apelo à lógica é o principal fator, mas se você se questionar como a dedução lógica pode justificar a indução, podemos ainda recorremos a outro recurso que é a base das abordagens científicas, a experiência. Ministrando alguns exemplos de uso da lógica atentando para o fato de que não seria esse recurso suficiente para se colocar em prática, por não se poder “usar a indução para justificar a indução” (CHALMERS, 1993, p. 40), o autor se depara mais uma vez com o mesmo problema. Já percebendo que as generalizações não são a base para uma afirmação segura, o mesmo ressalva a opção da probabilidade: o conhecimento científico representa o conhecimento provavelmente verdadeiro. Apesar desse recuo à provável resposta ao problema da indução, pode-se enxergar de longe que a probabilidade não se transfigura em conhecimento sólido. O fato de haver várias possíveis respostas para a justificativa da indução poderia prolongar o estudo para outras ramificações. Por exemplo, há a explicação cética – onde se assume que a ciência se baseia na indução e ponto final – ou o enfraquecimento da exigência indutivista de que todo conhecimento não lógico derive da experiência, ou até mesmo a negação de que a ciência se baseie em indução. Cap. III – A depende ncia que a Observaça o tem da Teoria O que é a observação? Conforme o escritor do livro, para o indutivista o sentido da visão é o principal instrumento de acesso à observação. Ressaltando esse fato, vale salientar dois recursos essenciais adquiridos através do sentido da visão: o primeiro é a existência de fatores e propriedades do mundo externo que serão registrados pelo cérebro, o segundo é que dois observadores normais também registrarão a mesma visão e também registrarão em seus cérebros essas informações. Para refutar tal premissa, Chalmers (1993, p. 49) cita “N. R. Hanson, ‘Há mais coisas no ato de enxergar que o que chega aos olhos’”, e anda utiliza uma figura de caráter geométrico, dentre outros exemplos, para demonstrar ao leitor que mais de um observador normal não tem necessariamente a mesma experiência visual. As proposições de observação pressupõem a formação de teorias. Afirmações e experiências perceptivas vão moldando o raciocínio tanto indutivo como dedutivo. Uma vez que o indutivista desenvolve teorias de vários graus de generalidade e sofisticação, sua atenção é voltada para as proposições observadas, que por sua vez, são feitas a partir de uma linguagem simples e de alguma forma teórica. Porém, Chalmers avalia as proposições de observação como tão sujeitas à falha quanto as teorias que elas pressupões, tornando-as assim uma base não segura para construção de leis e teorias científicas. Para defender esse ponto de vista, ele se alicerça de numerosos exemplos, a saber. Todavia, ele afirma que essas proposições ainda têm importância para a ciência, o que está incorreto é o papel que o indutivista assume para elas. Segue-se que experimentos e observações servem para lançar luz sobre alguma teoria e apenas as consideradas de caráter relevante devem ser registradas, contanto que à medida que estas teorias sejam falíveis e/ou incompletas, devemos nos resguardar com a relevância destas, para nossa investigação não se inferida como enganosa. Essa dependência que possuem observação e teoria chega a derrubar a afirmação indutivista de que a ciência começa por observações. Pode-se até, de forma alternativa, reescrever essa máxima, de acordo com o que foi estudado até então, para “a ciência pode começar a partir de observações livres de preconceito e ilegitimidades”. Como a teoria está intimamente ligada às circunstancias as quais surge, o autor chega a se adiantar e sugerir o abandono do indutivismo, inclusive citando Lakatos para afirmar que tal indutivismo é degenerativo. Cap. IV – Apresentando o Falsificacionismo A doutrina da falsificabilidade1 afirma que a observação pressupõe a teoria e que, como a ciência é concebida por tentativa e erro, apenas teorias legitimamente adaptadas, ou até mesmo as menos errôneas, é que sobrevivem. Sendo assim, o falsificacionismo apoia-se em considerar métodos dedutivos lógicos para checara falsidade de leis e teorias universais. A partir do momento que uma premissa é afirmada e a conclusão negada, encontramos uma contradição. Trabalhar em cima de contradições, como esboça o estudioso, pode chegar a facilitar o direcionamento da teoria, ou até mesmo sua aplicabilidade, pois é nesse momento que o falsificacionista pode explorar essa vertente peculiar da lógica. Se tomarmos esse critério como condição fundamental, economizamos até mesmo certo tempo, em