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TEXTOS PARA ESTUDO- Terapia Cognitivo Comportamental

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Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) 
A Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) atua com base na inter-relação entre cognição, emoção e comportamento. De acordo com o Modelo Cognitivo diferentes eventos, geram diferentes formas de agir em diferentes pessoas, não em função do evento em si, mas pela interpretação (pensamento) que é feita do evento – gerando diferentes emoções e comportamentos. Em função disso, uma mudança em qualquer um desses componentes (pensamento, emoção ou comportamento) pode iniciar modificações nos demais.
O trabalho inicia-se logo na primeira sessão; através da queixa do paciente o terapeuta colhe dados importantes para o diagnóstico clínico. Começa também a compreender a maneira de ser dessa pessoa, sua forma de pensar/sentir/agir. Após esses primeiros aspectos o psicoterapeuta começa a levantar hipóteses sobre como o paciente desenvolveu o transtorno (fonte da queixa) que o motivou a buscar o tratamento.
Essas hipóteses irão guiar o processo, e em função disso, vão sendo reconstruídas a cada nova sessão, de acordo com o aparecimento de novos dados. Terapeuta e paciente colaborativamente modificam e refinam suas formulações confirmando algumas hipóteses e descartando outras.
É feita conjuntamente uma lista de problemas e metas do tratamento que auxilia a selecionar as intervenções mais adequadas a serem feitas e o momento adequado, além de facilitar a visualização da evolução do tratamento.
O paciente pouco a pouco vai familiarizando-se com o modelo cognitivo, permitindo que passe a ter maior autoconhecimento assim com a compreender-se melhor. Aprende a monitorar-se e a controlar seus pensamentos, emoções e comportamentos.
Os exercícios, experimentos e tarefas são outro ponto importante desse processo reeducativo e de autoconhecimento, trazendo maior segurança para o paciente, promovendo aprendizado e uma ponte sólida entre o setting terapêutico e o ambiente externo.
É criada uma equação cognitiva específica do sujeito, a qual permite traçar um
plano terapêutico, por usa vez quais serão os alvos das intervenções e por
último quais serão as intervenções técnicas a serem feitas e em que momentos.
Como pode ser observado o processo e o progresso da Terapia Cognitivo Comportamental é fruto da parceria entre terapeuta e paciente, dependendo de ambos seu sucesso. O paciente tem possibilidade de acelerar ou atrasar seu tratamento e seus resultados de acordo com sua maneira de agir e comprometimento.
De forma geral a Psicoterapia Cognitivo Comportamental permite rapidez nos resultados, assim como grandes mudanças no indivíduo (de acordo com seu desejo).
Este processo promove autoconhecimento, aprendizado de novas habilidades assim desenvolvimento das que já existem, maior controle de seus pensamentos/emoções/comportamentos, além do tratamento de alguns transtornos.
Seguem abaixo alguns dos transtornos para os quais a Terapia Cognitivo Comportamental é muito eficiente e eficaz (alguns dos transtornos necessitam de acompanhamento psiquiátrico – talvez momentâneo – para viabilizar e facilitar o processo psicoterapêutico):
*Depressão: visão negativa de sim, dos outros e do futuro.
*Hipomania ou episódios maníacos: visão inflada de si, dos outros e do futuro.
*Comportamento suicida: desesperança e conceito autodesqualificador.
*Ansiedade generalizada: medo de perigos físicos e psicológicos.
*Fobia: medo de um perigo físico ou mental iminente.
*Estado paranoide: visão dos outros como manipuladores e mal intencionados.
*Transtorno conversivo: ideia de anormalidade motora ou sensória.
*Transtorno obsessivo-compulsivo: pensamentos continuados e persistentes sobre segurança; atos repetitivos para precaver-se de ameaças.
*Anorexia e bulimia: medo de ser gordo e não atraente.
*Hipocondria: preocupação com doença insidiosa.
Postado por Thaís Petroff Garcia às 12:41 
Formada em Psicologia pela PUC-SP. Especialista em Terapia Cognitiva pelo Instituto de Terapia Cognitiva e membro da Associação Brasileira de Psicoterapia Cognitiva e da Federação Brasileira de Terapias Cognitivas. Diretora do Espaço OM NAMAH SHIVAYA (www.shivaya.com.br). Formada em Terapia Energética Corporal com Dimas Calegari, Hipnoterapia Cognitiva com Thomas Dowd, Terapia Cognitiva Processual com o prof. Dr. Irismar Reis de Oliveira em em Capacitação em Yoga com Marcos Rojo, pelo Instituto de Ensino e Pesquisa em Yoga. É Practitioner em PNL pelo Instituto de Performance Humana Continuum, certificada pela American Board of NLP. Fez Residência em Psicologia na AACD, Aprimoramento em Psicossomática pelo Cogeae-PUC-SP e Especialização em Psicologia da Infância na Unifesp. Master Coach pela Graduate School of Master Coaches, certificada pelo Behavioral Coaching Institute e reconhecida pelo International Coaching Council. Formada também em Executive Coaching e em Personal e Professional Coaching, ambas pela Sociedade Brasileira de Coaching, da qual faz parte do grupo de membros. 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
RELATÓRIO DE ESTÁGIO NA ÁREA DE PSICOLOGIA CLÍNICA 
ABORDAGEM COGNITIVO - COMPORTAMENTAL NO ATENDIMENTO DE PACIENTES COM HISTÓRIA DE 
DEPRESSÃO E DÉFICIT EM HABILIDADES SOCIAIS.
LORINE TAVARES, 2005 
I. IDENTIFICAÇÃO 
ESTAGIÁRIA 
Nome: Lorine Tavares 
Matrícula: 03117910 
Assinatura: ________________________________________ 
SUPERVISOR ACADÊMICO 
Nome: Professor Doutor José Baus 
CRP: 12 / 270 
Assinatura: ________________________________________ 
COORDENADOR DE ESTÁGIOS DO CURSO DE PSICOLOGIA 
Nome: Professor Edmilson A. Dias 
Assinatura: ________________________________________ 
3ÍNDICE
II.Apresentação........................................................................................ 006 
III. Fundamentação Teórica .......................................................................07 ATerapiaComportamental......................................................................... 07 
A Terapia Cognitiva ...................................................................................08 
A Terapia Cognitivo-Comportamental.................................................... ..10 
IV. Alguns dos conceitos utilizados ao longo das sessões psicoterápicas..11 
A Relação Terapêutica ...............................................................................11 
Ansiedade ...................................................................................................13 Modelo da relação entre pensamentos, estados de humor, comportamentos, reações físicas e ambiente. .........................................................................14 
Regras ou Esquemas ..................................................................................15 
Crenças .......................................................................................................15 
Pensamentos Automáticos .........................................................................15 
Contingências de Reforçamento ................................................................15 
V. Teorias utilizadas para um melhor entendimento dos transtornos observados nos casos atendidos. ................................................................16 
A Adolescência (Para uma melhor avaliação do Caso II E III)..................16 
Depressão ...................................................................................................19 
O Modelo Cognitivo da Depressão ............................................................19
A Depressão segundo o modelo do Desamparo Aprendido ......................20 
Suicídio: Fatores que levam a induzir essa ação (ver caso III) ..................25 
Fatores sociais de risco de suicídio e sinais de alerta .................................27 
Comportamento Assertivo e Habilidade Social..........................................29 
VI. Algumas das técnicas utilizadas nos casos atendidos...........................30 
Técnicas Cognitivas....................................................................................30Tarefas de Casa...........................................................................................31 
Registro Diário dos Pensamentos Disfuncionais........................................31 
O Método Socrático....................................................................................31 
4 Testes Comportamentais .........................................................................31 
Planejamento de Atividades Diárias...........................................................32 
Prescrição de Tarefas Graduadas................................................................32 
A Prevenção de Recaídas........................................................................ ...32 Treinamento em Habilidades Sociais .........................................................33 O Ensaio Comportamental..........................................................................33 
Role-Playing ...............................................................................................33 
Feedback e Reforçamento ..........................................................................34 
O Procedimento de Dessensibilização Sistemática.................................. ..34 
Resolução e Solução de Problemas ............................................................35 
VII. Método ................................................................................................36 
VIII. Descrição e Síntese dos Casos ..........................................................37 
Caso I: “C” 
Síntese do Caso...........................................................................................38 
1ª Sessão .....................................................................................................44 
2ª Sessão ....................................................................................................50 
3ª Sessão ....................................................................................................56 
4ª Sessão .....................................................................................................63 
5ª Sessão .....................................................................................................69 
6ª Sessão .....................................................................................................75 
7ª Sessão .....................................................................................................81 
8ª Sessão .....................................................................................................86 
9ª Sessão .....................................................................................................90 
10ª Sessão ...................................................................................................94
11ª Sessão ...................................................................................................98
12ª Sessão .................................................................................................103
13ª Sessão .................................................................................................107
14ª Sessão .................................................................................................111
15ª Sessão .................................................................................................113
Caso II: “G” 
Síntese do Caso.......................................................................................................... 116
1ª Sessão ...................................................................................................119 
2ª Sessão ...................................................................................................................125 
3ª Sessão ...................................................................................................................129 
4ª Sessão ...................................................................................................................132 
5ª Sessão ...................................................................................................134 
Caso III: “S” 
Síntese do Caso.........................................................................................138 
1ª Sessão ...................................................................................................141 
2ª Sessão ...................................................................................................146 
3ª Sessão ...................................................................................................151 
4ª Sessão ...................................................................................................152 
5ª Sessão ...................................................................................................154 
6ª Sessão ...................................................................................................156 
7ª Sessão ...................................................................................................158 
8ª Sessão ...................................................................................................161 
IX. Descrição dos últimos casos atendidos ..............................................163 
Caso IV: “G.D.B”, 
1ª Sessão .................................................................................................. 164 
Caso V: “M” , 
1ª Sessão .................................................................................................. 170 
X. Considerações Finais ...........................................................................178 
XI. Referências Bibliográficas .................................................................180 
Anexo (Sessões Transcritas referentes ao caso II: “G”)...........................182 
6
II. APRESENTAÇÃO
O presente relatório oferece o registro das atividades desenvolvidas em estágio pré-curricular durante o semestre letivo de 2005.1, e curricular, referente ao semestre letivo de 2005.2, em Psicologia Clínica. 
O estágio refere-se aos atendimentos individuais, prestados pela estagiária, no Serviço de Atendimento Psicológico (SAPSI) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Supervisões individuais e semanais foram feitas pelo professor encarregado (Professor Doutor José Baús), visando que os
casos fossem discutidos e encaminhamentos fossem feitos. 
Os atendimentos seguiram a abordagem Cognitivo-Comportamental, onde se buscou remover ou modificar sintomas existentes, corrigir padrões de comportamentos desadaptativos e promover o desenvolvimento da personalidade. Importante mencionar que as queixas e demandas dos pacientes costumam agrupar-se no motivo da consulta, onde as queixas geralmente fazem referência àquilo que vai mal e o que se quer eliminar, e as demandas fazem referência àquilo que se quer adquirir, ao positivo. Toda queixa, em geral, engloba uma demanda: uma nova forma de comportar-se ou uma mudança no ambiente, que foi exatamente um dos maiores objetivos dos atendimentos realizados. 
Conforme CAMINHA et al. (2003) colocam, a terapia cognitivo -comportamental tem vários princípios norteadores, dentre eles, despertar 
no paciente um senso de cooperação e confiança, e considera, contrariando muitas concepções distorcidas, as emoções e o relacionamento terapêutico como valiosos instrumentos terapêuticos. 
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) foi desenvolvida, aprimorada e extensamente difundida na Europa e nos Estados Unidos nos últimos vinte anos. É caracterizada por ser muito bem estruturada, orientada ao momento presente, direcionada à resolução de problemas atuais e à modificação de pensamentos e comportamentos disfuncionais. Achados clínicos conduzidos através de vários estudos muito bem controlados, apoiam a eficácia desta forma de tratamento. Atualmente esta forma de 
psicoterapia vem se impondo como o principal e mais eficaz tratamento psicológico para os transtornos emocionais. 
	Porquê Terapia Cognitiva- Comportamental?
O que nos afeta não são os acontecimentos em si, mas sim aquiloque nós interpretamos...
	
