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Desenvolvimento Sustentável e Educação Ambiental

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DESENVOLVIMENTO 
SUSTENTÁVEL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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INTRODUÇÃO DIREITO AMBIENTAL 
 
 
 A espécie humana, assim como as demais formas de vida, 
dependem do sistema de interação entre os elementos naturais (água, 
atmosfera, rochas, plantas, animais e solo). 
 
 Para que as pessoas possam ter suas necessidades básicas 
atendidas é essencial o desenvolvimento econômico, especialmente para as 
populações de países pobres. 
 
 Entretanto, o crescimento desordenado e o elevado padrão de 
consumo têm causado impactos que reduzem o potencial do meio ambiente, 
como por exemplo: o aquecimento da atmosfera, o crescimento dos níveis dos 
oceanos, a poluição das águas, a erosão do solo e a acelerada extinção das 
espécies. 
 
 A conservação ambiental e o desenvolvimento econômico são 
essenciais para suprir as necessidades humanas. 
 
 Sem a conservação do meio ambiente, o crescimento econômico, 
ao invés de atender às necessidades da população será responsável pela 
miséria de inúmeros povos e, ainda, pelo comprometimento das condições de 
sobrevivência das gerações futuras. 
 
 A conservação da biodiversidade não é apenas uma questão de 
proteger a vida silvestre e seus ecossistemas, mas sim de preservar as 
condições de sobrevivência do homem, por meio da manutenção dos sistemas 
naturais que sustentam a vida humana. 
 
 
MEIO AMBIENTE 
 
 Embora os ecossistemas naturais tenham certa capacidade de se 
reajustar, uma série de modificações provocadas pelo homem no meio 
ambiente tem ultrapassado esta capacidade, gerando desequilíbrios. 
 
 As alterações no meio ambiente podem resultar em uma série de 
problemas, como: o surgimento de novas espécies nos ecossistemas naturais, 
a extinção de espécies nativas e a introdução de substâncias de natureza 
prejudicial. 
 
 Quanto a primeira dificuldade, alertamos que o surgimento de 
novas espécies em um ecossistema já formado e de certa forma equilibrado, 
pode resultar em sua competição com as espécies nativas, causando toda 
sorte de desequilíbrios, em um habitat ajustado ao longo de muitos anos. 
 Igualmente, a extinção de uma determinada espécie de um 
ecossistema pode ocasionar uma série de desequilíbrios, principalmente na 
cadeia alimentar de outras espécies. 
 
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 A introdução de substâncias no ambiente natural provocará 
reações diferentes, de acordo com o tipo de substância e o habitat afetado, a 
mair dificuldade refere-se às substâncias poluentes, que representam perigo à 
saúde dos organismos vivos, pois atingem, principalmente, as populações que 
ocupam os níveis mais altos dos ecossistemas, mas ameaçam a sobrevivência 
de todas as espécies. 
 
 Os principais poluentes da água e do solo são, em geral, o 
lançamento de dejetos humanos (esgoto) em quantidades excessivas e sem 
prévio tratamento, o lançamento de resíduos industriais tóxicos e o uso 
inadequado de inseticidas. 
 
 Já, como poluentes do ar atmosférico, podemos mencionar: o 
monóxido de carbono, o óxido de enxofre e de nitrogênio, os hidrocarbonetos e 
a matéria particulada em suspensão. 
 
 Ora, o meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso 
comum e indispensável à sobrevivência humana, deve ser preservado, não só 
pelo poder público, mas por toda sociedade. 
 
 Faz-se mister o entendimento humano de que os recursos 
ambientais não são inesgotáveis, tornando-se inadmissível o desenvolvimento 
das atividades econômicas de forma alheia a tal fato. É necessária a 
coexistência harmônica entre economia e meio ambiente, através de um 
desenvolvimento praticado de forma sustentável, voltado para a preservação 
dos recursos existentes atualmente. 
 
 Devemos lutar pela preservação do meio em que vivemos, 
garantindo a existência de novas gerações. 
 
 
EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
 
 
 A relação do homem com o meio ambiente é um problema que 
atormenta a humanidade há muito tempo. 
 
 Nossa Constituição Federal estabelece o dever do Estado de 
promover a educação ambiental, visando a preservação do meio em que 
vivemos. 
 
 Mas, infelizmente, não podemos confiar que o Estado, sozinho, 
seja capaz de controlar todos os atos e fatos que, direta ou indiretamente, 
interferem em nosso habitat. 
 
 A educação ambiental é sem dúvida o meio mais eficaz de 
aplicação do princípio da preservação do meio ambiente, mas é claro, exige o 
investimento atual, para que possamos colher resultados no futuro. 
 
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 A Professora Iara Verocai concede-nos o significado do vocábulo 
educação ambiental: 
 
“Processo de aprendizagem e comunicação de problemas relacionados à 
interação dos homens com seu ambiente natural. É o instrumento de formação 
de uma consciência, através de conhecimento e da reflexão sobre a realidade 
ambiental.” 
 
 Somente a partir da educação ambiental e do esclarecimento dos 
cidadãos acerca dos problemas que afetam o meio ambiente e da eficácia de 
um desenvolvimento sustentável, é que o indivíduo poderá compreender as 
conseqüências de seus atos sobre o meio ambiente. 
 
 A Constituição Federal, de 1988, novamente faz referência à 
educação ambiental, no inciso VI, do parágrafo 01º, de seu artigo 225: 
 
“Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: 
(...) 
VI – promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a 
conscientização pública para preservação do meio ambiente.” 
 
 A Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, estabelece, em seu artigo 
05º, os objetivos fundamentais da educação ambiental, dentre os quais 
podemos destacar: 
 
“(...) o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, 
na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da 
qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania (...)”. 
 
 Resta claro o objetivo do legislador em aplicar a consciência 
ecológica ao próprio povo, titular do direito ao meio ambiente, efetivando, 
assim, o princípio da participação na defesa deste direito. 
 
 A educação ambiental traduz-se na redução de custos 
ambientais, na efetivação no princípio da preservação, na fixação de ideais de 
consciência ecológica, no incentivo à concretização do princípio da 
solidariedade e na realização do princípio da participação. 
 
 Tais objetivos se completam, vez que no momento em que a 
sociedade percebe que o meio ambiente é um só, indivisível e pertencente a 
todos, começa a auxiliar em sua preservação, proporcinando, assim, a redução 
de custos pelo poder público. 
 
 O Código Florestal, Lei nº 4.771/65, apresenta alguns indícios de 
programas de educação ambiental: 
 
“Artigo 42. Dois anos depois da promulgação desta Lei, nenhuma autoridade 
poderá permitir a adoção de livros escolares de leitura que não conteham 
textos de educação florestal, previamente aprovados pelo Conselho Federal de 
Educação, ouvido o órgão florestal competente. 
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Parágrafo 1º. As estações de rádio e televisão incluirão, obrigatoriamente, em 
suas programações, textos e dispositivos de interesse florestal, aprovados pelo 
órgão competente no limite mínimo de 5 (cinco) minutos semanais, distribuídos 
ou não em diferentes dias, 
(...) 
Parágrafo 3º. A União e os Estados promoverão a criação e o desenvolvimento 
de escolas para o ensino florestal, em seus diferentes níveis.” 
 
 O importante é entender que não haverá êxito na divulgação de 
programas de desenvolvimento sustentável, sem que antes os cidadãos 
conheçam o meio ambiente e reconheçam o poder que ele exerce sobre nós 
seres humanos. 
 
 Mas, para isto é necessária a propagação de uma educação 
ambiental sólida, não só nas salas de aula, mas também no dia a dia das 
pessoas e em todos os atos da comunidade. 
 
 
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
 
 
 A raiz da maior parte dos problemas do mundo está relacionado 
com o meio ambiente. E não somente a questão da preservação das florestas 
e dos animais, e sim de recursos essenciais à sobrevivência do homem. 
Grande parte destas disputas sedeve ao fato de que as necessidades do 
homem são ilimitadas, enquanto os recursos naturais são limitados. 
 
 Os conflitos entre países sob alegações ideológicas não passam 
de interesse econômico nos bens naturais. Temos como exemplo a escassez 
de água no Oriente Médio, que faz com que Israel queira o território da 
Cisjordânia, o interesse norte-americano no petróleo existente no Golfo Pérsico 
e outros mais existentes em todo o mundo. 
 
 O direito ambiental, apesar de consistir em uma ciência nova, é 
ramo autônomo do ordenamento, gozando de princípios próprios, legislação 
específica e ensino didático. 
 
 
CONCEITO 
 
 O governo brasileiro adota como conceito de desenvolvimento 
sustentável aquele elencado no Relatório Bruntland, como: “o desenvolvimento 
que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das 
gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. 
 
 Segundo o Presidente Fernando Henrique Cardoso o meio 
ambiente e desenvolvimento são a mesma coisa, sendo que não existe mais a 
guerra travada entre os defensores do ecossistema e os militantes do 
progresso, hoje, há uma integração entre estes dois elementos, quando é 
preciso preservar, para desenvolver em benefícios das gerações futuras. 
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 Cristiane Derani, no seu livro Direito Ambiental Econômico, 
entende desenvolvimento sustentável como "um desenvolvimento harmônico 
da economia e ecologia que devem ser ajustados numa correlação de valores 
onde o máximo econômico reflita igualmente um máximo ecológico. Na 
tentativa de conciliar a limitação dos recursos naturais com o ilimitado 
crescimento econômico, são condicionadas à consecução do desenvolvimento 
sustentável mudanças no estado da técnica e na organização social". 
 
 Segundo Celso Antônio Pacheco Fiorillo: "o princípio de 
desenvolvimento sustentável tem por conteúdo a manutenção das bases vitais 
da produção e reprodução do homem e de suas atividades, garantindo 
igualmente uma relação satisfatória entre os homens e destes com o seu 
ambiente, para que as futuras gerações também tenham oportunidade de 
desfrutar os mesmos recursos que temos hoje a nossa disposição". 
 
