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GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO PROFESSOR Me. Hugo Santana Casteletto ACESSE AQUI O SEU LIVRO NA VERSÃO DIGITAL! https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/1001 EXPEDIENTE C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância. CASTELETTO, Hugo Santana . Geografia da População. Hugo Santana Casteletto. Maringá - PR.: UniCesumar, 2020. 208 p. “Graduação - EaD”. 1. Geografia 2. População EaD. I. Título. FICHA CATALOGRÁFICA NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Coordenador(a) de Conteúdo Priscilla Campiolo Manesco Paixão Projeto Gráfico e Capa Arthur Cantareli, Jhonny Coelho e Thayla Guimarães Editoração Henrique Coppola Cole Design Educacional Ivana Cunha Martins Revisão Textual Ariane Andrade Fabreti Ilustração Bruno Cesar Pardinho Fotos Shutterstock CDD - 22 ed. 304.20 CIP - NBR 12899 - AACR/2 ISBN 978-65-5615-091-8 Impresso por: Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 DIREÇÃO UNICESUMAR NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacio- nal Débora Leite Diretoria de Graduação Kátia Coelho Diretoria de Pós-Graduação Bruno do Val Jorge Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas Gerência de Contratos e Operações Jislaine Cristina da Silva Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisora de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi BOAS-VINDAS Neste mundo globalizado e dinâmico, nós tra- balhamos com princípios éticos e profissiona- lismo, não somente para oferecer educação de qualidade, como, acima de tudo, gerar a con- versão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profis- sional, emocional e espiritual. Assim, iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil, nos quatro campi presenciais (Maringá, Londrina, Curitiba e Ponta Grossa) e em mais de 500 polos de educação a distância espalhados por todos os estados do Brasil e, também, no exterior, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Por ano, pro- duzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares. Somos reconhe- cidos pelo MEC como uma instituição de exce- lência, com IGC 4 por sete anos consecutivos e estamos entre os 10 maiores grupos educa- cionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos edu- cadores soluções inteligentes para as neces- sidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter, pelo menos, três virtudes: inovação, coragem e compromis- so com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ati- vas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Reitor Wilson de Matos Silva Tudo isso para honrarmos a nossa mis- são, que é promover a educação de qua- lidade nas diferentes áreas do conheci- mento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. P R O F I S S I O N A LT R A J E T Ó R I A Me. Hugo Santana Casteletto Mestre em Geografia com ênfase em Produção do Espaço e Dinâmicas Territoriais pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia pela mesma universidade. Gradua- do em Geografia (bacharelado e licenciatura) pela Universidade Estadual de Maringá (2010 e 2012, respectivamente), atuando como bolsista do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq). Durante anos, integrou o Núcleo de Estudos Urbanos da Univer- sidade Estadual de Maringá, além ter integrado o Observatório das Metrópoles de Maringá, onde realizou trabalhos na área de Planejamento Urbano, por meio de Planos Locais de Habitação de Interesse Social, bem como a elaboração de Planos Diretores. Tem experiência em Geografia Humana, atuando nos seguintes temas: Geografia Regional; Geografia das Redes; Geografia Urbana; Estrutura Social e Se- gregação Urbana; Violência Urbana; Globalização e Geografia da População. Atuou na área de Técnico em Meio Ambiente, sendo formado no mesmo curso no Colégio Estadual Juscelino Kubitschek de Oliveira. Hoje, atua como professor de Geografia da Rede Básica de Ensino no Estado do Paraná, desde 2012, bem como atua como professor universitário da Unicesumar, desde 2014. http://lattes.cnpq.br/6120632761516442 A P R E S E N TA Ç Ã O D A D I S C I P L I N A GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO Olá, caro(a)aluno (a). Você está frente a um trabalho realizado com muito carinho e aten- ção, que visa contemplar as necessidades de nossos alunos, sempre em consonância com a exigência de padrão de qualidade que a Unicesumar oferece aos seus alunos. Depois de muitas pesquisas, muitas conversas e muitas trocas de ideias, este livro é fruto de intensas horas de debates, leituras e escrita, no intuito de mantermos a qualidade tão consagrada de nossa instituição. Neste livro, buscamos ressaltar diversas discussões a respeito da Geografia da População no âmbito nacional de pesquisa. A ideia era trazer, nesta obra, um debate sobre os prin- cipais autores históricos e contemporâneos do assunto, em vista das novas mudanças pelas quais a população mundial vem sofrendo. Assim, mantemos o cunho acadêmico do Curso de Licenciatura em Geografia, mostrando as principais discussões que temos, hoje, no âmbito da Geografia da População. Além disso, este livro doará grande parte do conteúdo à preocupação com sua formação como professor(a) em sala de aula. Fato é que a Geografia da População é uma das dis- ciplinas mais trabalhadas no âmbito escolar e, não por menos, pensamos neste livro de forma que fosse possível usá-lo quando você lecionar suas próprias aulas. Dessa forma, são mesclados conteúdos acadêmicos necessários à formação no Ensino Superior, com conteúdos relacionados à Educação Básica, como conceitos e teorias, uma forma muito trabalhada no Ensino Médio e Ensino Fundamental. Pensando assim, a proposta do livro é levar você a compreender melhor a Geografia da População e, ao mesmo tempo, prepará-lo(a) para a carreira docente, fornecendo base conceitual para suas aulas. Quando você vier a se tornar professor(a), poderá revisar o conteúdo exposto aqui para que, assim, possa sanar dúvidas pertinentes a conteúdos ministrados no âmbito da Geografia da População. No intuito de fornecer base a você, aliado ao compromisso que a Unicesumar tem com seu(sua) aluno(a) e com sua qualidade no ensino, viemos gratificá-lo(a) e acolhê-lo(a) da melhor maneira possível, para que, assim, sinta-se à vontade em debater, questionar, opinar, elogiar, criticar, entre outros, para que, cada vez, mais possamos oferecer um ensino de extrema qualidade. Desde já agradeço a todos que, de alguma forma, participaram da produção deste livro, como a coordenação do curso, passando pela equipe de tutores e mediadores do curso, além da equipe de diagramação e edição, ou seja, todos que tornam realidade o ensino de qualidade. Esperamos contribuir com sua formação a partir desta leitura, e que nossa caminhada rumo a este sonho seu seja repleta de conhecimento e descoberta. Sucesso, caro(a) alu- no(a), e caminharemos juntos rumo ao conhecimento! ÍCONES Sabe aquela palavra ou aquele termo que você não conhece? Este ele- mento ajudará você a conceituá-la(o) melhor da maneira mais simples. conceituando No fim da unidade, o temaem estudo aparecerá de forma resumida para ajudar você a fixar e a memorizar melhor os conceitos aprendidos. quadro-resumo Neste elemento, você fará uma pausa para conhecer um pouco mais sobre o assunto em estudo e aprenderá novos conceitos. explorando ideias Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e transformar. Aproveite este momento! pensando juntos Enquanto estuda, você encontrará conteúdos relevantes online e aprenderá de maneira interativa usando a tecno- logia a seu favor. conecte-se Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos online. O download do aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store CONTEÚDO PROGRAMÁTICO UNIDADE 01 UNIDADE 02 UNIDADE 03 UNIDADE 05 UNIDADE 04 FECHAMENTO INTRODUÇÃO À GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO 08 AS TEORIAS RELACIONADAS À GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO 52 88 O CONCEITO DE MOBILIDADE HUMANA 122 A MIGRAÇÃO PARA A GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO 168 A CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA 199 CONCLUSÃO GERAL 1 INTRODUÇÃO À GEOGRAFIA da população PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • A distribuição da população mundial e seu crescimento vertiginoso • Os estudos populacionais na Geografia • Os conceitos rela- cionados à Geografia da População. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Identificar os processos históricos de crescimento populacional bem como compreender os fatores de ordem natural e social de distribuição da população no planeta • Identificar os principais autores da Geografia da População bem como os motivos que levaram ao aumento da produção científica neste ramo da Geografia • Apresentar os principais conceitos relacionados à Geografia da População. PROFESSOR Me. Hugo Santana Casteletto INTRODUÇÃO Olá, caro(a) aluno(a). Estamos começando mais uma disciplina do curso de Licenciatura em Geografia, na qual observaremos como a ciência geográfica se apropriou, durante muitos anos, dos estudos relacionados à demografia e compreender o seu papel, como futuro(a) professor(a) de Geografia, no ensino dos conteúdos relacionados à população mundial e brasileira. Nesta primeira unidade, faremos uma introdução a respeito do cres- cimento populacional mundial, nas últimas décadas, mostrando como tal fenômeno se tornou tão importante para os estudos desta ciência. Dessa forma, buscaremos nos aproximar dos principais autores que contribuíram para a formação da Geografia da População como ciência. Por fim, e não menos importante, introduziremos alguns conceitos criados no âmbito geográfico para que você, como futuro(a) professor(a), possa compreen- dê-los e difundi-los para seus futuros alunos. O grande objetivo desta unidade é dar subsídios didáticos e científicos a você, caro(a) aluno(a), no intuito de melhorarmos nossas possibilidades de orientação em sala de aula. Nesse sentido, buscamos mesclar, aqui, conteúdos, estritamente didáticos de Ensino Básico, com passagem de estudos relacio- nados à Geografia da População que foram muito utilizados na academia. Assim, foi possível correlacionar, por exemplo, a questão da distribuição de pessoas pelo mundo (assunto muito pertinente no Ensino Básico), com clás- sicos da literatura acadêmica, como Pierre George e Rocha. A partir destas explanações, podemos afirmar que tal conteúdo per- mitirá que você consiga tanto ministrar aulas no âmbito do Ensino Básico Comum como também fazer apontamentos acerca destes mesmos estudos em salas de aula de cursos superiores. Espero que esta seja uma proveitosa caminhada rumo ao conhecimen- to do estudo da Geografia da População. Vamos nessa? U N ID A D E 1 10 1 A DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO MUNDIAL e seu crescimento vertiginoso Nesta aula, entenderemos os fatores de distribuição da população pelo mundo bem como compreendemos os motivos que levaram à explosão demográfica do ser humano, no planeta Terra. Desta forma, ao final da Unidade 1, você será capaz de compreender os principais pretextos que levaram à criação dos estudos rela- cionados à população como elemento importantíssimo para a ciência geográfica. Para começarmos, tomemos por base uma passagem do livro Geografia da População, de Pierre George (1991), reeditado uma série de vezes, em que o próprio autor demonstra sua expectativa acerca do crescimento populacional mundial. Perceba que, segundo o mesmo, haverá um aumento significativo no número de pessoas habitando o planeta, e cabe a nós entender essa passagem e fazermos um paralelo com a realidade, lembrando que esta mesma passagem é uma de suas previsões, não significando um fato verossímil. Acompanhe: “ [...] duzentos e cinquenta milhões de habitantes na época da An-tiguidade Clássica, meio bilhão pelos meados do século XVII, um bilhão em 1850, dois bilhões em 1940, mais de quatro bilhões an- tes de 1980 [...] e sem dúvida oito bilhões antes do fim do século (GEORGE, 1991, p. 7). U N IC ES U M A R 11 Observem que, segundo estimativa do autor (o que não deixa de ser uma pre- visão correta), a população que, na Idade Antiga (por volta do séc. VIII a. C. até meados de 476 d. C.), não passava de 250 milhões, hoje, já ultrapassa a casa dos nove dígitos. Aprofundando ainda mais a análise acerca deste trecho, vimos que, da Idade Antiga até meados do século XVII, a população dobrou. A humanidade precisou de quase 1.000 anos para aumentar em duas vezes a população, passando de 250 milhões para meio bilhão de habitantes. Avançando na análise do trecho, vimos que do século XVII (por volta dos anos 1600) para o século XIX (por volta dos anos 1800), a população, mais uma vez, dobrou de tamanho, passando de meio bilhão para um bilhão de habitantes. Ou seja, proporcionalmente, a humanidade (do séc. XVII ao séc. XIX) necessitou de menos tempo (300 anos) para, mais uma vez, dobrar sua população. Perceba que a ideia de Pierre George (1991) é demonstrar que, a cada evolução social por que a humanidade passa, precisamos de menos tempo para atingir, proporcio- nalmente, os mesmos resultados que tínhamos em eras anteriores. No trecho escrito por George (1991), percebemos que, do século XIX para o século XX, a população mundial, novamente, dobrou de tamanho, passando de um bilhão para dois bilhões de habitantes, ou seja, precisamos de cerca de 100 anos para, outra vez, dobrarmos nosso contingente populacional. Atualizando ainda mais os dados: de 1940 a 1980, novamente, a humanidade se superou, pas- sando de dois bilhões de habitantes para cerca de quatro bilhões de habitantes, uma explosão demográfica vertiginosa, permeada por uma série de melhorias técnicas, científicas e sociais. U N ID A D E 1 12 Acesse o QR e veja qual o pensamento das pessoas sobre maternidade e paternidade conecte-se QUEM FOI PIERRE GEORGE? Pierre George foi um importante personagem da Geografia Francesa, na segunda metade do século XX, assumiu cargos universitários e dialogou com outras ciências. [...] Sua assi- natura aparece em mais de 650 ocorrências (MARÈS, 2008). Um dos discípulos de George, Michel Rochefort, propõe a divisão de sua obra em três fases: o início da carreira, com a formação conjunta em Geografia e História (posteriormente, especializando-se em Geo- grafia) até chegar à tese de doutorado, na década de 30, quando adere ao marxismo e ao Partido Comunista ― aprendendo, inclusive, o idioma russo para ler os geógrafos sovié- ticos (ROCHEFORT, 2008) [...] A segunda fase dar-se-ia a partir de sua experiência como professor das universidades de Lille (1946) e de Paris-Sorbonne (1948), juntamente com a multiplicação de seus escritos em artigos, notas e livros ― contribuindo para a formação de uma “Escola Pierre George” (ROCHEFORT, 2008). Enfim, George orienta muitas pesqui- sas nessa época, [...] e consolida seu nome na Geografia mundial. Fonte: Ramão (2013). explorando Ideias Portanto, segundo Pierre George (1991), não seria erradofalarmos em crescimen- to vertiginoso da humanidade, ou mesmo falarmos em explosão demográfica, afinal, antes, a humanidade precisava de cerca de um milênio para atingir deter- minado número populacional, hoje, os dados nos mostram que, necessitamos de menos de meio século para reproduzirmos, proporcionalmente, o mesmo número de habitantes. Claro que isso se deve a uma série de fatores que serão mais bem explanados adiante. Mas o fato é que houve grande mudança social, cultural, política e científica, nos últimos anos, o que favoreceu ainda mais a observação deste fenômeno: explosão demográfica exagerada. https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/2850 U N IC ES U M A R 13 Mesmo sabendo que as inovações na medicina, a melhoria na agricultura, a me- lhoria na distribuição de bens e serviços, entre outros fatores relacionados ao meio técnico-científico-informacional, influenciaram este crescimento vertiginoso, de- vemos perceber que ainda existem diferenciações na distribuição dessa população, ou seja, mesmo sabendo os motivos que levaram a este crescimento demográfico você, caro(a) aluno(a), deve entender que isso ocorreu de forma diferenciada, nas diversas localidades do planeta Terra. Esse crescimento populacional variará de acordo com as condições que cada país oferece à sua população. Figura 1 - Imagem ilustrativa do crescimento vertiginoso mundial U N ID A D E 1 14 Tais inovações na qualidade de vida da população vão, por exemplo, diferenciar a expectativa de vida da República do Chade (52,9 anos) da expectativa de vida no Brasil (75,5 anos) e esta, da expectativa de vida do Japão (83,9 anos), o que, consequentemente, cria zonas de atração de população mundial e zonas de repulsão da população mundial. Porém, vale, aqui, ressaltar que, dentro de um país, ainda podemos encontrar regiões com expectativas de vida muito diferentes, devido às características de acesso dessas populações aos bens e aos serviços fornecidos pelo Estado. Por exemplo, dizer que o Brasil possui expectativa de vida de 75,5 anos não significa que todos os estados, todas as regiões e todos os municípios do país pos- suem essa mesma expectativa. Sabemos que, dentro de um país, existem lugares com melhores condições e regiões com piores condições de sobrevivência. To- memos o exemplo da China, que possui expectativa de vida na faixa de 76,2 anos de idade, enquanto que a Região Administrativa de Macau (localizada dentro do território chinês) possui expectativa de vida em torno de 83,8 anos de idade. Isso se dá pelo investimento diferenciado do governo nos seus mais diversos territó- rios, além, é claro, de aspectos culturais que envolvem determinados territórios, como formas de alimentação, modelo de educação dos filhos, modelo escolar de aprendizagem, entre outros fatores. Figura 2 - Tecnologia leva à maior expectativa de vida populacional U N IC ES U M A R 15 A população do mundo, embora sendo uma realidade aritmética em mutação per- manente, é também uma abstração geográfica, econômica e social. De acordo com as condições e as possibilidades de vida de cada país, cada nascimento assume um significado particular. (Pierre George) pensando juntos Outro exemplo importante que podemos citar sobre a relação entre o crescimen- to vertiginoso da humanidade e sua distribuição no mundo é a diferenciação de renda entre os mais variados contingentes populacionais espalhados pelo mun- do. Essa diferença pode ser primordial na concentração ou desconcentração da população pelo mundo. É este tipo de indicador que nos mostrará a diferença, por exemplo, dos U$ 9.841,41 per capita no Brasil, para os U$ 81.189,70 per capita da Suíça (dados baseados em estudos do Fundo Monetário Internacional (FMI, 2016, on-line)1. Porém vale ressaltar que o alto índice de PIB per capita não garante que exista crescimento vertiginoso ou não, mas pode nos indicar como ocorre a distribuição irregular da população no mundo. Como professor(a), você deve se atentar para outros aspectos sociais, como custo de vida nesses países, religião, tradição, entre outros aspectos que definem se existirá ou não concentração populacional em determinada localidade. Cabe a você fazer esta análise quando der aula, observando quais os reais motivos de determinado país possuir maior ou menor concentração populacional. Ainda devemos ressaltar que, dentro do mesmo país, existirão as diferen- ciações de renda entre as mais diversas regiões. Usando o Brasil como exemplo, podemos citar que, apesar