Por Fernando Lima Magalhães
Com uma grande variedade de formas de tratar os diversos problemas psicológicos, nomeadamente de ansiedade e depressão, é compreensível que as pessoas sintam alguma confusão e insegurança na altura de escolher quer um psicólogo, quer um tipo de "terapia" que seja a mais útil e eficaz.
Por isso, vou tentar descrever o que significa terapia cognitiva, as suas vantagens e como funciona, com um exemplo de um diálogo entre terapeuta- cliente. 
Qualquer problema psicológico pode ser descrito ou explicado em termos de pensamentos, emoções e comportamentos. 
Indivíduo 1: Por exemplo, diante a situação de falar em público, um indivíduo pode ter  pensamentos automáticos como "vou corar; vou fazer um papel de tolo; ninguém vai gostar da minha apresentação, vão perceber a minha ansiedade; corar é uma vergonha; se gaguejar vai ser horrível; estou tão preocupado com a minha ansiedade que nem me consigo concentrar no que tenho para dizer  ". Em função destes pensamentos, o indivíduo vai sentir emoções negativas, como medo, tristeza e culpa. Depois poderá ter comportamentos que podem agravar a situação como preparar-se excessivamente, procurar adivinhar o que vai acontecer, imaginar uma "catástrofe" ou procurar controlo daquilo que não é possível controlar (ex: procurar a aprovação de toda a gente ou exigir-se uma apresentação perfeita).
Estes três elementos (pensamento, emoção e comportamento) são interligados entre si, muitas vezes levando a ciclos viciosos. Por exemplo, a emoção de ansiedade pode desencadear pensamentos ansiosos e também estes pensamentos de desastre eminente podem provocar mais sentimentos de ansiedade. Na terapia mudam-se em pequenos passos os pensamentos, emoções e comportamentos e deverá ser tolerante pelo tempo que é necessário para esta mudança e não esperar uma alteração radical em 24 horas.
Indivíduo 2: Agora imagine outra pessoa diante a situação de falar em público, com pensamentos do género: "Aceito que há uma porção de pessoas que possivelmente não vão gostar, mas aceito que há um grupo que gosta; vou procurar ser eficaz e não ser perfeito, aceito que posso sentir ansiedade e respirar lenta e pausadamente, as pessoas vão estar lá para me ouvir e não para avaliar se estou ansioso ou não; já apresentei outras vezes e sinto-me mais ou menos bem preparado desta vez; vou procurar focar-me naquilo que preciso de transmitir às pessoas e não na minha própria ansiedade; se gaguejar continuo normalmente pois as falhas são naturais e humanas". Esta pessoa na mesma situação vai sentir emoções como confiança, satisfação, uma ligeira apreensão e optimismo. O seu comportamento vai ser eficaz, pois vai preparar-se adequadamente, não vai imaginar o futuro, vai ler e estudar (sem exigir perfeição), vai respirar lenta e pausadamente se sentir ansiede, se corar vai achar piada a isso e até pode brincar com a situação ("está tanto calor que até estou a corar", ou " a ansiedade é engraçada pois fez-me corar") sem se julgar ou avaliar por isso. Como não se está a rotular por corar nem por sentir ansiedade, vai estar muito melhor numa próxima situação, pois não aprendeu ideias negativas desta experiência, e foi apenas uma oportunidade de aprender. 
Em suma, diferentes interpretações dos mesmos sintomas podem levar a emoções completamente diferentes. 
Mas o primeiro indivíduo poderá estar muito convencido de que os seus pensamentos são úteis e eficazes e acreditar que não existem outras formas de ver a situação, e pior ainda, achar que é a situação de falar em público que provoca a ansiedade e o medo! Outra forma ineficaz é usar medicamentos para lidar com a situação, que apenas "disfarçam" a ansiedade, pois os pensamentos "automáticos", que surgem espontaneamente na mente que estão na origem do medo, não vão ser alterados pela medicação. 
Na terapia cognitiva, os clientes aprendem a: 
Distinguir entre pensamentos, sentimentos e a própria realidade. Muitas vezes usamos as palavras "pensar" e "sentir" como sinônimos (por exemplo, "Eu sinto que seria uma má decisão comprar esse carro" - Esse é um pensamento, não um sentimento). Na verdade, nós às vezes não são somos conscientes dos pensamentos automáticos que acompanham sentimentos. Por exemplo, pode sentir-se particularmente triste depois de receber críticas de um chefe sem estar consciente do pensamento, "Agora eu nunca terei a promoção e não será capaz de dar ao luxo de comprar uma casa." Na terapia cognitiva, os clientes  primeiro treinam, identificam, escrevem e distinguem entre pensamentos e sentimentos.
Tornar-se consciente das maneiras que os seus pensamentos influenciam os seus sentimentos. Os clientes em terapia cognitiva analisam as suas próprias experiências, associadas a uma mudança no humor e na ligação destes com as suas respostas comportamentais. O que estava a pensar antes de notar que estava a ficar triste? Quando tem o pensamento automático: "Eu não consigo fazer nada direito", como se sente? Quando você enfrentar esses pensamentos e sentimentos é mais provável que você faça algo construtivo ou desistir? Que tipo de comportamento aumenta a probabilidade de sucesso? Por exemplo, se não age como gostaria de agir, poderão existir pensamentos ou crenças auto desmoralizantes, críticos ou perfeccionistas que paralisam a ação; se estamos a exigir demasiada perfeição de um comportamento, isto pode criar tanta tensão que o mais certo é uma paralisação, devido ao medo de falhar, como se esta “falha” fosse uma catástrofe. 
Avaliar criticamente a veracidade de seus pensamentos automáticos e suposições. Os clientes em terapia cognitiva são incentivados a desafiar os seus pensamentos automáticos, considerando os factos, a realidade, as explicações alternativas e a conduzir experiências comportamentais informais. O objetivo é não adotar uma visão irrealisticamente otimista ou positiva. Pelo contrário, aprende-se a considerar o bem e o mal, as provas a favor e contra, e chegar a um pensamento mais correto e lógico, menos preconceituoso, e muitas vezes a conclusões mais razoáveis e flexíveis. Por exemplo, imagine que (a) recebe feedback crítico de seu chefe, (b) tem o pensamento automático: "Eu não consigo fazer nada direito", e então (c) se sente triste. Você pode aprender a avaliar criticamente o conteúdo real do feedback, as circunstâncias do feedback e que provas você tem (pró e contra) que você não consegue fazer nada direito, a fim de avaliar a precisão e utilidade do que o pensamento inicial automático lhe sugeria .
Desenvolver as habilidades para perceber, interromper e intervir ao nível dos pensamentos automáticos e como eles acontecem. Finalmente, o objetivo da terapia cognitiva é desenvolver as habilidades para modificar processos cognitivos habituais. Como acontece com qualquer habilidade, é preciso tempo e prática para obter a eficácia de aplicar técnicas de terapia cognitiva. 
 
