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RECURSOS AMBIENTAIS E POLUIÇÃO

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RECURSOS AMBIENTAIS E POLUIÇÃO 
 
Unidade 1 
 
 
A Lei 12.651/2012 introduziu em nosso ordenamento jurídico o novo Código Florestal, revogando o 
anterior, disciplinado pela Lei 4.771/65. Com um processo legislativo permeado por entraves e 
discussões entre a bancada ambientalista e a ruralista no Congresso Nacional, essa lei foi 
sancionada e promulgada, mas recebeu uma série de vetos da Presidente da República. Logo a 
seguir, foi editada a Medida Provisória nº 571, convertida na Lei 12.727/2012, que buscou disciplinar 
alguns dos assuntos anteriormente vetados. 
O Código Florestal normatiza os regimes de proteção de dois espaços territoriais especialmente 
protegidos de suma importância: as áreas de preservação permanente (APPs) e a reserva legal. 
As APPs estão definidas no art, 3º, inciso II, da Lei como “área protegida, coberta ou não por 
vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a 
estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e 
assegurar o bem-estar das populações humanas”. 
Existem as APPs definidas pela própria lei em seu art. 4º e as APPs estabelecidas pelo Poder 
Público, quando declaradas de interesse social, nas hipóteses previstas no art. 6º. Aquelas que já 
têm previsão legal são: 
-as faixas marginais de leitos d’água, conforme tabela abaixo: 
-as faixas marginais de leitos d’água, conforme tabela abaixo: 
LARGURA DO CURSO D’ ÁGUA FAIXA MARGINAL - (PARA CADA UM DOS LADOS) 
 - 10 METROS 30 METROS 
 10 A 50 METROS 50 METROS 
 50 A 200 METROS 100 METROS 
 200 A 600 METROS 200 METROS 
 + DE 600 METROS 500 METROS 
- as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de: 
Zona rural (em regra) 100 metros 
Zona rural com corpo d’ água com até 20 hectares de superfície 50 metros 
Zona urbana 30 metros 
- restingas - fixadoras de dunas e estabilizadoras de mangues 
- manguezais 
- bordas de tabuleiros ou chapadas em faixa mínima de 100 metros em projeção horizontal 
- topo de morros, montes, montanhas, serras, com no mínimo 100 metros de altura e inclinação 
média maior que 25º 
- áreas de altitude superior a 1.800 metros 
- veredas - 50 metros de faixa marginal do espaço brejoso ou encharcado 
Já a reserva legal vem definida na Lei, em seu art. 3º, inciso III como “área localizada no interior de 
uma propriedade ou posse rural, delimitada nos termos do art. 12, com a função de assegurar o uso 
econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a 
reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o 
abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa”. 
O art. 12, por sua vez, estabelece os percentuais mínimos que as propriedades rurais devem 
possuir de mata nativa a título de reserva legal. Confira-se: 
- Se imóvel localizado na Amazônia Legal: 
1. 80% (oitenta por cento), no imóvel situado em área de florestas; 
2. 35% (trinta e cinco por cento), no imóvel situado em área de cerrado; 
3. 20% (vinte por cento), no imóvel situado em área de campos gerais; 
- Se localizado nas demais regiões do País: 20% (vinte por cento). 
Vale ressaltar que, na vigência do Novo Código Florestal, é possível computar área de APP como 
área de reserva legal, algo que o código anterior não permitia, sendo questionável se isso seria 
alguma forma de retrocesso na proteção ambiental ou medida que favorece a exploração 
sustentável do imóvel rural. 
__________________________ 
1 Cf. Milaré, loc.cit. 
 
 
 
Direito do Ambiente, 10ª ed. 
MILARÉ, Édis 
Nesta obra, Édis Milaré traz os principais elementos e características das áreas de preservação 
permanente, da reserva legal e novidades trazidas pelo Novo Código Florestal para a proteção de 
bens ambientais. Faz breve menção histórica sobre os regimes de proteção até os dias atuais. 
Apelação 0036512-46.2005.8.26.0506 – TJSP 
1ª Câm. Reservada ao Meio Ambiente, Rel. Des. Oswaldo Luiz Palu, j. 12/05/2016 
Nesse julgado, o Tribunal avalia a constituição de reserva legal sob a égide da lei anterior e faz o 
cotejamento com os deveres estabelecidos no Novo Código Florestal, realizando uma interpretação 
sobre o alcance do novo diploma a fatos pretéritos. 
AgRg no RESP 1367968/SP – STJ 
Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, j. 17/12/2013 
Além de resgatar os conceitos de APP e de reserva legal no contexto do Novo Código Florestal, o 
acórdão discorre sobre o caráter propter rem das obrigações decorrentes desses institutos de direito 
ambiental, reforçando os deveres de proteção aos titulares de direito de propriedade e seus 
sucessores. 
 