 Conciliar meio ambiente e desenvolvimento econômico requer 
planejamento, e não atraso econômico como afirmam algumas pessoas contra. 
Devemos preservar para que os recursos passem de uma geração a outra e 
que estas, também tenham condições de sobreviver no futuro. Pois como 
podemos querer que as nossas futuras gerações sobrevivam sem água. Não 
devemos, entretanto querer sacrificar o desenvolvimento dos países, alegando 
que o meio ambiente é único e intocável. Deve haver um equilíbrio para que 
não cheguemos ao extremo de algumas civilizações passadas que tudo 
destruíram. Esse equilíbrio deve estar presente tanto na área rural quanto na 
área urbana. 
 
 Isso tudo somente será resolvido com medidas educativas, e com 
a conscientização de todos os países quanto à preservação do meio ambiente, 
e quando todos tomarem consciência de que a miséria também é um problema 
mundial que facilita a degradação do meio ambiente. 
 
 
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL COMO PRINCÍPIO DO DIREITO 
AMBIENTAL 
 
 Alguns doutrinadores classificam o desenvolvimento sustentável 
como princípio do direito ambiental. 
 
 Decorrida a fase de explosão industrial do período liberal e das 
grandes Revoluções, o conceito de desenvolvimento econômico e tecnológico, 
a todo custo, perdeu guarida nas sociedades modernas. 
 
 Com isto a sociedade passou a exigir a atuação freqüente do 
Estado na solução das questões ambientais. 
 
 A proteção do meio ambiente e o desenvolvimento econômico 
tornaram-se um objetivo social comum, pressupondo a convergência do 
desenvolvimento econômico, social, cultural e de proteção ambiental. 
 
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 O desenvolvimento sustentável, ou, eco-desenvolvimento, é 
representado pela conciliação entre o desenvolvimento, a preservação do meio 
ambiente e a melhoria da qualidade de vida, e deve ser aplicado no território 
nacional em sua totalidade (áreas urbanas e rurais). 
 
 
PRINCÍPIOS DA VIDA SUSTENTÁVEL 
 
1. Respeitar e cuidar da comunidade dos seres vivos: é quase que um princípio 
ético, pois não precisamos e não devemos destruir as outras espécies. 
2. Melhorar a qualidade de vida humana: é este o principal objetivo do 
desenvolvimento sustentável, permitir que as pessoas realizem o seu potencial 
e vivam com dignidade. 
3. Conservar a vitalidade e a diversidade do planeta Terra: pois é nele que 
vivemos. 
4. Assegurar o uso sustentável dos recursos renováveis e minimizar o 
esgotamento de recursos não renováveis. 
5. Permanecer nos limites da capacidade de suporte do planeta Terra: isso 
deve ser analisado em separado nas diferentes regiões do plante, como, por 
exemplo, não podemos querer encher as florestas de pessoas morando. 
6. Modificar atitudes e práticas pessoais: a sociedade deve promover valores 
que apóiem a ética, desencorajando aqueles que são incompatíveis com um 
modo de vida sustentável. Deve-se incentivar disciplinas de direito ambiental 
desde a pré-escola. 
7. Permitir que as comunidades cuidem de seu próprio meio ambiente: as 
comunidades e grupos locais tendem a expressarem as suas preocupações e 
acharem soluções mais rápidas se estiverem vivenciando o problema. 
8. Gerar uma estrutura nacional para a integração de desenvolvimento e 
conservação: toda sociedade precisa de leis e de estrutura para proteger o seu 
patrimônio; tentar prever os problemas e evitar danos maiores. 
9. Constituir uma aliança global: é de extrema importância, pois a falta de 
cuidado de um interfere na vida de outrem. Entretanto, não devemos nos 
contentar com palavras e sem buscar ações. 
 
 
PRODUÇÃO E CONSUMO SUSTENTÁVEL 
 
 Como podemos perceber a livre iniciativa já não é tão mais livre 
assim, pois acima de tudo deve respeitar e conservar o meio ambiente. Deve 
procurar encontrar um ponto de equilíbrio. Para que todos tenham condições 
de ter uma vida digna sem abrir mão de suas ambições. 
 
 
ESPAÇOS AMBIENTAIS E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
 
 Os espaços ambientais relacionam-se com o princípio do 
desenvolvimento sustentável, na medida em que determina de que forma 
ocorrerá o equilíbrio entre o desenvolvimento industrial, as zonas de 
conservação da vida silvestre e a própria habitação do homem, tendo como 
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objetivo basilar a manutenção de uma vida com qualidade às presentes e 
futuras gerações. 
 
 Os espaços ambientais são formados por porções do território, 
que são divididos com o intuito de propiciar a preservação do meio ambiente. 
 
 Os espaços ambientais dividem-se em: espaços especialmente 
protegidos, que não interessam para este estudo, e zoneamento ambiental. 
 
 O zoneamento ambiental possui relação estrita com o 
desenvolvimento sustentável, à medida que auxilia na preservação do meio 
ambiente, a partir da limitação do uso do solo, interferindo no uso da 
propriedade particular, com base no princípio da função social da propriedade. 
 
 O zoneamento ambiental classifica-se em zoneamento para 
pesquisas ecológicas, em parques públicos, em áreas de proteção ambiental, 
costeiro e industrial. 
 
 
UNIDADES DE USO SUSTENTÁVEL 
 
 As unidades de uso sustentável representam um dos grupos de 
conservação integrantes do Sistema Nacional de Unidades de Conservação 
(SNUC). 
 
 Estas unidades visam o uso sustentável dos recursos ambientais, 
conciliando a conservação da natureza e o uso sustentável de seus recursos 
naturais. 
 A Lei do SNUC possui um aspecto social, na medida em que 
protege, não só o meio ambiente, como também o direito de propriedade. 
 
 As unidades de uso sustentável dividem-se em: 
 
1) Áreas de Proteção Ambiental (APAS): criadas pela Lei 6.902/81, consistem 
em áreas extensas, pouco habitadas e dotadas de inúmeros atributos naturais 
importantes para a qualidade de vida e o bem estar da população. Tem como 
objetivo a proteção da diversidade biológica, a disciplinado processo de 
ocupação e a segurança no uso dos recursos naturais. Exemplo: 
Guaraqueçaba. 
 
2) Área de Relevante Interesse Ecológico: previstas no Decreto 89.336/84, 
representa uma área de ação governamental relativa ao equilíbrio ecológico, 
possuem características naturais próprias, flora exuberante e fauna ameaçada 
de extinção. 
 
3) Floresta Nacional (FLONA): mencionadas na Lei 9.985/00, mas criadas 
isoladamente por decretos, são extensões de florestas em terras públicas, 
criadas com finalidades econômicas, técnicas e sociais, podendo haver 
reflorestamento destas áreas. Exemplo: Floresta Nacional do Amazonas. 
 
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4) Reserva Extrativista: criadas pela Lei 9985/00, consistem em áreas 
utilizadas por pessoas que provém sua sobrevivência do extrativismo, 
agricultura e criação. 
 
5) Reserva de Fauna: previstas na Lei do SNUC, tem como objetivo o estudo 
da fauna, mas dificilmente se tornarão realidade. 
 
6) Reserva Particular do Patrimônio Natural: definidas na Lei 9985/00, são 
áreas privadas perpétuas, que objetivam a conservação da diversidade 
biológica. 
 
7) Reservas de Desenvolvimento Sustentável: instituídas pelo artigo 20, da Lei 
do SNUC, que as define como “área natural que abriga populações 
tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração 
dos recursos naturais, desenvolvidas ao longo de gerações e adaptadas às 
condições ecológicas locais e que desempenham um papel fundamental na 
proteção da natureza e na manutenção da diversidade biológica”, devem ser 
áreas públicas criadas por um Conselho Deliberativo, composto por 
organizações da sociedade civil e da população local. O Conselho Deliberativo 
somente aprovará os planos de procedimento em que conste a definição das 
áreas de proteção integral de uso sustentável e de amortecimento, bem como 
corredores ecológicos. 
 
 
LEGISLAÇÃO 
 
 
CONFERÊNCIA DE ESTOCOLMO 
 
 O primeiro alerta mundial a gravidade da situação com o meio 
ambiente foi dado em 1972, em Estocolmo, na Conferência das Nações Unidas 
sobre o Meio Ambiente, promovida pela ONU. 
 
 O ideal de um desenvolvimento sustentável surgiu, inicialmente, 
na Conferência de Estocolmo, quando os países participantes passaram a 
buscar soluções para o problema da degradação do meio ambiente, foi nesta 
Convenção que surgiu o conceito de desenvolvimento sustentável adotado até 
hoje no Brasil. 
 
 Os primeiros princípios da Política Global do Meio Ambiente foram 
formulados durante a reunião e ampliados, posteriormente, na ECO – 92, são 
princípios genéricos aplicáveis à proteção mundial do meio ambiente. Já os 
Princípios da Política Nacional do Meio Ambiente tratam da implementação dos 
princípios de âmbito global, porém, adequados à realidade social e cultural de 
cada país. 
 
 É importante destacar, que a Conferência do Rio, de 1992, em 
contraste com a Conferência de Estocolmo, dirigiu-se à criação de uma Agenda 
21 que não é uma Agenda Ambiental, mas sim uma Agenda de 
Desenvolvimento Sustentável. 
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CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
 
 O legislador constituinte observou que o crescimento das 
atividades econômicas não poderia mais ocorrer de forma alheia à preservação 
ambiental, porquanto sua degradação contínua implicaria na diminuição da 
capacidade econômica do país e não seria possível às gerações futuras 
desfrutar da vida com qualidade. 
 
 Na Constituição Federal, o princípio do desenvolvimento 
sustentável encontra-se esculpido no artigo 225, caput, segundo o qual: 
 
“Artigo 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se 
ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as 
presentes e futuras gerações”. 
 
 Ainda, o artigo 170, da Carta Magna, demonstra claramente a 
preocupação do legislador em proteger o meio ambiente: 
 
“A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre 
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames 
da justiça social, oservados os seguintes princípios: 
(...) 
VI – defesa do meio ambiente”. 
 
AGENDA 21 
 
 A Agenda 21 é um documento oficializado por ocasião da 
“Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento” - 
ECO 92, ocorrida em 14 de junho de 1992, no Rio de Janeiro, quando seu texto 
foi oficialmente admitido pelos países ali representados. 
 
