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Fisioterapia – Ciclo cardíaco INTRODUÇÃO A função básica do sistema cardiovascular é a de levar material nutritivo e oxigênio às células. O sistema circulatório é um sistema fechado, sem comunicação com o exterior, constituído por tubos, que são chamados vasos, e por uma bomba (coração) percussora que tem como função impulsionar sangue por toda a rede vascular. O coração é um órgão muscular, ímpar e mediano que atua como uma bomba contrátil, auto-ajustável, localiza-se na parte inferior do mediastino médio, na cavidade torácica posteriormente ao osso esterno e superiormente ao músculo diafragmático. Os vasos sanguíneos apresentam-se como artérias, arteríolas, veias, vênulas e capilares. As paredes da maioria dos vasos sanguíneos que compõe o sistema cardiovascular possuem três camadas concêntricas de tecido denominadas túnicas íntima, túnica média e túnica adventícia. Figura 1. Vasos sanguíneos Fonte: Google Imagens 2 Fisioterapia – Ciclo cardíaco CIRCULAÇÃO SANGUÍNEA O sangue, sob alta pressão, deixa o coração e é distribuído pelo corpo através das artérias. Os vasos de distribuição final, arteríolas, transportam o sangue oxigenado para os capilares, que consequentemente formam o leito capilar. Nos capilares, o sangue repassa oxigênio e nutrientes para as células, retendo resíduos do metabolismo celular e dióxido de carbono. O sangue proveniente do leito capilar drena para as vênulas de parede fina e altamente permeáveis. As vênulas drenam para as pequenas veias que se anastomosam em grandes veias até retornarem ao coração, onde serão bombeadas para o pulmão para re-oxigenação. CICLO CARDÍACO Durante o ciclo cardíaco o coração realiza sístole (contração) e diástole (relaxamento). Na sístole, o sangue é ejetado em direção as artérias. Na diástole recebe o sangue proveniente das veias. O ciclo cardíaco é a sequência de fatos que acontece a cada batimento cardíaco. O ciclo cardíaco compreende três fases: A sístole atrial, sístole ventricular e diástole ventricular. Na sístole atrial o sangue é impulsionado dos átrios para os ventrículos. Assim as valvas atrioventriculares se encontram abertas para a passagem de sangue. As valvas semilunares da artéria tronco pulmonar e da artéria aorta se encontram fechadas. Na sístole ventricular as valvas atrioventriculares estão fechadas e as semilunares abertas para a passagem de sangue. A diástole é o relaxamento do músculo cardíaco, é quando os ventrículos se enchem de sangue, neste momento as valvas atrioventriculares estão abertas e as valvas semilunares se encontram fechadas. Em adultos saudáveis, existem geralmente dois sons do coração normais que ocorrem em sequência com cada batida do coração. Eles são a primeira bulha cardíaca ou primeiro som cardíaco (B1 ou S1) produzidos pelo fechamento das valvas atrioventriculares e, a segunda bulha cardíaca ou segundo som cardíaco (B2 ou S2), produzidos pelo fechamento das valvas semilunares. Além destes, pode ocorrer a terceira bulha cardíaca (B3) rara, normal em crianças e adultos jovens. Este som ocorre quando o ventrículo esquerdo não está totalmente complacente, e até o início da diástole, o fluxo de sangue dentro do ventrículo esquerdo causa vibrações das valvas e das cordas tendíneas. 3 Fisioterapia – Ciclo cardíaco Figura 2. Ciclo cardíaco Fonte: Google Imagens SÍSTOLE Durante a sístole cardíaca ocorre a contração isovolumétrica, onde após o início da contração ventricular, a pressão do ventrículo sobe de modo abrupto, fazendo com que as valvas AV se fechem. Entretanto, é necessário mais 0,02 a 0,03 segundos para o ventrículo gerar pressão suficiente capaz de empurrar e abrir as valvas semilunares (aórtica e pulmonar) contra a pressão das artérias aorta (80 mmHg) e pulmonar (8 mmHg). Portanto, durante esse período há contração ventricular sem que haja esvaziamento das câmaras. Podemos classificar a ejeção ventricular do sangue em duas modalidades: a rápida responsável por cerca de 70% da ejeção e, a lenta responsável pelos 30% da ejeção sanguínea restante. Durante a ejeção rápida (primeiro terço da ejeção) a pressão dos ventrículos supera as pressões das artérias aorta e pulmonar, o sangue ventricular força a abertura das valvas semilunares, esvaziandocercade70%do volume de ejeção ventricular. Na ejeção lenta (segundo e terceiro terço da ejeção) ocorre o esvaziamento dos 30% de volume de ejeção ventricular restantes. 4 Fisioterapia – Ciclo cardíaco Relaxamento Isovolumétrico Posteriormente a sístole ocorre o relaxamento repentino da musculatura ventricular e a pressão das artérias aorta e pulmonar, que acabaram de ser cheias,gera o fechamento das valvas semilunares. Assim, durante 0,03 a 0,06 segundos, o músculo ventricular continua a relaxar, mesmo que o volume dos ventrículos não se altere. DIÁSTOLE A diástole cardíaca é dividida em três etapas: enchimento rápido ventricular, enchimento lento e a sístole atrial. O enchimento rápido ventricular corresponde ao primeiro terço da diástole (70% do enchimento ventricular total), ocorre quando a sístole termina, a baixa pressão dos ventrículos da diástole permite que o sangue, moderadamente pressionado nos átrios, force as valvas atrioventriculares a se abrirem, aumentando o volume ventricular. O segundo terço da diástole, refere-se ao enchimento lento ventricular, e corresponde a 10% do enchimento ventricular total. Neste uma pequena quantidade de sangue nas condições normais flui para os ventrículos, vindo das veias e fluindo diretamente para os ventrículos. A sístole atrial corresponde ao terceiro terço da diástole, e representa 20% do enchimento ventricular total, nesta os átrios se contraem, dando impulso adicional ao fluxo sanguíneo para os ventrículos. O tempo médio de duração do ciclo cardíaco é em torno de 0,8 segundos, nos quais 0,3 segundos são destinados à sístole atrioventricular e 0,5 segundos à diástole. FUNÇÃO DAS VALVAS CARDÍACAS As Valvas Atrioventriculares (tricúspide e mitral) evitam o refluxo de sangue dos ventrículos para os átrios durante a sístole. Já as valvas semilunares (aórtica e pulmonar) impedem o refluxo do sangue da aorta e das artérias pulmonares para os ventrículos durante a diástole. 