caso da teoria não ser legitimada. Como podemos observar na obra, “Uma hipótese é falsificável se existe uma proposição de observação ou um conjunto delas logicamente possíveis que são inconsistentes com ela, isto é, que, se estabelecidas como verdadeiras, falsificariam a hipótese.” (CHALMERS, 1993, p. 67). De um modo geral ele explica a necessidade da hipótese ser falsificável para que seja sólida e aceita. O mesmo ainda afirma que para o falsificacionista, o grau de falsificabilidade infere numa teoria melhorada, pois ele afirma ser uma teoria muito boa aquela que faz afirmações bastante amplas, é falsificável e ainda resista à falsificação toda vez que for testada. Através de exemplos, ele explana que teorias menos falsificáveis podem ser preteridas às altamente falsificáveis, por essas últimas se mostrarem com potencial mais amplo a serem desmentidas. A compensação da falsificabilidade é, em resumo, o que deixa a teoria mais atrativa e mais claramente afirmativa. Analogamente, Chalmers nos convence de que, quanto mais precisamente uma teoria for articulada, mais falsificável ela será. O que torna essa afirmação infalível são os exemplos citados em seu trabalho - a saber, e ainda mais quando menciona que “As exigências intimamente associadas de precisão e clareza de expressão seguem-se, naturalmente, da explicação falsificacionista da ciência” (CHALMERS, 1993, p. 73). 1 Falsificabilidade, falseabilidade ou refutabilidade é um conceito importante na filosofia da ciência (epistemologia), proposto por Karl Popper nos anos 1930, como solução para o chamado problema da indução. Para uma asserção ser refutável ou falseável, em princípio será possível fazer uma observação ou fazer uma experiência física que tente mostrar que essa asserção é falsa. (Fonte: Cyclopaedia.net. Disponível em: <http://pt.cyclopaedia.net/wiki/Falsificabilidade>). O falsificacionismo segue uma progressão hierárquica e que pode ser bastante demorada: como a ciência começa com problemas, depois temos as hipóteses e conjecturas, logo após essas hipóteses são testadas, sendo que algumas podem ser eliminadas imediatamente, outras perduram, e devem ser submetidas a críticas e testes ainda mais rigorosos. Depois da hipótese ter sido altamente falsificada, surge então como resultado, um novo problema. Este será tratado com críticas e testes de novo aspecto, e assim o processo continua. Só abrindo o parêntese que nenhuma teoria pode-se afirmar como absolutamente verdadeira, mesmo ela tendo passado por esse processo incontáveis vezes. Cap. V – Falsificacionismo Sofisticado, novas previso es e o crescimento da Cie ncia A explicação falsificacionista sofisticada da ciência, se focarmos no crescimento desta, ficamos sujeitos a desviar a atenção dos méritos de uma teoria isolada para teorias concorrentes. Em termos gerais, o que o autor aponta é que se uma teoria nova for mais falsificável que sua rival e for digna de consideração dos cientistas, ela será aceita, inclusive se prever fenômenos nunca dantes tocado pela teoria rival. Conforme a ciência progride, as teorias vão ficando cada vez mais falsificáveis e mais informativas. Uma modificação em uma teoria qualquer, como o acréscimo de um postulado ou modificação de um que já é utilizado, e que não traga consequências é chamada de modificação ad hoc2. Após testes, se a hipótese modificada resistir à falsificação, então se conclui que algo novo foi aprendido e que haverá progresso nesta teoria. Para dar credibilidade: Se um desses tipos de conjectura não consegue passar por um teste de observação ou experimento ele será falsificado, enquanto se ele passar por tal teste diremos que está confirmado. Serão assinalados avanços significativos pela confirmação de conjecturas audaciosas ou pela falsificação de conjecturas cautelosas. Casos do primeiro tipo serão informativos, e constituirão uma importante contribuição ao conhecimento científico, 2 Expressão latina que significa “para esta finalidade” ou “com este objetivo”. Porém, nesse caso assume o sentido que uma modificação do tipo ad hoc não valida uma teoria falsificada. simplesmente porque assinalam a descoberta de algo que era previamente desconhecido ou considerado improvável. (3) O que podemos extrair no que tange a essas conjecturas audaciosas, se suas afirmações forem improváveis à luz dos conhecimentos prévios da época em que se pesquisa esse conhecimento prévio é relevante, quando admitimos suas referências e previsões de algum fenômeno a serem julgadas na forma de considerar as novas proposições audaciosas ou não, e o conhecimento científico, juntamente com a