 A Agenda 21 está voltada para problemas atuais e tem como 
objetivo preparar o mundo para os desafios do próximo século. Ela prega a 
realização de mudanças e se representa um marco na solução das questões 
ambientais. 
 
 É um documento da ONU, e como tal, somente goza de 
obrigatoriedade após ser reconhecido pela legislação de cada país. No Brasil, 
os Estados e Municípios poderão legislar a partir da Agenda 21, desde que 
seguindo a União e prevalecendo a legislação mais restritiva. 
 
 A Agenda 21 trata das questões do desenvolvimento econômico-
social e suas dimensões, à conservação e administração de recursos para o 
desenvolvimento, ao papel dos grandes grupos sociais que atuam nesse 
processo. Prega a criação de projetos que visem ao desenvolvimento 
sustentável, preservando os recursos naturais e a qualidade ambiental. 
 
 A Agenda 21 representa um avanço da consciência ambiental e o 
fortalecimento das instituições para o desenvolvimento sustentável. Apela para 
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a consciência dos Poderes Públicos e para a sociedade, no sentido de criarem 
ou desenvolverem um ordenamento jurídico capaz de proteger o meio 
ambiente, a partir do desenvolvimento sustentável. A erradicação da pobreza, a 
proteção da saúde humana e a promoção de assentamentos humanos 
sustentáveis surgem como objetivos sociais da Agenda. 
 
 No Brasil, a agenda nacional dependerá das agendas estaduais, e 
estas, por sua vez, das agendas locais, quando cada autoridade iniciará o 
diálogo com seus cidadãos e organizações locais para a aprovação de uma 
Agenda 21. 
 
 Para que o trabalho não fosse deixado de lado, previu-se uma 
avaliação dos resultados da Agenda 21 em 1997, a cargo da Assembléia Geral 
da ONU e da Comissão para o Desenvolvimento Sustentável. 
 
 A Agenda 21 consiste em um documento consensual para o qual 
contribuíram governos e instituições da sociedade civil de 179 países num 
processo que durou dois anos e culminou com a realização da Conferência das 
Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), já 
mencionada no início desta exposição. 
 
 Além da Agenda 21, resultaram desse processo cinco outros 
acordos: a Declaração do Rio, a Declaração de Princípios sobre o Uso das 
Florestas, o Convênio sobre a Diversidade Biológica e a Convenção sobre 
Mudanças Climáticas. 
 
 A Agenda 21 traduz em ações o conceito de desenvolvimento 
sustentável, alterando os padrões de desenvolvimento do próximo século. 
 
 A Agenda 21 é, ainda, um processo de planejamento participativo 
que analisa a situação atual de um país, estado ou município, e planeja o futuro 
de forma sustentável, através de em planejamento acerca de todos os atores 
sociais e da formação de parcerias e compromissos para a solução dos 
problemas, a partir da análise de aspectos econômicos, sociais, ambientais e 
político-institucionais. 
 
 A Agenda considera, questões ligadas à geração de emprego e 
de renda, à diminuição das disparidades regionais e interpessoais de renda, às 
mudanças nos padrões de produção e consumo, à construção de cidades 
sustentáveis e à adoção de novos modelos e instrumentos de gestão. 
 
 O objetivo da Agenda 21 é subsidiar ações do Poder Público e da 
sociedade em prol do desenvolvimento sustentável, sendo necessário, para 
tanto, a criação de instrumentos e mecanismos legais internacionais. 
 
 Se os países envolvidos não oferecerem suporte à 
implementação da Agenda 21, através da elaboração de leis nacionais que 
visem ao desenvolvimento sustentável, o trabalho será esquecido. 
 
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 Na esfera internacional,há a necessidade de instrumentação 
legal para a implementação de medidas indispensáveis a uma gestão 
ambiental no âmbito mundial. 
 
 Não só os países em via de desenvolvimento necessitam 
instrumentos e mecanismos legais, também os países desenvolvidos devem 
curvar-se a esta necessidade, caso contrário, as relações jamais surtirão 
efeitos, nem mesmo ante a ameaça de catástrofes mundiais. 
 
ISO 14.000 
 
 A International Organization for Standardization, conhecida 
mundialmente pela sigla ISO, é uma organização não-governamental existente 
desde 1974, com sede em Genebra, Suíça. 
 
 A organização foi criada para reunir normas técnicas e padronizar 
medidas e especificações. 
 
 Um dos serviços mais importantes criado pela ISO reúne normas 
e padrões referentes à qualidade dentro da empresa, o ISO 9000, e à questão 
ambiental, o ISO 14000. Seguindo esses padrões e implantando sistemas de 
qualidade e gestão ambiental, as empresas podem receber os certificados ISO, 
bastante exigidos por consumidores. 
 
 A idéia do ISO 14.000 surgiu das discussões de desenvolvimento 
sustentável durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento - ECO 92. 
 
 A série ISO 14000 reúne normas internacionais que estabelecem 
regras para que as empresas possam implantar Sistemas de Gestão 
Ambiental, com a finalidade de reduzir desperdícios, quantidade de matéria-
prima, de água, de energia e de resíduos usados e obtidos durante o processo 
de produção, tentando dessa forma minimizar os impactos ambientais e estar 
de acordo com a legislação ambiental. 
 
 A idéia utilizada na Gestão Ambiental é usar menos para produzir 
mais e com melhor qualidade. 
 
 No Brasil, a ISO é representada pela ABNT (Associação Brasileira 
de Normas e Técnicas), que participa dos comitês, tem direito a voto na 
organização e também trabalha como certificadora credenciada pelo INMETRO 
(Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), que é 
quem fiscaliza as atividades. 
 
 A certificação é voluntária, ou seja, deve ser requerida pela 
própria empresa, com a vantagem de que o implante desses padrões 
ambientais internacionais pode facilitar a entrada de seus produtos no mercado 
externo. 
 
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 Após implantar Sistemas de Gestão Ambiental, ligados à 
qualidade do ar, da água e do solo, a empresa recebe o certificado e depois, 
anualmente, a certificadora realizará auditorias de acompanhamento para 
manutenção do certificado. 
 
 Se a empresa abandonar algum dos padrões estabelecidos, corre 
o risco de perder o certificado ISO 14000. De 3 em 3 anos realizam-se 
auditorias de renovação, mas os períodos variam de empresa para empresa. 
 
 
AGENDA 21 BRASILEIRA 
 
 A Agenda 21 Brasileira transformou-se em um processo de 
planejamento estratégico participativo, que foi conduzido pela Comissão de 
Políticas de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional. 
 
 No processo de elaboração da Agenda a realidade brasileira foi 
analisada a partir de diferentes focos, observando-se a independência entre o 
meio ambiental, economia, sociedade e instituições. Além disso, determina que 
o processo de elaboração e implementação deve estabelecer parcerias, 
entendendo que a Agenda 21 não é um documento de governo, mas um 
produto de consenso entre os diversos setores da sociedade brasileira, através 
da parceria entre governo, setor produtivo e sociedade civil. 
 
 Os planos definidos pela Agenda serviriam de base para a 
elaboração dos Planos Plurianuais do Governo, quando é definido o destino 
dos recursos públicos do país. 
 
 Para o desenvolvimento das idéias o programa foi dividido seis 
eixos denominados de Agricultura Sustentável, Cidades Sustentáveis, Infra-
estrutura e Integração Regional, Gestão dos Recursos Naturais, Redução das 
Desigualdades Sociais e Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento 
Sustentável, permitindo discutir de forma ampla a sustentabilidade do 
desenvolvimento do Brasil, a partir da análise das diferenças sociais. 
 
 Após, encerrada a Agenda 21 Brasileira, o processo de 
elaboração tomou um novo rumo, através da pesquisa de aspectos estaduais, 
que visa refletir a diversidade entre as regiões que compõe o país. 
 
 A Agenda 21 Brasileira é composta de dois documentos: “Agenda 
21 Brasileira – Ações Prioritárias”, que estabelece os caminhos para a 
construção da sustentabilidade brasileira, e “Agenda 21 Brasileira – Resultado 
da Consulta Nacional”, produto das discussões realizadas em todo o território 
nacional. 
 
 A Agenda estabeleceu 21 pontos de ação, são eles: 
1) Produção e consumo: promover uma campanha nacional contra o 
desperdício e restringir a produção de recicláveis. 
 
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2) Ecoeficiência e responsabilidade social: incentivar mecanismos de 
certificação nas empresas e procedimentos voluntários de monitoramento. 
 
3) Planejamento estratégico: incorporar a dimensão ambiental dos eixos de 
desenvolvimento. 
 
4) Energia renovável: reestruturar o Proálcool e desvinculá-lo dos interesses do 
velho setor sucroalcooleiro. 
 
5) Informação e conhecimento: promover recursos financeiros para pesquisas 
na área do desenvolvimento sustentável e para a manutenção de 
pesquisadores no Brasil. 
 
6) Educação permanente: combater o analfabetismo funcional e valorizar o 
ensino profissionalizante. 
 
7) Promover a saúde: ampliar detecção precoce de hipertensão, diabetes, 
desnutrição e câncer, democratizando o SUS. 
 
8) Inclusão social: baixar o índice de GINI, que mede a distribuição de renda, 
de 0,6 para 0,4. 
 
9)Universalizar o saneamento ambiental: ampliar para 60% o tratamento 
secundário de esgotos na próxima década. 
 
10) Gestão de espaço urbano: tornar o Estado promotor do desenvolvimento 
urbano sustentável. Promover elaboração de Planos Diretores. 
 
11) Desenvolvimento sustentável do Brasil Rural: promover o acesso a terra e 
à agricultura familiar. 
 
12) Promoção da agricultura sustentável: incentivar o manejo de sistemas 
produtivos, adotando o princípio da precaução para transgênicos. 
 
13) Promover a Agenda 21: elaborar indicadores de desenvolvimento 
sustentável. 
 
14) Implantar o transporte de massa: promover a descentralização das cidades 
e a implementação de redes de metrô e trens rápidos. 
 
15) Preservar e melhorar bacias hidrográficas: assegurar a preservação dos 
mananciais pelo estabelecimento de florestas protetoras e proteger margens de 
rios, recuperando suas matas ciliares. 
 
