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Política-Ambiental-1-P

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POLÍCA AMBIENTAL 
 
 
2 
 
 
 
FACULESTE 
 
A história do Instituto Faculeste, inicia com a realização do sonho de um grupo 
de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e 
Pós-Graduação.Com isso foi criado a Faculeste, como entidade oferecendo serviços 
educacionais em nível superior. 
A Faculeste tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no 
desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além 
de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que 
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de 
publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
SUMÁRIO 
 
POLÍTICA AMBIENTAL ............................................................................................... 5 
POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE .......................................................... 5 
FUNDAMENTOS IMPORTANTES ............................................................................... 5 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL E O MEIO AMBIENTE ................................................. 6 
A POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE....................................................... 8 
OBJETIVOS DA PNMA.................................................................................................. 9 
SISNAMA – SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE.................................... 12 
INSTRUMENTOS DA PNMA ...................................................................................... 13 
A POLÍTICA AGRÍCOLA AMBIENTAL .................................................................... 14 
ESPAÇOS TERRITORIAIS PROTEGIDOS ................................................................ 16 
O SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA 
(SNUC) ........................................................................................................................... 17 
RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DE 
PROTEÇÃO INTEGRAL .............................................................................................. 28 
RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DE 
USO SUSTENTÁVEL (LEI 9.985/2000, ART, 14): ..................................................... 29 
DANO AMBIENTAL .................................................................................................... 35 
Poluição ambiental ......................................................................................................... 35 
COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA E LEGISLATIVA ......................................... 38 
DANO AMBIENTAL .................................................................................................... 41 
PECULIARIDADES DO DANO AMBIENTAL .......................................................... 43 
RECURSOS HÍDRICOS ................................................................................................ 46 
BREVE NOÇÕES SOBRE O CICLO HIDROLÓGICO E A IMPORTÂNCIA DA 
ÁGUA ............................................................................................................................. 47 
JUSTIFICATIVA PARA O DISCIPLINAMENTO DA ÁGUA ................................... 49 
 
 
4 
 
SÃO INSTRUMENTOS ESSENCIAIS À BOA GESTÃO........................................... 50 
RECURSOS HÍDRICOS E GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA ........................... 51 
FLORESTAS PÚBLICAS ............................................................................................. 52 
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 58 
 
 
 
 
5 
 
POLÍTICA AMBIENTAL 
POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE 
FUNDAMENTOS IMPORTANTES 
 
 
O meio ambiente é 
direito fundamental que 
origina-se da reação do 
homem às ameaças 
fundamentais que o 
circundam. 
Para OSCAR 
VILHENA VIEIRA (2006, 
p. 36), direitos fundamentais 
são o conjunto de direitos da pessoa humana expressa ou implicitamente reconhecidos 
por uma determinada ordem constitucional. 
Os direitos fundamentais apresentam, segundo ANTONIO F. G. BELTRÃO 
(2011), uma dupla faceta: consistem tanto em direitos subjetivos como também em 
elementos fundamentais da ordem constitucional vigente. 
Como direitos subjetivos, os direitos fundamentais facultam aos seus titulares a 
possibilidade de impor os seus interesses frente aos órgãos obrigados; na condição de 
elemento fundamental de ordem constitucional, os direitos fundamentais representam a 
base da ordem jurídica de um Estado Democrático de Direito (MENDES, 2004, p, 2). 
Assim, veremos ao longo desta apostila que na nova ordem jurídica advinda com 
a Carta Constitucional de 1988, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado 
assegura qualidade de vida, com desenvolvimento econômico-social, para as presentes e 
futuras gerações, consistindo em instrumento essencial para garantir a dignidade da 
pessoa humana. 
Falaremos das referências constitucionais ao meio ambiente, os objetivos e 
instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente. 
 
 
6 
 
Tópicos como os espaços territoriais protegidos que ao longo da evolução da 
humanidade vêm sendo incorporados pela legislação devido à importância de sua 
preservação e equilíbrio para que as gerações atuais e futuras possam viver sem 
comprometimento de sua qualidade de vida, além de conceitos como poluição e dano 
ambiental; recursos hídricos – fonte de vida na Terra – gestão de florestas e florestas 
públicas serão amplamente discutidos ao longo desta apostila. 
Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como 
premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um pouco 
às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados cheguem de 
maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, deixamos claro 
que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, incluindo aqueles que 
consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma redação original. 
Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se muitas 
outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas e que podem servir para sanar 
lacunas que por ventura surgirem ao longo dos estudos. 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL E O MEIO AMBIENTE 
A Constituição consiste na lei suprema do ordenamento jurídico do Estado. De 
acordo com o princípio da supremacia da Constituição, esta se coloca no topo do 
ordenamento jurídico de uma nação; todas as demais normas apenas serão legítimas na 
medida em que se conformarem com as normas constitucionais. 
A Constituição é, pois, a norma de todas as outras normas, o fundamento da 
autoridade de todos os poderes constituídos (CAETANO, 1987, p. 401). 
Consequentemente, não se dá conteúdo à Constituição a partir das leis. A fórmula a 
adotar-se para a explicitação de conceitos opera sempre 'de cima para baixo', o que 
serve para dar segurança em suas definições. 
O postulado da supremacia da Constituição repele todo o tipo de interpretação 
que venha de baixo, seria o mesmo que dizer, repele toda a tentativa de interpretar a 
Constituição a partir da lei. O que cumpre ser feito é sempre o contrário, vale dizer, 
procede-se à interpretação do ordenamento jurídico a partir da Constituição (BASTOS, 
1999, p. 101). 
Conforme Benjamin (2002, p. 93), “A constitucionalização do ambiente, ou seja, 
a elevação das normasde proteção ambiental ao status constitucional, é considerada 
 
 
7 
 
uma tendência mundial irreversível”, dado o crescente número de nações que passaram 
a incluir em suas respectivas Cartas normas de tal natureza. 
Neste contexto, a Constituição Federal do Brasil de 1988 é reconhecida 
internacionalmente como merecedora de elogios quanto à preocupação ambiental que 
ostenta. De fato, a Carta de 1988 apresenta uma série de preceitos quanto à tutela 
ambiental, seja de forma fragmentada em diversos Capítulos, seja em um Capítulo 
específico do ambiente. 
As referências constitucionais ao ambiente iniciam-se entre os direitos e deveres 
individuais e coletivos (Título lI, Capítulo I, art. 5.°, LXXIII), ao legitimar qualquer 
cidadão a interpor ação popular para anulação de ato lesivo ao meio ambiente. 
O art. 20, lI, prevê serem bens da União Federal as terras devolutas 
“indispensáveis (...) à preservação ambiental, definidas em lei”. 
No art. 23, VI e VII, a Carta dispõe ser competência comum da União, Estados, 
Distrito Federal e Municípios a proteção do meio ambiente e o combate à poluição em 
qualquer de suas formas, bem como a preservação das florestas, da fauna e da flora. 
O art. 24, VI, VII e VIII, estabelece a competência legislativa concorrente da 
União, dos Estados e do Distrito Federal, para, respectivamente, “florestas, caça, pesca, 
fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do 
meio ambiente e controle da poluição”, (...) “proteção ao patrimônio histórico, cultural, 
artístico, turístico e paisagístico", e "responsabilidade por dano ao meio ambiente (...)”. 
Prevê que o Conselho de Defesa Nacional tem por competência, entre outras, 
“propor os critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à segurança do 
território nacional e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e 
nas relacionadas com a preservação e a exploração dos recursos naturais de qualquer 
tipo”. 
Igualmente, como matéria que pode ser objeto de inquérito civil e de ação civil 
pública pelo Parquet (art. 129, III), como princípio que rege a ordem econômica (art. 
170, VI), devendo ser considerado por cooperativas de garimpo a serem favorecidas 
pelo Estado (art. 174, § 3.°), e tema a ser compreendido na função social da propriedade 
(art. 186, II). 
Ainda, a Carta de 1988 prevê o dever do sistema único de saúde de “colaboração 
na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho” (art. 200, VIII) e a 
 