 
Veja vídeo produzido pela EMBRAPA sobre o Novo Código Florestal:Novo Código Florestal 
Confira a discussão da recomposição de APPs em áreas urbanas consolidadas: 
Apelação nº 0049172-35.2011.8.26.0224, TJSP, 1ª Câmara Reservada ao Meio Ambiente, Rel. Des. 
Dimas Fonseca, j. 12/05/2016 – Ementa: “AÇÃO CIVIL PÚBLICA. MEIO AMBIENTE. 
Responsabilidade objetiva e solidária de todos os entes federados, pela preservação e fiscalização 
contínua e permanente de espaço ambiental protegido. Bairros construídos em área de preservação 
permanente situada à margem de curso d'água (córrego). Comprovação, porém, de que os 
arredores dos bairros possuem características urbanas (pavimentação asfáltica, fornecimento de 
https://cruzeirodosul.instructure.com/courses/24196/file_contents/course%20files/top_videoaula.png?canvas_download=1&canvas_qs_wrap=1
https://youtu.be/Za2M6t78n_o
energia elétrica, abastecimento de água, sistema de coleta de esgoto e aterramento parcial do 
córrego). Hipótese que configura a região como área urbana consolidada, nos termos do artigo 47, 
II, da Lei nº 11.977/09 e do artigo 2º, XIII, da Resolução nº 303/2002 do CONAMA, implicando na 
perda da função ecológica do local e na evidente impossibilidade de restabelecimento das 
condições ambientais originárias. Inviabilidade da restituição ao status quo ante, máxime pelo forte 
impacto social negativo que a medida implicaria. Aplicação dos princípios da razoabilidade e do 
desenvolvimento sustentável. Regularização do loteamento devida, com concessão de maior prazo 
para a efetivação. Dispensada a desocupação da APP, diante da perda da função ambiental. 
Indenização indevida dos adquirentes ou do dano urbanístico ambiental. Preliminar rejeitada e 
recurso parcialmente provido”. 
POLIZIO Jr., Vladmir. Novo Código Florestal – comentado, comparado e anotado, artigo por artigo. 
3ª ed. São Paulo: Rideel, 2016. 
Para um estudo pormenorizado sobre determinados artigos do Novo Código Florestal, com 
resolução de questões. 
Petição inicial da ADI 4901, questionando dispositivos do Novo Código Florestal – disponível em: 
http://4ccr.pgr.mpf.mp.br/documentos-e-publicacoes/adis-propostas/adi_4901_peticao_inicial_-
_parte_1.pdf/view (Links para um site externo.). 
 
MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente. 10.ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 1309/1348. 
LEMOS, Patrícia Faga Iglecias. Direito Ambiental. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013. 
 
Vimos nesta unidade os principais aspectos do Código Florestal, agora regido pela Lei 12.651/12, 
com alterações pela Lei 12.727/2012. 
Embora a lei ora em vigor tenha mantido o regime de proteção de florestas como bens de interesse 
comum, alguns dos principais institutos de proteção ambiental sofreram alterações. 
É preciso lembrar, antes de mais, que a preservação ambiental por meio de manutenção ou 
recomposição de APPs ou de reserva legal configura obrigação propter rem, ou seja, obrigação real, 
transmissível com a coisa, ao sucessor do proprietário ou do possuidor. Impõe, portanto, limites ao 
exercício do direito de propriedade. 
As áreas de preservação permanente, cuja principal função é garantir o equilíbrio dos ecossistemas 
em locais e bens sensíveis, estão arroladas no art. 4º da lei, podendo ser ampliadas pelo Poder 
Público quandocaracterizado o interesse social, conforme art. 6º. A despeito das APPs se 
manterem, o novo Código Florestal traz hipóteses de supressão da vegetação nativa nos casos de 
utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto ambiental, conforme previsto em lei. 
Diferentemente do código anterior, a lei atual atribui a ato do Chefe do Poder Executivo federal as 
hipóteses de utilidade pública. Já nos casos de baixo impacto social, é previsto ao CONAMA 
estabelecer outras ações ou atividades similares, para além daquelas definidas no próprio Código1. 
Por outro lado, a nova lei passou a estabelecer a obrigação de recomposição das áreas de 
preservação permanente, bem como a manutenção de atividades em APPs, desde que em áreas 
rurais consolidadas, entendidas aquelas cuja ocupação antrópica era anterior à data de 22 de julho 
de 2008, com atividades restritas e previstas na lei, em seu art. 65-A. 
No que tange à reserva legal, lembremos que o novo diploma legal amplia a sua função, tornando-a 
mais flexível para permitir a intervenção nessas áreas para uso e exploração sustentáveis, 
conferindo-lhe um caráter ao mesmo tempo econômico e conservacionista. 
A regra geral de instituição e manutenção de reserva legal encontra-se no art. 12. No entanto, 
excetuam-se a essa regra os imóveis com até quatro módulos rurais cujas reservas legais até 22 de 
julho de 2008 eram menores que as estipuladas na lei, bem como aqueles imóveis que observaram 
os limites legais para a supressão de vegetação em um tempo em que esses limites eram menores 
e, atualmente, estão em situação de “déficit”de reserva legal. Nesses casos, não será necessária a 
recomposição, conforme art. 68. 
http://4ccr.pgr.mpf.mp.br/documentos-e-publicacoes/adis-propostas/adi_4901_peticao_inicial_-_parte_1.pdf/view
http://4ccr.pgr.mpf.mp.br/documentos-e-publicacoes/adis-propostas/adi_4901_peticao_inicial_-_parte_1.pdf/view
O imóvel deve ser incluído no Cadastro Ambiental Rural – CAR, que é um registro público eletrônico 
de todos os imóveis rurais nacionais, integrante do Sistema Nacional de Informação sobre Meio 
Ambiente e tem por finalidade o controle, monitoramento, planejamento econômico e ambiental 
dessas áreas. Após inclusão do imóvel no CAR, o órgão ambiental estadual competente analisará a 
área indicada pelo proprietário a título de reserva legal. Para a respectiva aprovação, o órgão do 
SISNAMA deverá considerara existência de bacia hidrogáfica, o Zoneamento Ecológico-Econômico, 
os corredores ecológicos com outras áreas protegidas e áreas de maior importância ou fragilidade 
ambiental (art. 14). 
É importante ressaltar que, apesar da obrigatoriedade da inscrição do imóvel rural no CAR, ela não 
gera título de propriedade, mantendo-se a função dos Registros de Imóveis para esse fim. No 
entanto, a inscrição do imóvel no CAR desobriga o proprietário da averbação da reserva legal na 
matrícula do imóvel, no Cartório de Registro de Imóveis (art. 18, §4º). 
__________________________ 
1 Cf. Milaré, loc.cit. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Unidade 2 
 
