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Gabbard e Ogden - Tornar-se psicanalista

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1 
Int J Psychoanal (2009) 90:311–327 doi: 10.1111/j.1745-8315.2009.00130.x 
 
Sobre tornar-se um psicanalista 
 
Glen O. Gabbard e Thomas H. Ogden 
Baylor College of Medicine – Psychiatry, 6655 Travis Street, Suite 500, 
Houston, Texas 77030, USA – ggabbard12@aol.com; dtrees@bcm.edu 
 
(Data da aceitação final – 12 de Novembro de 2008) 
 
A oportunidade e a responsabilidade de tornar-se um analista nos seus próprios 
termos surgem no decorrer dos anos de prática que seguem a conclusão da 
formação analítica formal. Os autores discutem seu entendimento sobre algumas 
das experiências de amadurecimento que contribuíram para torná-los analistas nos 
seus próprios termos. Acreditam que o elemento mais importante do processo de 
seu amadurecimento como analistas seja o desenvolvimento da capacidade de fazer 
uso do que é único e idiossincrático em cada um deles; cada um, em seus melhores 
momentos, conduz-se como um analista, de uma maneira que reflete seu próprio 
estilo analítico, sua própria maneira de estar com seus pacientes e de falar com 
eles, sua própria forma da prática da psicanálise. Os tipos de experiências de 
amadurecimento que os autores analisam incluem situações nas quais aprenderam 
a ouvir a si próprios falando com seus pacientes e, assim fazendo, começaram a 
desenvolver uma voz própria; experiências de crescimento que ocorreram em um 
contexto de apresentação de material clínico a um supervisor; fazer uso auto-
analítico de sua experiência com seus pacientes; criar / descobrir a si mesmos 
como analistas na experiência da escrita analítica (dando atenção especial à 
experiência de amadurecimento envolvida na escrita do presente artigo); e 
responder à necessidade de continuar mudando, para ser original em seu 
pensamento e comportamento como analistas. 
 
Palavras chave: desenvolvimento, história da psicanálise, educação psicanalítica. 
 
Poucos de nós sentimos que realmente sabemos o que estamos fazendo quando 
completamos a nossa formação psicanalítica formal. Nós nos debatemos. 
Lutamos para encontrar a nossa „voz‟, o nosso 'estilo' próprio, um sentimento de 
mailto:dtrees@bcm.edu
 2 
que estamos comprometidos com a prática da psicanálise de uma maneira que 
leva a nossa própria marca: 
É apenas depois de se ter qualificado [como um analista] que se tem a chance de 
tornar-se um analista. O analista no qual você se torna é você, e somente você; a 
singularidade de sua própria personalidade tem que ser respeitada - isso é o que 
você usa, não todas aquelas interpretações [aquelas teorias que se usa para combater 
o sentimento de que você não é realmente um analista e que não sabe como tornar-
se um]. 
 (Bion, 1987, p. 15) 
No presente artigo discutimos uma variedade de experiências de 
amadurecimento que foram importantes para nós em nossos esforços para nos 
tornarmos analistas após nossa formação analítica. Certamente os tipos de 
experiência que tiveram valor especial para cada um de nós foram diferentes, 
mas também se sobrepuseram de formas importantes. Tentamos transmitir tanto 
a padronização quanto as diferenças entre os tipos de experiência que foram 
mais significativos para nós em nossos esforços para nos tornarmos analistas (e 
para amadurecermos como tal). Além disso, discutimos várias medidas 
defensivas que os analistas em geral, e nós em particular, temos usado diante 
da ansiedade que é inerente ao processo de tornar-se genuinamente um analista 
nos seus próprios termos. 
 
