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Leitura Complementar_ Caso fortuito, força maior e os limites da responsabilização

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17/06/2022 21:12 Caso fortuito, força maior e os limites da responsabilização
https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/Caso-fortuito--forca-maior-e-os-limites-da-responsabilizacao.aspx 1/5
Notícias
ESPECIAL
26/04/2020 06:50
Caso fortuito, força maior e os limites da responsabilização
 Roubo no estacionamento da loja, desabamento do teto do shopping, assalto na fila
do drive-thru, tiroteio envolvendo seguranças particulares... Fatos como esses
alteram a rotina dos locais em que ocorrem e surpreendem o consumidor, mas nem
sempre poderão ser enquadrados na categoria de ou de força maior.
Para a Justiça, a caracterização do evento é muito relevante, pois a partir dessa
definição é que se estabelecem os limites da responsabilização civil das empresas e as
possíveis indenizações.
O artigo 393 do Código Civil estabelece que se pode considerar caso fortuito ou força
maior uma ocorrência de efeitos inevitáveis.
A seguir, alguns julgados do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em que os pedidos de
indenização foram analisados à luz dos argumentos de ocorrência de caso fortuito ou
força maior.
Risco da ativi dade
Segundo o ministro do STJ Luis Felipe Salomão, o caso fortuito e a força maior têm
sido entendidos atualmente pela jurisprudência como espécies do gênero fortuito
externo, no qual se enquadra a culpa exclusiva de terceiros. Para o ministro, nesse
gênero, o fato tem de ser imprevisível e inevitável, estranho à organização da
empresa.
Ainda de acordo com Salomão, o gênero fortuito interno, "apesar de também ser
imprevisível e inevitável, relaciona-se aos riscos da atividade, inserindo-se na
estrutura do negócio" (REsp 1.450.434).
O ministro explicou que a doutrina, ao destacar essa distinção entre o caso fortuito
interno e o caso fortuito externo, entende que apenas quando se tratar da segunda
hipótese (fortuito externo) haverá excludente de responsabilidade.
Ao julgar casos sobre esse tema, a orientação jurisprudencial do STJ, segundo o
ministro Marco Aurélio Bellizze, firmou-se no sentido de que é dever do
estabelecimento comercial zelar pela segurança de seu ambiente (REsp 1.732.398).
caso fortuito
 SuperiorTribunal de Justiça
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art393
https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=1751544&num_registro=201400583712&data=20181109&formato=PDF
https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=1716995&num_registro=201701725031&data=20180601&formato=PDF
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https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Institucional/Fale-conosco
https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Contato-e-ajuda/Fale-conosco/Como-chegar
https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Inicio
17/06/2022 21:12 Caso fortuito, força maior e os limites da responsabilização
https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/Caso-fortuito--forca-maior-e-os-limites-da-responsabilizacao.aspx 2/5
Por isso – acrescentou Bellizze –, não é possível alegar caso fortuito ou força maior
para afastar a responsabilidade civil decorrente de atos violentos praticados no
interior de dependências comerciais, inclusive no estacionamento.
Ass alto
No entanto, quando o estacionamento está situado em área aberta, gratuita e de livre
acesso, representando mera comodidade para o consumidor, o estabelecimento
comercial não pode ser responsabilizado pelos prejuízos decorrentes de assalto à mão
armada ocorrido ali.
Para a Segunda Seção do STJ, em tais situações, o roubo é fato de terceiro que exclui
a responsabilidade da empresa, por se tratar de fortuito externo. Com esse
entendimento, o colegiado pacificou o tema no tribunal.
No caso analisado no EREsp 1.431.606, a moto e os pertences pessoais de um
consumidor foram roubados no estacionamento gratuito, aberto e de livre acesso de
uma lanchonete. Ele buscou ser indenizado pelo prejuízo, mas o pedido foi rejeitado.
Para a relatora, ministra Isabel Gallotti, como o roubo ocorreu em área aberta, sem
controle de acesso, não é possível responsabilizar a lanchonete.