As Unidades de Conservação fazem parte dos Espaços Territoriais Especialmente Protegidos 
(ETEPs), previstos em nossa Constituição Federal. Os ETEPs possuem uma proteção especial em 
razão de suas características, importância para os ecossistemas e equilíbrio natural, podendo ser 
instituídos por quaisquer das três entidades federativas. 
Em âmbito infraconstitucional, as Unidades de Conservação são primordialmente regidas pela Lei nº 
9.985/2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação, e o respectivo Decreto 
nº 4.340/2002. Nesse Sistema, estão definidos o CONAMA como órgão consultivo e deliberativo, o 
Ministério do Meio Ambiente, como órgão central e o Instituto Chico Mendes de Conservação da 
Biodiversidade como o órgão executor. 
As Unidades de Conservação estão divididas em dois grandes grupos: as Unidades de Uso 
Sustentável e as Unidades de Proteção Integral. Em breve síntese, enquanto as primeiras permitem 
a intervenção antrópica, respeitando um plano de manejo para exploração sustentável da área, as 
últimas, ou seja, as unidades de proteção integral obedecem a um regime de proteção mais rígido 
quanto à exploração, devendo-se manter praticamente intacta, sendo permitido apenas o uso 
indireto dos recursos naturais, sendo a intervenção humana ínfima ou inexistente. 
A lei arrola quais são as modalidades de unidades de conservação. Segue abaixo breve 
sistematização: 
USO SUSTENTÁVEL PROTEÇÃO INTEGRAL 
Área de Proteção Ambiental (APA) Estação Ecológica 
Área de Relevante Interesse Ecológico Reserva Biológica 
Floresta Nacional Parque Nacional 
Reserva Extrativista Monumento Natural 
Reserva de Fauna Refúgio de Vida Silvestre 
Reserva de Desenvolvimento Sustentável 
Reserva Particular do Patrimônio Natural 
Vale ressaltar que a criação de unidades de conservação pode ocorrer por meio de lei ou decreto do 
Chefe do Poder Executivo da respectiva entidade da federação. No entanto, a sua extinção ou a 
transformação de uma Unidade de Proteção Integral em uma Unidade de Uso Sustentável só é 
permitida mediante lei, precisamente para permitir uma maior proteção desses espaços territoriais. 
No que tange à gestão de recursos hídricos, cabe mencionar que a primeira legislação pertinente à 
temática no Brasil foi o Código das Águas, de 1934. No entanto, o intuito principal ali estabelecido 
era regular o uso da água exclusivamente para o seu aproveitamento econômico. A ideia de 
valoração e proteção desse bem, tão importante para a vida e ao mesmo tempo escasso, adveio 
apenas com a Lei 9.433/97, que introduziu a Política Nacional de Recursos Hídricos, e que 
permanece em vigor. 
A essência dessa lei traz a água como um recurso natural limitado, que possui valor econômico e 
que, portanto, deve ter seu uso racionalizado. Afinal, trata-se de bem público a qual todos devem ter 
acesso para a manutenção da vida e do equilíbrio ecológico. 
Por tal razão, a sua gestão é integrada entre diversas políticas públicas e descentralizada entre o 
Poder Público, o setor econômico e as comunidades, pois todos devem ter acesso a ela e ao 
planejamento estratégico de sua gestão, inclusive mediante participação em comitês de bacias 
hidrográficas. Trata-se, assim, de uma gestão democrática da água a fim de garantir a sua 
qualidade e quantidade de modo intergeracional. 
Uma vez estabelecidas essas premissas e objetivos, a lei prevê alguns instrumentos que buscam 
alcançar esse uso adequado e sustentável dos recursos hídricos, tais como os planos de recursos 
hídricos, a outorga de uso da água e a cobrança pelo seu uso, entre outros. 
 
Lei nº 9.985/2000 – Lei do Sistema Nacional das Unidades de Conservação, Lei 9.433/97 – Política 
Nacional dos Recursos Hídricos 
ANTUNES, Paulo Bessa 
Nessa obra, Paulo Bessa Antunes discorre de forma pormenorizada sobre as unidades de 
conservação, de uso sustentável e de uso integral formas de criação e extinção, particularidades, 
compensação etc. Detalha cada uma de suas modalidades, trazendo aspectos em comum e 
distinções entre si. 
 
Direito do Ambiente, 10ª ed 
MILARÉ, Édis 
Em seu trabalho, Édis Milaré aborda o Sistema de Recursos Hídricos desde o seu escopo 
constitucional e as primeiras leis que disciplinavam a água até a lei ora em vigor. Expõe os órgãos 
integrantes do sistema e analisa os instrumentos econômicos que dotam a água de um valor 
ecômico com o objetivo de racionalizar o seu uso. 
REsp 1071741 / SP, STJ 
2ª Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 24/3/2009 
Nesse acórdão, o Ministro Herman Benjamin discorre sobre a atribuição de criação de unidades de 
conservação pelos entes da federação e a obrigatoriedade do Poder Público fiscalizá-las. 
 
Referencias 
WOLKMER, Maria de Fátima S.; MELO, Milena Petters (org.). Crise ambiental, direitos à água e 
sustentabilidade (recurso eletrônico): visões multidisciplinares. Caxias do Sul: Educs, 2012. 
Sobre acrise hídrica no Sistema Cantareira: 
http://www2.ana.gov.br/Paginas/servicos/saladesituacao/v2/SistemaCantareira.aspx, (Links para um 
site externo.) 
http://www.daee.sp.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1227:grupo-tecnico-de-
assessoramento-para-gestao-do-sistema-cantareira-gtag-
cantareira&catid=41:outorga&Itemid=68 (Links para um site externo.) 
D’ISEP, Clarissa Ferreira Macedo. Água Juridicamente Sustentável. São Paulo: RT, 2010. 
 