Um contexto teórico 
Uma variedade de experiências ao longo do desenvolvimento como analista é 
fundamental para o amadurecimento tanto como analista quanto como 
indivíduo. O amadurecimento do analista tem muito em comum com o 
desenvolvimento psíquico em geral. Identificamos quatro aspectos do 
crescimento psíquico que são essenciais para a nossa visão do processo de 
tornar-se um analista. 
 O primeiro é a idéia de que pensar / sonhar a própria vivência no mundo 
constitui um meio principal, talvez o meio principal pelo qual se aprende com a 
 3 
experiência e se atinge o crescimento psicológico (Bion, 1962a). Além disso, a 
vivência de alguém é geralmente tão perturbadora que excede a capacidade do 
indivíduo de usá-la psiquicamente de algum modo, ou seja, pensar ou sonhar a 
experiência. Sob tais circunstâncias, são requeridas duas pessoas para pensar ou 
sonhar a experiência. A psicanálise de cada um dos nossos pacientes, 
inevitavelmente nos coloca em situações que nunca foram antes experimentadas 
e, como conseqüência, exige de nós uma personalidade mais ampla do que 
aquela que trouxemos para a análise. Consideramos que isso seja verdadeiro 
para todas as análises: não existe uma análise “fácil” ou “direta”. A re-
conceituação da identificação projetiva como um processo intrapsíquico ⁄ 
interpessoal nos trabalhos de Bion (1962a, 1962b) e Rosenfeld (1987) 
reconhece que nessas situações analíticas novas e perturbadoras, o analista 
requer outra pessoa para ajudá-lo a tornar o impensável pensável. Esta outra 
pessoa é na maioria das vezes o paciente, mas pode ser um supervisor, um 
colega, um mentor, um grupo de consulta, e assim por diante. 
 Inerente a esse conceito de pensamento intersubjetivo existe a idéia de que, 
ao longo da vida do indivíduo, „„É preciso [pelo menos] duas pessoas para 
formar uma‟‟ (Bion, 1987). Precisa-se de uma mãe-e-bebê capaz de ajudar a 
criança a alcançar „„status de unidade‟‟ (Winnicott, 1958a, p. 44). Três pessoas 
são necessárias - mãe, pai e filho - para criar uma criança edipiana saudável; é 
preciso haver três pessoas - mãe, pai e adolescente - para criar um jovem adulto; 
precisa-se de dois jovens adultos para criar um espaço psicológico no qual se 
possa criar um casal que, por sua vez, seja capaz de criar um espaço psicológico 
no qual um bebê possa ser concebido (literalmente e metaforicamente); é 
preciso uma combinação de uma jovem família e de uma velha família (uma 
avó, um avô, mãe, pai e filho) para criar condições que contribuam para que se 
aceite, ou que facilitem a aceitação e o uso criativo da experiência de 
envelhecimento e morte dos avós (Loewald, 1979). 
 4 
 No entanto, essa concepção intersubjetiva do desenvolvimento do analista é 
incompleta na ausência de sua contraparte intra-psíquica. Isso nos leva ao 
segundo aspecto do contexto teórico para essa discussão: para pensar / sonhar a 
nossa própria experiência, precisamos de períodos de isolamento pessoal, não 
menos do que precisamos da participação das mentes dos outros. Winnicott 
(1963) reconheceu esse requisito essencial do desenvolvimento quando 
observou: „„Há um estágio intermediário no desenvolvimento saudável no qual 
a experiência mais importante do paciente em relação ao objeto bom ou 
potencialmente satisfatório é a recusa do mesmo‟‟ (p. 182). No setting analítico, 
o trabalho psicológico que é realizado entre as sessões não é menos importante 
que o trabalho feito com o analista nas sessões. Na verdade, analista e paciente 
precisam „dormir sobre‟ a sessão, isto é, precisam sonhá-la por si próprios antes 
de serem capazes de realizar um trabalho mais profundo como um par analítico. 
De maneira semelhante, nas sessões, o trabalho psicológico que o paciente 
realiza separado do analista (e que o analista realiza no seu espaço isolado atrás 
do divã) é tão importante quanto o pensar / sonhar que os dois realizam um com 
o outro. Essas dimensões – a interpessoal e a solitária – são totalmente 
interdependentes e permanecem em tensão dialética uma com a outra. (Quando 
falamos de isolamento pessoal, estamos nos referindo a um estado psicológico 
diferente do estado de estar sozinho na presençade outra pessoa, isto é, „a 
capacidade de estar só‟ de Winnicott [1958b]. Ao invés disso, o que temos em 
mente é um estado que é muito menos dependente das relações de objeto 
externas, ou mesmo internalizadas [ver Ogden, 1991, para uma discussão desse 
estado saudável de „isolamento pessoal‟]). 
 O terceiro aspecto do crescimento psíquico, que é essencial para a nossa 
concepção de amadurecimento do analista, é a idéia de que se tornar um 
analista envolve um processo de ''sonhar-se mais plenamente na existência'' 
(Ogden, 2004a, p. 858) de maneiras cada vez mais complexas e inclusivas. Na 
tradição de Bion (1962a), estamos usando o termo 'sonhar' com referência à 
 5 
forma mais profunda de pensamento. É um tipo de pensamento no qual o 
indivíduo é capaz de transcender os limites da lógica do processo secundário 
sem perda do acesso a esse tipo de lógica. O sonho ocorre continuamente, tanto 
durante o sono como durante a vigília. Da mesma maneira que as estrelas 
persistem mesmo quando a sua luz é obscurecida pela luz do sol, assim também 
sonhar é uma função contínua da mente que persiste durante a vigília, mesmo se 
obscurecida pela consciência e pelo resplendor da vigília. (Sonhar acordado no 
setting analítico toma a forma da experiência de reverie do analista [Bion, 
1962a; Ogden, 1997].) A atemporalidade dos sonhos permite que se elabore 
simultaneamente uma multiplicidade de perspectivas em uma experiência 
emocional de uma maneira que não é possível no contexto de tempo linear, e da 
lógica de causa e efeito que caracteriza a vigília, processo secundário de 
pensamento. (A simultaneidade de perspectivas múltiplas que foi capturada na 
arte cubista de Picasso e Braque teve influência sobre a arte do século 20 de 
todos os gêneros – a poesia de T.S. Eliot e Ezra Pound, os romances de 
Faulkner e os últimos romances de Henry James, as peças de Harold Pinter e 
Ionesco, e os filmes de Kieslowski e David Lynch, bem como a arte da 
psicanálise). 
 O trabalho do sonho é o trabalho psicológico através do qual criamos 
significados simbólicos e pessoais, deste modo nos tornando nós mesmos. É 
nesse sentido que nos sonhamos dentro da existência como analistas, 
analisandos, supervisores, pais, amigos, e assim por diante. Na ausência do 
sonho, não podemos aprender com nossa experiência de vida e, 
conseqüentemente, continuamos presos em um presente infinito e imutável. 
 O quarto aspecto do crescimento psíquico que acreditamos ser fundamental 
para a forma como pensamos sobre o processo de tornar-se um analista é o 
conceito de continente-conteúdo de Bion (1962a, 1970). O „continente‟ não é 
uma coisa, mas um processo de realizar o trabalho psicológico com nossos 
pensamentos perturbadores. A expressão „realizar um trabalho psicológico‟ é 
 6 
aproximadamente equivalente a idéias/sentimentos como a experiência de 
„entrar em acordo com‟ um aspecto da própria vida que foi difícil de admitir ou 
„fazer as pazes com‟ acontecimentos importantes e profundamente 
perturbadores da vida da pessoa, tais como a morte dos pais, de um filho ou do 
cônjuge, ou a própria morte que se aproxima. O „conteúdo‟ é a representação 
psicológica daquilo com que se está fazendo as pazes ou entrando em acordo. O 
colapso de um relacionamento mutuamente produtivo entre os pensamentos 
provenientes de uma experiência perturbadora (o conteúdo) e a capacidade de 
pensar/sonhar estes pensamentos (o continente) pode tomar uma série de formas 
que se manifestam em uma variedade de tipos de fracasso em amadurecer como 
um analista (Ogden, 2004b). As vivências perturbadoras – „o conteúdo‟ (por 
exemplo, as violações de limites por parte do analista pessoal do analista) – 
pode destruir a capacidade do analista de pensar como um analista („o 
conteúdo‟), particularmente sob certas circunstâncias emocionais (Gabbard e 
Lester, 1995). 
 Com essas idéias em mente, consideraremos então um conjunto de 
experiências de amadurecimento que são comuns aos analistas no decorrer do 
seu desenvolvimento. Quando se completa a formação psicanalítica, muitas 
vezes tem-se a vaga sensação de um sentimento um pouco fraudulento. Tem-se 
a autorização para um 'vôo solo', sem a ajuda de um supervisor, no entanto 
sente-se um certo grau de turbulência que pode ser desconcertante. Às vezes, os 
analistas bendizem a oportunidade de aprender (e amadurecer) com os tipos de 
situações analíticas que estamos prestes a descrever. Em outras vezes e em 
outras circunstâncias, de repente e inadvertidamente, os analistas encontram-se 
imersos nessas situações analíticas perturbadoras e conseguem um crescimento 
psicológico „agindo por intuição e percepção‟. 
 
 
 
 7 
Experiências de amadurecimento do analista 
 Nas seções seguintes deste artigo, discutiremos uma série de tipos de 
experiências de amadurecimento que desempenharam um papel importante no 
desenvolvimento de nossas identidades analíticas. Essas experiências incluem o 
processo gradual de desenvolvimento de uma maneira própria de falar com os 
pacientes; o desenvolvimento do senso de si próprio como um analista no 
processo de apresentar o trabalho clínico a um consultor; o fazer uso auto-
analítico de experiências com os pacientes; e o criar/descobrir a si mesmo como 
analista no processo de escrever artigos analíticos. 
 