5 Durante a contração dos átrios, o sangue é impulsionado deste até os ventrículos; Neste processo, as valvas atrioventriculares se abrem, permitindo a passagem do sangue; E as valvas semilunares da (artéria tronco pulmonar e da artéria aorta ) se fecham. Fisioterapia – Ciclo cardíaco FATORES INTRÍNSECOS QUE CONTROLAM O VOLUME SISTÓLICO Pré Carga: Refere-se ao máximo de estresse da parede do ventrículo, quando está cheio de sangue, ou seja, é a pressão do sangue (pressão diastólica final) presente no ventrículo do coração, após seu enchimento passivo e contração do átrio. Pós Carga: Refere-se a dificuldade de ejeção do ventrículo. O fator que mais interfere na pós-carga é a resistência vascular periférica, porém, como esta não pode ser medida, utiliza-se a pressão arterial como parâmetro para avaliar a pós- carga. Quanto maior a pressão arterial, maior é a pós-carga, ou seja, mais difícil é a ejeção. Contratilidade Cardíaca: Refere-se a capacidade de contração da musculatura estriada cardíaca. O músculo presente nos átrios e ventrículos possuem uma duração de contração maior, porém as fibras musculares excitatórias e condutoras apenas se contraem de modo mais fraco, pois contêm poucas fibrilas contráteis, mas apresentam ritmicidade e velocidade de condução variáveis, formando um sistema excitatório para o coração. ESQUEMA Sístole Atrial 6 Na contração dos ventrículos as valvas atrioventriculares se fecham; Este fechamento da valva evita que haja o refluxo do sanguepara os átrios; Em seguida as valvas semilunares se abrem permitindo passagem do sangue. Durante a diástole ocorre o relaxamento muscular e os ventrículos se enchem de sangue. Fisioterapia – Ciclo cardíaco Sístole Ventricular Diástole Cardíaca 7 Neste momento as valvas atrioventriculares se abrem permitindo que o sangue passe; Ao mesmo tempo em que as valvas semilunares (da artéria tronco pulmonar e da artéria aorta ) se fecham. Fisioterapia – Testes Funcionais Fisioterapia – Ciclo cardíaco REFERÊNCIAS Veronez D. Abordagem Morfofuncional do Sistema Cardiovascular. Disponível em: < http://rle.dainf.ct.utfpr.edu.br/hipermidia/images/documentos/ Abordagem_morfofuncional_do_sistema_cardiovascular.pdf>. Acessado em 1 de setembro de 2019. Disponível em: <http://files.profmarcelolima.webnode.com.br/200000135- d3590d4524/APOSTILA_ANATOMIA_CARDIOVASCULAR%5B1%5D.pdf>. Acessado em 1 de setembro de 2019. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Pr%C3%A9-carga>. Acessado em 1 de setembro de 2019. http://rle.dainf.ct.utfpr.edu.br/hipermidia/images/documentos/ http://files.profmarcelolima.webnode.com.br/200000135- http://files.profmarcelolima.webnode.com.br/200000135- INTRODUÇÃO Os testes funcionais aplicados aos indivíduos com doenças cardiovasculares e ou respiratória, visam adequar a prescrição dos exercícios, como também, avaliar a eficácia da terapêutica utilizada. Além disso, apresenta como vantagens a possibilidade de realizar análise dos aspectos metabólicos do miocárdio e o grau de resposta isquêmica ao esforço, e o fato de serem práticos e não invasivos. Teste da Caminhada de Seis Minutos O teste de caminhada de seis minutos (TC6) é usado para avaliar a resposta de um indivíduo ao exercício e propicia uma análise global dos sistemas respiratório, cardíaco e metabólico. Figura 1. Demonstração do caminho para o TC6 Google Imagens Vantagens As principais vantagens do TC6 são sua simplicidade e as exigências tecnológicas 2 Fisioterapia – Testes Funcionais mínimas, bem como o fato de que sinais e sintomas vitais podem ser medidos durante o teste. Portanto, trata-se de um teste barato e de ampla aplicabilidade, já que caminhar é uma atividade de vida diária que quase todos os pacientes são capazes de realizar, exceto aqueles mais afetados por alguma doença. O TC6 reflete de maneira mais acurada as limitações às atividades de vida diária e mostrou-se mais sensível que testes em esteira, pois o TC6 testa, de maneira objetiva, a dessaturação de oxigênio durante o exercício em pacientes com DPOC. Equipamentos necessários: • cronômetro; • cones para delimitação do circuito; • efigmomanômetro; • estetoscópio; • oxímetro de pulso adequado para realização de atividade física. Como o Teste deve ser realizado O teste deverá ser realizado pelo menos duas horas após as refeições. Os pacientes deverão ser instruídos a usar roupas e calçados confortáveis, além de manter medicação usual. Antes da realização do teste, os pacientes deverão fazer um período de repouso de no mínimo 10 minutos. Durante esse período, deverão ser avaliadas as contra-indicações, dados de pressão arterial, oximetria de pulso, nível de dispnéia (Escala de Borg), frequência cardíaca e respiratória. O teste deverá ser realizado em corredor com comprimento mínimo de 30 metros e que seja livre de circulação de pessoas. De acordo com o protocolo proposto pela ATS, o avaliador não deverá caminhar junto com o paciente. Entretanto, algumas vezes, esse procedimento torna-se necessário, como por exemplo, para carregar fonte de oxigênio ou dar maior segurança em caso de déficits de equilíbrio (principalmente idosos). Nesses casos, o avaliador deverá caminhar sempre atrás do sujeito. Durante a realização dos testes, frases de encorajamento podem ser utilizadas em períodos de tempos. O encorajamento deverá ser utilizado a cada minuto, por meio de frases padronizadas. Oxigenioterapia poderá ser instituída, caso a oximetria de pulso do paciente registre valores inferiores a 85%. Ao término do teste, os dados vitais coletados inicialmente deverão ser novamente avaliados. Além disso, será calculada a distância caminhada pelo paciente. 