16) Política florestal e controle de desmatamento: limitar a concessão de 
créditos para a expansão de fronteiras agrícola. Implantar corredores de 
biodiversidade em todos os biomas. 
 
17) Descentralização do pacto federativo: fortalecer o federalismo e definir as 
competências entre União, estados e municípios. 
16 
 
18) Modernização do Estado: estabelecer termos de compromisso para a 
solução de passivos ambientais amparados por garantias bancárias. 
 
19) Relações internacionais e governança global: fortalecer as Nações Unidas 
como organismo representativo. 
 
20) Formação de capital social: expandir os incentivos fiscais ao terceiro setor, 
promover oportunidades para os negros, fortalecer o papel da mulher e 
proteger os indígenas da biopirataria. 
 
21) Pedagogia da sustentabilidade: adotar o princípio da responsabilidade 
corporativa. 
 
LEI Nº 6.938/81 
 
 A Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, estabelece, em seu 
artigo 04º, os objetivos da política nacional do meio ambiente: 
 
Artigo 04º. A Política Nacional do Meio Ambiente visará: 
 
I – à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a 
preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico; 
(...) 
III – ao estabelecimento de critérios e padrões da qualidade ambiental e de 
normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais; 
IV – ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas 
para o uso racional de recursos ambientais;”. 
 
 Ainda, seu artigo 09º trata dos instrumentos daPolítica Nacional 
do Meio Ambiente, mencionando entre eles o zoneamento ambiental. 
 
 
LEI DO SNUC 
 
 A Lei nº 9985/00, que institui o Sistema Nacional de Unidades de 
Conservação da Natureza – SNUC, estabelece critérios e normas para a 
criação, implantação e gestão das unidades de conservação. 
 
 O artigo 02ª da mencionada lei estabelece importantes conceitos 
acerca do desenvolvimento sustentável, quer sejam: unidades de conservação, 
conservação da natureza, preservação, proteção integral, uso sustentável, 
recuperação, restauração, zoneamento etc. 
 
 A lei institui, ainda, as unidades de conservação integrantes do 
SNUC, dividindo-as em dois grupos: Unidades de Proteção Integral, que visam 
à preservação da natureza, admitindo apenas o uso indireto de seus recursos 
naturais, e Unidades de Uso Sustentável, que tem como objetivo compatibilizar 
a preservação da natureza com o uso sustentável dos recursos naturais. 
 
17 
 
 O artigo 20, da lei em questão, estabelece o conceito, a 
instituição, o funcionamento e os objetivos das Reserva de Desenvolvimento 
Sustentável. 
 
 
 
CÚPULA MUNDIAL SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (RIO + 
10) 
 
 A conferência realizada de 26 de agosto a 4 de setembro de 
2002, em Joanesburgo, África do Sul, o evento é conhecido como Rio+10, 
porque é realizado uma década depois da Conferência das Nações Unidas 
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio - 92). 
 
 A conferência pretende buscar um consenso na avaliação geral 
das condições atuais e nas prioridades para ações futuras. As decisões serão 
dirigidas a reforçar compromissos de todas as partes para que os objetivos da 
Agenda 21 sejam alcançados, analisando assuntos como o Protocolo de Kyoto 
e a Biodiversidade. 
 
 Além destes pontos importantes, foram discutidos alguns 
programas de desenvolvimento sustentável que foram implantados nos últimos 
anos e adquiriram êxito razoável. 
 Ainda, questão sociais, como o problema da propagação da AIDS 
no continente africano etc. 
 
 
MODELOS DE APLICAÇÃO 
 
 
PROGRAMA MUNICIPAL: RECICLAGEM DE LIXO/RIO DE JANEIRO 
 
 A cidade do Rio de Janeiro possui um programa de reciclagem de 
lixo no Rio, atuante principalmente na Zona Sul, quando coletores 
independentes passam a noite arrecadando latas de alumínio, jornais, papelão 
e cobre, materiais estes que são posteriormente reciclados. 
 
 O município divulga o programa, incentivando os cidadãos a 
separar os materiais em sacos, ajudando, assim, os coletores que poderão 
trabalhar de forma mais eficiente e ganhar um salário mais digno. 
 
 Os coletores de lixo oficiais do estado também serão 
beneficiados, pois mais lixo será previamente coletado pelos coletores 
independentes diminuindo o total de lixo nos caminhões tornando mais breve 
suas barulhentas coletas noturnas. A economia do estado, o meio ambiente e a 
cidade só tem a ganhar. 
 
 
18 
 
PROGRAMA ESTADUAL: BACIA DO GUARIROBA/MATO GROSSO DO 
SUL 
 
 A degradação de recursos naturais causa e ameaça a 
sustentabilidade da agricultura, economia e usos de outros recursos. A fim de 
diminuir o risco da degradação e contaminação do nosso ambiente e mesmo 
para recupera-lo, é necessário controlar a qualidade dos recursos de água, 
solo e ar. 
 Estas ações envolvem alto custo e conflitos de interesses 
econômicos, sendo difícil executá-las. As decisões exigem um conhecimento 
amplo das estratégias alternativas capazes de manter o ambiente limpo com os 
custos aceitáveis. 
 
 Mas antes de empregar qualquer atitude no sentido da qualidade 
da água, é necessário identificar os problemas existentes na bacia hidrográfica, 
um sistema de coleta de dados das fontes de poluentes deve ser implantado 
para detectar as causas dos problemas. 
 
 Pelo fato das bacias hidrográficas estarem degradadas em larga 
escala, vem sendo envidados esforços no sentido de se estimular estudos que 
visem conservar recursos naturais e recuperar danos causados pelo mau uso 
da terra e água. 
 
 O Estado de Mato Grosso do Sul localiza-se em uma região 
privilegiada quanto aos recursos hídricos. Mesmo assim já enfrenta inúmeros 
problemas referentes à qualidade e quantidade de água. 
 
 A bacia Guariroba possui uma área aproximada de 389,27 Km² e 
encontra-se situada na nascente do Córrego Saltinho, afluente do Córrego 
Guariroba. 
 
 Na foz da bacia há um reservatório de Captação de Água 
Superficial, responsável pelo abastecimento de 90% da água portável para a 
população urbana de Campo Grande/MS. 
 
 Entretanto, os problemas causados pela erosão e impróprio 
manejo dos dejetos animais comprometem seu uso para consumo humano, o 
que resultou na redução do abastecimento para 60%. 
 
 A Bacia do Guariroba está ocupada com atividades 
agropecuárias, implicando em cerca de cerca de 40 propriedades rurais, das 
quais muitas destinam-se à criação de bovinos de corte, cria e recria, de forma 
extensiva e outras menores concetram-se em atividades como: piscicultura, 
gado de leite e avicultura. A água é utilizada no sustento dos bovinos, despejo 
de córregos e nascentes. 
 
 A água para consumo humano é proveniente de poços 
superficiais e artesianos. A formação de pastagens destas áreas se fez com a 
retirada da vegetação natural e o plantio de sementes de pastagens. 
 
19 
 
 Os proprietários que exploram o solo da região utilizam técnicas 
que romperam o equilíbrio ambiental, provocando um processo acentuado de 
assoreamento no Córrego Guariroba, e a contaminação da água no 
reservatório. 
 
 O uso da terra e sua ocupação aconteceu desordenadamente, 
com grandes propriedades, pouco exploradas devido a baixa fertilidade dos 
solos. Contudo, no final da década de 70 e início da década de 80, os 
programas de incentivo a ocupação do cerrado proporcionaram a ocupação 
acelerada destas áreas e a conseqüente degradação dos recursos naturais. 
 
 O assoreamento que ocorre na Bacia do Córrego Guariroba, 
acontece devido ao desmatamento de grande parte da vegetação ciliar, pelos 
bebedouros utilizados por bovinos e pastagens degradadas em conseqüência 
da falta de práticas adequadas de manejo e conservação dos solos. 
 
 Após a implantação da divisão do Estado de Mato Grosso em 
1979, dois programas foram criados para viabilizar a política de implantação, 
destinando recursos para a infra-estrutura social: o Programa de 
Desenvolvimento do Estado de Mato Grosso (Promat) e o Programa de 
Desenvolvimento de Mato Grosso do Sul (Prosul). 
 Os primeiros anos de existência do Estado de Mato Grosso do 
Sul, coincidiram com a aceleração no processo de ocupação da área afetada, 
incorporando grandes áreas ao processo produtivo, mas a vegetação nativa foi 
sendo depredada. 
 
 Recomenda-se a adoção de práticas de uso e manejo do solo que 
evitem sua pulverização, compactação e que protejam o solo da ação erosiva 
das chuvas. 
 
 Antes de tentar recuperar áreas degradadas é necessário 
identificar quais as limitações que tais solos impõem à produtividade destas 
áreas. Alguns solos podem ser recuperados pela simples recomposição do 
nível de fertilidade perdida, outros solos talvez nunca mais serão 
completamente recuperados. 
 
 A deterioração dos recursos naturais pode ser identificada 
mediante o monitoramento da micro bacia hidrográfica degradada. Portanto, 
para diminuir o risco de contaminação e degradação do ambiente e mesmo 
para recuperá-lo deve-se monitorar a qualidade da água, do solo e do ar. 
 
 Em razão dos problemas enfrentados, em 21 de setembro de 
1.995, pelo decreto número 7.183, assinado pelo Prefeito do Município de 
Campo Grande, foi criada a Área de Proteção Ambiental dos Mananciais do 
Córrego Guariroba. 
 
 Esta iniciativa visa assegurar o uso adequado dos recursos 
naturais, bem como implementar ações para a recomposição das áreas 
degradadas. Mas até presente, as ações adequadas para conservação do meio 
ambiente ainda não foram tomadas. Portanto, o objetive principal deste projeto 
20 
 
é demonstrar as técnicaseconomicamente viáveis no controle da erosão e 
qualidade da água, conscientizando os agricultoras e incetivando-os a 
implantar técnicas apropriadas na conservação do meio ambiente. 
 
 Uma harmonia entre os interesses econômicos dos proprietários e 
a conservação do meio ambiente poderá ser alcançada, se os proprietários se 
adaptarem aos sistemas adequados de produção agropecuária sustentável. 
 