 
8 
 
caracterização de conjuntos urbanos e sítios de valor ecológico como patrimônio 
cultural brasileiro (art. 216, V). 
Finalmente, o art. 220, § 1.0, II atribui à lei federal a competência para 
estabelecer “os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se 
defenderem (...) da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos 
à saúde e ao meio ambiente”, e o art. 231, § 1.°, que prevê a caracterização como terras 
tradicionalmente ocupadas pelos índios as “imprescindíveis à preservação dos recursos 
ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e 
cultural, segundo seus usos, costumes e tradições”. 
Além das referências apontadas, que se encontram explícitas no texto 
constitucional, há várias outras que também denotam, ainda que de forma indireta, a 
tutela ambiental, as quais o professor JOSÉ AFONSO DA SILVA (2002, p. 49) 
denomina de referências implícitas. 
Neste sentido, a competência da União para instituir o Sistema Nacional de 
Gerenciamento de Recursos Hídricos (art. 21, XIX), consiste em importante 
instrumento para a proteção da água e racionalização de seu uso. 
No mesmo sentido, temos a previsão de que compete à União instituir diretrizes 
para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes 
urbanos (art. 21, XX), visto que são temas que apresentam grande potencial de 
degradação ambiental e que, portanto, são merecedores de um planejamento em escala 
nacional (BELTRÃO, 2011). 
Como se vê a Carta assegura a máxima proteção e uso racional dos bens 
ambientais, mas infelizmente, por questões as mais diversas, tais como necessidade, 
ignorância ou ganância, não somente os legisladores como grande parte dos cidadãos 
brasileiros perceberam a necessidade de uma legislação das mais severas para que os 
recursos sejam usados de maneira racional sem comprometer as gerações atuais e 
futuras. 
A POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE 
A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) foi instituída por meio da Lei 
nº 6.938/1981. Apesar de cronologicamente anteriores, o Código de Águas (Decreto-lei 
852, de 11.11.1938), o Código Florestal (Lei 4.771, de 15.09.1965), o Código da Caça 
(Lei 5.197, de 03.01.1967), o Código de Pesca (Decreto-lei 221, de 28.02.1967), o 
 
 
9 
 
Código de Mineração (Decreto-lei 227, de 28.02.1967) e o Código Brasileiro do Ar (Lei 
6.833, de 30.09.1980) não são, em regra, considerados normas propriamente de tutela 
do meio ambiente, uma vez que tratam apenas incidentalmente do tema (HORTA, 1995, 
p. 304). 
Logo, pode-se afirmar que a Lei nº 6.938/1981 consiste no primeiro diploma 
legal em nosso direito positivo que disciplina de forma sistematizada o meio ambiente, 
definindo meio ambiente, degradação da qualidade ambiental, poluição, poluidor e 
recursos ambientais. 
Essa lei disciplina o meio ambiente não mais com a visão privatista, limitada ao 
conteúdo econômico, própria da doutrina liberal das leis que a antecederam; o meio 
ambiente passa a ser tutelado em seu conjunto, como bem pertencente a toda a 
coletividade, transindividual, de natureza difusa e titularidade indeterminada. 
É instituída uma Política Ambiental de âmbito nacional, que tem por objetivo a 
proteção do meio ambiente, o planejamento racional na utilização dos recursos naturais, 
a responsabilização civil objetiva do infrator, dentre outros, conforme será abordado no 
item seguinte. Outrossim, cria o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), o 
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), indica os seus instrumentos legais, 
entre outras disposições (BELTRÃO, 2011). 
OBJETIVOS DA PNMA 
A Lei nº 6.938/1981 estabelece em seu art. 4° os objetivos da Política Nacional 
do Meio Ambiente, que passamos a analisar brevemente. 
I - A compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a 
preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico; 
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada 
em junho de 1972 em Estocolmo, Suécia, conhecida como a Declaração de Estocolmo, 
consiste em um dos primeiros e mais importantes documentos internacionais sobre o 
meio ambiente. 
Desde então, estabeleceu-se um certo conflito de interesses entre países pobres, 
que não aceitariam restrições de cunho ambiental que dificultassem seu 
desenvolvimento econômico, e países ricos, que, para alcançar o atual estágio de 
desenvolvimento, destruíram, em regra, boa parte de seus recursos naturais. Da 
 
 
10 
 
oposição da tese "proteção ambiental" com a antítese "desenvolvimento econômico" 
surgiu a síntese "desenvolvimento sustentável", de acordo com a forma de Hegel. 
O inciso acima trata exatamente desse aparente conflito. A Política Nacional do 
Meio Ambiente, portanto, não pretende sacrificar o desenvolvimento econômico do país 
em beneficio do meio ambiente. Por outro lado, tal desenvolvimento econômico há de 
se compatibilizar com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio 
ecológico. Um dos principais instrumentos para alcançar esse objetivo consiste na 
utilização de tecnologia. 
Ressalte-se que a Constituição Federal prevê expressamente no artigo 170, VI 
que "a defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o 
impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e 
prestação" consiste em um dos princípiosgerais que regem a atividade econômica no 
país. 
 
II- A definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à 
qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos 
Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios; 
O Poder Público, por meio do Poder Executivo nas três esferas, federal, estadual 
e municipal, deve editar políticas públicas que tenham por finalidade a preservação da 
qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico. 
A qualidade ambiental corresponde ao conjunto de elementos propiciadores da 
vida no mundo natural, sendo pressuposto da qualidade de vida; o equilíbrio ecológico 
consiste na manutenção das características essenciais de um ecossistema. 
A Carta de 1988 elevou ao status constitucional essa previsão, conforme 
estabelecido em seu art. 225, § 1º, que atribui ao Poder Público o dever de assegurar a 
efetividade do direito de todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, para 
atender aos fins ali indicados. 
 
III- O estabelecimento de critérios e padrões da qualidade ambiental e de 
normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais; 
A Política Nacional do Meio Ambiente deve fixar quais os critérios a serem 
observados para a utilização dos recursos ambientais. Consiste em um dos instrumentos 
 
 
11 
 
da Política Nacional do Meio Ambiente, conforme o art. 9.°, I, da Lei 6.938/1981, que 
será mais adiante analisado. 
 
 IV - O desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas 
para o uso racional de recursos ambientais; o uso de tecnologia é absolutamente 
fundamental para alcançar o desenvolvimento sustentável. 
Neste contexto, o Poder Público tem um papel essencial como fomentador de 
pesquisas e de novas tecnologias, sempre com o objetivo de otimizar o processo 
produtivo, reduzindo o volume final de resíduos a serem lançados no ar, nas correntes 
de água ou absorvidos pelo solo. 
Também corresponde a um dos instrumentos da Política Nacional do Meio 
Ambiente, conforme o art. 9.°, V, da Lei nº 6.938/1981. 
 
V - A difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de 
dados e informações ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a 
necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico; 
Além da necessidade de criação de novas tecnologias, faz-se fundamental, 
naturalmente, divulgá-Ias para que passem a ser utilizadas por um maior número 
possível de agentes. 
Como já visto, o acesso à informação consiste em um dos princípios basilares do 
direito ambiental, pressuposto para a participação pública, essencial para a evolução e 
fortalecimento da proteção do ambiente. 
A Lei nº 10.650, de 16.04.2003, influenciada pela Convenção de Aarhus de 
1998, disciplina o "acesso público aos dados e informações existentes nos órgãos e 
entidades integrantes do SISNAMA", impondo a todos os órgãos e entidades da 
administração direta e indireta que o integram, o que abrange União Federal, Estados, 
Distrito Federal, Territórios e Municípios," o dever geral de permitir o acesso público 
aos documentos, expedientes e processos administrativos que tratem de matéria 
ambiental, assim como de fornecer informações ambientais que estejam sob sua guarda. 
A "formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da 
qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico" relaciona-se à educação ambiental, dever 
do Poder Público nos termos do art. 225, § 1.°, VI, da Constituição Federal. 
 
 
12 
 
 
VI - A preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua 
utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção 
do equilíbrio ecológico propício à vida; 
Uma característica comum dos recursos naturais é a escassez. De fato, se os 
recursos naturais fossem infindáveis não haveria necessidade de intervenção 
governamental para regulá-los. Desta escassez decorre o choque de interesses dos 
diversos setores da sociedade acerca de como utilizá-los. Como consequência, o 
planejamento racional por parte das autoridades governamentais é essencial para 
assegurar que as melhores decisões serão tomadas com intuito do interesse da 
coletividade e do meio ambiente. 
A utilização racional dos recursos naturais tem por finalidade propiciar a sua 
disponibilidade permanente, assegurando, assim, o direito das futuras gerações, 
conforme prevê o art. 225, caput, da Constituição Federal. 
 
VII - A imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar 
e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de 
recursos ambientais com fins econômicos. 
Em sua primeira parte, corresponde ao princípio do poluidor-pagador, que 
decorre da teoria econômica segundo a qual se devem internalizar os custos externos, 
impondo-se ao poluidor a responsabilidade pelo custo social da degradação ambiental 
por ele produzida. 
Quanto à contribuição do usuário, esta consiste no princípio do usuário-pagador, 
que impõe a cobrança de um valor econômico pela utilização de um bem ambiental. Sua 
natureza é meramente remuneratória, ou seja, não é punitiva (BELTRÃO, 2011). 
 
