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CD-1.09 MANUAL DO RECENSEADOR Ministério da Economia Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE Censo Demográfico 2022 MANUAL DO RECENSEADOR CD-1.09 Rio de Janeiro 2022 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE Av. Franklin Roosevelt, 166 - Centro - 20021-120 - Rio de Janeiro, RJ - Brasil © IBGE. 2022 Imagens produzidas antes da pandemia de COVID-19. Sumário UNIDADE I: Aprendendo os Conceitos Fundamentais para o Censo Demográfico ........ 5 1. CONHECENDO O IBGE ........................................................................................................ 7 2. O CENSO DEMOGRÁFICO 2022 .......................................................................................... 9 3. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL ...................................................................................... 11 4. ÉTICA E INTEGRIDADE ...................................................................................................... 12 4.1. Ética profissional ................................................................................................................13 4.2. Integridade ..........................................................................................................................14 5. O RECENSEADOR ............................................................................................................... 19 6. POSTO DE COLETA E EQUIPE ............................................................................................ 20 6.1. Quem é o Agente Censitário Supervisor (ACS)? .............................................................20 6.2. Quem é o Agente Censitário Municipal (ACM)? ..............................................................21 7. SETOR CENSITÁRIO E ENDEREÇO .................................................................................... 22 7.1. Classificação dos setores censitários ...............................................................................24 7.2. Áreas de Interesse Operacional (AIOs) ............................................................................27 7.3 Identificando a área de coleta ...........................................................................................28 7.4. Mapa do setor censitário ..................................................................................................28 7.5. Logradouro, Quadra e Face ..............................................................................................37 8. ENDEREÇO: CONCEITO E COMPONENTES ..................................................................... 42 8.1. Localidade ...........................................................................................................................42 8.2. Logradouro .........................................................................................................................45 8.3. CEP .......................................................................................................................................47 8.4. Número e modificador ......................................................................................................48 8.5. Complemento: elemento e valor .....................................................................................52 8.6. Ponto de Referência ...........................................................................................................56 8.7. Existência de Identificação ................................................................................................57 8.8. Coordenadas Geográficas .................................................................................................59 9. MORADOR ......................................................................................................................... 61 9.1. Quem deve ser recenseado? ............................................................................................62 9.2. Pessoas que ocupam duas ou mais residências ............................................................62 10. ESPÉCIE DA UNIDADE VISITADA ................................................................................... 63 11. DOMICÍLIO ...................................................................................................................... 64 11.1. Critérios de Separação e Independência ......................................................................65 11.2. Classificação dos Domicílios ...........................................................................................67 12. ESTABELECIMENTO ......................................................................................................... 91 12.1. Estabelecimento Agropecuário – EAGRO ......................................................................92 12.2. Estabelecimento de Ensino – EENSINO .........................................................................95 12.3. Estabelecimento de Saúde – ESAUDE ............................................................................96 12.4. Estabelecimento Religioso – ERELIG ..............................................................................97 12.5. Estabelecimento de Outras Finalidades – EOF .............................................................98 12.6. Dados do estabelecimento - Nome ...............................................................................98 12.7. Dados do estabelecimento – Indicador do Endereço ................................................100 13. EDIFICAÇÃO EM CONSTRUÇÃO OU EM REFORMA - ECR ........................................... 102 13.1. Uso Planejado da Edificação .........................................................................................102 13.2. Indicador de Construção ou de Reforma ....................................................................103 13.3. Endereço com mais de uma espécie ...........................................................................103 14. PENDENTE DE ESPÉCIE DA UNIDADE VISITADA – PEUV ............................................. 105 UNIDADE II: Executando a Coleta de Dados .................................................................... 107 15. RECONHECIMENTO, ACESSO, PERCURSO E COBERTURA DO SETOR ........................ 109 15.1. Acesso ao Setor Censitário ...........................................................................................111 15.2. Percurso e Cobertura do Setor ....................................................................................113 16. A CONDUTA DO RECENSEADOR .................................................................................. 144 16.1. Atitudes, deveres e responsabilidades ........................................................................144 16.2. A preservação do sigilo estatístico ...............................................................................145 16.3. Antes de ir a campo .......................................................................................................149 16.4 Cuidados com o Dispositivo Móvel de Coleta – DMC .................................................150 16.5. Procedimentos em campo ............................................................................................151 16.6. Conduzindo a Entrevista ...............................................................................................153 16.7. Resistência à abordagem ..............................................................................................153 GLOSSÁRIO .......................................................................................................................... 160 ANEXO 1 - Procedimentos no DMC .................................................................................. 162 ANEXO 2 - Povos e Comunidades Tradicionais ............................................................... 186 5 CD-1.09 Manual do RecenseadoR UNIDADE I: Aprendendo os Conceitos Fundamentais para o Censo Demográfico 7 CD-1.09 Manualdo RecenseadoR 1. CONHECENDO O IBGE Por mais de 80 anos, o IBGE vem contribuindo para o Brasil com as suas pesquisas e mapeamentos. É um instituto de significado ímpar, dada a importância da sua atuação e dos reflexos que oferece para a sociedade, especialmente para o fortalecimento de políticas públicas. Esperamos que você queira saber mais e sinta-se motivado a colaborar com essa apaixonante instituição. Saiba mais Se tiver interesse em ampliar seu conhecimento sobre a história do IBGE, visite o portal do Núcleo Virtual da Rede de Memória do IBGE. Disponível no link: https://memoria.ibge.gov.br/ Em seus fundamentos, o IBGE é o órgão coordenador e produtor de informações estatísticas e geográficas do país. Para que suas atividades possam cobrir todo o território nacional, a instituição conta com uma rede nacional de pesquisa e disseminação, composta por: � 27 Unidades Estaduais (26 nas capitais dos estados e 1 no Distrito Federal); � 570 Agências de Coleta de Dados nos principais municípios. Atenção A missão do IBGE é “retratar o Brasil com informações necessárias ao conhecimento de sua realidade e ao exercício da cidadania”. 8 CD-1.09 Manual do RecenseadoR O IBGE oferece um panorama objetivo e atual do país, com a produção e a disseminação de informações de natureza estatística, geográfica e ambiental. Essa missão se concretiza quando o IBGE: � identifica, mapeia e analisa o território; � realiza a contagem da população; � informa como a população vive; � apresenta a evolução da economia a partir de estatísticas do trabalho e da produção. Tais informações, relevantes e confiáveis, são essenciais para a consolidação de uma sociedade democrática e para o planejamento de políticas públicas. 