PROGRAMA FEDERAL: CICLO DO BAMBU/BRASIL 
 
 O bambu, há cerca de 15 anos, vem sendo utilizado como 
matéria-prima geradora de trabalho e renda pelo Programa de 
Desenvolvimento do Ciclo do Bambu no Brasil. 
 
 O programa já é aplicado em 07 estados e beneficia pessoas de 
baixa-renda e, em decorrência do interesse de setores empresariais e 
governamentais, deverá ser implantado em outros estados do país. 
 
 O principal objetivo do programa é a promoção do bem estar 
físico, social, cultural e econômico e para a reintegração da população excluída 
ao meio produtivo. 
 
 Um dos maiores êxitos do projeto foi a premiação do cabide de 
bambu, feito com matéria-prima 100% biodegradável e compatível com a 
preservação do meio ambiente 
 
 Além do cabide, as cooperativas de trabalho, cerca de 50 
espalhadas pelos estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Alagoas, Mato 
Grosso do Sul, Distrito Federal, Espírito Santo e Paraná, também produzem 
brinquedos educativos, maletas, bolsas, acessórios, ventiladores, jogos e 
móveis de baixo custo e alta qualidade. 
 
 A armação de óculos de bambu é um produto já idealizado, mas 
que ainda não ingressou no mercado. 
 
 O bambu alcança seu ponto de maturidade de produção aos três 
anos e quanto mais de colhe, mais se produz, portanto, não é necessário ser 
replantado. 
 
 O programa auxilia na preservação do meio ambiente e, ainda, 
serve de incentivo às comunidades carentes, que encontram um meio de 
subsistência. 
 
O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NO COTIDIANO DO CIDADÃO 
 
 A crescente diminuição dos recursos naturais brasileiros levou o 
Governo vem divulgando informações para economia e preservação destes 
recursos, visando garantir o futuro de nossos descendentes. 
 
21 
 
 Ao mesmo tempo em que o cidadão reduz ou elimina o 
desperdício, economiza dinheiro. 
 
 Neste trabalho explicaremos algumas das idéias e 
recomendações oferecidas pelo Governo no sentido de desenvolvermos 
nossas atividades diárias de forma sustentável 
 
 
ÁGUA 
 
 Hoje, metade da população mundial enfrenta problemas de 
abastecimento de água, quando 97% da água existente no planeta Terra é 
salgada, 2% formam geleiras inacessíveis e, apenas, 1% é água doce, das 
quais muitas fontes já estão poluídas ou, simplesmente, secaram. 
 
 Nossas reservas de água estão ameaçadas em razão da ameaça 
representada por esgotos, lixo, resíduos de agrotóxicos e industriais. 
 
 O programa tem como objetivo imputar a responsabilidade por 
essa triste realidade a cada cidadão, induzindo-o a contribuir no dia-a-dia, 
economizando no consumo de água no banho, na higiene, na comida, na 
lavagem de louça e roupas, na limpeza da casa, na plantas, prestando atenção 
para a existência de vazamentos etc. 
 
 
ENERGIA ELÉTRICA 
 O consumo de energia elétrica aumenta a cada ano no Brasil, 
sendo que em breve, estaremos importando energia elétrica de países 
vizinhos. 
 
 Os estabelecimentos comerciais já vem auxiliando na economia 
de energia com a dinamização de suas atividades, dias e horários de 
funcionamento. 
 
 O consumo residencial e comercial representam cerca de 42% do 
consumo total e cresce cada vez mais em razão do crescimento do mercado de 
eletrodomésticos, sendo recomendada a observância do selo Procel – 
Programa de Combate ao Desperdício de Energia Elétrica nos produtos 
adquiridos. 
 
 Outra forma de economia de energia é representada pela 
utilização de lâmpadas fluorescentes, evitando, assim, a implantação de 
programas de economia como o famoso “Apagão”. 
 
 Economizando energia, o cidadão contribui para o adiamento da 
construção de novas hidrelétricas, que causam grandes impactos ambientais e 
para diminuição da exploração de recursos naturais não renováveis 
 
 
22 
 
LIXO 
 O lixo produzido pela sociedade e demais e aumenta a cada dia. 
 
 Essa dificuldade é maior quando associada aos custos para se 
criar aterros sanitários. A situação torna-se pior quando constatamos que na 
maioria das cidades brasileiras o lixo é despejado em terrenos baldios ou nos 
“famosos” e inadequados lixões. Em contraposição a essas práticas, 
ecologicamente incorretas, vem-se estimulando o uso de métodos alternativos 
de tratamento como a compostagem e a reciclagem ou, dependo do caso, 
incineração. 
 
 A incineração (queima do lixo) é a alternativa menos aceitável, 
vez que provoca graves problemas de poluição atmosférica e exige 
investimentos de grande porte para a construção de incineradores. 
 
 A compostagem é uma maneira fácil e barata de tratar o lixo 
orgânico (detritos de cozinha e fragmentos de plantas). 
 
 A reciclagem é uma das melhores alternativas para o lixo 
inorgânico (plásticos, vidros, metais e papéis), é possível recuperar e reutilizar 
a maior parte dos materiais que na rotina do dia-a-dia é jogada fora. 
 
 O programa fornece, ainda, recomendações para o uso adequado 
dos aparelhos responsáveis pela poluição atmosférica, como por exemplo a 
geladeira, o freezer e o ar condicionado. 
 
 
CONCLUSÃO 
 
 
 Nossa saúde é intimamente ligada com o meio ambiente: o ar que 
respiramos, a água que bebemos e o solo em que vivemos. 
 
 O uso inadequado dos recursos naturais compromete tanto a 
nossa existência como das gerações futuras. 
 
 Em decorrência da imensidão do território brasileiro, muita gente 
acreditava que os recursos naturais do nosso país eram inesgotáveis. 
 
 Entretanto, em uma descoberta recente, se comparada com a 
idade da planeta, o ser humano compreendeu que a água, o ar, o solo, a fauna 
e a flora consistem em recursos finitos em quantidade e qualidade. 
 
 Foi pensando neste problema que surgiu a idéia de um sistema 
de consumo e desenvolvimento sustentável, representado pelo uso conciente 
dos recursos naturais na satisfação de nossas necessidades, evitando o 
comprometimento da sobrevivência das gerações futuras. 
 
 O desenvolvimento sustentável difundiu-se pelo mundo com 
velocidade correspondente à necessidade humana de preservar o meio 
23 
 
ambiente, e logo passou a ser discutido como requisito para a existência da 
humana no planeta. 
 
 A Conferência de Estocolmo e a Conferência das Nações Unidas 
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - ECO 92, representam um marco na 
implantação de programas de desenvolvimento sustentável pelo mundo. 
 
 A partir destas duas reuniões, o assunto passou a ser discutido 
não apenas como um projeto futuro, mas como uma realidade necessária e 
desejada tanto por grupos militantes de proteção à natureza, mas por líderes 
políticos mundiais, por grandes empresas e por toda a sociedade. 
 
 Como não poderia deixar de ser, o desenvolvimento sustentável 
tornou-se alvo do ordenamento jurídico mundial, quando diversas leis 
regulamentando o tema foram instituídas, com importância especial à Agenda 
21. 
 O primeiro passo da legislação brasileira, neste sentido ocorreu 
com a criação da Agenda 21 Brasileira, a partir daí, diversas normas foram 
criadas. 
 
 Segundo o artigo 02º, da Lei do SNUC, o uso sustentável consiste 
na: 
 
“(...) exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos 
ambientais renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade 
e os demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e 
economicamente viável;” 
 
 Assim, surgiram diversos programas de implantação nacional, 
estadual e municipal do desenvolvimento sustentável foram surgindo. 
 
 Refletetindo claramente a aplicação do velho jargão popular: 
saber usar para nunca faltar. 
 
 E isso não exige um grande esforço, somente mais atençãocom 
o que está ao nosso redor, no nosso ambiente. Basta fazermos uma pequena 
reflexão sobre como agimos e como devemos agir. 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
1. ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito ambiental. 6ª ed. Rio de Janeiro: Ed. 
Lumen Juris, 2002. 
 
2. DERANI, Cristiane. Direito ambiental e econômico. São Paulo: Editora 
Max Limonad, 1997. 
 
3. FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. 
3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2002. 
24 
 
 
4. FIORILLO, Celso Antônio Pacheco e RODRIGUES, Marcelo Abelha. Direito 
ambiental e patrimônio genético. Belo Horizonte: Del Rey, 1996. 
 
5. FREITAS, Vladimir Passos de. A Constituição Federal e a efetividade das 
normas ambientais. 2ª ed. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2002. 
 
6. MILARÉ, Édis. Direito do ambiente. 2ª ed. São Paulo: Editora RT, 2001. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
1-Desenvolvimento econômico, sustentável e a engenharia da 
sustentabilidade 
O que é desenvolvimento econômico 
Tradicionalmente, o desenvolvimento é associado ao desenvolvimento 
econômico. Quando se pensa em um país desenvolvido, se pensa na riqueza 
deste país, ou em quanto dinheiro circula anualmente neste país. 
Desenvolvimento econômico é a riqueza econômica dos países ou regiões 
obtida para o bem-estar dos seus habitantes. Em economia e em negócios, a 
riqueza de uma pessoa ou uma nação é o valor líquido dos ativos. Há ativos 
que são tangíveis (terra e capital) e aqueles que são financeiros (dinheiro, 
títulos, etc). As medidas de riqueza normalmente excluem os ativos intangíveis 
ou não comercializáveis, tais como capital humano e capital social. 
O PIB é um indicador de desempenho econômico, calculado no Brasil pelo 
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O PIB real mede o 
produto total de bens e serviços de um país e, portanto, a capacidade desse 
país de satisfazer as necessidades e desejos de seus cidadãos. O PIB cresce 
quando os fatores de produção aumentam ou a tecnologia avança. Admite-se 
que, no longo prazo, a capacidade de um país de produzir bens e serviços 
determina o nível de vida de seus cidadãos. 
 O que é PIB? 
É o produto interno bruto agregado que expressa o total da produção final de 
bens e serviços finais produzido em determinado período de tempo. 
 