Isto até parece simples! Mas porque não consegui mudar até agora?
O seu corpo e cérebro emocional não distinguem entre coisas que pensa ou imagina e a experiência real, física. Se pensar num filme de terror, o coração pode começar a bater rápido; se pensar numa praia pode começar a ficar relaxado. Nós estamos sempre a falar conosco próprios e o conteúdo deste diálogo poderá ser negativo. Nós entramos facilmente num ciclo de autocrítica, adivinhação, auto- instrução, auto- aconselhamento e depois de repetirmos algo as vezes suficientes, nós acabamos por acreditar (mesmo não sendo necessariamente verdade). Nós raramente paramos para avaliar os nossos pensamentos e as emoções que em geral, que vão acompanhar o que pensamos. Se disser a si próprio “nunca vou conseguir o emprego”, e reforçar este pensamento com sentimentos de medo e pessimismo, pode ir a uma entrevista com isto em mente e ao mostrar-se com pouca confiança, é menos provável de conseguir o emprego. Muitas vezes, estes pensamentos irracionais já existem há anos ou até desde a infância, acompanhados por emoções fortes. Quando temos um pensamento acompanhadopor uma emoção forte, como o medo, esta interpretação parece credível e tendemos a agir de acordo com ela (Ex: "Eu sinto um medo muito forte de ser criticado ou ridicularizado naquele jantar ou situação social, por isso é melhor não ir; Se sinto medo por o coração bater rápido, é porque vou ter um ataque cardíaco”). Portanto, a tendência é entramos neste ciclo intenso e viciante de pensamento- emoção- comportamento. Com o tempo isto tende a generalizar-se a outras situações. Este ciclo é muito rápido, automático e aparentemente convincente. 
De qualquer das formas, é sempre possível aprender a mudar, mesmo que os problemas existam há muito tempo. Os pensamentos não estão fixados no cérebro, tal como num computador poderá trocar o software. Mas em seres humanos, o pensamento negativo costuma ser um hábito associado a emoções e comportamentos negativos, o que torna a mudança mais difícil, mas possível. 
Nas situações, surgem pensamentos automáticos que se forem "negativos", por sua vez provocam emoções negativas, que por sua vez provocam certos comportamentos prejudiciais (como evitar situações, evitar pessoas, desistir, adiar as tarefas). Em geral, nós conseguimos compreender mais facilmente este ciclo nas outras pessoas, mas quando estamos mergulhados no nosso próprio mar de pensamentos, é muito difícil para nós termos o distanciamento e “frieza” para identificar e corrigir os nossos próprios padrões irracionais de pensamento. Daí ser importante o papel do psicólogo (cognitivo- comportamental) que ajuda a reconhecer, a desmontar, a dar feedback e a corrigir os padrões de pensamento. Daí a terapia ser cognitiva (compreender e corrigir o próprio pensamento) e comportamental (treinar novas formas mais eficazes e realistas de comportamento, tal como fazem as outras pessoas que funcionam bem na mesma situação). Por exemplo, se existe medo de falar em público, não vamos começar o treino falando para muitas pessoas. Vamos treinar pensamentos lógicos, aprender a gerir emoções negativas e só depois definir passo a passo situações em que pode praticar estas ideias, desde  situações acessíveis como fazer um discurso para 2 amigos. 
 Tal como um dentista não consegue tirar dentes a si próprio, também por vezes é necessário testarmos o nosso ponto de vista com outra pessoa (neutra e imparcial). 
Qual é a diferença entre a terapia cognitivo- comportamental (TCC) e outros tratamentos psicológicos?
TCC é um tipo de psicoterapia. É diferente de outros tipos de psicoterapia que envolvem falar livremente ou debruçar sobre os eventos em seu passado, para obter compreensões sobre o seu estado emocional ou como lidou com eventos no passado. Apenas por descobrir que há 20 anos atrás houve um acontecimento negativo, a partir do qual começou a pensar de forma mais irracional ("Ex: Não presto, tenho pouco valor, as pessoas não gostam de mim"), provavelmente não vai mudar a forma de pensar e sentir no presente, ou obter um efeito "terapêutico" por isso, como defendem outros tipos de terapia. Se eu descobrir que comecei a engordar há anos atrás, não me vou tornar mais magro por isso. 
A TCC não é terapia do género "deitar no divã e dizer tudo o que lhe vem na mente". A TCC tende a lidar com o aqui e agora - como os seus pensamentos e comportamentos atuais o estão a afetar agora. Ela reconhece que os acontecimentos no seu passado moldaram a maneira como atualmente pensa, sente e se comporta. Podemos ir ao passado e compreender como podemos criar crenças erradas a partir de acontecimentos passados, utilizando padrões de pensamento e comportamentos aprendidos na infância (“Se um amigo na escola me humilhou é porque eu não presto”) e modificar estas ideias para serem úteis no presente. No entanto, a CBT não está centrada sobre o passado, pois o que passou não se altera e é inútil remoer acontecimentos negativos, mas visa encontrar soluções de como mudar seus pensamentos e comportamento atuais, para que possa funcionar melhor, agora e no futuro. 
A TC não é a utilização de estratégias e técnicas isoladas e mecânicas, como aparentemente poderia parecer. Depois de uma conceituação de caso, que é uma compreensão da história do cliente e de como este aprendeu e desenvolveu os padrões de pensamento que poderão ser "ilógicos" ou "irracionais" no presente, há uma orientação para o seguimento da terapia. A conceituação de caso é feita de um modo colaborante entre psicólogo- cliente, onde ambos "descobrem" e deduzem eventuais padrões ou formas habituais de pensar que estão na origem dos problemas psicológicos atuais. Por exemplo, se o indivíduo a partir de um conjunto de situações sociais negativas onde foi ridicularizado, poderá ter desenvolvido crenças sobre si próprio ("Ex: Não presto, sou inapto, sou incompetente") e algumas atitudes e regras em relação ao mundo ("Se me proteger e evitar as pessoas, não vou sofrer; se for exposto em público vou ser gozado").
Por isso é necessário ter um grande conjunto de competências terapêuticas necessárias para garantir que a terapia funcione de um modo coerente e articulado, onde esta faz sentido para o cliente. É importante estabelecer uma boa relação de trabalho com o paciente. Cliente e terapeuta trabalham como uma equipa para avaliar as crenças irracionais, testando-as para verificar se estão corretas ou não e modificando-as de acordo com princípios lógicos, razoáveis, realistas, funcionais e "equilibrados". O terapeuta usa um conjunto de questões técnicas e exercícios como um meio de guiar o paciente num questionamento consciente que permitirá que este tenha uma compreensão sobre seu pensamento distorcido. Valorizo muito o chamado "caderno de terapia", onde o cliente vai juntando num dossiê o seu percurso de aprendizagens e ganhos na terapia, bem como todos os seus registos do que escreveu na consulta com os resultados dos exercícios e as novas habilidades e ideias construtivas que vai descobrindo para que possa ler em casa ou sempre que desejar e precisar. A memória é poderosa para apagar pensamentos construtivos, especialmente após um período intenso de ansiedade e/ou depressão, daí o "caderno" como forma de minimizar o esquecimento daquilo que interessa pensar e fazer!
Ao longo do tratamento, utiliza-se uma abordagem colaborante e psicoeducativa, com experiências específicas de aprendizagem desenhadas com o intuito de ensinar os pacientes a: 
1) Dar-se conta dos padrões de pensamento e identificar pensamentos automáticos; 
2) Reconhecer as relações entre pensamento, emoção e comportamento; 
3) Testar a validade de pensamentos automáticos e crenças centrais, regras e pressupostos; 
4) Corrigir interpretações e entendimentos irracionais de si e do mundo, substituindo pensamentos distorcidos por ideias mais realistas e que funcionem;
5) Identificar e alterar crenças, pressupostos ou esquemas que estão na origem de padrões disfuncionais de pensamento.
Existem literalmente milhares  de técnicas diferentes para serem usadas: é espantoso o desenvolvimento das terapias cognitivas nos últimos anos e não paro de ficar espantado com os desenvolvimentos atuais. 
 Estas técnicas a serem aplicadas variam de acordo com perfil de pensamentos do cliente, do tipo de problema psicológico, da fase da terapia e da conceitualização cognitiva específica de um determinado caso. 
As técnicas comportamentais são mais usadas em casos de depressão grave onde existe uma necessidade de promover mudanças de comportamento do paciente. Ao fazer pequenas mudanças no comportamento, como falar com amigos ou pequenos passeios, melhora mais rapidamente o estado de ânimo, dá-se conta de como eram irracionais os pensamentos que o faziam estar em casa e motivam a continuar a agir e a mudar a maneira de pensar. Noutros casos, quando não é necessário uma ativação do comportamento, técnicas mais dirigidas à mudança do pensamento podem ser aplicadas. Para os transtornos de ansiedade, uma compreensão dos princípios fundamentais do modelo cognitivo será provavelmente necessário antes de qualquer exercício comportamental. Esta faseé habitual nas primeiras consultas.
Uma série de técnicas cognitivas é usada em TC, como identificação, questionamento e correção de pensamentos automáticos, avaliação de pressupostos e regras, avaliação e gestão das preocupações, correção de erros de lógica, aprender a colocar os acontecimentos em perspectiva, técnicas de gestão e processamento de emoções, ensaio cognitivo e outros procedimentos de treino de imagens mentais positivas. Técnicas comportamentais são, por exemplo, criar um horário de atividades, avaliações de prazer e habilidade, definir um conjunto de tarefas graduais, experimentos de teste da realidade, role-plays, treinamento de habilidades sociais e técnicas de solução de problemas. O tratamento inicial é centrado no aumento da consciência por parte do paciente de seus pensamentos automáticos e um trabalho posterior centra-se nas crenças mais antigas, mais profundas e subjacentes. O tratamento pode começar identificando e desafiando pensamentos automáticos e o que pode ser realizado de maneiras diferentes. O terapeuta pode orientar os pacientes a avaliar seus pensamentos automáticos, principalmente quando há uma forte emoção percebida durante a consulta, simplesmente perguntando: “O que está se passando na sua mente?”, ou qualquer variação desta pergunta.
À medida que este conjunto de intervenções vai prosseguindo e que o cliente pratica e utiliza formas diferentes de pensar e de agir, os sintomas vão melhorando e novas formas eficazes de lidar com as situações vão sendo estabelecidas no comportamento do cliente. 
Depressão
As pessoas com ansiedade e depressão experimentam emoções negativas, como medo e tristeza, com muita frequência ou intensidade, sem a habilidade para regular ou gerir estes sentimentos. 
No caso da depressão endógena que constitui cerca de 10% dos casos e tem origem em disfunções químicas no cérebro ou em fatores hereditários (genes), o tratamento privilegiado deverá ser o medicamentoso. 
Mas a grande maioria das depressões tem origem em reações psicológicas a acontecimentos de vida, negativos ou estressantes- é a depressão exógena.   Ou seja, são os eventos negativos que podem desencadear a depressão. Por exemplo, o desemprego, relacionamentos que terminam, sentimentos de perda, rejeição amorosa, divórcio, conflitos, ou frustração em atingir um objetivo pessoal, são fatores frequentes que explicam o início de uma depressão. 
Mais do que os acontecimentos em si, é a forma como as pessoas interpretam os acontecimentos, que é, em geral, uma leitura ou avaliação negativa de si e dos outros, o que permite manter e desenvolver a depressão. O problema é que estas pessoas passam a distorcer a realidade e a avaliar negativamente, de forma sistemática, as informações do meio. Se nós temos um sentimento de tristeza ou depressão, é porque os nossos pensamentos conduziram a esse sentimento e não tanto devido aos acontecimentos exteriores a nós. É o pensamento que determina a nossa forma de sentir. Por exemplo, a ansiedade está frequentemente associada a pensamentos de perigo ou de que algo de negativo pode vir a acontecer. 
Na depressão as pessoas estão convencidas que os seus pensamentos são verdadeiros, válidos e úteis, quando na realidade, eles são na sua maioria interpretações irrealistas e distorcidas da realidade. Por exemplo, depois de uma rejeição amorosa, podem haver pensamentos como estes:
" A culpa é minha"
"Ninguém me vai amar"
"Nunca mais vou conseguir amar alguém"
Estes e outros pensamentos estão na base dos sentimentos de tristeza e/ou depressão. 
É através da terapia que o cliente vai descobrindo os padrões de pensamento irrealistas e que não funcionam e que permitem que a depressão se mantenha. O psicólogo ajuda a encontrar interpretações realistas e adaptativas e apoia na mudança do comportamento, pois a ação é fundamental na superação da depressão. 
Ou seja, o medicamento não vai alterar a nossa visão ou perspectiva dos acontecimentos, apenas vai proporcionar um alívio dos sintomas depressivos, mas não resolve a origem da depressão, que está, na grande maioria dos casos e situações, na forma distorcida e negativa de ver as coisas. O medicamento é útil porque torna as pessoas mais aptas e capazes de compreender o que se faz na terapia psicológica. Assim, o medicamento atua nos sintomas na depressão, mas não nas causas. Aqui pode surgir outro problema: a ilusão de melhoria dos sintomas provocada pelos medicamentos pode desmotivar o indivíduo a iniciar a terapia psicológica. Ou seja, o indivíduo ao não realizar a terapia psicológica não se permite a compreender o processo que levou à depressão nem a implementar as formas alternativas, lógicas e racionais, nem a um conjunto de ações que além de irem ao cerne da depressão, permitiria evitar, frequentemente, recaídas. É por esta razão que existem muito mais recaídas no tratamento da depressão que é feito apenas com medicamentos. As estratégias para gerir e enfrentar os acontecimentos de vida não foram "apreendidas" com o medicamento. Existe ainda um crescente número de estudos independentes (Antonuccio et al, 1998) que apontam apenas para uma ligeira vantagem dos anti- depressivos em comparação com um placebo (substância sem qualquer ação no organismo). Todavia, ainda persiste a crença popular que as drogas são a forma mais eficaz de tratamento da depressão, ansiedade , do transtorno obsessivo compulsivo. 
A teoria biológica preconiza que são alguns distúrbios químicos no cérebro que estão na origem da depressão, mas também é verdade que a bioquímica do cérebro altera-se de acordo com as maneiras de pensar e com as experiências de vida - ou seja, a terapia cognitivo- comportamental ao alterar as maneiras irrealistas de interpretar certos acontecimentos também altera a química do cérebro.  As nossas experiências de vida e as formas de as interpretar alteram a química do cérebro bem como as suas associações neuronais. Quando aprendemos uma nova habilidade, como andar de bicicleta ou aprender a tocar um instrumento musical, essa informação fica em novas associações de neurónios. Com a prática, esse comportamento fica automatizado e deixa de ser necessário "pensar" nele. 
Os medicamentos podem mudar a química do cérebro durante algum tempo (pois só funcionam enquanto estão a atuar no cérebro e depois de sintetizados pelo organismo, o efeito desaparece). Mas só com a terapia cognitivo- comportamental é que os efeitos poderão ser permanentes pois ao aprender novas estratégias e praticar novas métodos (por exemplo, novas formas de interpretar e lidar com o falar em público ou o medo das alturas), isto cria novas associações neuronais. Com a prática, isto também altera a química do cérebro e de forma permanente. 
As pessoas são muito mais ajudadas quando são encorajadas a tomarem um papel ativo nas suas vidas, a identificarem os seus erros de pensamento e a desafiarem a sua maneira de pensar, verificando se os seus pensamentos são verdadeiros ou não. 
O problema é que existem alguns modelos de psicoterapia, bastante lentos e de eficácia por comprovar, que contribuíram para alguma desvalorização do papel da psicologia ou da eficácia da terapia. Alguns tipos de terapia não definem objetivos de intervenção ou não indicam estratégias para enfrentar certos problemas e na qual o terapeuta tem um papel muito passivo. Por exemplo, apesar de muitas pessoas passarem por muitas sessões de psicanálise, ela não tem demonstrado funcionar na depressão (Seligman, 2006). 
É por todas estas razões que a terapia cognitivo- comportamental ultrapassa a medicação a médio e longo prazo. 
Exemplo de uma consulta:
De seguido exemplifico o uso de uma técnica numa consulta, para um cliente com depressão que se costuma rotular e avaliar negativamente, de uma forma que mantém o pensamento negativo. 
Psicólogo: Para que nós possamos examinar e contestar os pensamentos, precisamos saber o que está a querer dizer. Se você se rotula como 'fracasso', precisamos saber o que fracasso significa para si. Como você define fracasso? Você está usando termose conceitos que jamais definiu para si mesmo ou para os outros? 
(o cliente escreve as suas respostas numa coluna da folha de registo de pensamentos)
Esta técnica – definição dos termos – é conhecida como a 'técnica semântica' porque lhe pede para definir o significado dos termos que está a utilizar para si próprio".
Imagine que é um cientista (ou um psicólogo) fazendo investigação. Alguém diz: "João é um fracasso", e você quer determinar se esta afirmação reflete a percepção acurada de João. A primeira coisa que precisamos fazer é definir fracasso. Por exemplo, podemos defini-lo como:
·    Não ter sucesso.
·    Não ser capaz de obter recompensas, prêmios
·    Ser inferior a quase todos em tudo. 
Ou, se você for propenso à autocrítica e à depressão, talvez tenha uma maneira própria de definir fracasso para si mesmo. Você pode defini-lo como algo com o qual quase ninguém, além de si, concordaria. Por exemplo, poder-se-ia defini-lo pelos seguintes critérios:
·       Não se sair tão bem quanto gostaria.
·       Dar menos de 100% de si mesmo.
·       Não se sair tão bem quanto outra pessoa.
·       Fazer mal determinada tarefa.
Assim, vamos descobrir sua definição de fracasso.
Pergunta a Formular/Intervenção pelo Psicólogo:
Como você definiria as coisas que o estão a incomodar? Por exemplo, como saberíamos que alguém não tem valor, é bem-sucedido, é um fracasso, e assim por diante? Como saberíamos que alguém não é alguma dessas coisas? Dê uma definição detalhada.
O cliente escreve as suas respostas numa das colunas da folha de registo de pensamentos automáticos.
 Exemplo do diálogo psicólogo- cliente:
TERAPEUTA: Você disse que se sente um fracasso desde que Bill a deixou. Como você definiria fracasso?
PACIENTE: Bem, meu casamento não deu certo.
TERAPEUTA: Então você acredita que o casamento não deu certo porque você, como pessoa, é um fracasso?
PACIENTE: Se tivesse dado certo, ele ainda estaria comigo.
TERAPEUTA: Então podemos concluir que as pessoas cujos casamentos não dão certo são todas fracassadas?
PACIENTE: Não, acho que eu não iria assim tão longe.
TERAPEUTA: Por que não? Devemos ter uma definição de fracasso para você e outra para o restante das pessoas?
Este exemplo ilustra como o simples fato de extrair as definições negativas e extremas dos pacientes pode ajudá-los a compreender quão irracional é sua perspectiva. Indivíduos que definem fracasso como menos do que "sucesso extraordinário" poderão ver que sua definição é polarizada, que emprega termos do tipo tudo-ou-nada – isto é, “sucesso completo" versus "fracasso completo". 
Uma variação da técnica semântica é perguntar ao paciente como os outros definem "sucesso" ou "fracasso". Eu prefiro fazer que o paciente se concentre na extremidade positiva do continuum, pedindo que defina termos como "sucesso" ou "o que vale a pena".
TERAPEUTA: Você vê que sua definição de fracasso é bem diferente de como outras pessoas poderiam defini-lo. Poucas pessoas diriam que alguém que se divorciou é um fracasso. Vamos nos concentrar agora na extremidade positiva. Como a maioria das pessoas define sucesso em relação a alguém?
PACIENTE: Bem, elas podem dizer que as pessoas têm sucesso quando atingem alguns de seus objetivos.
TER: OK. Então, poderíamos dizer que se alguém atinge seus objetivos, essa pessoa é bem-sucedida?
PACIENTE: Certo.
TERAPEUTA: Também poderíamos dizer que as pessoas têm diferentes graus de sucesso? Algumas pessoas atingem mais objetivos do que outras?
PACIENTE: Acho que sim.
TERAPEUTA: Então, se aplicarmos essas ideias a si, poderíamos dizer que atingiu alguns de seus objetivos na vida?
TERAPEUTA: Sim, eu terminei a faculdade e trabalhei nos últimos seis anos. Crio meu filho e ele teve alguns problemas médicos há alguns anos, mas eu consegui bons médicos para ele. 
TERAPEUTA: Então, poderíamos dizer que esses comportamentos foram bem-sucedidos?
PACIENTE: Certo. Eu tive alguns sucessos.
TER: Será que não existe uma contradição em sua forma de pensar – chamar a si mesma de fracasso, mas dizer que teve vários sucessos?
PAC: Sim, isso não faz sentido, faz?
O cliente escreve alguns pensamentos e conclusões lógicas e o resultado desta técnica na folha de registo de pensamentos. Para continuar a eficácia deste exercício, o cliente leva para casa uma ficha onde pode praticar a definição dos termos de seus pensamentos negativos, por exemplo, quando estiver a pensar em termos de tudo ou nada, a rotular-se, a desqualificar-se. Depois as suas definições são analisadas em consulta para testar a possibilidade de seu pensamento ser erróneo. Finalmente, nas semanas seguintes o  cliente escreve crenças, atitudes, e definições de "sucesso"  mais razoáveis e justas que acredita poder usar consigo próprio.
Outras técnicas que podem ser usadas:
Para alguns pacientes, o sentimento é a definição – "Eu sinto que sou um fracasso". Esse raciocínio emocional" é a evidência que o paciente usa para apoiar sua noção de fracasso. Sugiro ao paciente que examine como o dicionário chega a uma definição. O dicionário examina o uso comum da palavra – isto é, como a maioria das pessoas define fracasso? Sugiro que tentemos chegar a definições que possam ser usadas em um estudo científico – definições que outras pessoas poderiam usar para examinar os mesmos fatos e chegar às mesmas conclusões. Por exemplo, se eu definir "frio" como "menos de 1 grau", as pessoas poderão determinar facilmente se está frio lá fora.
Se eu definir o comportamento bem-sucedido como fazer progresso em relação ao objetivo, então poderei avaliar se alguém está progredindo em relação a ele e, assim, determinar se está tendo algum sucesso como resultado do comportamento.
Outras falhas frequentes nas definições dos pacientes: serem excessivamente globais, vagas e inconsistentes. As definições podem mudar de acordo com as mudanças de humor. Convém salientar para os pacientes que a definição talvez não esteja suficientemente clara e precisa. Uma maneira de transmitir isso é perguntar: "Se outras pessoas usassem a sua definição de 'fracasso', poderiam sair por aí identificando fracassados?". Vale a pena enfatizar que as definições dos pacientes podem ser tão idiossincráticas que se assemelham muito pouco às definições geralmente dadas aos mesmos termos. O terapeuta deve perguntar: -É assim que a maioria das pessoas definiria este termo?" ou "Como os outros empregariam este termo?"
Além disso, o termo pode ser tão carregado de valor e subjetivamente determinado que fica realmente impossível defini-lo. Por exemplo, para os nossos propósitos, o termo "pessoa que vale a pena" é inexpressivo, pois não temos como sair por aí determinando quais pessoas valem a pena e quais não valem. “Poderemos lidar um pouco melhor com o termo “ações que valem a pena” – isto é, ações que têm valor para a pessoa e para os outros – mas mesmo aqui estaremos “ a patinar sobre gelo fino". É comum os pacientes perceberem que se preocupam com termos inexpressivos como "pessoa que vale a pena" ou "perdedor" ou "fracasso total". Ajudar os pacientes a se concentrarem em comportamentos mais ou menos desejáveis para eles monta o cenário para se avaliar como é possível aumentar ou reduzir a frequência desses comportamentos.
Conclusão: depois de  alguns meses de terapia cognitiva, este cliente deixou de se criticar inutilmente e deixou de ter um pensamento polarizado em termos de 8 e 80. Passou a aceitar e a valorizar os seus sucessos e a descrever os acontecimentos em termos mais concretos como "sou bem sucedido no emprego, mas não tão bem sucedido nos desportos". Todos os dias relê uma lista com os seus sucessos, para reduzir o pensamento crítico, que estava focado na autocrítica. Como não se está a auto desvalorizar, os sentimentos depressivos desapareceram e tornou-se ainda mais eficaz no trabalho, pois um pensamento moralizante aumenta a capacidade de concentração e de trabalho. Ao não se estar constantemente a pressionar para um desempenho "perfeito", reduziu muito os níveis de ansiedade, ao aceitar um comportamento eficaz e bem sucedido,na mesma medida que é este padrão que também considera para as outras pessoas. Passou lentamente a aplicar um padrão de exigência razoável, que também é o padrão que poderia usar com outras pessoas. 
	Stresse
Quando a ansiedade se torna uma armadilha
	