9 CD-1.09 Manual do RecenseadoR 2. O CENSO DEMOGRÁFICO 2022 O Censo é a principal fonte de dados sobre a situação de vida da população nos municípios e localidades. Estes dados podem ser utilizados para a definição de políticas públicas em nível nacional, estadual e municipal. E também como auxílio para a tomada de decisões na área de investimentos, do setor privado. Em 2022, o IBGE realizará o XIII Censo Demográfico, que será um “retrato de corpo inteiro” do País com o levantamento do perfil da população e das características de seus domicílios. Ou seja, ele nos dirá como somos, quantos somos e como vivemos. No Censo 2022, o IBGE visitará cerca de 70 milhões de domicílios brasileiros, espalhados pelos mais de 8,5 milhões de km² do nosso vasto território, para conhecer a situação de vida da população em cada um dos 5.568 municípios. Um trabalho gigantesco que envolve milhares de pessoas! Para chegar a um consenso sobre quais questões serão investigadas no Censo Demográfico 2022, o IBGE promove consultas e debates amplos: com a sociedade brasileira, a comunidade acadêmica e órgãos técnico-governamentais. A partir daí, com a conclusão do Censo, o Brasil vai dispor de informações necessárias para conhecer as características das pessoas – onde residem, por exemplo –, a fim de planejar políticas e investimentos públicos. O conjunto de dados coletados trará resultados relacionados a questões fundamentais, como: � o total da população do País por sexo e faixa etária e como está distribuída no Território Nacional; � a expectativa de vida da população do País; � a estimativa de brasileiros que vivem fora do País; � o número médio de filhos que uma mulher teria ao final do seu período fértil; � o tipo de habitação em que vive a população do País; � a proporção da população que tem acesso ao saneamento básico; � o nível de instrução da população; � as condições de trabalho e o rendimento da população; e � distribuição por pertencimento étnico-racial da população brasileira, incluindo povos indígenas e população quilombola. O Censo Demográfico, assim como qualquer censo, tem como uma das etapas primordiais a coleta de dados. A partir de entrevistas com moradores, o IBGE registra informações sobre os seus modos de vida. Os dados coletados são relativos ao estado de coisas em uma data específica, isto é, a um retrato da situação naquele momento. 10 CD-1.09 Manual do RecenseadoR É preciso adotar uma data específica como referência para evitar divergências entre quantitativos e características da população, que se alteram com o tempo: entre o início e o fim do período da coleta. Atenção É importante que você não se esqueça da data de referência para o Censo Demográfico 2022 que é meia-noite do dia 31 de maio para 1 de junho de 2022. Isto significa que os Recenseadores deverão considerar a realidade desse instante do tempo como referência para a coleta de dados. 11 CD-1.09 Manual do RecenseadoR 3. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL O Censo Demográfico 2022 constitui uma grande operação estatística, mobilizando milhares de pessoas desde a fase de planejamento até a divulgação dos resultados. Para atingir os objetivos da operação, a estrutura organizacional do Censo Demográfico 2022 tem como ponto de partida a estrutura que o IBGE já mantém em cada estado: a estrutura da “Unidade Estadual”. A Unidade Estadual representa o Instituto em seu respectivo território. O esquema a seguir apresenta, para cada estado, os tipos de agentes que atuam na operação, bem como os locais a que se vinculam: Estrutura censitária simplificada – Censo Demográfico 2022. 12 CD-1.09 Manual do RecenseadoR 4. ÉTICA E INTEGRIDADE “Não começamos éticos, a ética não é ponto de partida, mas ponto de chegada. Por não começarmos éticos, vivemos crises, dificuldades e impasses. É preciso que, enquanto coletividade, lutemos para minimizá-los, pondo nossos ideais em prática”1. É lugar-comum ouvirmos frases como: a ética é muito importante ou precisamos ser mais éticos. Mas o que é exatamente “ética”? Todos os dias somos envolvidos em situações que nos exigem tomar decisões: devolver o troco extra ou não; denunciar uma infração ou fazer “vista grossa”; usar canudos plásticos ou não; namorar esta ou aquela pessoa. Elas surgem quando estamos a caminho do trabalho, no mercado, no transporte público, na convivência familiar, nas redes sociais... As ações que praticamos em nossas vidas têm consequências: boas ou más – não é verdade? Dependendo da forma com que lidamos com cada situação, obtemos, no final das contas, resultados positivos ou negativos. Segundo o filósofo Paul Ricoeur, a ética tem como busca original: “A vida boa, com o outro e para o outro, dentro de instituições justas”2 Pensar sobre nossas ações é uma tarefa cotidiana. Ela envolve refletir sobre o que pode ser melhor para o outro e para o coletivo, por vezes acima de interesses individuais. Pensar dessa maneira constitui uma regra de pensamento e um agir ético, em busca de uma sociedade mais justa. A reflexão ética propõe que bons princípios podem nos ajudar a prever melhor as nossas ações. Eles nos deixariam sempre preparados para lidar com situações adversas que extrapolam “receitas de bolo” ou orientações de um manual. Por exemplo, no seu dia a dia de trabalho, você poderá se deparar com situações difíceis no trato com as pessoas. Principalmente em temas tão sensíveis como os que são tratados no Censo. Tanto na interação com a equipe de trabalho, quanto na interação com os informantes. Durante toda a entrevista, por exemplo, o juízo particular do recenseador não deve prevalecer sobre os princípios de aplicação do questionário, estabelecidos em diversas instâncias de especialistas, em prol da confiança dos dados coletados, utilizados por políticas públicas. 1 Adaptação de excerto de MARCONDES, Danilo. Crise da Ética e Sociedade Brasileira. Estadao. com.br. São Paulo, 03 de maio de 2017. Disponível em: < https://politica.estadao.com.br/blogs/ fausto-macedo/crise-da-etica-esociedade-brasileira/ >. Acesso em: 30/07/2019. 2 RICOEUR, Paul. Soi-même comme un autre. Paris: Seuil, 1990 apud. PEREIRA, Luís. Paul Ricoeur, o Caminho da SabedoriaPrática. Diacrítica, Braga, v. 26, n. 2, p. 470-489, 2012. Disponível em <http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0807-89672012000200027&lng=pt& nrm=iso>. Acesso em: 30 de julho de 2019. 13 CD-1.09 Manual do RecenseadoR No IBGE, cada agente que o compõe tem a oportunidade de contribuir para um serviço de grandes proporções em favor do interesse social. Para desempenhar uma boa contribuição por meio de seu agir, os agentes públicos têm à disposição um outro princípio essencial além da ética: a integridade. Esse princípio rege relações e procedimentos dentro de um órgão público para preservá-lo especificamente da corrupção. 4.1. Ética profissional O IBGE oferece a seus agentes públicos um código de ética profissional, para orientá-los a agir eticamente em seu dia a dia. O agente ibgeano deve: � Zelar pela qualidade dos processos de produção das informações oficiais, adotando critérios de boas práticas tanto nas atividades finalísticas quanto nas atividades de apoio. � agir com dignidade, decoro, zelo, eficácia, eficiência e consciência dos princípios morais, seja no exercício do cargo ou função, seja fora de seu âmbito. Por exemplo, constitui falta de zelo com a Instituição causar dano a qualquer bem pertencente ao patrimônio público, deteriorando-o, por descuido ou má vontade. Entende-se por agente público: Todo aquele que por força de lei, contrato ou qualquer ato jurídico preste serviços de natureza permanente, temporária, excepcional ou eventual, ainda que sem retribuição financeira, a órgão ou entidade da Administração Pública Federal direta e indireta. (art. 19, parágrafo único, da Resolução R.PR nº 06/2013, que institui e aprova o Regimento Interno da Comissão de Ética do IBGE). O agente público deve trabalhar em harmonia com a estrutura organizacional, respeitando seus colegas e cada concidadão, colaborando para o cumprimento das atividades da Instituição. A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedicados contribuem para a boa prática profissional. Tratar mal uma pessoa significa causar-lhe dano moral. Atenção Ter ética profissional é ponderar sobre as ações realizadas no exercício de uma profissão. Esta reflexão deve anteceder a prática profissional, ou seja, ela deve orientar o que devemos fazer e como devemos fazer. O Censo, como qualquer operação, para ser bem executado, não depende apenas das boas orientações que o Instituto fornece a seus colaboradores; mas também do empenho e da conduta que estes demonstram e “transferem” para o seu trabalho. A forma como você se relaciona com as pessoas nas diversas circunstâncias de trabalho da operação exercerá grande influência na qualidade dos resultados obtidos. Um tratamento profissional, seguro, respeitoso – enfim, ético – com sua equipe de trabalho e com os cidadãos, que fornecerão as informações, é muito importante. O Código de Ética Profissional do IBGE funciona como um documento de referência para todos os agentes públicos a serviço da instituição. A partir de sua leitura e análise, será possível uma melhor reflexão sobre a conduta a ser adotada em cada situação. 