ANTUNES, Paulo Bessa. Direito Ambiental. 14.ed. São Paulo: Atlas, 2012., p. 646/741. 
MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente. 10.ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p.911/959. 
 
RESUMO 
Vimos nesta unidade os principais conceitos pertinentes às Unidades de Conservação, cuja 
classificação pode ser sistematizada no quadro abaixo: 
USO 
SUSTENTÁVEL 
 
Área de Proteção 
Ambiental (APA) 
Propriedade pública ou particular. Área em geral extensa. Qualidade de vida; disciplinar processo de ocupação; 
exploração sustentável 
Área de Relevante 
Interesse Ecológico 
Propriedade pública ou privada. Área de pequena extensão com pouca ocupação humana. Espécies raros da biota 
regional ou características extraordinárias. Proibidas atividades que as coloquem em risco 
Floresta Nacional 
Área de cobertura florestal de espécies predominantemente nativas. Uso múltiplo sustentável de seus recursos e 
pesquisa científica. 
Reserva Extrativista 
Populações extrativistas tradicionais (seringueiros), cuja subsistência dependa desse extrativismo. Proteção à vida 
e à cultura. Uso sustentável dos recursos. 
Reserva de Fauna 
População animal de espécie nativa. Posse e domínio público - áreas particulares devem ser desapropriadas. 
Proibida a caça amadorística ou profissional. Visitação controlada (plano de manejo). Pesquisas. Comercialização 
de produtos e subprodutos das pesquisas. 
Reserva de 
Desenvolvimento 
Sustentável 
Populações tradicionais, cuja subsistência sustentável ocorre por meio de gerações. Qualidade de vida e 
subsistência dessas populações. Visitação controlada. Pesquisas e educação ambiental. Domínio público. 
PROTEÇÃO 
INTEGRAL 
 
Reserva Particular 
do Patrimônio 
Natural 
Área privada, proprietário deve conservar a diversidade biológica (termo de compromisso perante órgão ambiental, 
averbado no Registro de Imóveis). Pesquisa científica e visitação turística, recreativa e educacional. 
http://www2.ana.gov.br/Paginas/servicos/saladesituacao/v2/SistemaCantareira.aspx
http://www2.ana.gov.br/Paginas/servicos/saladesituacao/v2/SistemaCantareira.aspx
http://www.daee.sp.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1227:grupo-tecnico-de-assessoramento-para-gestao-do-sistema-cantareira-gtag-cantareira&catid=41:outorga&Itemid=68
http://www.daee.sp.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1227:grupo-tecnico-de-assessoramento-para-gestao-do-sistema-cantareira-gtag-cantareira&catid=41:outorga&Itemid=68
http://www.daee.sp.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1227:grupo-tecnico-de-assessoramento-para-gestao-do-sistema-cantareira-gtag-cantareira&catid=41:outorga&Itemid=68
Estação Ecológica 
Áreas públicas. Valor ecológico determina a sua intocabilidade. Se houver áreas particulares, deverão ser 
desapropriadas. Plano de manejo define as condições para a realização de pesquisas científicas. Ex. E.E. Bananal 
Reserva Biológica 
Área pública. Preservação integral da biota e atributos naturais existentes em seus limites. Visitação proibida, salvo 
para fins educacionais. Pesquisa científica deve ser autorizada. 
Parque Nacional 
Área pública.Estudo científico ou lazer. Preservação dos ecossistemas naturais e belezas cênicas. Visitação 
pública permitida. 
Monumento Natural 
Pode ser área particular, desde que compatível com a sua finalidade. Preservação de sítios naturais raros, 
singulares ou de grande beleza cênica. 
Refúgio de Vida 
Silvestre 
Pode ser área particular, desde que compatível com a sua finalidade. Proteção de ambientes naturais onde se 
asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora e da fauna local ou 
migratória. Visitação pública controlada. 
Além disso, estudamos rapidamente o sistema de gerenciamento de recursos hídricos, regido em 
âmbito federal pela Lei 9.433/97, seus princípios e respectivos intrumentos. 
Tanto a outorga quanto a cobrança, por exemplo, são estabelecidos pelo Poder Público, que confere 
o direito de uso da água por tempo determinado e, ao mesmo tempo, cobra uma remuneração a 
título de uso, em função da quantidade captada de água ou da qualidade do seu lançamento, com o 
objetivo de estimular o seu uso racional. 
Além disso, a cobrança de uma remuneração pelo uso da água permite a arrecadação de recursos 
para o desenvolvimento de programas e tecnologias de proteção desse bem e de suas respectivas 
bacias hidrográficas. 
Por falar em recursos hídricos, convém pensar na situação prática nesse tema, nomeadamente a crise hídrica no 
Estado de São Paulo, sobretudo no ano de 2015. A ausência de água no Sistema Cantareira, adicionado aos períodos 
longos de estiagem e mananciais poluidos nos fazem refletir a importância de pensarmos na gestão de recursos 
hídricos de maneira sistêmica e integrada com outras normas e sistemas de proteção ambiental de nosso ordenamento 
jurídico, já que os recursos naturais não podem ser compreendidos isoladamente. 
Com efeito, políticas relacionadas às mudanças climáticas e a proteção de mananciais são fulcrais 
para uma adequada perpetuação das bacias hidrográficas e do abastecimento da população e dos 
setores agrícolas e industriais, de modo que tanto as reflexões quanto as tomadas de decisões 
devem ser conjuntas, pensando-se nos respectivos e múltiplos impactos. É preciso desenvolver 
ações de prevenção de danos e, talvez com maior eficácia, medidas indutoras de proteção e 
sustentabilidade, tais como pretendeu-se com os planos de gerenciamento de recursos hídricos, a 
outorga e a cobrança pelo uso da água. 
 