3 Fisioterapia – Testes Funcionais Enright sugere que pessoas saudáveis possam caminhar, durante o Teste de Caminhada de Seis Minutos, distâncias variando entre 400 e 700. Existem, na literatura, algumas fórmulas que podem predizer, com base em sexo, peso, altura e idade, qual a distância caminhada esperada durante o teste. A tabela 1 apresenta as fórmulas propostas por Enright e Sherrill. Tabela 1. Equações de referência para predição da distância no Teste de Caminhada de 6 minutos segundo Enright e Sherrill, 1998. Google Imagens Indicações De acordo com a American Thoracic Society (ATS), a indicação mais precisa para a realização do TC6 é a presença de doença pulmonar ou cardíaca leve ou moderada, nas quais o teste é usado para medir a resposta ao tratamento, analisar a capacidade funcional e predizer a morbidade e mortalidade. Contra Indicações As principais contra indicações do TC6 são: angina Instável, <5 dias de infarto agudo do miocárdio (IAM) ou pós Angioplastia, insuficiência cardíaca congestiva (ICC) agudizada, estenose aórtica grave, arritmias não controladas, hipertensão (170x100 mmHg), hipotensão (80x50 mmHg) e taquicardia em repouso (FC > 120bpm). 4 Fisioterapia – Testes Funcionais Teste Graduado de Caminhada - Shuttle Walking Test (SWT) O SWT foi criado como um instrumento de avaliação para indivíduos com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC); porém, tem sido utilizado também em outras condições de saúde. O SWT foi criado a partir do Shuttle run test. Inicialmente apresentava 10 estágios, sendo que após os primeiros resultados, foi desenvolvido um protocolo modificado com 12 estágios, que inicia com velocidade mais lenta permitindo aos indivíduos mais debilitados melhor adaptação. Indicações e Objetivos O SWT pode ser amplamente aplicado a indivíduos com diferentes condições de saúde e faixas etárias, com diferentes finalidades, sendo as mais frequentes: avaliação de resposta às intervenções; avaliação da capacidade funcional e a avaliação do prognóstico. Como o teste é realizado? O SWT apresenta 12 estágios com um minuto de duração cada, velocidade inicial de 0,5 metros/segundo (m/s), sendo a cada minuto acrescentado 0,17 m/s (equivalente a 10 metros/minuto). O avaliador pode fornecer comando verbal padronizado ao fim de cada estágio com intuito de informar ao indivíduo sobre o aumento da velocidade de caminhada. A velocidade de caminhada é determinada por meio de dois tipos diferentes de sinais sonoros: 1 sinal (bipe) único que indica mudança de direção e 2 sinais (bipe) triplo que indica mudança de direção e de estágio. O teste deverá ser realizado pelo menos duas horas após as refeições. Os sujeitos devem utilizar roupas e calçados confortáveis e manter a medicação usual. Precauções Antes da realização do teste devem ser aferidas a pressão arterial, frequência cardíaca, saturação periférica de oxigênio e frequência respiratória. Além disso, a existência de possíveis contraindicações deve ser avaliada. Durante a realização do SWT, o avaliador poderá caminhar ao lado do indivíduo no primeiro estágio com objetivo de melhor compreensão da dinâmica do teste ou nos casos em que a oxigenoterapia seja necessária. 5 Fisioterapia – Testes Funcionais Variáveis do SWT Em relação às variáveis fornecidas pelo SWT, devem ser registrados distância máxima percorrida, velocidademáxima alcançada, pressão arterial, frequência cardíaca, percepção subjetiva de esforço, estágio e respectivo percurso no qual o teste foi interrompido. Teste Ergométrico O teste ergométrico serve para a avaliação ampla do funcionamento cardiovascular, quando submetido a esforço físico gradualmente crescente, em esteira rolante. São observados os sintomas, os comportamentos da frequência cardíaca, da pressão arterial e do eletrocardiograma antes, durante e após o esforço. Os principais objetivos do teste são diagnosticar e avaliar a doença arterial coronária, a capacidade funcional cardiorrespiratória; arritmias, anormalidades da pressão arterial e de isquemia miocárdica; avaliar surgimento de sopros, sinais de falência ventricular esquerda e dos eventuais sintomas que podem acompanhar essas disfunções; realizar avaliação funcional de doença cardíaca já conhecida; e realizar a prescrição de exercícios físicos. Figura 2. Teste Ergométrico Google Imagens 6 Fisioterapia – Testes Funcionais Preparo para Realização do Teste No dia do exame, após o banho, não deve-se utilizar cremes, pomadas ou gel; Deve levar roupa confortável (agasalho/tênis). Não fumar 2 horas antes e 1 hora após o exame; Realizar dieta normal 2 horas antes ou dieta leve 1 h antes do exame; o paciente não deve fazer o exame em jejum; A suspensão de medicação em uso fica a critério do seu médico e na dependência dos objetivos do exame. Quando o objetivo é diagnosticar doença arterial coronária, caso seja possível, recomenda-se suspender medicamentos que possam mascarar as manifestações da doença, como betabloqueadores (atenolol, propranolol, metoprolol etc), inibidores dos canais de cálcio (diltiazem, verapamil) e vasodilatadores coronarianos (dinitrato ou mononitrato de isossorbida, nitroglicerina etc). Recomenda-se ao paciente não expor o tórax desprotegido ao sol, até 72 horas após o exame, pois pode surgir irritação da pele, no local da colocação dos eletrodos. Obs.: Endoscopia digestiva ou Colonoscopia não devem ser realizadas no mesmo dia do teste ergométrico. Etapas O primeiro passo é coletar dados com o paciente e descritos no pedido médico para definirmos a indicação do exame, afastar contraindicações e estabelecer o protocolo ideal de esforço para cada paciente. A seguir são colocados 10 eletrodos no tórax do paciente para o registro do eletrocardiograma. O paciente é colocado então na esteira rolante iniciando-se o exercício com o protocolo escolhido. A interrupção do exame ocorrerá caso o paciente apresente grande cansaço ou exaustão, sintomas indicativos de anormalidades cardiovasculares, alterações compatíveis com isquemia ou alterações significativas do ritmo cardíaco. Traçados eletrocardiográficos e medida da pressão arterial serão registrados antes do esforço, ao final de cada etapa do exercício e regularmente na recuperação. A interpretação do exame envolve múltiplos fatores: presença de sintomas, os níveis de pressão arterial, o comportamento da frequência cardíaca, a capacidade física, os distúrbios do ritmo cardíaco e as alterações do observadas no eletrocardiograma registrado durante o esforço. 