14 CD-1.09 Manual do RecenseadoR 4.2. Integridade A busca pela promoção de uma cultura ética e íntegra nas organizações públicas e privadas tem sido uma preocupação, não só no Brasil, como no mundo... Mas o que é integridade? A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) esclarece que a integridade pública tem por objetivo “proteger o interesse público sobre interesses privados e dar-lhe prioridade sobre estes no âmbito do setor público”, por meio da “conformidade e adesão coerente a valores éticos, princípios e normas comuns”3. De maneira complementar, o Ministério da Economia caracteriza a integridade como o princípio da governança pública que previne e remedia práticas de corrupção nas instituições públicas. Isto é, fraudes, irregularidades e desvios éticos e de conduta – das quais são exemplos a manipulação de dados/informações e o extravio de recursos materiais4. As quebras de integridade afetam o governo, as empresas, e as pessoas5. De que maneira? Os governos: � minando a democracia e o Estado de Direito; � prejudicando o desenvolvimento em geral; � provocando a desmoralização e a perda de confiança no governo e nas instituições públicas; e � aumentando os custos e reduzindo a qualidade dos serviços públicos. As empresas: � distorcendo o mercado e desestimulando os investimentos; � aumentando os custos das empresas; � reduzindo a produtividade; e � empurrando empresas para a informalidade. As pessoas: � piorando a qualidade de vida e perpetuando a pobreza; � arruinando carreiras e reputações; � negando acesso a serviços básicos; e � gerando sentimento de desilusão. Como agentes públicos, é fundamental que saibamos como as ações gerenciais de controle norteiam as nossas atividades. Ações que primam pela ética, integridade pública e transparência. 3 OCDE – Organisation de coopération et de développement économiques. Recommandation Integrité Publique. Disponível em:<http://www.oecd.org/gov/ethics/Recommandation-integrite-publique. pdf>. Acesso em: 27 de janeiro de 2020. Tradução livre. 4 Cf. Portaria Nº 239, de 23 de maio de 2019. 5 Cf. Escola Superior do Tribunal de Contas da União. Fundamentos da Integridade Pública: Prevenindo a corrupção, 2020. Disponível em: https://contas.tcu.gov.br/ead/course/search. php?search=2020%2FPIAPUW01. Acesso em: jul./2020. 15 CD-1.09 Manual do RecenseadoR O IBGE, conhecedor do papel relevante que exerce para a sociedade, vem elaborando uma série de medidas para o fortalecimento da integridade institucional, visando ao alcance de seus objetivos e de sua missão: “Retratar o Brasil com informações necessárias ao conhecimento de sua realidade e ao exercício da cidadania.” Uma quebra de integridade muito delicada para o IBGE é o uso indevido ou manipulação de dados/informações na operação censitária. São exemplos de uso indevido ou manipulação de dados/informações: � acesso ou concessão de acesso indevido aos dados e informações, inclusive com uso de persuasão e aproveitando-se de eventual ingenuidade dos usuários; � acesso ou concessão de acesso a dados ou informações restritas para uso ou divulgação indevida; e � manipulação e alteração de dados e informações em benefício próprio ou de terceiros. Atenção A Lei Federal nº 5.534/1968, modificada pela Lei Federal nº 5.878/1973 e regulamentada pelo Decreto nº 73.177/1973, assegura aos informantes das pesquisas realizadas pelo IBGE o sigilo das informações prestadas. 4.2.1. Atos Ilícitos e Desvios de Conduta - Quebra de Integridade Na perspectiva do indivíduo, podemos podemos conceituar integridade como “a qualidade daquele que se comporta da maneira correta, honesta e contrária à corrupção”6. Quando algum ilícito é cometido, há uma quebra de integridade. É dever de todo agente público, ao presenciar alguma irregularidade, denunciar. Vejamos, a seguir, alguns conceitos relacionados à quebra de integridade. 4.2.1.1. Corrupção Segundo a organização Transparência Internacional, a corrupção é definida como o abuso do poder confiado para ganhos privados7. Este abuso de poder envolve a prática de atos ilícitos ou ilegítimos de forma deliberada ou intencional, e é caracterizado pela quebra de confiança por parte do agente que comete o ato. Pode envolver agentes públicos ou privados. 6 SEBRAE. Integridade para pequenos negócios: construa o país que desejamos a partir da sua empresa, 2017. Disponível em <https://m.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Anexos/ Integridade%20para%20pequenos%20neg%C3%B3cios.pdf>. Acesso em: jul./2020. 7 Transparência Internacional. Perguntas frequentes, 2019. Disponível em: <https:// transparenciainternacional.org.br/quem-somos/perguntas-frequentes/>. Acesso em: jul./2020. 16 CD-1.09 Manual do RecenseadoR O ganho privado, ainda que seja, geralmente, de ordem econômica, pode ser de qualquer natureza,inclusive a fuga de uma obrigação; e pode ser destinada ao agente que comete o abuso de poder ou a um terceiro8. A corrupção é um grave problema no país e no mundo, pois dificulta a boa aplicação dos recursos financeiros e o progresso, sendo necessários todos os esforços para combatê-la. A Integridade pública é uma resposta estratégica neste combate. 4.2.1.2. Fraude Pela norma ISA 240 da International Auditing and Assurance Standards Board (IAASB)9, fraude é um “ato intencional praticado por um ou mais indivíduos, entre gestores, responsáveis pela governança, empregados ou terceiros, envolvendo o uso de falsidade para obter uma vantagem injusta ou ilegal”. A fraude pressupõe a intenção de praticar o ato ilícito. Distinguindo-se da fraude, o erro é um ato não intencional resultante de omissão, desatenção, má interpretação, fruto de descuidos ou engano. Comete fraude até o agente que não se beneficia dela. “A intenção é um elemento importante para diferenciar a fraude do erro.” 4.2.1.3. Detecção Ainda que o IBGE adote práticas de prevenção em seus processos de trabalho, alguns agentes podem decidir cometer fraude e corrupção, porque julgariam os riscos baixos, ora porque obteriam benefícios altos. A fim de combater a fraude ou corrupção ocasionais, o IBGE vem aprimorando vários mecanismos de detecção, por meio de atividades e técnicas, capazes de apontá-las. 4.2.1.4. Pressão ilegal para influenciar agente público Caso ocorram, no decorrer do trabalho, pressões explícitas ou implícitas que influenciem indevidamente a atuação do agente público, fique atento e denuncie. 8 Brasil. Tribunal de Contas da União. Referencial de combate a fraude e corrupção: aplicável a órgãos e entidades da Administração Pública / Tribunal de Contas da União. – Brasília : TCU, 2a Edição, 2018. Disponível em https://portal.tcu.gov.br/biblioteca-digital/referencial-de-combate-a-fraude-e- corrupcao.htm. Acesso em: jul./ 2020. 9 International Auditing and Assurance Standards Board é um órgão normalizador independente, definindo padrões internacionais para auditoria, controle da qualidade, avaliação e serviços relacionados, facilitando a convergência das normas nacionais e internacionais. 17 CD-1.09 Manual do RecenseadoR Essas pressões podem provir de superiores hierárquicos (ordem interna), de colegas de trabalho (ordem organizacional), ou de agentes políticos e sociais (ordem externa). Exemplos de pressões são: pretender convencer funcionários subordinados a violar a sua conduta devida; utilizar indevidamente ou manipular dados/informações, quebrar o sigilo da informação.10 Atenção Ocasionais irregularidades serão apuradas com rigor, de acordo com as legislações vigentes. Outros exemplos de violações de integridade: O IBGE tem uma Comissão de Ética, e qualquer cidadão pode recorrer a ela para denunciar casos de conduta antiética do agente público do IBGE, para instauração de procedimento formal, através do e-mail: etica@ibge.gov.br. I) Desvio Ético ou de Conduta � Atraso no andamento dos trabalhos, por conduta profissional dissonante dos interesses institucionais; � execução de atividades alheias ao serviço, durante o expediente; � uso do cargo ou função para favorecimento pessoal ou de terceiros; � não realização das atribuições com zelo, dedicação, presteza, responsabilidade e qualidade; � não cumprimento da carga horária, ou ausência do trabalho, sem prévio aviso ou autorização da chefia; � omissão do servidor em denunciar ou representar ocorrência de irregularidade; � assédio moral ou sexual; e � discriminação de raça, gênero, religião, origem e orientação sexual. II) Uso Indevido ou Manipulação de Dados e Informações � Acesso ou concessão de acesso indevido aos dados e informações, inclusive com uso de persuasão e eventual ingenuidade dos usuários; � acesso ou concessão de acesso a dados ou informações restritas para uso ou divulgação indevida; e � manipulação e alteração de dados e informações em benefício próprio ou de terceiros. 10 Escola Superior do Tribunal de Contas da União. Fundamentos da Integridade Pública: Prevenindo a corrupção, 2020. Disponível em: https://contas.tcu.gov.br/ead/course/search. php?search=2020%2FPIAPUW01. Acesso em: jul./2020. 18 CD-1.09 Manual do RecenseadoR III) Desvio de Pessoal ou de Recursos Materiais � Desvio de função de contratados; � utilização de recursos logísticos e materiais em finalidade estranha às necessidades do serviço. Os exemplos de quebra de integridade não se esgotam nesta lista. Cabe ao agente público atentar que os atos ilícitos e desvios de condutas estão passíveis de penalidades e sanções previstas em leis ou normativos internos. 4.2.2 Ações disciplinares A Administração Pública tem o dever legal de apurar todas as irregularidades de que tiver conhecimento. No caso dos servidores temporários, as apurações disciplinares devem ser feitas em sindicâncias administrativas que estão reguladas pela Lei 8.745/93 e, subsidiariamente, pela Lei 8.112/90. As penalidades podem chegar a extinção do contrato ou mesmo a proibição de fazer concurso público por até cinco anos. Devem-se observar, também, situações de acumulações ilegais, conforme previsto no Art. 6° da Lei nº 8.745/93. Atenção O canal apropriado para apresentar denúncia, sugestão, elogio, reclamação ou solicitação de providência ou de simplificação de serviços é o site Fala.BR (plataforma integrada de Ouvidoria e Acesso a Informação do Governo Federal). 