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Compilação de todas aulas de FUNDAMENTOS DAS CIENCIAS SOCIAIS-Disciplina estudada no curso de Teologia Bacharelado

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18/08/2020 Disciplina Portal
estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=4944243F264CB7F19DC3C17B037D5F6753FC96C15DDDA5ED2325A5628F0722… 1/9
Fundamentos das ciências
sociais
Aula 1 - Os conceitos socioantropológicos de
indivíduo e sociedade
INTRODUÇÃO
A sociedade faz o homem ou o homem faz a sociedade?
A resposta dessa questão, bastante complexa, só é possível por meio do debate que as Ciências Sociais, ao longo de
trajetória, vêm realizando.
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18/08/2020 Disciplina Portal
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O primeiro passo para respondê-la é compreender os conceitos de indivíduo e sociedade na perspectiva das Ciências
Sociais. É o que faremos a seguir.
OBJETIVOS
Estabelecer a importância da disciplina para a formação humanística, crítica e ampla sobre a realidade social.
Avaliar a contribuição da disciplina na sua capacitação para a vida pro�ssional e acadêmica, em especial no que se
refere aos exames da OAB e do Enade.
De�nir as Ciências Sociais e descrever as áreas de conhecimento que a constituem.
Estabelecer as interfaces entre as Ciências Sociais e os demais campos do conhecimento.
Identi�car a relação indivíduo/sociedade e sua importância para a vida social.
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18/08/2020 Disciplina Portal
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O OBJETO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
As Ciências Sociais fazem parte do grupo de saberes intitulado Ciências Humanas e apresentam métodos próprios de
investigação dos fenômenos que analisam.
Você saberia dizer quais são as três áreas que formam o conjunto de saberes das Ciências Sociais?
Nice_Media / Shutterstock, hxdbzxy / Shutterstock, Rawpixel.com / Shutterstock, Dean Drobot / Shutterstock,
Phonlamai Photo / Shutterstock e livinglegend / Shutterstock
Marque a opção correta:
Filoso�a, Sociologia e Geogra�a.
Sociologia, Biologia e Ciências políticas.
Antropologia, Sociologia e Filoso�a.
Ciências políticas, Sociologia e Antropologia.
Biologia, Antropologia e Filoso�a.
Justi�cativa
AS ÁREAS CONSTITUTIVAS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
galeria/aula1/img/img04a.jpg
Sociologia
A Sociologia estuda o homem e o universo sociocultural, analisando as inter-relações entre os
diversos fenômenos sociais.
Neste campo de conhecimento, a vida social é analisada a partir de diferentes perspectivas teóricas,
notadamente as que têm como base conceitual os estudos desenvolvidos por Émile Durkheim, Max
Weber e Karl Marx.
A partir dessas matrizes teóricas, estudam-se os fatos sociais, as ações sociais, as classes sociais,
as relações sociais, as relações de trabalho, as relações econômicas, as instituições religiosas, os
movimentos sociais etc.
galeria/aula1/img/img04b.jpg
Antropologia
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Na Antropologia privilegiam-se os aspectos culturais do comportamento de grupos e comunidades.
Questões cruciais para o entendimento da vida em grupo, como alteridade, diversidade cultural,
etnocentrismo e relativismo cultural são tratadas por essa ciência, que em seus primórdios estudava
povos e grupos geográ�ca e culturalmente distantes dos povos ocidentais. Ao longo de seu
desenvolvimento, os antropólogos passaram a analisar grupos sociais relativamente próximos,
buscando transformar o exótico, o distante, em familiar.
Em sua história, a Antropologia revelou estudos notáveis sobre sociedades indígenas e sociedades
camponesas, também desenvolveu uma série de estudos sobre grupos sociais urbanos.
galeria/aula1/img/img04c.jpg
Ciência Política
Como o próprio nome já diz, esta área analisa as questões ligadas às instituições políticas. Conceitos
de poder, autoridade e dominação são estudados por esta ciência. Analisam-se assim as diferenças
entre povo, nação e governo, bem como o papel do Estado como instituição legitimamente
reconhecida como a detentora do monopólio da dominação e do controle de determinado território.
Saiba Mais
, Clique aqui (https://www.youtube.com/watch?v=Sg5a0kq7HoU) e assista a um vídeo sobre ciência
política.
QUAL A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO SOCIOANTROPOLÓGICO NA
COMPREENSÃO DA REALIDADE?
Ao contrário de outras ciências, as Ciências Sociais lidam não apenas com o que se chama de realidade, com fatos
exteriores aos homens, mas igualmente com as interpretações que são feitas sobre a realidade.
Por estudar a ação dos homens em sociedade, de seus símbolos, sua linguagem, seus valores e cultura, das
aspirações que os animam e das alterações que sofrem, as Ciências Sociais constituem ferramenta importante para o
desenvolvimento da compreensão crítico-re�exiva da realidade.
Por essa razão, cada vez mais as Ciências Sociais são utilizadas em diversos campos da atividade humana.
Campanhas publicitárias, campanhas eleitorais, elaboração de políticas públicas, até mesmo a programação de redes
de rádio e televisão levam cada vez mais em conta resultados de investigações socioantropológicas (glossário), à
medida que estas buscam entender as pessoas envolvidas em cada uma dessas atividades, suas crenças, valores e
ideias.
Você saberia de�nir a importância desses trabalhos atuais?
4
https://www.youtube.com/watch?v=Sg5a0kq7HoU
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Resposta Correta
QUAL É O SEU PAPEL COMO INDIVÍDUO NA SOCIEDADE?
A perspectiva socioantropológica aponta para uma relação dialógica entre indivíduo e sociedade. Não existem
sociedades sem indivíduos e os indivíduos só se tornam verdadeiramente humanos por meio da socialização,
processo pelo qual você se torna um membro ativo da sociedade em que nasceu, isto é, comporta-se de acordo com
determinados atributos preconcebidos.
