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CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS - UNI 02

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Ciências Sociais,
Humanas e Políticas
Autoria:
André de Faria Thomáz
CIÊNCIAS SOCIAIS,CIÊNCIAS SOCIAIS,
HUMANAS E POLÍTICASHUMANAS E POLÍTICAS
SSEJAEJA BEMBEM--VINDOVINDO!!
ReitoR:
Prof. Cláudio ferreira Bastos
Pró-reitor administrativo financeiro: 
Prof. rafael raBelo Bastos
Pró-reitor de relações institucionais:
Prof. Cláudio raBelo Bastos
Pró-reitor acadêmico:
Prof. HerBert Gomes martins
direção ead:
Prof. riCardo ZamBrano Júnior
coordenação ead:
Profa. luCiana rodriGues ramos
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, total ou parcialmente, por 
quaisquer métodos ou processos, sejam eles eletrônicos, mecânicos, de cópia fotostática ou outros, sem a autoriza-
ção escrita do possuidor da propriedade literária. Os pedidos para tal autorização, especificando a extensão do que 
se deseja reproduzir e o seu objetivo, deverão ser dirigidos à Reitoria.
expediente
Ficha técnica
autoria: 
andré de faria tHomáZ
suPervisão de Produção ead:
franCisCo Cleuson do nasCimento alves
design instrucional:
antonio Carlos vieira
Projeto gráfico e caPa:
franCisCo erBínio alves rodriGues
diagramação e tratamento de imagens:
ismael ramos martins
revisão textual:
antonio Carlos vieira
Ficha catalogRáFica
catalogação na publicação
biblioteca centRo univeRsitáRio ateneu
THOMÁZ, André de Faria. Ciências sociais, humanas e políticas. André de Faria Thomáz. 
– Fortaleza: Centro Universitário UniAteneu, 2022.
144 p. 
ISBN: 
1. Sociologia. 2. Filosofia. 3. Política. 4. Cultura. Centro Universitário Ateneu. II. Título.
SSEJAEJA BEMBEM--VINDOVINDO!!
Caro(a) estudante, 
Você sabia que quanto mais conhecemos sobre nossas origens mais 
aptos ficamos para absorver e trocar conhecimento? Então, apresentamos o 
livro da disciplina Ciências sociais, humanas e políticas. Nele, trabalharemos 
temas de grande relevância para sua formação pessoal com reflexos na 
profissional. 
O nosso material está dividido em quatro unidades. Na primeira delas, 
faremos uma introdução sobre o Homem e suas vivências dentro de uma 
sociedade com foco no conhecimento, tendo princípios como prisma para o 
controle das atividades humanísticas e sociais. 
Na segunda unidade, aprenderemos sobre a sociedade, suas facetas 
e controles sobre a evolução do homem como ser natural que procura em 
sua origem um motivo para descrever seus pensamentos e assim atribui-los 
dentro das atividades diárias.
Na terceira unidade, conheceremos um pouco sobre a relação homem 
x política, com um foco mais institucional na necessidade do homem em 
dominar e assim evoluir. 
Na última unidade, abordaremos mais sobre a cultura e a forma como 
ela atribui valores aos homens e suas ações e até mesmo um pouco sobre 
a arte.
Estamos juntos nesta jornada de formação, e parabéns para você que 
chegou até aqui e estudará um tema tão importante como ciências sociais, 
humanas e políticas. 
Vamos juntos nessa busca pelo conhecimento?!
SUMÁRIO
CCONECTEONECTE--SESE
AANOTAÇÕESNOTAÇÕES
RREFERÊNCIASEFERÊNCIAS
Estes ícones aparecerão em sua trilha de aprendizagem e significam:
SUMÁRIO
1. Os princípios do conhecimento dentro
do âmbito cosmológico ......................................................8
1.1. O Homem como ser pensante ..................................10
1.2. As sociedades humanas ..........................................14
2. A pertinência do conhecimento e
seus princípios .................................................................20
3. O circuito razão/afeto/pulsão e a unidualidade ...............25
Referências .........................................................................34
01
1. A história das ideias ................................................... 38
2. Para compreender Durkheim e o pensamento
sociológico: o objeto – a sociedade ............................ 44
3. Para compreender Marx e o
projeto revolucionário ................................................. 46
4. A ideologia alemã de Weber e a
conduta do indivíduo .................................................. 50
5. Utopia e ética revolucionária em Marx ...................... 56
Referências .................................................................... 69
02
A SOCIEDADE
O HOMEM
1. Antropologia cultural .............................................. 110
2. Cultura x cultura patrimonial x cultura industrial .... 113
3. A arte ..................................................................... 116
4. Desigualdades sociais ........................................... 122
5. Cultura afro e crenças ........................................... 124
6. A influência da religião .......................................... 127
7. Os povos indígenas ............................................... 129
8. A revolução digital ................................................. 132
Referências ............................................................... 143
04
A CULTURA
1. O Estado e a política .................................................. 72
2. Conceito de política e a teoria do Estado ................... 74
3. Introdução à teoria política ......................................... 81
4. A política social e a república ..................................... 85
5. Situação social e política no Brasil e a república ....... 87
6. Platão e a república .................................................... 89
7. A política e a democracia ........................................... 91
7.1. Política na Roma Antiga na
visão de Cícero ................................................... 97
7.2. Pensamento político cristão: Agostinho,
Tomás de Aquino e Thomas Morus .................. 100
Referências .................................................................. 106
03
A POLÍTICA
Unidade
02 A sOciedAde A sOciedAde 
ApresentaçãoApresentação
Caro estudante, nesta unidade, estudaremos sobre os principais 
conceitos de sociedade e, neste caso, precisamos conhecer sobre a 
sociedade francesa que, no século XIX, foi marcada pelas transformações 
sociais oriundas do processo de consolidação do capitalismo moderno 
enquanto regime político-econômico do ocidente. A ascensão da burguesia 
como classe dominante, produto e produtora da Revolução Industrial e da 
Revolução Francesa, trouxe rupturas e transformações na cultura, política, 
instituições e Estados.
Importante destacar ainda que, nesta unidade, conheceremos e 
aprofundaremos sobre os pensamentos e visões em torno das experiências 
de Marx e Weber, e como as contribuições deles alinharam o controle da 
sociedade e a inserção do homem na sociedade.
Nesse período, viveu Émile Durkheim (1858-1917), um dos principais 
pensadores da sociologia. Suas ideias estavam centradas nas questões da 
coesão social e na elaboração da sociologia como uma ciência que pudesse 
diagnosticar as anomalias sociais presentes e saná-las. Observando uma 
sociedade em intenso processo de transformações e, consequentemente, 
com ebulições sociais, quais elementos sociais permitem sua coesão social?
Vamos descobrir juntos?!
38 CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS|
OOBJETIVOSBJETIVOS DEDE
APRENDIZAGEMAPRENDIZAGEM
• Compreender como a sociedade criou seus caminhos;
• Conhecer as principais contribuições para a ciência sociologia;
• Conhecer as principais ideias de Émile Durkheim;
• Conhecer as principais contribuições de Karl Marx e Max Weber.
1. A históriA dAs ideiAs1. A históriA dAs ideiAs
Assim como Karl Marx e Max Weber, Émile Durkheim é considerado um 
dos fundadores da sociologia. Seu esforço em desenvolver essa disciplina 
aos moldes das ciências naturais, definindo método e objeto específicos, foi 
essencial para seu desenvolvimento e distinção dentre as outras ciências 
humanas e sociais.
As ideias e conceitos de Durkheim fundamentaram grande parte 
da corrente funcionalista, principalmente o funcionalismo francês. Seu 
pensamento segue atual, com influência em áreas como a criminologia e a 
psicologia social.
Durkheim se preocupava em pensara sociedade, naquilo que seriam 
seus elementos sociais, e entendia que, para tanto, era necessário o empenho 
prático de desenvolver uma metodologia específica da sociologia. Sua 
orientação positivista o levou a buscar nas ciências naturais a estrutura-base 
que orientaria a elaboração de seu método sociológico.