7 Fisioterapia – Testes Funcionais Figura 3. Demonstração do Teste Ergométrico Google Imagens Indicações A Diretriz do Departamento de Ergometria e Reabilitação da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre teste de esforço mostra que sua indicação é bastante ampla, nos indivíduos que possuam: • Doença Arterial Coronária; • Hipertensão Arterial; • Arritmias; • População sadia ou aparentemente normal; • Indicações especiais. Contraindicações Aqueles indivíduos que possuam doença arterial coronária que estão instáveis (sintomas progressivos ou que ocorrem em repouso, angina instável, infarto em evolução) ou que apresentam obstrução no tronco da artéria coronária esquerda ou equivalente; 8 Fisioterapia – Testes Funcionais • Arritmias não controladas; • Miocardites e pericardites agudas; • Estenose aórtica grave; • Hipertensão arterial grave; • Embolia pulmonar; • Qualquer enfermidade aguda; • Limitação física ou emocional; • Intoxicação medicamentosa; • Gestação. Complicações O risco de complicações graves como infarto, arritmias e parada cardíaca é muito baixo e menor do que 1 para cada 20.000 exames realizados. Teste Cardiopulmonar (TCP) O teste cardiopulmonar ou ergoespirométrico é a associação de um teste ergométrico convencional com a análise do ar expirado pelo paciente, que fornece medidas diretas de parâmetros respiratórios, como a capacidade de consumo de oxigênio pelos pulmões (VO2), produção de gás carbônico, frequência respiratória e ventilação pulmonar. Deste modo, o teste cardiopulmonar oferece todas as informações disponíveis no teste ergométrico convencional adicionado de dados extraídos da respiração que revelam o real grau de condicionamento físico. Para que serve É considerado indispensável para atletas de alta performance e muito indicado para avaliação inicial de indivíduos ativos em programas de condicionamento físico, esportistas que participam dos circuitos de corridas de rua ou para quem quer iniciar um programa de exercícios físicos de qualquer natureza, pois identifica a faixa ideal para o condicionamento aeróbico. Durante esse exame realiza-se avaliação contínua do sistema cardiovascular, 9 Fisioterapia – Testes Funcionais respiratório e também muscular. Assim, é possível de modo dinâmico a obtenção de respostas desses três grandes sistemas do organismo quando submetido ao esforço físico. Outra grande vantagem dessa prova é auxiliar na investigação médica de doenças que ainda não foram diagnosticas de forma clara em repouso. Portanto quando uma pessoa apresenta falta de ar sem origem ou diagnóstico esclarecido o teste cardiopulmonar de exercício torna-se o método ideal para auxiliar o médico tanto na identificação (causa), quanto na orientação para o tratamento do distúrbio ou eventual doença identificada. Figura 4. Demonstração do Teste Cardiopulmonar Google Imagens Indicações • Avaliação funcional de doenças cardíacas e pulmonares; • Avaliação seriada no pré e no pós-transplante cardíaco; • Quantificação do risco de pacientes com miocardiopatias (doença do músculo cardíaco); • Para programar a reabilitação em pacientes com doença cardíaca ou com insuficiência cardíaca; • Para programar treinamento de atletas; • Para diagnóstico diferencial da dispneia (falta de ar). 10 Teste da Caminhada de Seis Minutos (TC6M) O TC6M é um teste de esforço submáximo que se assemelha às atividades diárias do paciente, é usado para avaliar a resposta de um indivíduo ao exerc ício e propicia um a análise global dos sistemas respiratório, cardíaco e metabólico. Shutlle Walk Test O SWT foi criado como um instrumento de avaliação para indivíduos com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC); porém, tem sido utilizado também em outras condições de saúde. Apresenta como principais objetivos: avaliação de resposta às intervenções; avaliação da capacidade funcional e a avaliação do prognóstico. Fisioterapia – Testes Funcionais Preparo e Contraindicações O exame tem duração aproximada de 1 hora, contando o tempo de preparo do paciente e o tempo na esteira, e é indicado para pacientes maiores de 18 anos, mas também pode ser realizado em menores, desde que acompanhados por um adulto responsável. Para sua realização é preciso apenas uma requisição médica. É natural que durante o teste o paciente tenha a sensação de cansaço e que ocorra aceleração da respiração e dos batimentos cardíacos. Contudo, pessoas com doença cardíaca poderão manifestar ou evidenciar sintomas como dor no peito, palpitações, falta de ar, cansaço desproporcionalao nível de esforço aplicado e outros, de acordo com o seu problema. Não é recomendado realizar este exame na presença de infecções (ex: gripe, febre), bem como em jejum, pois podem interferir na avaliação da capacidade física. Embora a realização de exercício seja recomendada durante a gravidez, o teste ergométrico só deve ser realizado em situações especiais. ESQUEMA Testes Funcionais 11 Teste Cardiopulmonar O teste cardiopulmonar ou ergoespiromét rico é a associação de um teste ergométrico convencional com a análise do ar expirado pelo paciente, que fornece m edidas diretas de parâmetros respiratórios, como a capacidade de consumo de oxigênio pelos pulm ões (VO2), produção de gás carbônico, frequência respiratória e ventilação pulmonar. Teste Ergométrico O teste ergométrico serve para a avaliação am pla do funcionamento cardiovascular, quando subm etido a esforço físico gradualmente crescente, em esteira rolante. Fisioterapia – Testes Funcionais REFERÊNCIAS Blanhir J, Vidal C, Romero M, et al. Teste de caminhada de seis minutos: uma ferramenta valiosa na avaliação do comprometimento pulmonar. J. bras. pneumol. vol.37 n.1 São Paulo, 2011. Monteiro D, Britto R, Carvalho M, et al. Shuttle walking test como instrumento de avaliação da capacidade funcional: uma revisão da literatura. Rev Ciência e Saúde, Porto Alegre, v. 7, n. 2, p. 92-97, 2014. ALBERT EINSTEIN. Cardiologia. Disponível em: <https://www.einstein.br/ especialidades/cardiologia/exames-tratamento/teste-ergometrico-teste- esforco>.Acessado em 03 de setembro de 2019. HCOR. Teste Cardiopulmonar de Exercício. Disponível em: <https://www.hcor. com.br/exames-e-consultas/exames-diagnosticos/teste-cardiopulmonar-de- exercicio/>. Acessado em 03 de setembro de 2019. Britto R., Sousa L. Teste De Caminhada de Seis Minutos uma Normatização Brasileira Six Minute Walk Test – a Brazilian Standardization. Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v.19, n.4, p. 49-54, out, 2006. 12 http://www.einstein.br/ Fisioterapia – Eletrocardiograma INTRODUÇÃO O eletrocardiograma (ECG) é um exame não-invasivo, de baixo custo, que consiste na reprodução gráfica da atividade elétrica do coração durante o seu funcionamento, captada na superfície do corpo. Figura: ECG normal. Fonte: https://pt.my-ekg.com/truques-conselhos-ecg/ritmo-sinusal-diagnostico. html (acesso em 07/08/19). Dentre os objetivos principais do ECG, podemos mencionar: • Mensurar a frequência cardíaca (FC) e o ritmo dos batimentos cardíacos; • Detectar possíveis danos ao miocárdio; • Verificar alterações no sistema de condução; • Verificar os efeitos induzidos pelos medicamentos; • Avaliar o funcionamento do marcapasso; Esse exame, portanto, pode ser realizado em caráter eletivo, de urgência ou emergência. 2 Fisioterapia – Eletrocardiograma PRINCÍPIOS FISIOLÓGICOS O ECG detecta e registra as alterações de potencial elétrico das células cardíacas, os quais são gerados pela despolarização e repolarização destas. Em indivíduos saudáveis, este potencial se inicia no nodo sinusal (células auto-rítmicas), sendo conduzido por meio do sistema de condução. Figura: Sistema de condução cardíaca. Fonte: http://www.inf.ufsc.br/~j.barreto/Projetos/Luciana/aplicativo/ sistemaConducao.html (acesso em 07/08/19). DERIVAÇÕES DO ELETROCARDIOGRAMA No eletrocardiograma (ECG), as derivações são o registro da diferença de potencial elétrico entre dois pontos. Nas derivações bipolares são a diferença entre dois eletrodos, e nas derivações monpoloares a diferença entre um ponto virtual e um eletrodo. É importante saber que as derivações não devem ser analisadas separadamente, se não em todo o conjunto do eletrocardiograma, pois cada derivação é uma visão diferente da mesma estimulação elétrica. Para o registro das derivações, são colocados 4 eletrodos nos membros (um em cada membro) e 6 eletrodos no tórax do paciente. 3 http://www.inf.ufsc.br/~j.barreto/Projetos/Luciana/aplicativo/ Fisioterapia – Eletrocardiograma Figura: Posicionamento dos eletrodos no ECG. Fonte: https://www.imgrum.pw/tag/profhemeritoncarvalho (acesso em 07/08/19). Dependendo do plano elétrico do coração que registrem, temos as derivações periféricas (plano frontal) e as derivações precordiais (horizontal). DERIVAÇÕES PERIFÉRICAS Se denominam derivações periféricas as derivações do ECG obtidas a partir dos eletrodos colocados nos membros. A. Derivações bipolares DI = Localização dos eletrodos no MSE e MSD. É positivo o eletrodo do MSE e negativo o do MSD. Explora a superfície lateral e do coração. É uma deflexão positiva. DII = Localização dos eletrodos no MSD e MIE. É positivo o eletrodo do MIE e negativo o do MSD. Explora a superfície lateral esquerda. É uma deflexão positiva. DIII = Localização dos eletrodos no MSE e MIE, sendo positivo o do MIE e negativo o do MSE. Explora a mesma superfície das anteriores. É bipolar e positiva. http://www.imgrum.pw/tag/profhemeritoncarvalho B. Derivações unipolares aVR = Localização do eletrodo no MSD, sendo este positivo. Explora o átrio direito. A captação da atividade produz ondas negativas. 4 Fisioterapia – Eletrocardiograma aVF = Localização do eletrodo no MIE, sendo o eletrodo positivo. Explora a superfície lateral esquerda, mas também a parede inferior. Produz deflexões (ndas) positivas. aVL = Localização do eletrodo no MSE. O eletrodo deste membro é positivo. Explora a superfície lateral esquerda e produz deflexões positivas. C. Derivações pré-cordiais V1 = Por ser uma derivação pré-cordial, o eletrodo é posicionado no 4º espaço intercostal à direita, próxima ao rebordo esternal (paraesternal). O eletrodo é positivo e explora o ventrículo direito, ou melhor, lado direito do coração. Há ondas positivas juntamente com negativas. A predominância das ondas é negativa. V2 = O eletrodo é posicionado no 4º espaço intercostal à esquerda, próxima ao rebordo esternal. O eletrodo é positivo e explora o ventrículo direito, ou melhor, lado direito do coração. Há ondas positivas juntamente com negativas. A predominância das ondas é negativa. V3 = Localizada entre V2 e V4. O eletrodo é positivo. Explora: septo interventricular e parede anterior do ventrículo esquerdo Bifásica, V3 é mais negativo do que o V4 (que é mais positivo). V4 = Localizada no 5° espaço intercostal no hemitórax esquerdo e na linha hemiclavicular, ou na linha do mamilo esquerdo. O eletrodo é positivo. Explora: septo interventricular e parede anterior do ventrículo esquerdo Bifásica, V3 é mais negativo do que o V4 (que é mais positivo). V5 = Localiza no 5º espaço intercostal na linha axilar esquerda anterior. O eletrodo é positivo e explora o ventrículo esquerdo nas paredes anteriores e laterais. Ondas positivas. V6 = Localizado na linha axilar média, no 5º espaço intercostal esquerda. O eletrodo é positivo e explora o ventrículo esquerdo nas paredes anteriores e laterais. Ondas positivas. Fisioterapia – Eletrocardiograma Figura: Derivações ECG. Fonte: https://pt.my-ekg.com/generalidades-ecg/correlacao-paredes-derivacoes. html (acessado em 07/08/19). ELETROCARDIOGRAMA NORMAL Onda P: Corresponde à despolarização atrial, sendo a sua primeira componente relativa à aurícula direita e a segunda relativa à aurícula esquerda, a sobreposição das suas componentes gera a morfologia tipicamente arredondada (exceção de V1), e sua amplitude máxima é de 0,25 mV. Tamanho normal: Altura: 2,5 mm, comprimento: 3,0 mm, sendo avaliada em DII. A Hipertrofia atrial causa um aumento na altura e/ou duração da Onda P. Complexo QRS: Corresponde a despolarização ventricular.