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EBOOK PROCESSO CIVIL -

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Processo Civil 
Professora Tatiane Kipper 
1ª FASE XXXV EXAME 
01. Teoria Geral dos Recursos
02. Recursos Cabíveis No Novo Código De Processo Civil
03. Do Recurso Adesivo
04. Apelação
05. Agravo De Instrumento
06. Agravo Interno
7. Embargos De Declaração
08. Recurso Ordinário
09. Recurso Especial
10. Recurso Extraordinário
12. Embargos De Divergência
13. Repercussão Geral E Outros Temas De Processo
14. Da Reclamação
15. Incidente De Assunção De Competência/IAC
16. Procedimentos Especiais - Introdução
17. Da Ação De Consignação Em Pagamento
18. Ação Monitória
19. Dissolução Parcial Da Sociedade
20. Embargos de Terceiro
21. Ações Possessórias
22. Ação De Exigir Contas
23. Da Oposição
26. Da Divisão e Demarcação de Terras
27. Restauração de Autos
28. Da Habilitação
29. Do Divórcio, Separação, Extinção da União Estável, Alteração de Regime de Bens de Forma 
Consensual
30. Juizados Especiais Cíveis
 
FASE OAB | XXXV EXAME
Processo Civil 
Prof.ª Tatiane Kipper 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado para a 1ª Fase OAB e deve ser utilizado como um 
complemento para as respectivas aulas. Além disso, recomenda-se que o aluno assista as aulas 
acompanhado da legislação pertinente. 
 
Bons estudos, Equipe CEISC. 
Atualizado em fevereiro de 2022. 
01. Teoria Geral dos Recursos 
Prof.ª Tatiane Kipper 
@profa_tatianekipper 
1.1 Cabimento 
Os recursos são cabíveis quando uma decisão judicial, seja ela interlocutória, seja ela 
definitiva, resolve o mérito ou não, bem como uma decisão oriunda de um acórdão ou 
monocrática não agradar a uma ou a ambas as partes (CHACON, 2020). Ou seja, a parte que 
sucumbiu (perdeu) não satisfeita com o resultado que lhe foi desfavorável poderá tentar rever a 
decisão por meio de um recurso. 
Pode-se concluir que o pressuposto básico para interpor o recurso é a sucumbência, que 
nada mais é do que a desconformidade entre o que foi pedido e o que foi concedido pelo Estado-
juiz. (ARAUJO JUNIOR, 2016) 
 Assim, querendo que a decisão seja revisada, modificada, tanto as partes, o Ministério 
Público, bem como eventuais terceiros poderão submeter a decisão a uma nova apreciação. 
Nesse sentido, entende Medina (2016, p. 1.258): “Consideramos recursos os meios de 
impugnação às decisões judiciais provocados no mesmo processo. Distinguem-se, pois, das 
ações autônomas de impugnação, que constituem nova relação processual”. 
Recurso então é o “meio ou instrumento destinado a provocar o reexame da decisão 
judicial, no mesmo processo em que proferida, com a finalidade de obter-lhe a invalidação, a 
reforma, o esclarecimento ou a integração”. (DIDIER JR.; CUNHA, 2018, p. 111) 
EXEMPLO: parte ingressa com ação pedindo danos morais e materiais, e o juiz condena o 
Réu em danos materiais, somente. Neste caso há sucumbência recíproca e parcial de ambas as 
partes, pois o Autor ganhou os danos materiais e perdeu os danos morais. Já o Réu ganhou a 
parte dos danos morais, mas perdeu os danos materiais. 
 
1.2 Características Dos Recursos 
a. Os recursos não possuem natureza jurídica de ação. Segundo Lourenço (2017, p. 443) 
o recurso surge dentro do mesmo processo em que foi proferida a decisão impugnada. O recurso 
é um meio de impugnação que NÃO instaura processo novo: pelo contrário, o recurso prolonga 
o estado de litispendência, produzindo o chamado efeito obstativo, por formar um obstáculo à 
coisa julgada. Aquele que recorre busca impugnar uma decisão no mesmo processo em que ela 
foi proferida, sendo essa uma das suas características essenciais, capaz de distingui-lo das 
ações autônomas de impugnação. OBSERVAÇÃO: Ação rescisória, que não é recurso, é na 
verdade uma verdadeira ação. 
ATENÇÃO! Lembre-se que o recurso é voluntário e não é de ofício. 
b. O recurso é remédio voluntário, pois depende da manifestação de vontade das partes, 
tratando-se de ônus processual, uma vez que não se dirige ao benefício de outrem, mas, sim, 
ao próprio interesse da parte satisfeita. O recurso é uma manifestação de insatisfação. Ainda, 
não se deve confundir recurso com a remessa necessária, também denominada de reexame 
necessário (art. 496 do CPC), justamente pelo fato de que no reexame necessário inexiste 
voluntariedade, tempestividade características presentes nos recursos. (LOURENÇO, 2017, p. 
442) 
 
c. Além disso, os recursos se diferem das ações autônomas de impugnação de decisões 
judiciais, nas quais se busca a alteração de uma decisão por meio de uma nova relação 
processual, seja porque não existem recursos previstos para a decisão que quer se alterar, seja 
porque a decisão já transitou em julgado, e, assim, não é mais possível recorrer. Como exemplos 
de ações autônomas de impugnação podem ser citados o mandado de segurança e a ação 
rescisória. 
d. Mesmo que haja sentença, se for interposto Recurso não se fala em coisa julgada. 
Somente ocorre coisa julgada quando houver o trânsito em julgado da decisão, ou seja, não for 
mais possível recorrer, não sendo possível mais nenhum recurso ou porque perdeu o prazo para 
recorrer. 
e. De acordo com o NOVO CPC, via de regra, os recursos possuem efeito suspensivo 
automático, ou seja, não suspendem o andamento e os efeitos da decisão recorrida (a apelação 
conforme artigo 1.012 caput terá efeito suspensivo), permitindo a execução fundada em título 
provisório, salvo se a parte requerer que o recurso tenha efeito suspensivo, conforme artigo 995 
e parágrafo único do CPC. 
 
https://soundcloud.com/user-204974449/oab-anual-processo-civil/s-RfAhanxR2p9?in=user-204974449/sets/oab-anual-processo-civil-prof-tatiane-kipper-aula-01/s-7bfL7uvZRjd
 
 
1.3 Da Classificação Dos Recursos 
a) Quanto à extensão da matéria: recurso parcial e recurso total 
Conforme o artigo 1.002 do CPC, a decisão poderá ser impugnada no todo ou em parte. 
Segundo Didier Junior e Cunha (2018, p. 119) recurso parcial é aquele que, em virtude de 
limitação voluntária, não compreende a totalidade do conteúdo impugnável da decisão. Ou seja, 
o recorrente impugna apenas uma parcela ou um capítulo da decisão. Já o recurso total seria 
aquele que abrange todo o conteúdo impugnável da decisão recorrida. 
 
b) Quanto à fundamentação: fundamentação livre e fundamentação vinculada: 
O recurso de fundamentação livre seria aquele em que o recorrente está livre para nas 
razões recursais fazer qualquer tipo de crítica em relação à decisão que está recorrendo, sem 
que isso tenha qualquer influência na sua admissibilidade. Assim, a causa de pedir do recurso 
não estaria delimitada pela lei, podendo o recorrente impugnar a decisão alegando qualquer 
vício. Ex: apelação, agravo de instrumento, recurso ordinário, são exemplos. Já o recurso de 
fundamentação vinculada teria limitação pela lei quanto ao tipo de crítica que se pode fazer 
contra a decisão impugnada. O recurso se caracteriza por ter fundamentação típica. O recurso 
não pode ser utilizado para veicular qualquer espécie de crítica à decisão recorrida. Exemplo: 
embargos de declaração, recurso especial, recurso extraordinário são exemplos. (DIDIER 
JUNIOR; CUNHA, 2018, p. 122) 
 
1.4 Das Decisões Recorríveis 
As decisões recorríveis são as que possuem algum conteúdo decisório, excetuando-se, 
assim, os despachos e os atos meramente ordinatórios. 
Os despachos são irrecorríveis conforme previsão do artigo 1.001 do CPC: “Art. 1.001. Dos 
despachos não cabe recurso”. (BRASIL, 2015) 
Observar nesse sentido o conceito trazido pelo artigo 203 do CPC/15, que estabelece quais 
são os pronunciamentos do juiz: 
 
https://soundcloud.com/user-204974449/oab-anual-processo-575626805/s-I98diJn6oQV?in=user-204974449/sets/oab-anual-processo-civil-prof-tatiane-kipper-aula-01/s-7bfL7uvZRjd
 
Portanto, a sentença hoje possui esse novo conceito no CPC em seu artigo 203, §1º: 
“Pronunciamento do juiz por meio do qual coloca fim à fase cognitiva do procedimentocomum, 
bem como extingue a execução”. 
O fim do processo pode ser com resolução de mérito (art. 487) ou sem resolução de 
mérito (art. 485). 
Já as decisões interlocutórias são decisões no curso do processo por meio das quais o juiz 
resolve questões incidentes, como por exemplo: conceder ou não uma tutela provisória de 
urgência. 
Segundo Didier Junior e Cunha (2018, p. 123) as decisões que podem ser proferidas pelo 
juízo singular são a decisão interlocutória e a sentença. Interlocutória é a decisão que não 
encerra o procedimento em primeira instancia, por sua vez, sentença é a decisão judicial que, 
enquadrando-se em uma das hipóteses do artigo 485 ou 487 do CPC, encerra o procedimento 
na primeira instancia, ultimando a fase de conhecimento ou de execução. 
Em sede de Tribunal, as decisões podem ser classificadas a partir do órgão prolator. Podem 
ser UNIPESSOAIS (monocráticas) ou acórdãos (colegiadas). Ambas as decisões podem ou não 
encerrar o procedimento, não sendo este aspecto que as diferencia; acórdãos e decisões 
unipessoais podem ser interlocutórias e finais. AS DECISÕES UNIPESSOAIS PODEM SER 
PROFERIDAS PELO RELATOR OU PELO PRESIDENTE OU VICE-PRESIDENTE DO 
TRIBUNAL. (DIDIER JUNIOR; CUNHA, 2018, p. 123). 
O artigo 204 do CPC traz o conceito de acórdão: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Constitui o acórdão, portanto, no extrato do julgamento proferido por um órgão colegiado 
dos Tribunais, como por exemplo, uma turma, uma câmara, ETC. 
 