Percebemos que, com o passar do tempo, o homem foi inserido dentro 
da sociedade. Com foco na manifestação humana, os diferentes períodos da 
humanidade foram moldados de acordo com seus meios de produção, tanto 
do ponto de vista social quanto nos aspectos culturais. Assim, em uma era de 
predomínio industrial, com os diversos avanços tecnológicos, não seria de se 
espantar que a produção cultural fosse influenciada diretamente por esse 
modelo. A possibilidade de massificar processos de produção e de consumo 
CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS 39|
não se restringiu à indústria automotiva, da construção civil e às outras 
diversas que produzem bens duráveis, pelo contrário, esse processo também 
possibilitou a apropriação, a produção e o consumo em larga escala de 
bens culturais a partir dos diversos meios de comunicação, por isso, cultura 
de massa.
Isso poderia acontecer na formação da sociedade? Nas cidades? 
Muitos pensadores do urbano, como Henri Lefebvre, Manuel Castells e David 
Harvey, concordam que os espaços não são criados de maneira espontânea, 
e, sim, que são construções sociais, socialmente construídos, resultando, 
assim, na “produção do espaço”. 
No entanto, a partir de qual lógica essa produção do espaço ocorre? 
Para os pensadores, ela é socialmente produzida, surgindo a partir dos meios 
de produção de um determinado período histórico.
Pense, por exemplo, como seria um determinado “objeto” no período 
paleolítico e se seria possível, com o “desenvolvimento tecnológico” desse 
período, a produção de um helicóptero. Claro que não, certo? Assim como 
a massificação cultural só foi possível a partir da Revolução Industrial e da 
economia de mercado, a produção de um determinado “objeto” dependerá 
das tecnologias disponíveis de cada período.
Os meios de produção de um determinado período histórico 
condicionam a criação de ferramentas de trabalho, das relações de 
trabalho, da cultura, da organização social, do tipo de edificação e também 
da produção do espaço.
Entretanto, quais são as consequências da influência da sociedade 
para a formação dos homens?
Pelo lado positivo, é possível elencar alguns mecanismos da produção 
em massa ou aglomerações responsáveis pela melhoria nas condições de 
vida de muitas pessoas.
Certamente, você já ouviu muito a palavra “cultura”, mas já parou para 
pensar o que ela significa e qual é a importância e a serventia de entendê-la? 
Você já percebeu que os olhos de algumas pessoas são puxadinhos enquanto 
os de outras são mais saltados? Já se deu conta de que uns possuem pele 
40 CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS|
branca e outros, negra? Já notou que há sociedades que consomem carne 
de cachorro (como a chinesa) e outras que os levam para passear (como 
a nossa)? É nesse ponto que reside uma das questões mais cruciais da 
convivência humana: a compreensão do que é cultura e de sua importância 
para o reconhecimento de uma pluralidade humana.
Em relação às diferenças fenotípicas apresentadas, isso diz bastante 
e, ao mesmo tempo, muito pouco a respeito de uma pessoa, afinal, todos 
pertencemos à espécie humana, independentemente de cor, estatura ou 
formato dos olhos. Do mesmo modo, diz muito sobre o cotidiano social, 
em razão de julgamentos muito variados, mas pouquíssimo sobre a ideia de 
cultura, afinal, o ser humano vive em um ambiente natural e social, que se 
desdobra em uma variedade de realidades, como a econômica, a histórica e 
a cultural, e é justamente na questão da cultura que vamos nos deter.
CCURIOSIDADEURIOSIDADE
Fenótipo é o conjunto de caracteres visíveis de um indivíduo ou de um 
organismo em relação à sua constituição e às condições do meio ambiente.
Fonte: https://bit.ly/3Ac8sCR.
Todos os seres humanos possuem cultura, e ela jamais apresentará 
nível superior ou inferior, independentemente de qualquer variação genotípica 
ou fenotípica, linguística, religiosa ou sexual. É esse complexo fenômeno 
humano que este texto aborda, ou seja, a cultura e seu riquíssimo universo, 
o que constitui a vivência de todos nós. 
No intuito de firmar a sociologia enquanto ciência, Durkheim (1996) 
defendia que seu método deveria seja objetivo, permitindo observar a 
sociedade para além das noções preestabelecidas sobre seus fenômenos. É 
isso que o autor quer dizer ao instruir os sociólogos a tratar os fatos sociais 
enquanto coisas.
CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS 41|
Os métodos apresentados por Durkheim são os seguintes:
a) Método comparativo
Para superar a mera descrição, Durkheim apresentou o método 
comparativo como próprio da sociologia, na medida em que aproxima os 
pesquisadores dos fatos sociais, isto é, daquilo que é comum e geral. Esse 
método consiste em investigar as manifestações particulares de determinado 
fenômeno social e, comparando-as, extrair aquilo que seria comum, que não 
se alteraria de maneira substancial nas variadas formas de manifestação 
individual.
b) Método indutivo
Por meio do método indutivo, ou seja, indo do particular para o geral, 
esses elementos que se repetem consolidam categorias gerais, ou seja, 
conceitos científicos.
A comparação permite superar as semelhanças aparentes e as 
noções previamente construídas sobre o objeto em questão para alcançar as 
semelhanças mais profundas. 
Na visão Martins (2006, p. 63), “[...] o objeto [da sociologia] são os fatos 
sociais; o método é a observação e a experimentação indireta, em outros 
termos, o método comparativo”.
A sociedade é um arranjo constituído por elementos específicos, 
que têm como objetivo estabelecer regras de conduta para organizar a 
convivência humana. Esses elementos são:
• Finalidade social;
• Manifestações conjuntas ordenadas;
• Poder social.
Essa teoria do naturalismo que identifica a formação da sociedade 
teve início com o filósofo grego Aristóteles, no século IV a.C., o qual concluiu 
que o homem era um ser naturalmente político e que, por isso, precisaria 
viver em sociedade. Para Aristóteles, como afirma Morin (2009, p. 45):
42 CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS|
Só um indivíduo de natureza vil ou superior ao homem pro-
curaria viver isolado dos outros homens sem que a isso fosse 
constrangido. Quanto aos irracionais, que também vivem em 
permanente associação, eles constituem meros agrupamentos 
formados pelo instinto, pois o homem, entre todos os animais, é 
o único que possui a razão, o sentimento do bem e do mal, do 
justo e do injusto.
Seguindo a teoria de Aristóteles, Cícero, na Roma Antiga, também 
defendia a ideia de que o homem tem uma disposição natural para a vida 
associativa.
Do mesmo período medieval, Santo Tomás de Aquino afirmava que 
o homem é um ser político por fatores naturais e que a vida em isolamento 
é exceção, que pode se enquadrar em três situações distintas:
• Excellentia naturae, quando o indivíduo for tão virtuoso quanto os 
santos eremitas;
• Corruptio naturae, quando o indivíduo sofrer anomalias mentais;
• Mala fortuna, quando, por acidente, o indivíduo passar a viver em 
isolamento.
Dessa forma, podemos afirmar que nem toda reunião de pessoas 
é considerada uma sociedade, visto que é necessária a presença desses 
elementos.
Contrapondo-se à teoria naturalista, contudo, há a teoria 
contratualista. Essa teoria defende que a sociedade é o resultado de um 
acordo de vontades, de um contrato hipotético celebrado entre os homens. 
Há entendimentos diversos sob a perspectiva da teoria contratualista, sendo 
que o ponto comum entre elas é a desconsideração da vida em sociedade 
como impulso natural; podemos dizer, sobretudo, que a vontade humana 
justifica a vida em sociedade.
Thomas Hobbes, autor do Leviatã, de 1651, apresenta o entendimentode que, primeiro, o homem vivia em estado de natureza, referindo-se às 
épocas mais primitivas e à situação de desordem criada pela ausência de 
uma organização social, causando o que o autor chama de “guerra de todos 
contra todos”. Para Morin (2009, p. 48):
CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS 43|
O mecanismo dessa guerra tem como ponto de partida a igual-
dade natural de todos os homens. Justamente por serem, em 
princípio, igualmente dotados, cada um vive constantemente 
temeroso de que outro venha tomar-lhe os bens ou causar-lhe 
algum mal, pois todos são capazes disso.
Thomas Hobbes defende, ainda, que a preservação da vida em 
sociedade depende de um poder visível, que mantenha os homens dentro 
dos limites da lei da natureza, obrigando-os a cumprir as suas obrigações. 
Esse poder visível, para o autor, é o Estado, que se caracteriza por um 
homem artificial, dotado de poder de proteção e defesa, que, mesmo que 
desempenhe suas funções de maneira ineficiente, deve ser mantido, pois 
a sociedade dá segurança aos homens e deve ser preservada a qualquer 
custo.