	 Uma das questões mais atuais e importantes que relacionam a Psicologia com a saúde é o stress. Para além dos sintomas físicos, comportamentais, emocionais e cognitivos que ele acarreta, há cada vez mais estudos que correlacionam o stress com alguns problemas sérios de saúde, como a doença coronária, depressão, hipertensão e o ataque cardíaco. 
As exigências atuais em termos laborais, as responsabilidades que são colocadas em nós, a competição, o fantasma do desemprego e muitos outros acontecimentos tornam-nos vulneráveis a sentir stress. 
O stress é uma resposta do organismo a determinados estímulos físicos e emocionais, como os conflitos interpessoais ou acontecimentos significativos, como o desemprego, divórcio ou a gravidez. Perante uma situação “estressante”, o corpo reage, produzindo certos hormônios, alterando a tensão arterial e o ritmo cardíaco. 
Ainda que o stress seja útil até certo ponto, porque torna o organismo mais atento e pronto aos desafios do meio ambiente (basta lembrar o atleta pronto a iniciar a corrida), acima de certos níveis o indivíduo torna-se incapaz de se adaptar aos acontecimentos, para além da excitação excessiva do sistema nervoso.  
Alguns dos sintomas físicos de stress poderão ser: músculos contraídos, cefaleias, cansaço, sonolência, enjoos ou diarreia. Já os sintomas comportamentais e cognitivos traduzem-se por agitação, dificuldade em cumprir responsabilidades, adiar as tarefas, pensamentos ansiosos, preocupação constante, dificuldades de memória e indecisão. Em termos emocionais, podem haver manifestações de choro, irritabilidade, nervosismo, tristeza e depressão. 
Cada um de nós pode escolher formas saudáveis e positivas para lidar com o stress. Para algumas investigações, o exercício físico e o estabelecimento de laços sociais (fazer parte de grupos de convívio, sair com os amigos, acompanhar idosos ou crianças), servem como um bom “amortecedor” ao stress. Ter passatempos que nos dão prazer e o uso do humor no dia-a-dia também são positivos.
Muito importante será também a aprendizagem de técnicas de relaxamento, que levam à diminuição da tensão arterial e a outras alterações fisiológicas benéficas. O relaxamento muscular progressivo consiste em contrair e relaxar uma série de grupos musculares, numa cadência progressiva, da cabeça aos pés. Outra técnica é aprender a respiração abdominal, que promove o relaxamento: respirar na barriga, de forma lenta e pausada, de maneira a que o peito fique imóvel. Paralelamente com estas técnicas, podemos usar a visualização criativa, em que imaginamos cenas agradáveis (estar na praia, paisagens...) que aumentam a sensação de calma. 
Muito útil poderá ser a abordagem da terapia cognitiva, em que o indivíduo aprende a identificar padrões de pensamentos negativos e disfuncionais (“tudo vai correr mal”) e substitui-los (reestruturando) por padrões realistas, funcionais e adaptativos. 
 