 
 
 
* Para todos verem: esquema 
 
 
 
 
1.5 Dos Objetivos Dos Recursos 
Os recursos podem ser definidos como o meio processual com o objetivo de ANULAR, 
REFORMAR, INTEGRAR ou ACLARAR uma decisão judicial dentro de um mesmo processo, 
evitando que essa decisão seja acobertada pela preclusão ou coisa julgada. (DONOSO; SERAU 
JUNIOR, 2017, p. 33) 
No caso de recorrer com o fim de invalidar uma decisão, o recorrente deve justamente 
apontar um erro procedimental, ou seja, um defeito que ocorreu e que afete a validade da 
decisão. Exemplo: decisão não fundamentada. 
Já quando se requerer a reforma da decisão, neste caso, deverá ser apontado um erro no 
julgamento, ou seja, apontando que não foi dado o melhor julgamento acerca do dispositivo legal 
apontado. 
Porém, o recurso poderá requerer tanto a invalidação da decisão (erros no procedimento, 
por exemplo), bem como a reforma da decisão por erro no julgamento. 
É de se apontar ainda a possibilidade do Recorrente requerer que a decisão omissa, 
contraditória ou obscura tenha o vício sanado. Neste caso, trata-se dos Embargos de declaração. 
Viana (2018, p. 331) apresenta o seguinte resumo: 
a) REFORMA DA DECISÃO: o recurso interposto pela parte vencida tem o objetivo 
de reformar a decisão que considera injusta, por isso pleiteia ao órgão superior que reveja a 
decisão para posterior reforma. 
b) INVALIDAÇÃO DA DECISÃO: neste caso, requer-se ao órgão julgador que a 
decisão seja considerada inválida, pois ela não teria preenchidos os requisitos legais. Trata-se 
de um ataque contra a própria decisão judicial em razão de um vício processual. Se um ato no 
processo foi considerado nulo todos os demais serão, inclusive a sentença que se 
originou de atos processuais nulos. 
Especificando mais, DONOSO e SERAU JUNIOR (2017, p. 70) colocam que quando o 
recurso tem por objetivo a reforma da decisão é porque se está diante de um vício de juízo, 
denominado de ERROR IN JUDICANDO, de natureza substancial e que leva à injustiça do ato 
judicial. Assim, no ERROR IN JUDICANDO teria-se um vício de fundo e não de forma. Exemplo: 
em uma ação de usucapião o pedido é julgado improcedente, embora estejam suficientemente 
provados os requisitos que autorizam o reconhecimento do domínio. Dessa forma, inconformado, 
https://soundcloud.com/user-204974449/oab-anual-processo-575626805/s-I98diJn6oQV?in=user-204974449/sets/oab-anual-processo-civil-prof-tatiane-kipper-aula-01/s-7bfL7uvZRjd
o autor pode apelar justamente pedindo a reforma da sentença, para que se troque a decisão de 
desacolhimento por outra de acolhimento da pretensão. 
Por sua vez, o pedido de anulação ou invalidação tem cabimento sempre que o ato judicial 
haja incorrido em algum vício de atividade, ao que se chama ERROR IN PROCEDENDO. Neste 
caso, a decisão foi prolatada em desconformidade com as normas processuais, devendo ser 
anulada. (ARAUJO JUNIOR, 2016) 
No que tange à integração da decisão é o pedido nos casos para sanar a obscuridade, 
contradição, omissão e erro material. (ARAUJO JUNIOR, 2016) 
 
 
 
1.6 Dos Requisitos De Admissibilidade Dos Recursos 
Os recursos devem preencher alguns requisitos/exigências para que sejam conhecidos e 
possam assim ser julgados. 
Há alguns requisitos que são genéricos, ou seja, aplicáveis a todos os recursos, e há alguns 
requisitos que são específicos, somente atingindo determinado recurso. 
Nesse sentido CHACON (2020, p. 217) esclarece que todo recurso precisa ser admitido 
antes de ter seu mérito apreciado. Os requisitos de admissibilidade são definidos pela legislação 
e pelas normativas dos Tribunais. A verificação do prazo de interposição, o recolhimento de 
custas e do porte de remessa e de retorno, a juntada de peças obrigatórias no agravo de 
instrumento, o apontamento do prequestionamento em recursos perante os Tribunais 
Superiores, etc, são exemplos de pontos que vão ser avaliados antes de o recurso ser admitido. 
É matéria de ordem pública e pode realmente impedir o prosseguimento e análise do recurso. 
A doutrina aponta que os pressupostos de admissibilidade dos recursos é matéria de ordem 
pública, de forma que poderão ser analisadas a qualquer momento pelos órgãos julgadores, 
sendo que não estão sujeitas à preclusão. Há na doutrina uma certa divergência sobre quais são 
os requisitos de admissibilidade dos recursos. Como regra, são apontados os seguintes: 
 
 
 
 
* Para todos verem: esquema 
https://ceisc.com.br/LINK_PODCAST_AQUI
 
 
 
Há justamente quem faça a divisão em requisitos subjetivos ou objetivos. Os subjetivos 
estariam relacionados ao sujeito que recorre e os objetivos ao recurso em si mesmo. (VIANA, 
2018). 
Diante disso, passa-se à análise de alguns dos requisitos de admissibilidade. 
 
 
 
A. Legitimidade Para Recorrer 
De acordo com o artigo 996 do CPC/15, possuem legitimidade para recorrer: as partes 
(vencido, mesmo que parcial), o terceiro prejudicado e o Ministério Público. 
 
 
https://soundcloud.com/user-204974449/oab-anual-processo-civil-prof-tatiane-kipper-requisitos-de-admissibilidade/s-ELqZVhdhWJo?in=user-204974449/sets/oab-anual-processo-civil-prof-tatiane-kipper-aula-01/s-7bfL7uvZRjd
 
 
Quando o artigo 996 do CPC/15 se refere à legitimidade da parte, deve-se entender não só 
o autor ou réu quando saíram vencidos da relação, ou seja, quando não tiveram atendidos os 
seus pedidos, seja total ou parcialmente, mas também os assistentes, denunciados, chamados, 
o litisconsorte, ou seja, aqueles que integraram a relação processual. (ARAUJO JUNIOR, 2016) 
Da mesma forma menciona Viana (2018) que quem participou da relação processual tem 
legitimidade para recorrer, isto é, as partes, bem como os intervenientes e o Ministério Público. 
O terceiro prejudicado também possui legitimidade para recorrer, quando os efeitos da sentença 
vierem a atingi-lo. 
Assim, terceiro prejudicado é uma pessoa estranha ao processo, isto é, que não fazia parte 
da relação processual, mas que de alguma forma é atingida pela decisão judicial. EXEMPLO: 
(adquirente de direito material litigioso, fiador, avalista, etc). (ARAUJO JUNIOR, 2016) 
O terceiro para recorrer deve demonstrar o nexo entre o seu interesse de recorrer e a 
decisão, ou seja, sobre a possibilidade de a decisão atingir direito que afirma ser titular ou que 
possa discutir em juízo como substituto processual. 
É de se destacar, ainda, que conforme DIDIER JUNIOR e CUNHA (2018, p. 137) no 
conceitode parte vencida também se inclui o sujeito processual que é parte em apenas de alguns 
incidentes, como exemplo: o juiz no caso da arguição de impedimento e suspeição, o terceiro 
desobediente, no caso da multa do artigo 77, §2º do CPC. 
E se o recurso for interposto por uma pessoa fora das hipóteses do artigo 996 do CPC? O 
recurso não será conhecido, diante da falta de legitimidade. 
Então, possuem legitimidade para recorrer: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
* Para todos verem: esquema 
 
 
B. Interesse Recursal 
Tem interesse recursal a pessoa legitimada que precisa alterar/invalidar a decisão 
impugnada. 
A sucumbência pode ser total ou parcial. Exemplo de sucumbência total: autor ingressa 
com ação de reparação de danos materiais e morais, sendo que o juiz julga totalmente 
improcedente a ação. Neste caso o autor foi sucumbente de forma total, pois perdeu ambos os 
pedidos, seja de dano moral, seja de dano material. Agora, caso o juiz julgasse parcialmente 
procedente a ação, condenando em danos materiais, mas não em morais, há uma sucumbência 
parcial, pois, o autor ganhou os danos materiais, mas perdeu os danos morais. 
Seria, portanto, o prejuízo sofrido pela parte com a decisão, nascendo daí a necessidade 
de recorrer. Por isso que o terceiro prejudicado deve demonstrar que seu direito foi atingido ou 
que pode recorrer como substituto processual, conforme o parágrafo único do artigo 996 do CPC. 
Nesse sentido, estabelece ARAUJO JUNIOR (2016, p. 22) que independente de quem seja 
o recorrente, deve ser demonstrado o seu interesse recursal, devendo demonstrar a ocorrência 
do binômio utilidade e necessidade: utilidade da providencia judicial pleiteada e necessidade da 
via que se escolhe para obter essa providencia. 
Haveria, assim, interesse em recorrer quando o recorrente puder esperar, em tese, do 
julgamento do recurso situação jurídica e pragmaticamente mais vantajosa que aquela conferida 
na decisão que está recorrendo, quando seja necessário utilizar do recurso para alcançar esse 
objetivo. Essa concepcção abrangente tem a vantagem de considerar interesse recursal não 
apenas quando o que se pediu não foi concedido, mas também quando embora vencedora a 
parte tem perspectiva de melhorar sua situação jurídica. (MEDINA, 2016) 
Dessa forma, a sucumbência é vista como a desconformidade entre aquilo que foi pedido 
e aquilo que foi concedido na decisão judicial. 
 