falsificação das conjecturas cautelosas, se torna crescente. Uma vez dado toda essa ênfase ao falsificacionista, o estudioso tende a comparar as visões deste com o indutivista, pois para o falsificacionista, o crescimento da ciência se dá de forma mais significativa, o que tende a dar uma melhor explicação ao processo de confirmação de teorias. Essa significância é avaliada de acordo com a confirmação de improbabilidade à luz do conhecimento prévio da época. Cap. VI – As limitaço es do Falsificacionismo Teorias podem ser falsificadas com provas disponíveis, enquanto não podem ser ditas como verdade, a aceitação da teoria sempre é uma tentativa e sua rejeição, decisiva. Porém, segundo Chalmers (1993, p. 91) “Se são dadas proposições de observação verdadeiras, então é possível deduzir logicamente a falsidade de certas proposições de observação, enquanto não é possível deduzir a verdade de qualquer proposição de observação”. O que o estudioso tenta nos transmitir é essa questão falível do falsificacionismo, essa limitação, herdada da lógica, onde o mesmo apoia-se no colega Karl Popper para realçar a elucidação desse problema. Se o próprio Popper afirma que a aceitabilidade das proposições de observação é avaliada pela sua sobrevivência a testes, então podemos apontar que aquelas que falham, logo serão descartadas, enquanto as que sobrevivem a todos os testes são mantidas. O que pode resumir bem essa etapa da obra é o aparato histórico levantado pelo autor. Teorias citadas como a de Newton e a lei da gravidade quase refutada pelo mau comportamento da órbita do planeta Urano, de Maxwell e a teoria cinética dos gazes, de Nicolau Copérnico (e em 3 CHALMERS, 1993, p. 84. Citação e grifos de K. M. Popper, “The Aim of Science”, In Objective Knowledge (Oxford: Oxford University Press, 1972) p. 70. seguida Galileu) e sua conjectura sobre a órbita do Sol, tudo serve para esboçar que nem os falsificacionista nem os indutivistas dão um relato compatível com o que a ciência realmente é. Essas teorias, principalmente a de Copérnico, foram mantidas, perseveradas e desenvolvidas apesar de aparentes falsificações, só com os séculos e o trabalho intelectual de muitos cientistas, para obter resultados satisfatórios de observação e experimentos. Nenhuma explicação da ciência pode ser admitida como satisfatória. Cap. VII – Teorias como estruturas: Programas de PesquisaApós a apresentação e assimilação de todos esses termos, é chegada a hora em que o criador da obra adequa seus ideais voltados ao ponto de vista em que a geração de teorias científicas se dá de forma complexa, apresentando-as como espécies de estruturas. Ele se resguarda no estudo histórico da ciência para corroborar sua teoria, pois o mesmo afirma que “O estudo histórico revela que a evolução e o progresso das principais ciências mostram uma estrutura que não é captada pelos relatos indutivista ou falsificacionista.” (CHALMERS, 1993, p. 110). Todavia ele ressalta o fato de haver ainda outra base, menos histórica e mais filosófica, que está fortemente ligada ao atrelamento que a observação tem da teoria. Para ver as teorias como estruturas organizadas, além do fator histórico que demonstra isso e o fato que, apenas com uma teoria relativamente estruturada, é que os conceitos assumem um sentido conciso, há ainda um terceiro fator, que tem origem na necessidade do crescimento da ciência, é que essas estruturas devem ser constituídas abertamente a oferecer programas de pesquisa. Nosso autor se embasa em Imre Lakatos4 para exibir que a estrutura organizada na ciência é uma tentativa de superar o falsificacionismo popperiano. A ideia de Lakatos é fornecer orientação para a pesquisa em duas vertentes, que ele chama de heurística5 negativa: o núcleo primário (ou suposições primarias), não deve ser rejeitado ou modificado, tendo que estar protegido da falsificação por um cinturão de hipóteses auxiliares, condições e pré-requisitos, etc. E a heurística positiva: que é uma visão geral de como o programa de pesquisa deve ser desenvolvido, 4 Artigo de I. Lakatos, “Falsificação e a Metodologia dos Programas de Pesquisa Científica”. In A Crítica e o Crescimento do Conhecimento (nossa tradução) de Lakatos e Musgrave (Cambridge: Cambridge University Press, 1974). 