O indivíduo, assim, desempenha na realidade um papel duplo em relação à cultura. Segundo Ralph Linton (“O indivíduo,
a cultura e a sociedade”), em circunstâncias normais, quanto mais perfeito seu condicionamento e consequente
integração na estrutura social, tanto mais efetiva sua contribuição para o funcionamento uniforme do todo e mais
segura sua recompensa.
Entretanto, as sociedades existem e funcionam num mundo em perpétua mudança. Como uma simples unidade no
organismo social, o indivíduo perpetua o status quo, mas também ajuda a transformá-lo quando há necessidade.
Desde que nenhum ambiente se apresente completamente estacionário, nenhuma sociedade pode sobreviver sem o
inventor ocasional e sem sua capacidade para encontrar soluções para novos problemas.
Sylverarts Vectors / Shutterstock
O PAPEL DO INDIVÍDUO NA SOCIEDADE
Como nos ensina Albert Einstein (em seu artigo “Porquê o Socialismo?” (glossário)), o homem é, simultaneamente, um
ser solitário e um ser social:
Fonte: Artit Fongfung / Shutterstock
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http://resistir.info/mreview/porque_o_socialismo.html
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O conceito abstrato de “sociedade” signi�ca para o ser humano individual o conjunto das suas relações diretas e
indiretas com os seus contemporâneos e com todas as pessoas de gerações anteriores.
O indivíduo é capaz de pensar, sentir, lutar e trabalhar sozinho, mas depende tanto da sociedade – na sua existência
física, intelectual e emocional – que é impossível pensar nele, ou compreendê-lo, fora da estrutura da sociedade.
É a “sociedade” que lhe fornece comida, roupa, casa, instrumentos de trabalho, língua, formas de pensamento, e a
maior parte do conteúdo do pensamento; a sua vida foi tornada possível através do trabalho e da concretização dos
muitos milhões passados e presentes que estão todos escondidos atrás da pequena palavra “sociedade”.
Saiba Mais
, Con�ra o samba "Chico Brito" (https://www.youtube.com/watch?time_continue=1&v=PCtChIE4kAc),composto por Wilson Batista e Afonso Teixeira em 1949, e popularizado na voz de Paulinho da Viola., ,
A narrativa apresentada mostra o malandro Chico Brito, indivíduo que vive na criminalidade e é preso a
toda hora. Os autores, porém, não atribuem sua condição a uma falha de caráter. Chico era, em
princípio, "tão bom" como qualquer outra pessoa, mas o "sistema" não lhe deixara outra oportunidade
de sobrevivência que não a marginalidade., , 1 - Considerando a proposta da música e a leitura dos
textos sugeridos, faça uma breve análise sobre a in�uência da sociedade em nossa vida. O homem
faz a sociedade ou a sociedade faz o homem?, , 2 - Pesquise em jornais, revistas ou livros casos
clássicos em que se evidencia a mudança de comportamento do indivíduo em virtude da in�uência do
meio social em que vive.
Saiba Mais
, Outra música que pode ser analisada sob esta perspectiva que estudamos é "O Meu Guri", composta
por Chico Buarque em 1981., , Clique aqui (https://www.youtube.com/watch?v=U-
IGJlgLaks&feature=youtu.be) e assista ao vídeo da música, na pungente interpretação de Elza Soares,
e tente relacionar a letra da canção com as questões abordadas nessa aula.
Fonte: Rawpixel.com / Shutterstock
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https://www.youtube.com/watch?time_continue=1&v=PCtChIE4kAc
https://www.youtube.com/watch?v=U-IGJlgLaks&feature=youtu.be
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Glossário
ÉMILE DURKHEIM
Émile Durkheim é considerado um dos pais da Sociologia moderna, tendo sido o fundador da escola
francesa, que combinava a pesquisa empírica com a teoria sociológica.
Clique aqui (//www.infoescola.com/biogra�as/emile-durkheim/) e saiba mais.
MAX WEBER
Max Weber é considerado um dos fundadores da Sociologia e do estudo moderno, autor de "A Ética
Protestante e o Espírito do Capitalismo“.
Clique aqui (https://educacao.uol.com.br/biogra�as/max-weber.htm) e saiba mais.
KARL MARX
Karl Heinrich Marx foi um intelectual e revolucionário alemão, fundador da doutrina comunista
moderna, que atuou como economista, �lósofo, historiador, teórico político e jornalista.
Clique aqui (https://educacao.uol.com.br/biogra�as/karl-marx.jhtm) e saiba mais.
ALTERIDADE
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http://www.infoescola.com/biografias/emile-durkheim/
https://educacao.uol.com.br/biografias/max-weber.htm
https://educacao.uol.com.br/biografias/karl-marx.jhtm
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Alteridade (ou outridade) é a concepção que parte do pressuposto básico de que todo homem social
interage e interdepende do outro. Assim, como muitos antropólogos e cientistas sociais a�rmam, a
existência do "eu individual" só é permitida mediante um contato com o outro (que em uma visão
expandida se torna o Outro - a própria sociedade diferente do indivíduo).
DIVERSIDADE CULTURAL
A diversidade cultural refere-se aos diferentes costumes de uma sociedade, entre os quais podemos
citar: vestimenta, culinária, manifestações religiosas, tradições, entre outros aspectos.
ETNOCENTRISMO
Etnocentrismo é um conceito antropológico, que ocorre quando um determinado individuo ou grupo
de pessoas, que têm os mesmos hábitos e caráter social, discrimina outro, julgando-se melhor, seja
pela sua condição social, pelos diferentes hábitos ou manias, ou até mesmo por uma diferente forma
de se vestir.