"Nos casos em que o estacionamento representa mera comodidade, sendo área
aberta, gratuita e de livre acesso por todos, o estabelecimento comercial não pode ser
responsabilizado por roubo à mão armada – fato de terceiro que exclui a
responsabilidade, por se tratar de fortuito externo", afirmou.
Expectativa de seguran ça
Por outro lado, a ministra Isabel Gallotti ressaltou que o STJ tem conferido
interpretação extensiva à Súmula 130, entendendo que estabelecimentos como
grandes shoppings centers e hipermercados, ao oferecerem estacionamento à
clientela – ainda que gratuito –, respondem pelos danos sofridos pelos consumidores
em razão de crimes praticados nesses locais.
Segundo a ministra, nos grandes hipermercados e shoppings, apesar de o
estacionamento não ser inerente à natureza do serviço, a responsabilidade é atribuída
a esses estabelecimentos em razão da aplicação da teoria risco-proveito, pois se
valem da legítima expectativa de segurança do cliente para obter benefícios
financeiros indiretos decorrentes desse acréscimo de conforto aos consumidores,
assumindo, assim, o dever de lealdade e segurança.
Furto de c arteira
Ao tratar de outro caso envolvendo a responsabilidade de grandes estabelecimentos
comerciais, no julgamento do AgRg no REsp 1.487.443, o ministro Moura Ribeiro
https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=1808892&num_registro=201400152273&data=20190502&formato=PDF
http://www.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp?livre=%28sumula%20adj1%20%27130%27%29.sub.
https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=1533525&num_registro=201402623324&data=20160831&formato=PDF
17/06/2022 21:12 Caso fortuito, força maior e os limites da responsabilização
https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/Caso-fortuito--forca-maior-e-os-limites-da-responsabilizacao.aspx 3/5
entendeu que o shopping deve responder civilmente na hipótese de furto de carteira
ocorrido nas dependências de uma de suas lojas.
"A responsabilidade civil do shopping center no caso de danos causados à integridade
física dos consumidores ou aos seus bens não pode ser afastada sob a alegação de
caso fortuito ou força maior, pois a prestação de segurança devida por esse tipo de
estabelecimento é inerente à atividade comercial exercida por ele", afirmou.
Drive-th ru 
A rede de fast-food McDonald's foi responsabilizada pelos danos sofridos por um
consumidor que sofreu assalto à mão armada no momento em que comprava
produtos no drive-thru da lanchonete.
O relator do caso (REsp 1.450.434), ministro Luis Felipe Salomão, observou que a
falha do serviço ficou configurada no processo; assim, não seria razoável afastar a
responsabilidade do fornecedor.
Salomão destacou que o roubo com uso de arma de fogo pode ser considerado fato
de terceiro equiparável a força maior, apto a excluir, como regra, o dever de indenizar,
por ser evento "inevitável e irresistível, acarretando uma impossibilidade quase
absoluta de não ocorrência do dano".
Porém, o relator assinalou que, em diversas situações, o STJ tem reconhecido a
obrigação de indenizar, a exemplo de delitos no âmbito das atividades bancárias, em
estacionamentos pagos ou mesmo em estacionamentos gratuitos de shoppings e
hipermercados.
Ele apontou que a rede de lanchonetes, ao disponibilizar o serviço de drive-thru aos
seus clientes, acabou atraindo para si a obrigação de indenizá-los por eventuais danos
sofridos, pois assim como ocorre nos assaltos em estacionamentos de grandes
estabelecimentos, em troca dos ganhos financeiros indiretos gerados pelo conforto
oferecido aos consumidores, o McDonald's assumiu o dever de lealdade e segurança
implícito a qualquer relação contratual.
Ao agregar a forma de venda pelo drive-thru aos seus serviços – explicou o ministro
–, a lanchonete incrementou o risco da atividade, "notadamente por instigar os
consumidores a efetuaro consumo de seus produtos de dentro do veículo, em área
contígua ao estabelecimento, deixando-os, por outro lado, mais expostos e
vulneráveis a intercorrências como a dos autos".