19 CD-1.09 Manual do RecenseadoR 5. O RECENSEADOR O Recenseador é o responsável por fazer o trabalho da coleta de dados por meio de entrevistas com os moradores. Estando em contato direto com o público, ele representa o IBGE para a sociedade. A qualidade dos resultados que serão entregues para o país ao final da operação depende diretamente da qualidade do seu trabalho e do modo como se dedica às atividades em seu dia a dia. O trabalho do Recenseador dentro de sua área de trabalho consiste em: � obter as informações junto aos moradores; � atualizar os endereços dos domicílios e dos estabelecimentos. O Recenseador contará com a supervisão de um Agente Censitário Supervisor (ACS). O ACS lhe fornecerá as informações, o material necessário e seus instrumentos de trabalho, assim como lhe prestará orientação técnica e assistência permanente durante o período de realização da coleta de dados. É a ele que o Recenseador deve se reportar sempre que encontrar alguma dificuldade. Nos municípios onde não houver ACS contratado, o Recenseador se reportará ao Agente Censitário Municipal (ACM). O bom desempenho do trabalho de coleta de dados está associado à maneira como o Recenseador se dedicou ao treinamento e, consequentemente, ao domínio dos conceitos e dos procedimentos que serão utilizados no Censo Demográfico 2022. Atenção Antes de iniciar a coleta de dados, o candidato a Recenseador faz um bom treinamento, no qual se dedica à realização de todas as atividades propostas, procurando rever e exercitar os conteúdos e procedimentos. Assim, você deve utilizar todos os recursos instrucionais disponíveis, esclarecendo suas dúvidas sempre que necessário. Por isso, é importante que o Recenseador tenha um bom aproveitamento no momento de formação, uma vez que a escolha da área em que deseja trabalhar dependerá da sua classificação final na avaliação do treinamento. Essa área, chamada pelo IBGE de Setor Censitário, será o local de trabalho do Recenseador, onde realizará a coleta de dados. Durante o trabalho de coleta de dados, o Recenseador ficará lotado em um local físico sob responsabilidade do IBGE, chamado de “Posto de Coleta”. 20 CD-1.09 Manual do RecenseadoR 6. POSTO DE COLETA E EQUIPE O Posto de Coleta é o local de trabalho criado temporariamente pelo IBGE para dar suporte à operação censitária. Nele, reúne-se a equipe encarregada do gerenciamento, da supervisão e da coleta de dados de uma determinada porção do território. Sempre querequisitado, o Recenseador deverá comparecer ao Posto de Coleta para que o Supervisor possa avaliar seu trabalho e corrigir possíveis falhas. Caso a supervisão indique a necessidade de corrigir algum dado coletado, o Recenseador deverá retornar a campo. Resumidamente, o trabalho do Recenseador consiste em percorrer o Setor Censitário sob sua responsabilidade, registrando todos os endereços de forma correta e realizando as entrevistas com os moradores. Nos setores onde há lista prévia, o Recenseador também deve atualizar os endereços. Após a conclusão do trabalho, o Recenseador deve, no menor tempo possível, dirigir-se ao Posto de Coleta e devolver o material de trabalho ao Instituto. 6.1. Quem é o Agente Censitário Supervisor (ACS)? O Agente Censitário Supervisor (ACS) será a pessoa que supervisionará o trabalho de uma equipe de Recenseadores, orientando e corrigindo falhas, assegurando, assim, a qualidade dos trabalhos. Em linhas gerais, buscará garantir que o Censo Demográfico 2022 se concretize com sucesso. O ACS exercerá as tarefas de supervisão da operação censitária, com atenção às questões técnicas e de informática, exercendo, quando necessário, tarefas administrativas, como renovação de contratos, avaliação de Recenseadores etc. Estará subordinado ao Agente Censitário Municipal (ACM). A função de Supervisão serve de elo entre aqueles que coletam as informações (os Recenseadores) e aqueles que gerenciam o Posto de Coleta (responsabilidade do ACM). Sua principal função é acompanhar, avaliar e, sobretudo, orientar os Recenseadores durante a execução dos trabalhos de campo. Assim, evitam-se erros no preenchimento dos questionários e falhas na cobertura do Setor Censitário (como a omissão de pessoas e domicílios). O ACM é quem irá orientá-lo na correta execução de seu trabalho. O ACS deve se reportar ao ACM sempre que houver qualquer dúvida ou problema que comprometa a realização de suas tarefas. Para que os ACS cumpram com tranquilidade suas funções, estas foram divididas em duas grandes frentes: � o treinamento e a contratação dos Recenseadores; � o apoio ao Recenseador e a supervisão do seu trabalho de coleta. 21 CD-1.09 Manual do RecenseadoR 6.2. Quem é o Agente Censitário Municipal (ACM)? O Agente Censitário Municipal (ACM) desempenhará a função de gerente do Posto de Coleta. Isso envolve as seguintes funções: gerenciar um grupo de Supervisores (ACS), distribuir tarefas e equipamentos de coleta, repassar treinamento sempre que necessário, assim como acompanhar o desenvolvimento dos trabalhos e cobrar o cumprimento das normas estabelecidas pelo IBGE. O Posto de Coleta serve de base para a equipe da coleta de dados e da supervisão, ou seja, é ponto de encontro dos Supervisores e Recenseadores durante as operações do Censo 2022. Para gerenciar o Posto de Coleta, o ACM utiliza o Sistema Integrado de Gerenciamento e Controle – SIGC. Durante todo o trabalho do Censo 2022, o ACM estará à frente de dois grupos de ações: � Gerenciais – gestão da equipe de Supervisores e Recenseadores, de materiais e dos equipamentos do Posto de Coleta; � Técnicas – acompanhamento e orientação técnica da coleta de dados. Atenção O ACM responde técnica e administrativamente ao Coordenador Censitário de Subárea (CCS), como visto na estrutura censitária simplificada. 22 CD-1.09 Manual do RecenseadoR 7. SETOR CENSITÁRIO E ENDEREÇO Para entender adequadamente a operação do Censo Demográfico, é necessário que você conheça a geografia que serve de referência aos levantamentos estatísticos, ou seja, as divisões (de caráter legal ou geográfico) do país, como descritas a seguir. O Brasil está dividido, em seu aspecto político-administrativo, nas seguintes unidades territoriais: Unidades territoriais Definição Unidades da Federação São os estados, criados por lei federal, o Distrito Federal e os municípios. Estados São as unidades federativas autônomas de maior abrangência territorial na organização político-administrativa do Brasil, enquanto o Distrito Federal é a UF brasileira onde se localiza a sede do Governo Federal. Municípios São unidades federativas autônomas de caráter local que dividem integralmente os estados em áreas menores. A sua criação, incorporação, fusão ou desmembramento se dá por lei estadual (no caso do Distrito Federal, a divisão em municípios é vedada por Lei Orgânica), observada a continuidade territorial. A sede do Município é chamada de “cidade”. Distritos Dividem o território municipal em áreas administrativas menores para fins de planejamento e sem autonomia em relação à administração municipal. São criados, organizados, suprimidos, desmembrados ou fundidos por legislação municipal, desde que observada a legislação estadual. A sede do Distrito é chamada de “vila”. Subdistritos Dividem os distritos ou municípios em unidades menores, criados também por legislação municipal. A maior parte dos municípios não possui subdistritos, pois estes são adotados, geralmente, em grandes cidades, onde apenas a divisão distrital não é suficiente para as necessidades da administração. A sua divisão é adotada pelo IBGE apenas quando os critérios que este estabelece são atendidos. 23 CD-1.09 Manual do RecenseadoR Nas operações estatísticas, as unidades territoriais brasileiras são respeitadas. A figura a seguir apresenta essas unidades e o número de cada uma delas no país em 2018: Esquema da divisão político-administrativa do Brasil até setores censitários Para estudos estatísticos e geográficos, o IBGE subdivide as áreas em unidades ainda menores, sendo cada uma delas chamada de “Setor Censitário”. Atenção O Setor Censitário é uma unidade territorial de coleta e divulgação de dados estatísticos do IBGE. A extensão territorial do Setor Censitário é planejada para que você levante com qualidade as informações exigidas pelo Censo. Com a mesma finalidade, é calculada a quantidade de domicílios e estabelecimentos que você deve visitar dentro da área do Setor Censitário. Os setores censitários são dimensionados conforme a previsão do trabalho de pesquisa em campo e respeitando integralmente a divisão político administrativa: Subdistrito, Distrito, Município e Unidade da Federação. 24 CD-1.09 Manual do RecenseadoR Observe o exemplo do setor censitário a seguir: Compete ao Recenseador a coleta das informações referentes ao seu setor censitário, sempre considerando com rigor a área de coleta. Isto é, não devem ser realizados registros de endereços e entrevistas fora da área do seu setor censitário. Não se esqueça de registrar e atualizar todos os endereços e realizar as entrevistas em todos os domicílios de seu setor. 7.1. Classificação dos setores censitários Realizar a coleta do Censo em áreas urbanas envolve determinadas estratégias que diferem das utilizadas nas áreas rurais. Em virtude disso, cada setor censitário recebe uma classificação de acordo com suas características geográficas. 25 CD-1.09 Manual do RecenseadoR Essa classificação dos setores censitários em urbanos e rurais também serve de base para a divulgação dos dados estatísticos. A tabela a seguir indica resumidamente as classificações dos setores censitários em situações urbanas e rurais: CATEGORIA CLASSIFICAÇÕES DEFINIÇÕES Área urbana Área urbana de alta densidade de edificações Área urbana com alta densidade de edificações. Área urbana de baixa densidade de edificações Área urbana com baixa densidade de edificações, processos de expansão urbana, áreas verdes desabitadas, entre outras. Núcleo urbano Aglomerações urbanas separadas das cidades e vilas por menos de 1km ou que, superando essa distância, apresentem características urbanas (loteamentos, conjuntos habitacionais e condomínios). Área rural Aglomerado rural Caracteriza-se pelo caráter aglomerado de domicílios, normalmente distantes entre si não mais que 50m, e separados da franja das cidades e vilas por mais de 1km, com exceção dos núcleos urbanos.