Fernando Lima Magalhães
(artigo publicado no jornal O Independente em 20 de Janeiro de 2006)
De uma forma geral, na terapia cognitiva, o cliente aprende a:
- Avaliar o seu perfil de preocupação, através de questionários para avaliar como lida com as preocupações, os domínios de preocupação, grau de tolerância à incerteza e crenças pessoais.
- Compreender como está a reagir e a comportar em função dos acontecimentos e dos estímulos do mundo. Ao tornar claro o ciclo vicioso entre situações, pensamentos automáticos, emoções e comportamentos, o cliente pode perceber como certos padrões de pensamento podem estar a contribuir para este ciclo. Por exemplo, muitas pessoas com ansiedade crónica acreditam em "preciso de ter o controlo das coisas a todo o tempo; preciso de tudo para agora; é importante ter a aprovaçao de toda a gente; fixar o pensamento em acontecimentos banais", etc.
- Refutar, mudar, reestruturar padrões de pensamento e construir formas de pensar mais eficazes, produtivas e satisfatórias: identificar erros de pensamento, aceitar a realidade, suspender os julgamentos inúteis sobre os acontecimentos, treinar a tolerância à incerteza, aprender um imperfeccionismo eficaz, etc
- Aprender técnicas de relaxamento, como a visualização, respiração abdominal, mindfulness e meditação.
- Aplicar formas de preocupação produtiva e desaprender formas de preocupação improdutivas. 
- Aprender técnicas de gestão de tempo
- Aprender técnicas de assertividade e de afirmação pessoal. Com frequência, uma parte de ansiedade relaciona-se com padrões de interação pessoal pouco assertivos (ter uma atitude passiva ou agressiva).
PARA MAIS INFORMAÇÕES, VER TAMBÉM:
A Ansiedade e o transtorno de Ansiedade generalizada
Transtorno do Pânico
	Ansiedade...
Conheça melhor as muitas formas de manifestação da ansiedade
 