Locke defende que o Estado apenas deve reconhecer e proteger 
direitos preexistentes, visando o bem comum, tendo em vista que não tem 
o poder de constituir quaisquer direitos, como supunha Hobbes. As teorias de 
John Locke são forte influência para a proposta liberal em crescimento na 
atualidade, defendendo a pouca intervenção do Estado na vida do indivíduo.
Seguindo o desenvolvimento das teorias contratualistas, Montesquieu, 
em 1748, na sua obra O espírito das leis, defende o estado de natureza, 
mas insere o homem nesse cenário como um ser amedrontado, que precisa 
dos seus semelhantes para se sentir fortalecido e buscar a paz. No entanto, 
depois da formação das sociedades há o que o filósofo acredita ser o início da 
guerra, entre sociedades ou entre indivíduos, justificando assim a existência 
de um Estado para controlá-los, por meio das leis.
Retomando a ideia de Thomas Hobbes, surge Jean-Jacques 
Rousseau, em 1762, com a obra O contrato social. Para Rousseau, é a 
vontade, não a natureza humana, o fundamento da sociedade: no estado 
de natureza, o homem só se preocupa com a sua individualidade e não há 
condições de permanecer vivo, sendo necessária a união de esforços para 
que seja alienada a vontade de cada um em prol da vontade geral, o que o 
filósofo chama de contrato social. Essa associação cria o Estado, que se 
torna responsável por proteger a sociedade e manter a ordem social. 
O autor afirma que esse temor é responsável pela iniciativa agressiva 
dos homens.
44 CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS|
Figura 01: Jean-Jacques Rousseau, filósofo e teórico político, e seu
O contrato social influenciaram o Iluminismo e a Revolução Francesa.
 
Fontes: https://bit.ly/3Ifm6YV; https://bit.ly/3Ih3F60 (Reprodução).
2. pArA cOmpreender durkheim e O pensAmentO 2. pArA cOmpreender durkheim e O pensAmentO 
sOciOlógicO: O ObjetO – A sOciedAdesOciOlógicO: O ObjetO – A sOciedAde
O desenvolvimento técnico-cientifico proporcionado pela 
Revolução Industrial foi o elemento central que impulsionou rupturas na 
estrutura social das sociedades europeias do século XIX. Os processos de 
industrialização, urbanização, êxodo rural e globalização tomaram força e 
marcaram a sociedade moderna.
Esse foi o momento de consolidação do capitalismo moderno 
enquanto forma de produção vigente na sociedade ocidental, trazendo uma 
sociedade individualizada, especializada e com alta densidade populacional, 
ambiente que favoreceu as consciências individuais a ganharem mais espaço.
Durkheim (1996) entendia que a sociedade capitalista moderna é 
marcada por uma grande liberdade dos indivíduos para agir e pensar, 
pela diferenciação e especialização de suas formas de trabalho e pela 
dependência entre eles, visto que a divisão do trabalho seria o melhor 
caminho para superar as questões acerca da luta pela sobrevivência.
CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS 45|
O fato social é então o conceito central da teoria de Durkheim (1977, 
p. 11), segundo o qual: 
É fato social toda maneira de agir fixa ou não, suscetível de 
exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou então ainda, 
que é geral na extensão de uma sociedade dada, apresentando 
uma existência própria, independente das manifestações indivi-
duais que possa ter.
Sendo assim, os fatos sociais teriam as seguintes características:
• Externalidade
Isto é, sua propriedade de ser externo e independente dos indivíduos. 
Essa externalidade diferencia o fato social daquilo que Durkheim (1996) 
chamava de fenômenos orgânicos (relacionados às características físicas 
e biológicas) e fenômenos psíquicos (relacionados às características 
psicológicas), que fazem parte do ser individual, enquanto os fatos sociais 
integram o ser social. A externalidade do fato social não significa que as 
consciências individuais sejam dispensáveis para sua existência. Na mesma 
medida em que a consciência coletiva só é possível a partir da existência 
de um grupo de consciências individuais, o ser social só existe a partir da 
existência de um ser individual. O que Durkheim ressaltava nos fatos sociais 
é a sua capacidade de existir na sociedade, agindo sobre os indivíduos que 
a ela pertençam.
• Potencial coercitivo
A segunda característica definidora do fato social é seu potencial 
coercitivo sobre as consciências individuais. Segundo Durkheim (1996, p. 
2): “Estes tipos de conduta ou de pensamento não são apenas exteriores 
ao indivíduo, são também dotados de um poder imperativo e coercitivo, em 
virtude do qual se lhe impõem, quer queira, quer não”. De modo geral, essa 
coerção é branda, pois grande parte dos fatos sociais está naturalizada pelos 
indivíduos. Entretanto, Durkheim (1977) apontava que alguns fatos sociais se 
impõem de maneira incisiva, com uma coerção violenta, por exemplo, quando 
uma pessoa viola alguma lei, cometendo um crime.
46 CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS|
• Tendência a ser geral
A terceira característica do fato social é sua tendência a ser geral 
na sociedade. O fato tende a se generalizar na sociedade por ser social 
e, não, o contrário. Logo, a generalidade é causa e efeito das primeiras 
duas características: externalidade e coercitividade. Os costumes, direito e 
padrões morais são fatos sociais que se aplicam à sociedade como um todo, 
independentemente das manifestações individuais. Impõem-se sobre todas 
as consciências individuais, por fazerem parte da consciência coletiva, como 
elemento agregador e estabilizante da vida em sociedade.
3. pArA cOmpreender mArx e O prOjetO revOluciOnáriO3. pArA cOmpreender mArx e O prOjetO revOluciOnáriO
O pensamento de Karl Marx se concentrou no desenvolvimento do 
capitalismo a partir de suas contradições sociais. As relações conflituosas 
entre as classes sociais do capitalismo industrial eram entendidas como 
motor de desenvolvimento da sociedade capitalista.
FFIQUEIQUE ATENTOATENTO
O desenvolvimento posterior do pensamento marxista levou outros 
pensadores a ampliarem as teses originais de Marx para o entendimento 
de outros aspectos da sociedade moderna e relegaram uma importante 
contribuição para o entendimento sociológico dos conflitos sociais. Como o 
pensamento e a abordagem marxista pode auxiliar a compreender os conflitos 
e problemáticas geradas pelo desenvolvimento do capitalismo moderno?
A inovação de Marx, para a análise histórica e social, foi o método 
materialista e dialético. Seu pensamento se desenvolveu a partir de três 
fontes: a filosofia hegeliana, a economia política liberal e as ideias socialistas 
de sua época.
CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS 47|
A abordagem marxista pode ser resumida da seguinte maneira: para 
se compreender a vida social, deve-se examinar o desenvolvimento de 
antagonismos e conflitos (dialética) entre as classes sociais envolvidas em 
relações de produção econômica (materialismo).
A filosofia idealista foi uma concepção filosófica que afirmavaque 
a história humana era produto do desenvolvimento do pensamento e das 
ideias. Ao longo da história, as ideias entravam em contradição umas com as 
outras, e a superação dessa contradição levava à criação de uma ideia mais 
universal. Esse era o movimento dialético das ideias que produzia a história 
humana.
Karl Marx pensava que o idealismo havia desconsiderado que a 
história humana é feita por homens em relações sociais e econômicas. 
Dessa forma, não é o conflito de ideias e maneiras de pensar que move a 
história, mas esta é feita por homens vivendo em sociedade e estabelecendo 
relações sociais entre si. As ideias são, na verdade, produto das relações 
sociais entre os seres humanos. Para Marx, as ideias humanas existem para 
explicar ou até mesmo justificar essas relações sociais. Assim, ele inverteu 
o pensamento idealista e foi em busca do entendimento do movimento 
histórico real das sociedades humanas e não de um movimento abstrato 
das ideias.
As relações sociais fundamentais seriam as de produção, pois estavam 
diretamente ligadas à sobrevivência dos indivíduos. No início da história 
da humanidade, era na família que ocorria a maior parte das relações de 
produção, com o trabalho sendo dividido em tarefas masculinas e femininas, 
havendo apenas uma divisão natural e sexual do trabalho. Nessa época, as 
pessoas viviam em comum, sem qualquer tipo de propriedade privada dos 
meios de produção. Esse período da história era o chamado comunismo 
primitivo, pois era uma época em que a principal divisão social do trabalho 
se dava no interior da família.