É maior que a onda P pois a massa muscular dos ventrículos é maior que a dos átrios, os sinais gerados pela despolarização ventricular são mais fortes do que os sinais gerados pela repolarização atrial. Anormalidades no sistema de condução geram complexos QRS alargados. Onda T: Corresponde a repolarização ventricular. Normalmente é perpendicular e arredondada. A inversão da onda T indica processo isquêmico. Onda U: A onda U, nem sempre registrada no ECG, corresponde a repolarização dos Músculos Papilares. Onda T atrial: A onda T atrial geralmente não aparece no ECG, pois é “camuflada” pela Repolarização Ventricular. Ela corresponde à Repolarização Atrial, e quando aparece possui polaridade inversa à onda T - Repolarização Ventricular. 6 Fisioterapia – Eletrocardiograma Intervalo PR: É o intervalo entre o início da onda P e início do complexo QRS. É um indicativo da velocidade de condução entre os átrios e os ventrículos e corresponde ao tempo de condução do impulso elétrico desde o nodo atrioventricular até aos ventrículos. O espaço entre a onda P e o complexo QRS é provocado pelo retardo do impulso elétrico no tecido fibroso que está localizado entre átrios e ventrículos, a passagem por esse tecido impede que o impulso seja captado devidamente, pois o tecido fibroso não é um bom condutor de eletricidade. Período PP: O Intervalo PP, ou Ciclo PP. É o intervalo entre o início de duas ondas P. Corresponde a frequência de despolarização atrial, ou simplesmente frequência atrial. Período RR: O Intervalo RR ou Ciclo RR. É o intervalo entre duas ondas R. Corresponde a frequência de despolarização ventricular, ou simplesmente frequência ventricular. Figura: Ondas e períodos do ECG. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Eletrocardiograma (acesso em 07/08/19). ALTERAÇÕES DO ECG • Bradicardia sinusal Ocorre quando a FC < 50 bpm. No ECG, é evidente pelo intervalo PR constante e entre 0,12 e 0,20s. Essa alteração não necessariamente é maléfica, uma vez que pode ser comumente encontrada em atletas de alto rendimento. 7 Fisioterapia – Eletrocardiograma Figura: Bradicardia sinusal. Fonte: https://pt.my-ekg.com/como-ler-ecg/ritmo-cardiaco.html (acesso em 08/08/19). • Taquicardia sinusal A taquicardia sinusal refere-se ao aumento da FC para valores maiores que 100 bpm no ECG. Apesar de acelerado, o ritmo é regular, podendo ser detectado pelo intervalo QT encurtado. Figura: Taquicardia sinusal Fonte: https://pt.my-ekg.com/como-ler-ecg/ritmo-cardiaco.html (acesso em 08/08/19). • Fibrilação atrial Trata-se de uma arritmia supraventricular, que cursa de forma sustentada e é mais frequente. A FC gira em torno de 140 a 160 bpm. Nessa condição, ocorre despolarizações atriais desorganizadas e com consequente ausência de contração atrial efetiva. No ECG, verifica-se QRS irregulares e ausência de ondas P, bem como presença de ondas F (pequenas ondas irregulares que substituem a onda P). 8 Fisioterapia – Eletrocardiograma Figura: Fibrilação atrial. Fonte: https://pt.my-ekg.com/como-ler-ecg/ritmo-cardiaco.html (acesso em 08/08/19). • Flutter atrial É um acometimento mais raro. Ao contrário da fibrilação atrial, a atividade elétrica atrial é coordenada, de modo que os átrios se contraem, mas em uma frequência muito rápida (podendo chegar a 250 – 350 vezes por minuto). Dessa forma, ocorre um impedimento de que cada impulso seja conduzido através do nódulo atrioventricular para os ventrículos. • Taquicardia ventricular Configura-se como um excesso de sístoles ventriculares. Quando a duração desse evento for > 30s, é classificada como taquicardia ventricular sustentada. • Extrassístole ventricular As extrassístoles ventriculares (ESV), também conhecidas como batimentos ventriculares prematuros, são estímulos ectópicos que se originam distalmente ao sistema de His-Purkinje. As extrassístoles ventriculares são a arritmia cardíaca mais frequente nos pacientes sem cardiopatia estrutural, e se caracterizam pela aparição de um complexo QRS largo com morfologia aberrante. O complexo QRS largo é acompanhado por alterações secundárias no segmento ST e na onda T, e de uma pausa pós extrassistólica. 9 Fisioterapia – Eletrocardiograma Figura: Extrassístole ventricular Fonte: https://pt.my-ekg.com/como-ler-ecg/ritmo-cardiaco.html (acesso em 08/08/19). • Bloqueios intraventriculares Consistem em alterações na condução cardíaca. Os bloqueios podem ser causados por alterações estruturais do sistema de condução His-Purkinje ou do miocárdio ventricular (necrose, fibrose, calcificação, lesões infiltrativas ou pela insuficiência vascular), ou funcionais, devido ao período refratário relativo de parte do sistema de condução, gerando a aberrância da condução intraventricular. • Síndrome de Wolf-Parkinson-White É uma síndrome congênita que resulta da presença de vias elétricas adicionais no sistema de condução elétrica do coração. O tipo de arritmia cardíaca mais comum causado pela SWPW é a taquicardia paroxística supraventricular. No ECG, haverá um intervalo PR curto, um QRS alargado com um espaçamento em sua porção inicial (onda delta). REFERÊNCIAS 1. Wang K, Hodges M. The premature ventricular complex as a diagnostic aid. Ann Intern Med. 1992;117(9):766-70. 2. Surawicz B, Knilans TK. Chou’s electrocardiography in clinical practice, 6th ed. Philadelphia: Elservier; 2008. 10 Fisioterapia – Eletrocardiograma 3. Noheria A, Deshmukh A, Asirvatham SJ. Ablating Premature Ventricular Complexes: Justification, Techniques, and Outcomes. Methodist DeBakey Cardiovascular Journal: 2015; 11(2): 109-120. 4. Cantillon DJ. Evaluation and management of premature ventricular complexes. CCJM 2013 6;80(6):377-387. 5. Oksuz F, Sensoy B. The classical “R-on-T” phenomenon. Indian Heart Journal. 2015; 67 (4): 289-412. 6. Al-Khatib SM, Stevenson WG, Ackerman MJ, et al. 2017 AHA/ACC/HRS Guideline for Management of Patients With Ventricular Arrhythmias and the Prevention of Sudden Cardiac Death. Heart Rhythm. 2017. 7. Priori SG, Blomström-Lundqvist C, Mazzanti A. 2015 ESC Guidelines for the management of patients with ventricular arrhythmias and the prevention of sudden cardiac. deathhttp://dx.doi.org/10.1093/eurheartj/ehv316. 