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Instruções aos Autores .................................................................................................................................6 Artigo Original Fraturas Diafisárias do Úmero tratadas com Fixador Externo Monopolar ................................................. 7 Antonir Nolla , Antonio Severo , Osvandré Lech, Paulo Piluski , Jorge Borges†. O Hipotireoidismo Esquecido ................................................................................................................... 13 Aline W. dos Reis, Anderson N. Rocha, Arthur S. Lazaretti, Carla R. Bürkle, Daniela T. Borges, Mateus F. Messinger, Paulo R. Weinert. Perfil do Atendimento na Unidade de AVC do Hospital São Vicente de Paulo.......................................... 16 César Augusto L. Pires, Loane Rottenfusser, Robson Rottenfusser, Eliezer N. Dertelmann, Rui Portes da Silva Filho. Orientações Fisioterapêuticas aos Cuidadores de Crianças Portadoras de Paralisia Cerebral ................. 21 Cristiane dos Santos Paliga, Janaína Cardoso Costa. Relação entre a Goniometria do Arco Medial do Pé e a Pressão Plantar em Baropodometria ................ 25 Cristina Santin Bilibio, Daniela Bertol, Hugo Tourinho F°. Pico de Torque Supra-espinhoso no Teste de Jobe ................................................................................... 30 Adriana Pensin & Cássia Nardon. Resposta Cicatricial do Ultra-Som nas Úlceras de Pressão de Graus I e II ............................................... 34 Sílvia Lorenzini & Denise Martelli. Epidemiologia das Artroplastias Totais de Quadril no Hospital São Vicente de Paulo ............................. 40 Fabrício Perin da Rosa & Anderson Cattelan. Artigo de Revisão Modificações no Modelo de Tradução Gênica .......................................................................................... 44 Cristian F. Nunes, Angela Sanderson, Caroline Duarte, João G. Castellano, Tailize Menegazzo, César Augusto L. Pires. Doença do Refluxo Gastroesofágico em Lactentes ................................................................................... 50 Fernanda Luzzatto, Rochele G. Cruz, Viviane Rech. Intervenções Fisioterapêuticas em Fibromialgia ...................................................................................... 56 Adriana F. Dessuy, Lia Mara Wibelinger, Venelise A. Formighieri. Artigo Especial Reflexão Sobre o Cuidado de Enfermagem na Visão da Gestante Hipertensa ........................................ 65 Leila Juliana Antunes, Luciana Blanco, Lenir Maria Baruffi, Nelci Terezinha Zorzi. Relato de Caso Síndrome de Eagle .................................................................................................................................. 72 Roque Miguel Rhoden, Paulo Fogaça, Douglas Voss, Diego Pons, Vinícios Rhoden, Fernando Rhoden. Transtorno Conversivo em Criança ........................................................................................................... 75 Edson R. Dalberto, Luciane Miozzo, Aline J. Romagna, Cláudio J. Wagner. Reabilitação em Transplante Meniscal ....................................................................................................... 77 Daniela Delazeri, Gilnei Lopes Pimentel, César Antônio de Quadros Martins. Ação da Fonoforese Associada à Enzima Hialuronidase no Tratamento de Cicatrizes Inestéticas Tardias Provocadas por Queimaduras de Terceiro Grau ........................................ 82 Emanuele Mesquita, Cristiane Vicenzi, Sílvia Lorenzini. ÍNDICE Revista Médica Ano XVII, Nº 37, Julho - Dezembro de 2005Ano XVII, Nº 37, Julho - Dezembro de 2005Ano XVII, Nº 37, Julho - Dezembro de 2005Ano XVII, Nº 37, Julho - Dezembro de 2005Ano XVII, Nº 37, Julho - Dezembro de 2005 –6– REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37): INSTRUÇÕES AOS AUTORES 6. A Revista Médica do Hospital São Vicente de Paulo publica artigos enviados espontaneamente ou por solicitação e aprovados pela Editoria Científica que expressam, prioritariamente, a produção científica na área de saúde em nosso meio. Estrutura suas edições com conteúdos de aplicação prática e de utilidade na rotina diária da maioria dos que a recebem, além de conteúdos científicos que sejam relevantes e relacionados. O aceite subentende a publicação exclusiva do artigo neste periódico. As afirmações contidas nos trabalhos são de responsabilidade exclusiva dos autores. As normas editoriais da Revista Médica seguem as reco- mendações do International Committee of Medical Journal Edi- tors (ICMJE: Uniform requeriments for manuscripts submitted to biomedical journals. N Engl J Med 1997; 336:309-315). Também, podem ser obtidas na Internet (http:// www.acponline.org). Os trabalhos deverão ser digitados em um editor de textos eletrônico (preferencialmente Word), dispensando-se formatação. Deverá ser enviada cópia impressa e em disquete 31/2". Os disquetes não serão devolvidos. Os autores devem manter cópias de todo material enviado (inclusive fotos e figuras). Os artigos enviados deverão, obrigatoriamente, incluir os seguintes itens: •Página Título: deverá conter título conciso e informativo; primeiro nome e sobrenome principal por extenso, com inicial de sobrenome secundário dos autores; instituição onde se realizou o trabalho (não deve constar a titulação dos autores); nome de um autor com endereço e telefone para correspondência. •Resumo e Summary: o resumo deverá ser apresentado em único parágrafo de não mais que 150 palavras, devendo ser informativo, trazendo, nos artigos originais, o objetivo, a metodologia, os resultados e as conclusões, enfatizando aspectos novos e importantes. O summary deverá ser uma tradução do resumo para a língua inglesa, devendo trazer também o título do trabalho e os unitermos em inglês. •Unitermos: fornecer ao final do resumo uma lista de 3 a 10 palavras ou frases curtas, que identifiquem os temas revisados com vistas à indexação. Procurar utilizar termos listados pelos Descritores em Ciências da Saúde (DeCs), editado anualmente pela BIREME/OPAS/OMS, São Paulo. Observar a redação e organização dos artigos conforme padrão da revista, como segue: Artigo Original: organização com Introdução, Material e Métodos, Resultados e Discussão, Referências. Evitar parágrafos muito curtos (2 ou 3 linhas) e procurar reunir uma linha de pensamento em um único parágrafo. Artigo de Revisão: organização com Introdução, Discussão, Conclusões e Referências. Relato de Caso: breve Introdução, Relato do Caso, Comentários e Conclusões e Referências. Referências Bibliográficas: trabalhos publicados citados no texto deverão ser numerados, uma referência para cada número, ordenados conforme ordem de aparecimento no texto. Os seguintes modelos devem ser adotados: Referências de Revistas: Palma L A S, Pilau J, Borges F G, Eickhoff C M. Pneumopatia por Fármacos. Rev Médica HSVP 1999; 11(24): 65-68. O nome do periódico deve ser abreviado segundo a edição do List of Journals do Index Medicus (publicado anualmente na edição de janeiro do Index Medicus) ou segundo o Index Medicus Latino-Americano. Referências de Resumos: Coleman RJ. Current drug therapy for Parkinson disease -a re- view (resumo ou "abstract"). Drugs Ag 1992; 2(2):112-24. Quando não publicado em periódico: publicação. Cidade em que foi publicado: publicadora, ano, página(s). Referência de Livros: Gilman AG, Rall TW, Nies AS & Taylor P. Pharmacological Basis of Therapeutics. 8th ed. USA: Pergamon, 1990. Referências de Capítulos de Livros: Brow, AC. Pain and Itch. In: Patton HD, Fuchs AF, Hille B, Scheram AM & Steiner R (Eds) - Textbook of Physiology. 21st ed. USA: WB Saunders Company, 1989; 1(16): 346-64. Quando existir mais de um volume, deverá ser referido imediatamente antes do número do capítulo, que ficará en- tre parênteses (exemplo acima). Comunicações pessoais: Só devem ser mencionadas no texto, entre parênteses. Tabelas: algarismos arábicos deverão ser usados para a numeração das tabelas, na ordem de aparecimento no texto. Cada tabela deveráter um rodapé breve. Não utilizar linhas horizontais e/ou verticais dentro das tabelas. As tabelas não deverão duplicar o material do texto ou das ilustrações. Ilustrações: deverão ser referidas como Figuras e, para a numeração, deverão ser usados algarismos arábicos na ordem de aparecimento do texto. As figuras deverão ser desenhadas ou fotografadas de modo profissional, como aparecerão na Revista. As legendas contendo título e explicações para as Figuras deverão ser apresentadas em uma folha separada. Cada figura deverá ser impressa de forma que a imagem fique clara. Atrás das figuras deverá ser escrito a lápis ou em etiqueta adesiva o nome do primeiro autor, o título reduzido, uma seta indicando a posiçao correta e o número da figura. Agradecimentos: indivíduos ou instituições que contribuíram significativamente ao preparo do trabalho são identificados nesta seção. Os trabalhos que não se ajustem a estas diretrizes não serão aceitos. OBS.: A Editoria Científica da revista reserva-se o direito de adotar medidas para aprimorar o conteúdo, estrutura e redação dos artigos. –7–REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37): 7-12. Fraturas Diafisárias do Úmero tratadas com Fixador Externo Monopolar Antonir Nolla , Antonio Severo , Osvandré Lech, Paulo Piluski , Jorge Borges†. Instituto de Ortopedia e Traumatologia, Hospital de Ensino São Vicente de Paulo, Passo Fundo(RS). Resumo Existe uma grande diversidade de métodos para o tratamento de fraturas da diáfise do úmero, dentre eles, o método Sarmiento, osteossíntese com placas ou hastes, tração esquelética e fixadores externos. O objetivo deste trabalho é avaliar casos de fratura da diáfise do úmero tratados pelo método de fixação externa. Foram tratadas 21 fraturas diafisárias de úmero com