de a renda per capita ser de U$ 9.841,41 (FMI, 2016, on-line)¹, não significa que todos os habitantes possuem a mesma renda, muito menos que todos os municípios possuem a mesma média de PIB per capita. Existem regiões no Brasil onde temos maior concentração de renda e outras regiões com menores concentrações. Nesse sentido, haverá muita diferença na distribuição da população. Assim, pode ou não haver diferentes tipos de concen- tração populacional dentro de um mesmo território. U N ID A D E 1 16 Vemos que, apesar do crescimento vertiginoso da espécie humana, nos últimos anos, os Aspectos Sociais criados pelo sistema econômico vigente no mundo são grandes definidores da distribuição da população no planeta Terra. Porém, além dos Aspectos Sociais, como processo de ocupação, renda e IDH, ainda teremos os Aspectos Naturais, como clima e relevo, influenciando a forma como a espécie humana ocupou o planeta. Analisemos mais uma passagem de Pierre George (1991) a respeito dessa distribuição: “ Um mapa geral da repartição da população mundial mostra uma grande desigualdade na ocupação da superfície dos continentes. Algumas zonas desses continentes contêm consideráveis núcleos de povoamento, outras acham-se quase completamente vazias, en- quanto vastas extensões se caracterizam por serem povoadas de for- ma esparsa. Quatro quintos da população do globo ocupam menos de um quinto da superfície dos continentes (GEORGE, 1991, p. 9). Observando o trecho referenciado, constatamos que grande parte da distribui- ção irregular que ocorre no planeta Terra está relacionada a questões referentes aos Aspectos Sociais e Naturais. Nesse sentido, podemos afirmar que zonas com Aspectos Sociais de atração estão relacionados, diretamente, à disponibilidade de acesso à renda e aos recursos básicos para a sobrevivência. Já as zonas de repulsão, caracterizadas pelos Aspectos Naturais, estão relacionadas às carac- terísticas extremas do meio ambiente, como relevos altos, climas extremos, entre outros fatores. Pierre George (1991) faz um levantamento muito interessante a respeito da ocupação humana pelo planeta Terra. Segundo o autor, o ser humano está, em sua maioria, ausente nas regiões polares, quando comparamos o número de morado- res dessas regiões com o número absoluto de pessoas pelo mundo. Ao norte do paralelo de 65º N, vemos que as ocupações humanas não passam de ocupações militares dos países industrializados, ocupações científicas que, em sua maioria, são nômades ou temporárias e de tribos já ambientadas a estas localidades, como os chamados inuítes ou esquimós, que, em sua maioria, tende a acabar, devido à falta de interesse das novas gerações em perpetuar tais tradições, como podemos observar, em destaque, na Figura 3, a seguir: U N IC ES U M A R 17 Fi gu ra 3 - Ár ea s de st ac ad as s ão c on si de ra da s ac im a de 6 0º d e la tit ud e, o u se ja , á re as pr óx im as a os p ol os n or te e s ul / Fo nt e: o a ut or . U N ID A D E 1 18 Fora o padrão observado na Figura 3, não vemos qualquer outro tipo de ocupação mais fixa, devido às dificuldades de adaptação do corpo humano a climas extre- mos, dificuldade de cultivo agrícola, diferença no regime de estações e presença do Sol, que é muito escassa durante seis meses do ano. Ao sul do paralelo 65º S, vemos uma situação ainda mais acentuada: além do clima rigoroso, a falta de conectividadecom outras terras emersas do planeta fez com que a Antártida fi- casse ainda mais isolada, tendo um número infinitamente reduzido de ocupações, destacando-se apenas as bases científicas nômades e temporárias. “ A superfície abrangida pelo deserto ártico e subártico é da ordem dos 27 milhões de quilômetros quadrados: o Alasca com 1.600.000km² e 130.000 habitantes; o Norte do Canadá com 6.000.000km² e menos de 100.000 habitantes; a Groenlândia com 2.200.000 km² e 25.000 habitantes; o Ártico soviético com cerca de 6.000.000km² e 500.000 habitantes [...] No conjunto, 20% da superfície dos continentes con- têm menos de 0,02% da população mundial (GEORGE, 1991, p. 10). Você, caro(a) aluno(a), sabe que o principal motivo para esta falta de povoamento das regiões polares é, pura e simplesmente, pelo fato de as médias térmicas não passarem de 0°, ou seja, por ser uma região em que o mês mais quente é quando registramos uma média de 10° acima de zero. É uma região incompatível com o mínimo de temperatura suportado pelo corpo humano porém, vale lembrar que não é apenas a latitude que define se determinada região será mais ou menos fria. Podemos observar regiões na mesma latitude das regiões polares que pos- suem um clima mais ameno. Vemos que existem cidades, na Europa, que ficam próximas ao paralelo de 60° N e possuem considerável ocupação, devido às con- dições do relevo, continentalidade e maritimidade, que amenizam o clima, dando, assim, mais acesso para a ocupação humana. É o caso de Leningrado (4.990.000 habitantes), que fica localizada próximo ao paralelo de 60º N e é uma das cidades mais importantes, econômica e historicamente, da Europa. Mesmo nas regiões de média latitude, onde, teoricamente, a ocupação seria mais acentuada, vemos que as massas continentais elevadas dificultam o acesso humano. Caso do Himalaia, um soerguimento causado pelo choque entre as placas tectônicas, que mais parece um deserto quanto à ocupação. Poucas são as populações que habitam tal localidade, como é o caso dos ti- betanos e mongóis que, juntos, não passam de cinco milhões de habitantes, U N IC ES U M A R 19 em uma extensa área ao sul da Ásia. Esse Aspecto Natural não atinge apenas as regiões polares. As regiões ári- das, como os próprios desertos, também são limitadores de ocupação humana, onde “a insuficiência das precipitações, agravada pela alternância de baixas e al- tas temperaturas [...] afasta toda a possibilidade de agricultura sedentária e de povoamento permanente” (GEORGE, 1991, p. 12). Contudo o autor ainda res- salta que, na mesma latitude, por exemplo, do Saara Africano, estão países como México, República Dominicana, Cuba, Haiti, entre outros, que possuem climas bem tropicais, na mesma faixa latitudinal. Isso se deve à sua posição com relação aos alísios e às correntes marítimas, além, é claro, da formação de planalto, que é uma extensão da Cordilheira Americana, garantindo às populações da América Central solos mais férteis para cultivo permanente, como o caso do Altiplano ou Meseta Mexicana. Figura 4 - Floresta tropical da América, que caracteriza grande denso de água Perceba que as posições latitudinais são de extrema importância para compreen- dermos a distribuição da população humana pelo planeta Terra, porém, ela não é a única explicação para tal fenômeno, principalmente quando falamos dos Aspectos Naturais que influenciam a distribuição do ser humano pelo mundo. Não muito longe, podemos observar, aqui, dentro do nosso próprio território, tal influência. Observe a ocupação da região amazônica: nestas regiões tropicais, por exemplo, a altitude pode ser um elemento diferenciador de ocupação, uma vez que as partes da região equatorial que possuem altitudes baixas são, geralmente, ocupadas por florestas equatoriais muito densas e de difícil acesso ao ser humano, como é o caso da Amazônia e da Bacia do Congo. Para Pierre George (1991): U N ID A D E 1 20 Bônus demográfico É o período demográfico do país caracterizado pela elevada taxa de natalidade e baixíssi- ma taxa de mortalidade, demonstrando aumento no número de filhos por casal. Tal fato é importantíssimo para a economia, porque demonstra qual será a capacidade futura de disponibilidade de mão de obra que, se bem aproveitada pelos governantes, pode gerar muito volume de arrecadação para os governos dos países que passam por esse período. Fonte: o autor. explorando Ideias “ Aí o obstáculo principal à vida humana é a proliferação da vida vegetal, bacteriana e animal [...] o homem enfrenta adversários múl-tiplos e temíveis num meio em que um calor e uma umidade perma- nentes estimulam a reprodução de espécies de todas as dimensões [...] o vigor da vegetação espontânea constitui um obstáculo ao de- senvolvimento das iniciativas agrícolas. [...] Os vermes, as amibas, as bactérias instalam-se nele irresistivelmente (GEORGE, 1991, p. 13). Ou seja, a latitude, a continentalidade, o relevo, as correntes marítimas, a renda per capita, a expectativa de vida, as vagas de emprego, os ganhos salariais, entre outros fatores, são importantes para entendermos a distribuição da população pelo mundo. Portanto, entender Aspectos Naturais e Sociais/Históricos são de suma importância para a compreensão de determinados fenômenos. George (1991) chega à conclusão que as regiões temperadas do planeta Terra, no geral, são mais ocupadas, principalmente pela formação dos climas mais amenos que contribuem para a fixação do ser humano. Contudo ele ressalta que, dadas algumas adversidades naturais, como relevo, correntes marítimas, qualidade do solo, entre outros fatores, ainda encontraremos regiões localizadas na parte tem- perada do planeta que não serão povoadas, ou mesmo, serão vazios demográficos, além, é claro, de aspectos históricos/sociais que interferem, também, na prolife- ração humana, como ganhos salariais, condições de vida, expectativa de vida ao nascer, entre outros fatores. U N IC ES U M A R 21 Fi gu ra 5 - D is tr ib ui çã o da p op ul aç ão n o m un do (d en si da de d em og rá fic a) Fo nt e: IB G E (2 01 9) . U N ID A D E 1 22 2 OS ESTUDOS POPULACIONAIS na Geografia Agora que sabemos que a população mundial obteve um crescimento vertigi- noso, nos últimos anos, devido a uma série de fatores e, basicamente, como está distribuída a população pelo mundo, aprenderemos como surgiu o interesse da Geografia com os estudos populacionais, a fim de dar