I. O desenvolvimento de uma voz própria 
Ao ouvir-se falando (por exemplo, com seus pacientes, supervisionandos, 
colegas e membros de seminários), o analista pergunta-se: “Que impressão eu 
causo quando falo desse modo?'' ''Eu realmente quero falar dessa maneira?'' 
''Com quem eu me pareço?'' ''De que forma pareço diferente da pessoa na qual 
eu me tornei e estou me tornando?'' ''Se eu fosse falar de maneira diferente, 
como isso soaria? " ''Como eu me sentiria ao falar de uma maneira que é 
diferente de qualquer outro que não eu mesmo?'' Há um paradoxo no fato de 
que falar naturalmente, como a própria pessoa, é tanto fácil (no sentido de não 
ter que fingir ser alguém diferente de quem se é) quanto muito difícil (no 
sentido de encontrar / inventar uma voz que emerge da totalidade de quem se 
está sendo em um dado momento). Ao se prestar uma atenção cuidadosa, 
descobre-se que há resíduos inconfundíveis da voz de seu analista nas palavras 
faladas a seus pacientes. Essas formas de falar estão „em nossos ossos‟, 
internalizadas há muito tempo e fazem parte de nós sem que tenhamos 
consciência do processo de assimilação. 
 Embora esse tipo de experiência de amadurecimento ocorra principalmente 
no contexto do falar com os outros, há também um aspecto intra-psíquico, uma 
batalha consciente e inconsciente consigo mesmo no esforço de encontrar-se / 
 8 
criar-se como um analista. As vozes que se ouve estão principalmente na mente 
(Smith, 2001) e pertencem aos nossos '„„fantasmas‟‟ e „„ancestrais‟‟ (Loewald, 
1960, p. 249). Os fantasmas nos habitam de uma maneira que não está 
totalmente integrada ao nosso senso de self; nossos ancestrais nos fornecem um 
sentido de continuidade com o passado. No processo de tornar-se um analista, 
precisamos „sonhar‟ por nós mesmos uma maneira autêntica de falar que 
envolva nossa liberação de nosso(s) próprio(s) analista(s), bem como de nossos 
supervisores, professores e escritores que admiramos, enquanto também 
recorremos ao que aprendemos com eles. A tensão dialética existe entre 
reinventar-se, por um lado, e utilizar de forma criativa a própria ascendência 
emocional, por outro lado. 
 Ninguém descreveu melhor do que Loewald os dilemas psicológicos que 
estão envolvidos na passagem da autoridade de uma geração para a seguinte. 
Em The waning of the Oedipus complex, Loewald (1979) descreve as maneiras 
pelas quais o crescer (tornando-se um indivíduo amadurecido por direito 
próprio) exige que se mate os próprios pais (em mais que uma forma 
metafórica) e simultaneamente os imortalize.O parricídio é um ato de 
reivindicar o próprio lugar como uma pessoa responsável por si própria; a 
imortalização dos próprios pais (um ato de reparação ["at-one-ment"] para o 
parricídio) envolve uma internalização metamórfica dos pais. Esta 
internalização é „metamórfica‟ no sentido de que os pais não são simplesmente 
transformados em um aspecto de si mesmo (uma simples identificação). Pelo 
contrário, é uma internalização de um tipo muito mais rico: o da incorporação 
na própria identidade de uma versão dos pais que inclui uma concepção de 
quem eles poderiam ter se tornado, mas foram incapazes de se tornar, como 
conseqüência das limitações de suas próprias personalidades e das 
circunstâncias em que viveram. Que melhor reparação se pode fazer em relação 
aos pais que se matou (Ogden, 2006)? 
 9 
 No processo de tornar-se um analista, é preciso que se seja capaz de cometer 
atos parricidas em relação aos próprios pais analíticos, enquanto se repara o 
parricídio no ato de internalizar uma versão transformada dos mesmos. Essa 
internalização metamórfica reconhece seus pontos fortes e suas fraquezas e 
envolve uma incorporação na própria identidade de um sentido não somente de 
quem eles foram, mas também de quem eles poderiam ter se tornado, caso as 
circunstâncias externas e internas o tivessem permitido. 
 Na seguinte vinheta clínica, um de nós (Ogden) descreve uma experiência 
em que paciente e analista viveram e sonharam juntos uma experiência que 
facilitou o amadurecimento de ambas as partes. 
 Por um período de tempo significativo, o analista descobriu-se usando a 
palavra bem [well] para introduzir praticamente cada pergunta e comentário que 
dirigia aos seus pacientes. Parecia tão natural que levou um bom tempo para 
que ele reconhecesse o fato de que tinha adotado essa maneira de falar. 
Observou também que falava dessa maneira somente quando falava com os 
pacientes e não quando falava com supervisionandos, quando conversava em 
seminários, ou quando falava com colegas, e assim por diante. Ao tornar-se 
consciente de que estava falando dessa maneira, ficou imediatamente aparente 
para ele que tinha adotado um maneirismo do seu primeiro analista. Disse a si 
mesmo que não sentia necessidade de „corrigi-lo‟, já que o experimentava como 
uma conexão emocional com um homem que admirava e de quem gostava. O 
que ele não percebeu foi que também não tinha visto necessidade de analisá-lo 
(isto é, refletir sobre a razão pela qual essa identificação tinha se evidenciado 
daquela forma, naquela conjuntura de sua vida e naquela conjuntura de seu 
trabalho com aqueles pacientes em particular). 
 Um dos pacientes com o qual ele estava trabalhando em análise durante esse 
período era o Sr. A, um homem que tinha escolhido uma carreira na mesma 
área em que seu pai era uma figura proeminente. Foi nas sessões com o paciente 
– embora houvesse experiências relacionadas com outros pacientes – que ele 
 10 
começou a se sentir de uma maneira diferente a respeito do que tinha parecido 
um subterfúgio inofensivo no seu modo de falar. Essa mudança de perspectiva 
surgiu em um período de semanas enquanto ele ouvia o Sr. A minimizar o 
efeito causado pelo fato dele ter entrado na mesma área de seu pai enquanto que 
ao mesmo tempo usava repetidamente a frase „a área dele‟ em vez de „a minha 
área‟ ou „a nossa área‟. Durante esse período da análise, o Sr. A mencionou 
uma ocasião na qual tinha parecido ao analista que o paciente estava 
estranhamente provocando um de seus filhos para „tentar agir como um adulto‟. 
Embora o analista não tenha feito comentários sobre esse comportamento, isso 
teve um efeito perturbador sobre ele. 
 No início de uma sessão durante esse período de trabalho, o paciente 
queixou-se que o analista estava valorizando demais os efeitos de sua escolha 
para entrar „na área de meu pai'. O analista acreditou que ele tinha tido o 
cuidado de não tomar partido em relação ao assunto, então optou por 
permanecer em silêncio em resposta a essa acusação de seu paciente. Mais tarde 
na sessão, o Sr. A contou o seguinte sonho:‘‘Um terremoto havia começado 
com apenas uns poucos tremores, mas eu sabia que isso era apenas o início de 
um enorme terremoto no qual eu poderia muito bem ser morto. Tentei reunir 
umas poucas coisas que gostaria de levar comigo antes de deixar a casa em 
que estava. Era como se fosse a minha casa. Peguei uma fotografia de família – 
uma que na verdade eu deixava sobre uma mesa na minha sala de estar. É uma 
foto de meus pais, de Karen (sua esposa) e das crianças que tirei na Flórida. 
Senti uma enorme pressão de tempo – sentia-me como se estivesse sufocando e 
como se fosse uma loucura gastar o último fôlego que tinha para salvar uma 
fotografia. A sufocação não é a maneira pela qual um terremoto nos atinge, mas 
era assim que eu me sentia. Acordei assustado, com meu coração disparado‟‟. 
(Por razões que não foram de maneira alguma aparentes para o analista, 
também ele sentiu-se intensamente ansioso enquanto o paciente contava o 
sonho). 
 11 
 No decorrer da conversa sobre o sonho, o Sr. A ficou impressionado com o 
fato de que: „„porque eu tirei a foto, eu não estava nela. Estava nela como um 
observador, não como um membro do grupo‟‟. O analista disse: „„Você ficou 
primeiramente assustado com a sensação do início de um terremoto que poderia 
aumentar de intensidade ao ponto de poder matá-lo e a todos os que lhe são 
caros; mais tarde no sonho, você sentiu que estava prestes a morrer sufocado. 
Penso que no sonho você estava falando consigo mesmo e comigo sobre o seu 
sentimento de estar sendo expulso da sua própria vida – você era apenas um 
observador na foto de sua família e, no entanto, estava pronto a usar seu último 
fôlego para preservar aquele lugar, ainda que marginal. Isso lhe pareceu 
loucura, mesmo no sonho‟‟. 
 Enquanto o analista estava dizendo isso, ocorreu-lhe que o Sr. A, no seu 
relato sobre o sonho, poderia estar fazendo uma observação sobre o analista. A 
fala do paciente ao dizer que ele sabia que „„poderia muito bem ser morto‟‟ no 
terremoto, envolvia um fraseado que não somente usava a mesma palavra na 
qual o analista estava focalizado, como também a ligava diretamente à idéia de 
ser morto. Isso levou o analista a suspeitar que o Sr. A estava respondendo a 
algo que estava acontecendo no analista e que estava refletido na mudança em 
sua maneira de falar. Pareceu-lhe que o paciente temia que o analista tivesse 
desenvolvido uma forma de tique verbal que refletia uma loucura no analista 
que o impediria de ser o analista que ele precisava. Se também o analista 
estivesse sendo expulso de sua própria vida como um analista e de sua própria 
maneira de falar (com a qual o paciente tinha se tornado familiarizado com o 
passar dos anos), como poderia o analista ajudá-lo com um problema muito 
semelhante? 
 O analista pensou que era altamente improvável que o relato desse sonho 
fosse o primeiro comentário inconsciente do Sr. A sobre algo que ele percebia 
ser significativamente diferente no modo de falar do analista. O sonho do 
paciente foi crítico para o trabalho analítico, não somente porque estava se 
 12 
referindo a sentimentos tão diferentes daqueles que estavam sendo abordados 
em outros sonhos, mas porque foi a primeira vez em que o analista foi capaz de 
ouvir e responder ao que ele acredita ser o esforço inconsciente do paciente para 
falar com ele sobre seu medo de que ele percebesse uma mudança ameaçadora 
no analista. Retrospectivamente, a origem do sintoma (como o analista veio a 
compreendê-la) havia afetado sua capacidade de amadurecer como uma pessoa 
e como um analista. Também pensando retrospectivamente, o analista 
reconheceu que o fato do paciente cruelmente apontar que seu filho estava 
„tentando agir como um adulto‟ representava uma comunicação ao analista 
referenteao auto-ódio do paciente pela forma com que ele se sentia como uma 
criança. (Consideramos o sonho como um sonho que não pode ser atribuído 
somente ao paciente, mas a um sujeito inconsciente que é co-construído pelo 
paciente e pelo analista – „o terceiro analítico‟ [Ogden, 1994]. É este terceiro 
sujeito que sonha os problemas na relação analítica [além do paciente e do 
analista como sonhadores individuais].) 
 A observação inconsciente do paciente de que ele era um observador na foto 
de família, associada à percepção do analista da sua própria ansiedade enquanto 
ouvia o relato do sonho, fez com que o analista iniciasse uma linha de 
pensamento, uma conversa consigo mesmo, sobre os significados de sua 
imitação de seu primeiro analista. O que era mais poderoso na nova percepção 
do padrão da fala que ele havia adotado era sua persistência e invariabilidade 
através da plena gama de situações emocionais e através de formas diversas de 
conversações com tipos muito diferentes de pacientes. Parecia-lhe que a 
qualidade impessoal dessa forma genérica de falar refletia um sentimento 
subliminar que ele tinha abrigado por um tempo muito longo, mas que não tinha 
anteriormente colocado em palavras para si mesmo: ele havia tido a impressão 
durante a sua primeira análise (e posteriormente) que seu analista tinha em 
alguns aspectos importantes percebido-o de formas genéricas que não eram 
pessoais nem para ele e nem para o analista. Havia uma maneira na qual ele 
 13 
sentiu que a primeira percepção do analista em relação a ele foi inabalável e que 
alguma coisa importante estava faltando. Ambos os sentimentos também se 
refletiam na fotografia do sonho, no qual também a foto estava inalterada e não 
incluía o fotógrafo. O analista sentiu uma certa decepção em relação ao seu 
primeiro analista, mas sentiu-se principalmente envergonhado por não ter tido a 
coragem de conscientemente reconhecer a qualidade impessoal da forma como 
ele sentiu que estava sendo percebido e registrar um protesto. No sonho, houve 
uma escolha entre o sonhador salvar a foto ou salvar a sua própria vida. O 
analista percebeu que ele tinha metaforicamente escolhido salvar a fotografia – 
sua imagem fixa de seu próprio analista – e, como conseqüência, tinha 
abandonado algo de sua própria vitalidade. 
 Com base nesses pensamentos e em outros que se seguiram nos meses e 
semanas subseqüentes, o analista foi finalmente capaz de falar com o Sr. A 
sobre os seus sentimentos de vergonha (a vergonha de ter traído a si próprio) ao 
escolher buscar uma carreira na „área de seu pai‟ e não uma carreira na sua 
própria área (mesmo que fosse na área na qual seu pai também tinha 
trabalhado). (Voltaremos a esse exemplo clínico mais adiante neste artigo). 
 