o uso de fixador externo. Os fixadores utilizados foram o Ortofixr e o Tubular AOr. A consolidação radiográfica foi obtida em 90,45% dos casos, com média de 4,15 meses (mínimo de três e máximo de sete meses). O seguimento dos pacientes variou de 64 a 112 meses (média de 88 meses). Um paciente evoluíu para pseudoartrose. A média de idade foi de 32,1 anos. Os resultado clínicos e radiográficos tornam o método reproduzível, considerando-se a facilidade do uso com fixação minimamente invasiva e mais biológica. Este método, quando corretamente executado, também diminui a quantidade de complicações, como lesão do nervo radial e infecções, além de permitir mobilidade precoce do ombro e cotovelo, evitando a rigidez articular. Unitermos: Diáfise, úmero, fixador externo. As fraturas diafisárias de úmero podem ser tratadas de várias maneiras, muitas controversas e conflitantes entre si no que se refere à indicação. Geralmente, opta-se por métodos conservadores, sendo mais utilizado tratamentos o método de Sarmiento1,2. Os métodos cruentos utilizados são a osteossíntese com placas3, hastes intramedulares4 e fixadores externos5. Os fixadores externos tem sido utilizados em fraturas complexas de úmero, fraturas expostas, politraumatizados e em casos de pseudoartroses oligotróficas, com ou sem infecção. Por se tratar de método seguro e reproduzível, pouco invasivo, com técnica cirúrgica fácil e apresentar bons resultados, têm merecido destaque no tratamento das fraturas do úmero. A indicação do tratamento com fixador externo não reside apenas no fato de ser a fratura exposta ou fechada, mas sim na magnitude das lesões de partes moles que outros métodos podem acarretar. O objetivo deste trabalho foi avaliar os casos de fraturas da diáfise do úmero com o uso de fixador externo tratados no Instituo de Ortopedia e Traumatologia de Passo Fundo(IOT) e Hospital São Vicente de Paulo(HSVP). Os fixadores utilizados foram o Ortofixr e o Tubular AOr, por serem disponíveis e oferecidos em nosso local de trabalho. MATERIAL E MÉTODO No período de maio de 1995 a maio de 1999, 21 pacientes com fraturas diafisárias de úmero foram tratados com fixador externo monopolar no serviço de cirurgia do membro superior, sob supervisão de um dos autores. Vinte pacientes foram submetidos ao tratamento com fixador externo primariamente. Um paciente recebeu tratamento primário com fixação interna com placa e parafusos e evoluiu para pseudoartrose, sendo então tratado com fixador externo. Dos 21 pacientes, 13 eram do sexo masculino (62%) e oito eram do sexo feminino (38%). Nove (42%) eram fraturas expostas e 12 (58%) eram fraturas fechadas. A causa mais freqüente do trauma foi o acidente automobilístico com 15 casos (75%), seguido de queda de própria altura com quatro casos (19%) e ferimento por arma de fogo (FAF) com dois casos (6%). Catorze pacientes (66%) eram politraumatizados. Todos foram tratados inicialmente na emergência do Hospital de acordo com o protocolo do Advanced Trauma Life Support (ATLS) e em seguida tiveram suas fraturas fixadas. A técnica de inserção dos pinos de Shanz (pinos auto-rosqueantes de 4,5 mm) foi a seguinte: 1- Utiliza-se um trocater com protetor de partes moles Artigo Original ( †in memoriam) –8– REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37): que é introduzido através de incisão de aproximadamente um cm. A incisão deve ser ampla o suficiente para que não exista tensão em partes moles contra o pino a ser colocado; 2- Retira-se o trocater e o orifício é utilizado como guia para a colocação de uma broca de 3,5 mm que deve perfurar as duas corticais. 3- Coloca-se o pino de Schanz manualmente; este deve ser auto-rosqueante, pois desta forma evita-se o risco de se perder a rosca no canal feito pela broca, o que implicaria novas perfurações. São utilizados no mínimo dois pinos para cada fragmento ( proximal e distal). 4- Coloca-se o conector que liga o pino a haste do fixador, permitindo assim a correção das deformidades. O controle radiográfico da redução é realizado no ato operatório, através do intensificador de imagens. A seqüência dos passos de colocação do fixador externo deve ser seguida sistematicamente para evitar dificuldades ou complicações futuras, sendo a mais freqüente a soltura dos pinos após necrose térmica do osso adjacente, que ocorre quando os pinos são colocados com perfuradores elétricos1. Durante o acompanhamento, foram realizados exames radiológicos a cada duas semanas no primeiro mês, a seguir, o controle era feito a cada quatro semanas. O seguimento variou de 64 a 112 meses, com média de 88 meses. Na reavaliação, foram utilizados parâmetros segundo Barbieri et al 6., como a cicatrização de partes moles e óssea, a amplitude dos movimentos ativos e passivos do ombro e do cotovelo e o grau de satisfação do paciente com relação ao resultado final do tratamento, classificando-se: Bom: fratura consolidada, sem complicações ou deformidades; mobilidades ativa e passiva irrestritas; Regular: fratura consolidada, com pequena deformidade, sem complicações ou seqüelas neurológicas; mobilidade moderadamente diminuída (até 30% do normal); Mau: fratura não consolidada, ou consolidada com grande deformidade, ou com complicação ou seqüelas neurológicas; mobilidade muito diminuída (60% ou mais do normal). RESULTADOS O tempo de consolidação médio das fraturas foi de 4,1 meses. Não houve complicações neurológicas ou lesão nervosa por ocasião da colocação dos pinos. Um paciente apresentou lesão do nervo radial (neuropraxia) devido ao trauma, evoluindo satisfatoriamente. Ao longo da consolidação óssea a maioria iniciou mobilização precoce do braço (os pacientes politraumatizados que estavam em cuidados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) foram assistidos pela equipe de fisioterapia para mobilidade articular imediata). Em quatro pacientes (19%) a extensão do cotovelo ficou restrita, com perda de extensão de 25o e perda de flexão de 10o, porém, sem acarretar perda funcional do membro. O tempo de consolidação das fraturas expostas foi discretamente superior ao das fraturas fechadas, porém, as fraturas expostas foram as que possuíam cominuição menor. A média em geral foi de 4,1 meses(Figura 1). Poucos pacientes queixaram-se de dor, que quase na totalidade foi aliviadapor analgésicos e antiinflamatórios associada a repouso nos primeiros dias após a cirurgia. Infecção superficial dos pinos ocorreu em 10 pacientes (47%), sendo tratada com limpeza diária e uso de antibióticos. Apesar disto, não houve soltura dos pinos, casos de quebra dos mesmos ou refratura após remoção do fixador. Em quatro pacientes (19%) houve infecção no local de exposição óssea, havendo necessidade de debridamentos seriados e antibioticoterapia. O fechamento ocorreu por segunda intenção. Na série, um paciente evoluiu para pseudoartrose oligotrófica, onde o fixador externo foi substituído por placa de compressão mais enxerto ósseo autólogo. (Figura 2). Outro paciente foi inicialmente tratado com placa e parafusos e evoluiu para pseudoartrose tipo hipertrófica, sendo retirado material de síntese e substituido pelo fixador externo (Figura 3). Ambos evoluíram para a consolidação após a troca de método. Os resultados funcionais obtidos foram de 15 (71%) de bons resultados, cinco (23%) de resultados regulares e um (4,7%) mau resultado. (Tabela 1). DISCUSSÃO O úmero é um dos ossos em que deformidades angulares relativamente grandes são aceitáveis, sendo que segundo Zagorsky5, até 25o de varo pode ser aceitável sem complicação cosmética; por isso, grande parte das fraturas fechadas ainda são tratadas conservadoramente com órteses5,7. A deformidade em valgo, contudo, causa problema funcional devido distensão do nervo ulnar. As angulações pós-consolidação das fraturas tem sem mostrado melhores com o uso de fixação interna e externa do que com o uso de tratamento conservador, mesmo em casos de fraturas cominutivas5. O uso de fixador externo para tratamento de fraturas diafisárias do úmero tem aumentado significativamente nos últimos anos. Técnica fácil, baixo custo, fixação estável e mobilidade articular precoce são seus principais atrativos1. O objetivo primário do uso da fixação externa é dar estabilidade para a consolidação da fratura, Figura 1. Fratura cominutiva de úmero tratada com fixador externo. Evolução com consolidação após 4 meses. Nolla A e cols. Fraturas Diafisárias do Úmero tratadas com Fixador Externo Monopolar. 7-12. –9–REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37): associado à mobilidade precoce do ombro, cotovelo, punho, mão e, particularmente, aos músculos circundantes no foco de fratura. Isto é importante porque sabe-se que a realização de micromovimentos no foco de fratura serve de estímulo para a produção de calo ósseo3. Seu uso pode ser temporário para o manejo inicial das fraturas e posteriormente utilização de fixação interna, mas hoje existe a tendência da sua utilização como tratamento definitivo, com ótimos resultados8. Milani et al.8 avaliaram 14 pacientes com fraturas diafisárias do úmero fechadas tratadas com fixador externo monolateral tipo morsa interpotencial (MIP)R, que é uma modificação do fixador de Hoffmann. Onze eram não cominutivas e três eram cominutivas. Obtiveram consolidação em todos os casos, com tempo que variou de 44 a 120 dias, com média de 91 dias e sem complicações. Consideram o método de fácil aplicação e com poucas complicações, sugerindo seu uso como método definitivo, e não apenas temporário, no tratamento das fraturas diafisárias do úmero. Barbieri et al.6 avaliaram seis pacientes submetidos a tratamento com fixador externo monolateral para fraturas expostas da diáfise do úmero. Em dois casos foi utilizado como método definitivo de tratamento, obtendo-se a consolidação em nove e 12 semanas, respectivamente. Em três casos foi utilizado por período de oito a 12 semanas e posteriormente, substituído por uma imobilização gessada tipo “pinça de confeiteiro”. Em um paciente foi usado por quatro semanas e substituído por fixação interna com placa. Em dois casos tiveram infecção superficial no trajeto dos pinos, noutro, retardo de consolidação e um caso de infecção profunda. Consideram o fixador externo como o método de escolha no tratamento inicial de fraturas expostas e, ocasionalmente, adequado ao tratamento definitivo, nos casos de fratura cominutiva. Hungria Neto et al.1 utilizaram um fixador AO tubo- tubo simplificado (montagem monolateral) em três pacientes politraumatizados, dois com fraturas expostas e um com fratura fechada. A consolidação foi obtida nos três casos após Figura 2-a. Fratura cominutiva de úmero por arma de fogo tratada com fixador externo com evolução para pseudoartrose. Figura 3-a. Pseudoartrose hipertrófica pós-fratura do úmero tratada com placa e parafusos. Nolla A e cols. Fraturas Diafisárias do Úmero tratadas com Fixador Externo Monopolar. 