 
 
 
 
 
 
Unidade 3 
 
A atividade de mineração é uma das mais antigas do Brasil, existente desde o período colonial, em 
que era uma das principais atividades econômicas nacionais. O tratamento constitucional dos 
recursos minerais surgiu na Constituição de 1891, que garantia o direito de propriedade das minas 
aos titulares do domínio sobre o solo, salvo limitações legais a bem da exploração minerária. 
A Constituição de 1988 trata do tema em seu art. 20, IX, ao estabelecer os recursos minerais, 
inclusive os do subsolo, como bens da União. Também é da União à competência privativa para 
legislar sobre jazidas, minas e outros recursos minerais (art. 22, XII). Mais adiante, a CF disciplina a 
atividade mineradora a ser exercida pelo particular em regime de concessão ou autorização pelo 
Poder Público, bem como trata da garimpagem. 
O Código da Mineração atual adveio com o Decreto-Lei 227/1967, sofrendo alterações com a Lei 
7805 de 1989 e Lei 9314/96. Tal Código traz os requisitos para o exercício deatividades 
mineradoras, embora a proteção ambiental por ele conferida seja bastante ínfima. 
Obviamente quepara uma atividade de mineração ser lícita tal qual prescrita na lei, exige-se o prévio 
licenciamento ambiental, substanciado inclusive com um Estudo de Impacto Ambiental. A Resolução 
CONAMA nº 9/90 estabelece as regras referentes ao licenciamento de atividades de extração 
mineral das classes I, III, IV, VI, VII, VIII e IX do Código das Minas, que foram derrogadas pelo art. 
3º da Lei 9.314/961 . Salientamos, ainda, que a Resolução CONAMA nº 10/90 dispensa o EIA/RIMA 
para determinados tipos de mineração, considerando que nem toda atividade nesse sentido é capaz 
de apresentar significativo impacto ambiental, requisito para o qual a Constituição Federal obriga a 
realização desse estudo. Nesse caso, porém, o interessado na atividade deverá apresentar um 
Relatório de Controle Ambiental. 
No que diz respeito à reparação, a Constituição determinaexpressamente a necessidade de 
reparação de danos pelas atividades mineradoras, no §2º do art. 225. Antunes observa com 
propriedade que essa reparação apenas pode tratar-se de compensação ambiental, uma vez que a 
exploração de minas pressupõe tanto a extração de recursos ambientais finitos – os minérios – 
quanto à formação de crateras em montanhas onde se localizam os minérios, que são alterações 
do status quo impossíveis de retorno ao estado anterior (2012, p. 958/959). É preciso salientar, 
porém, que o Decreto No 97.632/1989 estabelece o dever de apresentação de um plano de 
recuperação da área degradada quando da apresentação do EIA/RIMA pelo empreendedor. 
“Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: 
(...) 
II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente; 
III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou 
indiretamente: 
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; 
c) afetem desfavoravelmente a biota; 
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; 
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos; 
IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou 
indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental;” 
A Política Nacional do Meio Ambiente, instituída pela Lei 6.938/91, introduz instrumentos com dois 
objetivos primordiais: de um lado está a manutenção da sustentabilidade dos recursos naturais, para 
que tanto as gerações atuais como as futuras possam ter acesso a todas as formas de bem 
ambiental; de outro está o controle e combate à poluição, como forma de se evitar a degradação do 
meio ambiente e o desequilíbrio natural. 
Aliás, analisando-se um panorama mais amplo da evolução das leis ambientais no mundo, verifica-
se que elas evoluíram da disciplina do controle de emissões sobre bens ambientais isolados – solo, 
água, ar – tais quais revelam as Resoluções CONAMA, para uma visão integrada e sistêmica do 
meio ambiente, procurando prevenir a poluição e desencadear ações de redução de impactos desde 
a concepção de produtos e serviços, tomando-se em consideração todo um ciclo de vida de 
produtos, fomentando-se o desenvolvimento e utilização de tecnologias limpas. 
Esse pensamento de prevenção, baseado, sobretudo no princípio do poluidor-pagador, é o que 
fomenta também o surgimento de políticas públicas e programas governamentais de redução da 
poluição em todos os níveis da federação, bem como no desenvolvimento de medidas indutoras de 
responsabilidade socioambiental no setor produtivo, como ocorre, por exemplo, com as certificações 
ambientais. 
______________________ 
1 Para Bessa Antunes (op.cit., p. 950), a derrogação das classes de minérios não afasta a incidência da referida Resolução CONAMA, devendo-se 
avaliar caso a caso a necessidade de realização de Estudo de Impacto Ambiental. 
 
Referencias 
Direito Ambiental, 14ª ed. (p. 938/968) 
ANTUNES, Paulo Bessa 
A obra de Paulo Bessa é um clássico para o direito ambiental e traz os principais aspectos de 
evolução das normas relativas à mineração no ordenamento brasileiro. 
Decreto-Lei 227/1967 – Código de Mineração 
REsp 1.374.284-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 27/8/2014 
O julgado trata do acidente com barragens de mineração no Rio Pomba Cataguases, em 
semelhança ao desastre de Mariana. A leitura é importante para se verificar como o STJ entende a 
atividade de mineração e a reparação de danos dela decorrente. 
Apelação nº 0005460-14.2014.8.26.0022, 
TJSP, Rel. Des. Eutálio Porto, 2ª Câm. Reservada ao Meio Ambiente, j. 18/2/2016 
O julgado aborda a reparação de danos por poluição sonora, a imposição de obrigação de não-fazer 
e a determinação de limites de tolerabilidade. 
AI 799690 AgR/SP 
Rel. Min, Rosa Weber, 1ª Turma, j. 10/12/2013 
Trata-se de discussão em torno da constitucionalidade da lei Cidade Limpa, do município de São 
Paulo, visando a tutelar o meio ambiente urbano e impedir a poluição visual. 
 