SISNAMA – SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE 
 
 
 
13 
 
A Lei nº 
6.938/81 criou em 
seu art. 6º, o Sistema 
Nacional do Meio 
Ambiente 
(SISNAMA), 
constituído pelos 
órgãos e entes 
responsáveis pela 
“proteção e melhoria 
da qualidade ambiental” da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. 
É um sistema de natureza administrativa, composto pelos órgãos ou entes 
ambientais do Poder Executivo, administração direta ou indireta, nas três esferas da 
Federação, que tem por finalidade a gestão do ambiente nacional. 
São órgãos do SISNAMA: 
a) órgão superior – Conselho de Governo; 
b) órgão consultivo e deliberativo – Conselho nacional do meio ambiente - 
CONAMA; 
c) órgão central – Ministério do Meio Ambiente - MMA; 
d) órgão executor – Instituto brasileiro do meio ambiente e dos recursos naturais 
renováveis - IBAMA; 
e) órgãos seccionais – são os órgãos ou entidades estaduais do meio ambiente; 
f) órgãos locais – são os órgãos ou entidades municipais do meio ambiente. 
 INSTRUMENTOS DA PNMA 
A lei nº 6.938/81, com suas modificações subsequentes, elenca em seu art. 9º, 
treze instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente. Alguns destes instrumentos 
já se encontram razoavelmente regulados no direito positivo, enquanto outros ainda 
aguardam por um melhor disciplinamento legal. 
São instrumentos da PNMA (Lei 6.938/1981, art. 9.°): 
a) o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; 
b) o zoneamento ambiental; 
c) a avaliação de impactos ambientais; 
 
 
14 
 
d) o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente 
poluidoras; 
e) os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção 
de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental; 
f) a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público 
federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante 
interesse ecológico e reservas extrativistas; 
g) o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente; 
h) o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa 
Ambiental; 
i) as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das 
medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental; 
j) a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado 
anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis 
– IBAMA; 
k) a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, 
obrigando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes; 
I) o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou 
utilizadoras dos recursos ambientais; 
m) instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, 
seguroambiental e outros (FERREIRA JR, 2011). 
 A POLÍTICA AGRÍCOLA AMBIENTAL 
A racionalidade na utilização dos recursos ambientais é, sem sombra de dúvidas, 
objetivo e princípio de direito ambiental, conforme foi descrito acima. Considerando 
que os bens ambientais são escassos, faz mister um aproveitamento adequado dos 
mesmos. 
A política agrícola ambiental inclui, além da eletrificação rural (art.137 da CF), 
as atividades agropecuárias, agroindustriais, pesqueiras e florestais. A Lei nº 8171/91 
traça os objetivos básicos de proteção, recuperação e preservação dos recursos naturais 
e do meio ambiente. 
Ao poder público compete o seguinte: 
 disciplinar e fiscalizar o uso racional do solo, da água, da fauna e da flora; 
 
 
15 
 
 realizar zoneamentos agroecológicos que permitam estabelecer critérios para o 
disciplinamento e o ordenamento da ocupação espacial pelas diversas atividades 
produtivas, bem como para a instalação de novas hidrelétricas; 
 Estabelecer as diretrizes da política nacional de irrigação e drenagem, ouvido o 
Conselho Nacional de Política Agrícola – CNPA; 
 Coordenar e executar o programa nacional de irrigação; 
 Baixar normas objetivando o aproveitamento racional dos recursos hídricos 
destinados à irrigação, promovendo a integração das ações dos órgãos federais, 
estaduais, municipais e entidades públicas, ouvido o Conselho Nacional de 
Políticas Agrícolas – CNPA; 
 Apoiar estudos para a execução de obras de infraestrutura e outras referentes ao 
aproveitamento das bacias hidrográficas, com áreas de rios perenizados ou vales 
irrigáveis, com vistas a melhor e mais racional utilização das águas para 
irrigação; 
 Instituir linhas de financiamento ou incentivos prevendo encargos e prazos, bem 
como modalidades de garantia compatíveis com características da agricultura 
irrigada, ouvido o CNPA. 
As bacias hidrográficas constituem unidades básicas de planejamento do uso, da 
conservação e da recuperação dos recursos naturais. As empresas que exploram 
economicamente águas represadas e as concessionárias de energia elétrica serão 
responsáveis pelas alterações ambientais por elas provocadas e obrigadas à recuperação 
do meio ambiente, na área de abrangência de suas respectivas bacias hidrográficas. 
O Poder Público implementará programas de estímulo às atividades criatórias de 
peixes e outros produtos de vida fluvial, lacustre e marinha de interesse econômico, 
visando ao incremento da oferta de alimentos e a preservação das espécies. 
Serão executadas em todo território nacional, de acordo com a Constituição e 
com a prioridade para áreas de comprovada aptidão para a irrigação, áreas de reforma 
agrária ou de colonização e projetos públicos de irrigação. 
A construção de pequenas centrais hidrelétricas e termoelétricas de 
aproveitamento de resíduos agrícolas, que objetivem a eletrificação rural por 
cooperativas rurais e outras formas associativas deverá ser implementada pelo Poder 
Público, mediante o implemento de uma Política de Eletrificação Rural. 
 
 
16 
 
 ESPAÇOS TERRITORIAIS PROTEGIDOS 
Há muito que o ser humano por razões diversas, de ordem religiosa, moral, 
esportiva, por sua beleza cênica, etc., delimita áreas para preservação de sua fauna e 
flora. Aponta-se como precursor da ideia hodierna de parques a criação do parque 
nacional de Yellowstone, em 1872, nos Estados Unidos da América. No Brasil, o 
primeiro parque nacional foi o de ltatiaia, que data de 1937. 
Não há em nosso direito pátrio um sistema uno a disciplinar harmonicamente 
todos os espaços territoriais especialmente protegidos. De fato, como ressalta o 
professor ANTONIO HERMAN DE VASCONCELOS BENJAMIN (2001, p. 285), 
verbis: 
 
Observa-se, pois, que a adoção do modelo de áreas protegidas no Brasil, como 
instrumento de tutela da natureza, é anterior ao surgimento do Direito Ambiental, como 
disciplina orgânica e autônoma, estruturada em torno de características, objetivos, 
princípios e instrumentos próprios. Por conta dessa evolução histórica, amiúde sem 
rumo certo, ao sabor de pressões localizadas - ou, por vezes, de facilidades de criação, 
como o caráter remoto do território -, as áreas protegidas nacionais foram casuística e 
assistematicamente determinadas e administradas, reféns, no seu desenho teórico, legal 
e prático, da diversidade de filiação filosófica e paternidade política, daí resultando, de 
forma inevitável, frequente confusão de regimes, sobreposição de unidades e, pior, 
ineficiência na consecução de suas finalidades. 
Como algumas das áreas territoriais especialmente protegidas podem abranger 
propriedades particulares, a sua criação pode impor aos proprietários privados limites 
relevantes na utilização e fruição do seu respectivo domínio. 
De fato, MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO (2002, p, 126) assevera que 
as limitações administrativas à propriedade originam-se de normas gerais e abstratas, 
destinadas a propriedades indeterminadas, e têm o propósito de atender interesses 
coletivos abstratamente considerados. 
O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado consiste, por excelência, 
em um direito de interesse coletivo lato sensu, visto pertencer a todos, nos termos do 
caput do art. 225 da Constituição Federal. 
 
 
17 
 
Como a natureza é una, não respeitando as fronteiras e limites políticos erigidos 
artificialmente pelo homem, o modelo de criação de espaços especialmente protegidos 
padece em sua origem do grave defeito de pretender disciplinar de forma fragmentada a 
natureza, consistindo, portanto, em um contrassenso. 
Outrossim, tal modelo pode dar a falsa ideia de que fora de tais espaços 
especialmente protegidos inexistiria natureza, ou, ao menos, digna de preservação pela 
legislação ambiental, o que, naturalmente, não corresponde à verdade. Assim, 
perigosamente passa-se a impressão de que a natureza pode ser algo distante, a ser 
preservado em um local longínquo e inacessível, hermeticamente fechado, resultando no 
esquecimento de nossa própria origem e no essencial elo que nos une (BELTRÃO, 
2011). 
Os espaços territoriais especialmente protegidos estão previstos expressamente 
pelo art. 225, § 1º, III, da Constituição Federal e são o gênero do qual as unidades de 
conservação, as áreas de preservação permanente e de reserva legal são espécies. 
O SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE 
CONSERVAÇÃO DA NATUREZA (SNUC) 
A Lei 9.985, de 18.07.2000, institui o Sistema 
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, 
disciplinando os critérios para sua criação, implantação 
e gestão. Encontra-se regulamentada pelo Decreto nº 
4.340, de 22.08.2002. 
Em seu art. 2°, de forma bastante salutar, 
conforme já tradicional técnica legislativa em matéria 
ambiental, a lei apresenta uma série de definições. A 
unidade de conservação consiste no “espaço territorial e seus recursos ambientais, 
incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente 
instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob 
regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção” 
(art. 2.°, I, da Lei 9.985/2000). 
 