PIB = C + G + I + (X – M) 
 Sendo: 
G = Consumo do governo 
C = consumo das famílias 
26 
 
I = investimento bruto 
X = exportações de bens e serviços 
M = importações de bens e serviços 
Nesta abordagem, o aumento do bem estar econômico e a melhora na 
qualidade de vida (incluindo lazer saúde, cultura e educação) são 
conseqüências da maior circulação de dinheiro em um país. De maneira 
resumida, quanto maior o PIB mais desenvolvido seria um país. 
Porém, enquanto o Brasil apresenta o 10º PIB mundial, ao analisar-se sua 
produção sob o foco do PIB per capita percebe-se que o país cai para o 53º 
lugar do ranking. Desta forma, o valor do PIB é insuficiente para indicar se um 
país é desenvolvido ou não, já que não considera a distribuição de renda pela 
população. 
Por outro lado, a análise isolada do PIB per capita, que oferece apenas um 
valor médio, ainda não dispõe da capacidade de conduzir a percepções muito 
conclusivas a respeito do grau de desenvolvimento econômico do país, 
necessitando ser complementada por outros elementos que envolvam 
indicadores sociais e de distribuição de renda do país. 
Desenvolvimento medido pelo IDH 
Como o PIB pretende medir o desenvolvimento econômico sem levar em conta 
aspectos como ao bem estar social (que inclui saúde e educação), surgiu o IDH 
(Índice de Desenvolvimento Humano), que mede a média das realizações de 
um país em três dimensões básicas do desenvolvimento humano: uma longa 
expectativa de vida, o conhecimento e um padrão de vida digno para a 
população. 
O Índice de Desenvolvimento Humano é uma medida comparativa de pobreza, 
alfabetização, esperança de vida para os diversos países do mundo. Seu 
cálculo vai de 0 (zero) a 1 (um), sendo que quanto mais próximo da unidade, 
mais desenvolvido é considerado o país. 
27 
 
A escolaridade inclui a alfabetização dos adultos e a educação primária, 
secundária e terciária da população em geral. O PIB per capita entra no cálculo 
do IDH como um substituto de uma medida do padrão de vida ou de 
distribuição de renda. 
Calculando o IDH 
O diagrama mostra a estrutura do IDH (Fig. 1.1). 
 
 
Fig. 1.1. Estrutura para cálculo do IDH 
Antes de calcular o IDH, se deve calcular os índices de cada dimensão e, para 
isto, são estabelecidos valores mínimos e máximos para cada indicador (Tab. 
1.1). 
Tab. 1.1. Valores máximos e mínimos de cada dimensão para o cálculo do IDH. 
Indicador Valor máximo Valor mínimo 
Expectativa de vida anos 85 25 
Alfabetização de adultos % 100 0 
Educação geral % 100 0 
PIB per capita US$/hab 40.000 100 
 
28 
 
O desempenho em cada dimensão é expresso por um valor entre 0 e 1: 
 
 
 
O IDH é então calculado pela média das três dimensões. São considerados 
países com alto desenvolvimento humano aqueles que apresentam IDH > 0,8. 
Os países com 0,799 < IDH < 0,5 são considerados países de desenvolvimento 
intermediário. Aqueles com IDH < 0,5 são considerados de baixo 
desenvolvimento humano. 
Como exemplo, mostra-se o cálculo do IDH para a Turquia para o ano de 2005. 
1) Calculando o índice de expectativa de vida. 
Para a Turquia, a expectativa de vida em 2005 era de 71,4 anos: 
 
 
29 
 
2) Calculando o índice de educação. 
Na Turquia, em 2005, a taxa de alfabetização de adultos era de 87,4% e a 
porcentagem da população recebendo educação primária, secundária e 
terciária era de 68,7%. 
 
 
3) Calculando o índice do PIB per capita. 
O PIB per capita da Turquia em 2005 foi de US$ 8.047 por habitante. 
30 
 
 
 
4) Calculando o IDH. 
 
 
Para maiores informações sobre o IDH veja: 
http://hdr.undp.org/en/reports/global/hdr2000/ 
31 
 
Com o IDH foram incluídos fatores sociais no cálculo da medida de 
desenvolvimento, mas para avaliar se este desenvolvimento seria sustentável, 
ainda falta um fator essencial a ser considerado: o meio ambiente. 
2. O que é desenvolvimento sustentável 
Sustentabilidade 
No dicionário, a sustentabilidade simplesmente implica que uma determinada 
atividade ou ação seja susceptível de ser sustentada (ou seja, de continuar 
indefinidamente). Pensando no meio ambiente, esta definição não é 
particularmente útil uma vez que muitas práticas altamente nocivas podem ser 
mantidas por longos períodos de tempo, além do tempo da vida humana 
individual. 
 
A emergência nas décadas de 80 e 90 para as questões ambientais de alcance 
global, como o empobrecimento da camada do ozônio e as alterações 
climáticas, chamou a atenção para o acentuado aumento na taxa e na 
amplitude das mudanças no ambiente forjadas pela expansão da economia 
global. 
Talvez a mais conhecida definição de sustentabilidade venha do relatório 
Brundtland de 1987. Os autores definem desenvolvimento sustentável como 
“...o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem 
comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas 
próprias necessidades”. 
O desafio do desenvolvimento sustentável 
O grande desafio deste século é o de alcançar a situação denominada de 
desenvolvimento sustentável. Isto implica em compreender que a sociedade e 
a economia estão inseridas no meio ambiente. A natureza fornece materiais e 
energia e, quando estes são abundantes, a economia cresce, o conhecimento 
e as aspirações dos seres humanos aumentam. Se o meio ambiente for 
explorado a uma velocidade superior àquela que o planeta tem condições de 
repor, os valores, projetos e aspirações tendem a desacelerar. Somente 
32 
 
quando dispõe de fontes de energiaricas e novas é que a humanidade está 
livre para realizar seus desejos individuais. 
Ao longo do tempo, os seres humanos têm modificado a capacidade de carga 
do meio ambiente. Pesquisadores têm desenvolvido métodos para estimar o 
impacto ambiental das populações com relação ao uso de recursos per capita, 
como por exemplo, a Identidade de Ehrlich: 
 
 
 Que pode ser reescrita na forma: 
 I = P x A x T 
onde: 
I é o impacto sobre o ambiente resultante do consumo 
P é a população que ocupa uma determinada área 
A é o consumo per capita (riqueza) 
T é o fator tecnológico 
Quanto menor o impacto de uma população sobre uma área, maior seria a sua 
sustentabilidade. A tabela 2.1 mostra a variação da população do Brasil, 
juntamente com a variação do PIB e da emissão de gases de efeito estufa 
(ECO2) para o intervalo de 1990-2000. Uma terceira coluna mostra uma 
projeção para o ano de 2025, considerando que o padrão de variação se 
mantenha o mesmo no futuro. 
 
 
 
Poluição = Habitantes x Produção econômica x Poluição 
Área área Habitantes Produção econômica 
33 
 
Tab. 2.1. Dados de população, econômicos e de emissão de gás de efeito 
estufa. 
 
Área 
(106 km2) 
 
População 
(108 Hab) 
PIB 
(1012 US$) 
 
ECO2 
(1014 CO2 equiv.) 
 
 1990 2000 2025* 1990 2000 2025* 1990 2000 2025* 
Brasil 8,5 1,50 1,70 2,40 0,435 0,610 1,220 5,17 6,90 12,10 
PIB – produto interno bruto. 
ECO2 – unidade de CO2 equivalente da emissão de gás de efeito estufa. 
* projeção 
Utilizando-se a igualdade de Ehrlich observa-se que, no exemplo tomado, a 
população por área aumenta, o PIB per capita também aumenta, mas a 
tecnologia apresenta melhora, já que há uma diminuição da emissão de dióxido 
de carbono ao longo dos anos (Tab. 2.2.). 
 Tab. 2.2. Termos da equação de Ehrlich para o Brasil. 
 
População/área 
(Hab/m2) 
P 
PIB/pop 
(US$/Hab) 
A 
ECO2/PIB 
(CO2equiv / US$) 
T 
1990 18 2900 1189 
2000 20 3588 1131 
2025* 28 5083 992 
Sustentabilidade Ambiental 
A Identidade de Ehrlich, inclui o meio ambiente, inclui a pressão do tamanho de 
uma população e o fator econômico para calcular o impacto desta população 
sobre uma determinada área. Mas, o fato de I diminuir garante a ocorrência de 
um desenvolvimento sustentável? 
34 
 
Para que uma sociedade seja sustentável, alguns fatores devem ser 
observados. Segundo Herman Daly, ideólogo da Teoria da Sustentabilidade, há 
dois princípios básicos a serem atendidos: 
 1º princípio da sustentabilidade ambiental 
Os recursos naturais não devem ser consumidos a uma velocidade que impeça 
sua recuperação. 
 2º princípio da sustentabilidade ambiental 
A produção de bens não deve gerar resíduos que não possam ser absorvidos 
pelo ambiente de forma rápida e eficaz. 
Nos modelos de interação dos sistemas humanos (econosfera e sociosfera) 
com o meio ambiente (ecosfera) surgem na literatura, três tipos de 
sustentabilidade: a econômica, a social e a do meio ambiente. 
Os fluxos a que se referem aos princípios da sustentabilidade de Herman Daly 
podem ser identificados nos modelos de interação dos sistemas humanos. 
Dependendo do tipo de interação considerado, a sustentabilidade pode ser 
classificada de três formas diferentes: fraca, média e forte dependendo de 
quanto se considera a substituição entre os tipos de capital (natural, econômico 
e social). 
O primeiro modelo representa a interação entre os sistemas humano e natural 
como compartimentos separados e ilimitados em seu desenvolvimento (Fig. 
2.2). Neste tipo de sustentabilidade fraca, a soma de todos os capitais 
(ambiental, econômico e social) é mantida constante, sem diferenciação do tipo 
de capital. 
35 
 
 
Fig. 2.2. Modelo de sustentabilidade fraca 
 
Dada a atual ineficiência na utilização dos recursos do meio ambiente, a 
sustentabilidade fraca seria uma melhoria bem-vinda como uma primeira etapa, 
mas este modelo não representa a sustentabilidade ambiental, já que os 
capitais não são substitutos perfeitos uns aos outros, pelo contrário, são 
complementos. 
 