LEITE, José Rubens Morato; AYALA, Patryck de Araújo. Dano Ambiental. Do individual ao coletivo 
extrapatrimonial. Teoria e Prática. 4.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. 
Notícia “Relatório responsabiliza Samarco Mineração pela tragédia de Mariana”, Câmara dos 
Deputados, 12/5/2016 – Disponível em: http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/MEIO-
AMBIENTE/508631-RELATORIO-RESPONSABILIZA-SAMARCO-MINERACAO-PELA-TRAGEDIA-
DE-MARIANA.html (Links para um site externo.). Acesso em 15/5/2016. 
Lei municipal nº 14.223/06 - Lei cidade limpa/SP 
 
ANTUNES, Paulo Bessa. Direito Ambiental. 14.ed. São Paulo: Atlas, 2012., p. 938/968. 
LEITE, José Rubens Morato; AYALA, Patryck de Araújo. Dano Ambiental. Do individual ao coletivo 
extrapatrimonial. Teoria e Prática. 4.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. 
 
RESUMO 
Nesta unidade vimos aspectos dos recursos minerais e da poluição. 
http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/MEIO-AMBIENTE/508631-RELATORIO-RESPONSABILIZA-SAMARCO-MINERACAO-PELA-TRAGEDIA-DE-MARIANA.html
http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/MEIO-AMBIENTE/508631-RELATORIO-RESPONSABILIZA-SAMARCO-MINERACAO-PELA-TRAGEDIA-DE-MARIANA.html
http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/MEIO-AMBIENTE/508631-RELATORIO-RESPONSABILIZA-SAMARCO-MINERACAO-PELA-TRAGEDIA-DE-MARIANA.html
Sobre os recursos minerais, analisamos brevemente a legislação pertinente e vimos que ela aponta 
falhas na regulação do impacto ambiental causado pela atividade mineradora, já que o seu escopo, 
quando de sua elaboração, era essencialmente a manutenção da atividade econômica em 
detrimento da preservação ambiental. 
Hoje, após o desastre ambiental ocorrido na região de Mariana, em Minas Gerais, vimos que essa 
lacuna está mais do que evidente, requerendo-se uma revisitação à legislação em vigor para seu 
aperfeiçoamento em relação à proteção ambiental. Também é preciso cada vez mais focar nesse 
tema do ponto de vista integrado entre os diversos sistemas de proteção ambiental e de recursos 
naturais, pois nada está isoladamente no ambiente. O referido desastre ocorreu em uma atividade 
de mineração, mas envolvendo barragens de rejeitos e contaminação de recursos hídricos. 
Não podemos nos esquecer que essas alterações adversas sobre o meio ambiente correspondem à 
poluição e podem revelar-se irreversíveis ao estado anterior, razão pela qual ações de prevenção e 
de mitigação de riscos devem ser frequentemente priorizadas. 
E por mencionar o tema da poluição, vimos duas espécies de poluição que impactam sobre o bem 
estar coletivo e equilíbrio ambiental, comum principalmente nos centros urbanos: a poluição sonora 
e a poluição visual. 
A poluição sonora é passível de reparação no formato de indenização pelo dano moral coletivo 
causado, pela perturbação à qualidade de vida de toda uma comunidade. Por essa razão é tida 
como dano ambiental mais do que mero dano solucionado pelo direito de vizinhança. Aliás, essa é a 
visão do STJ sobre o tema. 
A poluição sonora estará configurada quando emitidos sons acima de determinados níveis de 
decibéis, estabelecidos como os níveis de tolerabilidade aceitáveis pelo ouvido humano a partir de 
estudos e levantamentos técnicos. Tanto nesse aspecto quanto no da poluição do ar, os níveis de 
tolerabilidade são os parâmetros em que a degradação ambiental decorrente de suas emissões é 
tida como impacto ambiental e não um dano passível de reparação. Em alguns municípios e regras 
condominiais também está atrelada a emissão de sons a determinados horários, correspondentes 
aos períodos de descanso, nesse caso uma disciplina normativa voltada para os direitos de 
vizinhança. 
Já a poluição visual também é passível de reparação, sobretudo na restauração do estado anterior, 
quando for possível a remoção daquilo que causaa perturbação visual à coletividade. Visando a 
garantir um equilíbrio e qualidade de vida do meio ambiente urbano, vários municípios brasileiros 
desenvolveram políticas públicas no sentido de impedir a afixação de cartazes em ruas e edifícios, 
acima de determinados padrões, que potencialmente causariam essa percepção de “caos visual”. É 
o exemplo da Cidade Limpa, no município de São Paulo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Unidade 4 
 