 
18 
 
Por tratar-se de um sistema de âmbito nacional, os Estados e Municípios também 
podem criar unidades de conservação, as quais estarão inseridas no Sistema Nacional de 
Unidades de Conservação da Natureza (art. 3.°). 
Caso necessário, para atender às peculiaridades regionais ou locais, os Estados e 
Municípios poderão, em caráter excepcional, criar nova categoria de unidade de 
conservação que integrará o SNUC, desde que não se confunda com categoria já 
existente (art. 6.°, parágrafo único, da Lei 9.985/2000). 
O SNUC é gerido a partir de três órgãos: 
I - o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que tem função 
consultiva e deliberativa; 
II - o Ministério do Meio Ambiente, com o papel de coordenação do sistema; e, 
III - o InstitutoChico Mendes e o IBAMA, em caráter supletivo, e os órgãos 
estaduais e municipais com competência ambiental, na qualidade de executores do 
sistema (art. 6.° da Lei nº 9.985/2000, com a redação dada pela Lei 11.516/2007). 
Logo, a partir da Lei nº 11.516/2007, que deu início ao Instituto Chico Mendes 
de Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes, o qual tem por função, 
entre outras, “executar ações da política nacional de unidades de conservação da 
natureza, referentes às atribuições federais relativas à proposição, implantação, gestão, 
proteção, fiscalização e monitoramento das unidades de conservação instituídas pela 
União” (art. 1º, I), a atuação do IBAMA como órgão executor, na esfera federal, do 
SNUC passou a ser meramente supletiva, ou seja, atuará apenas quando o Instituto 
Chico Mendes for omisso, por falta de estrutura, de pessoal, etc. 
Compete aos órgãos executores propor a criação de unidades de conservação, 
devendo, para tanto, elaborar os estudos preliminares e, quando for o caso, realizar 
consulta pública (art. 4.° do Decreto nº 4.340/2002). 
A consulta pública, que é pressuposto obrigatório para a criação de unidade de 
conservação, com exceção da Estação Ecológica e da Reserva Biológica, tem por 
finalidade “subsidiar a definição da localização, da dimensão e dos limites mais 
adequados para a unidade”, ouvindo, para tanto, a população local e outras partes 
interessadas (art. 5.° do Decreto n. 4.340/2002). 
Segundo BELTRÃO (2011), agiu bem o legislador em exigir a consulta pública 
como condição prévia para quase todas as categorias de unidade de conservação, visto 
 
 
19 
 
que a participação da coletividade nos processos decisórios das autoridades públicas 
relacionados ao ambiente é um dos princípios que regem o direito ambiental (princípio 
da participação). Para melhor subsidiar o público interessado em participar do 
procedimento, o Poder Público tem a obrigação de fornecer informações adequadas e 
inteligíveis (art. 22, § 3.°, da Lei nº 9.985/2000). 
O art. 22 da Lei nº 9.985/2000 prevê que “as unidades de conservação são 
criadas por ato do Poder Público”, não exigindo, portanto, a forma de lei. Da mesma 
forma, a ampliação dos seus limites territoriais. 
Entretanto, a desafetação ou a redução dos limites de uma unidade de 
conservação só poderá ser feita mediante lei, ainda que tenha sido criada por ato diverso 
como, por exemplo, o decreto (BELTRÃO, 2011), sendo que tal previsão decorre 
diretamente do art. 225, § 1º, III, da Constituição Federal que expressamente estabelece 
que a alteração e a supressão de espaço territorial especialmente protegido somente 
poderão ocorrer mediante lei. 
As unidades de conservação podem abranger os respectivos subsolo e espaço 
aéreo caso exerçam alguma influência na estabilidade do ecossistema local. 
Outrossim, todas as unidades de conservação, com exceção da Área de Proteção 
Ambiental (APA) e da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), devem 
possuir uma zona de amortecimento e, quando conveniente, corredores ecológicos (art. 
25 da Lei nº 9.985/2000). 
A zona de amortecimento consiste no “entorno de uma unidade de conservação, 
onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o 
propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade” (art. 2.°, XVIII, da Lei 
nº 9.985/2000). 
Os corredores ecológicos, por sua vez, correspondem a “porções de ecossistemas 
naturais ou seminaturais, ligando unidades de conservação, que possibilitam entre elas o 
fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a 
recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que 
demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das 
unidades individuais” (art. 2.°, XIX, da Lei nº 9.985/2000). 
Quando houver uma justaposição ou sobreposição de unidades de conservação 
de categorias distintas e/ou outras áreas protegidas, públicas ou privadas, deverá haver 
 
 
20 
 
uma gestão de todo o conjunto, de forma integrada e participativa. É o que se denomina 
de “mosaico” de unidades de conservação, que deve ser reconhecido por ato formal do 
Ministério do Meio Ambiente e gerido por um conselho. 
Questão complexa e que, certamente, ainda ocasionará muitos conflitos entre os 
entes da federação corresponde à justaposição ou sobreposição de unidades de 
conservação de entes distintos, ou seja, uma unidade de conservação federal que 
abrange parte de unidade de conservação estadual, por exemplo (BELTRÃO, 2011). 
Trata-se de tema que a doutrina e a jurisprudência ainda praticamente não 
enfrentaram e que será decidido, em última análise, pelo Supremo Tribunal Federal, 
com fulcro no art. 102, I, f, da Constituição Federal, por se tratar de conflito federativo. 
O Plano de Manejo, documento que define o zoneamento da unidade de 
conservação, assim como o uso da área e o manejo dos seus recursos naturais, conforme 
a definição legal do art. 2.°, XVII, da Lei nº 9.985/2000, deve abranger não apenas a 
área da unidade de conservação, mas também a zona de amortecimento e os corredores 
ecológicos, caso existentes. 
A lei assegura ampla participação da população residente na “elaboração, 
atualização e implementação do Plano de Manejo das Reservas Extrativistas, das 
Reservas de Desenvolvimento Sustentável, das Áreas de Proteção Ambiental e, quando 
couber, das Florestas Nacionais e das Áreas de Relevante Interesse Ecológico” (art. 27, 
§ 2º, da Lei nº 9.985/2000). 
Outrossim, prevê que o Plano de Manejo deverá ser elaborado no prazo de até 
cinco anos a partir da criação da respectiva unidade de conservação. Entretanto, não há 
a indicação de qual será a consequência legal caso este prazo não seja cumprido. 
O art. 36 da Lei nº 9.985/2000 impõe a obrigação de compensação por 
significativo impacto ambiental, que consiste no dever de o empreendedor de obra ou 
atividade que seja considerada de impacto significativo ao ambiente, pelo órgão 
ambiental competente, apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação 
do grupo de Proteção Integral. 
O montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para essa 
implantação e manutenção de unidade de conservação do grupo de Proteção Integral 
será fixado pelo órgão ambiental licenciador de acordo com o grau de impacto 
ambiental causado pela obra ou atividade licenciada, podendo ser inferior a 0,5% dos 
 
 
21 
 
custos totais previstos para a implantação de seu empreendimento, conforme decidiu o 
Supremo Tribunal Federal na ADI 3.378. 
Competirá ao órgão ambiental licenciador definir as unidades de conservação a 
serem beneficiadas ou até mesmo criadas com esses recursos. Excepcionalmente, tais 
recursos poderão ser destinados à unidade de conservação do grupo de Uso Sustentável 
quando for a mesma, ou sua zona de amortecimento, afetada pelo respectivo 
empreendimento (art. 36, § 3.°). 
A Resolução CONAMA nº 371/2006 estabelece “diretrizes aos órgãos 
ambientais para o cálculo, cobrança, aplicação, aprovação e controle de gastos” 
relativos às receitas obtidas por meio da compensação ambiental prevista pela Lei nº 
9.985/2000. 
Há dois grandes grupos de unidades de conservação: as de Proteção Integral e as 
de Uso Sustentável. O primeiro tem por objetivo “preservar a natureza, sendo admitido 
apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos nesta 
Lei” (art. 7.°, § 1º, da Lei nº 9.985/2000). 
Já as Unidades de Uso Sustentável têm por propósito “compatibilizar a 
conservação da natureza com o uso sustentável de parcela de seus recursos naturais” 
(art. 7.°, § 2.°, da Lei nº 9.985/2000). 
No quadro resumo abaixo, temos os dois grupos de unidades de conservação, 
bem como seus objetivos e as categorias que serão definidas mais adiante. 
 