	 
	"Da próxima vez que estiver a braços com um dilema que implica tomar ou não as rédeas de si próprio, faça a si mesmo esta pergunta "Quanto tempo estarei morto?". Tendo em mente esta perspectiva eterna, poderá então fazer a sua escolha e deixar as preocupações, os medos, a questão de poder ou não fazê- la e a culpa a cargo daqueles que vão estar vivos para sempre."
                                                                                   Wayne W. Dyer
 
O que é a Ansiedade
 Não há quase ninguém que não ande preocupado, de vez em quando: é a nossa reacção a  situações de ameaça. Há várias teorias que pretendem explicar a origem da ansiedade: a psiquiatria explica-a devido a alterações químicas no cérebro, que provocam os sentimentos de medo e de pânico, aconselhando a droga certa para tratar este problema. Muitas pessoas estão mesmo convencidas que a ansiedade é uma questão médica. A teoria psicanalítica acredita que a ansiedade teve a sua origem em experiências infantis reprimidas e não resolvidas... As perturbações de ansiedade são muito vulgares, afectando cerca de 4% da população, especialmente adultos jovens. 
A perspectiva da abordagem cognitiva diz-nos que a ansiedade tem a origem nos nossos pensamentos: nós interpretamos os acontecimentos e as situações, dando-lhes significados que nos fazem sentir nervosos e preocupados. A ansiedade é positiva, até um certo grau, porque nos permite preparar e ultrapassar alguma situações difíceis. Por exemplo, o atleta que aguarda o sinal de partida numa corrida fica mais atento para o início da prova. Quando experienciamos ansiedade, é difícil especificar aquilo que a provoca: ela é uma resposta a um perigo vago, distante ou mesmo irreconhecível. A ansiedade afecta todo o organismo: é uma reação fisiológica, comportamental, emocional  e psicológica. A um nível fisiológico, os sintomas podem ser desde batimentos acelerados do coração, tensão muscular, transpirar nas palmas da mãos e pés, respiração rápida e boca seca e dores de cabeça ; a um nível comportamental, a ansiedade pode prejudicar e afetar bastante o nosso comportamento, como a expressão oral ("ter uma branca"), o desempenho desportivo e escolar ou lidar com situações simples do dia-a-dia. Psicologicamente, é um estado subjetivo de apreensão, medo ou preocupação, que em casos extremos pode levar a pensamentos como "medo de morrer" ou "medo de enlouquecer". 
 
Quando a ansiedade e estresse são prejudiciais
Existem muitas situações do quotidiano em que é razoável e indicado agir com alguma ansiedade. Se não sentir nenhuma ansiedade em resposta a desafios que envolvam uma potencial perda ou perigo ("ex: atravessar uma rua movimentada"), poderá haver outro transtorno, como a depressão. 
O problema surge quando a ansiedade é excessiva (devido à sua intensidade, frequência e duração no tempo) ,acabando por bloquear o raciocínio e o desempenho nas situações e perturbar as atividades quotidianas. Neste caso, pode provocar sofrimento, um pior desempenho das atividades diárias("algo horrível vai acontecer", "não me consigo concentrar") e prejudicar o sono e as relações pessoais. Um ato relativamente inofensivo como entrar para um elevador ou estar perto duma varanda num andar elevado pode ser vivido com muita intensidade e sofrimento para quem experimenta um transtorno de ansiedade porque avalia a situação com uma elevada probabilidade de ocorrência de um acontecimento negativo ou mesmo catastrófico. 
Enquanto que o medo pode ser uma reação adaptativa do organismo quando nos prepara para um perigo real (por exemplo, se virmos um urso a caminhar na nossa direção, o coração começa a bater mais rapidamente, bombeando mais sangue,  para melhor podermos fugir dessa situação) e desta forma protegemo-nos dos perigos reais, na ansiedade patológica há uma avaliação exagerada de um perigo em situações relativamente inofensivas: um simples encontro social vai ser interpretado pelo fóbico social como uma situação humilhante, embaraçosa e vivida com muita ansiedade e apreensão. 
Quando o nosso corpo é sujeito a ameaças ou perigos, dão-se um conjunto de respostas fisiológicas. Os agentes estressores podem provocar então uma ativação do sistema nervoso simpático e do eixo hipotalâmico- pituitário- adrenocortical (HPA), que é um circuito que liga o corpo ao cérebro. Como resultado deste processo, há a libertação de algumas hormonas, que provocam as sensações físicas típicas da ansiedade ( batimento cardíaco acelerado, formigueiro, suor, tonturas, etc). Os agentes estressores psicológicos (ex: falar em público, desemprego, dificuldades num relacionamento...) relacionam-se com níveis altos de glicocorticóides, epinefrina e de norepinefrina, e que consequentemente, estão ligados a muitos transtornos físicos (Salovey e cols, 2000). Assim, a ativação prolongada destes sistemas (ou stress crónico) aumenta a probabilidade de desenvolvimento de algumas doenças (úlceras gástricas, enfarte do miocárdio, desordens menstruais, infecções virais, artrite, cancro, depressão) (Dougall, 2001).
Muitos estudos também relacionam os efeitos do stress crónico sobre o sistema imunológico. Ou seja, o stress também aumenta a susceptibilidade a infecções, devido aos seus efeitos sobre os sistemas córtex supra-renal- adeno- hipófise e simpático da medula adrenal. 
A ansiedade pode assumir múltiplas formas, desde o medo por falar em público, de andar de elevador ou por entrar num avião. Outras vezes, a ansiedade pode vir repentinamente, num ataque agudo e com sintomas físicos como falta de ar, ondas de calor e dores no peito, constituindo um ataque de pânico. A ansiedade pode ser sentida em graus muito variados, desde um ligeiro desconforto até ao terror intenso de um ataque de pânico, mas sempre com a sensação que algo de mau vai acontecer, mesmo não havendo um perigo real: 
 