7-12. Figura 2-b. Substituição do fixador por placa, parafusos e enxerto ósseo com resolução do quadro. Figura 3-b. Substituição do material de síntese por fixador externo com resolução do quadro. –10– REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37): 10, 12 e 20 semanas, respectivamente. No caso de fixação mais prolongada houve restrição da mobilidade do ombro. Consideram o método como sendo de boa indicação nas emergências, desde que sua instalação não agregue lesão tecidual, e a estabilização obtida seja suficiente. Wisniewski e Radziejowski9 avaliaram 38 pacientes com fraturas diafisárias cominutas, provocadas por arma de fogo e tratados com fixador externo dos tipos HoffmannR, OrthofixR e AOR. Obtiveram consolidação em 34 pacientes num período que variou de 12 a 24 semanas. Em dois casos ocorreu retardo de consolidação e em outros dois pseudoartrose, sendo então submetidos à fixação interna com placa. Cinco pacientes tiveram infecção superficial no trajeto dos pinos, dois tiveram infecção profunda e um evoluiu com osteomielite. Consideram o método adequado no tratamento das fraturas ocasionadas por projéteis de baixa velocidade. Lenoble et al.10 apresentam os resultados de 39 pacientes com fraturas diafisárias tratadas com fixador externo tipo HoffmanR. A consolidação óssea foi obtida em 38 casos num período médio de 10,5 semanas. Um paciente evoluiu para pseudoartrose e 14 tiveram consolidação em rotação interna do fragmento distal, com perda funcional da retroversão em média de 19 graus, em média. Seis pacientes necessitaram reposicionamento do fixador devido a desvio secundário, evoluindo para consolidação. Consideram o método como de simples aplicação e alto grau de satisfação. Caso ocorram desvios dos fragmentos durante a evolução do tratamento, estes são de fácil correção através da manipulação, sem necessidade de retirada do fixador. O tempo de evolução de fraturas tratadas com fixador externo observado em nossa casuística foi semelhante aos encontrados por outros autores5,9 e discretamente superior ao tempo das fraturas tratadas com método conservador². Acreditamos que isso ocorreu porque as fraturas tratadas nesta série em geral foram graves e cominutas. O ganho de mobilidade se mostrou rápido e de grande vantagem em relação à placa, pois fraturas cominutas estabilizadas com fixador externo foram liberadas prococemente para mobilização. Apesar da técnica se mostrar simples, deve-se ter muita atenção em alguns detalhes de redução e colocação dos pinos, pois o úmero é circundado de uma abundância de tecidos moles e estruturas neuro-vasculares importantes, como a artéria braquial, artéria braquial profunda e nervo radial, entre outras. Lesões nestas estruturas podem levar a uma dificuldade técnica cirúrgica. O corredor de segurança (Guia) para inserção dos pinos, descrito por Green14, deve ser utilizado. A técnica correta de instalação dos pinos de Schanz é essencial para que se evite a soltura precoce, evitando casos de pseudoartrose e infecção1,3,13. CONCLUSÃO A consolidação radiológica nas fraturas de úmero onde se utilizou o método de fixadores externos aconteceu em 90% dos casos, tornando a fixação externa um método reprodutível, considerando-se a facilidade de uso, fixação menos invasiva e mais biológica. Também houve uma diminuição das complicações e a possibilidade de iniciar mobilidade do ombro e cotovelo precocemente. A fixação externa pode ser utilizada como tratamentodefinitivo, mas também pode ser utilizada como um método alternativo na falha de consolidação de outra modalidade de tratamento, como casos de pseudoartrose hipertrófica ou fratura infectada. O fixador externo é uma boa opção de tratamento tanto na emergência bem como método de tratamento definitivo para as fraturas diafisárias do úmero. Tabela 1. Resultados . Auto = Trânsito - FAF = Ferimentos com arma de fogo. Nolla A e cols. Fraturas Diafisárias do Úmero tratadas com Fixador Externo Monopolar. 7-12. –11–REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37): Summary DIAPHYSEAL FRACTURES OF THE HUMERUS TREATED WITH MONOPOLAR EXTERNAL FIXATION. There are many methods for the treatment of Humeral shaft fractures, among them, the Sarmiento method (screw and plate fixation, bone traction and external fixation). The purpose of this study is to evaluate the cases of humeral shaft fracture treated by external fixation. Twenty one fractures were treated with external fixation. The fixators used were the OrtofixÔ and the Tubular AOÔ. To verify the bone consolidation, a Roentgenogram was performed in 90,45% of the cases, average time 4,15 months (minimum 3 and maximum 7 months). The follow-up had na average of 88 months ( 64 to 112 months). Two patients got an pseudoartrosis. The mean age was 32,1 years. The clinical and radiologic results make this a reproductible method, concerning the easiness of use and a less invasive and more effective biological fixation. This method, when used in a correct form, also reduce the complications, like radial nerve lesions and infection. Moreover, this method permits an early mobility of the shoulder and elbow, avoiding joint stiffness. Keywords: Shaft, Humeral, External Fixation. Nolla A e cols. Fraturas Diafisárias do Úmero tratadas com Fixador Externo Monopolar. 7-12. Figura 4. Aspecto clínico pós-operatório. –12– REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37): REFERÊNCIAS 1. Neto JSH, Mercadante M, Teixeira AAA, Fregonese M, Abagge M, Costa K. Uso de fixador externo modular AO simplificado no atendimento de emergência dos politraumatizados. Rev Bras Ortop 1996;31(8):655- 661. 2. Koch PP, Gross DF, Gerbec C. The resoults of functional (Sarmiento) bracing of humeral shaft fractures. J Shoulder Elbow Surgery 2002;11(2):143-150. 3. Silva NW, Catagni M. Pseudoartrose do úmero. Tratamento com a técnica de Ilizarov. Rev Bras Ortop 1996;31(8):633-637. 4. Brooks CH, Carvell JE. External fixation for fracture dislocations of the proximal humerus. J Bone Joint Surg 1989;7(5):864-865. 5. Zagorski BJ, Latta LL, Zycj AG. Finnieston A.R.: Diaphyseal fractures of the humerus. J Bone Joint Surg, 1988; 70(4):607-610. 6. Barbieri CH, Mazzer N, Barros MM. Fraturas diafisárias do úmero. Rev Bras Ortop 1996;31(7):587-594. 7. Giriboni EO, Ferreira JCA, Heinrich PCC. Fratura diafisária do úmero - “Sarmiento” simplificado. Rev Bras Ortop 1999;34(5):323-328. 8. Milani A, Ascênio JER, Galvão PEC, Marion TW. Tratamento das fraturas de ossos longos com fixador externo modular AO simplificado no atendimento de emergência dos politraumatizados. Rev Bras Ortop 1995;31(8):655-661. Nolla A e cols. Fraturas Diafisárias do Úmero tratadas com Fixador Externo Monopolar. 9. Wiskiewiski T, Radziejowki M. Gunshot Fractures of the humeral shaft treated with external fixation. J Orthopaedic Trauma 1996;10(4):273-278. 10. Lenoble E, Terracher R, Kessi H, Goutallier D. Treatment of the fractures of the humeral shaft using Hoffman’s external fixator. Rev Chir Orthop Reparatrice Appart Mot. 1993;79(8):606-614. 11. Ruland W. Is there a place for external fixation in humeral shaft fractures? Injury 2000;31(1):27-34. 12. Pollak A, Ziran B. princípios de fixação interna, in Traumatismos do Sistema Musculo Esquelético. Edit: Browner BD, Júpiter J. et al. 2ed. 2000;(1):267-284. 13. Kristiansen B, Kofoed H. External fixation of displaced fractures of the proximal humerus. J Bone Joint Surg (Br)1987;69:643-646. 14. Green SA. Complications of external skeletal fixation:causes,prevention and treatment. Clin Orthopaedics 1983;180:109-116. 15. Lavini F., Renzi B.L., Pizzoli A., Giotakis N., Bartolozzi P. : tratment of non union of the humero using the ortofix external fixator. Injury 2001; 32:(4)35-40. 