 
 
22 
 
 É permitida a introdução de espécies não autóctones nas Áreas de Proteção 
Ambiental,nas Florestas Nacionais, nas Reservas Extrativistas e nas Reservas de 
Desenvolvimento Sustentável, sendo vedada nas demais categorias de unidades de 
conservação (art. 31, § 1.°, da Lei nº 9.985/2000). 
Com exceção da Área de Proteção Ambiental e da Reserva Particular do 
Patrimônio Natural, toda exploração comercial de produtos, subprodutos ou serviços 
“obtidos ou desenvolvidos a partir dos recursos naturais, biológicos, cênicos ou 
culturais ou da exploração da imagem de unidade de conservação” de unidade de 
conservação dependerá de prévia autorização de sua respectiva administração e de 
retribuição econômica por parte do explorador (art. 33). 
Com o intuito de evitar burocracia e facilitar a entrada de receitas, a Lei 
expressamente autoriza os órgãos que administram as unidades de conservação a 
receberem diretamente recursos ou doações de qualquer natureza, nacionais ou 
estrangeiras, com ou sem encargos, oriundas de organizações públicas ou privadas. 
Por fim, as unidades de conservação do grupo de Uso Sustentável podem ser 
transformadas total ou parcialmente em unidades do grupo de Proteção Integral por 
meio de instrumento normativo do mesmo nível hierárquico do que criou a unidade, 
desde que obedecidos os procedimentos de consulta estabelecidos no § 2.° do art. 22 da 
Lei nº 9.985, de 2000 (art. 22, § 5.°). 
O grupo das Unidades de Proteção Integral compreende cinco categorias de 
unidades de conservação. Cada uma dessas unidades de Proteção Integral será dotada de 
um Conselho Consultivo, presidido pelo órgão responsável por sua administração e 
constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil, 
por proprietários de terras localizadas em Refúgios de Vida Silvestre ou Monumento 
Natural, quando for o caso, e, na hipótese prevista no § 2.° do art. 42, das populações 
tradicionais residentes, conforme se dispuser em regulamento e no ato de criação da 
unidade (art. 29). 
As Unidades de Conservação de Proteção Integral têm por objetivo preservar a 
natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais. 
As categorias das Unidades de Conservação de Proteção Integral são as 
seguintes (Lei 9.985/2000, art. 8º): 
a) Estação Ecológica; 
 
 
23 
 
b) Reserva Biológica; 
c) Parque Nacional; 
d) Monumento Natural; e 
e) Refúgio da Vida Silvestre. 
A Estação Ecológica é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas 
particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas, e tem como objetivo a 
preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas, as quais dependem de 
autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade (Lei nº 
9.985/2000, art. 9.0, § 1º). 
Na Estação Ecológica a visitação pública é proibida, exceto quando com 
objetivo educacional, de acordo com o que dispuser o Plano de Manejo da unidade ou 
regulamento específico (Lei nº 9.985/2000, art. 9º, § 2º). 
Na Estação Ecológica só podem ser permitidas alterações dos ecossistemas no 
caso de (Lei nº 9.985/2000, art. 9º, § 4º, I a IV): 
1) Medidas que visem a restauração de ecossistemas modificados; 
2) Manejo de espécies com o fim de preservar a diversidade biológica; 
3) Coleta de componentes dos ecossistemas com finalidades científicas; 
4) Pesquisas científicas cujo impacto sobre o ambiente seja maior do que aquele 
causado pela simples observação ou pela coleta controlada de componentes dos 
ecossistemas em uma área correspondente a no máximo 3% (três por cento) da extensão 
total da unidade e até o limite de 1.500 (mil e quinhentos) hectares. 
A Reserva Biológica é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas 
particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas. A visitação pública é 
proibida, exceto aquela com objetivo educacional (Lei nº 9.985/2000, art. 10, §§ 1.0 e 
2.0). 
Na Reserva Biológica a realização de pesquisa científica depende de autorização 
prévia do órgão responsável pela administração da unidade (Lei nº 9.985/2000, art. 10, 
§ 3º). 
O Parque Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas 
particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas. 
A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de 
Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua 
 
 
24 
 
administração e àquelas previstas em regulamento (Lei nº 9.985/2000, art. 11, §§ 1º e 
2º). 
No Parque Nacional, a pesquisa científica depende de autorização prévia do 
órgão responsável pela administração da unidade, bem como àquelas previstas em 
regulamento (Lei nº 9.985/2000, art. 11, § 3º). 
Os Parques, quando forem criados pelos Estados ou pelos Municípios, serão 
denominados, respectivamente, Parque Estadual e Parque Natural Municipal (Lei nº 
9.985/2000, art. 4º). 
O Monumento Natural pode ser constituído por áreas particulares, desde que 
seja possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos 
recursos naturais do local pelos proprietários. Caso não haja esta compatibilização, a 
área deve ser desapropriada (Lei nº 9.985/2000, art. 12, §§ 1º e 2º). 
No Monumento Natural, a visitação pública está sujeita às condições e restrições 
estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão 
responsável pela administração e àquelas previstas em regulamento (Lei nº 9.985/2000, 
art. 12, § 3º). 
O Refúgio da Vida Silvestre pode ser constituído por áreas particulares, desde 
que seja possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos 
recursos naturais do local pelos proprietários. Caso não haja esta compatibilização, a 
área deve ser desapropriada (Lei nº 9.985/2000, art. 13, §§ 1º e 2º). 
No Refúgio da Vida Silvestre, a visitação pública está sujeita às normas e 
restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo 
órgão responsável pela administração e àquelas previstas em regulamento (Lei nº 
9.985/2000, art. 13, § 3º). 
No Refúgio da Vida Silvestre, a pesquisa científica depende de autorização 
prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às condições e 
restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em regulamento (Lei nº 
9.985/2000, art. 13, § 4º). 
As Unidades de Conservação de Uso Sustentável têm por objetivo 
compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável dos recursos naturais, 
sendo admitido o uso direto dos recursos naturais. 
 
 
25 
 
As categorias das Unidades de Conservação de Uso Sustentável são as seguintes 
(Lei nº 9.985/2000, art. 14): 
a) Área de Proteção Ambiental (APA); 
b) Área de Relevante Interesse Ecológico; 
c) Floresta Nacional; 
d) Reserva Extrativista; 
e) Reserva de Fauna; 
f) Reserva de Desenvolvimento Sustentável; 
g) Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). 
A Área de Proteção Ambiental é constituída por terras públicas ou privadas (Lei 
nº 9.985/2000, art. 15, § 1º). 
Respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas normas e 
restrições para a utilização de uma propriedade privada localizada em uma Área de 
Proteção Ambiental (Lei nº 9.985/2000, art. 15, § 2º). 
Na Área de Proteção Ambiental, as condições para a realização de pesquisa 
científica e visitação pública nas áreas sob domínio público serão estabelecidas pelo 
órgão gestor da unidade e nas áreas sob propriedade privada caberá ao proprietário 
estabelecê-las (Lei nº 9.985/2000, art. 15, §§ 3º e 4º). 
A Área de Proteção Ambiental disporá de um Conselho presidido pelo órgão 
responsável por sua administração e constituído por representantes dos órgãos públicos, 
de organizações da sociedade civil e da população residente (Lei nº 9.985/2000, art. 15, 
§ 5º). 
A Área de Relevante Interesse Ecológico é constituída por terras públicas ou 
privadas (Lei 9.985/2000, art. 16, § 1º). 
Respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas normas e 
restrições paraa utilização de uma propriedade privada localizada em uma Área de 
Relevante Interesse Ecológico (Lei nº 9.985/2000, art. 16, § 2º). 
A Floresta Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas 
particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas (Lei nº 9.985/2000, art. 
17, § 1º). 
 
 
26 
 
Na Floresta Nacional, a visitação pública é permitida, condicionada às normas 
estabelecidas para o manejo da unidade pelo órgão responsável por sua administração 
(Lei n. 9.985/2000, art. 17, § 3º). 
Na Floresta Nacional, a pesquisa científica é permitida e incentivada, sujeitando-
se à prévia autorização do órgão responsável pela administração da unidade, às 
condições e restrições por este estabelecidas e àquelas previstas em regulamento (Lei nº 
9.985/2000, art. 17, § 4º). 
A Floresta Nacional disporá de um Conselho Consultivo, presidido pelo órgão 
responsável por sua administração e constituído por representantes de órgãos públicos, 
de organizações da sociedade civil e, quando for o caso, das populações tradicionais 
residentes (Lei nº 9.985/2000, art. 17, § 5.°). 
A Floresta, quando criada pelo Estado ou Município, será denominada, 
respectivamente, Floresta Estadual e Floresta Municipal (Lei nº 9.985/2000, art. 17, § 
6.°). 
Reserva Extrativista é de domínio público, com uso concedido às populações 
extrativistas, mediante contrato, sendo que as áreas particulares incluídas em seus 
limites devem ser desapropriadas (Lei nº 9.985/2000, art. 18, § 1.°). 
A Reserva Extrativista será gerida por um Conselho Deliberativo, presidido pelo 
órgão responsável por sua administração e constituído por representantes de órgãos 
públicos, de organizações da sociedade civil e das populações tradicionais residentes na 
área, conforme se dispuser em regulamento e no ato de criação da unidade (Lei nº 
9.985/2000, art. 18, § 2.°). 
Na Reserva Extrativista, a visitação pública é permitida, desde que compatível 
com os interesses locais e de acordo com o disposto no Plano de Manejo da área (Lei nº 
9.985/2000, art. 18, § 3.°). 
Na Reserva Extrativista, a pesquisa científica é permitida e incentivada, 
sujeitando-se à prévia autorização do órgão responsável pela administração da unidade, 
às condições e restrições por este estabelecidas e às normas previstas em regulamento 
(Lei nº 9.985/2000, art. 18, § 4.°). 
A Reserva de Fauna é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas 
particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas (Lei n. 9.985/2000, art. 
19, § 1.°). 
 
