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Livro - IntroducIaIo aI Sociologia

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INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
WELLINGTON CARDOSO DE OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GOIÂNIA 
2019 
 
CRÉDITOS INSTITUCIONAIS 
 
Instituição Mantenedora 
Organização Cultural Educacional Filantrópica (OCEF) 
 
Instituição Mantida 
Faculdade Assembleiana do Brasil (FASSEB) 
 
Curso de Graduação em Teologia a Distância 
 
Diretor Geral 
Diretor Acadêmico 
Coordenadora do Curso de Teologia a Distância 
Coordenador do programa de Pós-Graduação 
Coordenadora da Área de Extensão 
Secretária acadêmica 
Bibliotecário 
 
Coordenadora do Ensino a Distância 
Administrador e Coordenador Tecnológico 
Analista de Sistemas 
Tutoria a distância e presencial 
 
Coordenadora da equipe multidisciplinar 
Materiais didáticos 
 
Webdesigner e Webdiagramador 
Orientadora pedagógica 
Revisão de conteúdo 
Revisão pedagógica 
Suporte Moodle 
 
 
Lucas Luiz Almeida Costa 
Rogeh Alves Bueno 
Lázara Divina Coelho 
Eurípedes Pereira de Brito 
Diessyka Fernanda Monteiro 
Paula Rudimila de Jesus Veríssimo 
Dannilo Ribeiro Garcês Bueno 
 
Lázara Divina Coelho 
Izaque Carriço Ferreira 
Izaque Carriço Ferreira 
Corpo docente da FASSEB 
 
Lázara Divina Coelho 
Equipe multidisciplinar 
 
Carmelo Ardaya 
Equipe Pedagógica 
Equipe Teológica 
Equipe Pedagógica 
Alessandro Nunes da Silva 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
O482i Oliveira, Wellington Cardoso de. 
Introdução à sociologia / Wellington Cardoso de Oliveira – 
Goiânia: FASSEB, 2019. 
188 p.; il.; 22 cm. 
ISBN 978-65-80606-01-6. 
1. Sociologia. 2. Sociologia – Introduções. 3. Sociologia 
contemporânea. 
4. Sociologia e religião. 5. Sociologia da religião. I. Título. 
CDU: 316 
Catalogação: Dannilo Ribeiro Garcês Bueno, Bibliotecário, CRB-1: 2162 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
SUMÁRIO 
APRESENTAÇÃO 6 
META 6 
OBJETIVOS 7 
ESTRUTURA DA DISCIPLINA 7 
MÓDULO I: O SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA 8 
UNIDADE I: O SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA 10 
AULA 1: A IMPORTÂNCIA DA SOCIOLOGIA PARA SUA FORMAÇÃO COMO 
TEÓLOGO 10 
AULA 2: A DIFÍCIL RELAÇÃO ENTRE RELIGIÃO E CIÊNCIA NO SÉCULO XIX 18 
UNIDADE II: O CONTEXTO DE SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA 31 
AULA 3: O CONTEXTO DE SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA 31 
AULA 4: O DARWINISMO SOCIAL E A EUROPA DO SÉCULO XIX 42 
MÓDULO II: A SOCIEDADE VISTA PELOS CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA 55 
UNIDADE III: OS CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA 58 
AULA 5: CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA – EMILE DURKHEIM E OS FATOS 
SOCIAIS 58 
AULA 6: CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA – MAX WEBER E A AÇÃO SOCIAL 69 
UNIDADE IV – OS CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA E A RELIGIÃO 80 
AULA 7: CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA – KARL MARX E O AS LUTAS DE 
CLASSE 80 
AULA 8: A RELIGIÃO NOS CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA 91 
MÓDULO III: AS DIFERENTES SOCIEDADES E SUAS COMPLEXAS 
ORGANIZAÇÕES 103 
UNIDADE V: AS SOCIEDADE E SUAS ORGANIZAÇÕES 105 
AULA 9: A CONVIVÊNCIA HUMANA E AS RELAÇÕES SOCIAIS 105 
AULA 10: CULTURA, SOCIEDADE E A DIVERSIDADE HUMANA 116 
UNIDADE VI: AS INSTITUIÇÕES E AS MUDANÇAS SOCIAIS 124 
AULA 11: AS INSTITUIÇÕES SOCIAIS E AS RELAÇÕES DE PODER 124 
AULA 12: AS MUDANÇAS SOCIAIS E A IGREJA 134 
file:///D:/Google%20Drive/FASSEB/Apostilas/Introdução%20à%20Sociologia/Livro%20-%20Introdução%20à%20Sociologia.docx%23_Toc27143087
file:///D:/Google%20Drive/FASSEB/Apostilas/Introdução%20à%20Sociologia/Livro%20-%20Introdução%20à%20Sociologia.docx%23_Toc27143094
file:///D:/Google%20Drive/FASSEB/Apostilas/Introdução%20à%20Sociologia/Livro%20-%20Introdução%20à%20Sociologia.docx%23_Toc27143101
file:///D:/Google%20Drive/FASSEB/Apostilas/Introdução%20à%20Sociologia/Livro%20-%20Introdução%20à%20Sociologia.docx%23_Toc27143101
5 
MÓDULO IV: A SOCIOLOGIA CONTEMPORANEA E AS 
TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS 144 
UNIDADE VII: A SOCIOLOGIA CONTEMPORÂNEA 146 
AULA 13: EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E AS TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS 146 
AULA 14: A IGREJA NO CONTEXTO URBANO 156 
UNIDADE VIII: A CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA NO BRASIL 164 
AULA 15: CIDADANIA E DIREITOS SOCIAIS NO BRASIL 164 
AULA 16: REVISANDO OS CONCEITOS ESTUDADOS 178 
REFERÊNCIAS 187 
MINICURRÍCULO DO AUTOR 188 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
file:///D:/Google%20Drive/FASSEB/Apostilas/Introdução%20à%20Sociologia/Livro%20-%20Introdução%20à%20Sociologia.docx%23_Toc27143108
file:///D:/Google%20Drive/FASSEB/Apostilas/Introdução%20à%20Sociologia/Livro%20-%20Introdução%20à%20Sociologia.docx%23_Toc27143108
6 
APRESENTAÇÃO 
 
A disciplina Introdução à Sociologia foi pensada para ser desenvolvida 
durante 4 (quatro) semanas de aulas; para cada semana de aulas foram 
pensados temas que se relacionam entre si, com a finalidade de discutirmos, 
aprendermos e, ao mesmo tempo, pensarmos que caminhos a sociedade vem 
tomado nas últimas décadas e o papel da igreja nesse contexto social marcado 
por inconstâncias. 
Assim, a disciplina não se limita a um único tema, mas procurará, dentro 
de cada aula, trazer para discussão temas correntes na sociedade atual. Isso 
lhe ajudará a refletir enquanto teólogo, e ao mesmo tempo lhe dará base para 
que saiba e compreenda a sociedade em suas diversas facetas, não ficando 
alheio a dinâmica social, uma vez que a sociedade passa por constantes 
adaptações e transformações, o que interfere diretamente na visão de mundo 
de cada indivíduo enquanto ser social. 
Os textos de cada aula foram escritos tendo diversos autores como 
referência, por isso proponho que, ao estudar cada lição, você se atenha ao 
que lhe ajude enquanto acadêmico em sua formação. E que também procure 
enquanto futuro teólogo refletir sobre esses temas dentro de uma visão não 
só científica como também cristã. Para isso, sugiro que utilize os 
conhecimentos que você já vem adquirindo nas outras disciplinas e ao longo 
de seu processo de formação. 
Como os textos-base da disciplina são curtos, é imprescindível que você 
busque alternativas como textos, artigos, revistas e dicionários que possam 
lhe auxiliar durante sua trajetória de estudos e que serão indicados no final de 
cada aula ou dentro do próprio texto. Por fim, espero que esta disciplina 
consiga lhe fascinar ao ponto de despertar em você interesse por estudos mais 
profundos sobre a sociedade de uma forma em geral. 
 
META 
 
• Analisar os principais temas da Sociologia, compreendendo sua 
relação com o mundo e a igreja. 
 
 
7 
OBJETIVOS 
 
Esperamos que, no final dessa disciplina, você seja capaz de: 
• Compreender as principais correntes sociológicas e sua influência no 
pensamento social; 
• Avaliar os principais temas sociais e os desdobramentos destes para 
a fé cristã; 
• Analisar os principais desafios enfrentados para a sociedade atual e 
o lugar da igreja nesse contexto; 
• Discutir e opinar sobre os diversos temas sociais a partir das 
reflexões que as aulas lhe possibilitarão. 
 
ESTRUTURA DA DISCIPLINA 
 
A disciplina Introdução a Sociologia está dividida em quatro Módulos e foi 
pensada para ser desenvolvida no decorrer de 4 (quatro) semanas de aulas. 
Dessa forma, seguir criteriosamente as indicações de cada aula que disponível 
abaixo será de suma relevância para sua formação acadêmica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO I: O SURGIMENTO DA 
SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA 
9 
INTRODUÇÃO 
 
Prezado aluno, neste Módulo estudaremos o contexto em que a 
Sociologia se desenvolveu e seus principais pensadores. A proposta é que 
você compreenda bem suas quatro aulas, pois são a base para os próximos 
Módulos e suas aulas. 
 
META 
 
• Compreender o contexto de surgimento da Sociologia e os clássicos. 
 
OBJETIVOS 
 
No final deste Módulo você deverá ser capaz de: 
• Explicar o contexto de surgimento da Sociologia e sua importância 
para a compreensão dos fenômenos sociais; 
• Compreenderas principais teorias desenvolvidas por Durkheim, 
Weber e Marx; 
• Relacionar a importância da Sociologia para a compreensão da 
sociedade. 
 
ESTRUTURA 
 
Este Módulo encontra-se organizado em duas unidades e quatro aulas, 
como segue: 
UNIDADE I: O surgimento da Sociologia como Ciência 
Aula 1: A importância da Sociologia para sua formação como teólogo 
Aula 2: A difícil relação entre Religião e Ciência no século XIX 
 
UNIDADE II: O contexto de surgimento da Sociologia 
Aula 3: O contexto de surgimento da Sociologia 
Aula 4: O darwinismo social e a Europa do século XIX. 
10 
UNIDADE I: O SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA 
COMO CIÊNCIA 
 
 
AULA 1: A IMPORTÂNCIA DA SOCIOLOGIA PARA SUA 
FORMAÇÃO COMO TEÓLOGO 
 
META 
 
• Compreender o que é Sociologia e sua importância na formação do 
teólogo. 
 