5 Adj. Conjunto de regras e métodos que visam à descoberta, à invenção ou à resolução de problemas. (Dicionário Mini Aurélio - Versão eletrônica). suplementando o núcleo irredutível (a característica teórica que define o programa) com conjecturas adicionais para explicar fatos com antecipação ou prever novos acontecimentos. Ainda nessa linha de pensamento, podemos dividir os programas de pesquisa em dois tipos de méritos: progressivo ou degenerescente, essa definição depende do sucesso ou fracasso do programa, no que concerne a novos fenômenos. Além disso, ele afirma que o programa de pesquisa deve obter mérito, não apenas em descobrir novos fatos, mas também deve possuir um estado de coerência que envolva uma definição aceitável para a pesquisa posterior. Atentando ao fato da metodologia em um programa de pesquisa poder ter dois pontos de vista, nosso autor ainda se apoia na visão de Lakatos: o primeiro é relativo ao trabalho a ser realizado dentro de um único programa de pesquisa, que envolve expansão e/ou adição de várias hipóteses no seu cinturão protetor, contanto que não seja ad hoc, além de articulação e testes independentes dessas hipóteses. O segundo ponto é relativo à comparação dos métodos de programas de pesquisa competitivos, onde serão julgados os méritos ligados aos programas à medida que eles estejam progredindo ou degenerando, no caso do último acontecer, esse programa dará espaço para o competidor mais progressista. Com uma ressalva, ainda podem ser analisados as contribuições do programa degenerescente, rever seus critérios de coerência ou até mesmo redefini-los. Cap. VIII – Teorias como estruturas: Os paradigmas de Kuhn Para angariar um novo ideal Chalmers envereda pela teoria da ciência de Thomas Kuhn para dar suporte ao entendimento das teorias científicas como estruturas complexas. Apesar de Kuhn preceder a Lakatos, nosso autor escolhe essa cronologia para o melhor entendimento do leitor. O modo que Kuhn vê a progressão da ciência se dá essencialmente através de fatores sociológicos. Ele propõe um esquema substancial de como a ciência progride: Pré-ciência: atividade diversificada e até mesmo desorganizada que precede a formação da ciência, tornando-se ocasionalmente estruturada e guiada pela comunidade científica para a proposição de um único paradigma; Ciência normal: são os trabalhos dirigidos por tal paradigma - com suas próprias suposições teóricas, padrões, leis e técnicas de aplicação - onde os cientistas normais desenvolverão o paradigma na tentativa de explicar aspectos proeminentes através de resultados de experiências; Crise-revolução: ao passarem pelas citadas experiências, obterão dificuldades e toparão com falsificações, se esses tipos de dificuldades se mostrarem aparentemente insuperáveis e saírem do controle, os cientistas experimentarão um estado de crise, que só será solucionado quando um novo paradigma emergir para refutar seu antecessor, atraindo um número crescente de cientistas, por uma série de motivos, até que o paradigma problemático seja abandonado pela comunidade científica, culminando na aceitação do novo, constituindo uma revolução científica; Nova ciência normal: esta é orientada pelo paradigma rival, visivelmente promissor, que demonstre superioridade segundo os méritos científicos, com novas maneiras-padrão de aplicação de leis fundamentais em uma nova variedade de tipos de situação; Nova crise: a nova ciência normal perdurará, até que também sejam encontrados problemas sérios e que tenham como resultado outra revolução científica. Para uma melhor explanação, tomei a liberdade de esboçar um organograma funcional da teoria de Kuhn, não por ela ser simplista, mas para nível de entendimento: Figura 1: Organograma da teoria de progressão da ciência de Kuhn. Nosso autor, ainda envergado na teoria de Kuhn, nos oferece uma explanação sobre esse modo de “fazer” ciência e como esta conflita com o que ele chama de não-ciência (ou pseudociência6), passando por Lakatos e Popper, que também construíram análises à esse respeito. Nos mostra ainda como Kuhn define seu relato, não como meramente uma descrição do trabalho do cientista, mas como uma teoria da ciência, pois inclui a explicação da função de seus vários elementos. A definição de cada funcionalidade - como paradigma, ciência normal, revolução, etc. - descritas acima, nos encaminhará ao melhor compreensão quando forem confrontados esses ideais posteriormente. Cap. IX – Racionalismo versus Relativismo Para poder conflitar os pontos de vista em relação às questões de avaliação dos méritos de teorias rivais e diferenciar as ciências das não-ciências, comecemos com o esboço do que são racionalismo e relativismo. Como um indutivista tem o critério de avaliação baseado no grau de indução que sua teoria recebe dos fatos e o falsificacionista se baseia no grau de falsificabilidade de teorias não falsificadas, o racionalista afirma que o critério que se deve seguir é a