11 http://dx.doi.org/10.1093/eurheartj/ehv316 http://dx.doi.org/10.1093/eurheartj/ehv316 Fisioterapia – Fases da Reabilitação Cardiovascular INTRODUÇÃO Deacordocoma Organização Mundialda Saúde(OMS), areabilitaçãocardiovascular é: “o conjunto de atividades necessárias para assegurar às pessoas com doenças cardiovasculares condição física, mental e social ótima, que lhes permita ocupar pelos seus próprios meios um lugar tão normal quanto seja possível na sociedade”. A evidência tem demonstrado que tanto o exercício formal quanto o incremento informal nos níveis de atividade física se associam a uma acentuada redução da mortalidade em indivíduos com e sem doença coronária. Os pacientes elegíveis para reabilitação cardiovascular em um contexto de prevenção secundária são aqueles que apresentaram pelo menos um dos seguintes quadros cardiovasculares no último ano: Infarto agudo do miocárdio (IAM), Síndrome coronariana aguda (SCA), cirurgia de revascularização miocárdica, angioplastia coronária, angina estável, reparação ou troca valvular, transplante cardíaco ou cardiopulmonar, insuficiência cardíaca crônica, doença vascular periférica, doença coronária assintomática, e pacientes com alto risco de doença cardiovascular. Figura 1. Google Imagens 2 Fisioterapia – Fases da Reabilitação Cardiovascular OBJETIVOS DA REABILITAÇÃOCARDIOVASCULAR Os pilares da reabilitação cardiovascular são: Promover mudanças no estilo de vida com ênfase na atividade física programada, adoção de hábitos alimentares saudáveis, remoção do tabagismo e do uso de drogas em geral, além de estratégias para modular o estresse. Desse modo, um programa de reabilitação cardiopulmonar deve ter como principais objetivos: Auxiliar àqueles pacientes com doenças cardiovasculares conhecidas ou em alto risco de as desenvolverem; Reabilitar o paciente de forma integral, oferecendo suporte nos aspectos físico, psíquico, social, vocacional e espiritual; Educar os pacientes para que possam criar e aderir permanentemente à manutenção de hábitos saudáveis, com mudanças de estilo de vida associadas ou não ao tratamento farmacológico e/ ou cirúrgico;Reduzir a incapacidade e promover uma mudança no estilo de vida por meio de atitudes pró-ativas do paciente na sua saúde; Melhorar a qualidade de vida; Prevenir eventos cardiovasculares desfavoráveis; Adequado controle dos fatores de risco em geral. É essencial para o sucesso do programa de reabilitação cardiovascular que as intervenções sejam realizadas de comum acordo com o provedor de saúde, fisioterapeuta, cardiologista a fim de otimizar e supervisionar as intervenções a longo prazo. FASES DA REABILITAÇÃO CARDIOVASCULAR Numerosas investigações têm demonstrado a importância da atividade física precoce e progressiva dentro de um programa de reabilitação cardiovascular, depois de um infarto agudo do miocárdio ou procedimento de revascularização miocárdica. AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE A avaliação inicial do paciente, ao ingressar em um programa de reabilitação, deve incluir uma coleta de dados mediante uma exaustiva e minuciosa história clínica, que deve conter antecedentes do paciente que incluam cirurgias e comorbidades, tais como: doenças cardiovasculares, renais, pulmonares, musculoesqueléticas, depressão e outras. Caráter primordial na valoração inicial é a identificação de fatores de risco cardiovasculares: tabagismo, hábitos alimentares, pressão arterial, dislipidemia, obesidade, sedentarismo e estresse. Além das informações sobre uso de medicamentos, é importante conhecer a situação econômica, educativa e social 3 Fisioterapia – Fases da Reabilitação Cardiovascular do paciente. O exame físico incluirá uma avaliação do sistema cardiovascular completo: pressão arterial (PA), frequência cardíaca, ruídos e sopros cardíacos, palpação de pulsos periféricos, mudanças da coloração da pele, além de descartar alterações musculoesqueléticas que impeçam seu ingresso ao programa ou gerem restrições à execução de alguns exercícios. Exame do sistema respiratório avaliará frequência respiratória, presença ou não de ruídos anormais, característicos de patologias pulmonares. PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIO A prescrição do exercício sempre deve ser considerada individualmente de acordo com cada etapa e levando em conta as limitações individuais ou comorbidades (ortopédicas, neurológicas, respiratórias, nefrológicas, entre outras). Fase 1 Durante a Fase 1, ou seja, nos hospitais, temos a oportunidade de ver o paciente em um momento muito receptivo. Na maioria dos casos, as pessoas estão muito vulneráveis e contemplativas a novas propostas para a mudança do estilo de vida. Além dos exercícios, que se realizam sempre em baixa intensidade com o objetivo da movimentação precoce, também temos a oportunidade de trabalhar na educação, repassar informação sobre a doença e sobre a importância de controlar os fatores de risco. Os exercícios podem ser iniciados imediatamente depois da estabilização da doença: Nos casos de síndromes coronarianas agudas, depois das primeiras 24 a 48 horas, com ausência de sintomas; Nos casos de insuficiência cardíaca, depois da melhoria da dispneia, exercícios suaves de movimentação e alongamentos também podem ser iniciados tão logo o paciente possa deambular; Nos casos de cirurgias cardíacas, especialmente nos dias anteriores à intervenção, um programa de exercícios de respiração, alongamentos e movimentação progressiva, seguido da terapia física depois da cirurgia, proporciona uma redução significativa das complicações respiratórias, arritmias e a duração da permanência hospitalar depois do procedimento cirúrgico. Embora seja difícil generalizar a recomendação, no momento de começar os exercícios no hospital, pode-se avaliar o paciente e determinar os melhores exercícios a serem realizados naquele momento, desde exercícios passivos a ativos e caminhadas de intensidade leve, que serão progredidos individualmente até a alta hospitalar. 