bases suficientes para de- bater o assunto. Aliado a isso, apresentaremos os principais autores da Geografia da População para que você possa, também, buscar outros elementos que sejam capazes de responder às suas inquietações. Tais autores clássicos são importantes para que possamos formular nosso próprio conhecimento a respeito da Geografia da População. Nesta aula, discutiremos um pouco mais os autores que fundamentaram os es- tudos relacionados à Geografia da População. A partir da rápida percepção da distribuição populacional no mundo (apresentada na aula anterior), faremos um breve levantamento histórico sobre como a humanidade passou a ter interesse nos estudos relacionados às populações mundiais, além, é claro, de mostrar alguns autores que foram importantes para que tivéssemos mais interesse por parte da Geografia neste campo de estudo. U N IC ES U M A R 23 Primeiramente, ao nos reportarmos à Pré-História, quando ainda éramos povos nômades, podemos atestar que, talvez, seja a primeira vez que passamos a ter mais noção das migrações pelo mundo, ou seja, foi a primeira vez que produzimos informações acerca de nossa mobilidade. Apesar de não termos compilado ou mesmo armazenado tais indicadores sobre esse momento, sabemos que, por uma série de fatores, principalmente oferta de alimento e fatores naturais, os nômades mudavam, constantemente, de espaço, por meio de processos migratórios. Para Rocha (1998), ao melhorarmos nossas técnicas de agriculturae de cons- trução, e consequentemente nos tornarmos mais sedentários, ainda possuímos dificuldade de nos mantermos, de fato, fixados, pois, “ [...] as nações praticamente não existem, pelo menos na moderna acepção do termo [...] não há também uma instância jurídica que assegure o direito de propriedade [...] prevalece a lei do mais forte (ROCHA, 1998, p. 18). Em suma, quase não existia interesse em analisar e descrever os processos po- pulacionais vinculados à mobilidade, ao crescimento demográfico, à migração, entre outros fatores, devido à instabilidade pela qual passavam os territórios dos Estados existentes. Durante a Antiguidade e a Idade Média, o que vimos foram apenas estudos relacionados às novas descobertas de terras no mundo, sendo pouco ou nada visados os estudos estatísticos relacionados à população. Nessa época, nem mesmo estudos descritivos, que tanto seriam criticados pela Geo- grafia Crítica, eram a priori. Figura 6 - Representação do humano no período nômade, exposto no Museu Americano de História Natural em Nova Iorque, EUA U N ID A D E 1 24 Na Idade Média, a situação a respeito do arcabouço teórico relacionado à Geografia da População fica ainda mais defasada com o domínio do cristianis- mo, colocando o mundo em um entrave científico, pois o que predominava era a palavra da Igreja, e não mais a dos cientistas. Nessa época, tivemos considerável regresso nos estudos geográficos, e não apenas para a Geografia da População. A própria cartografia sofreu muito com esse período, pois, com a diminuição das possibilidades de se deslocar, ser humano se viu impossibilitado de “mapear”. “ Durante o séc. XVII e sobretudo XVIII, aparecem os primeiros estudos sobre a relação existente entre o meio e a sociedade. As reflexões filosó-ficas, um repensar do mundo e o triunfo do liberalismo frente à igreja, a revolução tecnológica (primeira revolução industrial) e a revolução social (revolução francesa), marcam este período com importantes re- flexões sobre a sociedade e a economia (ROCHA, 1998, p. 18). Figura 7 - Representação da população parisiense tomando a Bastilha em 14 de julho de 1789 U N IC ES U M A R 25 Principalmente na França, é que teremos o surgimento de vários autores que começam a trabalhar nesse sentido. Podemos citar Kant (1770) que, em sua obra, tenta sistematizar a Geografia em categorias, dando ênfase mais qualitativa a esta ciência, contribuindo na formação da Geografia Humana; e o Barão de Montes- quieu, o qual foi um dos principais filósofos desse período, dando abertura para o pensamento iluminista e racional, sendo um dos primeiros a trabalhar com os processos sociais relacionados às populações existentes. Nesse período, é consi- derado de muita relevância para a formação da Geografia Humana. Apenas na primeira metade do século XX, contudo, é que teremos um dos mais importantes momentos históricos que, de fato, dará bases para a formação da Geografia da População. Afinal, para concretizasr as teorias a respeito dos processos sociais e dos processos relacionados à Geografia da População, era necessário um arcabouço de indicadores que pudessem dar bases a essas teorias. É, então, nesse período, que Alemanha e França começam a realizar os primeiros censos demográficos de suas populações, formando a base de dados necessária aos estudiosos que possuíam inquietações a respeito dos processos sociais que ocorriam com a população mundial. Na França, tivemos grandes autores que, nessa época, já se preocupavam com o ensino dos métodos geográficos, principalmente no que concerne à Geografia Humana. Como expoente maior desta vertente, tivemos Paul Vidal de La Bla- che, que, com obras como Géographie Universelle, de 1918 (concluída após sua morte, em colaboração com outros autores), de certa forma, inaugura os estudos populacionais a partir de levantamentos históricos a respeito da distribuição da raça humana pelo mundo. O que difere seus estudos dos demais é que, em sua análise, ele observa distribuição desigual da população mundial em relação às terras emersas da plataforma continental, tendo relação direta com as questões naturais, como clima, vegetação, relevo, além de acrescentar os aspectos sociais e históricos como parte de sua explicação para essa distribuição desigual da po- pulação. Este tipo de estudo rompe com a Geografia mais antiga, em que tudo se explicava por base nos aspectos naturais. Na Alemanha, teremos, também, grandes autores que trabalharam e contri- buíram para formação da Geografia Humana. São nomes como Friedrich Rat- zel (1891), Karl Ritter (1865), Alfred Hettner (1927), que nortearão os estudos relacionados à Geografia Humana e os estudos relacionados à Geografia da Po- pulação. Rocha (1998) lembra que a obra Antropogeografia, de Ratzel (1891), é que introduz o elemento humano nos estudos da Geografia alemã, elemento, até U N ID A D E 1 26 então, descuidado pela maioria desses geógrafos. Além da obra de Ratzel (1891), ainda temos a Geografia Política (1897), do mesmo autor; a Geografia Universal, de Carl Ritter (1865); e A Geografia: sua história, sua natureza e seus métodos, de Alfred Hettner (1927).Todas estas obras contribuíram, significativamente, para as fundamentações básicas da Geografia da População, ajudadas pelos le- vantamentos demográficos realizados nestes países, que deram base para estudos quantitativos e, principalmente, para os estudos qualitativos, que seriam impostos pela Geografia Crítica, no final da década de 60. Mesmo com as bases teóricas sendo formadas, podemos dizer que, somente a partir de 1956, com a chamada “rubrica especial” (ROCHA, 1998, p. 21), que a Geografia da População aparecerá na bibliografia internacional geográfica, dan- do um salto qualitativo e quantitativo nos estudos deste ramo da Geografia. Isso ajudou, em muito, a elaboração de novas teorias, pois, afinal, agora, a Geografia da População possuía um arcabouço teórico-metodológico que ajudaria na difusão do conhecimento. O que é Geografia Crítica? A Geografia Crítica pode ser considerada uma vertente da Geografia que buscava mais criticidade e mais leitura política e social dos fenômenos estudados pela ciência. Surge por volta de 1970, na França, e logo ganha as academias de muitos países que já desenvol- viam a ciência com eficiência, como Alemanha e Suíça. Ganhou destaque, principalmente, nos países subdesenvolvidos, pois suas leituras creditavam as diferenças sociais existen- tes no mundo como parte de um sistema em que países desenvolvidos exploravam os subdesenvolvidos, tanto que, muitas vezes, a Geografia Crítica é atrelada ao Marxismo e a revoluções. Hoje, possui grande força nas academias de ciências geográficas no mundo todo, uma vez que busca, por meio de suas análises, propostas reais de solução das desi- gualdades sociais no mundo, evitando a neutralidade. Fonte: o autor. explorando Ideias Um levantamento de Rocha (1998) ajuda-nos a perceber como tal momento histó- rico faz com que a Geografia da População se torne um grande ramo da Geografia: U N IC ES U M A R 27 “ NOIN (1994) apresenta um apanhado estatístico que de certa forma ilustra o fluxo das reflexões sobre este ramo da ciência geográfica [...] Conforme este autor, entre 1910 e 1950 os anais de geografia pu- blicaram somente 22 artigos sobre a geografia da população, no caso dos EUA, cerca de 2% dos artigos até 1946, e no mesmo período, cerca de 3% dos doutorados defendidos, tratavam de algo relativo à geografia da população (ROCHA, 1998, p. 21). A partir do estabelecimento formal da Geografia da População como disciplina da Geografia, é que teremos o aumento significativo da produção neste ramo: “ A pesquisa neste período aumenta, chegando a representar 10% dos títulos de geografia geral [...] de 1962 a 1972 a proporção dos artigos sobre população passa de 5% a 12% nos grandes periódicos da geografia nos EUA [...] observa-se, também, um importante au- mento das publicaçõesde comunicações que tratam de geografia da população nos congressos de geografia (ROCHA, 1998, p. 21). Rocha (1998, p. 21), ainda acrescenta que isso se deve “[...] pela abundância de informações, colocadas à disposição dos geógrafos pelos serviços de estatísticas de diversos países e pela facilidade relativa de sua exploração”. Ainda no campo da exploração dos principais autores do