 
27 
 
Na Reserva de Fauna, a visitação pública pode ser permitida, desde que 
compatível com o manejo da unidade e de acordo com as normas estabelecidas pelo 
órgão responsável por sua administração (Lei nº 9.985/2000, art. 19, § 2.°). 
Na Reserva de Fauna, a pesquisa científica é permitida e a comercialização dos 
produtos e subprodutos resultantes destas pesquisas obedecerá ao disposto nas leis sobre 
fauna e regulamentos (Lei nº 9.985/2000, art. 19, § 4.°). 
A Reserva de Desenvolvimento Sustentável é de domínio público, sendo que as 
áreas particulares incluídas em seus limites devem ser, quando necessário, 
desapropriadas (Lei nº 9.985/2000, art. 20, § 2.°). 
A Reserva de Desenvolvimento Sustentável será gerida por um Conselho 
Deliberativo, presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por 
representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e das populações 
tradicionais residentes na área, conforme se dispuser em regulamento e no ato de 
criação da unidade (Lei nº 9.985/2000, art. 20, § 4.°). 
Na Reserva de Desenvolvimento Sustentável, é permitida e incentivada a 
visitação pública, desde que compatível com os interesses locais e de acordo com o 
disposto no Plano de Manejo da área (Lei nº 9.985/2000, art. 20, § 5.°, I). 
Na Reserva de Desenvolvimento Sustentável, é permitida e incentivada a 
pesquisa científica voltada à conservação da natureza, sujeitando-se à prévia autorização 
do órgão responsável pela administração da unidade, às condições e restrições por este 
estabelecidas e às normas previstas em regulamento (Lei nº 9.985/2000, art. 20, § 5.°, I). 
A Reserva Particular do Patrimônio Natural é uma área privada, gravada com 
perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica (Lei nº 9.985/2000, 
art. 21). 
O proprietário deverá assinar um termo de compromisso perante o órgão 
ambiental, onde constará o gravame da perpetuidade, e será averbado à margem da 
inscrição no Registro Público de imóveis (Lei nº 9.985/2000, art. 21, § 1º). 
Na Reserva Particular do Patrimônio Natural, poderá ser permitida, conforme se 
dispuser em regulamento (Lei nº 9.985/2000, art. 21, § 2.°): 
a) a pesquisa científica; e b) a visitação com objetivos turísticos, recreativos e 
educacionais. 
 
 
28 
 
Todas as Unidades de Conservação, com exceção da Área de Proteção 
Ambiental e da Reserva Particular do Patrimônio Natural, devem possuir uma zona de 
amortecimento e, quando conveniente, corredores ecológicos (Lei nº 9.985/2000, art. 
25). 
RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 
DE PROTEÇÃO INTEGRAL 
a) Estação Ecológica: 
I) objetiva a preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas; 
II) posse e domínio públicos, áreas particulares serão desapropriadas; 
III) visitação pública proibida, exceto com objetivo educacional; 
IV) pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela 
administração da unidade de conservação. 
b) Reserva Biológica: 
I) objetiva a preservação integral da biota e demais atributos naturais existentes 
em seus limites; 
II) posse e domínio públicos, áreas particulares serão desapropriadas; 
III) visitação pública proibida, exceto com objetivo educacional; 
IV) pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela 
administração da unidade de conservação. 
c) Parque Nacional: 
I) objetiva a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância 
ecológica e beleza cênica; 
II) posse e domínio públicos, áreas particulares serão desapropriadas; 
III) visitação pública depende do previsto no Plano de Manejo; 
IV) pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela 
administração da unidade de conservação. 
d) Monumento Natural: 
I) objetiva preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica; 
II) pode ser constituído por áreas particulares, quando houver compatibilização 
com os objetivos da unidade de conservação ou, caso não haja compatibilização, as 
áreas serão desapropriadas; 
III) visitação pública depende do previsto no Plano de Manejo; 
 
 
29 
 
IV) pesquisa científica sem previsão legal. 
e) Refúgio da Vida Silvestre: 
I) objetiva proteger ambientes naturais onde se assegurem condições para a 
existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente 
ou migratória; 
II) pode ser constituído por áreas particulares, quando houver compatibilização 
com os objetivos da unidade de conservação ou, caso não haja compatibilização, as 
áreas serão desapropriadas; 
III) visitação pública depende do previsto no Plano de Manejo; 
IV) pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela 
administração da unidade de conservação. 
RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 
DE USO SUSTENTÁVEL (LEI 9.985/2000, ART, 14): 
a) Área de Proteção Ambiental: 
I) objetiva proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e 
assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais; 
II) constituída por terras públicas ou privadas; 
III) pode haver restrições para a utilização de uma propriedade privada nela 
localizada; 
IV) visitação e pesquisa sujeitas a condições. 
 
b) Área de Relevante Interesse Ecológico: 
I) objetiva manter os ecossistemas naturais de importância regional ou local e 
regular o uso admissível dessasáreas; 
II) constituída por terras públicas ou privadas; 
III) visitação e pesquisa não prevista em lei. 
c) Floresta Nacional: 
I) objetiva o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais; 
II) posse e domínio públicos, áreas particulares serão desapropriadas; 
III) visitação pública permitida, condicionada ao Plano de Manejo; 
IV) pesquisa científica permitida, sujeitando-se à prévia autorização do órgão 
responsável pela administração da unidade de conservação. 
 
 
30 
 
d) Reserva Extrativista: 
I) objetiva proteger os meios de vida e a cultura das populações extrativistas e 
assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade; 
II) é de domínio público, com uso concedido às populações extrativistas 
tradicionais, mediante contrato de concessão de uso, áreas particulares serão 
desapropriadas; 
III) visitação pública permitida, de acordo com o Plano de Manejo; 
IV) pesquisa científica permitida, sujeitando-se à prévia autorização do órgão 
responsável pela administração da unidade de conservação. 
e) Reserva de Fauna: 
I) posse e domínio públicos, áreas particulares serão desapropriadas; 
II) visitação pública permitida, desde que compatível com o Plano de Manejo; 
III) proibido o exercício da caça amadorística ou profissional. 
f) Reserva de Desenvolvimento Sustentável: 
I) objetiva preservar a natureza e, ao mesmo tempo, assegurar as condições e os 
meios necessários para a reprodução e a melhoria dos modos e da qualidade de vida; 
II) é de domínio público, com uso concedido às populações tradicionais, 
mediante contrato de concessão de uso, áreas particulares serão desapropriadas. 
g) Reserva Particular do Patrimônio Natural: 
I) objetiva conservar a diversidade biológica; 
II) posse e domínio privado; 
III) gravada com perpetuidade, devendo ser averbada à margem da inscrição no 
registro de imóveis. 
As Unidades de Conservação podem ser criadas por ato do Poder Executivo, por 
Decreto. Todavia, nada impede que possam ser criadas pelo Poder Legislativo, por lei, 
entretanto, antes da criação de uma Unidade de Conservação é necessária a realização 
de consulta pública e de estudos técnicos. 
A consulta pública, no entanto, não será obrigatória para a criação das seguintes 
Unidades de Conservação: 
a) Estação Ecológica; e 
b) Reserva Biológica. 
 
 
31 
 
As Unidades de Conservação de Uso Sustentável podem ser transformadas em 
Unidades de Conservação de Proteção Integral, desde que seja utilizado o mesmo nível 
hierárquico do instrumento normativo do que criou a Unidade, e sejam realizados 
estudos técnicos e consulta pública. Assim, se a Unidade de Conservação de Uso 
Sustentável foi criada por Decreto, somente por Decreto ela poderá ser transformada em 
uma Unidade de Conservação de Proteção Integral. 
Para a ampliação dos limites de uma Unidade de Conservação também será 
utilizado o mesmo nível hierárquico do instrumento normativo do que a criou, 
igualmente precedida de consulta pública. A desafetação ou a redução dos limites de 
uma Unidade de Conservação só poderá ser realizada por lei específica, importando 
lembrar que toda Unidade de Conservação deve ter o seu Plano de Manejo, o qual 
deverá ser elaborado dentro de cinco anos, a contar da data de sua criação. 
Plano de Manejo é o documento técnico mediante o qual, com fundamento nos 
objetivos gerais de uma Unidade de Conservação, se estabelece o seu zoneamento e as 
normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a 
implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade (Lei nº 9.985/2000, 
art. 2.°, XVII) (FERREIRA JUNIOR, 2011). 
As Áreas de Preservação Permanente (APP) são áreas protegidas, cobertas ou 
não por vegetação nativa (florestas e demais formas de vegetação natural), com a função 
ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a 
biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar 
das populações humana (Código Florestal, Lei nº 4.771/1965, art. 1º, § 2.°, II).1 
As APPs, que podem estar presentes em imóveis urbanos e rurais, são criadas 
por força de lei ou por ato do Poder Público (Lei nº 4.771/1965, arts. 1.° e 2.°). 
 