Área rural (exclusive aglomerado) Áreas de uso rural caracterizadas pela dispersão de domicílios e pela presença usual de estabelecimentos agropecuários. Atenção Cada uma dessas “situações” requer procedimentos de coleta específicos do Recenseador. 26 CD-1.09 Manual do RecenseadoR Além da distinção entre urbano e rural, o IBGE identifica outras formas de organização territorial, às quais dá o nome de “tipos”. Os “tipos” encaixam-se dentro da classificação que o IBGE faz dos setores censitários, quando divide o território para fins de coleta de dados. TIPOS DEFINIÇÃO Não Especial Setor censitário que não se enquadra em nenhuma outra classificação em tipo. Aglomerado Subnormal Forma de ocupação irregular de terrenos de propriedade alheia (públicos ou privados) para fins de habitação em áreas urbanas e, em geral, caracterizados por um padrão urbanístico irregular, carência de serviços públicos essenciais e localização em áreas restritas à ocupação. Quartel e Base Militar Setor censitário de instalação administrada por um comando das forças armadas, assim considerado caso a instalação possua pelo menos 50 habitantes permanentes residindo há mais de um ano no local. Alojamento / Acampamento O alojamento é um domicílio coletivo geralmente vinculado a alguma instituição, como universidades ou empresas, destinado a oferecer moradia por período temporário. O acampamento é entendido como instalação improvisada composta normalmente por barracas, tendas ou outras estruturas rústicas. Devem possuir no mínimo 50 habitantes residindo há mais de um ano. Setor com Baixo Patamar Domiciliar Setor censitário que abrange baixa quantidade de domicílios, ou onde não foi identificada a presença de domicílios. Agrupamento Indígena Setor censitário em que existam 15 ou mais indivíduos indígenas residentes em uma ou mais moradias contíguas espacialmente e por vínculos familiares ou comunitários. Unidade Prisional Setor censitário relacionado às unidades prisionais que abrigam mais de 50 presos permanentes. Convento / Hospital / ILPI1 / IACA2 É o setor censitário dos domicílios coletivos relacionados ao acolhimento de crianças ou idosos, aos conventos e aos hospitais que contenham, cada um, mais de 50 habitantes permanentes residindo há mais de um ano no local. Agrovila do PA (Projeto de Assentamento) Setor censitário com mais de 50 domicílios que se encontram associados a Projetos de Assentamento. São localidades de habitação e produção agrícola, caracterizadas pelo adensamento e pela concentração de domicílios de famílias de determinado assentamento rural. Agrupamento Quilombola Setor censitário em que existem 15 ou mais indivíduos autodeclarados quilombolas residentes em uma ou mais moradias contíguas espacialmente e por vínculos familiares ou comunitários. Os termos “asilo” e “orfanatos”, embora de uso popular, deixaram de ser adotados pelas instituições e políticas públicas. Foram substituídos por: 1 ILPI = Instituições de Longa Permanência para Idosos e 2 IACA = Instituições de Acolhimento a Crianças e Adolescentes 27 CD-1.09 Manual do RecenseadoR Em resumo, os setores censitários podem ser classificados quanto à sua “situação” ou “tipo”. Isto é, em 5 situações e 10 tipos. Por exemplo, um setor censitário, que se localiza em área urbana e não rural, pode ter como situação “Área urbana de baixa densidade de edificações” e ter como tipo “Quartel/ Base Militar”. Isto é, ele é um quartel localizado numa área urbana mais abrangente, que inclui outros setores censitários e outras formas de organização. Tipos e situações representam justamente “estruturas territoriais”. “Estruturas territoriais” são as formas pelas quais os agrupamentos humanos se organizam. No caso do exemplo acima, um grupo menor se organiza sob a forma de um quartel, dentro de uma área maior, que é urbana e com pouca aglomeração de edificações. Entretanto, em alguns casos as estruturas territoriais podem não atingir o quantitativo mínimo de domicílios ou habitantes para serem isoladas em setores censitários. Imagine, por exemplo, um quartel que abriga apenas 30 moradores, localizado em área urbana densa. Este quartel, portanto, não formará sozinho um setor censitário classificado como “Quartel e Base Militar”. Ele estará em um setor censitário mais abrangente e classificado como “Não especial”. 7.2. Áreas de Interesse Operacional (AIOs) Além das áreas listadas até aqui, que configurarão setores censitários, o Censo Demográfico 2022 contará com áreas diferenciadas, independentes dos setores censitários, chamadas áreas de interesse operacional indígena ou quilombola, apenas para fins da operação censitária. Essas áreas não compõem setores censitários, mas permitem assinalar áreas em que podem ser existir domicílios ou agrupamentos domiciliares ocupados por população indígena e/ou quilombola. Caso seja verificada, antes ou durante a coleta, a presença de agrupamento indígena ou quilombola, devem ser aplicados os mesmos procedimentos operacionais e metodológicos aplicados às áreas setorizadas como indígenas ou quilombolas, dispostos no Manual do Recenseador - PCT. Caso seu setor censitário em azul (foto) pertença total ou parcialmente a uma área de interesse operacional indígena ou quilombola, o mapa do setor no seu DMC mostrará as AIO (retângulo mais claro na foto). Essas áreas são carregadas automaticamente no seu Dispositivo Móvel de Coleta (DMC), e as entrevistas realizadas nessas áreas contarão com perguntas específicas que serão automaticamente apresentadas no DMC. Exemplo de Área de Interesse Operacional na tela do Dispositivo Móvel de Coleta (DMC). 28 CD-1.09 Manual do RecenseadoR 7.3. Identificando a área de coleta Quando for iniciar o seu trabalho como Recenseador, você receberá um mapa e uma descrição textual do perímetro do seu setor censitário, que fornecem informações para você se orientar dentro de sua área de trabalho. O mapa do setor censitário é fundamental para a localização do Recenseador em campo e para o trabalho de coleta. Atenção O mapa do setor censitário é a representação gráfica da área geográfica em que o Recenseador realizará o trabalho do Censo. 7.4. Mapa do setor censitário É a representação gráfica do setor censitário. Por fins práticos, costuma retratar alguns outros elementos adicionais para facilitar o reconhecimento do setor em campo. O DMC exibe o Mapa por meio de uma imagem, obtida por satélites, da área do setor e das áreas que o rodeiam. E destaca com uma cor adequada os limites do setor, para diferenciá-lo das áreas restantes. O Mapa do setor censitário é fundamental para a localização do Recenseador em campo e para o trabalho de coleta. Analisar esse mapa com cuidado e atenção é o primeiro passo para garantir a qualidade do trabalho. É importante, antes de analisar o mapa, compreender alguns conceitos e elementos essenciais para a sua utilização. 29 CD-1.09 Manual do RecenseadoR � A legenda apresenta símbolos ou referências a elementos que serão encontrados no mapa por meio de cores e estilos de representação gráfica; � A escala é a relação de proporção entre o tamanho de um objeto no mundo real e seu tamanho no mapa. Uma escala de 1:50.000 significa que 1 cm no mapa corresponde a 50.000 cm na realidade (500 m), por exemplo; � A imagem de satélites serve para identificação dos elementos do terreno, tais como ruas, quadras, grandes construções etc. As informações adicionais sobre o setor censitário descrevem as estruturas territoriais, conforme consta nas páginas 25 e 26, que o caracterizam (núcleo urbano, aglomerado rural, terra indígena, etc). Para interpretar adequadamente os mapas utilizados em seu trabalho, você precisa saber também o que são coordenadas geográficas. Para que cada ponto da superfície da Terra possa ser localizado em um mapa, foi criado um sistema de linhas imaginárias chamado de “Sistema de Coordenadas Geográficas”. As coordenadas geográficas consistemem um dos métodos mais eficientes de localização, pois permitem identificar qualquer ponto na superfície da Terra por meio de dois valores – Latitude e Longitude. Elas serão obtidas através de um receptor de sinais de satélites, como o GPS integrado ao seu DMC, e serão importante recurso para o trabalho no setor. L o n g i t u d e Latitude 30 CD-1.09 Manual do RecenseadoR Veja abaixo os conceitos: Saiba mais Latitude É o afastamento, medido em graus, da linha do Equador até um ponto qualquer da superfície terrestre. Ela vai de 0° a 90° e pode ser Norte ou Sul. O Brasil é um país cortado pela linha do Equador e, portanto, também possui latitudes Norte, obtidas na região Norte do país. Longitude É o afastamento, medido em graus, do meridiano de Greenwich até um ponto qualquer da superfície terrestre. Ela vai de 0° a 180° e pode ser Leste ou Oeste. � Todas as longitudes no Brasil estão à Oeste de Greenwich. Atenção As coordenadas capturadas pelo DMC podem conter imprecisões em relação à sua posição real de até 10 metros, em média. 7.4.1. Mapa Municipal Estatístico Além do mapa de setor censitário que você receberá em mãos, no posto de coleta será afixado um exemplar do Mapa Municipal Estatístico. Você deve consultá-lo para saber onde o seu setor censitário se localiza no município. A partir disso, você poderá planejar os meios de acessar o setor censitário. 