 
 
 
 
 
* Para todos verem: esquema 
 
 
 
C. Inexistência De Fato Impeditivo 
A inexistência de fato impeditivo significa que não pode o interessado em recorrer praticar 
qualquer ato incompatível com a vontade de recorrer, tal como a renúncia ao direito de recorrer, 
a aceitação da decisão ou a desistência. 
Diz-se, portanto, que se trata de um requisito negativo, pois não podem estar presentes. 
 
* Para todos verem: esquema 
 
 
 
Renúncia ao direito de recorrer deve ser expressa e somente poderá ocorrer antes de 
interposto o recurso. Além disso, é considerada negócio jurídico unilateral e não depende da 
aceitação da outra parte, conforme dispõe o artigo 999 do CPC/15: 
 
 
 
Viana (2018, p. 336) considera que pode haver duas espécies de renuncia: a tácita e a 
expressa. A expressa quando a parte peticiona, consignando seu desejo que não irá recorrer. Já 
a tácita decorreria da simples decadência do prazo recursal, ou seja, a parte deixa fluir o prazo 
do recurso sem interpor; 
A desistência ocorre quando a parte recorreu, mas posteriormente decide desistir, ou seja, 
não continuar mais com o recurso interposto. 
A desistência pode ocorrer a qualquer momento do processo, mas a desistência não 
impede a análise da questão quando se trata de repercussão geral e julgamento de recursos 
especiais ou extraordinários repetitivos (Führer e Führer, 2016, p. 194). 
Para desistir do recurso não há necessidade de concordância da parte contrária, conforme 
previsão do artigo 998 do CPC/15: 
 
 
 
 
 Observar ainda, que a desistência do recurso não impede a análise de questão, cuja 
repercussão geral já tenha sido reconhecida, bem como, daquela objeto de julgamento de 
recursos (extraordinário ou especial) repetitivos, consoante prevê o parágrafo único do artigo 998 
do CPC. 
Conforme destacam DIDIER JUNIOR e CUNHA (2018, p. 125): “A desistência pressupõe 
recurso já interposto; se o recurso ainda não foi interposto, e o interessado manifesta vontade 
de o não interpor, o caso é de renúncia”. 
A concordância com a decisão significa que a parte aceitou a decisão, sendo que essa 
aceitação pode ser expressa (por meio de uma petição) ou tácita, por meio de ato incompatível 
com a vontade de recorrer. Neste caso, cabe verificar a previsão do artigo 1.000 do CPC/15: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
* Para todos verem: esquema 
 
 
 
D. Recorribilidade Da Decisão 
Como dito anteriormente, nem todo pronunciamento do juiz vai ser passível de recurso. 
Consoante previsão do CPC, em seu artigo 1.001, dos despachos não cabe recurso. 
Observar ainda que nem toda decisão interlocutória será passível de impugnação por meio 
de Agravo de instrumento. 
Para o recurso ser admitido, portanto, a decisão deve ser passível de recurso. Podem ser 
apontadas as seguintes decisões recorríveis: 
* Para todos verem: esquema 
 
 
 
 
E. Adequação 
O recurso interposto deve ser o adequado. A adequação significa que o recurso interposto 
deve ser aquele previsto na lei para a decisão atacada. EXEMPLO: da sentença cabe apelação 
e não Agravo de Instrumento. 
Da mesma forma, no âmbito dos tribunais, se diferencia o recurso se a decisão é 
monocrática, ou seja, proferida por apenas um relator, ou se a decisão é proferida por um órgão 
colegiado. Caso haja situação que justifica a dúvida sobre a natureza do provimento jurisdicional, 
se admite a fungibilidade dos recursos, permitindo que o juiz receba um recurso por outro, a 
depender do caso. 
Segundo Medina (2016) não cabe recurso quando o pronunciamento é irrecorrível e 
também no caso de embora ser recorrível a parte interpõe recurso inadequado contra a decisão. 
 
F. Tempestividade 
O legitimado a recorrer não pode interpor o recurso quando quiser, deve obedecer aos 
prazos estabelecidos na lei. O recurso interposto fora do prazo é considerado intempestivo, não 
sendo conhecido. No CPC/15, QUASE TODOS os recursos possuem prazo de 15 dias para 
serem protocolados, conforme previsão do §5º do artigo 1.003 do CPC: 
 
 
Ou seja, a EXCEÇÃO é no caso dos Embargos de Declaração, cujo o prazo para o recurso 
é de 05 dias. Cuidar também o prazo do Recurso Inominado no JEC que é 10 dias. O prazo é 
fatal e peremptório. Tratando-se de prazos fixados em dias, contam-se apenas os dias úteis, 
de acordo com o CPC/15. 
➔ CUIDAR QUE O ARTIGO 231 FOI MODIFICADO PELA LEI 14.195/2021. 
PRAZO DOS RECURSOS: 
* Para todos verem: esquema 
 
 
 
 
Caso seja hipótese de feriado local o que acaba por modificar o prazo final do recurso, o 
recorrente deverá comprovar a sua ocorrência, através de lei ou portaria do Tribunal sobre o 
referido feriado, quando da interposição do recurso. 
De acordo com o caput do artigo 1.003 do CPC/15, o início do prazo para interposição de 
recurso conta-se da data em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia 
Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão. Ou seja, a 
intimação será do advogado e não da parte, isso porque é o advogado quem deverá praticar o 
ato em nome da parte, ou seja, interpor o recurso. 
Conforme aduz Medina (2016, p. 1284) os critérios devem ser levados em consideração 
para se contar o final do prazo para a interposição do recurso, nada impedindo que, tendo a parte 
ciência da decisão, interponha o recurso antes de publicada a decisão. 
O §1º do artigo 1.003 por sua vez, estabelece que as partes serão intimadas no próprio ato 
quando a decisão for proferida emaudiência. 
É de se apontar ainda a questão do prazo em dobro: 
 
 
 
 
* Para todos verem: esquema 
 
 
 
 
 
Da mesma forma, consoante previsão do §3º do artigo 186, os escritórios de prática jurídica, 
bem como as entidades que prestam assistência jurídica gratuita em razão de convênios com a 
Defensoria Pública também possuem prazo em dobro. 
Por fim, de acordo com o artigo 229 do CPC/15, há prazo em dobro também na hipótese 
de litisconsorte com advogados pertencentes a escritório de advocacia diferentes, desde que 
não sejam autos eletrônicos nesta situação: 
Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia 
distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer 
juízo ou tribunal, independentemente de requerimento. 
§ 1º Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas 2 (dois) réus, é oferecida 
defesa por apenas um deles. 
§ 2º Não se aplica o disposto no caput aos processos em autos eletrônicos. (BRASIL, 
2015) 
 
O terceiro prejudicado possui o mesmo prazo para recorrer que a parte. 
Além disso, de acordo com a previsão do § 2º do artigo 1.003 que diz que “aplica-se o 
disposto no art. 231, ao prazo de interposição de recurso pelo réu contra decisão proferida 
anteriormente à citação”, deve ser observado o seguinte: o prazo para interposição do recurso 
pelo réu contra uma decisão que foi proferida antes mesmo da sua citação deve observar a 
previsão dos incisos I a VI do artigo 231 do CPC, tendo, portanto, como marco inicial o seguinte: 
Art. 231. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do começo do prazo: 
I - a data de juntada aos autos do aviso de recebimento, quando a citação ou a intimação 
for pelo correio; 
II - a data de juntada aos autos do mandado cumprido, quando a citação ou a intimação 
for por oficial de justiça; 
III - a data de ocorrência da citação ou da intimação, quando ela se der por ato do escrivão 
ou do chefe de secretaria; 
IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz, quando a citação ou a intimação 
for por edital; 
V - o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação ou da intimação ou ao término do prazo 
para que a consulta se dê, quando a citação ou a intimação for eletrônica; 
VI - a data de juntada do comunicado de que trata o art. 232 ou, não havendo esse, a data 
de juntada da carta aos autos de origem devidamente cumprida, quando a citação ou a 
intimação se realizar em cumprimento de carta; 
VII - a data de publicação, quando a intimação se der pelo Diário da Justiça impresso ou 
eletrônico; 
VIII - o dia da carga, quando a intimação se der por meio da retirada dos autos, em carga, 
do cartório ou da secretaria. 
IX - o quinto dia útil seguinte à confirmação, na forma prevista na mensagem de citação, 
do recebimento da citação realizada por meio eletrônico. (Incluído pela Lei nº 14.195, de 
2021) 
 (BRASIL, 2015) 
 
 
 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14195.htm#art44
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14195.htm#art44
 
 
O artigo 1.004 do CPC estabelece que: 
 
Se, durante o prazo para a interposição do recurso, sobrevier o falecimento da parte ou 
de seu advogado ou ocorrer motivo de força maior que suspenda o curso do processo, 
será tal prazo restituído em proveito da parte, do herdeiro ou do sucessor, contra quem 
começará a correr novamente depois da intimação. (BRASIL, 2015) 
 
 
G. Custas (preparo e porte de remessa e de retorno) 
O preparo recursal significa o recolhimento das custas e despesas processuais referentes 
ao processamento do recurso, consistindo, ainda, no pagamento de taxa pela prestação do 
serviço jurisdicional. 
No caso do porte de remessa e de retorno é o pagamento referente à despesa de 
encaminhamento do recurso aos órgãos julgadores, sendo que se o processo for eletrônico é 
dispensado o recolhimento, conforme previsão do §3º do artigo 1.007 do CPC/15. 
Assim, cabe ao recorrente quando da interposição do recurso comprovar o recolhimento do 
preparo recursal, juntado as guias de recolhimento. Caso haja o recolhimento errado do preparo, 
bem como do porte de remessa e de retorno, o recorrente deve ser intimado na pessoa do seu 
advogado para completa-lo no prazo de 05 dias. 
Caso não tenha recolhido nada, a parte será intimada, também na pessoa do seu advogado 
para o recolhimento em dobro. 
 