RELATIVISMO CULTURAL
O relativismo cultural é um método de se observar sistemas culturais, sem os avaliar com conceitos
ocidentais-modernos de moral e ética. Ele parte do pressuposto de que cada cultura se expressa de
forma diferente. Dessa forma, trata-se de pregar que a atividade humana individual deve ser
interpretada em contexto, nos termos de sua própria cultura.
SOCIEDADES INDÍGENAS E SOCIEDADES CAMPONESAS
Tais estudos identi�caram as diferentes visões de mundo dessas sociedades, assim como seus
sistemas de parentesco, formas de classi�cação, cosmologias, linguagens etc.
GRUPOS SOCIAIS URBANOS
Esses estudos enfatizaram a diferenciação entre seus indivíduos, com base em critérios de raça, cor,
etnia, gênero, orientação sexual, nacionalidade, regionalidade, a�liação religiosa, ideologia política,
sistemas de crenças e valores, estilos de vida etc.
INVESTIGAÇÕES SOCIOANTROPOLÓGICAS
Com as mudanças cada vez mais rápidas e profundas dos padrões morais e culturais das sociedades
contemporâneas, mais relevantes se tornam as análises que visam compreendê-las.
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Fundamentos das ciências
sociais
Aula 2 - Objeto e método das ciências sociais
INTRODUÇÃO
Em “Lição de Anatomia”, Rembrandt retrata uma aula na qual um cientista, junto ao corpo morto de um homem, ensina
aos seus alunos a composição e a forma de um corpo humano. Tal atividade insere-se no campo do que se
convencionou chamar de “ciências naturais”.
Entretanto, a observação do quadro pode ir além disso: visões e interpretações sobre o corpo humano e sobre a morte,
o processo de transmissão de conhecimento, todos fazem parte de re�exões desenvolvidas pelas chamadas “ciências
humanas e sociais”.
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Nesta aula, iremos comparar os objetos e métodos desses dois campos de saberes, e demonstrar a abordagem
especí�ca das ciências sociais.
OBJETIVOS
Comparar os objetos das ciências naturais e das ciências sociais, bem como seus métodos de investigação cientí�ca.
Demonstrar o enfoque especí�co utilizado pelas ciências sociais na análise da sociedade.
Investigar as possíveis interpretações e ocorrências na atualidade sobre a diferença entre o campo do saber das
ciências da natureza e das ciências sociais.
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A partir do que vimos na introdução da aula, re�ita e responda:
O que estudam as Ciências Naturais?
Resposta Correta
POR QUE VOCÊ COME UM BOLO?
No âmbito das Ciências Sociais torna-se difícil desenvolver uma teoria capaz de transmitir com PRECISÃO uma causa
única ou motivação exclusiva.
Ao contrário de outras ciências, as Ciências Sociais lidam não apenas com o que se chama de realidade, com fatos
exteriores aos homens, mas igualmente com as interpretações que são feitas sobre a realidade. As Ciências Sociais
estudam fenômenos complexos. Seu objeto de investigação é o homem nas relações intersubjetivas, os fenômenos
sociais, ou seja, eventos com determinações complicadas e que podem ocorrer em ambientes diferenciados, fazendo
com que toda análise de fenômenos dessa natureza seja parcial, subjetiva.
Bem, podemos reunir os mesmos personagens, músicas, comidas, vestes, mobiliário, animais, assim como nas cenas
do �lme Danton. Veja no vídeo:
VÍDEO
No trecho, vimos a qualidade da produção do �lme. Mas, mesmo o �lme sendo muito bem produzido, não será possível
reproduzir o clima daquele momento, a atmosfera da época. Estaremos criando outro signi�cado.
Neste sentido:
• Atitudes semelhantes têm signi�cados diferentes.
• Cada cultura constrói seu signi�cado social.
• Os fatos estudados pelo cientista social podem ser pretéritos ou serem reproduzidos em situações muito distintas.
Mas não podem ser reproduzidos em condições controladas.
CIÊNCIAS NATURAIS X CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
Assista ao vídeo da música "Comida", composta e interpretada pelos Titãs.
Fonte: MicroOne / Shutterstock
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VÍDEO
A letra da música fala de comida como uma forma de alimento, mas também de outro tipo de comida que saciaa
"fome da alma".
A partir dessa visão podemos identi�car algumas diferenças entre ciências sociais e ciências naturais:
COMO ESTUDAR FENÔMENOS SOCIAIS?
Ao observar os fenômenos sociais, somos levados a enfrentar nossa própria posição, nossos valores, nossa visão de
mundo que interfere na nossa pesquisa. Nossa fala, nossos gestos, nossa modo de ser e de agir revelam o tipo de
socialização que tivemos e in�uencia em nossa visão de mundo.
Dessa forma, trabalhamos com fenômenos que estão bem perto de nós, temos a interação complexa entre o
investigador e o investigado, pois ambos compartilham de um mesmo universo de experiências humanas.
Fonte: VendeDesign / Shutterstock e popular.vector / Shutterstock
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O antropólogo Bronislaw Malinowski com nativos nas ilhas Trobriand (Nova Guiné) durante trabalho de campo em
1918. (foto: Wikimedia Commons)
Podemos assimilar um costume diferente do nosso, ou até mesmo perceber o melhor de nossas tradições quando
estamos em contato com outras culturas.
Neste âmbito, percebemos que podemos adotar costumes de outros povos, aprender seus credos, modi�car nossas
leis.
Nas Ciências Sociais temos a interação COMPLEXA entre o investigador e o investigado. Ambos compartilham de um
mesmo universo de experiências humanas.
Expedição à aldeia Xetá, organizada pelo antropólogo José Loureiro Fernandes. Foto: Museu Paranaense, 1952
A charge, a seguir, apresenta, ironicamente, uma situação social comum nos centros urbanos. Analise-a de acordo com
o método adequado à compreensão dos fenômenos sociais.