II. Apresentação de material clínico a um supervisor 
Ao lutar com uma situação clínica em seus consultórios, os analistas 
freqüentemente procuram um colega em quem confiam. Ouvir a si mesmos 
nesse contexto é significativamente diferente das ocasiões nas quais se fala com 
os pacientes, alunos ou supervisionandos. Ao falar com um consultor, os 
analistas não estão tentando entender a outra pessoa como o fariam no seu 
trabalho com um paciente. O gradiente de maturidade (Loewald, 1960) se 
inclina na outra direção no trabalho do analista com um supervisor. As 
inseguranças e ansiedades do analista estão no centro do palco, dado o fato de 
que ele explicitamente solicitou a ajuda do consultor. A ênfase está no que o 
analista não sabe. A falta de entendimento por parte do analista – sua dúvida em 
 14 
relação a si mesmo, sua ansiedade, temor, vergonha, culpa, tédio, luxúria, 
inveja, ódio, terror e seus pontos cegos, – são todos expostos a um colega em 
um ato de fé. A experiência dos seus próprios limites (como um analista e como 
uma pessoa), e a aceitação desses limites pelo consultor, ajudam a moldar a 
identidade do analista no sentido da humildade, da curiosidade sobre si mesmo 
e da percepção de que sua própria análise é uma tarefa para toda a vida. Uma 
parte da identidade do analista envolve conflito, ambivalência, anseios e medos 
da infância, e uma tentativa de reconciliar-se com o fato de que a sua análise 
pessoal não lhe permitiu transcender o tormento interno que o levou 
primeiramente ao trabalho analítico. Além disso, o fato de que o consultor não 
recua em resposta às lutas do analista fornece a confirmação de que ser 
“suficientemente bom” nos termos de Winnicott (1951, p. 237) é aceitável para 
os outros e que ao analista inevitavelmente faltará a compreensão abrangente e 
os resultados terapêuticos pelos quais ele pode lutar. 
 Aspectos da vivência do analista excedem sua capacidade de realizar um 
trabalho psicológico com os mesmos e muitas vezes emergem no contexto de 
seus encontros com seus pacientes. Buscar uma supervisão pode fornecer um 
continente muito necessário quando um analista se encontra na impossibilidade 
de processar o que ele está confrontando, tanto nele próprio quanto nos seus 
pacientes. Um de nós (Gabbard) trabalhou durante anos com uma paciente 
inflexivelmente suicida que continuava a planejar seu suicídio apesar dos 
melhores esforços do analista para entender, conter e interpretar os motivos e 
significados múltiplos envolvidos no desejo dela de morrer. 
 Após o analista ter apresentado esse dilema a um consultor, este observou 
que o analista estava tentando evitar a idéia de que todos os seus esforços bem 
intencionados poderiam vir a dar em nada, e que a paciente provavelmente daria 
fim à própria vida a despeito do tratamento. O consultor enfatizou que o 
analista estava irritado com a fantasia interpessoalmente atuada da paciente de 
ter controle onipotente sobre ele e também com sua própria incapacidade de 
 15 
aceitar a sua impotência para impedir a paciente de cometer suicídio. Em última 
análise, o suicídio seria a escolha da paciente, sem levar em conta os desejos ou 
necessidades do analista. Ouvir os comentários do consultor permitiu ao 
analista trabalhar com esses pensamentos assustadores e forneceu uma maneira 
de desintoxicá-los para que eles pudessem realmente ser considerados pelo 
analista, aceitos como inerentes à situação do tratamento e ouvidos como uma 
comunicação do próprio sentimento da paciente de não ter voz ativa a respeito 
de sua própria vida ou morte. 
 A mente do analista tinha sido colonizada pelo mundo interno da paciente e 
na medida em que essa colonização diminuiu, o analista tomou consciência de 
como as suas próprias aspirações para o empreendimento analítico estavam 
sendo contrariadas pelo firme desejo de morte da paciente (Gabbard, 2003). 
Como muitos analistas, ele abrigava uma poderosa fantasia inconsciente em 
relação ao relacionamento analítico – uma fantasia na qual uma forma 
específica de relacionamento do objeto seria gerada. Ele seria o curador 
dedicado e generoso e a paciente melhoraria progressivamente e finalmente 
expressaria gratidão ao analista por sua ajuda (Gabbard, 2000). Sua paciente 
suicida não tinha concordado com esse contrato inconsciente, e sua marcha em 
direção à auto-destruição continuava, a despeito do – ou desatenta ao – desejo 
do analista de ajudá-la. Com uma reflexão posterior, o analista reconheceu que 
havia sido relegado a uma posição de transferência que seria mais tarde descrita 
por Steiner (2008) como o observador excluído que se ressente do fato de que 
ele não é o objeto mais importante para o paciente. 
 A consulta também liberou o analista para refletir sobre ressonâncias de 
experiências precoces de desenvolvimento onde ele percebeu sua impotência 
em face do declínio e morte inevitáveis dos outros e dele próprio, um 
determinante inconsciente importante em sua escolha de carreira. Analisar 
firmemente seus desejos mágicos e reconhecer a impossibilidade de determinar 
o que um outro ser humano (ou ele próprio)fará em última instância 
 16 
constituíram-se em elementos centrais do amadurecimento do analista. Parte do 
conhecimento sobre quem se é como um analista é conhecer os limites do 
próprio poder de influenciar um paciente e usar esse conhecimento para ser 
capaz de ouvir e responder a um paciente que confronta seus próprios limites 
(assim como os do analista). 
 
