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ANATOMIA PATOLÓGICA Prof.ª Juliana Meira de V. Xavier DISTÚRBIOS DE CRESCIMENTO Prof.ª Juliana Meira de V. Xavier célula Normal A Célula lida com exigências fisiológicas normais, mantendo uma homeostasia. Figura 1: Célula normal Estímulos O2 Nutrientes CO2 Adaptação Celular Figura 2: Adaptações resposta celular a estresses fisiológicos e estímulos patológicos Adaptação Celular As adaptações são respostas estruturais e funcionais reversíveis a estresses fisiológicos mais excessivos e alguns estímulos patológicos , durante os quais estados constantes novos, porém alterados são alcançados, permitindo que a célula sobreviva e continue a funcionar. • Hipertrofia • Hiperplasia • Atrofia • Metaplasia • Displasia Hipertrofia Hiper= excesso; trofia= nutrição É um aumento do tamanho das células que resulta em um aumento no tamanho do órgão. A hipertrofia pode ser: Fisiológica Patológica Figura 3: Célula sofrendo hipertrofia Causas da hipertrofia: Aumento da demanda funcional; Estimulação de hormônios Mecanismos da Hipertrofia A hipertrofia é resultado do aumento da produção de proteínas celulares. Figura 4: Hipertrofia fisiológica. Aparência macroscópica do útero normal (à direita) e do útero gravídico (à esquerda) removido por hemorragia pós-parto. Hiperplasia fisiológica Figura 5: Células musculares lisas uterinas, pequenas e fusiformes , útero normal (à esquerda). Células de útero grávido, roliças e grandes, no mesmo aumento. Hipertrofia Muscular Aumento do tamanho das fibras musculares individuais,em resposta ao aumento da demanda. Hipertrofia muscular Hipertrofia patológica Figura 6: Miócito normal Figura 7: Miócito adaptado (hipertrofia) Aumento da sobrecarga Cortes histológicos de tecido cardíaco normal (à esquerda) e de tecido cardíaco hipertrofiado (à direita). Imagens macroscópicas de coração hipertrofiado Hipertrofia Patológica Figura 8: Tecido muscular cardíaco hipertrófico (à esquerda) e tecido cardíaco normal (à direita). A hipertrofia ventricular esquerda(HVE) é caracterizada pelo espessamento das paredes do ventrículo esquerdo (VE), a principal câmara do coração. A (HVE) é uma complicação precoce de hipertensão arterial, sendo observada em 20 a 50% dos casos de (HA) leve e moderada, e mais de 90% dos hipertensos graves. É importante saber que o aumento celular não é causado por algum tipo de edema, mas pela síntese de mais componentes estruturais. Nos casos anteriormente citados as células musculares sintetizam mais proteínas e o tamanho dos miofilamentos aumenta. Atrofia É a redução do tamanho e do número de células que resulta da diminuição do tamanho de um órgão. Figura 18: células sofrendo atrofia No início do processo atrófico, as células tem sua função diminuída, mas não estão mortas. No entanto, a atrofia causada por redução gradual de suprimento sanguíneo pode progredir até o ponto que as células são lesadas de modo irreversível e morrem Redução no volume e na função de uma célula ou órgão; Resultante da resposta adaptativa da célula ao estresse persistente; de suas funções Volume Podendo ser: Fisiológica Patológica Atrofia Fisiológica: é comum durante as fases iniciais de desenvolvimento. Ex: A notocorda, estrutura embrionária, sofre atrofia durante o desenvolvimento embrionário. Ex: Involução uterina pós-parto. Atrofia patológica: dependendo da causa básica pode ser local ou generalizada. Ex: Doença cerebrovascular aterosclerótica Figura 19: Imagem da notocorda em embrião Mecanismos de atrofia A atrofia resulta da diminuição da síntese proteica e do aumento da degradação das proteínas nas células. Em alguns situações, a autrofia é acompanhada pela autofagia (ato de comer a si próprio), a célula privada de alimento digere seus próprios componentes para obter nutrientes e sobreviver. As causas de atrofia são: Desuso ou Diminuição da carga de trabalho Diminuição do suprimento sanguíneo Nutrição inadequada /insuficiência de nutrição Atrofia por interrupção de sinais tróficos Envelhecimento. Compressão - Desuso ou Diminuição da carga de trabalho: Com o desuso mais prolongado as fibras musculares esqueléticas diminuem em número, e em tamanho, essa atrofia pode ser acompanhada de um aumento da reabsorção óssea, levando à osteoporose por desuso. Ex 1: Imobilização de um membro engessado Ex 2: Repouso prolongado no leito Bíceps normal Bíceps atrofiado Diminuição do suprimento sanguíneo Isquemia parcial, decorrente de obstrução parcial de uma artéria, reduzindo o suprimento sanguíneo, assim como a oxigenação dos tecidos. Ex: Doença cerebrovascular aterosclerótica Figura 20: A, Cérebro normal de adulto jovem. B, Atrofia de cérebro em homem de 82 anos com doença cerebrovascular aterosclerótica -Nutrição inadequada/ insuficiência de nutrição A desnutrição proteico-calórica profunda (marasmo) está associada ao músculo esquelético como fonte de reserva, após a depleção de outras fontes de energia como tecido adiposo, culminando com a atrofia muscular. Ex: caquexia de pacientes com câncer internados Ex: Adultos e crianças que vivem em regiões onde a fome é endêmica Atrofia por anorexia Atrofia por marasmo Atrofia por interrupção de sinais tróficos Relaciona-se com a perda do estímulo hormonal ou nervoso. Redução dos níveis de estrógeno na menopausa; Ex: atrofia do endométrio Insuficiência hipofisária ( diminuição do hormônio