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Glossário
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Fundamentos das ciências
sociais
Aula 3 - A análise antropológica da cultura
INTRODUÇÃO
Fulano não tem cultura! Sicrano é muito culto! O governo não investe em cultura!
Acima temos exemplos da maneira que utilizamos a palavra cultura no nosso dia a dia, enquanto instrução, saber,
estudo. Mas esta é apenas uma maneira de utilizar a palavra cultura.
Portanto, o objeto de investigação da Antropologia constitui-se nos "usos e abusos" do conceito de cultura e suas
implicações na vida social. Compreender estes "usos e abusos" é o objetivo desta aula.
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OBJETIVOS
Explicar o conceito de cultura como objeto de estudo privilegiado da análise antropológica.
Analisar a cultura como elemento condicionador da visão de mundo.
Descrever as práticas antropológicas utilizadas para categorizar comportamentos culturais.
Demonstrar a importância do princípio de relativismo cultural, em contraposição ao etnocentrismo.
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Vamos iniciar nossos estudos com uma re�exão: O que é cultura pra você?
Resposta Correta
Assista ao vídeo “O que é cultura?”
VÍDEO
DIVERSIDADE CULTURAL
Lembra que na aula 1 tratamos brevemente sobre diversidade cultural? Agora, iremos explorar um pouco mais esse
conceito.
Primeiramente vamos relembrar o seu signi�cado: desde sempre os homens se preocuparam em entender por que
outros homens possuíam hábitos alimentares, formas de se vestir, de formarem famílias, de acessarem o sagrado de
maneiras diferentes das suas. A essa multiplicidade de formas de vida dá-se o nome de "diversidade cultural".
Foi a partir da descoberta do “Novo Mundo”, nos séculos XV e XVI, que os europeus se depararam com modos de vida
completamente distintos dos seus, e passaram a elaborar mais intensamente interpretações sobre esses povos e seus
costumes.
É fundamental termos em mente que o impacto e a estranheza se deram dos dois lados. Os grupos não europeus
também se espantavam com o ser diferente que chegava até eles desembarcando em suas praias e tomando posse de
seu território.
Infelizmente não temos muitos relatos dos povos não europeus para conhecermos a visão que eles tinham dos
brancos. Existem relatos esparsos, como o de povos que, após a morte de um europeu em combate, colocavam seu
corpo dentro de um rio e esperavam sua decomposição para ver se eram pessoas como eles.
Fonte: SantiPhotoSS / Shutterstock, Filipe Frazao / Shutterstock, India Picture / Shutterstock e Zurijeta / Shutterstock
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O OLHAR EUROCÊNTRICO SOBRE A CULTURA
De onde surge a preocupação com o tema da cultura?
Vamos posicionar nosso olhar. Toda construção cientí�ca nasce na Europa. A re�exão teórico-cientí�ca sobre a
humanidade se iniciou neste ambiente e nesta perspectiva. Logo, a noção de ser humano de referência para todas as
Ciências Humanas e Sociais é a do homem europeu e da sociedade europeia. No entanto, a partir dos esforços de
conquista de outros continentes, os europeus “encontraram-se” com “seres” diferentes o su�ciente para causarem
estranhamento, mas “parecidos” o su�ciente para produzirem o seguinte incômodo: serão estes seres “humanos”?
A relação com agrupamentos humanos de localidades até então desconhecidas como as que hoje denominamos
África, América, Austrália, �zeram com que os europeus se questionassem sobre as características peculiares ao
humano e as razões de tanta diferença entre os componentes de uma mesma espécie.
O movimento pré-cientí�co, que domina o campo da diversidade cultural até o século XVIII, é aquele que oscilava entre
conceber o “diferente” ora como humano, ora como não humano, provido ou desprovido de alma, bom ou mau
selvagem, etc. Na ótica dos europeus, estes “maus selvagens” eram vistos como perigosos, mais próximos aos
animais, brutos, imbuídos de uma sexualidade descontrolada, primitivos, com uma inteligência restrita, iludidos pela
magia, en�m, seres limitados que precisavam ser “civilizados” pela cultura europeia.
Veja, a seguir, o trailer do �lme "Hans Staden", sobre um imigrante alemão que naufragou no litoral de Santa Catarina,
sendo encontrado por índios Tupinambás, que o prendem com o intuito de matá-lo e devorá-lo. Ele então precisa
arranjar meios para convencer os índios a não devorá-lo e permanecer vivo:
VÍDEO
ALTERIDADE
Observe a charge. Em seguida responda: Você sabe o que signi�ca o termo "alteridade"?
Fonte: SantiPhotoSS / Shutterstock, Filipe Frazao / Shutterstock, India Picture / Shutterstock e Zurijeta / Shutterstock
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Fonte: //sarauxyz.blogspot.com.br (glossário)
Acessado em 16/05/2017
Resposta Correta
A alteridade não é possível sem o etnocentrismo...
Porém, a alteridade é também a condição fundamental para compreender o "outro", os outros grupos e a si mesmo. Por
isso, a antropologia con�gura-se como a ciência da alteridade, pois busca a compreensão do "outro" em seu contexto
cultural, para então elaborar teorias que possam ser úteis na compreensão não apenas daquele contexto, mas também
de outros contextos culturais, inclusive o do próprio pesquisador.
ANTROPOLOGIA DE GABINETE
Entramos no século XIX. Os antropólogos estudam culturas "exóticas" buscando descrever seus hábitos, costumes e
sua forma de ver o mundo (cosmovisão). No entanto, eles não iam ao campo; não eram os antropólogos que
experimentavam diretamente o dia a dia dos grupos "selvagens".
Eram enviados viajantes, pessoas comuns que eram deslocadas para essas "tribos" e ali �cavampor um certo tempo,
registrando tudo que viam e ouviam, a �m de entregar este material aos antropólogos que aí sim analisavam estes
relatos, desenvolvendo suas teorias sobre as diferentes culturas. Esta é a denominada "antropologia de gabinete".