 
OBJETIVOS 
 
• Compreender a definição do que seja a Sociologia; 
• Entender qual é o campo de estudo da Sociologia; 
• Analisar a importância desta disciplina para sua formação como 
teólogo; 
• Relacionar a Sociologia com o curso de Teologia, bem como 
compreender sua relevância enquanto ciência. 
 
PARA INÍCIO DE CONVERSA 
 
Provavelmente você deve ter ficado curioso ao ver a disciplina de 
Introdução à Sociologia em sua matriz curricular e deve ter se perguntado sobre 
a importância dessa disciplina para a sua formação. Ou então deve ter se 
perguntado o que é Sociologia? Ou o que estuda essa disciplina? Qual a 
relação dessa disciplina com o curso que está fazendo? Se você fez essas 
perguntas ou outras em relação a esta disciplina, gostaria de lhe dizer que está 
no caminho certo. 
Primeiro, porque ao se perguntar sobre a relevância dessa disciplina, você 
está demonstrando estar antenado com a sua formação e curioso em 
compreender como se dará sua formação nesse curso teológico. Esse talvez 
seja um dos nossos desafios no decorrer desta disciplina, que é pensar 
11 
justamente na importância de cada tema estudado, relacionando o mesmo 
com nossa prática cotidiana, seja na igreja, seja no mundo secular. 
Neste sentido, esta disciplina lhe será de grande relevância ao lhe 
oportunizar o conhecimento das principais correntes sociológicas e a 
compreensão de como cada uma delas compreende a sociedade. Portanto, 
não se esqueça: a sociedade faz parte de uma estrutura complexa que só pode 
ser compreendida com conceitos sistematizados a partir das ciências humanas 
da qual a Sociologia faz parte. 
Em segundo lugar, porque ao se perguntar sobre esta disciplina você está 
fazendo um exercício característico desta área do saber que é o de relacionar 
a todo o momento os diversos conceitos e temas trabalhados pela disciplina. 
Pensar na utilidade dos conceitos e como eles se relacionam com nossa 
vivência é um desafio de qualquer aluno que faça um curso superior. 
Seu desafio como estudante é partir de análises que saiam do senso 
comum e garantam uma interpretação dos fenômenos sociais que partam dos 
conceitos da Sociologia. Exemplo: no decorrer de sua formação, em diversos 
momentos, você usará instrumentos da Teologia para compreender e 
interpretar um texto religioso. 
No caso da sociedade, ao analisar um dado acontecimento social será 
necessário que você busque conceitos da Sociologia que lhe possibilitarão a 
análise ampla e cientifica de dado acontecimento. Assim, o desafio que lhe 
está posto, é o de sair do senso comum em suas análises sobre a sociedade. 
 
COM A PALAVRA, QUEM ENTENDE DO ASSUNTO 
 
Ora, uma das preocupações da Sociologia é justamente formar 
indivíduos autônomos, que se transformem em pensadores 
independentes, capazes de analisar o noticiário, as novelas da televisão, 
os programas do dia a dia e as entrevistas das autoridades, percebendo 
o que se oculta nos discursos e formando o próprio pensamento e 
julgamento sobre os fatos ou, ainda mais importante, que tenham a 
capacidade de fazer as próprias perguntas para alcançar um 
conhecimento mais preciso da sociedade à qual pertencem. 
(TOMAZI, 2007, p. 7) 
 
Para começarmos nossa aula, gostaria de destacar que esta disciplina, 
como todas as outras que você verá durante o curso, será de suma relevância 
12 
para a sua formação. Logo, convido você a seguir com seriedade as indicações 
que serão feitas no decorrer do curso, procurando ler os textos indicados, 
assistir os vídeos disponibilizados, pois cada um deles foi criteriosamente 
selecionado para que você tenha a melhor formação durante o tempo que 
estiver estudando esta disciplina à distância. 
Destaco, ainda, que os temas escolhidos para estudo nesta disciplina 
foram pensados a partir de uma seleção do próprio autor com base na ementa 
do curso e, ao mesmo tempo, tendo como critério a escolha de temas em 
voga na sociedade. Isso não significa que outros temas que não estejam 
contemplados nesta disciplina não mereçam sua atenção. Pelo contrário, 
como a sociedade é dinâmica, pode ser que neste exato momento você esteja 
estudando um tema que pareça ser desatualizado, ou então, esse mesmo tema 
pode estar sendo bastante discutido na mídia ou em outros meios de 
comunicação. 
Para começarmos a aula de hoje, partiremos da definição do que é 
Sociologia, procurando responder a pergunta feita no primeiro parágrafo 
deste texto. 
Para essa definição, recorremos à fala de Oliveira (2007), que afirma que 
a Sociologia se caracteriza pelo estudo sistemático do comportamento social 
do ser humano. Dessa forma, o objeto da Sociologia é o ser humano em suas 
relações sociais. Ou seja, a Sociologia tem como objeto de estudo o homem 
enquanto ser social. Logo, parte do princípio de que o homem, enquanto ser 
social, não se estabelece sozinho, mas nas relações que tem com os seus pares 
no espaço social. 
 
CONCEITO 
 
Sociologia – Estuda as relações sociais e as formas de associação, 
considerando as interações que ocorrem na vida em sociedade. A 
Sociologia envolve, portanto, o estudo dos grupos e dos fatos sociais, da 
divisão da sociedade em classes e camadas, da mobilidade social, dos 
processos de cooperação, competição e conflito na sociedade etc. 
(OLIVEIRA, 2007, p. 11) [grifo nosso] 
 
Poderíamos citar “ciência dos fatos sociais”, “ciência da ação social”, “ciência 
das relações sociais”, “ciência dos fenômenos sociais”, entre inúmeras outras. 
No entanto, a definição tem tudo a seu favor: além de ser a mais utilizada, é 
a que corresponde à etimologia da palavra (socio = social + logia = ciência) e é 
13 
a que abarca todas as outras definições, visto que as demais sempre se referem 
ao “social”. (VIANA, 2006, p. 7) 
Partindo desses dois conceitos, destacamos que a Sociologia parte das 
relações sociais para compreensão da sociedade. Se atentarmos para o fato de 
que a sociedade é um organismo complexo e que os fatos que norteiam essa 
mesma sociedade passam constantemente por mudanças, é preciso observar 
que essas transformações interferem diretamente na forma com que os seres 
humanos pensam e agem no contexto onde estão inseridos. Daí, afirmamos 
que os acontecimentos que se passam nessa sociedade se organizam a partir 
das dinâmicas instituídas dentro desta mesma sociedade. 
Assim, a Sociologia se preocupa em estudar as relações que os homens 
estabelecem no seu meio social. Ao mesmo tempo, procura compreender e 
explicar como são instituídas as relações de poder no contexto social e o lugar de 
cada sujeito nessas relações, uma vez que as relações sociais são engendradas 
por processos de legitimação social que não ocorrem de forma aleatória, antes 
se firmam a partir do contexto social onde as relações sociais são muito bem 
definidas e demarcam o lugar de cada indivíduo dentro deste contexto. 
Do ponto de vista prático, podemos pensar na relação entre Sociologia e 
Teologia de duas formas. Do ponto de vista científico, as duas se relacionam 
pelo fato de que ambas, enquanto ciências, buscam compreender através de 
métodos específicos seu objeto de estudo. Enquanto a Sociologia parte do 
homem e do queele produz enquanto ser social, a Teologia parte da revelação 
de Deus aos homens tendo como princípio norteador o texto bíblico. Assim, 
para o teólogo é através do texto bíblico que Deus revela sua vontade aos 
homens. 
Acontece que esse homem é um ser social que se constitui socialmente. 
Dessa maneira, compreender a sociedade e suas diversas formas de 
organização se constitui como fator importante para divulgação da revelação 
de Deus que é uma das preocupações do teólogo. 
Por outro lado, podemos destacar que enquanto a Teologia procura 
estudar Deus e a forma como este se relaciona com os homens, a Sociologia 
parte da premissa de que os homens não vivem sozinhos e que aprendem ao 
se socializarem com seus pares. Para o teólogo que procura transmitir a 
revelação de Deus, é importante conhecer esse homem à medida que a 
revelação é direcionada a ele. Entender sua forma de organização e como este 
homem se constitui enquanto ser humano é fundamental para toda e qualquer 
empreitada do teólogo junto à sociedade. 
14 
Isso fica claro ao percebermos que cada sociedade se organiza de forma 
diferenciada, estabelecendo regras, valores e sentimentos sociais que são 
construídos coletivamente. Se olharmos a forma de organização social das 
diferentes regiões do Brasil, com toda a sua diversidade cultural, 
perceberemos que esta não se constitui semelhante à organização social do 
país chamado Guiné Bissau, ou muito menos daquela do Canadá. Ou seja, 
por mais que existam traços culturais que se assemelham, é fato que as 
diferentes sociedades se constituem, se organizam e se estabelecem de forma 
autônoma e diferenciada. 
Pensando assim, Costa afirma que: 
 
A sociedade tem características que precisam ser conhecidas para que 
aqueles que nela atuam tenham sucesso. Não existe, portanto, nenhum 
setor da vida onde os conhecimentos sociológicos não sejam de ampla 
utilidade. E essa certeza perpassa hoje toda a linguagem dos meios de 
comunicação e toda a atuação profissional das pessoas. É por isso 
também que a Sociologia faz parte dos programas universitários que 
preparam os mais diversos profissionais, de dentistas a engenheiros, e 
por isso também o sociólogo hoje tem entrada nas mais diversas 
companhias e instituições. (1987, p. 11) 
 
Assim, para o teólogo ter noção de como as diferentes sociedades se 
organizam, e principalmente a sociedade na qual ele está inserido juntamente 
com sua comunidade religiosa, torna-se relevante, pois lhe ajudará ainda mais 
no seu ministério e consequentemente na divulgação da mensagem do 
evangelho. 
Além disso, conhecer a realidade em que vivemos reconhecendo suas 
nuanças nos ajudará a opinar sobre os diversos assuntos que envolvem os 
diferentes temas sociais. Ao mesmo tempo, teremos subsídios necessários 
para compreendermos os diversos comportamentos sociais que 
cotidianamente surgem em nossa realidade. 
 