A poluição do ar resulta da liberação de micropartículas na atmosfera que prejudicam a qualidade do 
ar e degradam o meio ambiente, causam danos à saúde e ao bem-estar da população. 
Durante muito tempo priorizou-se o desenvolvimento econômico, industrial e automobilístico com 
reduzida preocupação sobre a emissão de poluentes na atmosfera. Na década de 80, constatou-se 
que os veículos automotores eram responsáveis, por exemplo, por boa parte das emissões lançadas 
na atmosfera, geradoras de poluição ambiental. No município de Cubatão, no Estado de São Paulo, 
um município completamente voltado para a indústria, inclusive a petrolífera, os índices de poluição 
do ar eram alarmantes: além de causarem doenças respiratórias, eram responsáveis pelo 
nascimento de bebês anencéfalos. 
As diversas nações ao redor do mundo evoluíram no sentido de desenvolver políticas públicas que 
minimizassem a redução da poluição do ar. No Brasil, a título ilustrativo, foi criado o Programa de 
Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores – PROCOVE,a fim de estimular o 
desenvolvimento tecnológico de redução de emissões e melhor aproveitamento da queima do 
combustível. Também a Resolução CONAMA 18/86 estabeleceu padrões de emissão toleráveis – 
níveis de tolerabilidade – acima dos quais a emissão se torna ilícita. 
É preciso ressaltar, porém, que a despeito da determinação de padrões de emissão, a poluição 
pode ocorrer e gerar efeitos deletérios. Ora, se poluentes e gases de efeito estufa são emitidos ao 
longo de décadas, ainda que dentro de padrões aceitáveis, necessariamente ocorre um processo de 
acúmulo de poluição atmosférica que poderá trazer prejuízos no futuro, inclusive potencializando 
desastres ambientais. 
É o caso das alterações climáticas. Muitos estudiosos afirmam que o fenômeno das mudanças do 
clima é algo natural e cíclico, ocorrendo de temposem tempos, como foi na era glacial, para que haja 
uma “renovação”terrestre, se é que se pode assim dizer. Todavia, a emissão desenfreada de gases 
de efeito estufa contribui para uma aceleração de alguns desses fenômenos, com o aquecimento 
global. Relatórios do IPCC afirmam que há uma crescente tendência de elevação da temperatura 
terrestre, acirrada pelos hábitos culturais de produção e consumo, que poderá impactar não apenas 
no clima, afetando períodos de estiagem e de chuvas, frio e calor, como também a própria 
economia, que sentirá os efeitos em sua agricultura, e até na inundação ou desaparecimento de 
cidades costeiras. 
Nesse cenário, a Organização Mundial das Nações Unidas vem reiteradamente buscando o apoio e 
a participação dos países no engajamento do controle das mudanças climáticas. Um dos 
documentos mais relevantes firmado até o presente foi o Protocolo de Kyoto, que determinou a 
redução de emissões e, inclusive, criou um mercado de emissões – o mercado de carbono – na 
tentativa de trazer algum apelo comercial para que países com emissões abaixo do estabelecido 
pudessem comercializar as suas licenças de emissão a países com altos índices de emissão e 
buscar a sua gradual adaptação. 
O Protocolo de Kyoto, apesar de suas inovações e de algumas prorrogações, ainda encontra 
resistência por parte de alguns países com fortes economias e industrialização, buscando-se 
alternativas negociadas. Em dezembro de 2015, por outro lado, por ocasião da COP 21, foram 
estabelecidos novos desenhos para o combate ao aquecimento global, traçando-se metas 
diferenciadas de emissões para cada país, novas políticas de financiamento de programas voltados 
ao tema, limitação da elevação da temperatura terrestre em no máximo 2 graus, buscando-se evitar 
passar de 1,5 grau. 
No Brasil, já antes da COP 21, no ano de 2009, promulgou-se a Política Nacional sobre Mudança do 
Clima com a Lei 12.187/2009, mediante a qual se estabeleceu objetivos e princípios voltados à 
redução de emissões e controle das alterações climáticas, ressaltando-se a responsabilidade 
comum, porém diferenciada no plano internacional. Foi ali também que se estabeleceu o Mercado 
Brasileiro de Redução de Emissões e a inclusão do desenvolvimento de Mecanismos de 
Desenvolvimento Limpo em políticas públicas a fim de alcançar esse objetivo preventivo. 
 
 
 Referencias 
 Direito do Ambiente, 10ª ed. 
MILARÉ, Édis 
A obra de Édis Milaré traz uma criteriosa explicação sobre a política de alterações climáticas entre 
as páginas 1155 e 1196 e sobre a disciplina dos resíduos sólidos das páginas 1197 a 1251. 
 
Direito Ambiental, 14ª ed. 
ANTUNES, Paulo Bessa 
Outra leitura de base para os temas supramencionados é a de Paulo Bessa Antunes, que trata da 
Política Nacional de Resíduos Sólidos, incluindo os seus instrumentos mais pertinentes, entre as 
páginas 742 e 786. 
Lei 12.187/2009 – introduz a Política Nacional de Mudanças Climáticas. 
Lei 12.305/2010 – introduz a Política Nacional de Resíduos Sólidos. 
 
 
Acordo Setorial de Embalagens de Óleos Lubrificantes, disponível 
em: http://www.sinir.gov.br/documents/10180/12308/ACORDO+SETORIAL+SISTEMA+LOGISTICA+
REVERSA+ EMBALAGENS+PLASTICAS+LUBRIFICANTES (Links para um site externo.) 
BRASIL. Secretaria Nacional do Consumidor. Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor. 
Consumo sustentável/ Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor ; Patrícia FagaIglecias 
Lemos [et al]; coordenação de Patrícia FagaIglecias Lemos, Juliana Pereira da Silva e Amaury 
Martins Oliva. -- Brasília : Ministério da Justiça, 2013. Disponível em: 
<http://www.justica.gov.br/seus-direitos/consumidor/Anexos/consumo-sustentavel.pdf>. 
Acordo Setorial de Embalagens de Óleos Lubrificantes, disponível 
em: http://www.sinir.gov.br/documents/10180/12308/ACORDO+SETORIAL+SISTEMA+LOGISTICA+
REVERSA+ EMBALAGENS+PLASTICAS+LUBRIFICANTES (Links para um site externo.) 
Filme: Uma verdade inconveniente – Al Gore 
BBC BRASIL: “Conferência do clima termina com 'acordo histórico' contra aquecimento global”, 
reportagem de 12/12/2015. Disponível 
em: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/12/151212_acordo_paris_tg_rb (Links para um 
site externo.) 
FOLHA DE S.PAULO. “Especial sobre a Conferência do Clima”. Disponível 
em: http://www1.folha.uol.com.br/especial/2015/cop21/ (Links para um site externo.) 
GIDDENS, Anthony. A política das mudanças climáticas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2010. 
 