ETNOCENTRISMO
Segundo Everardo Rocha, em “O que é Etnocentrismo”, trata-se da “visão do mundo onde o nosso próprio grupo é
tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos,
nossas de�nições do que é a existência. No plano intelectual, pode ser visto como a di�culdade de pensarmos a
diferença; no plano afetivo, como sentimentos de estranheza, medo, hostilidade, etc.”
Podemos observar essa ideia nas ilustrações a seguir:
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http://sarauxyz.blogspot.com.br/
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O autor nos alerta ainda para a questão do choque cultural. Como ele a�rma, “de um lado conhecemos o "nosso" grupo,
que come igual, veste igual, gosta de coisas parecidas, conhece problemas do mesmo tipo, acredita nos mesmos
deuses, casa igual, mora no mesmo estilo, distribui o poder da mesma forma, empresta à vida signi�cados em comum
e procede, por muitas maneiras, semelhantemente. Aí, então, de repente, nos deparamos com um "outro", o grupo do
"diferente" que, às vezes, nem sequer faz coisas como as nossas ou quando as faz é de forma tal que não
reconhecemos como possíveis. E, mais grave ainda, este “outro" também sobrevive à sua maneira, gosta dela, também
está no mundo e, ainda que diferente, também existe.”.
Na sua opinião, o etnocentrismo é positivo ou negativo? E que benefícios a Antropologia pode trazer para esta visão?
Resposta Correta
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Darcy Ribeiro (Montes Claros, 26 de outubro de 1922 — Brasília, 17 de fevereiro de 1997) foi
um antropólogo, escritor e político brasileiro, conhecido por seu foco em relação aos índios e à educação no país.
Fonte: Wikipedia. (glossário)
RELATIVISMO CULTURAL
É a postura, privilegiada pela Antropologia contemporânea, de buscar compreender a lógica da vida do outro. Parte do
pressuposto de que cada cultura se expressa de forma diferente. Dessa forma, trata-se de pregar que a atividade
humana individual deve ser interpretada em contexto, nos termos da cultura em que está inserida.
As palavras de uma das mais notáveis antropólogas conhecidas, a americana Margaret Mead, que no prefácio de Sexo
e Temperamento a�rmou: "toda diferença é preciosa e precisa ser tratada com muito carinho".
E como nos diz Roberto da Matta em seu artigo "Você tem cultura?“:
“O conceito de cultura permite uma perspectiva mais consciente de nós mesmos. Precisamente diz que não há
homens sem cultura e permite comparar culturas e con�gurações culturais como entidades iguais, deixando de
estabelecer hierarquias em que inevitavelmente existiriam sociedades superiores e inferiores".
Annasunny24 / Shutterstock
Leia a tirinha abaixo:
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Darcy_Ribeiro
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A partir do conhecimento adquirido nesta aula, responda se, de acordo com a história em quadrinhos protagonizada
por Hagar e seu �lho Hamlet, a postura de Hagar é etnocêntrica ou relativista? Justi�que.
Resposta Correta
Saiba Mais
, Assista ao vídeo da música "O Estrangeiro (https://www.youtube.com/watch?v=6i7r3wn8ICw)", de Caetano Veloso e acompanhe
a letra (https://www.vagalume.com.br/caetano-veloso/o-estrangeiro.html). Compare as visões etnocêntricas e relativistas
observadas na canção.
Glossário
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https://www.youtube.com/watch?v=6i7r3wn8ICw
https://www.vagalume.com.br/caetano-veloso/o-estrangeiro.html
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Fundamentos das ciências
sociais
Aula 4 - A formação do pensamento político
moderno e as questões básicas da Ciência
Política
INTRODUÇÃO
A Ciência Política é o estudo da política, ou seja, dos sistemas, das organizações e dos processos de governos, ou de
qualquer sistema equivalente de organização humana que tente assegurar segurança, justiça e direitos civis. Nicolau
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Maquiavel (1469-1527) é reconhecido como precursor da Ciência Política moderna pelo fato de haver escrito sobre o
Estado e as formas de manter o poder, separando os interesses estatais dos dogmas e interesses da Igreja.
OBJETIVOS
Descrever as contribuições dos teóricos formadores do pensamento político moderno.
Descrever a concepção weberiana de dominação e poder.
Avaliar a visão marxista do papel do Estado na sociedade de classes.
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A FORMAÇÃO DO PENSAMENTO POLÍTICO MODERNO: ESTADO DE
NATUREZA, CONTRATO SOCIAL E ESTADO CIVIL NA FILOSOFIA DE
HOBBES, LOCKE E ROUSSEAU
Com a derrocada do Feudalismo e a ascensão da burguesia, na Europa, surgiu o Iluminismo: um movimento intelectual
que rompeu de�nitivamente com qualquer herança medieval, buscando compreender a sociedade e suas relações
como fenômenos sujeitos a leis naturais. Essa nova visão possibilitou a construção de modelos sociais, políticos e
econômicos centrados na ideia do Estado como um "contrato social", que permitiria aos homens passar de um "estado
de natureza" - em que predominava a barbárie - para um "estado civil" - em que predominam as leis.
O termo contratualismo indica uma classe abrangente de teorias que tentam explicar os caminhos que levam as
sociedades a formarem Estados, com o objetivo de manter a ordem social. Essa noção de contrato indica que as
pessoas abrem mão de certos direitos para um governo ou uma autoridade, a �m de obter as vantagens da paz social e
da ordem. Na origem do processo de re�exão sobre o modelo de organização política que emerge do feudalismo para
o capitalismo, ganham destaque quatro autores que estabeleceram as bases do contratualismo:
Os teóricos do contratualismo in�uenciaram as várias revoluções burguesas que transformaram o cenário político no
�nal do século XVIII - como a Guerra de Independência dos Estados Unidos (1776) e a Revolução Francesa (1789).