 
 
 
 
 
15 
COM A PALAVRA, QUEM ENTENDE DO ASSUNTO 
 
A Sociologia nos ajuda a entender melhor essas e outras questões que 
envolvem nosso cotidiano, sejam elas de caráter pessoal, grupal, ou, 
ainda, relativas à sociedade à qual pertencemos ou a todas as 
sociedades. Mas o fundamental da Sociologia é nos fornecer conceitos 
e outras ferramentas para analisar as questões sociais e individuais de 
um modo mais sistemático e consistente, indo além do senso comum. 
Para Pierre Bourdieu, sociólogo francês contemporâneo, a Sociologia, 
quando se coloca numa posição crítica, incomoda muito, porque, 
como outras ciências humanas, revela aspectos da sociedade que certos 
indivíduos ou grupos se empenham em ocultar. Se esses indivíduos e 
grupos procuram impedir que determinados atos e fenômenos sejam 
conhecidos do público, de alguma forma o esclarecimento de tais fatos 
pode perturbar seus interesses ou mesmo concepções, explicações e 
convicções. (TOMAZI, 2007, p. 7) 
 
 
DICAS 
 
Estamos concluindo a nossa primeira aula. Espero que você tenha 
compreendido o conceito de Sociologia e sua relação com a Teologia. 
Lembre-se que em cada aula lhe serão apresentados diferentes conceitos que 
lhe serão úteis na sua caminhada acadêmica. Portanto, aproveite ao máximo 
as informações e sugestões das aulas buscando relacioná-las ao máximo com 
sua formação neste curso. 
Pensar a sociedade do ponto de vista sociológico será o nosso exercício 
a partir desta aula. Por isso, é de suma importância que, caso você tenha 
dúvidas, exponha isso no fórum de discussão e também retorne ao texto base 
desta primeira aula. 
 
 
 
 
 
 
 
16 
PARA APROFUNDAR NO ASSUNTO 
 
As tarefas que se seguem têm a finalidade de levar você a adquirir mais 
conhecimento e consolidá-los. Portanto, releia o texto base da aula, assista os 
vídeos abaixo e leia o texto indicado também abaixo; em seguida, procure 
elaborar um texto demonstrando a importância da disciplina Sociologia com 
a sua formação de teólogo, que está em andamento. 
 
ACESSE E VEJA OS VÍDEOS 
 
• Vídeo “O que é Sociologia”, de Paulo Meksenas. Fonte: UNITINS. 
Disponível em: 
<http://www.youtube.com/watch?v=4tLRDjza0qQ>. Acesso em: 
20 nov. 2018. 
 
• Vídeo “O surgimento da Sociologia”, de João Gabriel. Fonte: Brasil 
Escola. Disponível em: <https://youtu.be/PsXocqG9RvM>. 
Acesso em: 20 nov. 2018. 
 
NOTA: como surgiu a Sociologia? Em que contexto está inserida a 
ciência que tem por objeto de estudo as relações sociais? Confira nesta 
videoaula como se originou essa ciência tão importante para a 
compreensão da sociedade. 
 
ACESSE E LEIA O TEXTO 
 
• Livro “O que é Sociologia”, de Carlos Benedito Martins. Fonte: 
Biblioteca Marlene Henrique Alves, da FAMESC. Disponível em: 
<http://www.famesc.edu.br/famesc/biblioteca/livros_sociologia/
O_Que_e_Sociologia_Carlos_Be- nedito_Martins.pdf>. Acesso em: 
20 nov. 2018. 
 
NOTA: a leitura desse material é imprescindível para a compreensão 
do que estamos discutindo. 
 
 
http://www.youtube.com/watch?v=4tLRDjza0qQ
http://www.famesc.edu.br/famesc/biblioteca/livros_sociologia/O_Que_e_Sociologia_Carlos_Be-%20nedito_Martins.pdf
http://www.famesc.edu.br/famesc/biblioteca/livros_sociologia/O_Que_e_Sociologia_Carlos_Be-%20nedito_Martins.pdf
17 
SÍNTESE DA AULA 
 
Nesta aula você aprendeu: 
 
• Que a Sociologia se caracteriza pelo estudo sistemático do 
comportamento social do ser humano. Dessa forma, o objeto da 
Sociologia é o ser humano em suas relações sociais. Portanto, 
compreendê-la é importante para a compreensão da sociedade e de 
suas estruturas. 
• Que a Sociologia é uma ciência que estuda as relações sociais, logo, 
parte das relações que os homens estabelecem entre si. Sendo assim, 
não se esqueça de que a sociedade é um organismo complexo. 
• Que as relações de poder são instituídas no contexto social e o lugar de 
cada sujeito nessas relações. Uma vez que as relações sociais são 
engendradas por processos de legitimação social que não ocorrem de 
forma aleatória, antes se firmam a partir do contexto social onde as 
relações sociais são muito bem definidas e demarcam o lugar de cada 
sujeito neste contexto. 
• Que a Sociologia e a Teologia são duas ciências distintas, mas que se 
complementam, deste modo, o estudo da Sociologia é importante 
para formação do futuro teólogo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
AULA 2: A DIFÍCIL RELAÇÃO ENTRE RELIGIÃO E 
CIÊNCIA NO SÉCULO XIX 
 
META 
 
• Compreender a relação entre ciência e fé no século XIX e seus 
desdobramentos para sociedade atual. 
 
OBJETIVOS 
 
• Analisar a relação entre ciência e fé no século XIX; 
• Compreender o papel da igreja durante séculos e como esse papel foi 
questionado; 
• Entender a importância da ciência e do desenvolvimento científico 
do século XIX; 
• Destacar o lugar da religião no século XIX e o lugar da ciência. 
 
PARA INÍCIO DE CONVERSA 
 
Que relação havia entre ciência e religião no século XIX? Que 
questionamentos levaram ao enfraquecimento das explicações religiosas de 
mundo em meados do século XIX? Que aspectospolíticos, econômicos e 
sociais possibilitaram o desenvolvimento cientifico do século XIX? 
Talvez, em algum momento de sua vida, como estudante você tenha feito 
algumas dessas perguntas. Ou então, assistindo um filme histórico, ou vendo 
algum documentário de época, você tenha se indagado sobre a relação 
existente entre fé e ciência no século XIX. Pois bem, nessa aula veremos os 
principais fatores que contribuíram para o distanciamento entre fé e ciência 
no século XIX. Embora esse texto traga alguns dos principais acontecimentos 
anteriores e posteriores ao século XIX para lhe ajudar na compreensão da 
aula, sugere-se que, caso surjam dúvidas, você busque auxilio em outras 
fontes e bibliográficas sugeridas no decorrer do texto. Comecemos... 
O século XIX é conhecido como o século do desenvolvimento da ciência 
e consequentemente marca a crise das explicações religiosas sobre o mundo. 
Essa crise tem que ver, principalmente, com a tentativa da ciência de provar 
19 
que as relações humanas eram marcadas pela vontade humana e não pela 
vontade divina como as religiões ocidentais procuravam defender. 
Dessa forma, o desenvolvimento cientifico do século XIX e as 
transformações políticas, econômicas e sociais ocorridas antes e depois do 
século XIX ditaram o ritmo pela qual o mundo iria passar. A partir daí o 
processo de separação entre aspectos da vida religiosa e secular passaram a 
ser discussões presentes no cotidiano das academias e centros universitários 
pelo mundo. 
Assim, o século XIX ficou marcado pela ascensão da ciência e pelo 
enfraquecimento das explicações religiosas de mundo. Esse processo trouxe 
diferentes consequências para as religiões, bem como reestruturou a forma 
como os homens passaram a ver e compreender o mundo. Do ponto de vista 
cientifico, ficou marcado pelo fortalecimento das ciências humanas que 
passaram a dar o tom das discussões sobre as relações humanas. Já nas áreas 
de ciências exatas e da saúde, estudos e pesquisas que até então eram 
rechaçados por questões religiosas passaram a ter maior espaço e a se 
desenvolver. 
Mas o que se pode entender por ciência? Veja a definição abaixo: 
 
COM A PALAVRA, QUEM ENTENDE DO ASSUNTO 
 
Em sentido amplo, ciência (do Latim scientia, significando 
‘conhecimento’) refere-se a qualquer conhecimento ou prática 
sistemática. Em sentido mais restrito, ciência refere-se a um sistema de 
adquirir conhecimento baseado no método científico, assim como ao 
corpo organizado de conhecimento conseguido através de tal pesquisa. 
(FERREIRA, apud RUIZ, 1996, p. 177) 
 
Entendemos por ciência uma sistematização de conhecimentos, um 
conjunto de preposições logicamente correlacionadas sobre o 
comportamento de certos fenômenos que se deseja estudar. 
(MARCONI; LAKATOS, 2010, p. 62) 
 
Assim, a ciências se configuram como o estudo sistemático de um 
determinado objeto e segue critérios e leis que possibilitam a compreensão 
do objeto estudado. Portanto, pode-se dizer que a ciência busca analisar, de 
forma criteriosa, as características comuns que regem certos eventos. Logo, 
20 
para entender as complexidades do mundo, torna-se necessário recorrer aos 
diferentes recortes científicos que a ciência nos oportuniza. 
Ressalta-se que, embora uma das características do conhecimento 
cientifico seja o fato de o mesmo se basear em estudos criteriosos e 
sistemáticos, tal situação não o torna inquestionável ou blindado de críticas e 
falhas. Pelo contrário, todo conhecimento é passível de questionamento, 
entretanto, isso deve ocorrer dentro de uma perspectiva cientifica. Não é à 
toa que os principais teóricos do mundo cientifico são constantemente 
revisitados e reinterpretados por outros pesquisadores a partir de estudos e 
pesquisas mais recentes sobre dado acontecimento. 
Pois bem, antes de prosseguirmos falando da crise das explicações 
religiosas de mundo, precisamos voltar um pouco no tempo para 
compreendermos de que forma o pensamento religioso se constituiu no 
ambiente social, bem como se amalgamou no cotidiano das pessoas 
tornando-se elemento central na organização e no ritmo de vida social. 
Durante muito tempo, mais precisamente desde o início da Idade Média, 
no século V, a igreja sempre procurou dar explicações religiosas para o 
cotidiano das pessoas. Essas explicações, em diversos momentos, 
contrariavam aquilo que a ciência explicava, principalmente porque eram 
explicações que se baseavam mais na fé, no senso comum e na tradição do 
que em observações e estudos científicos sistematizados. Isso fez com que 
durante muito tempo os homens desenvolvessem uma relação de medo, ante 
aquilo que lhe parecia inexplicável, imputando aos deuses a responsabilidade 
por tudo que acontecia no âmbito humano. 
A busca por algo que respondesse e justificasse o desconhecido 
encontrou sustentação no medo, na fé e nas superstições que as pessoas 
tinham, criando um ambiente propício para que a religião desse resposta para 
uma série de indagações humanas que até então eram incompreensíveis. 
Assim, as explicações sobre o mundo e os acontecimentos que eram 
inerentes a ele eram explicadas a partir do viés religioso, e aos homens restava 
se conformar com a realidade que lhe estava posta, visto que qualquer 
tentativa fora da realidade religiosa era duramente rechaçada e combatida. 
 