7-12. –13–REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37): Artigo Original O Hipotireoidismo Esquecido Aline W. dos Reis, Anderson N. Rocha, Arthur S. Lazaretti, Carla R. Bürkle, Daniela T. Borges, Mateus F. Messinger, Paulo R. Weinert. Ambulatório de Endocrinologia da Faculdade de Medicina, Universidade de Passo Fundo (RS). Resumo O hipotireoidismo pode apresentar-se com discreta ou nenhuma manifestação clínica, podendo passar desapercebido pelo médico. Alguns sintomas da doença como fadiga, fraqueza, sonolência, dificuldade de concentração, diminuição da memória e adinamia podem ser confundidos com quadro unicamente depressivo e o paciente não receber reposição hormonal. Objetivou-se estudar a associação entre hipotireoidismo e os sintomas citados. Estudaram-se dezesseis pacientes consecutivas, encaminhadas ao consultório de endocrinologia com diagnóstico de hipotireoidismo, ainda sem tratamento hormonal. As pacientes responderam a um questionário; quinze pacientes (94% da amostra) com diagnóstico laboratorial de hipotireoidismo responderam sim a todos os sintomas em estudo. Os resultados desse estudo sugerem que pacientes com depressão sejam investigados para o diagnóstico de hipotireoidismo. Unitermos: Depressão, hipotireoidismo, tireóide. O quadro clínico de deficiência dos hormônios da tireóide varia amplamente, podendo apresentar-se desde uma gama enorme de sinais e sintomas até ser assintomático. Na população de mulheres adultas, especialmente, são comuns as queixas de fadiga, fraqueza, sonolência, dificuldade de concentração, diminuição da memória e vontade de não fazer nada. Estas queixas podem ser rotuladas como estresse, nervosismo, ansiedade, depressão ou envelhecimento e não serem investigadas adequadamente1. Às vezes, mesmo sem diagnóstico, estas pacientes recebem tratamentos os mais diversos, como ansiolíticos e antidepressivos. Estas queixas são sugestivas de depressão; porém, o hipotireoidismo pode manifestar-se, unicamente, com essas mesmas manifestações clínicas2,3. Quando o diagnóstico é deficiência de hormônio da tireóide, não acompanhado de outra patologia, o tratamento com reposição hormonal é muito gratificante porque reverte, facilmente, os sinais e os sintomas da paciente4. É provável que muitas mulheres com hipotireoidismo e apenas as manifestações clínicas descritas não recebam investigação e este distúrbio possa ser esquecido! MATERIAL E MÉTODOS Estudaram-se todas as mulheres adultas, não grávidas, encaminhadas ao ambulatório de endocrinologia, no segundo semestre de 2003, já com diagnóstico laboratorial de hipotireoidismo, ainda sem tratamento com hormônio da tireóide. Os exames laboratoriais haviam sido solicitados para estas pacientes como rotina médica para o seu médico ginecologista. O critério usado para diagnóstico da doença foi TSH igual ou maior que 10 µUI/ml podendo o T4 livre estar normal ou baixo. A técnica laboratorial para o T4 livre e o TSH foi a quimioluminiscência. Todas pacientes submeteram-se ao exame físico geral e da glândula tireóide. Aquelas elegíveis para o estudo responderam a um formulário, contendo as perguntas: sente fadiga, fraqueza, sonolência, dif iculdade de concentração, diminuição da memória, vontade de não fazer nada(para serem respondidas sim ou não). Os resultados foram analisados em estatística descritiva. RESULTADOS A amostra ficou constituída de dezesseis mulheres com idade entre 26 e sessenta anos. Todas tiveram o diagnóstico de hipotireoidismo primário através da dosagem 13-15. –14– REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37): laboratorial do TSH e do T4 livre. Os valores encontrados de TSH variaram entre 10,04 e 76,46 µUI/ml e o T4 livre entre 0,37 e 0,96 ng/dl. Quanto às manifestações clínicas em estudo, apenas uma paciente (6% da amostra), com diagnóstico laboratorialde hipotireoidismo, não respondeu sim a todas as questões do formulário. DISCUSSÃO Manzoni e colaboladores4 estudaram 14 pacientes com hipotireoidismo sub-clínico, TSH de 8,8 ±1,5 µUI/ml e um grupo controle com função da tireóide normal, TSH de 1,1± 0,4 µUI/ml. Num primeiro momento, as pacientes foram submetidas a bateria de testes para avaliar depressão e encontrou-se diferença significativa entre os grupos. Num segundo momento, as mulheres com TSH elevado receberam reposição hormonal com tiroxina para atingirem taxas normais de hormônio da tireóide. Quando reavaliadas, as diferenças entre os grupos desapareceram, mostrando que o hipotireoidismo leve seria o responsável pelas manifestações clínicas de depressão. Gold e colaboradores3 estudaram 250 pacientes, encaminhados a uma clínica psiquiátrica para tratamento de depressão ou anergia; oito por cento apresentaram algum grau de hipotireoidismo. Neste estudo, encontrou-se forte associação entre hipotireoidismo e as manifestações clínicas. Curiosamente, a única paciente da amostra que não apresentava os sintomas em estudo chegou ao consultório com hipotireoidismo primário bem estabelecido (TSH=76,46µUI/ ml e T4livre=0,37ng/dl). O hipotireoidismo, na população adulta, pode ocorrer com ou sem aumento de volume da glândula5. A presença de bócio leva o médico a investigar a tireóide, porém as pacientes deste estudo foram cuidadosamente examinadas e nenhuma apresentou crescimento glandular. As manifestações clínicas em estudo não são específicas de uma única doença; a literatura cita-as como sintomas de hipotireoidismo e, também, de depressão1,2. Deve-se ressaltar que estas duas doenças ocorrem principalmente em mulheres, com o mesmo pico de incidência(aos cinqüenta anos de idade) e podem ocorrer juntas ou de forma isolada6,7. Existe um potencial viés na associação. O hipotireoidismo, na população de mulheres adultas, tem elevada prevalência e os sintomas em estudo podem ocorrer também em mulheres sem doença da tireóide. Porém, quando a associação existe, o tratamento com hormônio da tireóide auxilia muito na melhora da paciente4. Na amostra estudada, encontrou-se forte associação entre hipotireoidismo e os sintomas anteriormente elencados. A quase totalidade das pacientes (94%) com diagnóstico de hipotireoidismo apresentava as manifestações clínicas. Sugere-se que, na população de mulheres adultas que apresentam esses sintomas, deva ser pesquisada a possibilidade de hipotireoidismo. Idade TSH T4 Fadiga Fraqueza Sonolência Dif. conc. Dim. memória Avolia 52 10,72 0,78 Sim Sim Sim Sim Sim Sim 53 13,75 0,77 Sim Sim Sim Sim Sim Sim 53 17,84 0,7 Sim Sim Sim Sim Sim Sim 50 10,04 0,96 Sim Sim Sim Sim Sim Sim 41 33,82 0,65 Sim Sim Sim Sim Sim Sim 39 76,46 0,37 Não Não Não Não Não Não 57 55,21 0,65 Sim Sim Sim Sim Sim Sim 60 14,48 0,92 Sim Sim Sim Sim Sim Sim 39 17,81 0,71 Sim Sim Sim Sim Sim Sim 42 15,1 0,82 Não Não Não Não Não Não 58 32,16 0,66 Sim Sim Sim Sim Sim Sim 43 27,62 0,69 Sim Sim Sim Sim Sim Sim 26 19,26 0,76 Sim Sim Sim Sim Sim Sim 57 14,1 0,81 Sim Sim Sim Sim Sim Sim 50 16,4 0,9 Sim Sim Sim Sim Sim Sim 46 17,2 0,87 Sim Sim Sim Sim Sim Sim Reis AW e cols. O Hipotireoidismo Esquecido. Tabela 1. Idade dos pacientes, níveis de TSH, T4 e sintomas referidos. 13-15. –15–REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37): Summary THE FORGOTTEN HYPOTHYROIDISM Hypothyroidism can be presented with few or without any clinical manifestations, which can be unrecognized by the physician. Some symptoms of the disease like fatigue, weakness, sleepiness, concentration difficulties, decrease in memory and lack of volition can be confused with a unique depressive state and the patient not getting hormonal replacement. The objective of this study was to analyze the association between Hypothyroidism and the symptoms above described. Sixteen consecutive patients who were oriented to consult an Endocrinologist with the diagnosis of Hypothyroidism without treatment were studied. The patients answered a questionnaire which asked: do you feel fatigue, weakness, sleepiness, concentration difficulties, decrease in memory and lack of volition to perform activities? Fifteen patients (94% of the sample) with a laboratorial diagnosis of Hypothyroidism answered yes to all the studied symptoms. In the studied sample, we found an association between Hypothyroidism and the symptoms inquired. This study suggests that patients who present depressive symptoms must be investigated for Hypothyroidism. Keywords: Depression, Hypothyroidism, Thyroid. REFERÊNCIAS 1. Wartofsky L. Diseases of thyroid. In: Isselbacher KJ, Braunwald E, Wilson JD, Martin JB, Fauci AS, Kasper DL. Harrisons’s Principles of Internal Medicine, 13 ed, New York: McGraw-Hill, 1994. 2. Whybrow PC. Behavioral and psychiatric aspects of hypothyroidism. In: Braverman LE, Utiger RD editors. Werner and Ingbar’s The Thyroid, 7 ed, Lippincott- Raven publishers, Philadelphia,1996. 3. Gold MS, Pottash ALC, Extein I. Hypothyroidism and depression. JAMA 1981; (245):19. 4. Manzoni F, DelGerra P, Caraccion N, Prunetti CA, Puvvi E, Luisi M, et al. Subclinical hypothyroidism: Neurobehavioral features and beneficial effect of L- thyroxine treatment. Clin Invest 1993; (71):367-371. 5. Braverman LE, Utiger RD. Introduction to hypothyroidism. In: Braverman LE, Utiger RD editors. Werner and Ingbar’s The Thyroid, 7 ed, Lippincott-Raven Publishers, Philadelphia,1996. 6. Tucker GJ. Psychiatric disorders in medical practice. In: Wyngaarden JB, Smith LH Jr. (eds) Cecil-Textbook of Medicine, 18 ed. Philadelphia, WB Saunders, 1988. 7. Williams TF. Management of common problems in the eldery. In: In: Wyngaarden JB, Smith LH Jr. (eds) Cecil- Textbook of Medicine, 18 ed. Philadelphia, WB Saunders, 1988. Reis AW e cols. O Hipotireoidismo Esquecido. 