Esses eventos históricos criaram as bases das modernas repúblicas e do Estado de Direito, cujo documento que
representa a ideia do contrato social é a Constituição.
O ILUMINISMO: A BASE FILOSÓFICA DA CRIAÇÃO DO ESTADO
BURGUÊS
Com o surgimento do Iluminismo, no século XVIII, a sociedade passou a ser cada vez mais abordada como uma
problemática maior para os adeptos da “�loso�a das luzes”. A partir desse momento, estabeleceu-se uma importante
discussão sobre a compreensão da vida em sociedade: a passagem do “estado de natureza” para o “contrato social”.
De acordo com Marilena Chauí, o conceito de estado de natureza tem a função de explicar a situação pré-social na qual
os indivíduos existem isoladamente.
Agora, vamos conhecer a concepção dos autores sobre o estado de natureza.
, THOMAS HOBBES
As principais concepções do estado de natureza foram a de Thomas Hobbes e a de Jean-Jacques Rousseau.
Na concepção de Hobbes (século XVII), os indivíduos vivem isolados e em luta permanente, vigorando a guerra de todos contra
todos – “o homem lobo do homem”. Nesse estado, reina o medo e, principalmente, o grande medo: o da morte violenta. Para se
protegerem uns dos outros, os humanos inventaram as armas e cercaram as terras que ocupavam. Essas duas atitudes são
Fonte: Wikimedia
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inúteis, pois sempre haverá alguém mais forte que vencerá o mais fraco e ocupará as terras cercadas. A vida não tem garantias. A
posse não tem reconhecimento e, portanto, não existe. A única lei é a força do mais forte, que pode tudo enquanto tiver força para
conquistar e conservar.
, JEAN-JACQUES ROUSSEAU
Já na concepção de Rousseau (século XVIII), os indivíduos vivem isolados pelas �orestas, sobrevivendo com o que a natureza
lhes dá, desconhecendo lutas e comunicando-se pelo gesto, pelo grito e pelo canto, numa língua generosa e benevolente. Esse
estado de felicidade original, no qual os humanos existem sob a forma do bom selvagem inocente, termina quando alguém cerca
um terreno e diz: “É meu”. A divisão entre o “meu” e o “teu”, isto é, a propriedade privada, dá origem ao estado de sociedade, que
corresponde, agora, ao estado de natureza hobbesiano da guerra de todos contra todos.
O estado de natureza de Hobbes e o estado de sociedade de Rousseau evidenciam uma percepção do social como luta entre
fracos e fortes, vigorando a lei da selva ou o poder da força.
, JOHN LOCKE
Outro autor importante para a formação da ideologia burguesa foi John Locke, pioneiro do pensamento político liberal. Para esse
autor, o Estado existe a partir do contrato social e tem as funções que Hobbes lhe atribui, mas sua principal �nalidade é garantir o
direito natural da propriedade. Dessa forma, a burguesia se vê inteiramente legitimada perante a realeza e a nobreza e, mais do
que isso, surge como superior a elas, uma vez que o burguês acredita que é proprietário graças a seu próprio trabalho, enquanto
reis e nobres são parasitas da sociedade.
O problema, então, é garantir o direito à propriedade e impedir que algum tirano com poderes absolutos negue esse direito. A
solução para esse problema seria apresentada por Charles-Louis de Secondat.
, MONTESQUIEU
A estabilidade do regime ideal implica que a correlação entre as forças reais da sociedade possa se expressar, também, nas
instituições políticas. Em outras palavras, o funcionamento das instituições deveria permitir que o poder das forças sociais
contrariasse e, portanto, moderasse o poder das demais. Entendida dessa forma, a teoria dos poderes de Montesquieu se torna
vertiginosamente contemporânea. Ela se inscreve na linha direta das teorias democráticas – aquelas que apontam a necessidade
de arranjos institucionais para impedir que alguma força política possa, a priori, prevalecer sobre as demais, reservando-se a
capacidade de alterar as regras depois de completado o jogo político.
Nesse contexto, a Europa presenciou muitas e importantes mudanças no cenário político, econômico e social.
FORMAS DE DOMINAÇÃO LEGÍTIMA EM MAX WEBER
A dominação deve ser entendida, segundo Weber, como uma probabilidade de mando e de legitimidade deste. A crença
é condição fundamental para que a relação entre aquele que manda (domina) e aquele que obedece (dominado) se
realize. Portanto, não é toda e qualquer relação de poder que é legitimada, é preciso que aquele que obedece acredite
voluntariamente naquele que tem poder de mando.
O poder é sempre uma probabilidade, pois depende de outro para ser exercido. Weber fornece o exemplo da relação de
poder entre senhor e escravo que é carente de uma relação voluntária, não havendo, portanto, legitimidade e sim
obrigação; a consequência é que na primeira oportunidade os indivíduos fogem desta relação, abandonam seus
senhores.
Atenção
, Para Max Weber, a legitimidade é a crença social em determinado regime, que visa obter a obediência mais pela adesão do que
pela coação, o que acontece sempre que os respectivos participantes representam o regime como válido. Nesse caso, a
legitimidade se torna a fonte do respeito e da obediência consentida. Sua teoria trata dos tipos ideais de dominação legítimos.
Weber de�ne os três tipos puros de dominação como:
Racional-legal ou burocrática
A dominação racional-legal é exercida dentro de um quadro administrativo composto de
regras e leis escritas que devem ser seguidas por todos, não havendo privilégios pessoais.
Ela é apoiada na crença de uma "legitimidade de ordens estatuídas e nos direitos de mando
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dos chamados a exercer autoridade legal". Esta é baseada em relações impessoais e os
funcionários são incorporados ao quadro administrativo, através de um contrato, não por
suas características pessoais, mas por sua competência técnica. Eles são livres, sendo que
suas obrigações se limitam aos deveres e objetivos de seus cargos que estão dispostos
dentro de uma hierarquia administrativa e suas competências são rigorosamente �xadas.