A ciência, encontrava-se nessa época sob forte influência da Igreja 
Católica. A autoridade da Igreja impunha sua doutrina como verdade 
que não podia ser discutida. Do mesmo modo, alguns escritores 
antigos, como Aristóteles, gozavam de tratamento semelhante. Por 
isso, muito pouco conhecimento a ciência acumulou neste período. A 
21 
esta ciência foi dado o nome de escolástica e sua finalidade principal 
era demonstrar a verdade da doutrina da igreja. (PRIMON; 
SIQUEIRA; BONFIM apud KOSMINSKY, 2000, p. 3) 
 
Portanto, podemos afirmar que a ciência na Idade Média servia aos 
interesses da igreja o que de certa forma impedia seu avanço, uma vez que, 
como detentora da verdade, a igreja não cedia a possibilidade para qualquer 
movimento científico que questionasse sua influência sobre a vida das 
pessoas ou que questionasse as explicações que esta apresentava para 
existência e problemas humanos. 
Para continuarmos a discussão do tema proposto para esta aula, 
precisamos pensar de forma mais ampla e cientifica o que entendemos por 
religião. Não se esqueça: toda e qualquer discussão que fazemos parte de 
conceitos científicos previamente estudados e explorados por outros 
pesquisadores no intuito de nos definir ou ajudar definir um determinado 
objeto. 
Portanto, lembre-se que, do ponto de vista cientifico, o conceito de 
religião pode ser bem diferente daquele conceito que você conhece, tenha 
lido ou que nunca ouviu falar. Para alguns cientistas a religião surgiu no 
momento em que os homens tiveram a necessidade de explicar os 
acontecimentos sobrenaturais que lhes saltavam do entendimento. O fascínio 
e o medo ante os fenômenos da natureza levaram os homens em busca de 
respostas que lhes ajudassem a explicar suas dúvidas e incertezas. 
 
COM A PALAVRA, QUEM ENTENDE DO ASSUNTO 
 
A origem da palavra religião está relacionada com o termo latim religare, 
que significa juntar novamente o que foi separado. Alguns autores 
definem a religião como crença em seres espirituais (espíritos, deuses, 
demônios) e no sobrenatural. O sentimento religioso nasceria, assim, 
da necessidade de explicar os sonhos, as visões, o inconsciente, a 
morte, e estaria intimamente ligado à ideia de alma. Autores relacionam 
a religiosidade com a experiência do sagrado e dos mistérios que o 
acompanham e inspiram respeito e fascinação. (COMPARATO, 2010, 
p. 132) 
 
Durante toda Idade Média, a Igreja sempre deu explicações religiosas 
para os fenômenos físicos e sociais; além disso, norteava as escolhas políticas 
dos reis legitimando os poderes do mesmo com o discurso de que aquele ou 
aquela eram escolhidos por Deus, portanto, não deveriaser questionado em 
22 
hipótese alguma. Por isso, podemos compreender que a influência religiosa 
perpassava todo âmbito da vida humana. Isso, de certa forma, impedia 
qualquer tentativa mais racional de compreensão da realidade, uma vez que a 
religião tinha as respostas para todas as incertezas humanas. 
Essas explicações, de certa forma, impediam toda e qualquer tentativa de 
se explicar o cotidiano dos homens partindo de explicações científicas. Não 
é sem propósito que a Idade Média é chamada, por muitos pensadores, de 
Idade das Trevas, numa clara alusão ao período em que a ciência não 
conseguia se desenvolver e que muitos intelectuais tiveram que conter suas 
ideias e pesquisas, pois contrariavam diretamente os interesses religiosos da 
igreja. 
Nesse período, o teocentrismo (Deus no centro) era o pensamento que 
predominava sobre o imaginário das pessoas e a igreja, mais do que nunca, 
procurava valorizar esse pensamento, pois controlava com mais facilidade o 
homem que se amedrontava ao imaginar que estaria contrariando os 
interesses da religião que se apresentava como a única representante de Deus 
sobre a Terra. Logo, qualquer questionamento às exigências da igreja se 
configurava como questionamento à vontade de Deus. 
Primon, Siqueira e Bonfim (2000, p. 36) apontam que: 
 
Durante a Idade Média, o homem era amparado por referências 
coletivas como a família, o povo e, principalmente, a religião. Esta 
detinha o poder de decisão sobre as ações humanas; por isso, ao 
mesmo tempo em que amparava o homem, também o constrangia, 
retirando-lhe a capacidade de construir suas próprias referências 
internas. 
 
Isso deixava os homens à mercê dos interesses da igreja, não lhes 
cabendo outra alternativa a não ser acreditar e obedecer às normas impostas 
pela igreja que interferia diretamente no cotidiano das pessoas. Ademais, 
qualquer questionamento que não se alinhasse com os modelos tradicionais 
defendidos pela igreja era rechaçado e passivo de punição. Em filmes como 
“O nome da rosa” (1986) é possível ver como o cotidiano das pessoas era 
marcado pela presença religiosa e, ao mesmo tempo, nos ajuda a 
compreender o medo da igreja em relação ao acesso das pessoas ao 
conhecimento. 
O fim da Idade Média, no século XV, e o declínio do sistema feudal, 
foram marcados por muitos acontecimentos; dentre eles podemos citar o 
surgimento do Humanismo e do Renascimento, que foram dois movimentos 
23 
que surgiram em regiões diferentes da Europa e que tinham como principal 
objetivo a valorização da ação humana e sua produção cultural. Do ponto de 
vista religioso, as ideias defendidas que antes se baseavam no teocentrismo 
(Deus no centro) cederam lugar ao antropocentrismo (o homem no centro) 
que logo passou a questionar a existência humana, e de que forma se deu essa 
existência. 
Os dois movimentos acima foram acompanhados por mudanças 
significativas que foram sentidas em vários aspectos da vida humana. Dentre 
esses aspectos, podemos citar a própria manifestação da arte que deixou de 
ser uma arte sacralizada cujos aspectos valorativos eram religiosos para 
valorizar os aspectos humanos e suas especificidades. Um olhar criterioso em 
relação às obras de artes da Idade Média e Renascentista é possível perceber 
essas diferentes perspectivas. 
 
 
PARA APROFUNDAR NO ASSUNTO 
 
Veja abaixo quadros da Idade Média: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A Anunciação” (1435), retábulo de Fra Angelico (1387-1455) 
Fonte: História das Artes. Disponível em: 
<https://www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/a-anunciacao-fra-
angelico/>. Acesso em: 07 dez. 2018. 
 
https://www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/a-anunciacao-fra-angelico/
https://www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/a-anunciacao-fra-angelico/
24 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A deposição de Cristo” (1432-1434), afresco de Giotto di Bondone (1266-1337) 
Fonte: História das Artes. Disponível em: 
<https://www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/a-lamentacao-
giotto/>. Acesso em: 07 dez. 2018. 
 
Quadros Renascentistas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Lecția de anatomie a dr.Willem van der Meer” (1617), 
pintura de Michiel Jansz van Mierevelt (1566-1641) e Peter van Mierevelt (1596–1623) 
Fonte: Wikipedia. Disponível em: 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Michiel_Jansz_van_Mierevelt_-
_Anatomy_lesson_of_Dr._Willem_van_der_Meer.jpg. Acesso em: 07 dez. 2018. 
25 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"Nossa Senhora da Cesta" (1524), por Antonio Allegri (1489-1534) 
Fonte: Historianet. Disponível em: 
<http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=215>. Acesso em: 07 
dez. 2018. 
 
Podemos ainda destacar que, do ponto de vista cientifico, teorias que até 
então não tinham espaço no mundo das universidades e nem faziam sucesso 
passaram a fazer parte do cotidiano de estudos. Explicações sobre a existência 
humana, sobre o universo, dentre outras, passaram a rivalizar diretamente 
com os aspectos religiosos de explicações do mundo. A própria religião 
passou a ser objeto de estudo e de crítica em diversos sentidos, marcando 
assim o início da rivalidade entre fé e ciência. 
Outro fator preponderante para o enfraquecimento do poder religioso 
foi o período das grandes navegações e a descoberta da América pelos 
europeus no final do século XIV e início do século XV. Isso se apresentou 
como um duro golpe aos interesses ideológicos da igreja que, durante séculos, 
defendeu a ideia de que a Terra era quadrada, o que gerava uma 
impossibilidade de se navegar até o final dos oceanos, pois um grande abismo 
esperava os homens que se aventurassem em tentar chegar até lá. 
 
http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=215
26 
COM A PALAVRA, QUEM ENTENDE DO ASSUNTO 
 
Com o Renascimento, surgem novas formas de vida, ocasionando uma 
crise social que culmina com a contestação das velhas tradições e o 
rompimento da ciência com a religião. O homem descobre que é capaz 
de decidir por si, sente-se livre e coloca-se na posição de centro do 
Universo, buscando objetividade nas suas experiências. O mundo 
deixa de ser sagrado para tornar-se num objeto de uso para o próprio 
homem, embora a crença em Deus permanecesse. O trabalho 
intelectual, neste período, torna-se mais intenso e individualizado; e a 
religiosidade, uma decisão íntima. (PRIMON; SIQUEIRA JÚNIOR; 
ADAM & BONFIM, 2000, p. 36) 
 
Do século XV até início do século XIX, o mundo passou por novas 
configurações em diversos aspectos. Mudanças políticas, econômicas, sociais 
e culturais alteraram de forma real a maneira com que o homem percebia o 
mundo a sua volta. As Revoluções Francesa e Industrial contribuíram 
significativamente para essas transformações. Enquanto o Renascimento e o 
Humanismo alteraram os aspectos culturais, as Revoluções alteraram os 
aspectos políticos e econômicos da Europa mudando significativamente os 
polos de poder e as correlações de forças entre as grandes potencias. 
Já o século XIX ficou marcado pelo desenvolvimento da ciência em 
todos os aspectos; teorias como a do evolucionismo de Darwin foram usadas 
em diversos momentos para explicar a origem da espécie humana, como 
também para explicar a realidade social. O sucesso dessa teoria evidenciou o 
bom momento pela qual a ciência estava passando e a crise que estava se 
instaurando no campo religioso. 
Todos esses acontecimentos marcaram de forma sistemática a relação 
entre a religião e a ciência levando o homem a um distanciamento das 
explicações religiosas de mundo. Costa (1987, p. 34) aponta que “as ideias de 
progresso, racionalismo e vitória do homem sobre a natureza exerceram todo 
o seu encanto sobre a mentalidade da época”. Isso abria diferentes 
possibilidades aos homens para entenderem e compreenderem o mundo que 
lhes cercava. 
Dessa forma, “Se esse pensamento racional e científico parecia válido 
para explicar a natureza, intervir sobre ela e transformá-la,ele poderia 
também explicar a sociedade vista como um elemento da natureza. E a 
sociedade, da mesma forma que a natureza, poderia ser conhecida e 
27 
transformada.” (COSTA, 1987, p. 40) e isso contrariava diretamente as 
orientações da igreja e aquilo que ela validava como verdade. 
 