1 É preciso lembrar que tramita no Congresso Nacional um novo projeto para o Código Florestal, 
projeto este aprovado com pontos polêmicos, mas ainda continua valendo o código atual. Dentre as 
mudanças que já foram aprovadas temos: 
Além da União, os estados devem criar seus programas de regularização ambiental. 
Outro item permite que o agricultor assine um termo de adesão e compromisso. Quem cometeu 
crimes ambientas até julho de 2008 terá as multas suspensas e convertidas em serviços ambientais. 
Uma novidade foi a emenda que mantém nas áreas de preservação permanente as atividades 
agrossilvopastoris, de ecoturismo e turismo rural existentes até julho de 2008. 
Os deputados ambientalistas e parte da base do governo entendem que o projeto aprovado 
representa uma anistia aos desmatadores. 
Aprovado na câmara, o texto agora irá para o Senado, onde deve ser votado em pelo menos três 
comissões e depois no Plenário. A primeira comissão é a de Constituição e Justiça, onde os senadores 
analisarão se o texto está de acordo com a Constituição (PORTAL G1 DE ECONOMIA, 29 de maio de 
2011.) 
 
 
32 
 
Consideram-se de preservação permanente as florestas e demais formas de 
vegetação natural, situadas (Lei nº 4.771/1965, art. 2.°): 
a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em 
faixa marginal cuja largura mínima seja: 
I) de trinta metros para os cursos d água de menos de dez metros de largura; 
II) de cinquenta metros para os cursos d'água que tenham de dez metros a 
cinquenta metros de largura; 
III) de cem metros para os cursos d'água que tenham de cinquenta a duzentos 
metros de largura; 
IV) de duzentos metros para os cursos d'água que tenham de duzentos a 
seiscentos metros de largura; 
V) de quinhentos metros para os cursos d'água que tenham largura superior a 
seiscentos metros. 
b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais e artificiais; 
c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados olhos d'água, qualquer 
que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de cinquenta metros de largura; 
d) no topo de morros, montes, montanhas e serras; 
e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45 graus, 
equivalente a 100% na linha de maior declive; 
f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; 
g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, 
em faixa nunca inferior a cem metros com projeções horizontais; 
h) em altitude superior a mil e oitocentos metros, qualquer que seja a vegetação. 
Consideram-se, ainda, de preservação permanentes, quando assim declaradas por 
ato do Poder Público, as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas a 
(Lei nº 4.771/1965, art. 3.°): 
a) atenuar a erosão das terras; 
b) fixar as dunas; 
c) formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; 
d) auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades militares; 
e) proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico; 
f) asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção; 
 
 
33 
 
g) manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas; 
h) assegurar condições de bem-estar público. 
A intervenção ou supressão em APPs somente poderá ocorrer em procedimento 
próprio quando haja (Res. CONAMA nº 369/2006, art. 3.°): 
a) inexistência de alternativa técnica e locacional; 
b) atendimento às condições e padrões aplicáveis aos corpos d'água; 
c) averbação da área de reserva legal; 
d) inexistência de risco de agravamento de processos como enchentes, erosão, 
etc. 
O órgão ambiental competente somentepoderá autorizar a intervenção ou 
supressão de vegetação em APP,devidamente caracterizada e motivada mediante 
procedimento administrativo autônomo e prévio, e atendidos os requisitos previstos na 
Resolução Conama nº 369/2006 e noutras normas federais, estaduais e municipais 
aplicáveis, bem como no Plano Diretor, Zoneamento Ecológico-Econômico e Plano de 
Manejo das Unidades de Conservação, se existentes (Res. CONAMA 369/2006, art. 
2.°).2 
A Lei nº 9.605/1998 preceitua como crime ambiental as seguintes condutas: 
a) Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo 
que em formação, ou utilizá-Ia com infringência das normas de proteção. Pena: 
detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa, ou ambas as penas 
cumulativamente (art. 38); 
 
2 STF, ADI 3.540, DJ 03.02.2006. Supressão de vegetação em área de preservação 
permanente, possibilidade de a administração, cumpridas as exigências legais, autorizar, 
licenciar ou permitir obras e/ou atividades nos espaços territoriais protegidos, desde que 
respeitada, quanto a estes, a integridade dos atributos justificadores do regime de proteção 
especial. 
Sobre o direito à indenização ou não, há divergência entre o STF e o STJ. 
STF, AI 677.647 AgR/AP, DJ 06.06.2008. Desapropriação. Área sujeita à preservação 
permanente. Indenização devida. A área de cobertura vegetal sujeita à limitação legal e, 
consequentemente à vedação de atividade extrativista não elimina o valor econômico das 
matas protegidas. 
STJ, REsp146.356/SP, DJ 15.12.2009. É firme a jurisprudência do STJ sobre a 
inindenizabilidade, como regra, das Áreas de Preservação Permanente, já que não passíveis 
de exploração econômica direta. Por sua vez, a Reserva Legal, onde se encontra vedado o 
corte raso da vegetação nativa, não pode ser indenizada como se fosse terra de livre 
exploração econômica. Cabe, nesse caso, ao proprietário provar o uso lícito. 
 
 
 
34 
 
b) Destruir ou danificar vegetação primária ou secundária, em estágio avançado ou 
médio de regeneração, do Bioma Mata Atlântica, ou utilizá-Ia com infringência 
das normas de proteção. Pena: detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa, ou 
ambas as penas cumulativamente (art. 38-A) 
c) Cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente, sem 
permissão da autoridade competente. Pena: detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, 
ou multa, ou ambas as penas cumulativamente (art. 39); 
d) Destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas ou vegetação fixadora de 
dunas, protetora de mangues, objeto de especial preservação. Pena: detenção, de 
três meses a um ano, e multa (art. 50); 
e) Desmatar, explorar economicamente ou degradar floresta, plantada ou nativa, 
em terras de domínio público ou devolutas, sem autorização do órgão 
competente. Pena: reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa (art. 50-A). 
De outro lado, o Decreto nº 6.514/2008 preceitua como infração administrativa 
ambiental as seguintes condutas: 
a) Destruir ou danificar florestas ou demais formas de vegetação natural ou utilizá-
Ias com infringência das normas e proteção em área considerada de preservação 
permanente, sem autorização do órgão competente, quando exigível, ou em 
desacordo com a obtida. Sanção: Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 
50.000,00 (cinquenta mil reais), por hectare ou fração (art. 43); 
b) Cortar árvores em área considerada de preservação permanente ou cuja espécie 
seja especialmente protegida, sem permissão da autoridade competente. Sanção: 
Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 20.000,00 (vinte mil reais) por 
hectare ou fração, ou R$ 500,00 (quinhentos reais) por árvore, metro cúbico ou 
fração (art. 44); 
c) Extrair de florestas de domínio público ou áreas de preservação permanente, sem 
prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de minerais. Sanção: 
Multa simples de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 50.000,00 (cinquenta mil 
reais) por hectare ou fração (art. 45). 
 
 
35 
 
DANO AMBIENTAL 
 Poluição ambiental 
 
A Lei nº 6.938/1981, que 
instituiu a Política Nacional do Meio 
Ambiente, conceitua degradação da 
qualidade ambiental como a 
alteração adversa das características 
do meio ambiente (art. 3.°, lI). Por 
conseguinte a degradação da 
qualidade ambiental consiste em 
toda modificação adversa ao 
equilíbrio ecológico (LEITE, 2003, 
p. 101). 
A poluição é conceituada 
como a degradação da qualidade 
ambiental resultante de atividades 
que direta ou indiretamente: 
a) prejudiquem saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; 
c) afetem desfavoravelmente biota; 
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; 
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais 
estabelecidos (art. 3.°, III). 
No entendimento de ANTONIO F. G. BELTRÃO (2001), o conceito legal de 
poluição, portanto, é bastante amplo, apresentando tanto uma concepção antropocêntrica 
quanto biocêntrica. É antropocêntrico quando se refere à saúde, à segurança, ao bem-
estar da população e às atividades sociais e econômicas; é biocêntrico quando prevê 
como poluição a degradação da qualidade ambiental que afete a biota (= fauna e flora 
que habitam um determinado local); e, ainda, apresenta concepção mista no tocante às 
 
 
36 
 
condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente e ao lançamento de matérias ou 
energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. 
Tecnicamente, portanto, degradação ambiental é gênero do que poluição é 
espécie. Consequentemente, toda poluição consiste em degradação ambiental; a 
recíproca, entretanto, não é verdadeira, ou seja, nem toda degradação ambiental consiste 
em poluição. 
Poluidor é conceituado como “a pessoa física ou jurídica, de direito público ou 
privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação 
ambiental” (art. 3º, IV). Assim, a poluição decorre exclusivamente da ação humana, 
ainda que involuntária. 
Logo, eventos da natureza, que podem ocasionar grande degradação ambiental, 
como, por exemplo, uma erupção vulcânica, um tsunami, enchentes, incêndios, etc., não 
consistem, tecnicamente, de acordo com a legislação brasileira, em poluição. Por serem 
eventos naturais, não podem, evidentemente, ser controlados pelo Direito. Este limita-se 
a regular as ações humanas, ou seja, aquelas que provocam poluição (BELTRÃO, 
2011). 
A Constituição Federal atribui à União, Estados, Distrito Federal e Municípios a 
competência comum de combater à poluição “em qualquer de suas formas” (art. 23, 
VI); estabelece, também, que compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal 
legislar concorrentemente sobre controle da poluição (art. 24, VI). Outrossim, prevê a 
Carta Política que compete ao Poder Público e à coletividade o dever de defender e 
preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações (art. 225, caput). 
Portanto, toda poluição é ilícita, devendo o seu agente necessariamente sofrer as 
sanções, de ordem civil, penal e administrativa, previstas na legislação? 
Segundo ANTONIO F. G. BELTRÃO (2011, p. 221) não é bem assim e solicita 
que imaginemos o seguinte: 
 
que todos nós ao dirigirmos um veículo, ou ao utilizarmos algum transporte 
público, movido por combustível de origem fóssil, estamos liberando no ar, por meio do 
sistema de escapamento, uma série de poluentes que degradam a atmosfera. Desta 
forma, somos poluentes, diretos (no caso de veículo próprio) ou indiretos (se utilizamos 
transporte público). Contudo, partindo-se da premissa de que o veículo está cumprindo 
 
 
37 
 
com os limites - padrões de qualidade – previstos pela legislação de regência quanto à 
liberação de poluentes, não haveria, juridicamente, dano algum. 
 