Realizam seu trabalho e em troca recebem um salário �xo e regular que varia conforme a
responsabilidade do cargo, que é exercido em forma exclusiva ou como principal ocupação.
Há possibilidade de fazer carreira, podendo subir na hierarquia da pro�ssão, através do
tempo de serviço ou por competência, ou ambos. Importante ressaltar que os funcionários
trabalham em seus cargos sem a apropriação dos mesmos. A dominação burocrática é
puramente técnica, com o objetivo de atingir o mais alto grau de e�ciência e nesse sentido é,
formalmente, o mais racional conhecido meio de exercer a dominação sobre os seres
humanos.
Dominação tradicional
A dominação tradicional repousa na crença das tradições, costumes que existem desde
outros tempos. É a legitimidade na crença dos indivíduos nas ordens e poderes senhorias
tradicionais. A autoridade é exercida e legitimada pela tradição e por normas escritas. O
quadro administrativo, neste caso, pode ser recrutado não pela competência técnica, mas
por vínculos pessoais e laços de �delidade. As tarefas não estão claramente de�nidas,
como na dominação racional, e os privilégios e deveres encontram-se sujeitos a
modi�cações de acordo com a vontade de governante. Há outros tipos de dominação
tradicional que são: o patriarcalismo, onde o poder é exercido segundo regras �xas de
sucessão; e o patrimonialismo ou gerontocracia, que é a autoridade exercida pelos mais
velhos, em idade, sendo os melhores conhecedores da tradição sagrada. Em um corpo
administrativo encontramos o patrimonialismo quando os funcionários ligam-se ao chefe
por laços de �delidade pessoais.
Carismática
A dominação carismática pode ser caracterizada pelo seu caráter de tipo extraordinário e
irracional. Weber de�ne carisma como uma qualidade pessoal considerada extraordinária
atribuída a um indivíduo que possui poderes ou qualidades sobrenaturais. Esses indivíduos
são enviados por Deus para o cumprimento de uma "missão". Portanto, este indivíduo é
reconhecido como um líder por seus seguidores e, assim, a autoridade carismática é
legitimada. Os carismáticos, geralmente, são profetas religiosos, políticos, demagogos, e
apresentam, na maioria das vezes, provas de seu poder, fazendo milagres ou revelações
divinas. Entretanto, Weber aponta para possibilidade de uma existência permanente de um
líder carismático. Tal fenômeno foi chamado de rotinização do carisma. Para que isso
ocorra são necessárias mudanças profundas, pois implicam a transformação da autoridade
carismática em tradicional ou legal. Sendo assim, as atividades do corpo administrativo
passam a ser exercidas de forma regular, seja através da constituição de normas
tradicionais, seja por promulgação de regras legais. Haverá um problema a ser resolvido,
que é o da sucessão daquele que não será eleito, geralmente o líder carismático escolhe
entre aqueles de sua con�ança ou então por hereditariedade.
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A construção dos tipos ideais de autoridade é primordial para a compreensão do desenvolvimento dasinstituições, nas
quais a burocracia é a mais importante, por ser a mais característica da sociedade moderna ocidental que tem em sua
essência o pensamento racional.
Esses três tipos de dominação não são encontrados isoladamente, na realidade, eles coexistem. A sociedade brasileira
é um bom exemplo dessa coexistência, pois as relações de trabalho nas organizações (lugar, em princípio, exemplar da
relação impessoal) são, ao contrário, pessoais e permeadas de privilégios. A seleção nem sempre atende aos critérios
meritocráticos, competência comprovada para o cargo. Em muitos casos as relações pessoais valem muito mais do
que um diploma.
A RELAÇÃO ESTADO-SOCIEDADE NA CONCEPÇÃO MARXISTA
Wikimedia
Segundo Marx e Engels, em A ideologia Alemã - Feuerbach (São Paulo: Hucitec, 1987), o Estado é a forma na qual os
indivíduos de uma classe dominante fazem valer seus interesses comuns e na qual se resume toda a sociedade civil de
uma época.
Segue-se que todas as instituições comuns são mediadas pelo Estado e adquirem através dele uma forma política. Daí
a ilusão de que a lei se baseia na vontade e, mais ainda, na vontade destacada de sua base real - na vontade livre da
mesma forma, o direito é reduzido novamente à lei.
Fruto de décadas de colaboração entre Karl Marx e Friedrich Engels, o marxismo (glossário) é o conjunto de ideias
�losó�cas, econômicas, políticas e sociais baseadas na concepção materialista e dialética da História. O marxismo
interpreta a vida social conforme a dinâmica da base produtiva das sociedades e das lutas de classes daí
consequentes.
Críticos do liberalismo, Marx e Engels distinguem os conceitos de:
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A emancipação social ocorreria mediante a revolução comandada pelo proletariado.
Marx e Engels não eram favoráveis à revolução exclusivamente por razões "altruístas", a lógica da Revolução estaria
embutida na própria lógica das contradições do sistema capitalista. (glossário)
O marxismo in�uenciou os mais diversos setores da atividade humana ao longo do século XX, desde a política e a
prática sindical até a análise e interpretação de fatos sociais, morais, artísticos, históricos e econômicos. Ultrapassou
as ideias dos seus precursores, tornando-se uma corrente político-teórica que abrange uma ampla gama de
pensadores e militantes, nem sempre coincidentes, e assumindo posições teóricas e políticas por vezes antagônicas.
O direito privado desenvolve-se simultaneamente com a propriedade privada, a partir da desintegração da comunidade
natural (...).