"Tenho que o serviço disponibilizado foi inadequado e ineficiente, não havendo falar
em caso fortuito ou força maior, mas sim fortuito interno, porquanto incidente na
proteção dos riscos esperados da atividade empresarial desenvolvida e na frustração
da legítima expectativa de segurança do consumidor médio, concretizando-se o nexo
https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=1751544&num_registro=201400583712&data=20181109&formato=PDF
17/06/2022 21:12 Caso fortuito, força maior e os limites da responsabilização
https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/Caso-fortuito--forca-maior-e-os-limites-da-responsabilizacao.aspx 4/5
de imputação na frustração da confiança a que fora induzido o cliente", concluiu o
ministro.
Temp estade
Para o STJ, chuvas e ventos fortes não são eventos capazes de caracterizar força
maior ou caso fortuito para eximir um shopping center da obrigação de indenizar
clientes atingidos pelo desabamento do teto.
O entendimento foi firmado pela Terceira Turma ao dar ao recurso de uma
consumidora (REsp 1.764.439) que pediu o pagamento de indenização após ser
atingida pelo desabamento, ocorrido durante uma tempestade.
Em primeira e segunda instâncias, o pedido de indenização foi negado sob o
argumento de que o acidente se deveu a força maior ou caso fortuito – fortes chuvas
e ventania que atingiram São Paulo naquele dia.
No entanto, para a relatora do , ministra Nancy Andrighi, a ocorrência
de chuvas, mesmo fortes, está dentro da margem de previsibilidade em uma cidade
como São Paulo.
"Indubitavelmente, um consumidor que está no interior de uma loja, em um shopping
center, não imagina que o teto irá desabar sobre si, ainda que haja uma forte
tempestade no exterior do empreendimento; afinal, a estrutura do estabelecimento
deve – sempre, em qualquer época do ano – ser hábil a suportar rajadas de vento e
fortes chuvas", afirmou a relatora, acrescentando que chuvas são mais previsíveis do
que um assalto dentro do estabelecimento.
Ao decidir pela indenização para a consumidora, Nancy Andrighi aplicou ao caso as
normas protetivas do Código de Defesa do Consumidor, cujo artigo 14 estabelece a
responsabilidade objetiva do fornecedor pelo defeito na prestação do serviço, "sendo
prescindível, portanto, a demonstração da ocorrência de culpa".
Tirot eio
Ao afastar a caracterização de fortuito externo, a Terceira Turma reconheceu a
responsabilidade solidária de quatro empresas em um tiroteio entre seguranças
particulares e bandidos que deixou uma estudante tetraplégica (REsp 1.732.398).
O caso aconteceu em 1998. A vítima, de apenas 12 anos, voltava da escola quando
foi atingida por uma bala perdida. O tiro veio de uma troca de disparos entre
seguranças particulares contratados pelas empresas do comércio local e criminosos
que tentavam assaltar uma joalheria.
"A causa adequada à produção do dano não foi o assalto, que poderia ter se
desenvolvido sem acarretar nenhum dano a terceiros, mas a deflagração do tiroteio
em via pública pelos prepostos dos réus, colocando pessoas comuns em situação de
provimento
recurso especial
https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=1829046&num_registro=201600736289&data=20190524&formato=PDF
https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=1716995&num_registro=201701725031&data=20180601&formato=PDF
17/06/2022 21:12 Caso fortuito, força maior e os limites da responsabilização
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Avalie nosso serviço
grande risco, o que afasta a caracterização de fortuito externo", afirmou o relator,
ministro Marco Aurélio Bellizze.
O valor da indenização à estudante foi fixado em R$ 450 mil, a título de danos
morais, e R$ 450 mil pelos danos materiais, além de pensão vitalícia de um salário
mínimo.
Esta notícia refere-se ao(s) processo(s):
REsp 1450434
REsp 1732398
EREsp 1431606
REsp 1487443
REsp 1764439
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