 
Observar que existem aqueles que estão isentos, tais como a Fazenda Pública, as partes 
assistidas pela Defensoria Pública, bem como os beneficiários da Justiça Gratuita, pelo Ministério 
Público. Previsão do artigo 1.007 do CPC/15: 
Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido 
pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, 
https://soundcloud.com/user-204974449/oab-anual-processo-civil-marco-inicial-recurso-interposto-pelo-reu-antes-da-citacao/s-L8AX0rSQLJ4?in=user-204974449/sets/oab-anual-processo-civil-prof-tatiane-kipper-aula-01/s-7bfL7uvZRjd
sob pena de deserção. 
 § 1º São dispensados de preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, os recursos 
interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal, pelos Estados, pelos 
Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal. 
§ 2º A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, implicará 
deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no 
prazo de 5 (cinco) dias. 
§ 3º É dispensado o recolhimento do porte de remessa e de retorno no processo em autos 
eletrônicos. 
§ 4º O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o recolhimento 
do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na pessoa de seu 
advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção. 
§ 5º É vedada a complementação se houver insuficiência parcial do preparo, inclusive 
porte de remessa e de retorno, no recolhimento realizado na forma do § 4o . 
§ 6º Provando o recorrente justo impedimento, o relator relevará a pena de deserção, por 
decisão irrecorrível, fixando-lhe prazo de 5 (cinco) dias para efetuar o preparo. 
§ 7º O equívoco no preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da pena 
de deserção, cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o 
recorrente para sanar o vício no prazo de 5 (cinco) dias. (BRASIL, 2015) 
 
OBSERVAR: 
* Para todos verem: quadro esquemático 
No ato de interposição Comprovar o preparo, inclusive de 
porte de remessa e retorno 
Insuficiência do valor do preparo, 
inclusive de ponte de remessa e retorno 
Deserção: se o recorrente, intimado na 
pessoa de seu advogado, não surprir 
no prazo de 05 dias 
Se não houver a comprovação do 
recolhimento do preparo, inclusive de 
porte de remessa e retorno 
Será intimado, na pessoa de seu 
advogado, para recolher em dobro sob 
pena de deserção, - caso não recolha 
em dobro, poderá suprir; 
 
 
 
H. Forma 
Os recursos devem ser interpostos de acordo com a forma prevista em lei. EXEMPLO: no 
caso da Apelação, deve haver a petição de interposição ao juiz de primeiro grau que proferiu a 
https://soundcloud.com/user-204974449/oab-anual-processo-civil-prof-tatiane-kipper-insuficiencia-e-nao-comprovacao-do-preparo/s-mTNrMBeTxyp?in=user-204974449/sets/oab-anual-processo-civil-prof-tatiane-kipper-aula-01/s-7bfL7uvZRjd
sentença já acompanhada com as razões dirigida ao Tribunal. Outro EXEMPLO, é no que se 
refere ao Agravo de Instrumento que exige a juntada de certas cópias obrigatórias. 
Conforme aduzem Donoso e Serau Junior (2017, p. 108) a regularidade formal significa que 
o recurso interposto deve obedecer às regras formais de imposição exigidas pela legislação 
especificamente para cada recurso. 
Algumas regras formais são comuns a todos recursos.Como exemplo, a exigência de que 
o recurso seja interposto na forma escrita, utilizando-se a língua portuguesa. (DONOSO; SERAU 
JUNIOR, 2017, p. 108) 
 
 
I. Motivação 
A motivação é a exposição das razões ao qual o Recorrente deve trazer em sede recursal 
com o fim de modificar a decisão recorrida, sendo pressuposto de admissibilidade e deve ser 
apresentada junto com a petição de interposição. 
O recorrente deve trazer os motivos pelos quais entende que a decisão está errada e 
merece ser alterada/invalidada. (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 108) 
 
J. Do Juízo De Admissibilidade Dos Recursos 
O juízo de admissibilidade significa que o recurso precisa ser admitido antes de ter o seu 
mérito analisado pelo Tribunal ad quem. 
Portanto, seria um controle exercido pelo órgão jurisdicional a fim de verificar se o recurso 
preenche os requisitos de admissibilidade. 
Se não forem preenchidos os requisitos de admissibilidade, o recurso pode não ser 
admitido, ou seja, não ter o seu seguimento e não haver a análise do mérito do recurso. 
Fala-se assim nas seguintes expressões: 
a) Caso o recurso não preencha os requisitos/pressupostos de admissibilidade ele 
não será conhecido, não será admitido, negado o seu seguimento. 
b) Caso o recurso preencha os requisitos ele vai ser conhecido (admitido, recebido), para 
então analisar o mérito recursal sendo provido ou improvido. 
* Para todos verem: esquema 
 
 
 
O recorrido poderá na resposta ao recurso manifestar-se acerca dos pressupostos 
recursais, justamente para que o recurso interposto não seja conhecido. 
 
Observação: cuidar se a decisão já transitou em julgado não tem como interpor o recurso. 
01. Exame XXXI Em um processo em que Carla disputava a titularidade de um apartamento 
com Marcos, este obteve sentença favorável, por apresentar, em juízo, cópia de um contrato de 
compra e venda e termo de quitação, anteriores ao contrato firmado por Carla. A sentença 
transitou em julgado sem que Carla apresentasse recurso. Alguns meses depois, Carla descobriu 
que Marcos era réu em um processo criminal no qual tinha sido comprovada a falsidade de vários 
documentos, dentre eles o contrato de compra e venda do apartamento disputado e o referido 
termo de quitação. Carla pretende, com base em seu contrato, retornar a juízo para buscar o 
direito ao imóvel. Para isso, ela pode 
A) interpor recurso de apelação contra a sentença, ainda que já tenha ocorrido o trânsito 
em julgado, fundado em prova nova. 
B) propor reclamação, para garantir a autoridade da decisão prolatada no juízo criminal, 
e formular pedido que lhe reconheça o direito ao imóvel. 
C) ajuizar rescisória, demonstrando que a sentença foi fundada em prova cuja falsidade 
foi apurada em processo criminal. 
D) requerer cumprimento de sentença diretamente no juízo criminal, para que a decisão 
que reconheceu a falsidade do documento valha como título judicial para transferência da 
propriedade do imóvel para seu nome. 
 
 
GABARITO: LETRA C 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.7 Dos Princípios Dos Recursos 
Os recursos são orientados por alguns princípios específicos. O que não afasta a incidência 
de outros princípios processuais gerais como o da isonomia, contraditório, etc. (DONOSO; 
SERAU JUNIOR, 2017, p. 41) 
 
 
A. Princípio do Duplo Grau de Jurisdição: 
O princípio do duplo grau de jurisdição confere a possibilidade de uma causa ser decidida 
ao menos por dois órgãos diferentes do Poder Judiciário. Com isso, tem-se a concepção de que 
uma decisão que foi proferida pelo órgão a quo (ou seja, o juízo inferior) seja revista pelo órgão 
ad quem (juízo superior), de forma a evitar o abuso de poder por parte do julgador, bem como 
em razão da falibilidade humana (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 42) 
Porém, “não se trata de princípio absoluto, todavia. De fato, não só há decisões irrecorríveis 
no nosso sistema, como também, em algum momento, determinada decisão judicial deve ser a 
última do processo, pois, do contrário, esse jamais teria fim, rompendo com o próprio objetivo da 
jurisdição”. (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 42) 
Ensinam Donoso e Serau Junior (2017, p. 43) que em alguns casos o duplo grau acaba 
sendo mitigado, como naquelas situações em que se permite expressamente a chamada 
supressão de instancia, ou seja, situações em que o próprio Tribunal aprecia de forma imediata 
https://ceisc.com.br/LINK_VIDEO_AQUI
determinada matéria que não foi apreciada pela instância inferior, como por exemplo no caso 
dos §§3º e 4º do art. 1.013 do CPC: 
 
 
 
B. Princípio da Taxatividade: 
Somente seriam recursos aqueles previstos na lei. As partes não poderiam criar algum 
recurso. 
Assim, o ordenamento jurídico não deixa para as partes a autonomia de criarem os meios 
para impugnar as decisões que forem proferidas, nem mesmo decorrente do negócio jurídico 
processual. (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 44) 
 
C. Princípio da Unirrecorribilidade ou Singularidade: 
Pelo princípio da singularidade ou unirrecorribilidade caberá por cada parte que recorrer 
um recurso, o adequado. Isso não impede que ambas as partes recorram da mesma decisão 
caso ambas estejam insatisfeitas com a decisão e tenham o respectivo interesse recursal. 
Nesse sentido, DIDIER JUNIOR e CUNHA (2018, p. 135) de acordo com a regra da 
unicidade, unirrecorribilidade ou singularidade não seria possível a interposição simultânea de 
dois recursos contra a mesma decisão, pois para cada caso há um recurso adequado. Logo, 
ressalvadas as exceções, a interposição de mais de um recurso pela mesma parte contra uma 
mesma decisão implica inadmissibilidade do recurso interposto por último. Destaca situações 
dignas de nota, sendo que uma delas é justamente que contra acórdão objetivamente complexo 
(mais de um capítulo) é possível imaginar o cabimento simultâneo do recurso especial e do 
recurso extraordinário. 
Ou seja, neste caso, por exemplo, se o acórdão proferido pelo TJ ferisse tanto lei federal 
quanto norma constitucional teriam que ser interposto o recurso especial para a parte que fere a 
lei federal e o recurso extraordinário para a parte que fere a norma constitucional, constituindo, 
portanto, um exemplo de exceção à regra. 
 