tema população, não podemos deixar de ressaltar a importância de um dos principais geógrafos modernos que trabalham com o tema, o francês Pierre George. Este autor, que já foi citado na primeira aula desta unidade, é um dos grandes expoentes deste ramo da Geografia. Em suas publicações, sempre ressaltou a importância do processo histórico/social na compreensão dos fenômenos rela- cionados às populações espalhadas pelo mundo. O recenseamento de 1940 foi o primeiro do IBGE, mas não foi o primeiro a ser realizado no Brasil, e sim, o quinto. Fonte: o autor. pensando juntos U N ID A D E 1 28 Acesse o QR Code e confira o podcast que o professor preparou para você, sobre a música Lourinha Bombril, da banda Os Paralamas do Sucesso. conecte-se Como já foi dito, em sua obra Geografia da População (1991), George (1991) faz um levantamento histórico minucioso, desde a Pré-História, passando pela An- tiguidade, Revolução Industrial e Revolução Francesa, sempre trabalhando com hipóteses sobre as condições que mobilizaram os povos a migrarem, crescerem e se concentrarem em determinadas localidades do planeta, nunca deixando de lado, também, o aspecto natural do mundo. O autor busca salientar a importância dos dados estatísticos para os estudos populacionais, porém, ressalta a importân- cia da compreensão desses dados, não deixando que caíssem apenas no mérito descritivo, que é muito criticado pela Geografia moderna (Geografia Crítica). No Brasil, também tivemos grandes autores que contribuíram para a disci- plina. Vale lembrar Paul Singer (1980) que, durante muitos anos, dedicou-se à questão migratória dos países desenvolvidos e subdesenvolvidos, ressaltando sempre a diferença existente entre este processo nestes dois modelos de países. Em seus estudos no Brasil, ele conseguiu mostrar a intrínseca relação entre êxodo rural, industrialização e urbanização, que hoje é uma das principais formas de explicação para a urbanização brasileira. Tal forma de pensar, provavelmente, será trabalhada por você, caro(a) aluno(a), quando vier a se dedicar ao Ensino Básico da Geografia. Expostos os principais autores da Geografia da População e seu processo histórico de formação, na próxima aula, nos aproximaremos mais dos principais conceitos criados pelo ramo da Demografia e Geografia da População, para a compreensão dos fenômenos relacionados a esta disciplina. É de suma importância que você aprenda este conhecimento, pois, futuramente, ao exercer sua atividade como professor(a), necessitará saber de tais conceitos, pois muitos deles explicam uma série de problemas e soluções do nosso cotidiano como cidadão. Vamos, então, aprender um pouco mais? https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/2924 U N IC ES U M A R 29 Neste momento, caro(a) aluno(a), você já é capaz de interpretar determinados padrões de concentração populacional ao redor do mundo. Além disso, somos capazes de compreender como a Geografia da População tornou-se importan- te no âmbito da Ciência Geográfica, como um campo capaz de interpretar os indicadores sociais e físicos dos mais diversos espaços, transformando dados quantitativos em dados qualitativos. Agora, atentaremo-nos, basicamente, aos principais conceitos que são amplamente difundidos nesta ciência para que, deste modo, você esteja preparado(a) e apto(a) ao exercício de lecionar tal conteúdo. Basicamente, usaremos o conhecimento adquirido nas duas primeiras aulas desta unidade para formarmos um próximo conhecimento. Vimos, na primeira aula desta unidade, que a população mundial teve cres- cimento demográfico vertiginoso, principalmente neste último século que se passou. Isso se deve, principalmente à passagem de uma civilização nômade para uma civilização sedentária, a partir de inovações técnicas e científicas que co- laboraram para o crescimento de uma série de fatores, tais como melhorias na medicina, no saneamento, na educação, entre outros. 3 OS CONCEITOS RELACIONADOS À GEOGRAFIA da População U N ID A D E 1 30 O primeiro conceito a ser abor- dado, que se refere, principalmente a esse crescimento, é o chamado Crescimento Vegetativo ou Natural. Antes de explicarmos tal conceito, vale lembrar da diferença sutil entre Crescimento Vegetativo ou Natural e Crescimento Demográfico. O Crescimento Demográfico está relacionado ao aumento total da população, independentemente da forma como isso ocorreu. Por exemplo, podemos ter Crescimento Demográfico caso haja aumento no número de filhos por casal, porém, devemos ressaltar, antes de qualquer aspecto, que existem, ao menos, duas maneiras de ocorrer: a primeira pela diferença entre o número de pessoas que saem do país (emigrantes) e o número de pessoas que entram (imigrantes). Ou seja, depen- dendo desta diferença, teremos aumento ou redução do Crescimento Demográfico, a essa diferença entre imigrantes e emigrantes damos o nome de Saldo Migratório. A segunda maneira ocorre pela diferença entre os nascidos (taxa de natalidade) e os mortos (taxa de mortalidade), processo a que chamamos de Crescimento Vegetativo ou Natural, exatamente este com que trabalharemos agora. O Crescimento Vegetativo ou Natural é calculado a partir de dois conceitos (como já exposto anteriormente): a Taxa de Natalidade, ou seja, quantos nascidos vivos têm para cada grupo de mil habitantes, geralmente, dentro de um período de um ano; e a Taxa de Mortalidade, ou seja, quantos mortos tiveram para cada mil habitantes, geralmente, no período de um ano. A diferença entre esses dois conceitos nos dará subsídios para o cálculo do Crescimento Vegetativo de um país. O cálculo é bem simples, primeiramente, devemos calcular a Taxa de Mor- talidade e a Taxa de Natalidade, como exposto a seguir: Figura 8 - Fórmula para realização do cálculo para taxa de mortalidade e natalidade Fonte: o autor. U N IC ES U M A R 31 Vamos a um exemplo fictício, caro(a) aluno(a): No país “Z”, morreram 50 mil pessoas e nasceram 150 mil pessoas num pe- ríodo de um ano, tendo uma população absoluta (população total) de 6 milhões de habitantes. O cálculo fica da seguinte forma: Figura 9 - Exemplo de cálculo de Crescimento Vegetativo ou Natural Fonte: o autor. Figura 10 - Evolução da taxa de natalidade no Brasil (1950-2015) Fonte: adaptada de IBGE (2016, on-line)2. Neste exemplo, vemos que a taxa de Crescimento Vegetativo do país “Z” é de 16,67 habitantes para cada grupo de mil. Desta forma, podemos observar o quanto cada país vem crescendo de forma natural, por isso que este conceito também é chamado de Crescimento Natural. Como exemplo real, observe a evolução da Taxa de Natalidade e Mortalidade do Brasil nas imagens a seguir: U N ID A D E 1 32 Se observarmos o caso brasileiro, veremos que, no geral, a queda na Taxa de Mor- talidade é a responsável pelo crescimento vertiginoso da população brasileira, nas últimas décadas, principalmente entre as décadas de 50 e 80, quando os dados apontam para a brusca queda na Taxa de Mortalidade e uma queda lenta na Taxa de Natalidade. Isto se deve à certa melhoria na qualidade de vida dos habitantes, culminando na queda da mortalidade infantil e adulta, contudo, trabalharemos melhor o contexto brasileiro nas unidades à frente. Essa queda na Taxa de Mortalidade, no contexto mundial, ocorreu, primeira- mente, nos países desenvolvidos, devido às novas técnicas de saneamento básico, distribuição de alimentos, melhoria na medicina, entre outros fatores ocorridos após a chamada Revolução Industrial. Com a formação dos grandes centros ur- banos, em decorrência das indústrias,houve melhoria na qualidade de serviços prestados à população pelo Estado, além de facilidade e disponibilidade no con- trole de vacinas, devido ao acúmulo de pessoas em um pequeno espaço. Isso aca- bou ajudando no controle de mortes por doenças, principalmente nos primeiros anos de idade, diminuindo, significativamente, a mortalidade infantil. Como a Revolução Industrial ocorreu, essencialmente e de forma maciça, na Europa, podemos observar, hoje, maior concentração da população nestas loca- lidades do mundo, ou seja, após o desequilíbrio entre a Taxa de Mortalidade e a Taxa de Natalidade, os países desenvolvidos, especialmente os países europeus, tiveram crescimento populacional muito acima da média. Figura 11 - Evolução da taxa de mortalidade no Brasil (1950-2015) Fonte: adaptada de IBGE (2016, on-line)3. U N IC ES U M A R 33 Hoje, esses países se encontram numa fase em que a Taxa de Natalidade e de Mortalidade quase que se equiparam, ocasionando significativa redução no Cres- cimento Vegetativo e, consequentemente, do Crescimento Demográfico. Isto é muito típico de países desenvolvidos na atual fase da economia em que vive- mos cujo custo de vida, entre outros fatores, influencia a forma como as pessoas planejam suas famílias. Porém este tema será mais bem trabalhado na próxima unidade. Vale a pena, neste momento, salientar a diferença existente entre mais dois conceitos da Geografia da População: População Absoluta (populoso) e Po- pulação Relativa (povoado). O conceito de População Absoluta é, basicamente, o conceito que expressa a população total de determinada localidade, independentemente do tamanho do território ou qualquer outro fator. Podemos dizer, então, que, por exemplo, a China é o país que possui maior População Absoluta no mundo, ou seja, é o país mais populoso do mundo. Já o conceito de População Relativa também pode ser chamado de Densidade Demográfica. Basicamente, o conceito de Densidade Demográfica ou População Relativa diz respeito à relação existente entre a Popu- lação Absoluta de determinado país e sua área territorial. Esta relação nos mostra, basicamente, o quanto de “espaço territorial” existe para cada um dos habitantes, como exposto a seguir: A Mortalidade Infantil, em 2016, apontou