III. O trabalho analítico como um meio importante para a 
auto-análise 
 Toda análise é incompleta. Como Freud (1937) enfatizou, o término é 
normalmente mais uma questão prática do que um ponto final definitivamente 
determinado pela resolução de conflitos. É amplamente aceito atualmente que 
não „terminamos‟ uma análise (acreditando que ajudamos o paciente a atingir 
uma análise „completa‟); mais precisamente, o paciente e o analista finalizam 
uma experiência em análise em um ponto no qual eles sentem que uma parte 
significativa do trabalho psicológico foi realizada e que eles se encontram em 
uma conjuntura na qual o trabalho principal disponível para eles parece ser a 
separação. Ainda em uma forma diferente: a transferência é interminável, a 
contra-transferência é interminável, o conflito é interminável. Uma experiência 
produtiva em análise coloca em movimento um processo que continuará ao 
longo da vida do analista. 
 A auto-análise do analista serve como uma função de contraponto para o 
diálogo que se tem com um consultor em quem se confia. A experiência 
interpessoal de trabalho com o consultor é pontuada por períodos de isolamento 
nos quais o analista pensa os seus próprios pensamentos na quietude do seu 
carro, ou de madrugada, ou quando está olhando para o teto, ou na privacidade 
do próprio consultório quando está esperando por um paciente que não 
comparece. O tratamento psicanalítico inicia uma exploração – muitas vezes 
tentativa e ambivalente – da vida interior tanto do paciente como do analista. A 
auto-análise contribui para esse processo, mas nessa variação trabalha-se 
 17 
sozinho, com a determinação de analisar inflexivelmente o que se descobre, 
mas sempre ficando aquém do alvo. A partir dessa perspectiva, o término de 
uma análise, o „fim‟ de uma parte do trabalho de auto-análise ou do trabalho 
analítico com um consultor não é o ponto no qual o conflito inconsciente é 
resolvido, mas o ponto no qual o sujeito do trabalho analítico é capaz de pensar 
e sonhar a sua experiência (em um alto grau) por si mesmo. 
 