 
D. Princípio da Proibição da Reformatio In Pejus: 
Se somente uma parte recorrer não pode no recurso ser piorada sua situação. Pode 
melhorar ou simplesmente não mudar nada, mas piorar não pode. 
Ex: Autor ingressa com a ação pleiteando 50 mil reais a título de danos materiais. Após o 
transcurso do processo, o juiz julga parcialmente procedente o pedido do Autor, condenando o 
Réu em 30 mil reais. Se apenas o Autor apelar para majorar a condenação de R$ 30 mil reais 
para R$ 50 mil reais conforme requerido na Inicial, o Tribunal pode não majorar para o valor de 
R$ 50 mil reais, pode não alterar nada, mas não pode piorar a situação do Autor se somente ele 
recorreu, afastando os danos materiais que já teriam sido concedidos pelo juiz de primeiro grau. 
Um exemplo também é apontado por DONOSO E SERAU JUNIOR (2017, p. 48): “A 
promove ação judicial em face de B, do qual busca indenização equivalente a R$ 100.000,00 
(cem mil reais). Em sentença, há parcial procedência do pedido, condenando o réu B ao 
pagamento de indenização de R$ 65.000,00 (sessenta e cinco mil reais). Inconformado com a 
condenação, mesmo que parcial, o réu B interpõe recurso de apelação. Ao julgar tal recurso, no 
entanto, o tribunal terá dois caminhos apenas. O primeiro deles é acolher o recurso do réu 
(apelante) para reduzir ou afastar completamente a condenação. O segundo é manter a decisão, 
que condenou ao pagamento de indenização de R$ 65.000,00 (sessenta e cinco mil reais). Não 
poderá, em hipótese alguma, majorar a indenização, ainda que entenda que sua fixação ficou 
aquém do adequado. 
Nesse sentido explicam DIDIER JUNIOR E CUNHA (2018, p. 169)que se somente um 
litigante parcialmente vencido interpor recurso da decisão, a parte dessa que lhe foi favorável 
transitará normalmente em julgado, não sendo lícita ao órgão ad quem exercer sobre ela 
atividade cognitiva, muito menos retirar, no todo ou em parte a vantagem que foi obtida 
anteriormente com o julgamento pelo grau inferior. 
Destaca-se, ainda, que conforme DONOSO E SERAU JUNIOR (2017, p. 49) uma exceção 
que a doutrina costuma apontar ao princípio da proibição da reformatio in pejus é aquela ligada 
às matérias que devem ser conhecidas de ofício pelo órgão julgador, como é o caso, por 
exemplo, das condições da ação e da prescrição, dentre outros. Mas, segundo os autores, é de 
se reconhecer que o que se opera aqui não é efetivamente o efeito devolutivo, mas sim o efeito 
translativo dos recursos. 
 
E. Princípio da Fungibilidade: 
A regra nos recursos é de que tem que ser interposto o recurso adequado, sob pena do 
recurso que foi interposto de forma errada não ser admitido, não ser julgado. Porém, pelo 
princípio da fungibilidade um recurso poderia ser recebido como outro. No entanto, isso é 
exceção. 
Conforme DONOSO e SERAU JUNIOR (2017, p. 46) tal princípio, em determinadas 
condições, permite que um recurso possa ser recebido como se fosse outro, sem que isso 
acarrete julgamento extra ou ultra petita. A fungibilidade seria exceção ao cabimento recursal, 
afastando, assim, a correspondência. Partiria da premissa que podem existir dúvidas sobre qual 
o recurso cabível, apesar de o legislador tentar deixar claro. 
Sobre o referido princípio destacam DONOSO E SERAU JUNIOR (2017, p. 46): 
Fundada em outro princípio – o da instrumentalidade das formas (art. 283 do CPC), ligado 
à teoria geral do processo – a fungibilidade era expressamente prevista no CPC de 1939 
(art. 810), mas não no CPC de 1973, embora não houvesse dúvidas de sua aplicação, 
desde que atendidos certos requisitos. No CPC de 2015, pode-se dizer que existem 
previsões específicas de aplicação da fungibilidade recursal, o que não afasta a sua 
incidência em casos não específicos, mas desde que os tais requisitos estejam presentes. 
(...) 
 
Exemplos de previsões do princípio da fungibilidade segundo DONOSO E SERAU JUNIOR 
(2017, p. 46-47): 
A fungibilidade entre os embargos de declaração e o agravo interno, conforme artigo 1024, 
§3º do CPC: “O órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração como agravo interno se 
entender ser este o recurso cabível, desde que determine previamente a intimação do recorrente 
para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las às 
exigências do art. 1.021, § 1º do CPC”. (BRASIL, 2015) 
Ainda, segundo DONOSO e SERAU JUNIOR (2017, p. 47) ainda que fora destas hipóteses 
legalmente previstas, se preenchidos determinados requisitos, pode haver a aplicação da 
fungibilidade. Estes requisitos seriam basicamente, DÚVIDA OBJETIVA SOBRE QUAL O 
RECURSO CABÍVEL, de modo que não será aplicada a fungibilidade se houver erro grosseiro 
do recorrente. 
 
 
 
 
 
 
1.8 Dos Efeitos Dos Recursos 
Os efeitos gerados pelos Recursos são determinados pela Lei e não pelo julgador. 
Um dos primeiros efeitos que se pode apontar dos recursos é o adiamento da coisa julgada. 
Ou seja, quando o recurso for interposto, tal interposição impossibilita o transito em julgado da 
decisão, conforme previsão do artigo 502 do CPC: 
 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art1021%C2%A71
https://ceisc.com.br/LINK_PODCAST_AQUI
 
A) Efeito Devolutivo 
 Significa a devolução da matéria impugnada ao Tribunal ad quem. Assim, via de regra, os 
recursos consistem no encaminhamento do conhecimento da matéria impugnada ao Tribunal ad 
quem. 
Além disso, de acordo com o princípio da proibição da reformatio in pejus não poderá o 
tribunal piorar a situação do recorrente, de forma que somente poderá conhecer a matéria que 
foi impugnada. 
No que tange ao referido efeito (MEDINA, 2016, p. 1299) menciona que se usa a “expressão 
‘efeito devolutivo’ para designar esse efeito do recurso, consistente em submeter ao órgão que 
o julgará o conhecimento da matéria impugnada”. 
Sobre o efeito devolutivo ARAÚJO JUNIOR estabelece que: 
Comum a todos os recursos, o “efeito devolutivo” consiste na transferência para o juízo ad 
quem do conhecimento de toda a matéria impugnada e, por óbvio, no limite da impugnação 
(tantum devolutum quantum apellatum), consoante norma do art. 1002 do CPC, que 
declara que “a decisão pode ser impugnada no todo ou em parte”. Destarte, o juízo ad 
quem não pode piorar a situação do recorrente, princípio da proibição da reformatio in 
pejus, dado que só pode conhecer a matéria efetivamente impugnada, dando ou negando 
provimento à pretensão. (ARAUJO JUNIOR, 2016, p. 27) 
 
Como um dos exemplos de exceção à regra geral, aponta-se um dado por ARAUJO 
JUNIOR (2016, p. 27) como os embargos de declaração, pois estes DEVOLVEM O 
CONHECIMENTO DA MATÉRIA PARA O PRÓPRIO JUÍZO PROLATOR DA DECISÃO 
IMPUGNADA (art. 1.023 do CPC). 
Assim, via de regra, os recursos possuem o efeito devolutivo de forma que o conhecimento 
da matéria é devolvido novamente ao Judiciário com o fim de confirmar ou reformar a decisão 
impugnada. Führer e Führer apontam ainda que de regra a devolução é ampla possibilitando o 
juízo ad quem o conhecimento de toda matéria impugnada (2016, p. 192). 
Observar que os Embargos de declaração não possuem o efeito de transferir o 
conhecimento da matéria ao Tribunal ad quem, pois devolvem o conhecimento da matéria 
impugnada para o próprio órgão que proferiu a decisão. 
O Agravo de Instrumento também merece observação especial, pois permite o juízo de 
retratação pelo órgão julgador, e caso haja essa retratação, vai impedir o exame da matéria pelo 
tribunal ad quem. 
 
B) Efeito suspensivo 
 Significa que a decisão seja cumprida enquanto o recurso não for julgado. No novo CPC, 
com exceção da Apelação, os demais recursos como regra NÃO POSSUEM O EFEITO 
SUSPENSIVO. Verificar a previsão do artigo 987, §1º quando o recurso especial e extraordinário 
terão efeito suspensivo do julgamento do incidente de resolução de demandas repetitivas. 
Porém, poderá ser requerido o efeito suspensivo com base no parágrafo único do art. 
995 do CPC. 
Segundo Medina (2016, p. 1307) o efeito suspensivo impede a produção de forma imediata 
dos efeitos da decisão, situação que, em princípio perduraria até o julgamento do recurso 
interposto, de forma que com o efeito suspensivo, ocorre a inexequibilidade imediata da decisão. 
Portanto, alteração em relação ao CPC antigo, pois no novo CPC, a regra é que os recursos 
não impedem a eficácia da decisão, de acordo com o artigo 995: 
 
 
 
▪ Quais os requisitos para ser atribuído o efeito suspensivo aos recursos, conforme o 
parágrafo único do artigo 995 do CPC? 
* Para todos verem: esquema 
 
 
 
 
C) Efeito Translativo 
Significa a possibilidade do Tribunal ad quem reavaliar questões de ordem pública, de 
ofício. 
 
 
D) Efeito expansivo 
Significa a possibilidade de em alguns casos o Tribunal ad quem determinar que a decisão 
do recurso atinja partes que não recorreram da decisão. Da mesma forma, o efeito expansivo 
permite que o julgamento do recurso abranja outros pedidos do processo que não foram objeto 
de impugnação, mas que guardam alguma relação, tais como os pedidos subsidiários ou 
alternativos. 
Nesse sentido, Medina (2016, p. 1305) coloca que o efeito expansivo pode ser objetivo 
(interno ou externo) ou subjetivo. Ocorre o “efeito expansivo subjetivo quando o recurso 
interposto por apenas um dos litisconsortes é provido e, no caso, aplica-se o regime da 
unitariedade, ainda que apenas em relação a uma determinada questão ou fundamento (cf. art. 
1.005 do CPC/2015)”. 
A previsão do art. 1.005 do CPC é a seguinte: 
 
 
 
 
https://ceisc.com.br/LINK_PODCAST_AQUIE) Efeito Regressivo 
Significa a possibilidade de o próprio juízo a quo reconsidere a decisão impugnada. 
EXEMPLO: juízo de retratação no Agravo de Instrumento. 
A apelação de regra não terá o efeito regressivo, salvo nas hipóteses dos artigos 331 do 
CPC (Indeferimento da Petição Inicial), Improcedência liminar do pedido (artigo 332 do CPC) e 
quando houver extinção do processo sem resolução de mérito (art. 485, §7º do CPC). 
 