para um quadro péssimo, no Brasil. Dados apre- sentados pelo Ministério da Saúde indicaram que o país apresentou leve alta na taxa de Mortalidade Infantil. Este dado quebra um longo ciclo de baixas seguidas, que durava desde 1990. Neste ano, o Brasil apresentou 14 mortes para cada mil habitantes, o que representa aumento de quase 5% em relação ao ano de 2015. O governo credita esse dado ruim a algumas epidemias, como o Zika vírus. Contudo dados do próprio Ministério da Saúde demonstram queda no índice de vacinação (o menor em 16 anos). Fonte: o autor. explorando Ideias Figura 12 - Fórmula para o cálculo de Densidade Demográfica Fonte: o autor. U N ID A D E 1 34 Vamos a um exemplo fictício, caro(a) aluno(a): O país “Z” possui População Absoluta de 6 milhões de habitantes e área ter- ritorial de 500 mil km². O cálculo fica da seguinte forma: Figura 13 - Exemplo de cálculo de Densidade Demográfica Fonte: o autor. Figura 14 - Densidade Demográfica (População Relativa) do Brasil Fonte: Atlas Escolar do IBGE (2020, on-line)4. Ou seja, a Densidade Demográfica ou População Relativa do país “Z” é de 12 habitantes para cada quilômetro quadrado de espaço territorial. Quando um país possui elevada Densidade Demográfica (População Relativa), podemos dizer que ele é um país muito povoado. U N IC ES U M A R 35 Resumindo: o conceito de populoso refere-se, basicamente, ao número absoluto de habitantes de um território. Por exemplo, o Brasil, por ter, aproximadamente, 209 milhões de habitantes, é o quinto país mais populoso do mundo, ou seja, é o quinto com maior População Absoluta do mundo. Já o conceito de povoado tem relação com a Densidade Demográfica (População Relativa) de um país, ou seja, é o quanto a área territorial de um país é ocupada. Vejamos o exemplo do Brasil e da Cingapura: Densidade Demográfica de países selecionados (2018) País População Absoluta Área Territorial Densidade Demográfica (hab./km²) Brasil 209.288.311 8.514.876 24,57 Cingapura 5.613.352 693 8.100,07 Quadro 1 - Densidade Demográfica de países selecionados (2018) Fonte: o autor. Vemos que, em População Absoluta e Área Territorial, o Brasil é imensamente maior que Cingapura, porém a relação da População Absoluta com a Área Ter- ritorial torna o Brasil um país “menos ocupado”, ou seja, mesmo o Brasil sendo mais populoso que Cingapura, este é mais povoado que o Brasil. Isto se deve, basicamente, ao fato de Cingapura ter maior Densidade Demográfica ou Popu- lação Relativa. A origem desta diferença na Densidade Demográfica está na Área Territo- rial de Cingapura, que é imensamente menor que a do Brasil, sendo totalmente ocupada pelos seus pouco mais de 4 milhões de habitantes. Como sabemos, o Brasil ainda possui grandes vazios demográficos, como a própria região Norte, que possui Densidade Demográfica de 4,71 hab./km², enquanto a região Sudeste possui Densidade Demográfica de 94,87 hab./km². Sendo assim, o Brasil não é um país muito povoado, devido à distribuição irregular da população brasileira em seu território, contudo é o quinto país mais populoso do mundo. Observem o quadro a seguir, que nos mostra, exatamente, esta irregularidade. U N ID A D E 1 36 Lembre-se sempre: o Brasil é um país com muita população (populoso), porém devido à baixa densidade demográfica, é pouco povoado. pensando juntos Região População Área (km²) Densidade Demográfica (hab./km²) Porcentagem da população brasileira Norte 18.182.253 3.853.327 4,71 8,72 Nordeste 56.760.780 1.554.257 36,51 27,22 Sudeste 87.711.946 924.511 94,87 42,06 Sul 29.754.036 576.409 51,61 14,27 Centro- Oeste 16.085.885 1.606.371 10,01 7,71 Brasil 208.494.900 8.514.876 24,48 100 Quadro 2 - Densidade Demográfica das regiões do IBGE no Brasil, em 2018 Fonte: adaptado de IBGE (2018). Veja que a distribuição da população não segue, exatamente, o espaço geográfico e natural disponível. A região Norte, apesar de ser a maior em Área Territorial, é a região menos ocupada do Brasil. Isto se deve aos fatores já expostos na primeira aula desta unidade: os Aspectos Sociais, Históricos e Naturais. Os Aspectos Sociais e Históricos, devido à concentração de indústrias nas re- giões Sudeste e Sul, culminaram na concentração populacional por causa da oferta de emprego em décadas passadas, e os Aspectos Físicos, relativos à dificuldade que o ser humano tem de ocupar uma região que é densamente ocupada pela Floresta Equatorial da Amazônia, limitaram a migração populacional para a região Norte. Vemos que, apesar de o número absoluto da população brasileira ser alto, ainda possuímos distribuição irregular dessa população no solo brasileiro, contudo este processo é um tema para as próximas unidades. A Geografia da População ainda se preocupa em analisar os fatos populacionais por meio de indicadores de desenvolvimento, dessa forma, ao medir o desenvolvimento de uma população U N IC ES U M A R 37 ou um território, a Geografia da População amplia seu leque de conceitos. Para compreendermos melhor, explicaremos alguns conceitos que nos ajudaram na hora de entender como podemos comparar territórios mais e menos desenvol- vidos. Para isto, falaremos, brevemente, sobre os conceitos de PIB, PIB per capita, IDH e Coeficiente de Gini. O PIB (Produto Interno Bruto) é um índice que surgiu da preocupação que alguns países tinham, ao final da Segunda Guerra Mundial (1945), em analisar quais países apresentavam melhoria na condição social e econômica, durante o período de reconstrução da Europa. Apesar de não ser o único índice criado nesse período, o PIB foi utilizado, durante muitos anos, para, exatamente, identi- ficar os países “melhores” e os países “piores”.Apesar de não utilizarmos mais tal ideia, o PIB foi e é muito importante para medirmos as economias de um país, ele representa tudo que foi produzido por um país em um período de um ano e, assim, denota a capacidade produtiva de determinado território. Os dez maiores PIBs do mundo, em 2018, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), são: Dez maiores Produto Interno Bruto (PIB) do mundo em 2018 Ranking País Valor do PIB (em trilhões de dólares) 1º Estados Unidos 20,4 2º China 14 3º Japão 5,1 4º Alemanha 4,2 5º Reino Unido 2,94 6º França 2,93 7º Índia 2,85 8º Itália 2,18 9º Brasil 2,14 10º Canadá 1,8 Quadro 3 - Dez maiores Produto Interno Bruto (PIB) no mundo, em 2018 Fonte: adaptado de FMI (2018, on-line)5. U N ID A D E 1 38 A fim de criar análises econômicas mais aprofundadas e, por fim, chegar a um indicador que não apenas demonstrasse o crescimento econômico, mas que pu- desse mensurar o quanto a população estava progredindo economicamente, foi criado o PIB per capita, que é usado como referência global para comparação entre economias. Para calcular o PIB per capita, é simples: basta pegar o PIB de determinado território e dividir pela população total do mesmo, assim, é possí- vel ver, em média, quanto cada habitante daquele país produziu em determina- do período de tempo. Por exemplo: o Brasil possui um PIB aproximado de U$ 2.140.000.000.000,00 (em 2018), e uma População Absoluta de 208.494.900 (em 2018); dessa forma, fazemos a divisão entre o valor total do PIB e sua População Absoluta e chegamos ao resultado de U$ 10.264,04 (mil dólares) para cada ha- bitante brasileiro. Veja, a seguir, os dez maiores PIB per capita do mundo, segundo a Trading Economics: Dez maiores PIB per capita do mundo, em dólares - 2018 Ranking País PIB per Capita (U$) 1º Luxemburgo 107.865,27 2º Noruega 91.218,62 3º Ilha do Homem 84.046,14 4º Suíça 76.667,44 5º Catar 74.433,46 6º Irlanda 65.696,39 7º Dinamarca 61.582,17 8º Suécia 56.935,19 9º Macau 55.936,80 10º Austrália 55.925,93 Quadro 4 - Dez maiores PIB per capita do mundo, em dólares - 2018 Fonte: Trading Economics (2019, on-line)6. U N IC ES U M A R 39 Perceba que dos dez maiores PIB do mundo, nenhum se enquadra nos dez maiores PIB per capita, ou seja, podemos dizer que o PIB (Produto Interno Bruto) serve para medir as mais diversas economias do mundo, enquanto o PIB per capita aju- da-nos a entender o quanto, em média, cada habitante costuma ganhar/produzir num período de um ano. Veja que, apesar de o Brasil figurar entre as dez maiores economias do mundo, ainda assim, não chega nem perto do PIB per capita do décimo colocado do mundo (Austrália). Contudo sabemos que o PIB per capita apresenta apenas uma média, ou seja, não podemos entender que, por exemplo, o fato de o Brasil ter um PIB per capita de U$ 10.264,04 significará que, realmente, cada habitante desse país produziu isso. Na verdade, este valor sugere uma média, o que significa que podem ter habitantes que produzem ou ganham mais e habitantes que ganham menos. Resumindo: o PIB per capita apresenta-nos uma média, mas não apresenta as desigualdades de salários e condições de vida de um país. Por este motivo, foram criados outros dois índices que são muito utilizados na Geografia da População: Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e Índice de Gini. Ambos medem as desigualdades sociais existentes no mundo, buscando o menor viés econômico em suas análises. Nesses índices, são levados em conta outros fatores, como expectativa de vida e escolarização, diferentemente do PIB per capita, que apenas leva em conta a questão da economia. O IDH foi criado pela ONU, no ano de 1990, por Amartya Sen e Mahbiub ul Haq (indiano e paquistanês, respectivamente) e é um índice que varia entre 0 e 1 (para melhor compreendermos, o cálculo realizado pela ONU terá sempre o resultado entre 0 até 1, desta forma, quanto mais próximo do 1, melhor será a qualidade de vida de um país). A ideia inicial na elaboração desse conceito era que ele pudesse mensurar o que o Produto Interno Bruto (PIB) não podia: medir a qualidade de vida da população dos países. Enquanto o PIB demonstra a