IV. Descobrir ⁄ criar o que se pensa e quem se é na experiência de 
escrever 
Escrever é uma forma de pensar. Muito freqüentemente, na escrita, não se 
escreve o que se pensa; pensa-se o que se escreve. Há algo da sensação de que 
as idéias surgem da caneta de quem escreve, do observar idéias se 
desenvolverem de maneiras não planejadas (Ogden, 2005). Escrever, no 
entanto, não é necessariamente uma atividade solitária. Na escrita psicanalítica, 
a medida em que se escreve, tem-se muitas vezes um leitor em mente. A 
fantasia de como o leitor reagirá a uma volta da frase ou a uma nova perspectiva 
radical sobre teoria ou técnica, molda e influencia o que aparece na página. 
Entretanto, muito do processo criativo se desenvolve isoladamente conforme se 
pensa no âmago de uma idéia repetidamente em contextos diferentes. Esse 
período contemplativo pode levar dias, semanas, ou mesmo anos. A maioria dos 
textos envolve alguma oscilação entre, por um lado, a reflexão silenciosa sobre 
o que se tem a dizer e, por outro lado, a reflexão sobre as respostas imaginadas 
pelos leitores em potencial. Um público imaginário é uma constante na escrita 
de Freud. Ele repetidamente inventa um público cético imaginário, antecipa de 
maneira magistral as objeções do público/leitor à sua argumentação e oferece 
uma réplica irrefutável. 
 Quando se trata de um texto de co-autoria, uma complexidade adicional é 
introduzida no processo. Além da contemplação solitária e da interação 
imaginada com um leitor, uma colaboração com um outro escritor requer uma 
 18 
sensibilidade especial para com seu co-autor – afinal, cada sentença deve 
representar dois autores, e não apenas um. 
 Esse exemplo de colaboração surgiu no decorrer da elaboração deste artigo. 
Começamos com uma idéia compartilhada, ou seja, uma atualização da idéia de 
Freud de que o que era definitivo na análise como um tratamento para 
problemas psicológicos é o fundamento do trabalho na compreensão da 
transferência e da resistência (Freud, 1914). Planejamos descrever como a nossa 
própria definição de análise evoluiu a partir das idéias de Freud em 1914, e/ou é 
descontínua com estas mesmas idéias. Começamos nosso trabalho nesse projeto 
colaborativo com entusiasmo. No entanto, descobrimos que as palavras não 
fluíam tão livremente como tínhamos esperado de cada um de nós. 
 Sentindo-nos presos em nossos esforços para fazer com que as coisas 
avançassem, relemos e estudamos o texto de Freud de 1914. Ficamos 
particularmente decepcionados quando viemos a reconhecer que muito do 
artigo de Freud apresentava uma polêmica bastante cáustica contra os desvios 
de Jung das premissas teóricas de Freud e uma insistência feroz em afirmar que 
ele, e somente ele, foi o fundador da psicanálise. A partir daí viemos a entender 
que o tom defensivo de Freud era um reflexo de suas inseguranças a respeito 
das reivindicações concorrentes de autoria da sua idéia (isto é, da psicanálise 
como uma disciplina) e um receio de que Jung subvertesse o que ele tinha 
inventado e continuasse a chamá-lo de psicanálise. Tínhamos escolhido uma 
citação que mostrava Freud em um momento não auspicioso da história de seu 
próprio amadurecimento psicológico. 
 Como o nosso entusiasmo diminuiu, tivemos que re-pensar o tema de nosso 
trabalho. 
 Trocamos várias revisões até que começamos a ver claramente que o que 
era mais urgente para nós não era a tarefa de propor uma definição 
contemporânea de psicanálise. Em vez disso, a colaboração em si tinha servido 
para esclarecer para cada um de nós como nós tínhamos evoluído como 
 19 
analistas no decorrer de 30 anos de prática. Conversamos longamente sobre 
como cada um de nós tinha chegado à sua percepção atual e desenvolvida de si 
mesmo como um psicanalista. Nossas experiências de desenvolvimento no 
decorrer da formação analítica e nos primeiros anos após a mesma eram 
nitidamente diferentes em alguns aspectos, e, no entanto, descobrimos que 
havia uma grande justaposição na forma como concebíamos nossa maneira de 
trabalhar e de quem éramos como psicanalistas. Apesar de nos conhecermos por 
mais de 20 anos, descobrimos que no decurso dessas discussões viemos a 
conhecer um ao outro de uma maneira nova. Entretanto, com relação à tarefa de 
decidir o que esperávamos atingir dividindo a autoria de um artigo, falar 
consigo mesmo não era suficiente. Somente através de nossos esforços 
repetidos para escrever nossos pensamentos (ou, mais precisamente, nos 
permitir ver o que nós pensávamos no próprio ato de escrever), é que fomos 
finalmente capazes de discernir o que era que queríamos tentar. Colocando 
palavras na página obrigou-nos (e nos liberou) para transformar os pensamentos 
e sentimentos incipientes em conceitos e em uma idéia do que era aquilo que 
queríamos comunicar na forma de trabalho analítico de co-autoria. 
 Ao refletir sobre como os leitores poderiam responder à nossa perspectiva, 
reconhecemos que nossas experiências de amadurecimento não poderiam ser 
compartilhadas por outros analistas. Certamente não queríamos usar um tom 
prescritivo. Fizemos então um esforço conjunto para apresentar nossas idéias 
como simplesmente uma descrição de nossas próprias experiências, ao invés de 
sugerir que elas eram universais. Tornamos mais claro para nós mesmos que 
entre as qualidades de um analista que consideramos como a mais importante 
está a maneira pela qual um analistafaz uso do que é único e idiossincrático na 
sua personalidade. 
 Trabalhar com um co-autor também envolve uma experiência de se ter um 
editor ou consultor incorporado (quer se queira tê-lo ou não) que pode oferecer 
uma perspectiva „externa‟ a respeito do material clínico do outro autor. Ao 
 20 
longo da nossa colaboração neste trabalho, um de nós (Ogden) enviou um 
rascunho do artigo ao seu co-autor incluindo a vinheta clínica apresentada 
acima envolvendo o sonho do terremoto. O co-autor (Gabbard) respondeu (por 
escrito) com os seguintes pensamentos sobre o caso em geral e o sonho em 
particular: 
Concordo inteiramente com seu ponto de vista de que o sonho não pode ser atribuído 
somente ao paciente, mas a um sujeito co-construído. Senti que o sonho era tanto seu 
quanto dele. Minha fantasia sobre o sonho é a seguinte: que mesmo que você tenha 
percebido o seu analista tratando-o de uma forma genérica, você sentiu algum tipo 
de proteção – um porto seguro, se você preferir – ao recorrer ao seu estilo de falar. 
Ao fazer isso, você não tinha se separado dele e, portanto, não tinha que suportar a 
dor associada à perda dele. Lembro-me do famoso comentário de Freud de que a 
única maneira pela qual o ego pode desistir de um objeto é colocá-lo para dentro. O 
terremoto, então, poderia ser visto como uma consciência crescente no paciente de 
que você estava prestes a ser arrancado de sua casa internamente criada – ou seja, o 
porto seguro do consultório do seu analista ou sua presença internalizada – e 
lançado em um mundo onde você precisava falar com a sua própria voz. Em algum 
nível, o paciente sentiu-se daquela maneira a respeito de ser arrancado da ‘casa’ de 
seu pai. O que estava acontecendo em você teve uma grande ressonância com o que 
estava acontecendo dentro dele. Não adicionei isso ao artigo porque é puramente a 
minha própria conjectura e pode não se encaixar à sua experiência. 
 Como essa citação indica, uma perspectiva do co-autor a respeito do material 
clínico deve ser então filtrada através de pensamentos do autor fornecendo os 
dados clínicos para se verificar se é „um bom encaixe‟ com o momento analítico 
real descrito. 
 Ogden, que não estava habituado a essa „interferência‟ no seu processo de 
escrita, sentiu-se perturbado pelos comentários inesperados de Gabbard. 
Solicitou mais de dois meses para „dormir sobre‟ (sonhar) o que havia sido 
despertado nele pelas observações de Gabbard antes que fosse capaz de oferecer 
uma resposta ponderada (também por escrito): 
 21 
Relendo meu relato do meu trabalho com o Sr. A, penso que o mesmo aponta o fato 
de que eu vi na invariabilidade da fotografia no sonho do paciente somente estase 
[stasis], ao contrário de confiabilidade; e que eu vi na ausência do fotógrafo na 
fotografia somente a ausência de uma pessoa que pensa / sente, contrapondo-se à 
discrição. Seus comentários sobre a vinheta me ajudaram a ver o que tinha estado lá 
ao longo de todo a minha escrita sobre o relato: minha avaliação profunda sobre o 
que eu sinto serem duas de minhas melhores qualidades como analista – a disposição 
de permanecer emocionalmente presente durante os períodos dolorosos na análise e 
durante os períodos muito difíceis da vida; e a habilidade de ‘ficar fora do caminho’ 
(e não fazer reflexivamente interpretações de transferência) quando eu estava 
realizando sozinho o trabalho psicológico nas sessões. 
 Os co-autores consideram a experiência emocional que Ogden descreve 
como sendo uma resposta atual tanto para sua memória do seu trabalho com o 
Sr. A quanto para os comentários de Gabbard no seu relato escrito dessa 
experiência. Essa troca entre os co-autores constitui um tipo de experiência de 
amadurecimento que foi valiosa para ambos os autores. 
 