13-15. –16– REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37): Artigo Original Perfil do Atendimento na Unidade de AVC do Hospital São Vicente de Paulo César Augusto L. Pires, Loane Rottenfusser, Robson Rottenfusser, Eliezer N. Dertelmann, Rui Portes da Silva Filho. Neurocentro, Hospital de Ensino São Vicente de Paulo, Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo(RS). Resumo As doenças vasculares cerebrais representam a principal causa não-traumática de sequelas neurológicas do adulto. No Brasil ultrapassou as doenças cardiovasculares e o câncer nas taxas de mortalidade. No ano de 2002 morreram 90 mil brasileiros de doença vascular cerebral e cerca de 60 mil de causas cardíacas. Acarreta enormes prejuízos pessoais, familiares e ao conjunto da sociedade. É imprescindível a atuação enérgica na conscientização da população quanto aos fatores de risco modificáveis. Por outro lado, as instituições hospitalares de referência necessitam estruturarem-se para assistir os pacientes com doença vascular cerebral aguda como emergência médica, de forma coordenada e eficaz, organizando unidades de AVC. O Neurocentro coordenou a implantação da Unidade de AVC do Hospital São Vicente de Paulo(Projeto Neurovascular). Exibe-se a experiência do Neurocentro no atendimento de pacientes com doença vascular cerebral aguda, no período de agosto de 2004 a julho de 2005. Os resultados mostram-se satisfatórios e semelhantes aos encontrados em centros de referência. São necessárias medidas educativas na comunidade médica e leiga, especialmente em relação ao encaminhamento precoce para o centro de referência regional. Unitermos: Doenças das artérias cerebrais, embolia e trombose cerebral, infarto cerebral, hemorragia cerebral, distúrbios cerebrovasculares As doenças vasculares encefálicas são a terceira causa de óbito em países desenvolvidos1,2. Conforme a Organização Mundial da Saúde, cerca de 5 milhões de pessoas morrem todos os anos devido a Acidente Vascular Cerebral(AVC). Morreram 162 mil americanos de AVC agudoem 2002. Existem 5 milhões e meio de americanos vivos que sofreram AVC. Ocorrem 700 mil casos a cada ano, sendo que 200 mil serão recorrentes. Estatísticas recentes mostram que no Brasil é a primeira causa de óbito2. Em 2002 morreram 90 mil brasileiros devido ao AVC, enquanto o Infarto Agudo do Miocárdio determinou cerca de 60 mil óbitos. A cada 3 mortes por eventos cardiovasculares duas ocorrem por AVC e uma por Infarto Agudo do Miocárdio. Apenas 30% dos sobreviventes tem recuperação completa e, pelo menos, 60% dependerão de familiares ou cuidadores. Estima-se que a maioria dos indivíduos acometidos de AVC-agudo demore, em média, 12 horas para chegar a um hospital; ou,ainda,que apenas 30% dos casos sejam levados ao hospital nas primeiras 6 horas(extrapolando as janelas terapêuticas para possibilidade de tratamento trombolítico endovenoso-3 horas ou intra-arterial-6 horas). O AVC pode ser classificado quanto a etiologia, sendo de maior incidência os isquêmicos3. O Ataque Isquêmico Transitório (AIT) difere-se do acidente vascular cerebral (AVC) por haver melhora da sintomatologia em até 24h, o que não ocorre no AVC isquêmico ou hemorrágico. O AVC compartilha vários fatores de risco com a doença arterial coronariana3, além de ser mais incidente na população do sexo masculino, com história prévia de AVC, AIT ou IAM e com história familiar de AVC3. O diagnóstico clínico pode ser feito através dos sinais focais neurológicos e quadro geral, sendo mais comuns as paresias, queda do nível de consciência, síncope, afasia, disfasia, disartria, disfagia, cefaléia, distúrbios visuais, vert igem, ataxia, vômitos e crise convulsiva, respectivamente1,3. O AVC é uma emergência médica e deve ser conduzido prontamente por equipe médica neurovascular. Recomenda- se o desenvolvimento de Unidades de AVC em todos os centros hospitalares que sejam referência para esta doença1,2. A melhor compreensão dos mecanismos fisiopatológicos da cascata de lesão isquêmica e a determinação temporal da viabilidade da região de penumbra, bem como as evidências do benefício do uso do ativador do plasminogênio tissular recombinante (rtPA) nas primeiras três horas do infarto cerebral ou, mais, recentemente, a trombólise intra-arterial, acarretaram a necessidade de nova postura e estruturação para o atendimento aos pacientes com AVC. 16-20. –17–REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37): Projeto Neurovascular do Hospital São Vicente de Paulo As doenças cerebrovasculares agudas incluem-se entre as principais causas de morte e invalidez. No Brasil, o acidente vascular cerebral (AVC) supera o Infarto do Miocárdio e, segundo dados do Datasus de 1997, são a principal causa de morte não-violenta entre os brasileiros. A mortalidade do AVC hemorrágico atinge 50% em 30 dias e 62% em um ano. O AVC isquêmico determina mortalidade de 12% em 30 dias e cerca de 18% em 6 meses. A taxa de indivíduos mortos ou dependentes após um ano é de 50% no AVC isquêmico e 74% no AVC hemorrágico. Com o intuito de modificar essa realidade, uma série de iniciativas em vários centros nacionais e internacionais tem sido implementadas, buscando diminuir os graves efeitos deletérios desta patologia. O modelo implantado no Hospital São Vicente de Paulo, coordenado pelo Neurocentro, a partir de 2003, privilegia o paciente no sentido de proporcionar o atendimento de forma rápida e eficaz, utilizando recursos humanos qualificados e a melhor infra-estrutura disponível na instituição. O diagnóstico precoce, além de possibilitar a opção por medidas terapêuticas modernas, permite o manejo clínico otimizado na fase aguda, além de proporcionar o atendimento em área específica assistida por equipe multidisciplinar. São 3 equipes médicas distintas que prestam plantões de 24 horas, em escala específica para atendimento de AVC agudo. Seguem-se protocolos escritos e algoritmos, desde a admissão no setor de emergência, até a decisão terapêutica(baseados nas diretrizes da Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares-Academia Brasileira de Neurologia e da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia). Unidade de AVC A unidade de AVC possui área física específica, localizada no subsolo do hospital, junto ao Centro de Cuidados Intensivos de Enfermagem (CCIE). Estão disponíveis para internação 3 leitos. Cada leito dispõe de monitorização cardíaca e oximetria, além de acesso à rede de oxigênio e ar comprimido. Os pacientes são assistidos por equipe multidisciplinar formada por médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, nutricionistas, fisioterapeutas e Sintoma Prevalência (%) Paresia 90 Red. Consciência 47,5 Afasia 35 Cefaléia 27,5 Disfasia 25 Distúrbios visuais 15 Vômitos 15 Paralisia facial 12,5 Disfagia 12,5 Disartria 12,5 Síncope 7,5 Ataxia 7,5 Vertigem 5 Convulsão 2,5 Tabela 1. Prevalência da sintomatologia Fator de Risco Prevalência (%) HAS 82,5 Cardiopatias 35 Arteriopatias 35 Hipercolesterolemia 27,5 Diabetes mellitus 25 Fibrilação atrial 25 Hipertrigliceridemia 22,5 Tabagismo 20 AVC prévio 20 AIT prévio 12,5 Uso de álcool 5 Distúrbio de coagulação 5 IAM prévio 5 História familiar 2,5 Tabela 2. Prevalência dos fatores de risco fonoaudiólogos. São realizados treinamentos e seminários de ensino aos profissionais envolvidos com a Unidade de AVC, objetivando proporcionar aquisição de conhecimentos e motivação. A assistência médica, de enfermagem e fisioterapia encontra-se, também, associada aos programas de ensino dos cursos respectivos da Universidade de Passo Fundo (UPF). Na Unidade de AVC estão estabelecidos protocolos específicos para o manejo clínico de pacientes com AVC agudo, inclusive com disponibilidade de usar métodos terapêuticos modernos e mais eficazes como a trombólise endovenosa ou trombólise intra-arterial seletiva por cateterismo percutâneo (Neurointervenção vascular). Os pacientes internados na Unidade de AVC são assistidos por médico neurologista e/ou neurocirurgião. Admitem-se, conforme disponibilidade de leito, pacientes com AVC agudo, isquêmico ou hemorrágico, confirmados por exames laboratoriais e de neuroimagem, com até 24 horas de evolução a partir do início dos sintomas neurológicos, que apresentem indicação de tratamento conservador. A unidade não está equipada e não objetiva admitir pacientes com necessidade de monitoração invasiva e terapia intensiva como, por exemplo, ventilação mecânica. São admitidos com alta prioridade pacientes com diagnóstico confirmado de AVC isquêmico agudo, com até seis horas de evolução desde o início dos sintomas e que, após avaliação pelo protocolo específico e obtenção de consentimento informado receberão tratamento com trombolítico endovenoso ou trombólise intra-arterial. Em 2003 avaliou-se os primeiros seis meses de implantação da Unidade de AVC – Projeto Neurovascular do HSVP. Os resultados relacionados ao tempo de internação e freqüência de complicações foram extremamente positivos quando comparados à literatura. Entre as complicações verificadas, observou-se que as infecções estavam presentes desde a admissão sendo, portanto, por definição, comunitárias. É importante salientar que o tempo médio de internação na unidade foi de apenas 5,5 dias e 78,6% dos pacientes tiveram alta diretamente para o domicílio, reduzindo-se riscos e custos. O número de pacientes que Pires CAL e cols. Perfil do Atendimento na Unidade de AVC do Hospital São Vicente de Paulo. 16-20. –18– REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37): receberam tratamento trombolítico endovenoso foi reduzido em função do pequeno contingente de pacientes admitidos dentro da janela terapêutica (3 horas), já que não ocorreu atraso intra-hospitalar como causa da não realização de trombólise. Possivelmente, com a melhora do nível de conhecimento da comunidade sobre as manifestações iniciais do AVC e a conscientização quanto a necessidade de imediata procura por um centro especializado de diagnóstico e tratamento, deve aumentar o número de beneficiados por esta opção terapêutica. O Projeto Neurovascular do Hospital São Vicente de Paulo(HSVP), coordenado pelo Neurocentro,teve o objetivo de propor o desenvolvimento de um Centro de Referência para o atendimento de Doenças Vasculares Cerebrais, com recursos humanos, infra-estrutura e organização para tratar pacientes com AVC agudo, rápida e eficientemente. Os objetivos iniciais foram plenamente atingidos, sendo o Hospital São Vicente de Paulo o primeiro hospital do interior do estado do Rio Grande do Sul a contar com estruturação de Unidade de AVC, conforme as exigências técnico - científicas preconizadas pela Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares. A sistematização do atendimento do AVC agudo, desde a admissão no Setor de Emergência até a internação na Unidade de AVC, foi adequadamente assimilada pelo pessoal médico e equipes multi-profissionais de apoio, ensejando atividade coordenada e eficaz. Os pacientes admitidos foram adequadamente assistidos, não se verificando complicações graves nos poucos tratamentos trombolíticos realizados (as indicações seguiram rigidamente os protocolos). O advento da Neurointervenção vascular agregou valor inestimável aos recursos diagnósticos e, especialmente, terapêuticos, com a perspectiva de utilização da trombólise intra-arterial percutânea por cateterismo seletivo (diminuindo os riscos da trombólise endovenosa e ampliando a janela terapêutica para 6 horas). Também, oportuniza tratamento diferenciado de outras patologias vasculares, de alta morbi-mortalidade, como aneurismas ou mal-formações vasculares cerebrais. Os recursos humanos e a infra-estrutura obtida permitem a instituição situar-se na classificação da Sociedade Brasileira de Doenças Cérebro - Vasculares como Centro de Referência nível A, para diagnóstico e tratamento de doenças encéfalo-vasculares. METODOLOGIA Estudo descrit ivo e retrospectivo que incluiu pacientes internados na Unidade de AVC do Hospital São Vicente de Paulo, aos cuidados da Equipe do Neurocentro, no período de agosto de 2004 a julho de 2005. Os critérios de inclusão foram idade entre 18 e 90 anos, AVC agudo, escala NIHSS 4 a 22, indicação de tratamento conservador. Através de busca ativa nos prontuários dos pacientes arrolados, analisaram-se as variáveis: sintomatologia, fatores de risco, comorbidades, tempo de internação hospitalar, tempo entre avaliação neurológica e exames de neuroimagem, uso de trombolítico; na formulação do questionário, valeu-se do Primeiro Consenso Brasileiro do Tratamento da Fase Aguda do Acidente Vascular Cerebral de setembro de 2001. RESULTADOS E DISCUSSÃO Avaliaram-se 40 pacientes, com idade média de 67 ± 13 anos [40;87] com prevalência maior do sexo feminino (62,5%). O tempo de avaliação clínica foi de 14 ± 25h [1;97] e neurológica de 17 ± 23h [1,5;97], pois uma paciente foi atendida com 4 dias de evolução. Cerca de 85% dos diagnósticos clínicos foram de AVC isquêmico. Quanto a apresentação, 84% tiveram início súbito da sintomatologia e 60% apresentaram evolução na chegada ao hospital com persistência de sinais. Conforme observa-se na Tabela 1, a paresia foi o sintoma mais prevalente, em cerca de 90% dos pacientes. Entre os fatores de risco, encontrou-se a HAS como a mais prevalente (acima de 80%). Como achado tomográfico mais comum, encontrou-se hipodensidade no território da artéria cerebral média (aproximadamente 25%), seguido de infarto capsulo-ganglionar, doença vascular cerebral difusa, hemorragia subaracnóidea, infarto lacunar antigo, infarto do tronco cerebral e infarto cerebelar. Não foram encontrados alterações patológicas significativas em 17,9% dos exames de neuroimagem, achado em conformidade com a literatura5,6, já que o AVC pode demorar até 72h para se traduzir em tomografia computadorizada. Em nenhum dos pacientes da amostra em foco foi realizada trombólise, sendo que 57,5% dos pacientes ocorreu exclusão por perda da janela terapêutica e 42,5% por contra-indicação a terapia trombolítica. Verificou-se ocorrência de AIT em 12,5% dos casos, corroborando-se com a literatura que aponta ocorrência de até 26%. O risco de AVC após AIT é de 8% no primeiro mês, 13% durante o primeiro ano e até 29% em cinco anos. Os pacientes de maior risco são idosos, AIT "crescendo", doença carotídea severa, cardiopatia, fibrilação atrial, fonte cardioembólica definida e AIT hemisférico1,2. Como complicação clínica mais comum encontrou-se broncopneumonia(33%), seguido de conversão hemorrágica, sepsis, infecções do trato urinário, bexiga neurogênica e outras infecções, respectivamente. O tempo de permanência na Unidade de AVC foi de 5,7±3,9 dias, com taxa de mortalidade de 15%. Cerca de 75% dos pacientes apresentaram melhora sintomática no momento da alta. O AVC agudo isquêmico(cerca de 85% dos casos) é uma síndrome de múltiplas etiologias e manifestações clínicas variáveis. É possível identificar-se os pacientes com risco elevado de AVC isquêmico(Figura 1). O principal fator fisiopatogênico é a aterosclerose de artérias de grande e pequeno calibre. A doença aórtica proximal pode estar envolvida como fonte embolígena aterogênica. Graves estenoses ou oclusões ateroscleróticas e trombose associada ou embolia artério-arterial podem determinar repercussões isquêmicas ao encéfalo. O microateroma, a lipo-hialinose e outras doenças oclusivas das pequenas artérias cerebrais penetrantes determinam infartos lacunares subcorticais. Cerca de 20% dos AVCs isquêmicos devem-se à embolia cardiogênica, especialmente fibrilação atrial. Ainda, cerca de 30% dos AVCs isquêmicos permanecem sem etiologia definida (criptogênicos), ensejando a necessidade de considerar etiologias menos frequentes ou, ainda, a serem desvendadas7,8,9,10. O AVC hemorrágico(cerca de 15%) encontra-se Pires CAL e cols. Perfil do Atendimento na Unidade de AVC do Hospital São Vicente de Paulo. 16-20. –19–REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37): relacionado com a doença hipertensiva, na maioria dos casos. Hemorragias em núcleos da base e/ou cápsula interna ou lobares são mais comuns. A hemorragia subaracnóidea tem uma incidência anual de até 20 casos/100 mil habitantes; 15% dos pacientes morrem em nível pré-hospitalar, 10% dentro das primeiras 24h, geralmente em razão de ressangramento de aneurisma cerebral(85%). A mortalidade geral é de até 60% nos primeiros 30 dias e 50% dos sobreviventes apresentarão déficit neurológico incapacitante. Os objetivos terapêuticos principais são a prevenção do ressangramento e do déficit neurológico isquêmico tardio1,2,3. Usualmente o AVC agudo tem etiologia conhecida, decorrendo de fatores de risco bem estabelecidos. Diversos estudos internacionais, como o de Framingham, demonstraram o inquestionável papel da doença hipertensiva, tabagismo, dislipidemias, diabetes mellitus e idade como fatores de risco independentes. A hipertensão arterial sistêmica é o principal fator implicado. Os fatores predisponentes incluem a obesidade, sedentarismo, história familiar precoce de AVC ou doença cardiovascular, etnia e fatores psicossociais. Outro grupo de fatores de risco condicionais, com papel provável na aterogênese, inclui hipertrigliceridemia, lipoproteína, homocisteína, LDL pequena e densa, fibrinogênio e fatores inflamatórios. Possivelmente o climatério possa ser fator de risco independente para mulheres3,7,8. Evidências recentes sugerem que até 15% dos acidentes vasculares cerebrais que ocorrem em indivíduos abaixo dos 45 anos estejam relacionados à migrânea com aura(infartos migranosos). Mulheres jovens com migrânea que fumam tem um aumento de aproximadamente 10 vezes no risco de AVC e aquelas com migrânea em uso de contraceptivos orais o risco é de quatorze vezes maior que no grupo controle4. Curiosamente, na presente série, os dois casos de infartos migranosos ocorreram em homens. Apenas o controle da doença hipertensiva diminuiu o AVC em 42%, o controle do colesterol em cerca de 30% e a Pires CAL e cols. Perfil do Atendimento na Unidade de AVC do Hospital São Vicente de Paulo. 16-20. retirada do fumo em até 70%. Dados americanos indicam que apenas 25% dos portadores de hipertensão arterial apresentam doença controlada3. A situaçãogeral entre os brasileiros, quanto a estes fatores de risco, devem ser semelhantes. São necessárias ações enérgicas de conscientização da população quanto a relação direta dos fatores de risco e as doenças vasculares cerebrais e cardiovasculares. CONCLUSÕES A Unidade de AVC do HSVP e o atendimento emergencial aos pacientes estão funcionando próximo aos parâmetros desejados, podendo haver melhora no tempo de avaliação neurológica e no intervalo entre a avaliação inicial médica e o exame de neuroimagem. Há uma grande necessidade de educação popular quanto aos fatores de risco e sintomatologia do AVC, a fim de que a população procure o atendimento competente em tempo de avaliar-se a possibil idade de serem uti l izadas as técnicas de trombólise endovenosa ou intra-arterial com rtPA. Além disso, os cuidados e intervenções precoces, em unidade de AVC, asseguram manuseio adequado do AVC agudo. Em relação às políticas de saúde pública, urge o controle da HAS, dislipidemia e cessação do tabagismo, por serem fatores de risco modificáveis e de elevada relevância na patogênese do AVC agudo. Faz-se, também, necessária conscientização da comunidade médica quanto as vantagens do manejo e tratamento de AVC-agudo nas unidades de atendimento especial, para que os pacientes sejam prontamente encaminhados. Os casos graves de AVC agudo(sinais focais densos, hipertensão intracraniana, comatosos, etc), com elevada morbi-mortalidade per se, costumam ser encaminhados rapidamente. Todavia, os casos leves e moderados(escala de AVC do National Institute of Health-USA entre 4 e 22), especialmente com AVC agudo isquêmico, seriam os maiores beneficiados, em razão de diagnóstico e conduta terapêutica em tempo hábil de socorrer o tecido cerebral isquêmico, reduzindo a área do infarto, prevenindo e solucionando complicações precocemente e, então, reduzindo sequelas e a mortalidade. Figura 1. Risco anual de AVC ou morte entre pacientes de vários subgrupos de alto risco. Adaptado de Albers GW et al. Apud Wilterdink e Easton. Risco elevado Risco pequeno Fibrilação atrial Prolapso da válvula mitral Estenose mitral Calcificação do anel mitral Próteses valvares mecânicas Forame oval patente IAM recente Aneurisma do septo atrial Trombo em ventr.esquerdo Estenose aórtica calcificada Mixoma atrial Filamentos da valva mitral Endocardite infecciosa Miocardiopatias dilatadas Endocardite marântica Tabela 3. Fontes Cardioembólicas(modificado de Albers GW et al.7) –20– REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37): REFERÊNCIAS 1. Dion JE. Management of Ischemic Stroke in the Next Decade: Stroke Centers of Excellence. J Vasc Interv Radiol 2004; 15:S133-S141. 