O segundo modelo de sustentabilidade média considera os três 
compartimentos (eco, econo e sociosfera) com áreas de domínio comuns (Fig. 
2.3). Contudo, neste modelo há outras áreas que são independentes. As 
interações de troca entre os sistemas humanos (social e econômico) possuem 
áreas que não dependem fortemente do sistema natural. Neste tipo de 
sustentabilidade, a soma dos três tipos de capital (ecológico, econômico e 
social) é também mantida constante, porém a substituição entre os diferentes 
tipos de capital seria parcial. 
36 
 
 
Fig. 2.3. Modelo de sustentabilidade média 
 
No modelo de sustentabilidade ambiental forte, o meio ambiente contém os 
sistemas humanos, fornecendo recursos (como minérios e energia) e 
prestando serviços ambientais (como a dispersão de poluentes), figura 2.4. 
Estes recursos e serviços ambientais são a base do desenvolvimento 
socioeconômico e são a fonte da real prosperidade humana. Os sistemas 
humanos estão contidos no sistema natural e a econosfera e a sociosfera não 
podem crescer além das limitações intrínsecas da biosfera. 
Neste tipo de modelo, para alcançar a sustentabilidade é necessário manter o 
capital intacto separadamente. 
No modelo se sustentabilidade forte, observam-se os diferentes fluxos de troca 
entre os diferentes sistemas (Fig. 2.4). A humanidade é usuária dos recursos 
naturais e controla estes fluxos. Os fluxos de troca entre os sistemas humanos 
têm maior qualidade, pois abrangem a troca de recursos manufaturados 
(especialmente entre o sistema econômico e o social) e de informação 
(especialmente entre o sistema social e o econômico). Os sistemas humanos 
(a econosfera e a sociosfera) têm hierarquia mais alta que os sistemas 
naturais, pois as decisões tomadas nestes sistemas controlam os fluxos de 
troca entre o sistema natural e o humano. 
37 
 
3. A engenharia da sustentabilidade 
Um princípio simples, conhecido pelos engenheiros, é o de que tudo está 
baseado em energia. A energia constitui a fonte e o controle de todas as 
coisas, todos os valores e todas as ações dos seres humanos e da natureza. 
Quando a energia disponível é abundante, a economia, o conhecimento e as 
aspirações dos seres humanos crescem. Se as fontes de energia são 
exploradas a uma velocidade superior àquela que o planeta tem condição de 
regenerar, os valores, projetos e aspirações dos seres humanos são 
desacelerados, ou no mínimo, adiados. Este fenômeno vem se repetindo ao 
longo de toda a história da humanidade e da natureza. 
Na busca pela sustentabilidade, os engenheiros devem utilizar técnicas para 
medir e avaliar os sistemas de fornecimento de energia considerando tanto o 
homem como a natureza, incluindo ainda em seus cálculos a economia. Este 
engenheiro deve perceber que a maior parte dos avanços tecnológicos que 
ocorreram no século passado (em que houve um crescimento acelerado) só foi 
possível pela utilização da energia disponível, como a utilização do petróleo em 
grande escala. À medida que a disponibilidade desta forma de energia diminui, 
alguns avanços tecnológicos estão fadados a desaparecer. 
O entendimento da Engenharia da Sustentabilidade implica portanto em 
entender como as leis da energia controlam todos os modelos humanos, a 
economia, os períodos de crescimento e de estabilidade. Deve-se hoje 
contemplar o mundo como um todo e considerar a forma como os seres 
humanos podem se adaptar ao ambiente. Conhecendo a forma com que a 
energia produz e mantém a ordem para a humanidade e para a natureza, será 
possível oferecer soluções de engenharia econômicas e inteligentes para que 
os indivíduos possam escolher sua forma de viver. 
Os fluxos de energia que formam e mantém os sistemas humanos e naturais 
Enquanto havia energia em abundância para a rápida expansão da 
produtividade e para odesenvolvimento da cultura humana, o abastecimento 
de alimentos, a tecnologia e o conhecimento, o homem foi induzido a 
38 
 
considerar a energia, a economia e a sociedade como bens garantidos à sua 
sobrevivência (modelo de sustentabilidade fraca). Ao refletir sobre o futuro, se 
pensava em diminuir a desigualdade social e garantir o desenvolvimento 
econômico das sociedades. Entretanto, o rápido crescimento que caracterizou 
o último século, aliado à percepção da capacidade de carga do planeta e à 
compreensão de que nossas fontes de energia são limitadas, nos leva a tentar 
compreender a este problema complexo de acordo com o modelo de 
sustentabilidade forte. 
Em engenharia, para que se possa avaliar um sistema tão complexo se utilizam 
“sistemas” e diagramas de sistemas para se realizar os cálculos sobre fluxos e 
depósitos de recursos. Por exemplo, a planta da instalação hidráulica de uma 
casa é um diagrama de sistemas. A partir dele, podemos compreender a 
velocidade de entrada e saída de água, quanto custará manter o sistema em 
funcionamento e as formas de energia necessárias para sua operação. Já que 
a energia está incluída em todos os processos, se podem fazer diagramas para 
todos eles, desde os de fluxos de água de uma casa, até os de sistemas de 
plantação de alimentos e de operação de sistemas mais complexos como uma 
cidade ou um país. 
Diagramas simples de energia permitem visualizar de que modo os recursos 
controlam o que acontece aos sistemas e prever o futuro. 
Definição de sistema 
Sistema se refere a tudo o que funciona como um todo devido à interação de 
suas partes organizadas. Por exemplo, uma casa é um sistema com 
tubulações de água, condutores elétricos, materiais de construção, etc. Um 
time de futebol é um sistema composto por jogadores com funções diferentes, 
mas que atuam de comum acordo por interações combinadas durante o 
treinamento. Um bosque é um sistema constituído de árvores, solo, nutrientes, 
animais e microrganismos. Com a interação entre estes elementos, o bosque 
se mantém como unidade. 
39 
 
Para todos estes sistemas, se podem aplicar as leis da energia e construir 
diagramas de energia. Diagramas de sistemas e fluxos de energia 
A figura 3.1 é um diagrama que mostra os processos que ocorrem em uma 
fazenda. De forma simples, o diagrama ilustra de que modo a plantação 
depende das interações dos fluxos de entrada de energia solar, de chuva, 
nutrientes do solo, do trabalho humano e do maquinário. 
A fazenda é um sistema, composto de partes que interagem para formar o 
todo. O quadrado marca os limites do sistema. Entrando no sistema, são 
mostrados os fluxos de energia e materiais, necessários para a plantação de 
alimento. Para que a produção seja possível, deve-se dispor da energia do sol, 
da chuva e, também, da mão de obra e de máquinas. Dentro do limite, são 
mostrados alguns fluxos que interagem e afetam a produção da fazenda. Para 
que a fazenda produza, é necessária a interação entre os nutrientes fornecidos 
pelo solo com a mão de obra e as máquinas (fornecidas pelos sistemas 
humanos) e com o sol e a chuva (fornecidos pelo meio ambiente). O fluxo que 
sai do sistema é o alimento produzido. Este fluxo será utilizado por outros 
sistemas, como uma cidade ou um grande mercado. O fluxo apontando para 
baixo mostra a energia que foi degradada e que se encontra agora na forma de 
calor dissipado. 
40 
 
 
Fig. 3.1. Fluxos energéticos necessários para a produção de alimentos em uma 
fazenda. 
 Da mesma forma que a fazenda foi representada por um diagrama de energia, 
pode-se representar qualquer tipo de sistema. O mundo está cheio de sistemas 
com características semelhantes. Vários sistemas, aparentemente diferentes, 
têm características comuns, que podem ser identificadas com o entendimento 
dos diagramas. Pode-se representar desde sistemas simples até aqueles mais 
complexos. 
 
Fig. 3.2. Fluxos de energia entre plantas e consumidores. 
 
41 
 
A figura 3.2 mostra como a biosfera atua de forma semelhante aos sistemas 
mostrados anteriormente. A biosfera utiliza a luz do sol para produzir alimento 
que os bosques naturais e os organismos marinhos proporcionam aos 
consumidores, de forma semelhante àquela com que os alimentos produzidos 
em uma fazenda chegam aos seres humanos. Estes alimentos e fibras são 
utilizados pelos consumidores (seres humanos, animais, cidades e 
microorganismos) e os consumidores devolvem ao ambiente materiais para 
serem reutilizados. Os materiais neste caso são aqueles reutilizados para o 
crescimento das plantas, como o dióxido de carbono e os nutrientes 
(fertilizantes como o nitrogênio, o fósforo e o potássio). O fluxo destes 
elementos é movido pelo fluxo de energia solar. Os fluxos, ao circular, 
armazenam energia e seus modelos de organização estabilizam o fluxo de 
energia, fazendo possível que a vida na biosfera continue. 
 As fontes de energia controlam a forma dos sistemas 
Um sistema está limitado pelas fontes de energia que chegam a ele. Um 
sistema muito iluminado rico em energia solar tem um tipo diferente de 
vegetação de outro que, por causa de sua localização geográfica ou altitude 
elevada, recebe menos energia do sol. Os modelos de agricultura das 
civilizações antigas estavam baseados somente nos fluxos de sol e chuva. 
Hoje, na agroindústria, se empregam fontes adicionais de energia, como 
combustíveis fósseis, que direta ou indiretamente, alimentam o maquinário e os 
serviços das atividades agroindustriais. 
As fontes de energia externas dão fundamento a um sistema. O sistema 
gradualmente auto-organiza suas reservas, seus ciclos de materiais, seus 
sistemas de retro alimentação e seu formato de forma a otimizar o uso da 
energia disponível. Neste processo de tentativa e erro, há uma seleção entre 
alternativas. Os sistemas que sobrevivem são aqueles que melhor utilizam sua 
energia armazenada para estimular o fluxo energético. 
Quando o fluxo de energia externa de um sistema muda, necessita-se de um 
tempo para o desenvolvimento de um novo sistema adaptado à nova fonte de 
energia. Por exemplo, quando o clima muda novas formas de vegetação 
42 
 
substituem as formas primitivas. Quando ocorrem mudanças nos modelos 
energéticos de uma região, ocorrem também mudanças nos modelos agrícolas, 
industriais, econômicos, culturais e no estilo de vida da população. 
 Recursos limitados e ilimitados 
O desenvolvimento de um sistema está limitado a seus recursos energéticos. 
Se estes podem suportar mais crescimento ou se o sistema deve ser limitado 
em sua atividade depende da disponibilidade de energia externa (Fig. 3.3). 
Pensando em uma represa para fornecimento de energia elétrica, pode-se 
distinguir duas situações. A represa pode estar limitada pelo fluxo de água que 
chega a ela, se os fluxos que chegam não forem suficientes para fornecer água 
suficiente para girar as turbinas. Por outro lado, se o fornecimento de água à 
represa for maior que a pressão necessária para mover as turbinas, esta 
represa pode ser ilimitada. 
 