7.4.2. Utilizando o mapa de setor censitário O mapa do setor censitário, sendo uma representação simplificada da realidade, nem sempre representa todos os elementos visíveis em campo. Se todas as informações sobre um dado território estivessem representadas no mapa, certamente não conseguiríamos fazer sua leitura. Em virtude disso, os especialistas do IBGE selecionaram para constar no mapa somente os aspectos necessários para orientar seu trabalho de entrevistas no Censo. Para realizar o trabalho, é essencial que você identifique sua posição no mapa e certifique-se de que está localizado dentro do perímetro do setor censitário. Para isso, é necessário que você interprete corretamente o mapa, seguindo estas etapas: 31 CD-1.09 Manual do RecenseadoR � confirme a numeração do setor bem como os demais itens do seu documento de descrição; � identifique o ponto inicial e o perímetro do setor; � identifique os acidentes topográficos (rios, serras, lagos, etc.), caso existam, além de outros elementos visíveis no terreno que sirvam como referências; � reconheça tanto as vias de circulação que fazem parte do setor quanto as que não fazem parte. Estas devem ser reconhecidas desde que: estejam próximas aos limites do setor censitário ou sejam vias de acesso a ele. O mapa de setor censitário, portanto, serve para que você consiga localizar os domicílios e estabelecimentos que pertencem a sua área de coleta. Em muitos casos, o Recenseador não terá em sua lista prévia o registro de todas aquelas unidades que existem no local e que devem ser recenseadas. Nesse caso, o mapa de setor oferece indícios de onde elas estão. Cada mapa de setor censitário possui o número do geocódigo do setor censitário alvo. Esse número serve para identificar e diferenciar os setores censitários. Além disso, seus limites serão destacados na cor indicada pela legenda e a sua área aparecerá sem preenchimento, enquanto as áreas dos setores vizinhos aparecerão colorizadas. Você também verá as indicações de faces em linhas destacadas dentro da área do setor, conforme a cor indicada pela legenda. Você receberá o mapa de setor censitário em dois formatos: digital (no DMC) e em duas vias em papel (uma com imagem de satélite e outra apenas com os limites e demais informações). Embora tenham formatos diferentes, ambos são igualmente importantes e possuem praticamente as mesmas informações do setor: � identificação do geocódigo; � perímetro; � organização interna. 32 CD-1.09 Manual do RecenseadoR E o aplicativo do DMC possui, particularmente, a função de exibir a posição em tempo real do Recenseador no terreno. Em algumas situações, a realidade do setor pode ter sido modificada depois da geração do mapa, como troca de nomes de vias, aparecimento ou desaparecimento de faces ou de quadras inteiras. Se, durante o seu trabalho de campo, você encontrar alguma modificação entre as informações no mapa em papel e aquelas encontradas no terreno, sinalize-as no mapa e atualize as informações da face no aplicativo do dispositivo móvel de coleta. Essas alterações são essenciais, pois vão ajudar na atualização dos mapas a serem utilizados em atividades e pesquisas posteriores. Atenção Procure registar nos mapas as divergências encontradas e comunicar ao seu Supervisor, ou ao ACM, para que ele avalie e tome conhecimento das mudanças encontradas no setor. Guarde o mapa em papel com cuidado e zele por sua integridade, porque, ao término da coleta, os mapas deverão ser devolvidos ao IBGE e enviados para as Supervisões de Base Territorial, que vão promover as devidas atualizações. Em alguns casos, o desenho dos limites de um setor censitário pode estar desatualizado em relação às imagens de satélite. Isso acontece em decorrência do material que foi utilizado para fazer o mapeamento e não representa, necessariamente, erro na delimitação do setor censitário. Por isso, é recomendável conferir a área a ser coletada, comparando a descrição que o IBGE oferece dos contornos do setor com a análise de seu respectivo mapa. 7.4.3. Descritivo de Setor Censitário O mapa do setor virá acompanhado da Descrição do Perímetro do Setor, isto é, de um texto que define todo o contorno do setor em que você trabalhará. Os limites do perímetro demarcam a sua área de trabalho. Caso você verifique qualquer inconsistência entre o texto descritivo do perímetro e o desenho do perímetro no mapa, comunique imediatamente o seu supervisor. Atenção A Descrição do Perímetro do Setor Censitário é a relação de acidentes topográficos naturais ou artificiais (rios, vias, ruas etc.) que definem o contorno da área do setor censitário. Veja um modelo de Descrição do Perímetro do Setor: 33 CD-1.09 Manual do RecenseadoR A descrição do perímetro do setor censitário é composta de cinco partes: � Ponto Inicial e Ponto Final; � Descrição do Perímetro; � Setores a serem excluídos; � Estruturas Territoriais não setorizadas; � Acessibilidade e Observações. A Descrição do Perímetro do Setor Censitário é um dos principais documentos de orientação para a coleta. Esse documento, junto com o mapa do setor censitário, é uma garantia para que o Recenseador não invada a área de coleta de outro Recenseador ou omita parte das unidades do setor censitário sob sua responsabilidade. Esse documento possui informações extremamente importantes sobre o setor censitário. 34 CD-1.09 Manual do RecenseadoR 7.4.4. Geocódigo do Setor Censitário Para que sejam identificados e diferenciados, todos os setores recebem um geocódigo. O geocódigo do setor é a designação utilizada para identificá-lo em relação a outros. Tem como objetivo permitir a referência de diversas informações por setor, como: unidade da federação, município, distrito, subdistrito e o número do setor. A tabela a seguir mostra um exemplo de geocódigo do setor número 51 04104 05 00 0016: Geocódigo do setor 51 04104 05 00 0016 Estado Município Distrito Subdistrito Setor 51 04104 05 00 0016 Além de constar no rodapé dos mapas, essa numeração também aparece no canto superior direito da Descrição do Perímetro do Setor. 7.4.5. Ponto inicial e Ponto final O Ponto inicial e o Ponto final indicam, de forma sucinta, a referência a partir da qual a descrição do perímetro do setor é documentada. O ponto inicial geralmente possui fácil acesso. Quando as circunstâncias tornarem inviável adotar o Ponto Inicial como origem do percurso, o Recenseador pode adotar um outro ponto, de mais fácil acesso, para iniciar o trabalho. É recomendável comunicar o Supervisor esse tipo de ocorrência,para que ele tome conhecimento da situação, avalie as mudanças encontradas no setor e oriente a respeito. 7.4.6. Descrição do perímetro Texto que descreve todo o limite do setor censitário definido a partir das linhas que limitam suas bordas. Essa descrição busca ao máximo utilizar pontos de referência estáveis e de fácil identificação no local, mas pode, por motivos diversos, possuir, em alguns casos, referências de difícil identificação associadas com acidentes geográficos, elementos construídos e questões legais. É possível, também, que você identifique inconsistências, que devem ser imediatamente comunicadas à supervisão. A correta observação do perímetro do setor passa a ser a garantia de que você não invada a área de coleta de outro setor ou omita parte do setor com área sob sua responsabilidade. Atenção O perímetro do setor não pode ser alterado, em hipótese alguma, por você, Recenseador. Portanto, esteja sempre atento ao perímetro do seu setor. 35 CD-1.09 Manual do RecenseadoR 7.4.7. Setores a serem excluídos Alguns setores censitários podem estar dentro de outros. O item “Setores a serem excluídos” da Descrição do Perímetro do Setor indica se há setores que estão contidos dentro do perímetro do setor descrito e que devem ser excluídos do seu trabalho. Nesse caso, o Recenseador não deve coletar informações dos setores excluídos, pois outro Recenseador será o responsável por isso. 1) Download de mapa e descritivo de setor no DMC: Para realizar o download do mapa e do descritivo do setor, você deverá acessar o menu “Configuração” e, em seguida, a opção “Mapas”. Na tela “gerenciar mapas”, basta clicar nas setas ao lado de cada arquivo. Os arquivos que começam com a letra “d” referem-se aos descritivos. 36 CD-1.09 Manual do RecenseadoR 2) Acesso ao descritivo de setor no DMC: Para acessar o descritivo do setor, você deverá acessar a tela “setores” e, ao lado do número do setor, clicar no ícone de opções para acessar o item “Descrição do Setor”. 7.4.8. Estruturas Territoriais não setorizadas Por vezes, há agrupamentos humanos, como aglomerados rurais e territórios indígenas, dentro do setor censitário do Recenseador, que não foram separados especificamente em um setor censitário destacado – como outros são. Nesse caso, esses aglomerados devem ser coletados normalmente no setor, mas exigindo uma atenção especial do Recenseador. Esses aglomerados são chamados de “Estruturas Territoriais não setorizadas” e também podem corresponder a agrupamentos quilombolas e aglomerados subnormais, entre outros. 37 CD-1.09 Manual do RecenseadoR “Tipos” e “situações”, que vimos mais acima, representam justamente “estruturas territoriais”. Lá, em sua seção respectiva, damos o seguinte exemplo: Há um setor censitário, que se localiza em área urbana (e não rural), que tem como situação “Área urbana de baixa densidade de edificações” e tem simultaneamente como tipo “Quartel/Base Militar”. Isto é, o setor é um quartel localizado numa área urbana mais abrangente. Área que inclui também, por sua vez, outros setores censitários e outras formas de organização. Em resumo, há um grupo menor que se organiza sob a forma de um quartel, dentro de uma área maior, que é urbana e com pouca aglomeração de edificações. No entanto, é possível também que exista, por exemplo, em uma área urbana, de setor urbano de alta intensidade de edificações, um quartel que conte com menos de 50 domicílios. Logo, esse quartel não é setorizado, nem recebe a classificação de “tipo”. Nesse caso, indicaremos a ocorrência desse quartel, no descritivo do setor, como não setorizado. Para setores que possuírem aglomerados subnormais não setorizados em seu perímetro, o Recenseador deverá obedecer todas as condutas de acessibilidade e observações especiais de abordagem, de acordo com as indicações no descritivo. Contate o Supervisor previamente e busque identificar a localização no setor deste aglomerado antes de realizar a coleta em campo. 