- Preocupações Crónicas: preocupar-se constantemente sobre a sua saúde, família, trabalho, carreira, finanças, etc. Há uma vaga ideia de que algo de mau está para acontecer, mas não sabe o quê.
- Medos e Fobias: medo da interação social, medo de estranhos, medo de lugares altos, de elevadores, sangue, de conduzir, de aranhas, de voar, de cães, de trovoada ou mesmo de ficar fechado em lugares fechados.
- Ansiedade de Desempenho: Quando há uma preocupação excessiva em relação ao desempenho de uma tarefa: sentir a cabeça em branco quando tem de fazer um teste, realizar uma atividade em frente a outras pessoas ou mesmo competir num evento desportivo. 
- Medo de falar em público: sentir ansiedade sempre que tem de falar em frente de um grupo de pessoas. Nesta situação podem aparecer pensamentos do género "Vou começar a tremer e as pessoas vão perceber como eu estou nervoso" ou " Vou-me esquecer do que tenho para dizer", "Vou ter uma branca e vou fazer uma figura ridícula", " Todas as pessoas vão olhar para mim e perceber como sou neurótico"...
- Ataques de Pânico: Sentir um ataque repentino, súbito, que parece vir do nada, no qual o coração começa a bater depressa, o corpo treme, sente que não consegue respirar e que pode sufocar, o peito aperta e onde podem aparecer tonturas ou vertigens. Nesta situação podem aparecer pensamentos como " Eu devo ter um ataque cardíaco, será que vou viver ou morrer?", "não consigo respirar, acho que vou morrer sufocado", " e se eu perder o controle?", "acho que vou enlouquecer". À medida que estes sintomas vão desaparecendo, é frequente as pessoas sentirem-se assustadas, humilhadas  e com vergonha do que aconteceu. Fica a pensar no que aconteceu e quando e onde é que isto pode acontecer de novo. Ver também transtorno de pânico
- Transtorno do Estresse Pós- Traumático: É inundado por memórias ou imagens mentais de um acontecimento terrível que aconteceu há meses ou anos. 
- Agorafobia: Ficar ansioso por ficar longe de casa porque acredita que algo de mau pode vir a acontecer- como um ataque de pânico- e não vai haver ninguém que o possa ajudar. Sentir medo em lugares abertos, pontes, túneis, em lojas apinhadas de pessoas ou andar de metro ou transportes públicos. Ou seja, há um medo em relação a lugares ou situações dos quais seja difícil escapar ou sair. 
- Obsessões e Compulsões: É inundado por pensamentos obsessivos que não consegue evitar ou tirar da cabeça, e impulsos (que não consegue evitar) para fazer rituais, que supostamente controlam os medos. Por exemplo, pode ser consumido pelo medo de germes e tem um impulso irresistível para lavar as mãos continuamente (comportamento compulsivo), ao longo do tempo. Ou um impulso para verificar se as portas estão bem fechadas, mesmo depois de ter acabado de verificar.  Ver também transtorno obsessivo- compulsivo
- Preocupações em relação ao aspecto físico (Transtorno Dismórfico Corporal): É consumido pela sensação de que há algo de errado ou anormal com o corpo ou com qualquer aspecto da imagem corporal ou da face, mesmo quando os amigos e familiares dizem que está tudo óptimo. Por exemplo, pode haver uma preocupação com o nariz  porque se acha que é grande ou deformado ou que o corpo nunca está suficientemente musculado, apesar de anos de ginásio e de as outras pessoas o verem como bastante musculado. Esta preocupação causa sofrimento e o indivíduo pode recear atividades sociais ou evitá-las, com medo de o corpo ser exposto ou para manter a sua dieta ou exercícios. Frequentemente, há uma inibição social e muito tempo e dinheiro é gasto em cremes de beleza, suplementos alimentares e mesmo em frente a espelhos, tentando corrigir um hipotético defeito, pois há uma excessiva valorização do corpo e de que ele não satisfaz as expectativas. 
Na Vigorexia ou  Síndroma de Adónis existe um preocupação excessiva com a musculatura, o corpo e o exercício físico. Existe uma distorção do esquema corporal porque, por mais exercício físico que façam e mesmo tendo um corpo muito grande e musculado, estas pessoas vêem-se como fracas e débeis. Esta obsessão com o corpo pode levar a dietas muito ricas em proteínas e a despender largas horas no ginásio e até ao consumo de esteroides e outras substâncias proibidas. Este transtorno provoca sofrimento, gerando ansiedade, depressão, fobias e comportamentos compulsivos (ex: olhar muitas vezes no espelho). Existe uma relação entre introversão, dificuldades de relacionamento interpessoal, timidez e mesmo fobia social, com este transtorno. Ao mesmo tempo, pode haver uma grande necessidade de aprovação social, mas sentindo insatisfação e complexos com o próprio corpo. Da mesma forma que existe uma distorção do esquema corporal com a anorexia, em que o indivíduo nunca se vê suficientemente magro (ainda que na realidade excessivamente magro), na vigorexia o indivíduo vê-se como fraco, apesar de ser muito musculoso. Muitas vezes, a única forma de quebrar este ciclo é através da terapia cognitivo- comportamental que realizamos, e pretende, entre outros aspectos,  modificar os esquemas distorcidos, melhorar a autoestima e reduzir os comportamentos obsessivo- compulsivos. 
 Como existem tantos sintomas diferentes relacionados com a ansiedade, elafaz parte de um conjunto de perturbações relacionadas, como os ataques de pânico, o transtorno de ansiedade generalizada, as fobias, a perturbação obsessivo- compulsiva e o Estresse pós- traumático. Cada um destes problemas tem um conjunto específico de sintomas, mas também há sintomas comuns entre eles, nomeadamente um medo intenso, de que algo negativo pode vir a acontecer.  
 
Sintomas
 
Alguns dos sintomas mais habituais da ansiedade são batimentos cardíacos mais fortes ou acelerados, aperto no peito, alterações respiratórias (inspirar e expirar ar em excesso), dores de cabeça, dores nas costas, tensão muscular,  sensação de cansaço e incapacidade de descontração. Também são frequentes os tremores, sudação, rubor, palidez, diarreia e dores abdominais. 
Os sintomas psicológicos são constituídos por sentimentos de medo, de que algo de mau está para acontecer a si próprio e/ou familiares e amigos, medo de perder o autocontrole, ter uma preocupação constante, medo de ter uma doença desconhecida, impressão de não se reconhecer a si próprio, impressão de se sentir estranho numa ambiente familiar, etc. Não havendo muitas hipóteses de relaxar, isto pode conduzir a perturbações do sono. Um dos distúrbios de ansiedade mais frequentes é a ansiedade generalizada, sendo um sintoma básico de vários transtornos de ansiedade...
Transtorno da Ansiedade Generalizada 
A definição deste transtorno tem sofrido bastantes alterações nos últimos anos. Alguns dos critérios que permitem definir este transtorno são:
- Existência de ansiedade e preocupação excessivas ( a preocupação sentida é desproporcional à hipotese de ocorrência da situação temida), que ocorrem na maior parte dos dias, durante um mínimo de 6 meses. 
- O indivíduo têm dificuldade em controlar a preocupação
- A ansiedade está associada com outros sintomas: inquietação, fadiga fácil, dificuldade de concentração (sensações de branco), irritabilidade, tensão muscular e perturbações do sono. 
(a confirmação deste transtorno deve ser feita pelo psicólogo, através de entrevista diagnóstica)
 
O tratamento psicológico Cognitivo- comportamental 
Nos últimos anos foram desenvolvidas novas técnicas e procedimentos no tratamento psicológico de vários transtornos de ansiedade, cuja eficácia vem sendo confirmada. Assim, seguindo as técnicas mais recentes e eficazes, a nossa terapia psicológica para tratamento da ansiedade generalizada incide sobre os seguintes aspectos:
- Avaliar o seu perfil de preocupação, através de questionários para avaliar como lida com as preocupações, os domínios de preocupação, grau de tolerância à incerteza e crenças pessoais.
- Compreender como está a reagir e a comportar em função dos acontecimentos e dos estímulos do mundo. Ao tornar claro o ciclo vicioso entre situações, pensamentos automáticos, emoções e comportamentos, o cliente pode perceber como certos padrões de pensamento podem estar a contribuir para este ciclo. Por exemplo, muitas pessoas com ansiedade crónica costumam pensar em termos de "preciso de ter o controlo das coisas a todo o tempo; preciso de tudo para agora; é importante ter a aprovação de toda a gente; não consigo deixar de fixar o pensamento em acontecimentos banais", "é difícil relaxar, ficar calmo até me põe nervoso", etc.
- Refutar, mudar, reestruturar padrões de pensamento e construir formas de pensar mais eficazes, produtivas e satisfatórias: identificar erros de pensamento, aceitar a realidade, suspender os julgamentos inúteis sobre os acontecimentos, treinar a tolerância à incerteza, aprender um perfeccionismo eficaz, etc
- Aprender técnicas de relaxamento, como a visualização, respiração abdominal, mindfulness e meditação.
- Aplicar formas de preocupação produtiva e desaprender formas de preocupação improdutivas. 
- Aprender técnicas de gestão de tempo
- Aprender técnicas de assertividade e de afirmação pessoal. Com frequência, uma parte de ansiedade relaciona-se com padrões de interação pessoal pouco assertivos (ter uma atitude passiva ou agressiva).
Como parte do tratamento cognitivo do TAG, o cliente deverá compreender que são as interpretações que faz das situações e não devido às situações em si, que fazem sentir um conjunto de sentimentos negativos. Uma parte do tratamento passa pelo desafio que o cliente colocará aos pensamentos e predições "catastróficos" em relação a uma série de situações. 
Para os outros tipos de ansiedade específicas (fobias, obsessões, pânico) e para a ansiedade social, são aplicadas técnicas mais específicas. 
Os medicamentos (ansiolíticos) apenas proporcionam um alívio temporário dos sintomas de ansiedade, mas não tratam as causas da ansiedade, para além de muitos destes medicamentos poderem provocar habituação. Na maior parte dos casos, o tratamento dos problemas psicológicos mais profundos que estão na origem da ansiedade são tratados com maior eficácia através de psicoterapia. Segundo Barlow (1988), "os tratamentos farmacológicos, apesar de frequentemente testados, são surpreendentemente impotentes". 
Por vezes, as pessoas que tem melhorias através de ansiolíticos acreditam que o seu problema foi ultrapassado, quando isto muitas vezes é uma ilusão provocada pela melhoria temporária; quando a toma dos medicamentos é interrompida os sintomas podem reaparecer (os ansiolíticos são a classe de medicamentos mais vendida em Portugal). Esta cura aparente pode desmotivar algumas pessoas a iniciarem um processo de psicoterapia, o que proporcionaria uma compreensão de si próprio e do processo psicológico que desencadeia a ansiedade. Certamente que em Portugal existe um número excessivo de pessoas a tomar psicofármacos e por períodos de tempo demasiado longos, quando muitas das vezes as terapias psicológicas teriam efeitos mais eficazes, duradouros e sem efeitos secundários ou de habituação, como acontece frequentemente com os medicamentos. 
 
Terapia Psicológica Versus Medicação
Na grande maioria dos casos, a ansiedade e a depressão podem ser tratados com sucesso sem o recurso a medicamentos. Existe um número cada vez maior de estudos científicos que demostram que a terapia psicológica cognitivo- comportamental pode ser tão ou mais eficaz que os medicamentos. 
A partir dos resultados de muitos estudos clínicos, vários autores (DeRubeis et al, 2005; Watanabe et al, 2007;  Westra and Stewart, 1998, etc) concluem que a terapia psicológica é muito eficaz para a ansiedade, a médio e longo prazo. Pelo contrário, as benzodiazepinas (Xanax, Valium, etc) dão um alívio, mas durante um curto período de tempo e tendem a perder a sua eficácia ao longo do tempo.  À medida que estas drogas vão deixando o organismo (algumas horas depois de as deixar de tomar), é muito frequente que se volte a sentir nervoso (a). Se tomar estas drogas durante várias semanas, pode experimentar efeitos secundários quando as tentar largar. Os sintomas mais comuns que pode sentir quando larga estes medicamentos são: ansiedade, nervosismo e sono alterado. Ou seja, podem aparecer os sintomas que o fizeram tomar as drogas. De seguida pode pensar que ainda precisa de tomar estes medicamentos e voltar a tomá-los. É deste forma que se desenvolve e mantém o padrão de dependência destas drogas. 
Outro grande inconveniente destes medicamentos é que as pessoas podem pensar que os medos que possuem são realmente perigosos e devem ser evitados, o que faz com que não aprendam a lidar com o medo de uma forma realista e adaptativa. Podem continuar a evitar as situações/ estímulos que provocam o medo, perpetuando-o. Isto é exatamente o oposto que se pretende com a terapia cognitivo- comportamental !
Com a terapia psicológica, as pessoas descobrem que os seus medos não são realistas. As modificações na forma de enfrentar o medo não são conseguidas com medicamentos. 
 