 
F) Efeito Substitutivo: 
Uma vez julgado o mérito do recurso, a decisão recorrida é substituída na sua extensão de 
acordo com o que foi modificado pelo Tribunal. (MEDINA, 2016, p. 1304) 
Na concepção de LOURENÇO (2017, p. 474) o artigo 1.008 do CPC estabelece que o 
julgamento do recurso substitui a decisão recorrida naquilo que tiver sido objeto do recurso. 
Porém, conforme o referido doutrinador não se deve prestigiar uma interpretação literal, uma vez 
que a substituição ocorre somente na hipótese de julgamento do mérito dos recursos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://soundcloud.com/user-204974449/oab-anual-processo-civil-prof-tatiane-kipper-efeito-suspensivo-podcast-02-material-03/s-m0ZnHncOYuI?in=user-204974449/sets/oab-anual-processo-civil-prof-tatiane-kipper-aula-01/s-7bfL7uvZRjd
02. Recursos Cabíveis No Novo Código De Processo Civil 
 Os recursos cabíveis no CPC/15 estão elencados no artigo 994: 
Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos: 
I - apelação; 
II - agravo de instrumento; 
III - agravo interno; 
IV - embargos de declaração; 
V - recurso ordinário; 
VI - recurso especial; 
VII - recurso extraordinário; 
VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário; 
IX - embargos de divergência. (BRASIL, 2015) 
 
 
Observar o princípio da taxatividade, de forma que foram apontados os recursos cabíveis 
no processo civil. 
Isso não inibe que haja recurso previsto em lei específica. Ex: recurso inominado do juizado 
especial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 03. Do Recurso Adesivo 
Segundo o CPC, o recurso poderá ser interposto de forma independente ou de forma 
adesiva. Ou seja, o recurso poderá ser principal ou adesivo. 
O recurso será interposto de forma independente quando a parte fizer uso do recurso 
adequado no prazo previsto para impugnar a referida decisão. Nos casos em que há 
sucumbência recíproca, ou seja, trazer a ambas as partes alguma inconformidade com a decisão, 
qualquer uma delas poderá recorrer no prazo em comum. Se ambas as partes recorrerem no 
prazo comum, os recursos serão considerados de forma individual, ou seja, independentes. 
Porém, caso somente uma das partes recorra no prazo estabelecido e a outra não, haverá 
uma segunda oportunidade para a parte que não recorreu. Ou seja, a parte que não recorreu 
poderá aderir ao recurso da parte que interpôs no prazo estabelecido pela lei. 
Dessa forma Lourenço (2017, p. 479) justamente ensina que pelo CPC se verificam duas 
formas de interposição de um recurso: independente ou adesiva. Na forma independente, o 
recurso é interposto de forma autônoma pela parte, e na segunda, tem-se o recurso subordinado 
ao da parte adversa, interposto por quem não se dispôs a impugnar a decisão, mas veio a ataca-
la porque o outro litigante veio fazê-la. 
O artigo 997 estabelece que cabe o recurso adesivo na situação de sucumbência recíproca: 
 
 
 
 
Como exemplo pode-se citar o caso de o Autor ingressar com uma ação de Reparação de 
danos materiais e morais. No entanto, o juiz condena apenas em danos materiais. Porém, o autor 
decide não recorrer para pleitear os danos morais. Por sua vez, o Réu sucumbente nos danos 
materiais decide apelar. Como o Autor não apelou para pedir os danos morais, mas o Réu 
Apelou, o Autor poderá no prazo das contrarrazões aderir ao recurso interposto pelo Réu 
para pleitear os danos morais. 
O recurso adesivo se reveste de importância, pois no caso do exemplo, caso o Autor não 
aderisse ao Recurso interposto pelo Réu, em razão do princípio da proibição da reformatio in 
pejus, não poderia o Tribunal condenar o Réu nos danos morais. 
Outro exemplo fornecido por Viana (2018, p. 337): “O recurso adesivo pode ser interposto 
pela parte sucumbente que havia se conformado com a condenação, no entanto, foi surpreendida 
com o recurso da outra parte também sucumbente que não concorda com a condenação”. 
E mais: “Imagine-se que o autor proponha ação indenizatória por danos morais pleiteando 
R$ 20.000,00, e o juiz de direito condena o Réu em R$ 10.000,00. Embora o autor não tenha 
concordado com o valor da condenação, não interpôs o recurso de apelação, porque entendeu 
que o recurso de apelação poderia estender o prazo do transito em julgado da sentença. Nesse 
ínterim, é surpreendido com o recurso de apelação da parte contrária que visa reformar a 
decisão. Ao ser intimado para apresentar contrarrazões recursais, é lícito ao autor interpor 
também recurso adesivo”. (VIANA, 2018, p. 337-338). 
Entende-se que o Recurso Adesivo não constitui nova espécie de recurso, mas, sim, forma 
de interposição. 
Nesse sentido explanam DIDIER JUNIOR e CUNHA (2018, p. 180): “O recurso adesivo não 
é espécie de recurso, mas sim forma de interposição, já que o recurso pode ser interposto de 
forma independente e de forma adesiva. Dessa forma, o recurso adesivo é exatamente o mesmo 
recurso que poderia ter sido interposto de forma principal”. 
Ainda, é de se destacar que nem todos os recursos permitem a interposição de forma 
adesiva. É permitido o recurso adesivo nos seguintes recursos, conforme o artigo 997, §2º, II do 
CPC: no recurso de apelação, no recurso especial e no recurso extraordinário. 
 
 
* Para todos verem: esquema 
 
 
§ 2º O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis as 
mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, 
salvo disposição legal diversa, observado, ainda, o seguinte: 
I - será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente fora interposto, no prazo 
de que a parte dispõe para responder; 
II - será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no recurso especial; 
III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele 
considerado inadmissível. (BRASIL, 2015) 
Além disso, o inciso I do §2º do artigo 997 do CPC/15 estabelece que o Recurso Adesivo 
será interposto no prazo para resposta do recurso principal. 
A interposição do recurso adesivo não substitui as contrarrazões, ou seja, a resposta do 
recurso principal. 
O recurso adesivo somente será conhecido se o recurso principal também o for. Assim, 
caso haja desistência, ou inadmissão do recurso principal, o recurso adesivo também estará 
prejudicado. 
A forma do recurso adesivo é a mesma do recurso principal. Ou seja, será endereçado 
ao juiz que proferiu a decisão, caso seja Apelação, por exemplo. Da mesma forma, o recurso 
adesivo deverá ter preparo próprio. 
Importante mencionar na petição de interposição que se trata de recurso adesivo para 
deixar claro que ainda é tempestivo (pois não foi interposto no prazo do recurso, e sim no da 
resposta ao recurso principal interposto pela outra parte). EXEMPLO: Recurso Adesivo ao 
recurso de Apelação; Apelação adesiva; Apelação na modalidade adesiva. 
A parte recorrente deverá fazer a petição de juntada (interposição) requerendo o 
acostamento das razões recursais. A petição do recurso adesivo tem os mesmos requisitos 
formais do recurso de apelação, especial ou extraordinário. 
Quanto aos efeitos: o recurso adesivo acompanha o mesmo efeito do recurso principal. O 
recurso de apelação possui dois efeitos: devolutivo e suspensivo. Os recursos especial e 
extraordinário possuem de regra somente efeito devolutivo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://soundcloud.com/user-204974449/oab-anual-processo-254728768/s-DksZOIXMvdh?in=user-204974449/sets/oab-anual-processo-civil-prof-tatiane-kipper-aula-02/s-ZFCamw12A8v04. Apelação 
 
4.1 Previsão Legal 
A apelação tem previsão legal no art. 994, I e art. 1.009 a 1.014 do CPC/15. 
 
4.2 Cabimento 
Cabe recurso de Apelação da sentença de primeiro grau, seja sentença terminativa ou 
definitiva, conforme previsão do caput do artigo 1.009 do CPC/15: 
 
 
O CPC define sentença no artigo 203, §1º do CPC como “§ 1º Ressalvadas as disposições 
expressas dos procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, 
com fundamento nos arts. 485 e 487 , põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem 
como extingue a execução.” (BRASIL, 2015) 
O objetivo do recurso de apelação é devolver o reexame da decisão judicial ao órgão 
superior, com o objetivo de sua reforma, total ou parcial ou sua invalidação; 
 
 
 
O recurso de Apelação buscará a reforma ou invalidação da sentença. 
 
NA REFORMA → o apelante busca uma nova decisão a ser proferida pelo tribunal, pois 
nesse caso o juiz de direito não analisou detidamente as provas carreadas aos autos do processo 
ou teve um entendimento equivocado. Por isso, o apelante requer uma nova decisão sobre o 
processo. (VIANA, 2018, p. 353) 
 
NA INVALIDAÇÃO → o apelante busca obter do tribunal a declaração de que a sentença 
é inválida, porque houve um ato nulo no curso do processo e por esse motivo invalidou os atos 
processuais que o sucederam, atingindo, inclusive, a sentença. Assim, o apelante pode pleitear 
que o tribunal declare aquele ato absolutamente nulo, determinando que o processo seja refeito 
e que o processo se reinicie a partir daquele momento processual. (VIANA, 2018, p. 353). 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art485
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art487
Para cabimento da Apelação não importa se a sentença resolveu o mérito ou não, bem 
como o procedimento em que a sentença foi prolatada (se procedimento comum ou especial), 
nem se se trata de jurisdição voluntária ou contenciosa. 
Ou seja, tanto faz se for uma sentença definitiva ou terminativa. A sentença definitiva ou 
de mérito é aquela que põe fim ao procedimento de primeiro grau julgando o mérito, ou seja, 
indicando quem tem razão na demanda: SE O AUTOR OU O RÉU. Já a sentença terminativa 
ou processual é aquela que encerra a demanda sem julgar o mérito, porque houve uma nulidade 
ou vício processual. Nesse caso, a ação poderá ser ajuizada novamente, uma vez que não houve 
julgamento do mérito. (VIANA, 2018, p. 354). 
 