Os meios de produção são as máquinas, ferramentas, terras, 
matérias-primas e tudo o mais que for necessário ao processo produtivo de 
trabalho. Com a propriedade privada, uma classe social é dona dos meios 
de produção e a outra, de sua força de trabalho.
48 CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS|
Figura 02: Marx e sua maior obra, O capital, em que faz uma análise 
profunda da sociedade capitalista.
Fonte: https://amzn.to/35kvwUP (Divulgação).
Conforme Martins (2006), com o desenvolvimento histórico e econômico, 
surgiram divisões sociais do trabalho, por exemplo, entre trabalho manual 
e intelectual, e a divisão entre proprietários e não proprietários dos meios 
de produção. Enquanto no comunismo primitivo as divisões sociais eram 
basicamente por idade e sexo, ao longo da história, a propriedade privada 
dos meios de produção emergiu, provocando a divisão social em classes 
sociais. Ao viverem e trabalharem em uma sociedade em que existe a 
propriedade privada, os seres humanos se dividem entre aqueles que detêm 
a posse dessa propriedade e aqueles que detêm apenas sua força de 
trabalho.
O trabalho é a atividade produtora de bens ou serviços que os seres 
humanos realizam para satisfazerem suas necessidades. Para Marx (1980), 
é a partir das condições reais de produção (trabalho) que se deve começar a 
entender os seres humanos: 
A maneira pela qual os indivíduos manifestam a sua vida reflete 
muito exatamente o que são. O que eles são coincide, portanto, 
com a sua produção, tanto com o que produzem, quanto com a 
maneira pela qual produzem. O que os indivíduos são depen-
de, portanto, das condições materiais de sua produção. (HALL, 
2003, p. 85).
CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS 49|
A vida humana em sociedade não pode ser compreendida apenas pelo 
entendimento das ideias e concepções que os seres humanos criam acerca 
de si, mas, sobretudo, pelas relações de produção econômica que esses 
indivíduos criam para conseguirem sobreviver. Nesse sentido, Hall (2003, p. 
37) afirma que:
[...] na produção social da sua vida os homens entram em deter-
minadas relações, necessárias, independentes da sua vontade, 
relações de produção que correspondem a uma determinada 
etapa de desenvolvimento das suas forças produtivas materiais. 
A totalidade destas relações de produção forma a estrutura eco-
nômica da sociedade, a base real sobre a qual se ergue uma 
superestrutura jurídica política, e à qual correspondem determi-
nadas formas da consciência social. O modo de produção da 
vida material é que condiciona o processo da vida social, política 
e espiritual. Não é a consciência dos homens que determina o 
seu ser, mas, inversamente, o seu ser social que determina a 
sua consciência.
Na opinião de Quintaneiro (2002), Marx (2008) utiliza as forças 
produtivas materiais, que são compostas pela combinação entre a força 
de trabalho disponível e os meios de produção. A combinação entre estas 
e as relações de produção forma a estrutura econômica da sociedade, a 
qual constitui o alicerce sob o qual se formam os outros campos da vida 
social (superestrutura), como as leis e o direito, o Estado e a política, as 
crenças religiosas, o pensamento filosófico e científico, o senso comum e 
os valores culturais.
A análise social começa com o entendimento das estruturas 
econômicas, isto é, das relações de trabalho criadas pelos seres humanos, 
que determinam a estrutura social de classes e os conflitos que decorrem dos 
antagonismos entre elas. A seguir, conheça mais sobre a estrutura social:
a. Classe social
Na visão de Hall (2003), Marx define como um conjunto de indivíduos 
que compartilham determinada classe social, condição social, em virtude do 
lugar que ocupam nas relações sociais de produção. Além disso, para que 
forme realmente uma classe, esse grupo social deve ter consciência política 
de seus interesses e papel na sociedade e deve ativamente participar da luta 
política pelo poder social.
50 CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS|
b. Luta de classes
De acordo com Lima (2000), a dinâmica de luta de classes ou a disputa 
política (poder político), econômica (distribuição da renda) e social (crenças 
e valores) entre classes sociais, condiciona todos os outros campos da vida 
social e explica seu dinamismo e contradições, como a definição de políticas 
pelo Estado ou a criação jurídica de leis que regulamentam a sociedade.
Marx pensava que as sociedades humanas evoluem, isto é, mudam 
de um estado social para outro, em virtude do acirramento dos conflitos 
sociais, justamente em decorrência do avanço da exploração do trabalho 
de uma classe sobre a outra.
A economia capitalista é formada basicamente por duas classes: a 
dos proprietários dos meios de produção e a dos que oferecem sua força de 
trabalho. Os empresários que são os donos dos meios de produção, das terras 
e máquinas são chamados de burgueses, e os trabalhadores assalariados, 
detentores apenas de sua força de trabalho, de proletários.
Os burgueses e os proletários poderiam determinar livremente as 
condições de trabalho e a forma de remuneração, sem qualquer tipo de 
constrangimento. Na época de Marx, as regulamentações sobre os contratos 
de trabalho eram esparsas ou até mesmo inexistentes, o que levava a 
condições e relações de trabalho degradantes.
4. A ideOlOgiA Alemã de4. A ideOlOgiA Alemã de
Weber e A cOndutA dO indivíduOWeber e A cOndutA dO indivíduO
Como já mencionado, a sociologia precisava de um método. Durkheim, 
ao propor um método específico para a ciência que estava instituindo, definiu 
também o objeto de estudo dessa ciência: o fato social.
Além disso, o autor demonstrou que os fatos sociais têm características 
próprias, que se distinguem das que ocorrem nas demais ciências. Dessa 
maneira, os fatos sociais devem ser tomados como “coisas”. E, assim como 
as “coisas da natureza” acontecem independentemente da ação humana, 
também ocorre com as “coisas da sociedade”. Seguindo a compreensão 
durkheimiana, a realidade se impõe ao sujeito.
CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS 51|
Para Durkheim, o ser humano é o resultado de uma construção 
histórica, escrita em uma consciência coletiva, que age sobre ele de forma 
coercitiva para que ele se comporte de uma determinada forma.
Assim, o homem seria um animal que se torna humano quando 
socializado, quando aprende hábitos e costumes característicos de seu grupo 
social: a socializaçãoé o processo de aprendizagem da consciência coletiva. 
É por meio dela que aprendemos as regras e normas de comportamento 
esperadas em uma determinada sociedade, e são as instituições sociais (a 
família, a escola, a igreja) que têm essa função (HALL, 2003, p. 73-79).
Vejamos um exemplo: aprendemos que brincar de boneca e “casinha” 
é “coisa de menina”, e brincar de “carrinho” ou de “luta” é “coisa de menino”. 
Ou seja, de modo geral, nossas preferências não são escolhas individuais, 
mas determinadas pela sociedade.
 Observe que a consciência coletiva é o conjunto de crenças e de 
sentimentos comuns da população de uma determinada sociedade, formando 
um sistema com existência própria e que exerce uma força coercitiva sobre 
os membros. “É um sistema que existe fora dos indivíduos, mas que os 
controla, ditando as maneiras de agir, de pensar e de sentir em sociedade” 
(HALL, 2003, p. 90).
Logo, percebemos que a educação dada às crianças é uma forma de 
introdução à consciência coletiva, uma vez que elas são ensinadas a comer, 
a beber, a falar, a se vestir de acordo com as normas e os padrões sociais 
vigentes. Qualquer desvio dos padrões pode ocasionar um isolamento do 
indivíduo. Assim, a criança sofre uma pressão da sociedade para que se 
molde à sua imagem e semelhança.
Assim, para Weber, o progresso histórico que resultou na sociedade 
moderna foi regido por uma redução lógica da vida social, uma crescente 
racionalização da vida. A modernidade não representa apenas uma 
diferenciação da economia capitalista e do Estado, mas também uma 
reordenação racional da cultura e da sociedade.
Em seus estudos sobre o processo histórico de transição das 
sociedades tradicionais às sociedades modernas, buscando determinar as 
causas do progresso e do desenvolvimento de novas e avançadas formas 
de sociedade, de ciência, das artes, do aprendizado e da tecnologia, Weber 
identificou, como característica central, o crescente progresso racional e 
secular em contraposição ao mundo tradicional e sagrado da sociedade 
ocidental.