COM A PALAVRA, QUEM ENTENDE DO ASSUNTO 
 
Defendida por uns, repudiada por outros, a Igreja perdia, de qualquer 
maneira, o importante papel de explicar o mundo dos homens; 
passava, ao contrário, a ser por eles explicada. A religião começou a 
ser encarada como um dos aspectos da cultura humana, como algo 
criado pelos homens com a finalidade prática relativa à vida terrena, e 
não apenas à vida futura. Assim, a Igreja e sua doutrina atravessaram 
um processo de dessacralização, eliminando-se muito de seu aspecto 
sobrenatural e transcendente. Toda religião, em especial o catolicismo, 
era agora vista de maneira favorável ou desfavorável conforme sua 
inserção na vida concreta e material dos homens, como promotora de 
valores sociais importantes para a orientação da conduta humana. 
(COSTA, 1987, p. 37) 
 
A religião passou a ser objeto de estudo de diversos pesquisadores, que, 
de certa forma, procuravam descaracterizar o que durante séculos foi 
defendido como verdade pela igreja. A descoberta de vacinas e a invenção do 
para-raio foram alguns dos avanços da ciência que levaram os homens a 
perceberem que muito daquilo que a religião defendia como castigo de Deus 
eram, na verdade, reações de um mundo marcado pelos fenômenos naturais 
e pela ação humana. 
Além disso, o processo intenso de crescimento econômico pelo qual as 
nações europeias estavam passando levou os homens a uma interdependência 
de si mesmos, tornando-se mais autônomos em suas decisões em relação ao 
mundo religioso. Costa (1987, p. 37) explica que, a partir desse momento, a 
“igreja foi questionada como fonte de poder secular, político e econômico e 
como instituição que feria os princípios da soberania nacional, na medida em 
que se imiscuía em questões civis e de Estado”. 
Esses questionamentos levaram a religião a um processo de perda de sua 
autonomia frente ao homem. A crença nas instituições religiosas e a perca da 
influência que esta exercia sobre os homens levou a sociedade de forma geral 
a um processo de afastamento da religião e a um processo de questionamento 
da ideia de “infalibilidade eclesiástica”. Todos esses questionamentos levaram 
inúmeros pesquisadores da Sociologia, como Comte, Durkheim, Marx e 
28 
Weber, a pesquisarem a religião e a influência dela sobre a sociedade do século 
de sua época. 
Todos esses acontecimentos colocaram a religião como objeto de estudo 
à medida que a sociedade deixou de ver o mundo de forma sacral. Logo, a 
ciência passou a explicar o mundo racionalmente, criando assim uma 
rivalidade com o pensamento religioso de que o mundo era obra exclusiva 
dos deuses. Costa (1987, p. 37) salienta que, para “o pensamento científico 
do século XIX, são os homens que criam os deuses e não o contrário”. 
Nesse sentido, o século XIX é conhecido como o período mais crítico 
para a religião que perdeu sua autonomia e passou a ser duramente criticada 
pela ciência com sua busca sistemática em provar que o mundo era obra de 
diversas influências naturais, e não criação divina como a igreja insistia em 
afirmar. 
 
PARA APROFUNDAR NO ASSUNTO 
 
As tarefas que se seguem têm a finalidade de levar você a adquirir mais 
conhecimento e consolidá-los. Portanto, releia o texto base da aula, assista os 
vídeos abaixo e leia os textos listados também abaixo; em seguida, produza 
um texto de duas laudas relacionando o tema religião e fé. É um excelente 
exercício de crescimento científico. 
 
ACESSE E VEJA OS VÍDEOS 
 
• Vídeo “Charles Darwin – Evolução X Religião”. Fonte: Programa 
Jornal Nacional – Rede Globo. Outubro de 2009. Disponível em: 
<www.youtube.com/watch?v=TAl4cWg6Xeo>. Acesso em: 02 dez. 
2018. 
 
• Vídeo “Ciência vs Religião (1/3) - 3a1”. Fonte: Programa 3a1 – TV 
Brasil. Agosto de 2011. Disponível em: 
<www.youtube.com/watch?v=uz1IsjLhHpc>. Acesso em: 02 dez. 
2018. 
 
 
http://www.youtube.com/watch?v=TAl4cWg6Xeo
http://www.youtube.com/watch?v=uz1IsjLhHpc
29 
• Vídeo “Ciência vs Religião (2/3) - 3a1”. Fonte: Programa 3a1 – TV 
Brasil. Agosto de 2011. Disponível em: 
<https://youtu.be/P8alHoBu5t4>. Acesso em: 02 dez. 2018. 
 
• Vídeo “Ciência vs Religião (3/3) - 3a1”. Fonte: Programa 3a1 – TV 
Brasil. Agosto de 2011). Disponível em: 
<www.youtube.com/watch?v=xkvZPWsxC4M>. Acesso em: 02 
dez. 2018. 
 
ACESSE E LEIA OS TEXTOS 
 
• Artigo “A ciência e religião: caminhos convergentes ou divergentes?”, 
de Alessandra Carlos Costa Grangeiro e Olivar Basilio da Costa. 
Fonte: Vox Faifae: Revista de Ciências Humanas e Letras das 
Faculdades Integradas da Fama Vol. 1, no. 1 (2009). Disponível em: 
<www.faifa.edu.br/revista/index.php/voxfaifae/article/view/4>. 
Acesso em: 02 dez. 2018. 
 
• Artigo “Nietzsche: o desafio do ateísmo niilista”, de Gilmar Alonso 
Valério. Fonte: Vox Faifae: Revista de Ciências Humanas e Letras das 
Faculdades Integradas da Fama Vol. 1, no. 1 (2009). Disponível em: 
<www.faifa.edu.br/revista/index.php/voxfaifae/article/view/5>. 
Acesso em: 02 dez. 2018. “Ciência” e “Religião”: Construindo os 
Limites* 
 
• Artigo “‘Ciência’ e ‘Religião’: construindo os limites”, de Peterson 
Harrison. Fonte: Revista de Estudos da Religião. Março 2007 no. 34, São 
Paulo, Metodista, 2007. Disponível em: 
www.pucsp.br/rever/rv1_2007/p_harrison.pdf. Disponível em: 02 
dez. 2018. 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.faifa.edu.br/revista/index.php/voxfaifae/article/view/4
http://www.faifa.edu.br/revista/index.php/voxfaifae/article/view/5
http://www.pucsp.br/rever/rv1_2007/p_harrison.pdf
30 
SÍNTESE DA AULA 
 
Nesta aula você teve a oportunidade de crescer no conhecimento de um 
tema essencial para a sua formação teológica. 
Você deve ter compreendido um pouco sobre a difícil relação entre a 
igreja e a ciência durante os diferentes momentos. Logicamente poderíamos 
apontar diversos outros acontecimentos e fatos que contribuíram para que 
isso ocorresse, mas não faremos nesta aula. Portanto, é pertinente que você 
fique atento às próximas aulas, pois elas poderão lhe auxiliar no entendimento 
de alguns pontos que talvez você não tenha compreendido desta aula. 
Em pleno século XXI, a ciência e as religiões se enfrentam 
constantemente. De um lado, a ciência, tentando provar que o mundo é obra 
do acaso, e do outro, as religiões, buscando explicar que o mundo e os 
homens são o resultado de vontade sagrada. Das inúmeras religiões existentes 
no mundo, cada uma aponta uma explicação para o que entendemos como 
ser o mundo; algumas explicações são consideradas absurdas, outras um 
pouco mais racionais. 
De certa forma, você, como cristão, precisa saber e ter a convicção de 
que o mundo em que vivemos é obra exclusiva de um único Deus. Num 
mundo marcado pela racionalidade, não basta simplesmente saber disso, é 
preciso ter convicção e conhecimento teológico para refutar muitas das 
teorias que enfrentam diretamente a fé cristã. 
Portanto, ao conhecer as diversas teorias defendidas pela ciência, é um 
bom começo para você começar a exercitar sua vocação teológica. Ter o 
conhecimento bíblico aliado ao conhecimento científico é uma ótima 
sugestão para que você comece a relacionar até que ponto a ciência não 
interfere diretamente na maneira das religiões de pensar o mundo ou até que 
ponto as religiões dão explicações plausíveis para a existência humana. 
 
 
 
 
 
31 
UNIDADE II: O CONTEXTO DE SURGIMENTO DA 
SOCIOLOGIA 
 
AULA 3: O CONTEXTO DE SURGIMENTO DA 
SOCIOLOGIA 
 
META 
 
• Compreender o contexto histórico, político e social do século XIX 
e de que forma este contribuiu para o surgimento da Sociologia. 
 
OBJETIVOS 
 
• Analisar os acontecimentos que possibilitaram o surgimento da 
Sociologia enquanto ciência; 
• Compreender o contexto histórico,político e social em que surgiu a 
Sociologia; 
• Destacar a importância da Sociologia para a compreensão dos 
fenômenos sociais; 
• Apontar os principais objetos de estudo da Sociologia e seus 
métodos de estudo. 
 