7.4.9. Acessibilidade e observações Este item indica o registro de informações sobre o acesso e o percurso dos setores. Por exemplo: Acessibilidade e Observações: RESTRIÇÃO DE ACESSO ACESSO FLUVIAL A PARTIR DO POLO BASE DO “BAIXO CATRIMANI” O texto indica que o acesso ao setor é feito através de um rio. Isso implica uma infraestrutura diferenciada em termos logísticos (aluguel de barco etc.) e de tempo de realização do trabalho. Portanto, situações como essa requerem análise por parte dos Agentes Censitários Municipais (ACMs), dos Agentes Censitários Supervisores (ACSs) e do Recenseador responsável. 7.5. Logradouro, Quadra e Face Para que você seja capaz de realizar seu trabalho corretamente, é necessário identificar logradouros, quadras e faces nos mapas e em campo. Logradouro é uma área pública de circulação de pessoas, veículos e mercadorias reconhecida pela comunidade e que, na maioria das vezes, está associada a um nome de conhecimento geral (rua, travessa, avenida, beco, estrada etc.). A principal referência para a identificação de quadras e faces é o logradouro, por se tratar da via de circulação que dá acesso a elas. Quadra é, geralmente, um trecho retangular bem definido de uma área urbana ou aglomerado rural limitado por vias. A via corresponde comumente a ruas e/ou estradas, mas não somente isso. Pode também corresponder a formas irregulares, como estradas de ferro, cursos d’água e encostas, entre outros. 38 CD-1.09 Manual do RecenseadoR Atenção A quadra é formada por faces. Em alguns locais, a quadra pode ser chamada de “quarteirão”. Face é definida como sendo cada um dos lados da quadra, compreendida pela interseção de logradouros, contendo ou não endereço. Em outras situações menos frequentes, a face pode ser delimitada pelo setor censitário em que se encontra, caso não exista interseção de logradouros. 7.5.1. Quadras fechadas e abertas As quadras podem ser classificadas em “fechadas” e “abertas”, segundo sua estrutura. A quadra será considerada fechada quando suas faces constituírem um perímetro fechado, ou seja, quando todas as faces forem adjacentes umas às outras sem que faltem faces para fechar o perímetro. Veja, a seguir, o exemplo de uma quadra com quatro faces. Aqui, temos um exemplo de quadra fechada. Por outro lado, uma quadra será considerada aberta quando faltar uma ou mais faces para fechamento do seu perímetro. 39 CD-1.09 Manual do RecenseadoR A seguir, temos um exemplo onde as quadras de número 1 e 2 (quatro faces) são fechadas, enquanto as quadras de número 3 (3 faces) e de número 4 (duas faces) são abertas. Observe o exemplo de um setor censitário real que possui quadras fechadas (F) e abertas (A) e seu croqui. 40 CD-1.09 Manual do RecenseadoR Observe que, na figura abaixo, temos quadras de área urbana. A Face A destacada, à esquerda, está localizada num trecho da Rua Jequitibás, entre duas ruas: Rua Um e Rua Dois. A Face B, destacada à direita em formato curvo, está localizada em um trecho da Rua Cedros entre a Rua Um e Rua Três. Isso mostra que a face não precisa seguir rigorosamente uma forma retilínea. A face de uma quadra pode abrigar várias unidades edificadas. O Recenseador acessa essas unidades a partir do logradouro, isto é, da via. 41 CD-1.09 Manual do RecenseadoR O Recenseador deve registrar os endereços das unidades dessas faces, percorrendo a quadra em que se encontram. Entretanto, existem faces que não abrigam unidades para registro de endereço, chamadas de Faces Nada a Registrar (NAR), como aquelas de um terreno sem edificação. São, por exemplo, os terrenos baldios ou utilizados como depósito de lixo, que podem ou não estar delimitados por muros. São também do tipo Nada a Registrar (NAR) as faces de uma praça ou as faces com muros em toda a sua extensão, sem acesso ao logradouro. Os exemplos a seguir são enquadrados na categoria NAR: Há ainda o caso particular dos logradouros que terminam sem interseção com outro logradouro,ainda dentro do mesmo setor censitário. A figura a seguir mostra uma travessa sem saída que tem duas faces (linhas maiores em tons de cinza mais claro e mais escuro). Contudo, o mapa do DMC não indicava a existência de endereços na lista prévia do pequeno trecho final (pequena linha representando o final do logradouro). Esse trecho final da travessa será uma nova face se forem identificados endereços ao final do logradouro. 42 CD-1.09 Manual do RecenseadoR 8. ENDEREÇO: CONCEITO E COMPONENTES O endereço reúne informações que permitem identificar de forma adequada uma unidade construída ou em construção dentro de um município, tal como uma casa, um prédio, um apartamento, um estabelecimento etc. O endereço é registrado pelo IBGE segundo um Padrão de Registro de Endereços, que contém os seguintes componentes: � Localidade; � Logradouro; � CEP; � Número e modificador; � Complemento; � Ponto de referência; � Existência de identificação; e � Coordenadas geográficas. A seguir, veremos detalhadamente cada um deles. 8.1. Localidade É o nome pelo qual é conhecido o local ou a região onde está situado o endereço. Nas áreas rurais, indica o nome da região (povoados, lugarejos, assentamentos, comunidades etc.), enquanto nas áreas urbanas assemelha-se ao bairro. Recomenda-se evitar expressões genéricas que não permitam identificar, de fato, a localidade, tais como “Zona Rural” ou o nome do próprio município, pois isto tende a ser insuficiente para o registro e localização de um endereço. Por exemplo, em um determinado município, são encontrados os bairros “Centro”, “Bela Vista” e “Santo Antônio”, além das localidades rurais “Brejo Fundo” e “Matão”. Registre as localidades conforme essa indicação, sem a necessidade de menção ao tipo de localidade (bairro ou povoado). 43 CD-1.09 Manual do RecenseadoR Nos municípios onde não há delimitação oficial de bairros e localidades, você deve estar atento ao nome reconhecido pela própria população local, que deverá ser registrado. Sempre que possível, pergunte aos moradores qual é o nome da Localidade, pois eles poderão indicar o nome mais bem conhecido e a grafia correta. De forma mais específica, em áreas habitadas por Povos e Comunidades Tradicionais, este registro merece atenção especial. Nos casos de endereços localizados em áreas indígenas, o prefixo do campo Tradicionalidade nos itens Editar ou Incluir Localidade deve mencionar “Aldeia Indígena...” ou “Terra Indígena...” quando o endereço estiver localizado na aldeia ou fora dela, respectivamente (“Aldeia Indígena Água Bonita” ou “Terra Indígena Arariboia”, por exemplo). Para os endereços de povos ou comunidades tradicionais, deve constar no campo ‘Localidade’ o registro do tipo de tradicionalidade com a qual a comunidade ou o povo se identifica. O tipo de tradicionalidade deve vir antes do nome da localidade propriamente dito (por exemplo: “Comunidade Quilombola de Rocinha”, “Comunidade Ribeirinha São Marcos” ou “Faxinal Boa Vista”). Atenção Para esse registro você precisa editar o campo “Localidade” ou inserir uma nova localidade. Verifique, no anexo 2, a lista de povos e comunidades tradicionais, bem como as estruturas territoriais a elas relacionadas. Caso não tenha na lista de prefixos a tradicionalidade informada, inclua na lista de tradicionalidade da localidade o prefixo em falta. Caso a localidade esteja registrada sem prefixo, pressione “edição” para selecionar a opção dita pelo informante. Selecione o prefixo correspondente à tradicionalidade com a qual a comunidade ou o povo se identifica no combo de localidade, conforme imagens a seguir: 44 CD-1.09 Manual do RecenseadoR Atenção Há, no ANEXO 1, ao final do manual, orientações sobre o “Procedimentos no DMC” envolvendo a temática “Localidade, Logradouro e CEP”. Nele você encontra o passo a passo para acessar a inclusão e edição de localidades, e também para inserir os prefixos do combo de tradicionalidades. Esta prática de registro de tradicionalidades no campo de Localidade é fundamental para o IBGE. Isso favorece a produção de informações oficiais para esses povos ou comunidades tradicionais. Caso sua área de trabalho inclua áreas indígenas ou quilombolas, procure por orientações específicas de registro da localidade no Manual do Recenseador Povos e Comunidades Tradicionais (PCT). Estas orientações são importantes tanto para trabalhar em áreas conhecidas quanto para o caso de encontrar áreas ocupadas por Povos e Comunidades Tradicionais ainda não registradas pelo IBGE. 45 CD-1.09 Manual do RecenseadoR 8.2. Logradouro O Logradouro, conforme visto anteriormente (área pública de circulação), possui uma denominação própria, que faz parte do registro do endereço de uma unidade. Portanto, o adequado preenchimento deste endereço deve refletir corretamente o logradouro, que pode ter seu registro formado por até três componentes: � Tipo – indica a natureza do logradouro (sua construção ou forma natural). Exemplos: Rua, Avenida, Travessa, Estrada, Praça, Viela, Acesso, Rio etc. � Título – indica a patente, a profissão ou o título de nobreza do homenageado. Somente será registrado quando houver de fato um título, pois do contrário não será preenchido, como ocorre em grande parte dos logradouros. Exemplos: Santa, São, Doutor, Coronel, Professor, Presidente, Dom, Senhora etc. � Nome – denomina propriamente o logradouro, incluindo a preposição, caso exista. Exemplo: Em um logradouro denominado “Avenida Duque de Caxias”, o Nome deverá ser registrado como “de Caxias”. Logradouro Tipo Título Nome Rua Madre Paulina Rua Madre Paulina Avenida Tocantins Avenida Tocantins Travessa Santa Inês Travessa Santa Inês Beco Ana Neri Beco Ana Neri Rua Imperador Rua Imperador 46 CD-1.09 Manual do RecenseadoR Em determinadas situações, é possível que um logradouro não possua um nome oficial em uma placa ou que não seja possível identificar este nome. Nestes casos, busque formas complementares