52 CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS|
CCURIOSIDADEURIOSIDADE
Para aprofundar nossos estudos, indico a leitura do livro “Sociologia” (6. 
ed., editora Penso, 2012) de Giddens, que nos traz o tema desta unidade com 
grande maestria e clareza na execução e domínio das atividades sociologias 
com o homem.
Figura 03: “Sociologia” de Anthony Giddens.
Fonte: https://amzn.to/3Ijmoy6 (Divulgação).
Segundo Martins (2006, p. 91), a sociologia weberiana é a ciência que 
busca compreender a ação social. Tal compreensão implica identificar a 
percepção do sentido que o indivíduo atribui à ação, ou seja, compreender o 
sentido que cada ator dá a sua própria conduta.
Nesse sentido, a ação social é uma ação que, quanto ao sentido 
visado pelo agente, ou pelos agentes, refere-se ao comportamento de outros 
indivíduos. É a ação dos indivíduos, quando orientada em relação a outros 
indivíduos, estabelecendo algum sentido (uma comunicação, um sentido 
compartilhado).
CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS 53|
Dessa forma, Weber elege como objeto de investigação a ação social, 
a conduta humana dotada de sentido. “Assim, o homem ganhou, na teoria 
weberiana, significado e especificidade. O homem dá sentido à ação social: 
estabelece a conexão entre o motivo da ação, a ação propriamente dita e 
seus efeitos” (MORIN, 2009, p. 63).
É por meio dos valores sociais e de sua motivação que o sujeito 
produz o sentido da ação social. Para que uma ação seja uma ação social, é 
preciso que o indivíduo tente estabelecer algum tipo de comunicação com 
os demais indivíduos envolvidos. Por exemplo, alguns eleitores definem seus 
votos orientando-se pela ação dos demais eleitores. Nesse caso, a ação só 
é compreensível se percebermos que a escolha feita teve como referência o 
conjunto dos demais eleitores.
A ação tradicional é determinada por costume ou por hábito arraigado. 
Nesse tipo de ação, o agente reage de forma automática ao estímulo habitual. 
Ações desse tipo são orientadas por crenças tradicionais que agem como 
imperativos morais em julgamentos dos atores (MORIN, 2009, p. 48-49). São 
as ações cotidianas, em que os meios e fins são determinados pelos costumes, 
sem critérios de avaliação. Por exemplo, com a confiança estabelecida no 
conhecimento do professor, o aluno sequer questiona o saber que o docente 
demonstra ter, apenas acredita que o que está sendo ensinado é correto.
 A ação afetiva é determinada por afetos ou estados sentimentais, 
dependendo do estado mental do ator em uma dada circunstância (MORIN, 
2009, p. 48-49).
Por exemplo, a preferência que um aluno tem por um determinado 
professor, uma vez que, em muitos casos, o docente acaba reproduzindo os 
valores da comunidade e da família desse aluno, o que aproxima ao padrão 
de afetividade vivenciado.
A ação racional relacionada a valores é determinada pela crença 
consciente em um valor importante. O objetivo do ator é colocar em prática 
suas convicções, confirmar seus valores, seu dever, sua honra, sua beleza, 
sua religiosidade, sua lealdade pessoal (LIMA, 2000, p. 84). Por exemplo, a 
confiança no conhecimento das pessoas que possuem maior qualificação: 
especialistas, mestres, doutores.
54 CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS|
A ação racional relacionada a fins é determinada pelo cálculo racional 
dos meios necessários para atingir determinado fim. É o tipo mais racional 
de ação. Nela, o ator é livre para escolher os meios para atingir fins racionais. 
Por exemplo, a escolha de uma instituição de ensino mais renomada, 
comprovadamente mais qualificada, com professores mais titulados, visando 
obter um diploma mais valorizado, que pode “abrir portas” no futuro.
Além das ações sociais, outro ponto relevante para o estudo de Weber 
são os tipos ideais, construções teóricas que não se encontram na realidade 
e funcionam como uma espécie de caricatura do tipo social em virtude dos 
“exageros” das características fundamentais do tipo.
Os tipos ideais são construídos a partir da representação dos traços 
típicos dos indivíduos envolvidos na ação social. Por exemplo, quando 
pensamos em um gaúcho, pode vir a nossa mente um indivíduo vestindo 
bombacha, tomando chimarrão e comendo churrasco. Estas são as 
características típicas desse indivíduo; um “exagero” seria encontrar um 
indivíduo representando todas as características ao mesmo tempo.
Para Weber, é a partir dessa construção metodológica que o 
sociólogo pode identificar a motivação da ação social. “O tipo ideal não 
é um modelo a ser alcançado nem um acontecimento observável. É uma 
construção do pensamento, uma ‘lupa’ que auxilia o cientista” (LIMA, 
2000, p. 65).
Por isso, devemos lembrar sempre: o tipo ideal é apenas ideal, não é 
real, não é um modelo perfeito nem desejado pelas formações sociais, não é 
observável na realidade.
O tipo ideal é apenas um instrumento de análise científica, que ajuda 
na construção de conceitos sobre fenômenos e formações sociais, permitindo 
ao pesquisador identificar as motivações (o sentido, o significado) das ações 
individuais manifestas na realidade observada. Nesse sentido, 
A tarefa da sociologia é interpretar esse agir de modo que ele 
se torne um agir compreensível, e isto significa, sem exceção, 
um agir de homens que se relacionam uns com os outros (LIMA, 
2000, p. 67).
Dessa forma, podemos dizer que a perspectiva sociológica proposta 
por Weber coloca a ação dos indivíduos e suas motivações no centro 
dos fenômenos sociais. O pesquisador deve, com base nessa abordagem, 
investigar as motivações individuais para compreender como a sociedade 
em que está inserido funciona.
CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS 55|
Em seus estudos, Weber observou que a organização burocrática se 
tornou o padrão para a política, a economia e a tecnologia moderna, como 
uma forma de administração tecnicamente superior. Assim, ele compreende 
a racionalização da atividade política pela administração no Estado modernoenquanto forma de criar um Estado governado dentro dos limites legais e 
com leis racionalmente descritas.
Em cada época, um determinado tipo de educação era mais 
valorizado pelas organizações políticas (Estado e empresas privadas). No 
período medieval, a educação europeia estava associada às instituições 
religiosas (monastérios) e se destinava apenas a uma parcela muito restrita 
da população. O “ser educado” estava atrelado a uma compreensão quase 
sagrada; possuir os conhecimentos era exclusividade dos sábios.
No medievo, ainda segundo Weber, a educação se destinava a uma 
população mais culta, à valorização de bens culturais e artísticos, isso porque 
a posse desses bens servia para diferenciar socialmente os dominantes dos 
dominados.
A transição para a sociedade moderna alterou o tipo de educação. A 
necessidade de criação de uma administração racional do Estado forçou a 
constituição de uma educação voltada para a especialização, mais racional.
Quadro 01: Comparativo entre Durkheim, Marx e Weber.
DURKHEIM MARX WEBER
MÉTODO
Abordagem
funcionalista dos 
fatos sociais.
Materialismo histórico 
com atenção à
produção.
Sociologia
compreensiva da 
ação social.
EPISTEMOLOGIA Holismo, primado 
do objeto.
Holismo, primado do 
devir.
Individualismo, 
primado do sujeito.
TEORIA
POLÍTICA
É necessária 
uma nova moral 
que equalize o 
descompasso entre 
estrutura e
interação social.
É necessária uma 
ação política pela via 
comunista.
É necessário
burocratizar o 
sistema político 
para evitar
oportunismos.
TEORIA DA
MODERNIDADE
A anomia é o 
grande problema 
do mundo
moderno.
A modernidade é 
marcada pela
emergência do modo 
de produção
capitalista.
A racionalização 
como grande 
característica da 
modernidade.
Fonte: https://bit.ly/33G6ajn (Adaptado).
56 CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS|
5. utOpiA e éticA revOluciOnáriA em mArx 5. utOpiA e éticA revOluciOnáriA em mArx 
A obra de Marx está repleta de referências ao papel central dos 
trabalhadores no processo de construção histórica da sociedade. 
Pesquisador e agente revolucionário, abriu um paradigma científico novo, uma 
corrente de pensamento composta por uma vasta gama de pesquisadores, 
de várias ciências, em especial das ciências sociais aplicadas, conhecidos 
como marxistas. Marx é considerado o criador da economia política como 
um ramo autônomo de pesquisa. Sua influência na construção da sociologia 
é indiscutível. 