V. Ousar improvisar 
Com cada paciente, temos a responsabilidade de tornar-nos um analista que 
nunca vimos antes. Isso requer que deixemos de lado o script e entremos em 
uma conversa, uma conversa de um tipo que nunca experimentamos antes 
(Hoffman, 1998; Ringstrom, 2001). Isso pode tomar a forma de resposta a uma 
menção de um filme por parte do paciente que diz: „„Quase não há uma só 
palavra falada no filme inteiro, pelo menos foi assim que o filme me fez 
sentir‟‟. Com outro paciente, improvisar pode significar permanecer em silêncio 
– não aquiescer a exigências coercitivas implícitas para tranqüilização ou 
mesmo para o som da nossa voz. A improvisação é claramente uma metáfora 
teatral. O grande professor russo de teatro, Konstantin Stanislavski, certa vez 
observou: 
O melhor que pode acontecer é ter-se o ator completamente arrebatado pela peça. 
Então, independentemente da sua própria vontade ele vive o papel, não percebendo 
 22 
como se sente, não refletindo sobre o que faz, e tudo se move por conta própria de 
forma subconsciente e intuitiva. 
 (Stanislavski, 1936, p. 13) 
 De uma maneira análoga, o amadurecimento como analista envolve a 
permissão crescente que concedemos a nós mesmos para sermos apanhados no 
momento (no inconsciente da análise) e sermos transportados pela música da 
sessão. A análise não é uma experiência que possa ser mapeada e planejada. 
Ocorrem acontecimentos entre duas pessoas que estão juntas em uma sala, e o 
significado desses acontecimentos são discutidos e compreendidos. Os analistas 
aprendem mais sobre quem são através da participação na 'dança' do momento. 
A extensão na qual a análise está „viva‟ pode depender da disposição e 
habilidade do analista para improvisar, e para ser improvisado pelo inconsciente 
da relação analítica. 
 