PARA INÍCIO DE CONVERSA 
 
A Sociologia, enquanto ciência social, surgiu no início do século XIX em 
um contexto europeu marcado pela efervescência da Ciência, da Revolução 
Francesa e da Revolução Industrial. Juntamente com o crescimento 
científico, ocorreu também o crescimento econômico que marcou 
fortemente a Europa, impulsionada principalmente pelas Revoluções 
Industriais que marcaram o cenário europeu. Além disso, a Revolução 
Francesa no século XVIII inaugurou uma nova configuração nas relações de 
poder (político) frente às nações europeias. 
A Revolução Industrial, a Revolução Francesa e o crescimento científico 
alteraram profundamente a vida no mundo europeu. A paisagem social, que 
32 
antes era marcada pela presença maciça do homem no campo e pela presença 
dos pequenos artesãos nas cidades, foi trocada pela presença dos operários 
nas fábricas que, nesse período, passaram a trabalhar nas indústrias com 
longas jornadas de trabalho. 
Convém lembrar que, até então, a noção de trabalho constituído no 
mundo medieval e religioso era de que o trabalho era algo penoso, fatídico e 
um castigo aos homens. A partir da Revolução Industrial, a noção de trabalho 
é incorporada por outra perspectiva que via o mesmo como algo positivo 
para os homens. Portanto, a concepção de trabalho constituída dentro de um 
viés religioso, cede espaço para uma perspectiva capitalista e humana de 
trabalho. 
Neste sentido, convém relembrar que, na aula anterior, falamos sobre o 
enfraquecimento do pensamento religioso e o fortalecimento do pensamento 
racional sobre a vida das pessoas. Logo, para o sistema capitalista de 
produção, que estava em processo de evolução, o fortalecimento do 
pensamento racional e o enfraquecimento do pensamento religioso era de 
suma importância para garantir, do ponto de vista ideológico, a justificativa 
ideal para que o homem vendesse sua força de trabalho sem peso alguma na 
consciência. 
Ademais, podemos ainda apontar a importância da Reforma Protestante 
para a mudança no comportamento humano em relação ao trabalho que, de 
algo penoso e laboroso, passou a ser entendido como algo abençoado e 
divino. Dessa maneira, a ausência de trabalho era sinal de pecado ou da falta 
das bênçãos divinas. Tal perspectiva foi preponderante para que o sistema 
capitalista se estruturasse, principalmente, nos países de matrizes 
protestantes. 
As relações de produção, antes regidas pela posse e propriedade da terra, 
deram lugar a relações comerciais mais impessoais nas quais o homem passou 
a vender sua força de trabalho, além de ter horário para entrar e sair das 
fábricas. Estava se consolidando o sistema capitalista em sua forma mais 
agressiva, uma vez que as extensas jornadas de trabalho e as péssimas 
condições impostas aos operários lhes causavam sérios danos à saúde. 
Além disso, estudiosos desse período relatam situações de mortes de 
operários e crianças causadas, especialmente, pelas jornadas excessivas de 
trabalhos que levavam os operários a não terem controle sobre o cansaço, 
causando assim acidentes fatais para os trabalhadores. 
 
33 
Oliveira (2007, p. 6) explica que: 
 
Com o aperfeiçoamento da máquina a vapor pelo inventor inglês 
James Watt, em l768, as fábricas, que já não dependiam da energia 
hidráulica dos rios, mudaram-se para a periferia das cidades, mais 
próximas dos mercados consumidores e onde os trabalhadores eram 
contratados com mais facilidade. Eram edifícios enormes, fechados, 
com chaminés, apitos e grande número de operários. 
 
Todas essas mudanças no aspecto político, econômico e social marcaram 
profundamente a vida do homem europeu. No aspecto econômico, como 
dito anteriormente, a vida do homem foi marcada pela Revolução Industrial 
que mudou significativamente as relações de trabalho. O homem do campo, 
acostumado a plantar, colher e fazer o que bem entendia de sua produção, 
viu-se alijado dessas possibilidades à medida que o sistema econômico 
emergente (capitalismo) o expropriou de sua propriedade, além de levá-lo 
para as grandes cidades tornando-o operário nas fábricas que surgiam 
rapidamente nas grandes metrópoles. 
O pequeno artesão, acostumado a retirar a sua matéria prima, trabalhá-la 
e produzir seu próprio produto, viu-se forçado a vender sua força de trabalho. 
As pequenas oficinas cederam espaço às grandes fábricas que passaram a 
contratar a mão de obra vinda da zona rural. Na cidade, o homem, que antes 
era dono da sua força produtiva (fp) e dos meios de produção (mp), viu-se 
alijado de seu ambiente de trabalho e forçado a vender por um salário 
(pequeno) sua força produtiva. 
 
COM A PALAVRA QUEM ENTENDE DO ASSUNTO 
 
Primeiro, a casa e o local de trabalho foram separados; depois, 
separaram o trabalhador de seus instrumentos; por fim, tiraram dele a 
possibilidade de conseguir a própria matéria-prima. Tudo passou a ser 
dos comerciantes e industriais que haviam acumulado riquezas. Eles 
financiavam, organizavam e coordenavam a produção de mercadorias, 
definiam o que produzir e em que quantidade. (TOMAZI, 2007, p. 40) 
 
Da mesma forma, o pequeno proprietário de terra que até então produzia 
seu próprio alimento viu-se inserido em uma nova organização econômica e 
social onde a produção passou a ser fragmentada e a força de trabalho 
34 
vendida e assalariada. A vida pacata e organizada pelo ritmo interiorano foi 
sendo, aos poucos, substituído pelo processo intenso de produção nos chãos 
das grandes fabricas cuja busca pela produção superava a lógica humana. 
Outro aspecto importante para se pensar é que a transição do pequeno 
artesão e do homem do campo para o mundo capitalista da produção mudou 
consideravelmente a relação que estes estabeleciam com o tempo. No campo 
e nas oficinas, os homens eram donos de seu tempo e, consequentemente, 
conseguiam se organizar para o tempo do ócio e do lazer. Marshall Shalins 
(apud TOMAZI, 2007) salienta que, nas sociedades tribais, por exemplo, 
havia momentos propícios para o lazer e que o trabalho tomava apenas parte 
da vida humana. 
 
COM A PALAVRA QUEM ENTENDE DO ASSUNTO 
 
Primeiro, a casa e o local de trabalho foram separados; depois, 
separaram o trabalhador de seus instrumentos; por fim, tiraram dele a 
possibilidade de conseguir a própria matéria-prima. Tudo passou a ser 
dos comerciantes e industriais que haviam acumulado riquezas. Eles 
financiavam, organizavam e coordenavam a produção de mercadorias, 
definiam o que produzir e em que quantidade. (TOMAZI, 2007, p. 40) 
 
Da mesma forma, o pequeno proprietário de terra que até então produzia 
seu próprio alimento viu-se inserido em uma nova organização econômica e 
social onde a produção passou a ser fragmentada e a força de trabalho 
vendida e assalariada. A vida pacata e organizada pelo ritmo interiorana foi 
sendo, aos poucos, substituída pelo processo intenso de produção nos chãos 
das grandes fábricas cuja busca pela produção superava a lógica humana. 
Outro aspecto importante para se pensar é que a transição do pequeno 
artesão e do homem do campo para o mundo capitalista da produção mudou 
consideravelmente a relação que estes estabeleciam com o tempo. No campo 
e nas oficinas os homens eram donos de seu trampo e, consequentemente, 
conseguiam se organizar para o tempo do ócio e do lazer. Marshall Shalins 
(apud Tomazi) salienta que, nas sociedades tribais, por exemplo, havia 
momentos propícios para o lazer e que o trabalho tomava apenas parte da 
vida humana. 
 
35 
Marshall Sahlins, antropólogo estadunidense, chama essas sociedades 
de ‘sociedade de abundância’ ou ‘sociedade do lazer’, destacando que 
seus membros não só tinham todas as suas necessidades materiais e 
sociais plenamente satisfeitas, como dedicavam um mínimo de horas 
diárias ao quenós chamamos de trabalho. (TOMAZI, 2007, p. 37) 
 
Sua inserção no chão de fábrica expropriou-lhe dessas possibilidades à 
medida que, nas fabricas, o tempo de trabalho era exaustivamente longo. 
Ademais, nas fábricas, tanto homens como mulheres e crianças disputavam 
espaço e trabalho. O quadro abaixo retrata como se configurou a carga 
horária de trabalho dos trabalhadores ao longo dos quatro últimos séculos. 
 
Evolução das horas de trabalho semanal 
 Inglaterra França 
1650-1750 45 a 55 horas 50 a 60 horas 
1750-1850 72 a 80 horas 72 a 80 horas 
1850-1937 58 a 60 horas 60 a 68 horas 
Fonte: Newton Cunha. In: TOMAZI, Dácio Nelson. A felicidade imaginada: a negação do 
trabalho e do lazer. São Paulo: Brasiliense, 1987. p. 37. 
 
Para Tomazi (2007), a submissão dos trabalhadores à extensa jornada de 
trabalho sem condições ideais para tal refletia-se na sua qualidade de vida. A 
ideia de ser livre era um aspecto apenas legal, uma vez que, na realidade 
cotidiana, os trabalhadores se viam levados pelas necessidades de 
sobrevivência a aceitar as condições que lhes eram impostas. 
Essa era a realidade que se apresentava para os trabalhadores na segunda 
metade do século XVII, com o início da Revolução Industrial. Seu 
desenvolvimento por todo o mundo europeu constituiu-se de forma 
acelerada, transformando a Europa ou grande parte dela no que conhecemos 
como mundo capitalista. 
O desenvolvimento industrial e o surgimento das grandes fábricas 
acelerarão também a busca por matérias primas em outras partes do mundo 
a fim de suprir a demanda de produção. O mundo europeu, desgastado de 
recursos naturais, precisava de outras fontes para suprir as demandas 
existentes nas fábricas, o que culminou na busca desses recursos em outros 
36 
continentes. Tal evento ficou conhecido como neocolonialismo do século 
XIX, causando sérios prejuízos para diferentes povos do mundo. 
 
CONCEITO 
 
Neocolonialismo representa a dominação política, econômica, cultural e 
social das potências capitalistas europeias sobre algumas regiões do 
continente africano e asiático, principalmente. Este processo teve início no 
começo do século XIX e perdurou até o século XX, com a Primeira Guerra 
Mundial. As principais nações capitalistas da época que usufruíram do 
neocolonialismo foram: Reino Unido, Bélgica, Prússia, França e Itália. Com 
o desenvolvimento da Segunda Revolução Industrial, as nações europeias 
presenciavam uma intensa expansão dos setores econômicos. A partir deste 
cenário, as potências da Europa começaram a buscar meios de ampliar os 
seus mercados para buscar matérias-primas diferenciadas, mão de obra barata 
e novos locais para comercializar os produtos que produziam. Com o 
argumento falacioso de que os europeus seriam “intelectualmente mais 
desenvolvidos” do que os povos asiáticos e, principalmente, os africanos, as 
potências da Europa interferiram nessas regiões com o discurso de “levar o 
progresso da ciência e da tecnologia ao mundo”. 
Fonte: Significados. Disponível em: <https://www.significados.com.br/neocolonialismo/>. Acesso em: 
25 nov. 2018. 
 