Em outras palavras, significa afirmar que a poluição é tolerada pelo 
ordenamento jurídicodesde que respeitados os limites – padrões de qualidade – 
previstos pelo Poder Público. Em regra, a natureza consegue absorver, até um certo 
grau, a poluição causada pelo ser humano sem que tal implique uma redução de sua 
qualidade de vida. 
Naturalmente, incumbe ao Poder Público, na busca incessante pela melhoria da 
qualidade da vida humana, impor condições e critérios cada vez mais rigorosos para a 
proteção do meio ambiente. Para atender a tal munus constitucional, os entes públicos 
devem, entre outros, fomentar a criação de novas tecnologias menos poluentes (Vale 
observar que os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou 
absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental, consistem em 
instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente (art. 9.°, V, da Lei nº 6.938/1981). 
Logo, a atividade poluente pode ser lícita ou ilícita, a depender se está ou não 
cumprindo no caso concreto com os padrões de qualidade previstos para o recurso 
ambiental específico (ar, água etc.), conforme a legislação de regência. 
Se a atividade poluente é lícita, não há como aplicar a seu agente sanções de 
natureza administrativa e penal. Ressalve-se, entretanto, que a responsabilização na 
esfera civil independe da licitude ou não do ato, uma vez que é objetiva, conforme o art. 
14, § 1.0, da Lei nº 6.938/1981. Logo, se a atividade poluente, ainda que regular, 
acarreta algum dano ao ambiente, o poluidor deverá ser responsabilizado civilmente. 
Dispõe o caput do art. 54 da Lei nº 9.605/1998 (Lei dos Crimes Ambientais), 
verbis: 
Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou 
possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais 
ou a destruição significativa da flora. 
Fundamental observar, portanto, que o ato de poluir, por si só, não consiste em 
crime ambiental. De fato, óbvio que as milhares de indústrias no Brasil, por exemplo, 
liberam no ar, na água e no solo milhares de poluentes, diariamente. 
 
 
38 
 
Como visto, a poluição consiste em toda degradação da qualidade ambiental 
resultante de atividades que direta ou indiretamente: 
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; 
c) afetem desfavoravelmente a biota; 
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; 
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais 
estabelecidos (art. 3º, III, da Lei nº 6.938/1981). 
Entretanto, apenas será crime ambiental a poluição de tal monta, de tal 
gravidade, que resulte ou possa resultar em: 
a) danos à saúde humana; 
b) mortandade de animais; ou, 
c) destruição significativa da flora. 
Logo, o ato de poluir é juridicamente tolerado, sob a perspectiva da 
responsabilidade penal, se não tiver potencial de causar danos à saúde humana, à fauna 
ou à flora; neste caso, pode-se poluir sem que tal implique a prática de crime ambiental 
algum. 
COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA E LEGISLATIVA 
A Constituição Federal de 1988 estabelece ser competência comum à União, 
Estados, Distrito Federal e Municípios o combate à poluição em qualquer de suas 
formas (art. 23, VI). Outrossim, prevê que compete à União, aos Estados e ao Distrito 
Federal legislar concorrentemente sobre controle da poluição (art. 24, VI). 
Logo, os entes políticos da federação possuem competência administrativa (ou 
material, ou, ainda, executiva) para tratar acerca de poluição. A União, Estados e 
Distrito Federal possuem também competência legislativa expressa sobre o tema. 
Os Municípios, entretanto, também possuem competência legislativa para tratar 
sobre meio ambiente, e, consequentemente, poluição, dada a atribuição constitucional 
de legislar sobre assuntos de interesse local e de suplementar a legislação federal e 
estadual no que couber (art. 30, I e II, da Constituição Federal). 
A competência legislativa concorrente não autoriza que cada ente federativo 
legisle isoladamente sobre o tema; cabe à União legislar sobre normas gerais, enquanto 
 
 
39 
 
que aos Estados compete legislar suplementarmente. Assim, não caberia à lei estadual 
inovar em matéria já regulada por lei federal3. 
 
3 Supremo Tribunal Federal, ADI 2.396/MS, Tribunal Pleno, ReI. Min. Ellen Gracie,j. 
08.05.2003, DJ 1.°.08.2003, decisão unânime: "Ação direta de inconstitucionalidade. Lei n. 
2.210/01, do Estado de Mato Grosso do Sul. Ofensa aos artigos 22, I e XII; 25, § 1º; 170, caput 
, II e IV; 1º; 18º e 5.° caput, 11 e LIV, Inexistência. Afronta à competência legislativa 
concorrente da União para editar normas gerais referentes à produção e consumo, à proteção 
do meio ambiente e controle da poluição e à proteção e defesa da saúde. Artigo 24, V, VI e XII 
e §§ I." e 2.° da Constituição Federal. Não cabe a esta Corte dar a última palavra a respeito das 
propriedades técnico-científicas do elemento em questão e dos riscos de sua utilização para a 
saúde da população. Os estudos nesta seara prosseguem e suas conclusões deverão nortear 
as ações das autoridades sanitárias. Competência do Supremo Tribunal Federal circunscrita à 
verificação da ocorrência de contraste inadmissível entre a lei em exame e o parâmetro 
constitucional. Sendo possível a este Supremo Tribunal, pelos fatos narrados na inicial, 
verificar a ocorrência de agressão a outros dispositivos constitucionais que não os indicados na 
inicial, verifica-se que ao determinar a proibição de fabricação, ingresso, comercialização e 
estocagem de amianto ou de produtos à base de amianto, destinados à construção civil, o 
Estado do Mato Grosso do Sul excedeu a margem de competência concorrente que lhe é 
assegurada para legislar sobre produção e consumo (art. 24, V); proteção do meio ambiente e 
controle da poluição (art. 24, VI); e proteção e defesa da saúde (art. 24, XII). A Lei n'' 9.055/95 
dispôs extensamente sobre todos os aspectos que dizem respeito à produção e 
aproveitamento industrial, transporte e comercialização do amianto crisotila. A legislação 
impugnada foge, e muito, do que corresponde à legislação suplementar, da qual se espera que 
preencha vazios ou lacunas deixados pela legislação federal, não que venha a dispor em 
diametral objeção a esta. Compreensão que o Supremo Tribunal tem manifestado quando se 
defronta com hipóteses de competência legislativa concorrente. Precedentes: ADI 903/MG-MC 
e ADI l.980/PR-MC, ambas de relatoria do eminente Ministro Celso de Mello. Ação direta de 
inconstitucionalidade cujo pedido se julga parcialmente procedente para declarar a 
inconstitucionalidade do artigo 1.0 e de seus §§ 1.0, 2.° e 3.°, do art. 2.°, do art. 3.° e §§ l .? e 
2.° e do parágrafo único do art. 5.°, todos da Lei n° 2.210/01, do Estado do Mato Grosso do 
Sul". (Grifo nosso). Superior Tribunal de Justiça, HC 86. 145/SP, 5." Turma, ReI. Min. Felix 
Fischer, j. 04.10.2007, DJ 19.11.2007, decisão unânime: "Processual penal. Habeas corpus 
substitutivo de recurso ordinário. Arts. 38, 54, § 2.°, inciso V e 60, todos da Lei n° 9.605/98. 
Trancamento da ação penal. Falta de justa causa. Inocorrência. I - A peça acusatória deve vir 
acompanhada com o mínimo embasamento probatório apto a demonstrar, ainda que de modo 
indiciário, a efetiva realização do ilícito penal por parte do denunciado. Se não houver um lastro 
probatório mínimo a respaldar a denúncia, de modo a tomar esta plausível, não haverá justa 
causa a autorizar a instauração da persecutio criminis. (Precedentes). II - O trancamento da 
ação por falta de justa causa, na via estreita do writ, somente é possível se houver 
comprovação, de plano, da atipicidade da conduta, da incidência de causa de extinção da 
punibilidade ou da ausência de indícios de autoria ou de prova sobre a materialidade do delito, 
o que não ocorre na espécie. (Precedentes). III - Na hipótese dos autos, o paciente, segundo 
afirmado na exordial

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