2. Primeiro Consenso Brasileiro do Tratamento da Fase Aguda do Acidente Vascular Cerebral: Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares. Arq Neuropsiquiatr 2001;59(4):972-980. 3. American Heart Association. Heart Disease and Stroke Statistics - 2005 Update. Dallas, Tex.: American Heart Association 2004; 43 - 49. 4. Sanderson A, Duarte C, Nunes CF, Castellano JG, Menegazzo T, Pires CAL. Infarto Migranoso. Rev Médica HSVP 2005; 17(36):61-64. 5. Sunshine JL. CT, MR Imaging, and MR Angiography in the Evaluation of Patients with Acute Stroke. J Vasc Interv Radiol 2004; 15:S47-S55. 6. Leary MC et col. Validation of Computed Tomographic Middle Cerebral Artery “Dot” Sign: An Angiographic Correlation Study. Stroke 2003;34:2636-2640. Summary PATIENTS PROFILE AND ASSISTENCE IN STROKE UNIT OF SÃO VICENTE DE PAULO HOSPITAL, PASSO FUNDO(RS), BRAZIL. The cerebral vascular disease represents the principal cause of neurological non- traumatic sequelae in adults. In Brazil overshoted cardiovascular disease and cancer in mortality rates. In 2002, 90.000 brazilians died of stroke and 60.000 of cardiac diseases. It cause significant personal, familial and society impairment. Is necessary energic actions in comunity, about modificable risk factors. The reference Hospitals needs disposable structure to assistence patients with stroke as a medical emergency and that have a Stroke Unit. The authors show the experiences in patients care with stroke, during one year(august 2004-july 2005). The results showed satisfactory and similar with others reference centers, for diagnosis and treatment of stroke. Is necessary educationals actions for the community and health professionals, especially for precocious assistence in regional reference center. Keywords: Cerebral artery diseases, cerebral emboly and trombosis , cerebral infarction, cerebral haemorragy, cerebrovascular disturbances. 7. Albers GW, Amarenco P, Easton D, Sacco RL, Teal P. Antithrobotic and Trombolitic Therapy in Stroke. Chest 2001;119:300s-320s. 8. Santos Filho RD & Martinez TLR. Fatores de Risco para Doença Cardiovascular: Velhos e Novos Fatores de Risco, Velhos Problemas! Arq Bras Endocrinol Metab 2002;46:3. 9. Weimar C, König IR, Kraywinkel K, Ziegler A, Diener HC. Age and National Institutes of Health Stroke Scale Score Within 6 Hours After Onset Are Accurate Predictors of Outcome After Cerebral Ischemia: Development and External Validation of Prognostic Models. Stroke 2004;35:158-162. 10. Lattimore SU et col. Impact of Establishing a Primary Stroke Center at a Community Hospital on the Use of Thrombolytic Therapy: The NINDS Suburban Hospital Stroke Center Experience. Stroke 2003;34:e55-e57. Pires CAL e cols. Perfil do Atendimento na Unidade de AVC do Hospital São Vicente de Paulo. 16-20. –21–REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37): Orientações fisioterapêuticas aos cuidadores de crianças portadoras de paralisia cerebral Cristiane dos Santos Paliga & Janaína Cardoso Costa. Curso de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo(RS). Resumo Objetivou-se verificar e demonstrar a importância das orientações fisioterapêuticas aos cuidadores das crianças portadoras de paralisia cerebral, no manuseio e como coadjuvante no tratamento e desenvolvimento neuropsicomotor; também observar as dificuldades enfrentadas pelos cuidadores ao manusear a criança portadora de paralisia cerebral. O estudo foi desenvolvido na APAE de Erechim, tendo seu início em abril e término em agosto/2005; seis cuidadores foram incluídos na amostra. Os encontros foram realizados três vezes por semana, com duração de uma hora; enquanto a criança estava na sessão de fisioterapia, os cuidadores participaram dos encontros. Realizou-se a avaliação fisioterapêutica e os cuidadores receberam um questionário com questões referentes aos cuidados na vida diária da criança, salientando dúvidas e inseguranças em manusear a criança diariamente. Após, foi elaborado um programa de orientações fisioterapêuticas, utilizando-se um folder, com figuras ilustrativas, com as posições e maneiras corretas de manusear a criança em seu âmbito familiar. Ao término desta pesquisa, pôde-se observar melhora significativa em relação ao manuseio dos cuidadores para com a criança portadora de paralisia cerebral, além de contribuir positivamente para o desenvolvimento motor de tais crianças. Unitermos: Paralisia cerebral, orientações, fisioterapia. Paralisia Cerebral é o termo usado para designar um grupo de distúrbios motores não-progressivos, porém sujeitos a mudanças, resultante de uma lesão no cérebro nos primeiros estágios do seu desenvolvimento1. É uma desordem do movimento e da postura devido a um defeito ou lesão no cérebro imaturo. A lesão cerebral não é progressiva e provoca debilitação variável na coordenação da ação muscular, com resultante incapacidade da criança em manter posturas e realizar movimentos normais. Esta deficiência motora central está freqüentemente associada a problemas da fala, visão e audição, com vários tipos de distúrbios da percepção, um certo grau de retardo mental e/ou epilepsia2,3. Ter que cuidar de uma criança com paralisia cerebral é origem de muitos problemas para os pais que exibiam expectativa e ansiedade pela chegada de uma criança normal. Uma criança excepcional, do ponto de vista físico ou intelectual, gera muitos transtornos pela necessidade de adaptaçãoa um fato indesejado. É importante que os pais se conscientizem de que rejeitar ou ignorar a excepcionalidade de uma criança apenas irá aumentar o problema4. Sem ajuda especializada, muitos pais angustiados tendem a amenizar sua angústia deturpando a relação com a criança deficiente e com o restante da família. A aceitação do problema e o estabelecimento de relações satisfatórias entre a criança e a família permitem que sua personalidade se desenvolva em um ambiente mais favorável5. Artigo Original 21-24. –22– REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37): MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi desenvolvido na APAE de Erechim(RS), sendo que seis cuidadores foram incluídos na amostra, responsáveis por crianças com idade entre zero e quatro anos(quatro portadoras de quadriplegia espástica, uma hemiplegia espástica e outra quadriplegia atetóide). Os encontros foram realizados três vezes por semana, com duração de uma hora, sendo que, enquanto a criança estava na sessão de fisioterapia, os cuidadores participaram dos encontros. No primeiro contato com os responsáveis pelas crianças, os cuidadores receberam o termo de consentimento livre e informado, contendo as informações à respeito da pesquisa, seus benefícios, independência para desistir de participar a qualquer momento, sem qualquer prejuízo ou danos. Posteriormente, realizou-se a avaliação fisioterapêutica e os cuidadores receberam um questionário com questões referentes aos cuidados na vida diária da criança, salientando dúvidas e inseguranças dos mesmos em manusear a criança diariamente. No decorrer dos encontros, os cuidadores foram questionados quanto à dificuldades encontradas no dia-dia para manusear a criança. Após, foi elaborado um programa de orientações fisioterapêuticas, utilizando-se um folder, com figuras ilustrativas, com as posições e maneiras corretas de manusear a criança em seu âmbito familiar. De acordo com os dados obtidos no questionário, a maior dificuldade encontrada pelos mesmos em manusear a criança tornou-se evidente ao vestir e no transportar. No decorrer dos encontros, de acordo com as dificuldades apresentadas pelos cuidadores, foi elaborado um programa de orientações fisioterapêuticas, utilizando-se um folder, contendo figuras ilustrativas, com as posições e maneiras corretas de manusear a criança portadora de paralisia cerebral diariamente, em seu âmbito familiar. Após um período de cinco meses, de adaptação dos cuidadores às orientações, utilizou-se novamente um questionário verbal, através de uma entrevista informal, para saber por parte dos cuidadores sua sincera opinião sobre as orientações fornecidas e se houve alguma contribuição para o desenvolvimento neuropsicomotor da criança, no seu ponto de vista, sem que a pergunta influenciasse sua resposta. RESULTADOS E DISCUSSÃO Ao término desta pesquisa, foi possível observar e comprovar a real contribuição das orientações fisiotera- pêuticas ao desenvolvimento neuropsicomotor da criança portadora de paralisia cerebral. Em cinco meses de orientações passadas aos cuidadores e seguidas no ambiente familiar, todas as crianças obtiveram melhora do seu quadro clínico, variando conforme o seu grau de comprometimento neurológico. Os cuidadores obtiveram consciência de que o tempo de sessão da fisioterapia é importante, porém insuficiente para obter ganhos ou, pelo menos, fornecer uma qualidade de vida à criança. Compreenderam, também, que o manuseio correto da criança em seu ambiente familiar e a fisioterapia são fatores que devem estar sempre juntos, com o mesmo objetivo: a qualidade de vida da criança, respeitando suas limitações. A intervenção precoce ou essencial é um tipo de prevenção secundária, cujos objetivos são evitar e/ou amenizar distúrbios do desenvolvimento neuropsicomotor, bem como a identificação dos sinais iniciais provocados pela lesão. O tratamento precoce é indicado como uma forma de aumentar a interação do organismo com o ambiente, obtendo respostas motoras próximas ao padrão de normalidade e prevenindo a aprendizagem de padrões anormais de movimento e postura6,7. O termo “essencial” determina que o início da intervenção ocorra antes do sexto mês de idade, preferen- cialmente no primeiro trimestre, antes que seja estabelecida, por completo, a patologia, especialmente nos casos de Paralisia Cerebral9. Portanto, a intervenção deve ser realizada logo que sejam notados os primeiros desvios no desenvolvimento, de forma a prevenir a adoção