universalidade e o caráter não-histórico da teoria. Os que seguem a corrente racionalista dizem ser fácil distinguir a ciência da não-ciência, para estes, as teorias científicas devem ser capazes de ser avaliadas em termos do critério universal e no caso de escolher entre duas teorias rivais, ele escolherá a que melhor corresponder a esse critério, sendo exaltadas aquelas relacionadas com a verdade e a racionalidade. Já o relativista nega a existência de um modelo de racionalidade universal não-histórico, para estes, o status da teoria será guiada dependendo do valor atribuído pelo indivíduo ou pela comunidade, ou seja, “O objetivo da busca do conhecimento dependerá do que é importante ou daquilo que é valorizado pelo indivíduo oucomunidade em questão.” (CHALMERS, 1993, p. 140). Neste caso, a relação de ciência e não-ciência para o relativista torna-se menos considerável do que para o racionalista. 6 “a pseudociência é algo que pretende ser ciência, mas que a comunidade científica estabelecida não aceita como tal.” (definição de T. Kuhn, retirado do artigo de Rigler, F.H & R.H. Peters. 1995. Science and Limnology. Ecology Institute, Alemanha) Tradução por Adriano S. Melo (Ecologia UFG, abril 2010). Chalmers aponta Lakatos como possível racionalista, ao fundamentar-se em seus escritos, apontando que o mesmo tome uma posição adversa ao que ele chamou de relativismo (versão qual atribuída a Kuhn) e defende posições semelhantes ao que ele chamou de racionalismo, onde o próprio Lakatos (1974, p. 93)7 afirma que o importante são “os valores intelectuais centrais”. Para Lakatos, o critério universal para avaliação de teorias científicas parte do preceito que "a metodologia dos programas de pesquisa científica é mais adequada para a aproximação da verdade em nosso universo real que qualquer outra metodologia" (8). Alguns dos comentários de Lakatos citados no texto sugerem orientação na escolha de teorias através da eliminação de programas de pesquisa e opondo-se à poluição intelectual. Porém, ele não fornece conselhos aos cientistas de como devam proceder, apesar de usarem uma metodologia onde se adotam programas progressivos e abandonam os degenerescentes, mas sugere que procurem, sempre que possível, reabilitar um programa desses. No caso de Thomas Kuhn, mesmo ele negando ser um relativista, mensura em sua obra critérios que podem ser usados para avaliar se uma teoria é melhor que a sua concorrente. São esses critérios: previsão de ocorrências (principalmente as quantitativas), equilíbrio entre assuntos, número de problemas solucionados, simplicidade, escopo e compatibilidade com outras especialidades. Esses critérios, além de agregar valor junto a comunidade científica, ajudam a especificar se os meios empregados nesses méritos são de caráter psicológico ou sociológico. Segundo alguns comentários de Kuhn, assegurando que a ciência progride em algum sentido, ele nega que ela possa progredir em direção a uma verdade bem definida. Para ele, um campo de estudo para ser considerado ou não uma ciência, depende da concordância ou não com seu relato oferecido na Estrutura das Revoluções Científicas9. Mas ele chega a adiantar o principal ideal da diferenciação ser a extensão de sustentabilidade da tradição científica normal. E mesmo sendo criticado por Popper (por causa da evidência excessiva ao papel da crítica na ciência), por Lakatos, Feyerabend, entre outros, Kuhn não argumenta que a ciência é superior a outros campos de indagação, mas supõe que o seja. 7 Citação encontrada em: I. Lakatos e A. Musgrave, eds., Criticism and the Growth of Knowledge (Cambridge: Cambridge University Press, 1974), In CHALMERS, 1993, p. 141. 8 Idem, ibidem, p. 142. 9 Relato esse, a saber, encontrado no livro de T. S. Kuhn (The Sttructure of Scientific Revolutions. Chicago: University of Chicago Press, 1970). Cap. X – Objetivismo Para apresentar uma noção de objetivismo, o literato primeiramente ressalta o que ele considera seu oposto, o individualismo. O ponto de vista individualista destacado por ele revela que o conhecimento deve ser entendido como um conjunto de crenças especiais residentes na mente do indivíduo, algo que ele possa propor baseado no que guarda em seu cérebro, onde alguma informação que deva ser validada deva recorrer então a outras justificativas anteriores para dar base à justificativa seguinte, entrando assim no que o autor chamou de “regresso infinito”. Diferentemente, o ponto de vista objetivista dá preferência ao confronto do conhecimento entre o indivíduo e o corpo de conhecimento do objeto de estudo, independente da crença do indivíduo, no