folículo- estimulante –FSH) Ex; Atrofia de ovário Desnervação leva a atrofia do músculo esquelético (poliomielite) EX: Trauma por lesão de nervos ou medula -Atrofia por envelhecimento A atrofia no envelhecimento é causada por diminuição de nutrição e oxigenação. Ex: diminuição das circunvoluções cerebrais e aumento dos sulcos. Ex: diminuição do coração -Atrofia por compressão Acomete determinados órgãos em consequência da compressão por coleções líquidas ou outras estruturas. Ex: Neoplasia benigna de tireóide pode causar atrofia do parênquima tiroideano Ex: Hiperplasia prostática pode causar compressão da uretra Hiperplasia Hiper= excesso; plasia=formação É um aumento do número de células em um órgão ou tecido, resultando geralmente em aumento da massa de um órgão ou tecido Podendo ser: Fisiológica ( hormonal e compensatória) Patológica Figura 9: Célula sofrendo hiperplasia Hiperplasia Figura 10: A imagem (à esquerda) mostra células normais e (à direita) células sofrendo hiperplasia Hiperplasia fisiológica -Hormonal: aumenta a capacidade funcional de um tecido quando necessário -Compensatória: aumenta a massa de um tecido após lesão ou ressecção parcial. Hiperplasia patológica É causada por excesso de hormônios. Hiperplasia fisiológica hormonal Figura 11: hiperplasia mamária na puberdade e na gravidez Figura 12: Útero gravídico sofrendo concomitantemente hiperplasia e hipertrofiaMecanismos da hiperplasia: A hiperplasia é resultado da proliferação de células maduras induzidas por fatores de crescimento e, em alguns casos pelo surgimento elevado de novas células a partir de células troco-teciduais. Hiperplasia fisiológica compensatória Figura13: Fígado após hepatectomia parcial, regenerado Figura 14: Em caso de nefrectomia ( retirada de um dos rins o que rim que permanece sofre hiperplasia Figura : Em caso de nefrectomia ( retirada de um dos rins o que rim que permanece sofre hiperplasia Regeneração do fígado humano, imagem de uma tomografia computadorizada. Hiperplasia patológica Hiperplasia endometrial Figura 15: Útero normal (à esquerda) útero com hiperplasia endometrial à direita. Hiperplasia endometrial Proliferação do epitélio endometrial por estímulos hormonais Cessação de estímulos pelo aumento de progesterona Manutenção de níveis absolutos de estrogênio Diminuição da progesterona menstruação Hiperplasia endometrial Hiperplasia prostática benigna Figura 16: Próstata tamanho normal (à esquerda) e Hiperplasia prostática benigna (à direita) Hiperplasia prostática benigna Figura 16: Próstata tamanho normal (à esquerda) e hirperplasia prostática benigna (à direita) Figura 17: posição anatômica da próstata A hiperplasia é diferente do câncer, porém a hiperplasia patológica constitui um solo fértil no qual a proliferação cancerosa poderá surgir posteriormente. Metaplasia Meta=mudança; plasia= formação É uma alteração reversível na qual um tipo de célula é substituída por outro tipo de célula. Pode se desenvolver em tecidos expostos a prolongados traumatismos ou a irritações crônicas. Ex.: Metaplasia escamosa. ( Células epiteliais normais, colunares e ciliadas da traqueia e dos brônquios, são substituídas por escamosas estratificadas, devido uma exposição ao fumo) Mecanismo da Metaplasia A metaplasia não é uma alteração no fenótipo de um tipo celular já diferenciado. Ocorre uma reprogramação de células tronco que sabiamente existem em tecidos normais Metaplasia Figura 22: Metaplasia do epitélio colunar para escamoso de uma traqueia Irritação crônica da traqueia e brônquios causada pelo cigarro Substituição de células colunares e ciliadas Aparecimento de células escamosas estratificadas Ex: inflamação do colo do útero Epitélio colunar epitélio escamoso O colo do útero Ectocérvice: epitélio escamoso Endocérvice: epitélio colunar Se as influências que predispõem à metaplasia persistirem, podem iniciar a transformação maligna no epitélio metaplásico. Metaplasia A metaplasia do tipo escamoso para colunar pode ocorrer no esôfago de barrett, no qual o epitélio escamoso do esôfago é substituído por células colunares, pela influência do refluxo do ácido gástrico. Displasia (Dis= dificuldade; plasia= formação) Organização anormal ou diferenciação desordenada de células ou tecidos presentes em um órgão. Pela OMS a displasia é uma lesão na qual parte da espessura do epitélio é substituída por células com vários graus de atipia. Ex: Displasia do epitélio da cérvix uterina OBS: Havendo persistência do estímulo, haverá aumento da divisão celular com aumento do número de células anormais, intensificando a lesão. Displasia O Termo displasia é aplicado tanto no sentido de lesões pré-cancerosas. O epitélio normal sob estímulos sofre alterações morfológicas, apresentando portanto atipias celulares. Displasia Tipos de displasias cervicais Em colo uterino Displasia leve/NIC I/Lesão de baixo grau Displasia Moderada/ NIC II/ Lesão de alto grau Displasia Acentuada/ Carcinoma in situ/ NIC III/Lesão de alto grau Displasia Observação : Não confundam anomalia com atrofia ! Anencefalia Referências FILHO BRASILEIRO, G. Bogliolo Patologia Geral. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. FRANCO, M.; MONTENEGRO, M.R.; BRITO, T.;BACHI, C.E. ; ALMEIDA, C.A. Atheneu, 2010. ROBINS; CONTRAN. Bases patológicas das doenças. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
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