VI. Observação dos aspectos de nós mesmos que, como se por sua 
própria iniciativa, protestam contra sermos o analista que temos 
sido por tanto tempo 
O que em certa época poderia ter sido chamado de confiável e estável, pode 
gradualmente tornar-se demasiado fácil e bastante envelhecido e previsível. Às 
vezes nos tornarmos conscientes durante uma sessão com um paciente de que 
nos tornamos confortáveis demais com nós mesmos como analistas. 'Erros', 
nessas sessões, podem muitas vezes ser vistos como expressões de nossas partes 
mais saudáveis e são de valor inestimável para o nosso amadurecimento, se 
pudermos fazer uso desses alertas. Esses "erros" incluem o analista atrasar-se 
para uma sessão, terminar uma sessão mais cedo, dormir durante uma sessão, e 
esperar um paciente diferente quando encontra o analisando na sala de espera. 
(Não estão incluídos nesse tipo de erro as violações de fronteira, tais como, 
relações sexuais com um paciente, quebras da confidencialidade, relações de 
negócios com um paciente, e assim por diante [Gabbard e Lester, 1995].) Os 
 23 
erros que não envolvem violações de fronteiras muitas vezes representam os 
esforços inconscientes do analista para perturbar o seu próprio equilíbrio 
psíquico, para forçar-se a tomar conhecimento das formas nas quais ele se 
tornou estagnado no seu papel de analista. 
 Acreditamos haver uma necessidade auto-imposta para se ser original – não 
no sentido de uma demonstração narcisista, mas no sentido da necessidade de 
entrar em uma conversa com o paciente ou com o supervisionando de maneira 
tranqüila, firme e generosa, de uma forma que não poderia acontecer entre 
ninguém mais no mundo a não ser essas duas pessoas (Ogden, 2004a). Se isso 
for forçado, rapidamente se revelará um artifício vazio. O desenvolvimento de 
um „„estilo analítico‟‟ (Ogden, 2007, p. 1185) que é experimentado como 
completamente autêntico é parte de um esforço contínuo por parte de cada 
analista para se tornar um analista por seu próprio direito. Pode-se conseguir 
esse sentimento de ter-se tornado „original‟ somente através de um esforço 
árduo para livrar-se ao longo do tempo dos grilhões da ortodoxia, da tradição e 
de suaspróprias proibições inconscientes e irracionais (Gabbard, 2007). A luta 
do analista com a teoria, como senhora ou como serva, pode ser uma parte 
integrante deste esforço. Partilhamos o ponto de vista de Sandler (1983) de que 
cada analista desenvolve um amálgama particular ou um modelo misto, 
tomando emprestado certos aspectos de várias teorias que são consistentes com 
a própria subjetividade e com a própria abordagem da análise. Ao mesmo 
tempo, concordamos com a noção de Bion de que o analista deve esforçar-se 
por esquecer o que ele pensa que sabe ou conhece „bem demais‟ para que possa 
ser capaz de aprender com sua experiência atual com o paciente. Bion (1987) 
uma vez disse a um apresentador: ''Eu [confiaria na teoria somente] ... se eu 
estivesse cansado e não tivesse idéia do que estava acontecendo ...'' (p. 58). 
 
 
 24 
VII. Manter os olhos abertos para a maneira pela qual se está 
amadurecendo / envelhecendo 
Conforme se envelhece, pode-se falar a partir da experiência de uma forma que 
não poderia ter sido feita anteriormente. Muitas vezes a pessoa se torna 
consciente, após o fato, de que ela mudou, por exemplo, através da escuta de si 
mesma ao falar com seu paciente. Idealmente, o analista se engaja em um 
processo de luto no qual a perda da juventude e a inevitabilidade da velhice e da 
morte são reconhecidas, aceitas e até mesmo abraçadas como uma nova forma 
de existir como uma pessoa levando uma vida ponderada. O analista pode, 
dessa forma, alcançar uma maior valorização das experiências de perda do 
paciente e das maneiras pelas quais ele lidou com elas ou evadiu-se delas. 
 Esse processo de amadurecimento ocorre tanto dentro como fora do setting 
analítico. O analista que atua cada dia na sala de consultas (idealmente) não é 
nunca inteiramente o mesmo analista que atuava no dia anterior. A capacidade 
de um analista de entender plenamente a dor de um paciente pode ser limitada 
até que o próprio analista tenha navegado em sua própria dor associada à perda 
de entes queridos e ao término de períodos importantes de sua vida, por 
exemplo, a época em que seus filhos moravam em casa ou a época em que seus 
pais estavam vivos. 
 
VIII. Dificuldades em tornar-se um analista 
As razões pelas quais um analista pode temer o processo de „crescer‟ como um 
analista e as maneiras pelas quais ele pode se defender contra tais temores são 
extremamente numerosas. Neste breve artigo, não podemos enumerar, muito 
menos explorar, esses medos e defesas. No parágrafo seguinte, ofereceremos 
alguns exemplos do vôo do analista a partir das experiências potenciais de 
amadurecimento e algumas formas de defesa contra tais experiências. 
 O analista pode ter medo de que ele seja tão insubstancial como uma pessoa 
que não seja possível para ele desenvolver uma voz própria; ou ter medo do 
 25 
isolamento que ele imagina que virá quando tornar-se um analista em seus 
próprios termos; ou ter medo de que com um reconhecimento maduro da 
incerteza virá uma confusão insuportável. Um analista pode defender-se contra 
esses e outros medos empenhando-se em uma rebelião adolescente contra „a 
instituição analítica‟ em um esforço para evitar definir-se nos seus próprios 
termos; ou falando no início com uma voz de experiência inventada, quando, na 
verdade, sente-se dolorosamente carente como conseqüência de sua 
inexperiência; ou abraçando uma falsa certeza sob a forma de uma intensa 
identificação com uma determinada escola de psicanálise, com seu próprio 
analista, com um escritor analítico idealizado e assim por diante. Finalmente, 
devemos lembrar que, por mais que amemos a análise, uma parte de nós 
também a odeia (Steiner, 2000). A dedicação ao trabalho analítico contínuo (em 
nós mesmos e com os pacientes), nos destina não somente à incerteza, mas 
também a enfrentar o que menos gostamos em nós mesmos e nos outros 
(Steiner, 2000). 
 
Comentários finais 
No presente artigo discutimos algumas de nossas experiências de 
amadurecimento e as analisamos sob várias perspectivas teóricas. Alguns 
leitores reconhecerão no que descrevemos algo de suas próprias experiências de 
amadurecimento como analistas, enquanto que outros não o farão. De fato, um 
tema recorrente em nosso trabalho tem sido o fato de que falar com pacientes, 
colegas e alunos em termos genéricos é anti-analítico (no sentido de representar 
um fracasso para pensar e falar por si mesmo). Como Bion (1987) observa no 
comentário citado no início deste artigo, parte de tornar-se um analista é evoluir 
em uma direção que não é nem determinada por teoria, nem dirigida 
exclusivamente pela identificação com os outros: “O analista no qual você se 
torna é você e somente você – isso é o que você usa ...” (p. 15). O discurso 
analítico envolve o que é único, idiossincrático e vivo na experiência particular 
 26 
de um determinado indivíduo. Tornar-se um analista envolve necessariamente a 
criação de uma identidade altamente pessoal, que é diferente da de qualquer 
outro analista. 
 Não podemos superestimar a dificuldade de tentar viver por esse ideal. Os 
laços conscientes e inconscientes que temos com o que pensamos que sabemos 
são poderosos. Mas a luta para superar estes laços (pelo menos em um grau 
significativo) é o que exigimos de nós mesmos em cada sessão. Em nossa 
experiência verificamos que quando o analista está confuso, é quando ele faz 
seu melhor trabalho analítico. 
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Tradução de Margarida C. T. Busatto

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