que tange ao status de alguma teoria ou programa de pesquisa. Ele enfatiza que “o conhecimento é tratado como algo exterior, antes que interior, às mentes ou cérebros dos indivíduos” (CHALMERS, 1993, p. 155) e que as proposições devam possuir propriedades objetivas. Um ponto forte do trato objetivista são as consequências que podem ter ao se conflitar os proponentes originais, como a previsão de algum novo tipo de fenômeno ou alguma discordância de ideias inesperada com outras áreas. Esses acontecimentos todos podem ocorrer como um leque de propriedades a serem investigadas como forma de ciência adicional, o que nos leva a uma singela conclusão de que a posição objetivista defende que as teorias devem ser expressas claramente em conjecturas verbais ou lógicas. Se tomarmos esses pressupostos objetivistas para tentarmos articular a ciência como uma prática social, veremos como Chalmers cita, que: Uma ciência, em algum estágio de seu desenvolvimento, envolverá um conjunto de técnicas para articular, aplicar e testar as teorias das quais é formada. [...] Como disse J. R. Ravetz, “o conhecimento científico é realizado por um esforço social complexo, e é obtido do trabalho de muitos artífices em sua interação muito especial com o mundo da natureza”. (RAVETZ, 1971, p.81) Uma caracterização completa da ciência incluiria a caracterização das habilidades e técnicas que ela implica. (10) A ciência, por si só, implica em experiências, e essa experiência envolve uma influência planejada na natureza, orientada pelas teorias. Algum experimentador, individualmente de início, 10 CHALMERS, 1993, p. 159. Citação de J. R. Ravetz, Scientific Knowledge and its Social Problems (Oxford: Oxford University Press, 1971). utilizará do aparato profissional para realizar experiências. Os resultados devem ser capazes de resistir a outros procedimentos e testes adicionais administrados por colegas de trabalho, por exemplo. Se a estrutura social da ciência for aceita pelos periódicos e seus resultados ainda resistirem e forem publicados, enfim estará aberto à adequação num domínio mais vasto. Após se embasar em citações de autores para reafirma o entendimento do autor da obra sobre objetivismo, ele menciona Popper (que aponta ser o propagador principal), Lakatos (que apoiara e tentara aprimorar os ideais objetivistas de Popper) e Marx (que já assinalara características objetivistas em suas obras). Cap. XI – Um relato objetivista das mudanças teo ricas na Fí sica Depois de se fundamentar inúmeras vezes com exemplos da física (principalmente newtoniana, dentre outras), é chegada a hora em que o escritor confrontará algumas de suas ideias com a de outros estudiosos e cientistas. A começar por Lakatos e sua metodologia dos programas de pesquisas científica, a qual o autor cita ter limitações e sugere mesmo uma fraqueza nessa teoria. Ao tempo que Lakatos prega a metodologia de concepção de um núcleo irredutível para uma teoria e usar da heurística positiva (aquela que oferece uma visão geral do programa de pesquisa e como suplementá-lo), o mesmo admite o abismo temporal que separa sua metodologia da dos pais da física. Também não era seu objetivo dar conselhos aos cientistas, além de ainda defender o relato de qualquer mudança na teoria depender da comunidade científica. Chalmers então começa a supor, em generalização, como um cientista deve se comportar na sociedade em que se pratica a física. Ele supõe que haja situações de análise objetivista para criação de técnicas teóricas ou experimentos; que haja o desenvolvimento de um programa de pesquisa e que hajaaproveitamento por um grupo de cientistas; que esse hipotético programa obtenha um alto gral de fertilidade para sobrepujar algum eventual concorrente com grau de fertilidade menor; esse programa ainda deverá ter sucesso em previsões e possuir um núcleo irredutível coerente, para que sua fertilidade possa aumentar, procurando aproveitar todas as oportunidades para não fracassar por algum motivo. O estudioso, na sua tentativa de proteger seu relato objetivista da mudança de teoria na física para a progressão da teoria, interpreta que esse “relato de mudança de teoria não dependa das decisões metodológicas dos cientistas.” (CHALMERS, 1993, p. 173) e sugere que, reconhecendo que a ciência progride por si só, as oportunidades objetivas de um programa da física devem ser aproveitadas. Ele ainda procura diferenciar esse relato de mudança de teoria do problema da escolha da teoria, que acontece de forma primal, mas que pode brotar como uma possível forma de mudança. Para ele, o caso da suposição sociológica nunca