Na obra de Marx, encontramos uma grande variedade de temas de 
análise, porém, o principal legado deixado pelo autor para a ciência social 
é a investigação do processo histórico em que a humanidade “emerge” da 
história natural e constrói sua própria história. Para isso, Marx elaborou uma 
metodologia específica, denominada materialismo histórico-dialético.
O termo materialismo é utilizado porque a metodologia marxiana 
parte da análise da base de produção material da sociedade. Para Marx, 
o estudo da sociedade deve começar sempre por sua economia, a vida 
material do homem que é, segundo o autor, o elemento que condiciona todo 
o desenvolvimento da vida social.
O método é também histórico, uma vez que devemos buscar a origem 
do que ocorre na realidade social no processo cíclico da história humana da 
produção material da vida. Para Marx, existe uma relação entre os indivíduos 
e a sociedade que faz com que ambos se modifiquem, desencadeando 
um processo histórico-social. Essa relação de modificação mútua entre 
homem e sociedade acontece de forma dialética.
 Unindo os termos, podemos dizer que o materialismo histórico-
dialético é a teoria crítica que concebe a realidade social como produto da 
produção material da vida.
O materialismo histórico-dialético está comprometido com a 
transformação da sociedade, pois, além de explicar a realidade a partir 
da produção da vida material, tem como objetivo que essa explicação possa 
conscientizar os grupos desfavorecidos (minorias étnicas, trabalhadores 
assalariados, camponeses etc.) sobre seu papel central no processo de 
produção da sociedade capitalista.
CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS 57|
O método pretende ainda revelar os interesses dominantes, os 
interesses dos capitalistas, ou seja, o interesse em manter a sociedade 
tal como ela está. Dessa forma, busca demonstrar a condição da classe 
trabalhadora como central no processo de produção e, portanto, a classe 
central na estrutura de uma sociedade que é regida pelo sistema de produção. 
Visa, por fim, identificar o grau de sua alienação no processo de produção.
A infraestrutura é a dimensão econômica da sociedade, o conjunto 
das forças produtivas (matérias-primas e meios de produção) e das relações 
de produção (interações que os homens estabelecem entre si nas atividades 
produtivas). São as forças produtivas que condicionam quais as relações de 
produção que serão estabelecidas.
A superestrutura é utilizada para regular a sociedade que está dividida 
em classes sociais (relações que os homens estabelecem no processo 
produtivo). Para esse controle, criou-se o Estado e, juntamente com ele, uma 
base ideológica de controle social. O Estado e a ideologia são, portanto, os 
dois elementos que compõem a superestrutura.
Assim, as desigualdades desencadeadas pelas relações de produção 
que dividem os homens entre os proprietários dos meios de produção e os 
não proprietários são responsáveis pela criação da sociedade de classes, ou 
seja, uma sociedade caracterizada pela desigualdade.
Karl Marx construiu as bases da economia política a partir de alguns 
pressupostos, que são, segundo a apresentação de Lima (2000): 
A produção da vida material: os homens devem estar em condições 
de viver para fazer a história. Esse pressuposto nos ensina que as 
condições de subsistência dos homens precisam ser garantidas para 
que eles possam construir suas vidas. Por exemplo, para que possamos 
trabalhar, precisamos de condições mínimas de trabalho, além de ter 
uma boa alimentação, boa saúde, qualificação para o trabalho etc.
A produção de novas necessidades: após satisfeita a primeira 
necessidade do homem, completada a ação e adquirido o instrumento 
para essa satisfação, criam-se novas necessidades. Uma necessidade 
gera novas necessidades. Por exemplo, a necessidade de trabalhar em 
horário de almoço gera a necessidade de dispor de um local adequado 
no ambiente de trabalho para as refeições.
58 CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS|
A família: os homens se reproduzem, renovam diariamente sua própria 
vida e criam outros homens.
O Estado social: é um modo de produção ou um estágio industrial 
que está sempre ligado a um modo de cooperação social. Cada 
estágio de desenvolvimento econômico cria um modelo de Estado 
correspondente a suas necessidades. Para que a classe dominante 
continue sendo a burguesia, há a necessidade de manter o Estado 
sob o domínio da burguesia. A cada novo processo eleitoral em que 
a classe trabalhadora ameaça tomar o poder, as forças de domínio 
burguês desenvolvem mecanismos para garantir sua permanência.
A produção social: está ligada à consciência humana que nasce da 
existência de intercâmbio com outros homens. Assim como as forças 
de poder do Estado dependem do modo de produção, este determina 
a forma como os homens pensam socialmente, definindo sua base 
ideológica.
As diferentes abordagens são baseadas nas contribuições dos 
fundadores da ciência, Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx, e constituem 
um conjunto vasto e diverso que vai desde abordagens funcionalistas 
(destaque para a contribuição de Durkheim) até as que apresentam uma 
reflexão mais crítica, com base em uma contribuição marxista da educação.
Figura 04: A educação é um fenômeno social.
Fonte: https://bit.ly/3FXjpK7.
CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS 59|
Os estudos sociológicos sobre a educação se iniciaram com Durkheim 
dentro do movimento de criação da própria ciência, pois a educação pode 
ser tomada como um objeto sociológico por excelência. Segundo Martins 
(2006, p.102), “[...] a Sociologia é capaz de estabelecer conexões, pontes ou, 
se preferir, links entre processos e instituições educacionais, de um lado, e os 
processos e instituições sociais mais gerais, de outro”.
Devido à complexidade de temáticas de pesquisa, os estudos 
sociais sobre a educação precisam dar conta tanto de temas mais 
gerais a respeito da educação (como estudos acerca das competências 
do Estado sobre o sistema educativo, estudos sobre a legislação 
educacional, entre outros) quanto das relações com a sociedade (por 
exemplo, estudos sobre a contribuição da escolarização no mercado 
de trabalho, sobre modelos de educação específicos, como educação 
profissional, capacitação, entre outros).
Além disso, precisam abranger também estudos a respeito da interação 
entre a escola e a comunidade em que ela está inserida (como estudos 
sobre a relação família e escola, sobre a escolarização dos pais, líderes 
comunitários, entre outros) e estudos mais específicos sobre as condições 
sociais da sala de aula (por exemplo, estudos sobre o nível socioeconômico 
dos alunos, sobre a organização dos horários de aula, entre outros).
Essa visão economicista da educação ganhou força com o passar 
dos anos; e podemos encontrá-la ainda nos dias atuais, especialmente em 
políticas que tomam a educação como um instrumento impulsionador do 
crescimento econômico e como base de distribuição das oportunidades e de 
redistribuição de bens e serviços sociais. 
Os principais temas de pesquisa nessa perspectiva são referentes 
às desigualdades sociais alimentadas pelo sistema de ensino ou pelas 
desigualdades de acesso à educação, como:
• A mobilidade social (indicadores de ascensão ou rebaixamento de 
posição social);
• Os mecanismos de seleção escolar (estudos sobre critérios de 
seleção como classe social, raça, etnia, gênero);
• A democratização do ensino.
60 CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS|
Além dessa abordagem economicista, a vertente funcionalista apresenta 
também pensadores que atribuem à educação um papel fundamental na 
distribuição de bens culturais e simbólicos.
Talcott Parsons foi um importante sociólogo que revisou as obras de 
pensadores pioneiros da sociologia – Max Weber, Vilfredo Pareto e Émile 
Durkheim – buscando construir uma grande teoria funcionalista sobre a 
ação humana, entendida por ele como algo voluntário (que independe de 
imposições), intencional (que possui uma motivação) e simbólico (que 
possui algum significado para o agente).
Na sociologia, o pensamento de Parsons é considerado uma tese 
pós-positivista da ciência, isso porque ele desenvolveu uma teoria 
empirista, ou seja, baseada na experiência e na observação, respaldando-
se em uma base teórica que confere à sociologia um caráter científico. Para 
isso, o autor reafirma a importância do ordenamento da coleta e análise 
de dados empíricos para além do trabalho de campo, de tal forma que 
o trabalho teórico seria, para ele, uma condição essencial para produzir 
generalizações necessárias à compreensão da sociedade.
Essa divisão da escola, segundo a explicação dos autores, ocorre 
desde o começo da vida escolar das crianças, de tal forma que os filhos 
dos trabalhadores estão destinados a não atingir os níveis superiores e são 
encaminhados para as atividades manuais.