dimensão econômica que cada um dos países tem, ou seja, denota toda a produção interna bruta de um território, o IDH tenta demonstrar o quanto a população desses países tem acesso a serviços básicos fornecidos pelo Estado. O IDH é calculado com base em três indicadores, resul- tando, assim, numa noção de o quanto a população pode ou não se desenvolver plenamente. São estes três indicadores: ■ Renda. ■ Longevidade. ■ Escolarização. U N ID A D E 1 40 Quem foi Amartya Sen? Indiano, pós-doutorado em Economia e um dos fundadores do Instituto Mundial de Pes- quisa em Economia do Desenvolvimento. Foi o primeiro letrado a receber o Prêmio Nobel de Economia de origem de algum país subdesenvolvido. Dedicou-se, durante toda a dé- cada de 90, às análises do desenvolvimento dos países. Junto com o paquistanês Mahbub ul Haq, criou o Índice de Desenvolvimento Humano, mais conhecido como IDH, índice que busca demonstrar o quanto existe acesso da população de determinados países a insumos básicos, como escola, renda e saúde. Tornou-se tão importante que passou a ser usado pela ONU como o índice oficial para medição de desenvolvimento dos países. Fonte: o autor. explorando Ideias A partir desses indicadores, é possível que tenhamos ideia de o quanto determi- nada sociedade é desenvolvida ou não acerca do bem-estar social. Contudo não devemos confundir o IDH com felicidade, na verdade, o bem-estar da população e sua própria felicidade partem, essencialmente, do casamento entre estes dois elementos: o PIB e o IDH. Assim, ter alto desenvolvimento social e saúde econô- mica positiva pode significar que determinado território é desenvolvido. Figura 15 - Índice de Desenvolvimento Humano no mundo Fonte: Medici (2019). U N IC ES U M A R 41 No quadro a seguir, temos os dados dos dez maiores IDHs do mundo. Esses da- dos foram obtidos, diretamente, do último relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), no qual objetiva-se apresentar os indicadores usados para as aná- lises espaciais de determinados territórios. Esses dados podem ser encontrados a partir da página 32 do relatório, destacando cada um dos indicadores que são utilizados para a composição do IDH. Observe: Dez maiores IDH do Mundo (2018) Ranking País IDH (2018) 1º Noruega 0.953 2º Suíça 0.944 3º Austrália 0.939 4º Irlanda 0.938 5º Alemanha 0.936 6º Islândia 0.935 7º Hong Kong 0.933 8º Suécia 0.933 9º Cingapura 0.932 10º Holanda 0.931 Quadro 5 - Dez maiores Índices de Desenvolvimento Humano do mundo - 2018 Fonte: adaptado de UNDP (2018). Outro índice importante para compreendermos as desigualdades sociais é o de- nominado Índice de Gini. Tal indicador foi criado pelo estatístico italiano Cor- rado Gini, em 1912, o qual, por meio de cálculos complexos, conseguiu mensurar a real desigualdade entre os espaços. Nesse sentido, ele usou os dados de renda individual e a renda total de determinada população. Dessa forma, Conrado Gini estabeleceu uma relação entre 0 e 100, na qual quanto mais próxima do 0 o re- sultado, menos desigual é a distribuição de renda de determinada sociedade, já quanto mais próximo ao 100, maior é a desigualdade na distribuição de renda naquela sociedade. U N ID A D E 1 42 Duas características interessantes entre o Índice de Gini e os outros conceitos de desenvolvimento expressos anteriormente: o Índice de Gini consegue de- monstrar, economicamente, como se dá essa diferença na distribuição de renda, ou seja, demonstra, realmente, a chamada desigualdade social, o que o IDH e o PIB per capita não conseguem. Outro fator interessante é que demonstra que o país não precisa ser rico para ter um Índice de Gini baixo, demonstrando que o problema populacional não é a renda, e sim, a distribuição desta. Poderíamos, aqui, caro(a) aluno(a), falarmos apenassobre os conceitos que envolvem os estudos populacionais. Contudo temos muito o que aprender, ainda, neste livro didático. Desta forma, nos atentaremos a apenas um último conceito, para que, assim, tenhamos esclarecido os principais conceitos que serão utilizados por você, quando professor(a). Esse conceito é o de Expectativa de Vida. Primeiramente, não devemos confundir a Expectativa de Vida com Idade Média de Vida Populacional. Esta é uma média aritmética das idades das pessoas que morreram em determinado país, incluindo mortes por assassinato, acidentes. Expectativa de Vida não inclui tais indicadores, restringindo-se apenas a um cál- culo que leva em conta o acesso à alimentação, ao saneamento básico e à saúde pública, demonstrando o quanto a população de determinado país pode viver em condições normais de vida. Por exemplo, no Brasil, a expectativa de vida, em 2018, segundo o Banco Mun- dial, era de 75,51 anos de idade, ou seja, isso significa que uma criança que nasce no Brasil, em condições normais de vida, se não sofrer nenhum acidente ou vir a ficar enferma por qualquer tipo de doença grave, tende a viver, em média, um pouco mais que 75 anos. Para chegar a este resultado, o Banco Mundial pesquisou uma série de dados da população brasileira, tais como acesso à educação, à saúde, à nutrição, ao saneamento básico, à violência, ao trânsito, entre outros fatores que nos levam a entender como as pessoas falecem. Agora que você já tem bases conceituais dos estudos populacionais, na pró- xima unidade, nos aproximaremos mais das Teorias Demográficas criadas para a compreensão da evolução das populações mundiais. Agora, caro(a) aluno(a), some tudo que aprendeu nesta Unidade 1, desde a distribuição da população até os principais conceitos, passando pelos principais autores da Geografia da População e, leia, atentamente, a próxima unidade, pois, agora, você possui as bases para sua compreensão. U N IC ES U M A R 43 CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir deste ponto, você já possui a base para compreender o que está por vir. Desta forma, aprendemos, nesta unidade, a origem dos estudos populacionais bem como os contextos em que determinados autores viviam e que, consequen- temente, trouxeram como contribuição para a ciência dos estudos populacionais. Além disso, foi possível nos aproximarmos mais das origens e das conse- quências da distribuição mundial da população, apontando os fatores naturais e sociais que fizeram com que a população mundial buscasse, em grande maioria, as regiões temperadas do planeta Terra. Fatores Naturais no sentido de mostrar como clima, vegetação, relevo, disponibilidade de água, entre outros fatores, in- fluem, diretamente, na forma como o ser humano ocupou o mundo. Fatores Sociais no sentido de mostrar que, com o advento do capitalismo, grandes massas populacionais se locomoveram no espaço em busca de melhores oportunidades de ganhos, ou seja, pessoas migraram no intuito de conseguir melhores oportuni- dades de emprego. Aliado a isso, também foi possível observar como existe forte influência da questão econômica na distribuição da população mundial. Ou seja, no geral, existe maior concentração de pessoas em regiões onde as oportunidades de emprego são maiores. Por fim, nesta unidade, fizemos uma introdução dos principais conceitos que norteiam as discussões a respeito da Geografia da População, por meio do levantamento histórico e conceitual de cada uma das categorias que tal ciência abarca. Agora, você, aluno(a), de fato, entrará no âmbito conceitual da Geografia da População, pois, a partir desse momento, você já possui bases para a com- preensão dos fenômenos estudados pelas ciências populacionais. Fique atento(a) às próximas unidades e, se for o caso, revise para que não surjam dúvidas sobre a compreensão do conteúdo. 44 na prática 1. Medir o desenvolvimento é uma das tarefas da Geografia da População. A medição do desenvolvimento pode levar em conta uma série de fatores, tais como PIB e PIB per capita. Nesse sentido, vimos que cada um possui sua importância nas análises. Sendo assim, explique qual a importância do PIB para as análises mundiais explici- tando por que não devemos usar o mesmo como parâmetro de qualidade de vida no mundo. 2. Com base na tabela a seguir dos países fictícios, analise as afirmativas a respeito dos dados da tabela e coloque V para verdadeiro e F para falso. País fictício População Absoluta População Relativa (hab./km²) X 3.000 53 Y 5.000 72 Z 2.500 310 A 10.000 24 ( ) O país X é o mais populoso. ( ) O país A é o mais povoado. ( ) O país Y é mais povoado que o país X, porém é menos populoso. ( ) O país Z é o mais povoado. ( ) O país Z é o mais populoso e o menos povoado. A sequência que contempla, corretamente, as afirmativas é: a) V, V, V, F e F. b) V, V, F, F e F. c) F, F, F, V e F. d) F, F, F, F e V. e) V, F, V, F e V. 45 na prática 3. De acordo com nossos estudos, vimos que existem diferenças conceituais entre diferentes termos. Nesse sentido, explique a diferença existente entre o conceito de populoso e o conceito de povoado. 4. Sabemos que um dos indicadores mais confiáveis para se analisar a qualidade de vida de uma população é o Índice de Desenvolvimento Humano. Este índice nos mostra o quanto determinada população tem a possibilidade de ter acesso aos in- sumos básicos para sobrevivência e exercício da cidadania. Esse índice é calculado por meio de algumas variáveis, dentre elas: a) Número de empregos, chances no mercado de trabalho e qualidade na educação. b) Longevidade, escolarização e renda. c) PIB, acesso à renda, qualidade educacional. d) Mortalidade infantil, acesso à tecnologia e PIB per capita. e) Crescimento vegetativo, mortalidade infantil e escolarização. 