de especificar o endereço (como Coordenadas Geográficas e Ponto de Referência) e registre o nome do logradouro adotando a seguinte estratégia: � prioritariamente, utilize nomes localmente reconhecidos pelos moradores; � caso não seja possível, utilize um ponto de referência para identificar o logradouro; e � como último recurso, o registro deve ser realizado no campo ‘Nome’ como “Sem Denominação”. � Quando a única referência de endereçamento é o rio, é importante que este seja registrado no campo “logradouro”. Quando a única referência de endereçamento é o rio, é importante que este seja registrado no campo “logradouro”. Os exemplos abaixo especificam essas estratégias para uso excepcional. Logradouro Tipo Título Nome Estrada para Represa de Gericinó Estrada para Represa de Gericinó Acesso para Fazenda Santa Cruz Acesso para Fazenda Santa Cruz Beco da Associação de Moradores Beco da Associação de Moradores Vicinal da RJ-116 para São Martinho Vicinal da RJ-116 para São Martinho Caminho do Igarapé da Prainha para Aldeia Indígena Iterap Caminho do Igarapé da Prainha para Aldeia Indígena Iterap Rua Sem Denominação Rua Sem Denominação No caso dos Logradouros sem nome, há uma orientação adicional. O uso do termo “Sem denominação” no campo “Nome do Logradouro” deve vir acompanhado de um número, caso o setor censitário possua mais de um logradouro nestas condições. Deste modo, o primeiro logradouro sem nome será registrado como “Sem denominação” e os demais serão registrados com uma numeração sequencial (“Sem denominação”, “Sem denominação 1”, “Sem denominação 2” etc.). Esta ordenação deve obedecer à ordem de percurso do setor realizada. Por exemplo: � Registro do 1º logradouro sem denominação encontrado no setor: Sem denominação; � Registro do 2º logradouro sem denominação encontrado no setor: Sem denominação 1; � Registro do 3º logradouro sem denominação encontrado no setor: Sem denominação 2. Atenção Para as pesquisas do IBGE, deve prevalecersempre o nome oficial do logradouro, reconhecido pela prefeitura do município, caso exista. 47 CD-1.09 Manual do RecenseadoR 8.3. CEP Em todo endereço, haverá ainda um Código de Endereçamento Postal (CEP) associado. O CEP é um cadastro de áreas de endereçamento mantido pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT. Ele é um conjunto numérico constituído de oito algarismos que é atribuído a uma área de endereçamento. Em áreas de alta demanda postal, um CEP pode estar associado somente a um bairro, um logradouro, um trecho do logradouro ou, em casos muito particulares, a um único prédio. O CEP pode se referir a áreas de dimensões bastante variadas. Aproximadamente 83% dos municípios brasileiros possuem apenas um CEP. Entretanto, 98% dos CEPs estão associados diretamente a logradouros, concentrados no pequeno número de municípios com mais de um CEP (normalmente aqueles com maior população). Vale destacar que há municípios em que a área rural, em sua totalidade, possui somente um CEP, enquanto a área urbana possui CEPs variados. Alguns exemplos podem ser vistos na tabela a seguir: CEP TIPO DE CEP REFERENTE A: TOTAL DE CEPS NO MUNICÍPIO 57130000 Localidade: Município Santa Luzia do Norte – AL 1 88169899 Localidade: Área Rural Biguaçu – SC 797 88164210 Logradouro: Avenida Beira-Rio Biguaçu – SC 797 39334200 Localidade: Vila de Fátima Brasília de Minas – MG 8 20271203 Logradouro: Rua General Canabarro – até 318 lado par Rio de Janeiro – RJ 27.913 20271900 Usuário: Petrobras – Rua General Canabarro, 500 Rio de Janeiro – RJ 27.913 Atenção Nos setores urbanos, cada mudança de quadra, de face ou de logradouro durante o percurso pode representar um CEP diferente a ser registrado. Ao registrar um endereço, você precisará atribuir um CEP válido, corretamente associado a ele. O DMC é carregado com uma lista de CEPs válidos para o município onde se localiza o setor em coleta. O CEP indicado deve ser válido e correto. Válido, pois deve existir no banco de dados dos Correios; e correto, pois deve corresponder adequadamente ao local visitado. Portanto, lembre-se de pesquisar previamente os CEPs válidos existentes para a área do setor, pois isso evitará eventuais dúvidas e erros no momento da coleta. Caso você identifique em campo ou com algum informante um CEP estabelecido pelos correios muito recentemente, ele pode não constar em sua lista de CEPs no DMC. Nestas situações, procure identificar se o CEP antigo está registrado na sua lista para seleção no DMC ou registre o CEP do logradouro ou localidade mais próximo. 48 CD-1.09 Manual do RecenseadoR A identificação dos CEPs existentes no setor deve se iniciar ainda no planejamento do trabalho. O Recenseador poderá consultar o site dos Correios ou solicitar o auxílio de seu supervisor nessa tarefa. Atenção Há no anexo 1, ao final do manual, orientações sobre o “Procedimento do DMC” envolvendo a temática “Localidade, Logradouro e CEP”. 8.4. Número e modificador Número é o valor numérico propriamente dito que indica a posição da edificação no logradouro. O Modificador está associado à informação do número, quando necessário. Ele especifica o número quando é preciso diferenciar mais de uma posição no logradouro com a mesma numeração ou adicionar informação a ela. É sempre alfanumérico. Veja o exemplo de endereço a seguir: Avenida Brasil, 1367 B → LOGRADOURO NÚMERO MODIFICADOR Avenida Brasil 1367 B Nesse exemplo, temos a informação do número 1367 B. O número é utilizado para indicar a posição relativa de uma unidade no logradouro Avenida Brasil. Nesse caso, a letra (B) será denominada modificador e serve para diferenciar essa unidade da 1367 A e da 1367 C, por exemplo. 49 CD-1.09 Manual do RecenseadoR Fonte: Google Street View 09/2020. Na primeira figura, são apresentadas duas unidades, cada uma com o seu próprio portão de entrada. O modificador “A” diferencia o endereço de número “10A” do outro de número “10”. Na segunda figura, são apresentadas algumas das formas mais comuns de modificadores que acompanham o número. Além de diferenciar o número, o modificador pode também assumir a função de agregar informações a ele. Isso ocorre quando o endereço é numerado por um sistema que não foi oficialmente instituído pela Prefeitura, mas por outros órgãos e instituições. Nessas numerações, o modificador é utilizado para identificar qual é o sistema utilizado na numeração, como por exemplo: � Fundação Nacional de Saúde (Funasa); � SMS (Secretaria Municipal de Saúde); � Companhias de Energia e Água (Celg, Coelba, Cedae etc.); � Quilometragem em uma rodovia (km). Por exemplo, é o caso de uma região, sem numeração, que receba a visita da Fundação Nacional de Saúde para vacinar a população. Logo, a Funasa numerará as casas para estabelecer algum roteiro para a visita que fará em cada casa. É comum também a utilização do modificador “SN” (sem número) para indicar que não há numeração atribuída a um endereço em nenhum dos sistemas conhecidos: nem no oficial, nem em um sistema determinado por alguma instituição reconhecida. Atenção A ocorrência de um endereço sem numeração obriga o registro de complemento (s) e/ou ponto de referência, valendo-se também das Coordenadas Geográficas como um importante recurso de identificação do endereço. 50 CD-1.09 Manual do RecenseadoR Veja a seguir alguns exemplos com seu contexto de utilização do modificador: Endereço Número Modificador Contexto de utilização Rua Sete de Setembro, 155 155 Quando há numeração e esta é suficiente para identificar a unidade de interesse. Travessa Padre Mendonça, 14 FNS 14 FNS Quando a única numeração disponível é definida pelo sistema organizado por uma instituição reconhecida: FNS, SMS, Funasa, Celg, Coelba, CIST - para programa de cisternas, quando a mesma estiver ligada a apenas um domicílio. Alameda Boa Vista, 182 A 182 A Utilizado diante da necessidade de diferenciar unidades com o mesmo número, mas com acessos distintos no mesmo logradouro (A, B, 1, 2 etc.). Avenida Capitão Manoel Rudge, 777 Fundos 777 Fundos Outros valores alfanuméricos podem ser utilizados com a mesma finalidade: diferenciar unidades com o mesmo número, mas com acessos distintos no mesmo logradouro (Fundos, Frente, Térreo, Quadra, Lote, etc.). Rodovia MS-352, km 2 2 km Pode ser utilizado nos casos de unidades sem numeração, situadas em rodovias ou estradas, para uma referência aproximada. Como a mesma quilometragem pode abrigar mais de uma unidade, pode ser necessário usar complemento(s) e/ou ponto de referência para individualizar o endereço. Rua Gonçalves Dias, Sem Número SN Indica a inexistência de numeração após a verificação de todas as outras possibilidades de identificação. Neste caso, é obrigatório utilizar outros recursos (complemento(s) e/ou ponto de referência) para identificar a unidade. 51 CD-1.09 Manual do RecenseadoR Fonte: https://cbic.org.br/sustentabilidade/2019/01/10/programa-cisternas-programa-nacional-de- apoio-a-captacao-de-agua-de-chuva-e-outras-tecnologias-sociais-de-acesso-a-agua/ Endereço em que a única numeração disponível é a do Programa de Cisternas Atenção Para as pesquisas do IBGE, deve prevalecer, sempre, o número oficial do endereço, reconhecido pela prefeitura do município. Caso um endereço possua mais de uma numeração (uma oficial e uma reconhecida por outra instituição, por exemplo), registre a numeração oficial no campo reservado ao número e indique a numeração alternativa no ponto de referência, caso esta seja imprescindível à identificação da unidade. Caso o número da unidade não esteja visível na fachada do terreno ou da edificação, coloque o número no cadastro da unidade e indique que não há identificação visível do número na fachada. Há um campo específico no DMC (existência de identificação) para marcar uma situação como esta. 52 CD-1.09 Manual do RecenseadoR 8.5. Complemento: elemento e valor Vamos rever o primeiro
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