NA SENTENÇA TERMINATIVA → o juiz extingue o processo sem resolução de mérito, 
tendo o autor duas opções: apelar ou distribuir novamente a demanda depois de corrigir o vício 
processual que ocasionou a extinção do processo. (VIANA, 2018, p. 354) 
 
NA SENTENÇA DEFINITIVA → O autor tem apenas uma opção: interpor o recurso de 
apelação. Isso porque a sentença definitiva julga o mérito da causa e essa sentença faz coisa 
julgada material, enquanto que a sentença terminativa não enfrenta o mérito da causa. (VIANA, 
2018, p. 354) 
Segundo DIDIER e CUNHA (2018, p. 195) a “apelação pode ser interposta contra toda e 
qualquer sentença, tenha ou não sido apreciado o mérito, em jurisdição contenciosa ou voluntária 
(art. 724, CPC), em processo de conhecimento ou de execução”. 
No entanto, se o processo envolver de um lado o Estado Estrangeiro ou organismo 
internacional, e de outro, município ou pessoa residente ou domiciliada no pais, será cabível 
recurso ordinário para o STJ, o qual se equipara, neste caso, ao recurso de apelação, conforme 
previsão do art. 1.027, II, “b”, do CPC/15: 
Art. 1.027. Serão julgados em recurso ordinário: 
II - pelo Superior Tribunal de Justiça: 
b) os processos em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo 
internacional e, de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País.(BRASIL, 
2015) 
 
Cabe, ainda, apelação contra sentença proferida em Mandado de Segurança, conforme 
previsão do artigo 14 da Lei 12.016/2009. 
Observar, porém, caso a decisão do juiz seja a de julgar parcialmente o mérito, nestes 
casos, o recurso cabível é o de Agravo de Instrumento. Exemplo: se o juiz antes da instrução já 
julgou procedente o pedido quanto ao dano material, mas determinou prova quanto ao dano 
moral, houve julgamento parcial do mérito. Neste caso, o recurso quanto ao dano material já 
julgado será o de agravo de instrumento. Verificar os artigos 356 e §5º e o artigo 487, I do 
CPC/15: 
Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados 
ou parcela deles: 
I - mostrar-se incontroverso; 
II - estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355. 
§ 5º A decisão proferida com base neste artigo é impugnável por agravo de instrumento. 
(BRASIL, 2015) 
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: 
I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção; (BRASIL, 2015) 
 
Portanto, é de atentar para o fato de que sentença é a decisão do juiz de Primeiro Grau que 
encerra uma fase do procedimento (art. 203, §1º do CPC). Já, a decisão interlocutória também 
é decisão do juiz de Primeiro Grau, mas que não encerra o procedimento na instancia. Ambas 
podem ter por conteúdo alguma situação dos artigos 485 e 487 do CPC. Porém, se for decisão 
interlocutória e tiver por conteúdo uma das situações dos artigos 485 ou 487 do CPC a decisão 
interlocutória será uma decisão parcial impugnável por meio de agravo de instrumento (conforme 
art. 354, parágrafo único e artigo 1.015, II do CPC). (DIDIER JUNIOR; CUNHA, 2018, p. 195-
196) 
 
Preliminares de Apelação: §1º do art. 1009 do CPC 
Observar que também serão impugnadas na Apelação as decisões interlocutórias que não 
sejam passíveis de Agravo de Instrumento. 
Assim sendo, serão alegadas na Apelação, em preliminares, inclusive nas contrarrazões, 
as questões resolvidas na fase de conhecimento sobre as quais não cabe Agravo de Instrumento, 
consoante previsão do §1º do artigo 1.009 do CPC. 
Caso sejam arguidas as matérias não sujeitas ao Recurso de Agravo de Instrumento nas 
contrarrazões, conforme previsão do §1º, o Apelante será intimado para no prazo de 15 dias, 
manifestar-se sobre elas: 
 
 
 
Matérias do art. 1015 decididas na sentença: art. 1.009, §3º do CPC 
Ainda, conforme previsão do §3º do artigo 1.009 do CPC se na sentença o juiz se manifestar 
sobre alguma matéria do artigo 1.015 do CPC será impugnado no recurso de apelação: 
§ 3º O disposto no caput deste artigo aplica-se mesmo quando as questões mencionadas 
no art. 1.015 integrarem capítulo da sentença. (BRASIL, 2015) 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art1015
Se na sentença o juiz confirma, concede ou revoga a tutela provisória: art. 1.013, §5º do 
CPC: Se na sentença o juiz confirmar, conceder ou revogar a tutela provisória, isso será 
impugnável na apelação. Então, se a decisão da tutela provisória for através de decisão 
interlocutória (antes da sentença) caberá agravo de instrumento, conforme art. 1.015, I do CPC, 
mas se na sentença o juiz se manifestar sobre tutela provisória, impugna na apelação, conforme 
o §5º do art. 1.013 do CPC: 
§ 5º O capítulo da sentença que confirma, concede ou revoga a tutela provisória é 
impugnável na apelação. (BRASIL, 2015) 
 
 
* Para todos verem: esquema 
 
 
 
 
4.3 Do Prazo 
O prazo para interposição da Apelação é de 15 dias, bem como para as contrarrazões. 
Valem as regras dos prazos para os recursos (Prazo em dobro, intimação, suspensão, prazo em 
dias úteis, ...) 
https://soundcloud.com/user-204974449/oab-anual-processo-825173111/s-xo6iP7Uep9c?in=user-204974449/sets/oab-anual-processo-civil-prof-tatiane-kipper-aula-02/s-ZFCamw12A8v
4.4 Estrutura Da Petição Da Apelação 
A apelação será interposta por meio de duas petições: 
* Para todos verem: esquema 
 
 
Ambas as petições acabam com pedido, local, data e assinaturado advogado PORÉM EM 
SE TRATANDO DE FGV ESSES DADOS DEVEM SER DE FORMA GENÉRICA COM OS ... 
 De acordo com o artigo 1.010 do CPC/15, a Apelação terá os seguintes elementos: 
Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau, conterá: 
I - os nomes e a qualificação das partes; 
II - a exposição do fato e do direito; 
III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade; 
IV - o pedido de nova decisão. (BRASIL, 2015) 
 
Portanto, a Apelação será INTERPOSTA POR MEIO DE PETIÇÃO DIRIGIDA AO JUIZ DA 
CAUSA, sendo que a peça vai ter duas partes: uma chamada de petição de interposição que vai 
conter o endereçamento ao juiz da causa, os dados de identificação da causa SEGUIDA DA 
PETIÇÃO COM AS RAZÕES DO RECURSO DE APELAÇÃO, QUE É DIRIGIDA AO 
TRIBUNAL, onde estão os fundamentos de fato e de direito e o pedido de reforma da decisão. 
Portanto, conforme o art. 1.010 devem ser preenchidos os seguintes requisitos: 
I - os nomes e a qualificação das partes; 
II - a exposição do fato e do direito; 
III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade; 
IV – o pedido de nova decisão; 
 
4.5 Efeitos Do Recurso De Apelação 
Como regra, a apelação é recebida nos efeitos devolutivo e suspensivo, ou seja, no duplo 
efeito, consoante previsão do artigo 1.012 do CPC/15. 
 
Efeito devolutivo: 
O efeito devolutivo (Araújo Junior, 2016) consiste na transferência para o Tribunal do 
conhecimento de toda a matéria impugnada pelo recorrente e no LIMITE DA IMPUGNAÇÃO 
(tantum devolutum quantum apellatum). 
Segundo o autor (Araújo Junior, 2016), o efeito devolutivo permite que o Tribunal possa 
conhecer de todas as questões suscitadas no processo, mesmo que a sentença de primeiro grau 
não as tenha apreciado por inteiro. 
O recorrente poderá recorrer parcialmente quanto à questão de mérito, sendo que a matéria 
não impugnada transitará em julgado. (ARAÚJO JUNIOR, 2016, p. 32). 
O efeito devolutivo é estudado sob duas vertentes: profundidade e extensão. 
A extensão liga-se à ideia daquilo que é ou não impugnado pelo Apelante. Assim, a matéria 
impugnada, e apenas esta, é devolvida ao conhecimento do tribunal, cabendo ressaltar que o 
órgão ad quem fica adstrito a examinar somente a matéria que foi objeto do recurso (tantum 
devolutum quantum apellatum). É o apelante que definirá qual o capítulo da sentença apelada 
que pretende que seja reexaminada pelo tribunal, até porque nada impede que o recurso seja 
parcial, conforme previsão do art. 1002 do CPC. (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 162) 
A extensão do efeito devolutivo é, assim, limitada pelo pedido do apelante (DONOSO; 
SERAU JURNIO, 2017, p. 162). 
Dessa forma, matérias que não foram impugnadas não serão devolvidas ao tribunal. Nesse 
sentido é a previsão do art. 1.013 do CPC: “Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o 
conhecimento da matéria impugnada”. (BRASIL, 2015) 
No que tange à profundidade do efeito devolutivo, esta se refere aos fatos e fundamentos 
que serão analisados na apelação, ainda que não considerados pela decisão recorrida. Assim, 
o tribunal ao julgar a apelação, apreciará todas as questões suscitadas e discutidas no processo, 
ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado. 
(DONOSO; SERAU JURNIO, 2017, p. 163). Conforme previsão do art. 1.013, §1º do CPC: 
§ 1o Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões 
suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que 
relativas ao capítulo impugnado. (BRASIL, 2015) 
 
A doutrina aponta atenção especial à parte final do art. 1.013, §1º do CPC “desde que 
relativas ao capítulo impugnado”. Ou seja, deve ser deixado claro que é vedado ao Tribunal 
conhecer de matérias vinculadas ao capítulo não impugnado, porque se considera que o 
respectivo pedido transitou em julgado exatamente pela ausência de impugnação. (DONOSO; 
SERAU JUNIOR, 2017, p. 163). No mesmo sentido está o enunciado 100 do FPPC: “100. (art. 
1.013, § 1º, parte final) Não é dado ao tribunal conhecer de matérias vinculadas ao pedido 
transitado em julgado pela ausência de impugnação”. 
Possibilita-se o conhecimento pelo Tribunal de todos os elementos que estavam à 
disposição do juízo de primeiro grau no momento em que este proferiu a decisão, até mesmo o 
pedido subsidiário (art. 326) não apreciado pelo juiz, já que este teria acolhido o principal. 
Enunciado 102 do FPPC: “102. (arts. 1.013, § 1º, e 326) O pedido subsidiário (art. 326) não 
apreciado pelo juiz –que acolheu o pedido principal – é devolvido ao tribunal com a apelação 
interposta pelo réu”. (DONOSO; SERAU JURNIO, 2017, p. 163). 
Segundo os autores, também pegam carona no efeito devolutivo todos os fundamentos do 
pedido ou da defesa, embora o juiz tenha acolhido apenas um deles (art. 1.013, §2º). É o caso 
da multiplicidade de fundamentos para o pedido ou para a defesa. (DONOSO; SERAU JUNIOR, 
2017, p. 163). 
§ 2o Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas 
um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais. (BRASIL, 2015) 
 