será preenchido de modo completo, por haver a distinção ao encarar o progresso da física a curto ou a longo prazo. Todavia, o mesmo ainda afirma a possibilidade de adaptar a escala temporal de acordo com seu relato objetivista para distinguir o prazo curto do longo. Cap. XII – A teoria anarquista do conhecimento de Feyerabend Para este capítulo, Alan Chalmers separa as características-chave da posição de Paul Feyerabend a respeito da avaliação do status e da natureza da ciência. Este defende que a maioria das metodologias aplicadas na ciência fracassou em fornecer regras apropriadas na orientação das atividades dos cientistas, essa incompatibilidade ele deve, não tão somente, aos exemplos encontrados na história da física, e argumenta, principalmente, contra o indutivismo e o falsificacionismo. Feyerabend considera inadmissível esperar que a ciência seja explicada com base em algumas simples regras metodológicas. Não somente ele, mas diversos estudiosos se opõem a validação de uma regra universal, apoiando que todas as metodologias possuem limitações e que o único princípio a ser seguido é o “vale-tudo”11. E Chalmers ressalta esse ideal quando explica que: Se as metodologias da ciência forem compreendidas em termos de regras para a orientação das escolhas e das decisões dos cientistas, então me parece que a posição de Feyerabend é correta. Dada a complexidade de qualquer situação realista dentro da ciência e a impossibilidade de previsão do futuro naquilo que se refere ao desenvolvimento da ciência, não é razoável esperar unia metodologia que dita que, dada uma situação, um cientista deve adotar a teoria A, rejeitar a teoria B ou preferira teoria A à teoria B. (CHALMERS, 1993, p. 176) 11 Expressão utilizada por Paul Feyerabend em seu artigo “Outtine of na Anarchistic Theory of Knowledge” In Against Method (Londres: New Left Books, 1975) É essa anarquia contra os métodos que aproxima Feyerabend de Lakatos, pois a metodologia desse último não fornece padrões para a teoria ou escolha de programas. E como Feyerabend argumenta contra o método notoriamente, ainda é válido ressalvar que o vale-tudo na ciência exige conhecimento aprofundado da teoria que se estuda, apenas aceita o valer tudo no que diz respeito aos métodos para se chegar aos resultados esperados. Já ao se aproximar dos ideais de Kuhn, Feyerabend conceitua a incomensurabilidade como componente importante na análise da ciência. Isso acontece quando duas teorias rivais não compartilham interpretações de conceitos, ou mesmo proposições, tornando impossível comparar logicamente tais teorias e suas possíveis deduções, chegando às vezes a serem radicalmente contrárias em questões de princípios fundamentais. Contudo, isso não quer dizer que elas não possam ser categoricamente comparadas, já que se pode comparar situações em que cada teoria é compatível em seus próprios termos ou considerando-as como lineares ou não-lineares, coerentes ou incoerentes, se suas aproximações são ousadas ou sólidas, etc. Outra perspectiva que podemos realçar sobre Feyerabend tem a ver com seu ponto de vista de que a ciência (inclusive a física) não é superior a outras áreas de conhecimento, pois este não aceita que haja predomínio da ciência, partindo da sua tese de incomensurabilidade, sendo que não há argumento decisivo da ciência sobre outras formas de conhecimento não comensuráveis a ela. Mesmo assim, Feyerabend é a favor do que ele mesmo chama de “atitude humanitária”, onde cada indivíduo é livre e possui liberdade de decisão. Essa atitude fortalece ainda mais a posição deste estudioso como anarquista da ciência, pois ele aumenta a liberdade do pesquisador, encorajando-o a se sobrepor frente às restrições dos métodos, ao passo que ele encoraja os indivíduos a terem a liberdade de escolherem entre a ciência e outras formas de conhecimento. Cap. XIII – Realismo, Instrumentalismo e Verdade Nesse penúltimo capítulo, nosso autor tenta enxugar suas ideias e levantar premissas conclusivas a respeito de como as teorias científicas se comportam e como aplica-las em um mundo inflexível. Para descrever e corroborar uma resposta, ele se firma num termo que chamará de realismo, para caracterizar posições que adotam a noção de verdade, por exemplo, se alguma “teoria que descreve corretamente algum aspecto do mundo e seu modo de comportamento é verdadeira, ao passo que uma teoria que descreve algum aspecto do mundo e seu modo de comportamento de forma incorreta é falsa.” (CHALMERS, 1993, p. 190). Já o instrumentalismo é um ponto de vista alternativo para descrever teorias como instrumentos projetados para