O processo de neocolonialismo que ocorreu na Ásia e na África alterou 
profundamente as relações e formas de organização no mundo europeu, 
colocando em evidência outras potências europeias. A corrida dos países 
europeus por recursos naturais e por mercados consumidores levou as 
grandes nações europeias a uma intensa exploração dos continentes africano 
e asiático. 
Essas disputas estavam intimamente ligadas à acumulação de matérias 
primas capazes de suprir as fábricas europeias, além de estarem ligadas à 
necessidade de mercados consumidores para estas matérias primas após se 
transformarem em produtos industrializados. Essa corrida por matérias 
primas e mercados consumidores deixou consequências que até hoje podem 
ser percebidas nestes locais. 
Ainda hoje, em pleno século XXI, vários países africanos e asiáticos 
sofrem as consequências do neocolonialismo. O discurso europeu de 
https://www.significados.com.br/neocolonialismo/
37 
desenvolvimento dessas regiões não prosperou por muito tempo e 
atualmente pode-se perceber como uma falácia ideológica que visava garantir 
que os interesses de dominação econômica fossem garantidos nessas regiões. 
O surgimento da Sociologia como ciência ocorre justamente nesse 
contexto social marcado por intensas transformações. O desejo de diferentes 
cientistas em compreender os fenômenos e as mudanças que se consolidavam 
na sociedade foi a base para o surgimento do pensamento sociológico. Era 
preciso pensar em uma ciência que fosse capaz de compreender os diferentes 
contextos sociais a partir das relações que os homens estabeleciam na 
sociedade. 
Um dos primeiros pensadores a pensar Sociologia enquanto ciência foi o 
francês Auguste Comte (1798-1857). Comte defendia que era preciso pensar 
uma ciência capaz de responder às diferentes complexidades das relações 
humanas. Sua principal ideia era criar uma ciência chamada de “física social”, 
uma ciência que fosse capaz de explicar a sociedade de sua época e os 
fenômenos sociais inerentes a ela; só em l839 Auguste Comte abandonou o 
termo “física social” e passou a usar o termo Sociologia para se referir ao 
estudo da sociedade. 
Considerado o pai da Sociologia, Auguste Comte defendia que a 
Sociologia deveria ser uma ciência assim como as outras, ou seja, ter métodos 
que garantissem a objetividade de seus estudos e o distanciamento do objeto 
estudo. Para isso, dedicou parte do seu tempo para formular conceitos que 
foram importantes ao longo da consolidação da Sociologia como ciência dos 
homens. 
Apesar de ser um dos primeiros pensadores a defender uma ciência capaz 
de compreender os fenômenos sociais, a Sociologia só se consolidou como 
ciência com o pensador Émile Dukheim (1858-1917), que será objeto de 
estudo nas próximas aulas. No entanto, não podemos desprezar a 
contribuição do francês Auguste Comte por ter sido ele a dar as primeiras 
contribuições para se pensar o contexto social. 
O surgimento da Sociologia foi marcado por um momento importante 
da sociedade europeia pelo fato de que, naquele momento, as potências 
europeias estavam passando por intensas transformações. Essas afetaram 
diretamente as relações de poder no mundo europeu, principalmente no que 
tange ao equilíbrio de forças entre as potências europeias. 
Uma das primeiras correntes de pensamento social foi o positivismo. 
Costa (1987, p. 42) explica que o positivismo foi a primeira corrente de 
38 
pensamento sociológico, ou seja, a primeira teoria a organizar alguns 
princípios a respeito do homem e da sociedade tentando explicá-los 
cientificamente. Dessa forma, torna-se importante compreender que cada 
corrente sociológica buscou compreender a sociedade como veremos o 
positivismo. 
 
COM A PALAVRA, QUEM ENTENDE DO ASSUNTO 
 
POSITIVISMO: 
O termo foi usado pela primeira vez por Saint-Simon para designar o 
método exato das ciências e sua extensão para a filosofia (“De lá 
religião Saint-Simonienne”, 1830, p. 3). Ele foi tomado por Auguste 
Comte para sua filosofia e através de seu esforço tornou-se a 
designação de uma grande tendência filosófica, que, na segunda 
metade do século XIX, teve manifestações muito numerosas e variadas 
em todos os países. A característica do positivismo é a romantização 
da ciência: a elevação da mesma para o único guia de vida individual e 
social do homem, isto é, a forma possível de um conhecimento, da 
moral e da religião. 
• As teses fundamentais do positivismo são as seguintes: 
1. A ciência é a única forma de conhecimento possível e o 
método da ciência a única válida. Portanto, recorrer a 
busca de princípios que não são acessíveis ao método 
científico para o positivismo não tem valor algum. 
2. O método da ciência é puramente descritivo no sentido 
de que se descreve os factos e mostra as relações 
constantes entre os fatos que são expressos por leis, as 
quais tornam possívela previsão dos próprios fatos 
(Comte); ou é puramente descritivo no sentido de que 
mostra a gênese evolutiva dos mais complexos fatos e 
de fatos mais simples (Spencer). 
3. O método da ciência, uma vez que é o único método 
válido, deve ser estendido a todos os campos da 
investigação e da atividade humana, e a toda a vida 
humana, seja individual ou associativa; desse modo, a 
pesquisa deve ser guiada por ele. O positivismo presidiu 
a primeira participação ativa da ciência moderna na 
organização social e ainda constitui um conceito de 
filosofia que continua a ser uma das alternativas 
fundamentais: e isso é verdade, mesmo após as ilusões 
totalitárias do positivismo romântico terem sido 
abandonadas, ou seja, sua pretensão de absorver todas 
as manifestações do homem na ciência. 
(ABBAGNANO; FORNERO, 1992, p. 282) 
39 
As ideias positivistas sobre a sociedade marcaram uma nova forma de ver 
e entender o mundo, principalmente, porque este passou a ser compreendido 
como um organismo social em constante adaptação. O homem deixou de ser 
um mero coadjuvante, para se tornar protagonista de sua realidade social, uma 
vez que essa realidade não estava mais presa a formulações religiosas, nem se 
justificava por revelações divinas. 
Logo, o positivismo encontrava na ciência, com seus métodos, uma 
forma ideal pra explicar o homem não de forma isolada mas enquanto ser 
social e, nesse aspecto, qualquer explicação da realidade humana que não 
estivesse embasada na ciência não era aceita pelos pensadores da corrente 
positivista, visto que, como vimos alhures, uma das características do 
positivismo era justamente a valorização da ciência. 
Todos esses acontecimentos que permeiam a Europa no século XIX 
constituirão o cenário em que a Sociologia se desenvolverá no início do século 
XIX. A preocupação dos primeiros sociólogos de corrente positivista estava 
em apontar que a sociedade era constituída de um todo, por isso se 
assemelhava ao corpo humano que funcionava de forma coesa 
(COMPARATO, 2010, p. 16). 
Segundo Costa (1987), o primeiro princípio teórico da escola positivista 
foi a tentativa de constituir seu objeto, pautar seus métodos e elaborar seus 
conceitos à luz das ciências naturais, procurando dessa maneira chegar à 
mesma objetividade e ao mesmo êxito nas formas de controle sobre os 
fenômenos estudados. 
Essa escolha de princípios teóricos das ciências naturais, embora fosse 
necessária no primeiro momento, pelo fato desta ciência nascente não ter 
métodos específicos, gerou enormes transtornos de ordem interpretativa, 
uma vez que procurou analisar os fenômenos sociais com base em conceitos 
das ciências naturais. O darwinismo social, a ser estudado na próxima aula, 
foi um exemplo típico desta escolha. A visão de sociedade como organismo 
vivo, em constante adaptação, abriu margens para diversas interpretações 
sociais que acabaram por marginalizar algumas culturas em relação a outras. 
 
 
 
 
 
40 
PARA APROFUNDAR NO ASSUNTO 
 
As tarefas que se seguem têm a finalidade de levar você a adquirir mais 
conhecimento e consolidá-los. Portanto, releia o texto base da aula, assista o 
vídeo abaixo e leia os textos listados também abaixo, buscando reter os 
conteúdos. É um excelente exercício de crescimento científico. 
 
ACESSE E VEJA OS VÍDEOS 
 
• Videoaula Sociologia2Aula01 O que é Sociologia? por Gilson Xavier de 
Azevedo. Fevereiro de 2009. Disponível em: 
<www.youtube.com/watch?v=szLWFDZ4SMY>. Acesso em: 13 fev. 
2018. 
 
• Videoaula “Surgimento da Sociologia”, por Marcelo Juliane Frossard de 
Araujo. Fonte: Info Escola. Disponível em: 
https://www.infoescola.com/sociologia/surgimento-da-sociologia/. 
Acesso em: 21 nov. 2018. 
• Videoaula “Como surgiu a Sociologia”. Fonte: Portal Sociologia. 
Disponível em: http://www.sociologia.com.br/surgimento-da-
sociologia/. Acesso em: 21 nov. 2018. 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.youtube.com/watch?v=szLWFDZ4SMY
https://www.infoescola.com/sociologia/surgimento-da-sociologia/
http://www.sociologia.com.br/surgimento-da-sociologia/
http://www.sociologia.com.br/surgimento-da-sociologia/
41 
SÍNTESE DA AULA 
 
O surgimento da Sociologia enquanto ciência foi marcado por diversos 
acontecimentos, como você viu no texto dessa aula. Para entendermos a 
importância desta nova ciência, é preciso pensar em todo contexto que 
possibilitou sua formação. 
Se hoje temos métodos que nos ajudam na compreensão da sociedade é 
porque, em outros momentos, pensadores como Auguste Comte, Émile 
Durkheim e outros se debruçaram na tarefa de pensar em conceitos e 
métodos que nos dessem esta possibilidade. Portanto, qualquer tentativa de 
estudo que se preze sobre as relações sociais, deve buscar conceitos 
disponíveis pela sociologia. 
É preciso que você entenda que o contexto histórico interfere 
diretamente na forma com que os indivíduos pensam. Seu desafio, nessa aula, 
é fazer uma reflexão pensando na sociedade do século XIX com todas as suas 
transformações e ao mesmo tempo relacionar com a sociedade atual. No que 
essas duas sociedades de períodos distintos têm que as diferencia ou o que 
lhes aproxima? Para pensar isso, você tem a oportunidade de estudar os 
conceitos oferecidos por esta disciplina e relacioná-los com sua realidade. 
Por fim, nesta aula aprendemos sobre os principais acontecimentos 
políticos, econômicos e sociais que deram sustentação para o surgimento da 
Sociologia como ciência. Além disso, você teve a oportunidade de 
compreender de que forma o surgimento do sistema capitalista alterou as 
relações de trabalho, tanto do pequeno proprietário de terra, como do 
pequeno artesão. 
Portanto, diante de tantos conceitos e informações espera-se que você 
tenha tido um excelente aproveitamento. Em caso de dúvida, sugiro que volte 
novamente ao texto e estude com mais profundidade as bibliografias 
sugeridas no seu decorrer. 
 