Terapia Psicológica- Exemplos
Pânico
Como exemplo prático, vamos ver algumas formas distorcidas de pensamento que aparecem no transtorno de pânico. Quando as pessoas estão ansiosas, tendem a ter pensamentos ansiosos e são estes pensamentos que ajudam a manter o transtorno:"Da próxima vez que tiver pânico, eu terei um ataque cardíaco"
" Se eu entrar em pânico, vou enlouquecer e magoar os outros"
" Vou asfixiar e morrer"
Estes são alguns exemplos de pensamentos irracionais. É uma forma de pensar que exagera ou superestima o risco, pois isto é altamente improvável de acontecer. O pânico é inofensivo para o organismo, apesar dos sintomas desagradáveis. É frequente as pessoas com transtorno de pânico realizarem exames médicos e verificarem que não possuem problemas cardíacos, mas mesmo assim acreditam que podem ter um ataque fatal. Neste caso, poderá colocar algumas questões a si próprio:
- O que penso é um facto ou uma hipótese?
- Tenho alguma prova de que isto vai acontecer ou penso isto devido ao meu medo?
- Quantas vezes tive este pensamento ansioso e quantas vezes é que ele ocorreu, na realidade?
Provavelmente irá chegar a ideias alternativas bastante diferentes, para estes e para centenas de outros pensamentos! Este é apenas um pequeno exemplo de um dos componentes da terapia psicológica do pânico.
Preocupações
 
As pessoas que se preocupam constantemente possuem algumas crenças/ atitudes/ ideias que provocam e mantêm a ansiedade. Alguns exemplos de crenças sobre as preocupações que, com frequência, são encontradas em consulta : 
- "Preocupar-me ajuda a resolver os problemas" . 
É claro que a simples preocupação não modifica ou melhora nenhum problema. O problema é que esta ansiedade inútil pode paralisar a ação ou o pensamento necessários para lidar com os problemas. 
- " O mundo é perigoso e não sou capaz de lidar com ele"
Os preocupados "crónicos" acreditam que o mundo está cheio de oportunidades de falhar, de rejeição e de perigos. Mas na realidade, em 79% das vezes, os preocupados lidam melhor com as situações do que o que estavam à espera. O pessimismo crónico faz as coisas parecerem muito pior do que aquilo que são. 
- " Preocupar-me ajuda a dar-me uma ilusão de controlo sobre as coisas" 
Há muitos aspectos da vida que simplesmente não controlamos, mas insistimos (irracionalmente) que devemos ou temos de possuir algum controle sobre a questão. 
- "Preocupar- me é uma forma de reduzir a incerteza"
Um dos componentes da terapia relaciona-se com a mudança de crenças prejudiciais que mantêm as preocupações. Mas apenas mudar as ideias não chega; é necessário modificar alguns comportamentos e iniciar outros, aprender a gerir melhor o tempo e as emoções, identificar as áreas de preocupação, etc 
 
Se considera ter vários sintomas de ansiedade, durante a maior parte do tempo, há mais de 6 meses e que estes estão a afetar a sua vida pessoal e profissional, marque a sua consulta.
PARA MAIS INFORMAÇÕES, VER TAMBÉM:
Stresse
Transtorno do Pânico
 
Bibliografia Consultada (básica):
- Dougall, A.L. , & Baum, A. (2001). Stress, health, and illness. In A. Baum, T. A. Revenson, and J. E. Singer (Eds.), Handbook of Health Psychology (pp. 321-337). Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum.
- Pinel , P. J. (2003). Biopsychology, Fifth Edition. Allyn and Bacon Publisher.
- Leahy, R. L. (2005) Worry Cure: Seven Steps to Stop Worry from Stopping You
	Transtorno do Pânico
Quando um medo que era feito para nos salvar, acaba por nos assustar...
	 
	O que é o Transtorno do Pânico
 
Não existe uma pessoa que nunca tenha experimentado ansiedade, seja por estar prestes a realizar um exame importante ou porque ouviu um ruído estranho do lado de fora da casa. A ansiedade é uma reação do organismo face ao perigo ou ameaça. Todavia, o ataque de pânico é distinto por ser súbito ou imprevisível, ocorrendo em situações inesperadas. O transtorno do pânico é um dos problemas mais frequentes e por vezes incapacitante, pois a experiência é assustadora e fica "gravada" uma grande expectativa sobre quando e onde poderá ocorrer o próximo ataque. Muitas vezes as pessoas realizam inúmeros exames médicos sem encontrarem uma explicação até ao momento em que compreendem, por intermédio de um médico ou psicólogo, que se trata do transtorno de pânico". 
O que define um ataque de pânico é "um período distinto de intenso temor ou desconforto, no qual quatro (ou mais) dos seguintes sintomas desenvolveram-se abruptamente e alcançaram um pico em 10 minutos. Os 13 sintomas somáticos ou cognitivos são: palpitações, sudorese, tremores ou abalos, sensações de falta de ar ou sufocamento, sensação de asfixia, dor ou desconforto torácico, náusea ou desconforto abdominal, tontura ou vertigem, desrealização ou despersonalização, medo de perder o controle ou de "enlouquecer", medo de morrer, parestesias e calafrios ou ondas de calor". (DSM IV).
(1) palpitações ou ritmo cardíaco acelerado
(2) sudorese
(3) tremores ou abalos
(4) sensações de falta de ar ou sufocamento
(5) sensações de asfixia
(6) dor ou desconforto torácico
(7) náusea ou desconforto abdominal
(8) sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio
(9) desrealização (sensações de irrealidade) ou despersonalização (estar distanciado de si mesmo)
(10) medo de perder o controle ou enlouquecer
(11) medo de morrer
(12) parestesias (anestesia ou sensações de formigamento)
(13) calafrios ou ondas de calor
Durante o ataque o indivíduo pode-se sentir estranho ou irreal e/ou sentir que o mundo é irreal. Estes sintomas aparecem subitamente e aumentam rapidamente de intensidade em 10 minutos. Durante o ataque de pânico, podem aparecer medos aterradores:
" E se perco o controle?"
" E se enlouqueço?"
"E se tenho um ataque de coração?"
"E se morrer?"
"E se tenho isto em público e sofro uma humilhação?"
Depois de passarem estes sintomas, as pessoas ficam muitas vezes assustadas e com vergonha porque se sentem anormais e estranhas. A vida pode-se tornar uma constante vigilância à espera de algum sinal que possa indicar que esta terrível experiência está para acontecer. 
Existe uma espécie de sensibilidade e vigilância em relação aos sintomas físicos típicos do transtorno de pânico. Por exemplo, ao sentir o coração a bater podem interpretar como sendo um sinal de um ataque inevitável com consequências catastróficas. Muitas pessoas que sofrem deste transtorno podem desenvolver um medo em relação aos locais ou às situações onde já aconteceram os ataques, podendo em alguns casos ficar com tanto medo de situações públicas que se refugiam em casa. Frequentemente, o início dos ataques surge inesperadamente, sem nenhuma razão específica, mas depois tende a associar-se a certos locais e situações, como um elevador, conduzir numa ponte ou auto-estrada, estar numa loja cheia de gente ou num centro comercial. Consequentemente, as pessoas tendem a evitar ou mesmo fugir dos locais ou situações onde já sofreram os ataques. 
O transtorno de pânico pode, portanto, ocorrer com ou sem agorafobia. Quando uma pessoa evita situações ou atividades da qual não pode escapar ou não pode sair sem ajuda, no caso de um ataque de pânico, provavelmente trata-se de agorafobia. Assim, evita-se ou suporta-se com muito medo as situações em que seria difícil sair ou nas quais não há alguém que ajude, no caso de aparecer um ataque de pânico ou no caso de aparecerem sintomas que poderiam provocar a vergonha, publicamente. As situações tipicamente evitadas são conduzir, voar, ir a lojas ou centros comerciais, ir a reuniões com muitas pessoas, ir a aulas, etc. A evitação destes lugares ou situações começa porque a pessoa acredita que pode evitar os ataques de pânico, se não for aos locais ou situações potencialmente desencadeadores do ataque de pânico. Apesar de esta evitação proporcionar um alívio temporário, com o decorrer do tempo o indivíduo vai perdendo a confiança, aumentando a evitação dos lugares. A vida da pessoa pode ficar limitada à sua casa. 
 
Como se define e desenvolve a Agorafobia?
Estes medos geralmente acumulam-se e expandem-se, de maneira que ter de sair de casa ou ir a um local longe de casa torna-se cada vez mais uma experiência difícil. O resultado é que o indivíduo percebe-se cada vez mais vulnerável à medida que passa cada uma destas etapas:
1-      Percebe um ilimitado conjunto de oportunidades

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