5. Os índices que medem o desenvolvimento estão relacionados, diretamente, com a questão da qualidade de vida dos habitantes de determinada localidade. Nesse sentido, podemos dizer que existem muitas diferenças entre os conceitos formula- dos no âmbito da Geografia da População. Nesse sentido, explique a diferença entre conceito do IDH e Índice de Gini. 46 aprimore-se Leia o trecho a seguir extraído de um dos mais novos artigos científicos da Revista Brasileira de Estudos Populacionais, que demonstra métodos de previsão demográ- fica: “Análise e previsão demográfica utilizando matrizes de crescimento e distribui- ção populacional intermunicipal”. Uma das principais demandas por demógrafos advém da necessidade de conhecer o número de pessoas que existirão em deter- minado lugar e tempo futuros. Saber onde, quando e quantos indivíduos existirão é essencial para conhecer o tamanho do mercado consumidor e planejar a oferta de serviços de saúde, educação, transporte, fornecimento de água e luz, coleta de lixo e infraestrutura pública e privada. Avanços científicos no instrumental técnico e teórico para projetar (project) e prever (forecast) a população nos níveis global, nacional, regional e local têm con- tribuído para tornar as estimativas mais precisas e menos subjetivas (STOTO, 1983; PFLAUMER, 1988; LEE, 1992; LEE; TULJAPURKAR, 1994; LUTZ et al., 1999; ALHO; SPEN- CER, 2005; KEYFITZ; CASWELL, 2005). Três desafios, entretanto, ainda permeiam o debate na área de projeções. O primeiro está na dificuldade em se projetar a popu- lação de pequenas e pequeníssimas áreas. Isso se deve à volatilidade do componen- te migratório e à dificuldade em modelá-lo e prevê-lo. O segundo desafio está atrelado à consistência e à integração de projeções fei- tas de maneira separada, mas que representam parte de um todo. Esse é o caso, por exemplo, de projeções populacionais de pequenas áreas que, quando agregadas, fornecem estimativas distintas daquelas realizadas para a área maior da qual fazem parte. Em teoria, esse problema e resolvido por tabelas multiestado, mas, na prática, a aplicação do método é proibitiva quando há muitos estados envolvidos na projeção.Por fim, o terceiro desafio para realizar projeções relaciona-se à incerteza futura e à falta de consenso metodológico para lidar com a mesma. No Brasil, em particu- lar, estes três desafios têm sido pouco investigados. 1. A principal meta desta pes- quisa e contribuir para o debate na área de previsões populacionais, por meio do desenvolvimento e do teste de uma metodologia alternativa para se prever o cresci- mento demográfico dos municípios paulistas. O método sugerido tem a virtude de integrar, consistentemente as projeções de áreas menores e maiores e, ao mesmo tempo, lidar com a incerteza inerente à dinâmica demográfica futura. 47 aprimore-se [...] No Brasil, o método de projeção dominante é o das componentes, que trata, separadamente, a influência da fecundidade, da mortalidade e da migração nas ta- xas de crescimento demográfico. Esse método, desenvolvido por Whelpton (1928) e formalizado por Leslie (1945, 1948), baseia-se no pressuposto de que a desagre- gação do crescimento demográfico em componentes conduz a maior precisão das estimativas populacionais. Tal metodologia, utilizada pelo IBGE, pelo Cedeplar e pela Fundação Seade desde 1970, consiste em observar o comportamento das taxas de fecundidade, mortalida- de e migração e, a partir delas, gerar cenários futuros de crescimento para a área- -alvo a ser projetada. O método possui dois méritos: ser consistente e flexível para lidar com hipóteses alternativas de crescimento e com desagregação por idade, sexo, cor, ou quaisquer outros cortes populacionais de interesse; e ser adaptável, para levar em conta extrapolações e equações estruturais para predizer o compor- tamento das componentes. Essa última prática, entretanto, é pouco usual no Brasil. Por outro lado, o método das componentes demográficas e inapropriado para a estimação populacional de pequenas áreas (por exemplo, municípios), já que, neste nível de análise, as estima- tivas de fecundidade e mortalidade podem se tornar, temporalmente, instáveis e de difícil mensuração (FREIRE; ASSUNÇÃO, 1998; CAVENAGHI et al., 2004). Por isso, a solução adotada por centros e institutos oficiais de pesquisa (tais como o IBGE) consiste em projetar a população para áreas maiores (unidades da federação, por exemplo) e, posteriormente, efetuar distribuição proporcional ou interpelativa para estimar a população das áreas menores (DUCHESNE, 1987; IBGE, 2013, 2016; SMITH et al., 2001; UNITED NATIONS, 1956). No caso da Fundação Seade ([s. d.], p. 1), “o modelo de projeção considerado adota uma hierarquia que parte da projeção para o total do Estado e se desagre- ga em regiões administrativas e municípios”, sem levar em conta as especificida- des das trocas migratórias intermunicipais que, em alguns casos, correspondem a uma parcela significativa do crescimento demográfico. Além disso, o crescimento da 48 aprimore-se subpopulação fica determinado pelo da população total (SZWARCWALD; CASTILHO, 1989). Os modelos, tradicionalmente, usados para as pequenas áreas, como o AiBi (UNITED NATIONS, 1956; MADEIRA; SIMOES, 1972), o método “quase-componente” (HAKKERT, 1985), e o ProjPeq (JANNUZZI, 2007) não captam a inter-relação existente entre pequenas áreas. Para tal, o mais apropriado seria uma abordagem multir- regional, capaz de espelhar as especificidades das trocas populacionais interesta- duais, inter-regionais e, particularmente, intra-regional (BAENINGER; CUNHA, 1996). Como existem diferenças socioeconômicas significativas ao longo do espaço, que tendem a influenciar a dinâmica demográfica de cada área, a previsão populacional a partir do município de residência e justificável, sobretudo, quando o componente migratório possui papel fundamental na dinâmica de crescimento de áreas meno- res. A partir de previsões populacionais multirregionais, consideram-se as hetero- geneidades demográficas espaciais e, supostamente, melhoram-se a qualidade e a precisão das previsões, já que o método assegura consistência entre as projeções dos vários níveis de agregação. Além de considerar as especificidades demográficas de cada região ao permitir que ela tenha suas próprias taxas de crescimento natural e migração, o método multirregional também garante que a projeção das regiões menores será compa- tível e consistente com a projeção esperada para a região maior. Nesse sentido, a modelagem multirregional pode ser entendida como a extensão dinâmica e multidi- mensional do método das componentes. 2. Outro desafio na área de projeções re- fere-se à trajetória futura das componentes que afetam o crescimento demográfico. Fonte: Muniz (2018). 49 eu recomendo! Geografia da População Autor: Pierre George Editora: Difel Ano: 1991 Sinopse: neste livro, Pierre George nos mostra um mapa da dis- tribuição da população mundial no território do planeta Terra. Por meio de levantamentos históricos, tenta dar sentido para a maior parte das grandes migrações ocorridas na sociedade humana. Em busca de respostas que possam mensurar a importância da disciplina para a Geografia, George demonstra dados e exemplos que dão grande subsídios aos leitores que querem compreender mais sobre o tema. Uma excelente obra, que nos dará uma noção de como aspectos sociais, históricos e naturais moldaram a ocupação da raça humana e sua dominação do mundo. livro Central do Brasil Ano: 1998 Sinopse: Dora (Fernanda Montenegro) trabalha escrevendo car- tas para analfabetos, na estação Central do Brasil, Rio de Janeiro. A escrivã ajuda um menino (Vinícius de Oliveira), após sua mãe ser atropelada, a tentar encontrar o pai que nunca conheceu, no interior do Nordeste. A partir deste longa, é possível reconhecer o real papel das migrações para a maior parte da população que necessita se locomover no espaço em busca de melhores condições de vida. É uma história fascinante que não pode deixar de ser contada. filme 50 eu recomendo! O link a seguir apresenta o principal site estatístico do Brasil: o IBGE. O site re- presenta o Órgão Federal denominado Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísti- cas, responsável por todo o serviço estatístico do Brasil desde, pelo menos, 1972, quando realizou o primeiro censo demográfico de sua responsabilidade. Desde então, o órgão se firmou como a principal fonte de dados econômicos, sociais e populacionais do Brasil, sendo referência para muitos artigos científicos e artigos jornalísticos. Inclusive, foi a base utilizada na produção do livro para a disciplina Geografia da População. Vale muito a pena você, caro(a) aluno(a), fazer uma visita e se ambientalizar nesse site, pois ele nos fornece indicadores importantíssimos de referência, que darão muito subsídios para o entendimento das questões popula- cionais do Brasil. https://ibge.gov.br/ conecte-se anotações 2 AS TEORIAS RELACIONADAS À GEOGRAFIA da população PROFESSOR Me. Hugo Santana Casteletto PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Teorias Demográficas Gerais • Teoria Malthusiana • Teoria Neomalthusiana e Teoria Reformista • Teoria da Transição Demográfica. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Identificar, aplicando a realidade, as principais Teorias Demográficas • Apontar as principais caracte- rísticas da Teoria Malthusiana • Apontar as principais diferenças entre a Teoria Neomalthusiana e a Teoria Reformista bem como contextualizar o período de desenvolvimento das mesmas • Identificar as principais fases que compõem a Teoria da Transição Demográfica. INTRODUÇÃO Olá, caro (a) aluno (a), nesta unidade, aprofundaremo-nos ainda mais nos estudos relacionados aos temas da Geografia da População. A partir deste momento, começaremos a colocar em prática aquilo que vimos e aprende- mos na unidade anterior, tanto no que tange ao crescimento vertiginoso da população quanto aos conceitos estudados, por nós, na unidade
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