 
 
 
 
42 
AULA 4: O DARWINISMO SOCIAL E A EUROPA DO 
SÉCULO XIX 
 
META 
 
• Compreender o que foi o darwinismo social e suas implicações 
ideológicas para os países neocolonizados. 
 
OBJETIVOS 
 
• Compreender o que é neocolonialismo e darwinismo social; 
• Relacionar de que forma o darwinismo social contribui 
ideologicamente para justificar o neocolonialismo; 
• Destacar os problemas causados por essa teoria; 
• Apontar os princípios norteadores do darwinismo social. 
 
PARA INÍCIO DE CONVERSA 
 
O que foi o neocolonialismo? E o darwinismo social? Quais as 
consequências desses dois movimentos para Europa e para outros povos? 
Um dos acontecimentos que marcam o século XIX ficou conhecido 
como neocolonialismo ou partilha da África. No século XIX, as potências 
europeias precisavam de mercados consumidores para seus produtos, além 
de matéria prima para confecção de mercadorias. A busca por mercados 
externos passou a ser uma forma encontrada por essas potências para que 
seus interesses fossem atendidos. 
O intenso processo de industrialização pela qual estava passando o 
continente europeu exigia das suas potências a busca por espaços onde 
pudessem explorar os recursos naturais e ao mesmo tempo ter a disposição 
mercado e consumidores para seus produtos. Uma das formas utilizadas para 
conseguir esse intento foi um novo processo de colonização que ficou 
conhecido como neocolonialismo. Esse, por sua vez, consistia em uma 
investida econômica nos continentes africano e asiático. 
Na aula anterior fizemos uma breve discussão sobre o surgimento do 
neocolonialismo ao discutirmos o contexto que possibilitou o surgimento do 
43 
mundo capitalista. Nesta aula, aprofundaremos nossos estudos na busca de 
compreender um pouco mais sobre o neocolonialismo e o darwinismo social 
e suas consequências para os povos dos continentes asiático e africano. 
 
CONCEITO 
 
O neocolonialismo representa a dominação política, econômica, cultural e 
social das potências capitalistas europeias sobre algumas regiões do 
continente africano e asiático, principalmente. Esteprocesso teve início no 
começo do século XIX e perdurou até o século XX, com a Primeira Guerra 
Mundial. As principais nações capitalistas da época que usufruíram do 
neocolonialismo foram: Reino Unido, Bélgica, Prússia, França e Itália. 
Fonte: Significados. Disponível em: <https://www.significados.com.br/neocolonialismo>. 
Acesso em: 25 nov. 2018. 
 
Durante o período do neocolonialismo, a África foi dividida em 
fronteiras artificiais de acordo com os interesses europeus. As delimitações 
das fronteiras dos países africanos foram sendo estabelecidas por 
colonizadores que não levaram em consideração a identidade e tradição tribal 
confrontando, assim, as etnias dentro do continente. Tribos aliadas foram 
separadas e tribos inimigas foram unidas. Sabe-se, hoje, que grande parte dos 
conflitos existentes na África é originada por problemas de território; além 
disso, as consequências dessa divisão são as condições de fome, guerras civis 
e epidemias, na qual vive grande parte da população africana. (FERREIRA; 
TAKAMI; SILVA; PAULA; PIMENTA, 2008, p. 1). 
Não é novidade que, no início do século XV, os países europeus 
encabeçados por Portugal e Espanha colonizaram e dominaram o continente 
americano. Desse processo de colonização, todos sabemos os resultados, 
principalmente para os países latinos americanos, são problemas seríssimos 
de desigualdades social, além de uma dependência extrema dos países 
desenvolvidos em todos os aspectos. 
O termo neocolonialismo é usado para explicar esse novo processo de 
colonização que ocorreu no século XIX, tendo como alvo o continente 
africano e asiático. Como dito alhures, a necessidade de matéria prima e de 
mercados consumidores fez como que as potências europeias passassem a 
explorar o continente asiático e africano com a justificativa de que esses países 
precisavam de ajuda para se desenvolver em todos os aspectos. 
https://www.significados.com.br/neocolonialismo
44 
 Neste sentido, a justificativa das potências europeias era de que o 
processo civilizatório (invasão) implementado nesses continentes era uma 
forma de ajudá-los a se desenvolver. Esse discurso configurava-se como uma 
tentativa de garantir que a invasão ao continente fosse aceita, além de 
justificar ante aos europeus de que o novo processo civilizatório era a melhor 
forma de para ajudar os menos favorecidos dos dois continentes. 
 Segundo Boahen, 
 
Em 1914, com a única exceção da Etiópia e da Libéria, a África inteira 
vê-se submetida à dominação de potências europeias e dividida em 
colônias de dimensões diversas, mas de modo geral, muito mais 
extensas do que as formações políticas preexistentes e, muitas vezes, 
com pouca ou nenhuma relação com elas. Nessa época, aliás, a África 
não é assaltada apenas na sua soberania e na sua independência, mas 
também em seus valores culturais. (2010, p. 30) 
 
Uma das questões que não podemos esquecer é que todo processo de 
dominação (colonização) não ocorre de forma pacífica e civilizada, no caso 
do continente africano; o processo em questão foi marcado por intensos 
conflitos entre neocolonizados e colonizadores. Nos países envolvidos neste 
processo, as lutas entre os colonizares e colonizados foram marcadas em 
muitos lugares pelo total domínio dos povos colonizados. 
Boahen registra, na obra “História Geral da África” (2010), que a luta 
entre colonizadores e colonizados foram marcadas por lutas e resistências. 
Garantir sua soberania através das lutas era uma das formas que os inúmeros 
povos encontraram de mostrar que o processo civilizatório não seria simples 
ou que os povos africanos tenham observado passivamente a invasão de suas 
terras. 
 Observemos suas considerações sobre essa questão: 
 
[...] não há nenhuma evidência em apoio à tese segundo a qual os 
africanos teriam acolhido com entusiasmo os soldados invasores e 
rapidamente aceitado a dominação colonial. Na realidade, as reações 
africanas foram exatamente o inverso. Está bem claro que os africanos 
só tinham duas opções: ou renunciar sem resistência à soberania e à 
independência, ou defendê-las a qualquer custo. É muito significativo 
que a maioria dos dirigentes africanos, como será amplamente 
demonstrada neste volume, tenha optado sem hesitar pela defesa da 
sua soberania e independência, a despeito das estruturas políticas e 
socioeconômicas de seus Estados e das múltiplas desvantagens que 
45 
sofriam. De um lado, a superioridade do adversário, de outro, a bravia 
determinação de resistir a todo preço estão traduzidas no baixo relevo 
reproduzido na sobrecapa desta obra [“História Geral da África, VII”]. 
Esse baixo relevo, pintado numa das paredes do palácio dos reis do 
Daomé, em Abomey, mostra um africano armado de arco e flecha, 
barrando desafiadoramente o caminho a um europeu armado com 
uma pistola. (BOAHEN, 2010, p. 38) 
 
Neste sentido, é possível perceber, na fala de Boahen, que os povos 
africanos não se conformaram passivamente com o processo civilizatório 
uma vez que a invasão europeia em suas terras significava a perca sistemática 
de sua autonomia como povo e nação. Portanto, o neocolonialismo era uma 
ameaça não apenas às riquezas naturais dos diferentes povos do continente, 
mas à própria soberania desses povos e o fim de sua legitimidade. 
Esses conflitos, ainda hoje, são responsáveis pelo processo de pobreza e 
miséria que impera nesses continentes. Além disso, não se pode analisá-los 
apenas por uma ótica isolada como muitos fazem ao assistirem pela TV 
situações de conflito existentes nesses países. É preciso, antes de tudo, buscar 
compreender que elementos sociais contribuíram para que tais situações se 
perpetuassem. E, mais do que isso, buscar compreender qual a 
responsabilidade das nações imperialistas no caos causado nessas regiões 
após o processo de partilha do continente. 
Para Boahen, 
 
As potencias europeias puderam conquistar a África com relativa 
facilidade porque a balança pendia a seu favor, sob todos os aspectos. 
Em primeiro lugar, graças às atividades dos missionários e dos 
exploradores, os europeus sabiam mais a respeito da África e do 
interior do continente – em seu aspecto físico, terreno, economia e 
recursos, força e debilidade de seus Estados e de suas sociedades – do 
que os africanos a respeito da Europa. Em segundo lugar, em função 
das transformações revolucionárias verificadas no domínio da 
tecnologia médica e, em particular, devido a descoberta do uso 
profilático do quinino contra a malária, os europeus temiam menos a 
África do que antes de meados do século XIX. Em terceiro lugar, em 
consequência da natureza desigual do comércio entre a Europa e a 
África até os anos de 1870 e mesmo mais tarde, bem como do ritmo 
crescente da revolução industrial, os recursos materiais e financeiros 
da Europa eram muitíssimo superiores aos da África. Por isso, se as 
potências europeias podiam gastar milhões de libras nas campanhas 
ultramarinas, os Estados africanos não tinham condições de sustentar 
um conflito armado com elas. (2010, p. 78) 
46 
Além da violência física que a empreitada neocolonialista causou, não 
podemos esquecer os sérios problemas culturais que, de uma forma geral, 
este processo deixou em todo o continente. Isso porque o colonizador não 
levou em consideração as particularidades existentes em cada região, antes, 
partindo de critérios geográficos, agrupou em um único espaço grupos 
étnicos historicamente inimigos. 
Sendo assim, qualquer análise que se faça dos problemas que existem no 
continente africano e asiático deve-se levar em consideração os impactos 
causados pelos colonizadores. Uma análise que parta desse princípio nos 
ajudará a compreender as realidades desses povos, bem como as drásticas 
mudanças sofridas em sua cultura. 
Na perspectiva de Boahen, 
 
Na história da África jamais se sucederam tantas e tão rápidas 
mudanças como durante o período entre 1880 e 1935. Na verdade, as 
mudanças mais importantes, mais espetaculares – e também

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