Por fim, destaca-se, no entanto, que em se tratando de profundidade, que somente 
integrarão o efeito devolutivo da apelação aquelas questões ligadas ao capítulo impugnado, de 
acordo com o que prevê o art. 1.013 do CPC. (DONOSO; SERAU JURNIO, 2017, p. 163). 
Para exemplificar: “A” propõe uma ação contra “B” elaborando dois pedidos: (1) a rescisão 
de um contrato tendo como fundamento uma infração contratual (culpa) e uma causa qualquer 
de anulabilidade (vício de consentimento) e (2) indenização por danos morais. A sentença acolhe 
ambos os pedidos, sendo que o pedido de rescisão é julgado procedente porque reconhecido o 
vício de consentimento (sem adentrar na análise da culpa contratual). “B” interpõe recurso de 
apelação apenas quanto ao pedido de rescisão, mas não quanto à indenização. 
Consequentemente, quanto à extensão apenas se devolve o pedido de rescisão contratual. No 
entanto, no que se refere à profundidade, todos os argumentos do pedido de rescisão devem ser 
considerados, até mesmo aquele referente à culpa contratual, que não havia sido considerada 
na sentença. (DONOSO; SERAU JURNIO, 2017, p. 164). 
Efeito Suspensivo: 
Via de regra a apelação terá efeito suspensivo, conforme previsão do artigo 1.012, caput 
do CPC. Ou seja, na apelação o efeito suspensivo decorre direta e automaticamente da lei, não 
dependendo de requerimento do Apelante. 
No entanto, o próprio §1º do artigo 1.012 estabelece as situações em que não terá efeito 
suspensivo a Apelação: 
Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. 
Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo. 
§ 1o Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos imediatamente 
após a sua publicação a sentença que: 
I - homologa divisão ou demarcação de terras; 
II - condena a pagar alimentos; 
III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado; 
IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem; 
V - confirma, concede ou revoga tutela provisória; 
VI - decreta a interdição. (BRASIL, 2015) 
 
Conforme ensinam Donoso e Sarau Junior (2017, p. 169) conforme se verifica no §1º do 
art. 1.012 do CPC o rol não é exaustivo, podendo haver outras situações que a apelação não 
terá efeito suspensivo. 
Não tendo efeito suspensivo, isso traz como consequência o fato de que uma vez publicada 
a sentença, a parte desde já poderá pleitear o cumprimento provisório. No entanto, o apelante 
poderá formular pedido de concessão de efeito suspensivo ao Tribunal: 
§ 2o Nos casos do § 1o, o apelado poderá promover o pedido de cumprimento provisório 
depois de publicada a sentença. 
§ 3o O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do § 1o poderá ser 
formulado por requerimento dirigidoao: 
I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua distribuição, 
ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-la; 
II - relator, se já distribuída a apelação. 
§ 4o Nas hipóteses do § 1o, a eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo relator se o 
apelante demonstrar a probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo relevante a 
fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil reparação. (BRASIL, 2015) 
 
 
Os Requisitos para o apelante requerer o efeito suspensivo são: 
- Demonstrar a probabilidade de provimento da apelação, ou seja, o fumus boni juris no 
âmbito recursal; E 
- Fundamentação relevante, acompanhada de um risco de dano grave ou de difícil ou 
impossível reparação resultante da não concessão do efeito suspensivo. (DONOSO; SARAU 
JUNIOR, 2017, p. 170). 
É de se ressaltar que tais requisitos não são alternativos, mas sim cumulativos. 
 
Possibilidade de retratação pelo juiz de Primeiro Grau: 
É de se apontar ainda que o juiz ao receber a Apelação não pode se retratar. No entanto, 
há 03 exceções no CPC: 
 
1º. NOS CASOS EM QUE O JUIZ INDEFERE A INICIAL → ART. 331 DO CPC: 
Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 
5 (cinco) dias, retratar-se. (BRASIL, 2015) 
 
2º. NO CASO DE EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO → ART. 
485, §7º 
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: 
§ 7o Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, 
o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se. (BRASIL, 2015) 
 
 3º. NO CASO DE IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO PEDIDO → ART. 332, §3º DO CPC: 
Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da 
citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar: 
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça; 
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça 
em julgamento de recursos repetitivos; 
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de 
assunção de competência; 
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local. 
§ 1o O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde 
logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição. 
§ 2o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença, 
nos termos do art. 241. 
§ 3o Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias. (BRASIL, 2015) 
 
4.6 Procedimento Da Apelação 
Uma vez interposta a Apelação perante o juiz de primeiro grau, este intimará o Apelado 
para querendo oferecer contrarrazões no prazo de 15 dias, conforme artigo 1.010, §1º do CPC. 
É de se destacar, que, conforme o §3º do artigo 1.010 do CPC, no novo CPC, o juiz de 
primeiro grau não faz mais o exame de admissibilidade do recurso de Apelação. Ou seja, cabe 
ao relator tão somente verificar se estão presentes os pressupostos de admissibilidade da 
Apelação. 
§ 1o O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias. 
§ 2o Se o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz intimará o apelante para apresentar 
contrarrazões. 
§ 3o Após as formalidades previstas nos §§ 1o e 2o, os autos serão remetidos ao tribunal 
pelo juiz, independentemente de juízo de admissibilidade. (BRASIL, 2015) 
 
Portanto, apresentadas ou não as contrarrazões, o julgador de primeiro grau determinará a 
subida dos autos ao Tribunal ad quem, onde o relator declarará os efeitos pelos quais a apelação 
é recebida, emitindo o juízo de admissibilidade. 
Dessa forma, a apelação sendo interposta perante o juízo de primeiro grau, o apelado será 
intimado para oferecer contrarrazões no prazo de 15 dias úteis, bem como pode haver a 
intimação do apelante se o apelado interpuser apelação na forma adesiva, remetendo-se os 
autos ao tribunal, independentemente do juízo de admissibilidade, conforme artigo 1.010, §§1º a 
3º do CPC. (LOURENÇO, 2017, p. 485) 
 Já no Tribunal, distribuída a Apelação, será sorteado um relator que poderá tomar uma 
das decisões referidas no artigo 932 do CPC. 
 O relator poderá, conforme artigo 1.011 do CPC, decidir a apelação de forma monocrática 
apenas nas hipóteses do artigo 932, III a V do CPC, ou, se não for o caso, elaborar o seu voto 
para o julgamento do recurso pelo órgão colegiado. (LOURENÇO, 2017, p. 486) 
É de se analisar ainda a previsão do artigo 1.013, §3º e 4º do CPC/15 → chamada de 
TEORIA DA CAUSA MADURA: 
§ 3o Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir 
desde logo o mérito quando: 
I - reformar sentença fundada no art. 485; 
II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido 
ou da causa de pedir; 
III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo; 
IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação. 
§ 4o Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a prescrição, o tribunal, 
se possível, julgará o mérito, examinando as demais questões, sem determinar o retorno 
do processo ao juízo de primeiro grau. (BRASIL, 2015) 
 
Tal dispositivo refere que em tais situações, se o processo estiver apto para julgamento, o 
Tribunal deverá desde logo decidir o mérito, sem devolver o processo à origem. Ou seja, em tais 
situações, não haverá a anulação da decisão, mas o julgamento imediato do mérito pelo tribunal. 
Isto é, excepcionalmente, a lei reconhece competência para o Tribunal julgar de forma 
inédita determinadas questões que não foram objeto de julgamento pela instancia inferior. As 
hipóteses são as previstas no §3º do art. 1.013 do CPC. Ou seja, o tribunal possui autorização 
nessas hipóteses de julgar o próprio mérito da causa, que por alguma razão não foi julgada pelo 
juiz, mas poderá ser feito agora. (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 164-165). Havendo na 
verdade uma supressão de instancia para julgamento do mérito da causa. 
E quando então poderá haver esse julgamento pelo Tribunal? 
Se o processo estiver em condições de imediato julgamento: Ou seja, tem que estar 
presente a desnecessidade de se praticar qualquer ato processual antes do julgamento da 
apelação, dai o nome TEORIA DA CAUSA MADURA. (DONOSO, SERAU JUNIOR, 2017, p. 
166). 
Assim, se for necessária qualquer produção de prova, contraditório não caberá o 
julgamento pelo Tribunal. Pode ser julgamento de matéria de fato ou de direito, desde que não 
dependem mais de qualquer tipo de prova. (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 166) 
Nesse sentido, para que haja então a situação da teoria da causa madura, se faz necessário 
preencher alguns requisitos, conforme apontam DONOSO E SERAU JUNIOR, 2017, p. 166-167: 
 
Situação Legal Autorizadora: 
Não basta que o processo esteja maduro para julgamento, é necessário ainda que esteja-
se diante de alguma das situações que permitam esse julgamento pelo Tribunal, previstas no §3º 
e §4º do art. 1.013 do CPC: 
 I - reformar sentença fundada no art. 485: Ou seja, quando o tribunal reformar sentença 
que não resolveu o mérito, sendo esse mérito analisado com o recurso diretamente pelo tribunal. 
II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou 
da causa de pedir: nas hipóteses em que a sentença for extra ou ultra petita, a atuação do 
Tribunal não se limitará em anulação a decisão para então o juiz proferir nova decisão. O próprio 
Tribunal que anula a sentença já proferirá nova decisão adequada aos limites do pedido ou causa 
de pedir. (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 166-167). 
III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo: 
neste caso a sentença é citra petita, hipótese em que o próprio tribunal poderá julgar o pedido, 
sem necessidade de remeter os autos ao juízo de primeiro grau. 
IV

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