LEMOS, Patrícia FagaIglecias. Resíduos Sólidos e Responsabilidade Civil Pós-Consumo. São 
Paulo: RT, 2011 
MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente. Gestão ambiental em foco. 10. ed. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2015. 
 
RESUMO 
Nesta unidade, estudamos, além das políticas de alterações climáticas, a introdução da Política 
Nacional de Resíduos Sólidos no ordenamento jurídico brasileiro, por meio da Lei 12.305/2010. A 
referida lei tramitou por aproximadamente duas décadas no Congresso Nacional e inspirou-se nas 
normas europeias, mais precisamente na Direitiva 98/2008/UE de gestão de resíduos. 
A PNRS estabelece um novo marco para a gestão de resíduos no Brasil, pois passa a atribuir um 
valor econômico ao resíduo, para que ele seja reaproveitado na cadeia econômica ou seja matéria 
prima de outro meio de produção. Ganhando a natureza de um bem suscetível de apreciação 
http://www.sinir.gov.br/documents/10180/12308/ACORDO+SETORIAL+SISTEMA+LOGISTICA+REVERSA+%20EMBALAGENS+PLASTICAS+LUBRIFICANTES
http://www.sinir.gov.br/documents/10180/12308/ACORDO+SETORIAL+SISTEMA+LOGISTICA+REVERSA+%20EMBALAGENS+PLASTICAS+LUBRIFICANTES
http://www.sinir.gov.br/documents/10180/12308/ACORDO+SETORIAL+SISTEMA+LOGISTICA+REVERSA+%20EMBALAGENS+PLASTICAS+LUBRIFICANTEShttp://www.sinir.gov.br/documents/10180/12308/ACORDO+SETORIAL+SISTEMA+LOGISTICA+REVERSA+%20EMBALAGENS+PLASTICAS+LUBRIFICANTES
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/12/151212_acordo_paris_tg_rb
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/12/151212_acordo_paris_tg_rb
http://www1.folha.uol.com.br/especial/2015/cop21/
econômica, o interesse em sua adequada gestão volta a ressurgir no mercado, a fim de reduzir o 
desperdício e o depósito em aterros sanitários, que já encontram-se com capacidade praticamente 
saturada em diversas localidades do país. 
Desse modo, o maior objetivo da PNRS é evitar a geração de resíduos, estimulando a 
ecoconcepção, ou seja, a concepção de produtos com menores possibilidades de transformação em 
resíduos desde a fase da elaboraçao de seu projeto. Em seguida, parte para o incentivo a meios de 
reutilização e recuperação de resíduos e para a reciclagem. Apenas em último lugar é que se 
encontra a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos, entendendo-se por rejeitos aqueles 
que não podem ser valorizados econômicamente. Essa é a hierarquia de tratamento de resíduos 
determinada pelo art. 9º da Lei 12.306/2010. 
Por essa razão, é equivocado afirmar que a PNRS é a “lei da reciclagem”. A reciclagem é apenas 
um aspecto de grande relevância abarcado pela norma, mas o seu objetivo maior e sua prioridade é 
a não geração de resíduos. 
Ademais, a lei determina a obrigação dos entes da federação e do setor privado de elaborarem 
planos de gestão de resíduos. No caso do setor privado, inclusive, sua exigência poderá ser 
condição para a concessão de licenças ambientais. O escopo desses planos é organizar a gestão 
de resíduos para que se alcance uma gestão eficiente. 
A norma também estabelece uma responsabilidade compartilhada pela gestão dos resíduos, qual 
seja, um conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas entre todos os integrantes da cadeia 
de produção e consumo: fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores e o 
Poder Público. Haverá aplicação de sanções e de responsabilidade civil no caso de descumprimento 
desses deveres por cada um desses gestores de risco. Até mesmo o consumidor poderá ser 
sancionado em multa no caso do descumprimento de suas obrigações determinadas pela Lei. 
Para algumas espécies de resíduos de produtos, a norma obriga a organização da logística reversa: 
um sistema de recolha e encaminhamento do resíduo ao responsável pelo seu tratamento 
ambientalmente adequado. Esse rol não é taxativo, podendo ser estendido a outras espécies de 
resíduos, de acordo com estudos de viabildiade técnica e econômica. Ele se encontra no art. 33 da 
lei, conforme abaixo: 
“Art. 33. São obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno 
dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza 
urbana e de manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e 
comerciantes de: 
I - agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos cuja embalagem, após o 
uso, constitua resíduo perigoso, observadas as regras de gerenciamento de resíduos perigosos 
previstas em lei ou regulamento, em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama, do SNVS e do 
Suasa, ou em normas técnicas; 
II - pilhas e baterias; 
III - pneus; 
IV - óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; 
V - lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; 
VI - produtos eletroeletrônicos e seus componentes.” 
Para que haja uma adequada gestão, a PNRS traz alguns instrumentos, dentre eles os acordos 
setoriais, que correpondem a contratos celebrados entre um setor econômico, o Poder Público e 
todos os demais agentes que integram a respectiva cadeia de produção e consumo, a fim de que se 
estabeleça o modo pelo qual a logística reversa ocorrerá e respectivas responsabilidades. 
Por fim, é preciso destacar a importância de uma correta disponibilização de informação ao 
consumidor e educação ambiental, a fim de que haja colaboração de todos para que o sistema de 
gestão de resíduos funcione adequadamente.

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