relacionar um conjunto de elementos observáveis com outros. O instrumentalismo também se apoia na noção de verdade, porém de forma mais restrita, oferecendo uma distinção clara entre conceitos teóricos e situações aplicáveis. O instrumento é o aparato que possivelmente seja verdade, pois o instrumentalista deve admitir que existam coisas no mundo além das observáveis. A noção de verdade que o autor quer transmitir, para corresponder inclusive com as exigências realistas, depende da correspondência. Em termos gerais, podemos afirmar que uma sentença é verdadeira se corresponder aos fatos, ou seja, se as coisas forem como a sentença diz. Parece logicamente fácil aclamar a verdade. Entretanto, o escritor salienta que há dificuldades em trabalhar com a verdade, pois a facilidade do seu uso pode levar a paradoxos12 e até mesmo a contradições, dependendo do tipo de linguagem que for utilizada. Ele sugere, mencionando Alfred Tarski, que a linguagem ideal para se referir à verdade em relação às sentenças, é a metalinguagem, “em que possamos nos referir tanto às sentenças da linguagem objeto e aos fatos com que se tenciona que aquelas sentenças da linguagem objeto correspondam.” (CHALMERS, 1993, p. 196). Ao encabeçarmos na teoria de correspondência da verdade, temos que prestar atenção nas referências das sentenças aos fatos, para que não haja tendência ao erro. É essa descrição que nos faz perceber cada vez mais a aproximação da descrição de um fato com o que realmente ele é no mundo. Chalmers apresenta mais uma vez a física como instrumento nítido de exemplificação para este fato específico, dado a existência de formulações alternativas que implicam na diferenciação da teoria original. É nessa aproximação que Popper teve sucesso, segundo Chalmers, ao interpretar a ciência como uma busca da verdade, o que ele chamava de verossimilhança. No caso de estarmos analisando duas teorias concorrentes, para Popper: a que se alavancar mais próximada verdade é a que deve ser aclamada. 12 Conceito que é ou parece contrário ao senso comum. (Dicionário Mini Aurélio - Versão eletrônica). Cap. XIV – O Realismo na o-representativo O realismo não-representativo defendido por Chalmers se caracteriza nos limites de aplicabilidade de uma teoria no mundo físico atual, num determinado grau de aproximação e variedade de ocorrências mais amplas. Ele afirma ter esse realismo dois sentidos: o primeiro envolve a interpretação de o mundo físico ser o que é, independente do que o indivíduo ou grupos de indivíduas pensem dele. O segundo sentido afirma ser essa teoria realista por envolver suposições de que, à medida que teorias são aplicadas ao mundo, são aplicáveis dentro e fora de circunstâncias experimentais. O realista não-representativo realiza suas suposições rejeitando a verdade como correspondência dos fatos, evitando assim dificuldades ocasionadas pelas posições típicas do realismo. O realismo não-representativo ainda se difere do realismo no que diz respeito ao fato de suas teorias serem produtos sociais sujeitos à mudanças radicais. Ao plicar o realismo não-representativo para tentar divagar sobre como responder à questão-chave do livro “o que é ciência, afinal?”, Alan Chalmers enfim aceita que esse seu questionamento é presunçoso e arrogante, na medida em que a substancialidade da pergunta, por si só, já é fator evidente e incontestável. As generalizações universais em torno desta indagação não a explicam, mas advertem que não se pode encarar ciência como único campo de conhecimento, pois como ele mesmo ressalta “Cada área do conhecimento pode ser analisada por aquilo que é *...+ Não se segue disso que nenhuma área do conhecimento possa ser criticada.” (CHALMERS, 1993, p. 212). Ao afirmar que não podemos criticar as áreas de conhecimento, ressalta que podemos sim criticar seus objetos e métodos, confrontando-as com meios alternativos e/ou superiores para atingirmos os mesmos objetivos. O autor beira a conclusão do livro fazendo um retrospecto da cada cadeia de ideias descritas em sua obra. Todavia, antes de finalizar, enfatiza seu ponto com uma nova pergunta: “por que se incomodar em executar investigações usando o que foi descrito em seu livro?”. O estudioso rebate a própria pergunta quando, ao ressaltar sua investigação, afirma que o ponto-alto do seu livro é acabar com o uso ilegítimo dos conceitos de ciência e de verdade, geralmente empregados de forma dúbia. Pelo seu próprio ponto de vista, o mesmo admite a não existência de um conceito atemporal e universal de ciência ou do método científico.
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