Fig. 3.3. Comparação entre duas fontes de energia: (a) fonte de energia de 
grande capacidade, com fluxo de saída suficiente para cada usuário e (b) fonte 
de energia limitada, com fluxo disponível fixo por unidade de tempo. 
 
43 
 
 O fornecimento de energia ilimitado (a) contrasta com o fornecimento de 
energia limitado (b). Uma fonte ilimitada pode proporcionar energia a qualquer 
consumidor que se conecte a ela, como por exemplo os primeiros 
consumidores de uma central hidroelétrica. Quando a fonte é limitada, os 
consumidores têm de adaptar-se a seu fluxo. 
A luz solar é outro exemplo, uma floresta não pode empregar mais energia por 
hectare do que aquela que chega regularmente a cada dia. Uma vez que a 
floresta está desenvolvida para captar toda a luz disponível, não é possível 
prosseguir maximizando o fluxoenergético que produz a partir daquela fonte. 
Para sobreviver, os sistemas geram ordem, desenvolvem retroalimentações de 
energia e reciclam materiais. Os fluxos de energia podem ser esquematizados 
em diagramas com características básicas. As fontes ilimitadas de energia 
podem suportar o aumento de consumo e a acumulação de reservas que 
chamamos de crescimento. Os fluxos de energia limitada na fonte não podem 
suportar um crescimento ilimitado e os sistemas que empregam estas fontes 
tem de se desenvolver de forma a manter o armazenamento de energia e de 
reservas em um nível que o fluxo de entrada possa suportar. 
Já que a energia acompanha todos os processos e fluxos, modelos que 
empreguem diagramas de energia de sistemas podem ser utilizados para 
descrever os diversos sistemas do nosso planeta, sejam eles naturais ou 
criados pelo homem. Os diagramas de energia de sistemas representam as leis 
da energia. A primeira lei (conservação da energia) estabelece que a energia 
que flui para dentro de um sistema deve ser igual àquela que sai ou fica 
depositada no sistema. No exemplo da roda d’água movida pela ação de um 
fluxo constante de água, a energia potencial da água se converte em energia 
cinética e ao mesmo tempo parte desta energia se converte em calor. De 
acordo com a segunda lei, a energia dispersa (que não pode ser mais utilizada 
para realizar trabalho) deixa o sistema de forma degradada (calor). Nos 
diagramas, a energia degradada é sempre mostrada deixando o sistema em 
direção ao sumidouro de energia. 
 
44 
 
2- Modelos de Crescimento 
 
A engenharia da sustentabilidade 
MODELOS 
Os engenheiros sabem que tudo está baseado em energia. Na busca pela 
sustentabilidade, os engenheiros devem utilizar técnicas para medir e avaliar 
os sistemas e suas fontes de energia e, para isto, utilizam modelos. 
Modelos representam sistemas e os sistemas são constituídos de partes e de 
suas interconexões. Nosso planeta (um sistema) é constituído de lagos, rios, 
oceanos, montanhas, organismos, pessoas e cidades. Algumas partes são 
grandes, outras pequenas. Há processos que interconectam estas partes, às 
vezes diretamente, às vezes indiretamente. Pode-se dizer que nosso mundo é 
um enorme sistema complexo, mas para que o homem possa compreender 
este mundo complexo e suas inúmeras interconexões, criamos modelos. 
 
Para construir um modelo, a primeira coisa a fazer é criar uma caixa imaginária 
que contenha nosso sistema de interesse. Desta forma definimos o sistema. A 
seguir, podemos desenhar símbolos que representam as influências externas, 
símbolos que representam as partes internas de nosso sistema e as linhas de 
conexão entre estes símbolos, que representam relações e fluxos de materiais 
e energia. Para que o modelo se torne quantitativo, adicionamos valores 
numéricos a cada fluxo. Desta forma, podemos utilizar os modelos para 
avaliações quantitativas e para simulações, que permitem acompanhar/prever 
o comportamento do sistema ao longo do tempo. 
 
Um modelo simples de um sistema de armazenamento 
Vamos começar modelando um sistema simples que contém apenas um 
processo de armazenamento (Fig. 4.1.). Apesar de usarmos a água como 
exemplo do material a ser armazenado, este modelo se aplica a qualquer tipo 
de estoque (petróleo, minérios, dinheiro, pessoas, livros, etc). A primeira coisa 
a fazer é criar a caixa imaginária que contém o sistema que, neste caso, é 
45 
 
constituído de um estoque, um fluxo de entrada e um fluxo de saída. A 
utilização dos símbolos adequados torna o modelo mais preciso. 
 
Fig. 4.1. Exemplo de modelo de sistema de estoque. O sistema contém um 
estoque, um fluxo de entrada e um fluxo de saída. 
O fluxo de entrada é provido por uma fonte externa (círculo). O estoque de 
água no tanque é representado pelo símbolo de estoque, que alimenta um 
fluxo de saída para outro sistema externo. O modelo do diagrama é observado 
da esquerda para a direita. Pode-se imaginar o fluxo de água entrando no 
tanque para depois sair em um fluxo proporcional à pressão de água no 
tanque. A água sai do sistema pela direita, atravessando a fronteira 
estabelecida para nosso sistema (caixa imaginária). O modelo representa a 
primeira lei da energia: a energia disponível na fonte de água entra no tanque, 
é estocada como energia potencial (de acordo com a altura da água no tanque) 
e à medida que a água sai, parte da energia é perdida por atrito na forma de 
calor (segunda lei). A energia perdida no processo é também representada 
como um fluxo de calor (não água). 
Quanto mais água entra, maior será o depósito e maior o fluxo de saída. Se a 
entrada de água for constante, o estoque irá aumentar até que o fluxo de 
entrada se iguale ao de saída. Depois disso, o nível de água se mantém 
constante (Fig. 4.2). 
46 
 
 
Fig. 4.2. Representação gráfica para o crescimento de um estoque, como o 
representado pelo modelo de armazenamento. 
 Utilizando a linguagem da energia para entender os sistemas e empregar 
diagramas de energia de sistemas permite definir equações matemáticas para 
cada sistema. 
Equações para um sistema simples de armazenamento 
Vamos começar com o modelo simples de armazenamento de água em um 
tanque (Fig. 4.3). A descrição verbal do modelo apresentado estabelece que a 
mudança na quantidade de água do estoque é proporcional à diferença entre 
os fluxos de entrada e saída. Agora podemos escrever uma equação para 
estas palavras com um termo para “a mudança na quantidade de água” e outro 
para “diferença entre os fluxos de entrada e saída”. 
Na figura , o fluxo de entrada de água é representado por J. O fluxo de saída 
deve ser proporcional à pressão exercida pelo estoque (coluna d’água), ou em 
outras palavras, o fluxo de saída é proporcional à quantidade armazenada Q. 
Dizer que um fluxo é proporcional a uma quantidade é o mesmo que dizer que 
quando a quantidade aumenta, o fluxo também aumenta. A quantidade com 
que o fluxo aumenta é representada por uma constante k1, que é normalmente 
obtida de dados experimentais. k1 é chamada de constante pois seu valor não 
varia à medida que o estoque aumenta ou diminui. 
47 
 
 
Fig. 4.3. O sistema de armazenamento contém um estoque (Q), um fluxo de 
entrada (J) e um fluxo de saída (k1 x Q). 
 
Verbalizando o modelo mostrado na figura tem-se: 
 A mudança na quantidade armazenada com o tempo (dQ/dT) é a 
diferença entre o fluxo de entrada J e o de saída k1 x Q. 
 E a equação que corresponde ao modelo verbal é: 
dQ/dT = J – k1 x Q 
 Esta equação diferencial estabelece a mudança do estoque com o tempo em 
termos gerais, sem utilizar ainda valores numéricos. Para um caso particular 
pode-se encontrar o valor de J e o de k1 x Q. Por exemplo, sabendo-se que o 
fluxo de saída de um determinado depósito de 1000L é de 100 litros por hora, 
temos que: 
k1 x Q = 100 L/h 
ou 
48 
 
k1 = 100/Q = 100/1000 = 0,1 h-1 
Pode-se também lidar com as mudanças de estoque com o tempo utilizando 
intervalos discretos de tempo. Assim 
Novo Q = Velho Q + mudança de Q x intervalo de tempo 
 ou 
Q1= Q0 + DQ x Dt 
 De posse das equações que descrevem o sistema, pode-se construir gráficos 
que podem ser comparados com as expectativas do comportamento do 
sistema e para verificar se o modelo corresponde ao que acontece no mundo 
real. 
Tomando-se como exemplo o modelo de armazenamento de água e as 
equações que descrevem o sistema, pode-se construir uma tabela para 
acompanhar/prever o comportamento do sistema com o tempo. 
Tomando-se valores de J = 2 L/h, Dt = 1h e k1 = 0,03 h-1, pode-se acompanhar 
as mudanças na quantidade armazenada em um depósito (Q0 = 1 L) que 
recebe 2 L/h com um fluxo de saída inicial de 0,03 L (k1 x Q), ver tabela 4.1. 
Tab. 4.1. Mudanças na quantidade armazenada de um depósito de água. Os 
valores iniciais são destacados em negrito. 
Tempo Fluxo de saída Variação

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