4 Fisioterapia – Fases da Reabilitação Cardiovascular Fase 2 Nesta etapa, o paciente necessita de vigilância e atendimento de forma individualizada, já que está na fase de convalescença e, com frequência, sem nenhum contato prévio com as atividades físicas formais. A prescrição de exercício deve incluir o tipo, intensidade, duração e frequência. A duração da Fase 2 é variável, dependendo de cada paciente, mas em média dura de três meses, com três a cinco sessões semanais. Os exercícios devem ser iniciados com baixa intensidade e baixo impacto nas primeiras semanas, para adaptação inicial e prevenção de lesões musculoesqueléticas. Exercício aeróbico: a intensidade do exercício aeróbico deve se ajustar ao quadro clínico, estratificação de risco e objetivos do paciente. Idealmente, deve-se realizar um teste de esforço (teste ergométrico ou teste cardiopulmonar) para avaliar a resposta eletrocardiográfica, capacidade física, resposta cronotrópica e pressórica ao esforço para permitir melhor individualização da intensidade da prescrição dos exercícios físicos. A intensidade dos exercícios aeróbicos, os quais são orientados para a obtenção de maiores benefícios para o sistema cardiovascular e para o metabolismo, tem sido objeto de investigações. Os exercícios mais intensos são mais eficazes na melhoria de resistência à insulina, redução da PA e para promover uma maior redução de peso em comparação com os moderados. Se o teste cardiopulmonar estiver disponível, a frequência de treinamento pode ser aquela frequência cardíaca observada neste exame, até que tenha sido atingido o limiar anaeróbico. Em caso de teste ergométrico sem análise dos gases expirados, utiliza-se 60-80% da frequência cardíaca máxima alcançada ou entre 50 a 70% da FC de reserva. Nas primeiras sessões, sugere-se executar os exercícios no limite inferior da prescrição para que ocorra posterior progressão nas sessões seguintes, de acordo com a resposta e evolução individual. Os exercícios também são realizados abaixo do limiar isquêmico, ou seja, abaixo da FC e carga que levem a indução de sinais clínicos e/ou eletrocardiográficos de isquemia miocárdica quando no esforço. A duração deve ser de no mínimo 30 minutos, podendo progredir até uma hora de exercício contínuo ou intermitente. Exercício de resistência: exercícios de fortalecimento muscular devem ser iniciados gradativamente com cargas leves e progredidos ao longo das sessões. Nesta fase, os objetivos são familiarizar-se com os exercícios, executando com a postura correta e a progressão gradual das cargas. Podem ser realizados de duas a três vezes por semana, com repetições de 6 a 15 por grupo muscular, a intervalos de 30 segundos a um minuto. Exercícios de flexibilidade: Também conhecido como alongamentos. Devem ser realizados de maneira progressiva e sem desconfortos, sempre respeitando as 5 Fisioterapia – Fases da Reabilitação Cardiovascular limitações musculoesqueléticas. Podem ser realizados no começo e, principalmente, no final das sessões de reabilitação. Fase 3 e 4 A fase 3 deve ter uma duração de três a cinco sessões semanais, por um período de três a seis meses (podendo se estender em alguns casos) e a fase 4 possuitérmino indefinido e sua periodicidade dependerá do estado clínico, da patologia e da evolução de cada paciente. A diferença entre ambas está, principalmente, no fato de que a Fase 4 se consegue com controle a distância, também conhecida como reabilitação sem supervisão. Em essência, a prescrição destas duas fases é muito similar porque os exercícios prescritos são parte da vida cotidiana. A prescrição deve ser atualizada periodicamente para adaptar-se ao perfil e comorbidades de cada paciente. Sugere-se, para iniciar a terceira fase, uma reavaliação, que se pode ser repetida a cada 6 a 12 meses. Exercício aeróbico: Em pacientes assintomáticos, a FC de treinamento deve estar entre 70% a 90% da FC máxima alcançada no teste ergométrico, entre 50% a 80% da FC de reserva ou entre o primeiro e o segundo limiar obtido no TCP. Exercícios de resistência: De 2 a 3 séries de 8 a 15 repetições, com cargas progressivas, suficientes para causar fadiga nas últimas três repetições, porém, sem falha do movimento, realizados três vezes por semana. Alternativamente pode-se utilizar o método Pilates, com práticas de resistência combinadas com flexibilidade e respiração. Além destes na fase 3 e 4 também pode ser realizado os Exercícios de equilíbrio: de caráter fundamental e se recomenda realizá-los de duas a três vezes por semana, principalmente na população de idade avançada, com o objetivo de manter a autossuficiência nesse grupo etário e ajudar a prevenir fraturas em consequência de quedas. ESCALA DE BORG MODIFICADA (PERCEPÇÃO DO ESFORÇO) Importante destacar que, durante e após a realização dos exercícios os indivíduos devem relatar o seu nível de esforço percebido por meio da escala de BORG. Pois por meio desta, torna-se possível avaliar o paciente em relação ao seu nível de 6 Fisioterapia – Fases da Reabilitação Cardiovascular condicionamento físico e cardiorrespiratório, e se necessário adaptar o seu treino de acordo com suas demandas. Nesta os valores < 3 referem-se ao cansaço leve = 40-60% do máximo, os valores de 3 a 4 são moderados/levemente forte = 60- 75% do máximo, e os valores > 5 refere-se ao cansaço forte intenso = 75 a 90% do máximo. Figura 2. Escala de BORG modificada BENEFÍCIOS DA REABILITAÇÃO Dentre os inúmeros benefícios da reabilitação cardiovascular estão: Aumento da capacidade funcional, aumento do volume de oxigênio máximo (VO2 máx), menor FC e PA durante atividades com mesma carga de trabalho e consequentemente, melhor qualidade de vida. 7 Fase I - (Período hospitalar até a alta): Exercícios respiratórios, alongamentos, cinesioterapia passiva e ou ativa e caminhadas de leve intensidade. Fase II - (Pós alta hospitalar, Nível Ambulatorial): Exercícios aeróbicos e resistidos, de intensidade progressiva e exercícios de flexibilidade. Fase III e IV - (Fases de Manutenção): Envolvem exercícios aeróbicos, resistidos e de equilíbrio. Fisioterapia – Fases da Reabilitação Cardiovascular ESQUEMA FASES DA REABILITAÇÃO CARDIOPULMONAR REFERÊNCIA Arquivos Brasileiros de Cardiologia. Disponível em: <http://publicacoes.cardiol. br/2014/diretrizes/2014/Diretriz_de_Consenso%20SulAmericano.pdf>. Acessado em 1 de setembro de 2019. 8 http://publicacoes.cardiol/ http://publicacoes.cardiol/
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