de comportamentos sensório- motores não-funcionais, determinados pelas alterações tônicas e sensoriais10. Além disto, quanto mais imediata a intervenção, maiores serão as probabilidades de habilitação da criança com paralisia cerebral devido a este ser o período de maior plasticidade cerebral11,12. De acordo com os resultados obtidos, pode-se perceber a importância do diagnóstico médico preciso, a fim de detectar precocemente a existência de alterações no desenvolvimento da criança, para posterior intervenção fisioterapêutica, seja como tratamento e/ou sob orientações aos cuidadores. Se a criança com paralisia cerebral não receber tratamento adequado precocemente, suas fases motora, intelectual e psíquica serão estimuladas depois do momento ideal para isto e, inevitavelmente, se desenvolverá abaixo de suas possibilidades5,6. Contraturas e deformidades também atingirão a criança com maior intensidade e freqüência caso ela não seja estimulada pelos terapeutas nos momentos apropriados e num ritmo constante. O amadurecimento do sistema nervoso acontece, principalmente, antes dos sete anos de idade, sendo que os primeiros três anos são os mais importantes7. O manuseio é um termo aplicável a comportamentos seqüenciais, com objetivos definidos para a obtenção de respostas relacionadas ao ajustamento. No entanto, a eficiência do manuseio em crianças com alterações posturais, de equilíbrio, força e movimento, como ocorre na paralisia cerebral, pressupõe procedimentos definidos e organizados, para que a resposta não ocorra distorcida8,9. É de grande ajuda orientar e esclarecer aos pais, quanto à posições do corpo adotadas pela criança durante o dia e durante o sono. A maneira correta de manipular a criança, ao carregar, dar banho, trocar, etc.; ao ser aprendida beneficia a criança e é mais um ponto de auxílio em seu desenvolvimento.A fisioterapia exerce papel fundamental no tratamento de crianças portadoras de paralisia cerebral11-12. O fisioterapeuta ajuda os pais alertando para a necessidade, quando preciso, de uma consulta ao ortopedista; é capaz de fornecer orientação quanto à Paliga C S e cols. Orientações fisioterapêuticas aos cuidadores de crianças portadoras de paralisia cerebral. 21-24. –23–REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37): conveniência ou não de cadeira de rodas, colchões ou redes que estejam sendo usadas e avaliar se estão ajudando ou prejudicando a criança14. CONCLUSÃO Após a análise dos resultados e discussões, pode-se concluir que as orientações fisioterapêuticas desempenham um fator imprescindível para a melhora no desenvolvimento das crianças com paralisia cerebral, sendo que quanto mais precocemente os cuidadores colocarem em prática as orientações, maior será a chance de a criança obter uma qualidade de vida, com suas limitações e incapacidades reduzidas diariamente14,15. Com o tratamento adequado e com o devido apoio emocional por parte dos pais, manuseando a criança corretamente, pode-se evoluir muito no tratamento e na recuperação da criança com paralisia cerebral.Não é possível afirmar qual a capacidade de evolução de uma criança comprometida, pois não se pode saber com exatidão suas potencialidades, percepções, sentimentos e pensamentos. Entretanto, é possível afirmar com certeza que, após a confusão inicial da descoberta da afecção, é possível integrar agradavelmente as crianças portadoras de qualquer quadro ao nosso cotidiano e torná-las felizes17. Diante da importância atribuída às orientações fisioterapêuticas e à quantidade ínfima de trabalhos de pesquisa realizados sobre tal abordagem, torna-serelevante a realização de outros estudos semelhantes, focalizando o tripé terapêutico criança-família-fisioterapia, projetando, desta forma, maior austeridade e eficácia no tratamento holístico da criança portadora de paralisia cerebral19. Summary PHYSIOTHERAPY ORIENTATION TO THE CARETAKERS OF CHILDREN WITH BRAIN PARALYSIS. The aim of this study,was to verify and to demonstrate the importance of the physiotherapeutic orientation for the caretakers of children having brain paralysis, handling them and as a helper in the treatment and psychomotor development as well as to observe the difficulties faced by the caretakers to handle children having a brain damage. This study was developed at APAE in Erechim, beginning in April 2005 and ending in August 2005, where six caretakers were included in the samples. Meetings were performed three times a week, with the duration of one hour, where, while a child was in a section of physiotherapy, the caretakers attended the meetings. Then, a physiotherapeutic evaluation was carried out and,the caretakers received a questionnaire with questions referring to the daily care of children, pointing out doubts and insecurities that they have, to take care of children. After that, a program of physiotherapeutic orientations was elaborated, using a folder, with illustrative pictures, with the positions and correct manners to handle a child in a home environment. In the end of this research, it was possible to observe a significant improvement referring to the handling of the children by the caretakers, besides positively contributing to the motor development of these children. Uniterms: Brain Paralysis, Orientations, Physiotherapy. Paliga C S e cols. Orientações fisioterapêuticas aos cuidadores de crianças portadoras de paralisia cerebral. 21-24. –24– REV MÉDICA HSVP 2005; 17(37): 11. Lianza S. Medicina de reabilitação. 3ªed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. 12. Macedo R. Acúmulo de ácido lático e pacientes portadores de paralisia cerebral. Fisioterapia e movimento, São Paulo 2000-2001;13(2):21-30. 13. Miller G & Gary C. Paralisias cerebrais: causas, conseqüências e conduta. São Paulo: Manole, 2002. 14. Oliveira T. et al. Uso da toxina botulínica tipo A como coadjuvante no tratamento da espasticidade: uma revisão de literatura. Fisioterapia e movimento, São Paulo 1999-2000;12(2):33-47. 15. Poutney M et al. Repeatability and limits of agreement in measurement of hip migration percentage in children with bilateral cerebral palsy. The journal of the chartered society of physiotherapy 2003;89(5):276-281. 16. Sanches SLG. A escoliose na paralisia cerebral. 2002. www.centrodesaopaulo.com.br/artigos/artigos5.htm 17. Stockes M. Neurologia para fisioterapeutas. São Paulo: Premier, 2000. 18. Thomson, A.,Skinner A.,Piercy J. Fisioterapia de Tidy. 12ª ed. São Paulo: Santos, 2002. 19. Tudella E et al. Comparação da eficácia da intervenção fisioterapêutica essencial e tardia em lactentes com paralisia cerebral. Fisioterapia em movimento, Curitiba 2004;17(3):45-52. 20. Umphred D. Fisioterapia neurológica. 2ªed. São Paulo: Manole, 1994. REFERÊNCIAS 1. Bobath, K., Bobath, B. 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Isto têm feito do ALM objeto de interesse clínico e de pesquisa. Assim, buscou-se verificar a relação entre o teste de goniometria do ALM do pé com o exame das pressões plantares por baropodometria computadorizada. Selecionou-se amostra randomizada de dez indivíduos adultos, com idades entre 20 e 30 anos e IMC entre 18,5 e 30. Mensurou-se goniometricamente o ALM através do ângulo obtuso entre a primeira articulação metatarso-falangeana, porção medial do navicular e porção medial do maléolo medial. Para a baropodometria computadorizada utilizou-se o F-Scan versão 4.22 Windows 95 Tekscan®, Boston, MA. Pode-se verificar que a goniometria do ALM do pé apresenta relação regular (r = -0,43; p£0,05) quando comparada com meios mais precisos de mensuração, como o Modified Arch Index calculado através da baropodometria, de forma que deve ser utilizada com cautela. Unitermos: Pés, arco medial do pé, goniometria, baropodometria. Uma das mais importantes características estruturais do pé é o arco longitudinal medial e por esse motivo várias técnicas têm sido propostas para avaliar os tipos de arcos plantares. Sabe-se que a aparência visual do pé não é tão importante como suas funções posturais e, neste contexto, cabe ressaltar que estudos têm demonstrado que pés com arcos aumentados ou reduzidos desenvolvem diferentemente suas funções1. Nesse sentido, o método clínico mais usado para avaliar o arco longitudinal medial do pé é mensurar a distância entre um ponto do navicular ou do tálus e o solo com o indivíduo em postura ereta. Porém, este método apresenta algumas desvantagens, tais como, a subjetividade da palpação e a experiência do avaliador. A busca de um método que atingisse medidas precisas e reprodutíveis da forma e função do pé foi sempre uma constante, pois os meios existentes mostravam-se úteis, porém inadequados e obsoletos para uma avaliação seqüencial ou para ser comparada por diferentes observadores, pois estes, tendo a mesma visão poderiam ter diagnósticos diferentes2. Segundo Williams e McClay3 dentro das experiências clínicas utilizadas na classificação dos tipos de pé, a mais corriqueira é a classificação visual, porém é muito inconsistente para que todo um tratamento seja baseado na mesma. Na presente pesquisa comparou-se a goniometria do arco longitudinal medial do pé, método fácil e bastante difundido, com o exame de baropodometria computadorizada que é um método que permite a mensuração das pressões exercidas em vários pontos anatômicos da superfície plantar com medidas precisas sendo capaz de realizar uma avaliação objetiva por meio de sensores pressóricos de alta sensibilidade2. Por meio da comparação entre ambos os métodos procurou-se verificar a validade da goniometria na mensuração do arco longitudinal medial do pé. MATERIAIS E MÉTODOS Realizou-se estudo descritivo observacional e comparativo, considerando-se que, foram analisados dados objetivos compostos por duas avaliações específicas: a goniometria
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