Dessa forma, a escola acaba por dividir o aprendizado das crianças 
para o trabalho intelectual e para o trabalho manual, reproduzindo a 
estrutura da sociedade capitalista.
Tal diferença coloca essa escola em situações antagônicas, que 
corresponde à estrutura também antagônica da sociedade: burguesia e 
proletariado. Assim, a escola constrói relações educativas diferentes, como 
escola voltada para a formação do alunado de origem proletária e a escola 
voltada para a educação burguesa.
 ...a escola acaba por dividir o aprendizado das 
crianças para o trabalho intelectual e para o trabalho 
manual, reproduzindo a estrutura da sociedade 
capitalista. 
CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS 61|
FFIQUEIQUE ATENTOATENTO
A desigualdade social, portanto, se reproduz na escola, pois a criança 
já traz do meio social sua submissão ou dominação. Essa divisão social que 
a escola reproduz determina as oportunidades futuras do alunado. Os filhos 
dos proletários estão destinados a não atingir os níveis superiores escolares, 
mas sim as atividades de trabalhos manuais.
Assim, a escola age como um aparelho ideológico, contribuindo para 
a formação de forças de trabalho, mantendo o proletariado sob o domínio 
dos interesses burgueses, contendo-os e dominando-os. Nessa perspectiva, 
as diferenças entre sucesso e fracasso escolar não estão associadas aos 
indivíduos, mas, sim, a suas origens sociais.
Em seus estudos, Establet e Baudelot identificam duas funções 
básicas da escola: contribuir para a formação da força de trabalho e a 
inculcação da ideologia burguesa.
Ambas as funções são interdependentes. Segundo os autores, na 
formação da força de trabalho as práticas escolares realizam o processo de 
inculcação ideológica. Isso é feito, ainda segundo os autores, de duas formas 
concomitantes: a inculcação explícita da ideologia dominante e a sujeição 
e disfarce da ideologia proletária.
O contexto vivido na primeira metade da década de 1980 do século XX 
era de transição do período militar para o governo democrático. Em 1985, 
ocorreu a primeira eleição para a presidência da república. Foi o resultado de 
intensas manifestações pelas “Diretas Já”, apesar de ainda ter ocorrido sob 
medidas restritivas da época da ditadura militar, ou seja, não foram eleições 
diretas como as que temos hoje. Foram, no entanto, parte de um importante 
processo de democratização no país.
62 CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS|
Figura 05: Importância das eleições como efeito social.
Fonte: https://bit.ly/3qXDw6I (Reprodução).
Nessa eleição, foi eleito o presidente Tancredo Neves e seu vice, 
José Sarney. Contudo, Tancredo faleceu, assumindo a presidência o vice-
presidente eleito. Havia, então, um intenso movimento de toda a sociedade 
que pressionava o governo militar pelas “Diretas Já”. Juntamente a isso, 
havia uma pressão internacional para que o Brasil garantisse direitos aos 
seus cidadãos. Tudo isso aliado a um contexto de instabilidade econômica 
que barrava o crescimento econômico do país.
Os movimentos sociais ganharam forças suficientes para a garantia de 
muitos pleitos na elaboração da nova Constituição Brasileira. Foram intensos 
processos de participação popular construindo propostas e pressionado, 
inclusive presencialmente, o Congresso Nacional em Brasília. Muitos grupos 
de pessoas acampavam na capital como forma de pressão popular.
Com a promulgação da Constituição Cidadã, em 1988, o Brasil 
construía alicerces importantes para a garantia de direitos de forma igualitária 
a todos. Mas, como você já sabe, não basta estar escrito, mas é preciso dar 
legitimidade ao que está posto. Para isso, são necessárias a informação e a 
divulgação dos direitos garantidos constitucionalmente.
Foi e ainda é um processo gradual a materialização daquilo que está 
posto na Constituição brasileira. É constante o embate entre a garantia de 
acesso a políticas públicas e a falta de recursos destinados à execução 
dessas políticas com qualidade suficiente.
CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS 63|
Você deve prestar atenção aqui para as disputas de interesses 
de projetos políticos de sociedade divergentes que também ocorriam na 
época da promulgação da Constituição Federal de 1988. Ao mesmo tempo 
em que se garantiam direitos pela pressão popular, o contexto de recessão 
estava presente, assim como as pressões internacionais que exigiam, 
contraditoriamente, a garantia de direitos constitucionais, menos “gastos” 
com políticas públicas no Brasil.
No pensamento de Aristóteles, podemos dizer que não há cidadania 
sem a garantia material dos direitos. Mas para que isso ocorra, a 
participação sob diversas formatações é fator primordial, vindoantes mesmo 
da cidadania? Mas como seria possível participar de algo que não temos 
conhecimento e informações que nos subsidiem?
Portanto, é condição primeira que haja a disseminação de 
informações e a constante construção de conhecimento acerca de temas 
de interesse social para que a participação seja efetiva e promissora de 
conquistas de direitos.
A sociedade de classes em que vivemos, atualmente, promove 
constantes embates entre grupos de classes sociais diferentes, marcando 
a existência de correlações de forças opostas. Nesse cenário, faz-se 
necessária a análise constante da realidade, balizada pela força da história 
socialmente construída e suas contradições, sob pena de banalização de 
injustiças sociais e retomada de forças contrárias às conquistas duramente 
garantidas constitucionalmente, por exemplo, a igualdade, a cidadania e a 
democracia minimamente consolidadas neste país.
A participação da sociedade em espaços democráticos e 
deliberativos foi sendo enraizada institucionalmente, e gradativamente, 
após a Constituição de 1988. Ao mesmo tempo, nada seria instituído sem 
a participação massiva da sociedade para garantir que tais instâncias 
deliberativas e consultivas fossem viabilizadas.
Porém, a participação efetiva em temas de interesse social somente 
é possível mediante a informação e compreensão dos temas discutidos e 
deliberados.
64 CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS|
A informação empodera os sujeitos sociais para a verdadeira 
transformação daquilo que se pretende. Caso não haja a democratização do 
acesso à informação, há o risco de passividade e manipulação de interesses 
coletivos em detrimento de interesses privados.
Nesse aspecto, você pode avaliar a importância do papel profissional 
do assistente social, especialmente na condução de Conselhos de Direitos, 
como os Conselhos Municipais e Estaduais de Assistência Social, de Saúde, 
de Direitos da Criança e do Adolescente, do Idoso, dos Conselhos de 
Habitação, entre outros. As informações são condições essenciais para a 
compreensão das políticas públicas e de seu funcionamento local.
Mas você deve estar pensando: e como posso utilizar na minha 
profissão? A utilização está bem clara, pois você tratará e associará os 
fundamentos humanísticos e sociais dentro do contato com pessoas, 
formação de equipes, estruturas financeiras, entre outras.
Isso se destaca, sobretudo, quando consideramos o contexto histórico 
vigente, no qual teorias (como o darwinismo social, desenvolvido pelo 
filósofo inglês Herbert Spencer, na passagem do século XIX para o XX) 
defendiam a existência de uma cadeia evolutiva das sociedades. Assim, 
nessa rede evolutiva, a civilização europeia estaria no mais alto grau de 
desenvolvimento, enquanto as outras estariam próximas ou distantes dela. 
Em relação aos elementos de outras culturas.
A diversidade cultural passou a fazer parte dos estudos antropológicos, 
dando base para a construção do campo de estudo intitulado antropologia da 
arte. Desse modo, a arte, como parte integrante da cultura de um povo ou 
uma sociedade, abriu as portas para uma antropologia das artes, como mais 
uma área de estudo das expressões artísticas.
Assim como a antropologia, outra ciência humana tem relação com a 
cultura e a arte, a história, que, como ciência, estuda a ação humana ao longo 
do tempo e no espaço e, para desenvolver esse estudo, considera diferentes 
fontes: documentos escritos, relatos orais, documentos audiovisuais. Em 
outras palavras, pode ser utilizado como fonte tudo o que foi produzido pelo 
homem e demonstra como ele viveu, mas nem sempre foi assim. A história, 
ao se constituir como ciência, também passou por caminhos e descaminhos 
até chegar nessa atual definição.
CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS 65|
No auge do racionalismo do século XIX, os documentos escritos, 
oficiais (produzidos pelo Estado) e que falassem dos grandes heróis da 
nação (governantes, figuras tidas como ilustres) eram os preferidos, pois 
se entendia que, assim, atribuía-se legitimidade à ciência que se buscava 
construir, mas, aos poucos, isso foi mudando. A própria pesquisa histórica 
era pautada apenas na descrição/narrativa dos documentos, porque ao 
historiador não caberia fazer uma análise dos acontecimentos, uma vez que 
se considerava o risco de ele contaminar a escrita da história com juízo de 
valores particulares.
Mudanças sociais, no entanto, frutos de um processo histórico pelo qual 
passou o mundo no decorrer dos séculos XIX e XX, com alterações políticas, 
econômicas, grandes conflitos e guerras, trouxeram à tona questionamentos 
acerca do papel dessa ciência. Ao modificar sua atuação, a história passou a 
abordar novos sujeitos, por meio de novas fontes e objetos.
Assim, percebeu-se, com o marxismo, que uma análise materialista da 
história não poderia ser feita apenas por meio de documentos que remetessem 
às elites políticas. Eram necessárias fontes que demonstrassem como o 
embate entre as classes aconteceu ao longo da história, modificando os 
sistemas de produção vigentes. Desse modo, as classes trabalhadoras, 
camponeses e operários também ganharam espaço como sujeitos que 
fizeram história ao participarem, ativamente, dessas mudanças.
Mais uma vez, podemos constatar a importância que a cultura tem sobre 
os modos de se expressar a arte, além da relação que a ciência histórica, a 
arqueologia e a arte mantêm entre si. Nesse processo, as mudanças em 
torno das perspectivas históricas foram afetadas pelo contexto social do 
início do século XX.
As potências europeias, consideradas parte de uma grande civilização, 
entraram em conflito duas vezes, no limiar do século XX. Os motivos e 
desenrolares da Primeira e da Segunda Guerras Mundiais evidenciaram 
barbáries humanas no seio do que se autodenominava a civilização mais 
evoluída. Nesse momento, questionou-se a noção de progresso, presente 
na sociedade ocidental, devido, em especial, ao rápido desenvolvimento 
tecnológico advindo da Revolução Industrial.
66 CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS|
Cresceu, assim, a investigação dos modos de vida dos seres 
humanos e como eles agem na transformação social ao longo do tempo. 
Essa transformação nem sempre é positiva ou evoluída, como as primeiras 
vertentes de historiadores ligados ao positivismo nos fizeram acreditar. 
Desse modo, os historiadores chegaram à conclusão de que era necessário 
olhar para todos os aspectos culturais dos grupos humanos que fossem 
estudados. Foi assim que a arte passou a ser pauta de estudos, pois, como 
afirmamos desde o início desta unidade, ela é uma parte integrante da cultura 
e, portanto, do fazer e do saber humano.
Na passagem do século XIX para o XX, a história estava se tornando 
uma ciência e, como já exposto, as fontes consideradas fidedignas eram os 
documentos escritos (de preferência oficiais). Sendo assim, considerou-se 
que a história só teve início a partir da invenção da escrita e, desse modo, 
tudo aquilo que aconteceu antes foi denominado pré-histórico.
Como as transformações afetaram o desenvolvimento dessa ciência 
e os afazeres do historiador, novos sujeitos foram sendo incorporados 
aos estudos históricos, a fim de compreender melhor o homem ao longo do 
tempo. Para tanto, novas fontes foram necessárias e foi assim que chegamos 
ao homem antes da invenção da escrita, ou seja, ao período conhecido como 
Pré-História.
Destaca-se que, desde então, esse período deixou de ser visto com 
indiferença. Pelo contrário, conhecimentos relacionados ao homem, desde 
a sua gênese, foram e são significativos, para que possamos conhecer as 
relações humanas atuais. Como a história não é uma ciência só do passado, 
pois analisa a relação entre o passado e o presente, investigar o modo de 
vida do homem na Pré-História passou a fazer parte do ofício do historiador, 
a fim de compreender a ação humana ao longo do tempo.
Assim, a arte, que está relacionada ao padrão estético de cada época, 
sociedade, cultura, passou a ser uma fontevaliosa na investigação histórica 
e, inclusive, pré-histórica.
Do mesmo modo, a pesquisa histórica auxiliou os estudos da arte e de 
seu papel nas relações humanas. Feitas essas considerações, chegamos, 
enfim, ao nascimento das artes, aos períodos que dividem a Pré-História: 
Paleolítico e Neolítico.
CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS 67|
PPRATIQUERATIQUE
1. Descreva o que é um fato social e exemplifique com um exemplo atual, com-
parando com os fatores sociológicos.
2. Por que a sociedade é tão importante na formação do Homem? Explique.
3. Descreva o pensamento de Karl Marx dentro das atitudes modernas e exem-
plifique.
4. Como a vida humana se forma na visão dos sociólogos? Exemplifique.
5. Descreva como o Homem é considerado um “ser animal” dentro dos parâme-
tros da sociologia.
6. De acordo com o que estudou, você acha que as ações tradicionais contri-
buem para a formação do Homem? Por quê?
7. Qual o papel dos trabalhadores dentro da sociedade?
68 CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS|
8. Por que o materialismo é importante na formação do Homem e da sociedade?
9. Karl Marx construiu as bases da economia política a partir de alguns pressu-
postos. Quais são esses pressupostos?
10. A desigualdade social pode ser considerada como fator de grandeza para a 
formação do Homem? Justifique.
RRELEMBREELEMBRE
Vimos, nesta unidade, que Durkheim define que o objeto da sociologia 
são os fatos sociais e seu método é o comparativo. Essas duas definições 
foram de grande importância para o desenvolvimento da sociologia enquanto 
ciência autônoma e delimitada em relação às outras ciências humanas.
Émile Durkheim é considerado um dos fundadores da sociologia e da 
corrente funcionalista, que se mantém atual dada sua capacidade de analisar 
a sociedade em diversos aspectos relevantes. Comparando as sociedades 
arcaicas com as capitalistas modernas, o pensador identificou duas formas 
de vínculos sociais entre seus indivíduos: as solidariedades mecânica e 
orgânica. A mecânica é gerada pela semelhança entre os indivíduos, em 
grupos pequenos e de baixa divisão do trabalho. 
Por sua vez, Marx nos demonstra que o uso na sociedade é orgânico, é 
causado pela regulação das diferenças entre os indivíduos de uma sociedade 
e pela organização da cooperação entre eles, dada sua especialização.
CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS 69|
Durkheim também estudou o papel das instituições para a estabilidade 
social e sua importância nos momentos de anomia, nos quais falta à sociedade 
um corpo de normas capaz de regular as relações entre os indivíduos dentro 
de uma rede de interdependência e especialização funcional.
Já Weber nos demonstra o equilíbrio entre o homem e a sociedade 
com foco na aplicação dos cuidados humanísticos, e mais tarde Durkheim 
aprimoraria e definiria seu estudo sobre o suicídio, demonstrando que ele 
contém vieses que não são apenas psicológicos e individuais, mas, também, 
sociais.
Por fim, vimos que o funcionalismo de Durkheim observa a sociedade 
enquanto um organismo vivo, composto por diversas partes diferentes e 
especializadas, entre as quais se forma uma rede de interdependência que é 
a base para as relações sociais, valorizando o estudo das estruturas sociais 
e seu impacto sobre os indivíduos.
RREFERÊNCIASEFERÊNCIAS
ANDERY, M. A et al. Para compreender a ciência: uma perspectiva histórica. 
São Paulo: Espaço e Tempo, 2007. 
CHAUÍ, Marilena de Souza. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2009.
DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social. 2. ed. São Paulo: Martins 
Fontes, 1999.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: 
DP&A Editora, 2003.
LIMA, Luiz Costa. Teoria da cultura de massa. São Paulo: Paz e Terra, 
2000.
MARTINS, Carlos Benedito. O que é sociologia. São Paulo: Brasiliense, 
2006.
70 CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E POLÍTICAS|
MORIN, Edgar. Ciência com consciência. Rio de Janeiro: Bertrand, 2008.
MORIN, Edgar. Cultura de massas no século XX: espírito do tempo - 
neurose. Vol.1. Rio de Janeiro: Forense, 2009.
QUINTANEIRO, Tânia et al. Um toque de clássicos: Marx, Durkheim, 
Weber. Belo Horizonte: UFMG, 2002.
WEBER, Max. Ensaios de sociologia. Rio de Janeiro: LTC, 1996
AANOTAÇÕESNOTAÇÕES
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