Quando, mais tarde, a burguesia adquiriu poder su�ciente para que os príncipes protegessem seus interesses com o
�m de derrubar a nobreza feudal por meio da burguesia, o desenvolvimento propriamente dito do direito começou em
todos os países - na França, no século XVI - e, em todos eles, à exceção da Inglaterra, tiveram que ser introduzidos
princípios do direito romano para o posterior desenvolvimento do direito privado (em particular, no caso da propriedade
mobiliária)".
Karl Marx – A Ideologia Alemã
Marx a�rma que o aparelho jurídico do Estado, nesse tipo de sociedade, tem como objetivos:
• Organizar e justi�car a dominação da burguesia sobre o proletariado;
• Favorecer os negócios da classe dominante.
Dessa forma, para Marx, não existe Estado representativo do conjunto da sociedade. Seu papel é o representante dos
interesses da burguesia.
ATIVIDADE
Veja o discurso de Martin Luther King e faça uma análise do tipo de dominação, na perspectiva weberiana, expressa
por esse líder religioso.
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VÍDEO
Resposta Correta
Glossário
LEI DA SELVA
Para cessar esse estado de vida ameaçador e ameaçado, os humanos decidiram passar à sociedade civil, isto é, ao estado civil,
criando o poder político e as leis. Essa passagem ocorreu por meio de um contrato social, pelo qual os indivíduos renunciaram à
liberdade natural e à posse natural de bens, riquezas e armas, e concordaram em transferir a um terceiro – o soberano – o poder
para criar e aplicar as leis, tornando-se autoridade política. O contrato social fundou, portanto, a soberania.
CHARLES-LOUIS DE SECONDAT
Mais conhecido como Montesquieu, em O espírito das leis (1748), mostra, claramente, a imbricação de funções e a
interdependência entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
MUDANÇAS NO CENÁRIO POLÍTICO, ECONÔMICO E SOCIAL
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Como as Revoluções Francesa e Industrial, que formaram a base do Estado moderno. Por isso, o que se chama, normalmente, de
Revolução Burguesa é o processo pelo qual o sistema capitalista passou a dominar a vida humana, que se estendeu pelo mundo
inteiro. Embora países como Holanda e Portugal tenham vivenciado o capitalismo mercantil antes, Inglaterra e, depois, França
mergulharam nessa sucessão de transformações que marcaram a mudança radical da sociedade.
MARXISMO
O marxismo compreende o homem como um ser social histórico e que possui a capacidade de trabalhar e desenvolver a
produtividade do trabalho. Esse fato diferencia os homens dos outros animais e possibilita o progresso de sua emancipação da
escassez da natureza, o que proporciona o desenvolvimento das potencialidades humanas.
CONTRADIÇÕES DO SISTEMA CAPITALISTA
Tais contradições engendrariam a crise que culminaria na revolução:
"A revolução, portanto, vai além das manifestações de vontade dos revolucionários. Ela está inscrita na própria história real, e por
isso, está também na lógica (dialética) que a desvenda".
E isso se deve ao fato de que a ascensão burguesa acaba por produzir seus próprios "coveiros" – o proletariado – segundo as
palavras de Marx e Engels no Manifesto Comunista.
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Fundamentos das ciências
sociais
Aula 5 - Contexto histórico da formação da
sociologia e da antropologia
INTRODUÇÃO
A formação do pensamento sociológico e antropológico deu-se a partir da segunda metade do século XIX, em
decorrência de uma série de transformações econômicas, sociais e políticas por que passou a Europa nesse período.
Apresentar e analisar as primeiras formulações dessas ciências, bem como demonstrar a in�uência dessas
concepções na sociedade brasileira é o que se pretende nesta aula.
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OBJETIVOS
Reconhecer as in�uências da Revolução Francesa e da Revolução Industrial na formação da sociedade
capitalista/industrial do século XIX.
Relacionar o Neocolonialismo ao surgimento das primeiras correntes sócio-antropológicas.
Distinguir as principais características do Darwinismo Social, do Evolucionismo Social e do Positivismo.
Identi�car algumas in�uências do Positivismo no Brasil.
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REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E NEOCOLONIALISMO
O Iluminismo (glossário) foi um movimento intelectual que surgiu durante o século XVII na Europa, e pregava maior
liberdade econômica e política. Foi apoiado pela burguesia, pois os pensadores e os burgueses tinham interesses
comuns. Consistia em críticas ao Antigo Regime:
Vários aspectos do Iluminismo preparam o surgimento das Ciências Sociais no século XIX. Este foi o fundamento
�losó�co da criação do Estado burguês, tal como foi promovido pela Revolução Francesa e pela Revolução Industrial.
Essas revoluções formaram a base do Estado moderno.O desenvolvimento do pensamento cientí�co propiciou a
Revolução Industrial. Esta foi a transição para novos processos de manufaturas no �nal do século XVIII, primeiramente
na Inglaterra.
No século XIX, a indústria cresceu e o capital �nanceiro se fortaleceu. O que desencadeou crises de superprodução,
pois a produção não era acompanhada pelo consumo. A solução seria crescer para fora do continente europeu, o que
foi denominado neocolonialismo ou imperialismo do século XIX.
No mapa, veremos como neocolonialismo se expandiu pelo mundo.
Fonte: Number1411 / Shutterstock, Piotr Piatrouski / Shutterstock e Billion Photos / Shutterstock
Fonte: Saibarakova Ilona / Shutterstock
O Cienti�cismo
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DARWINISMO SOCIAL
Se o pensamento racional e cientí�co parecia válido para explicar a natureza, intervir sobre ela e transformá-la, este
poderia explicar também a sociedade vista como um elemento da natureza. O Darwinismo Social explica a sociedade
como se ela fosse um objeto de estudo da natureza. O determinismo biológico (glossário) e o determinismo geográ�co
(glossário) foram explicações comumente utilizadas sobre a capacidade de cada individuo e cada sociedade.
Segundo o Darwinismo Social, as sociedades se modi�cam e se desenvolvem como os seres vivos. As transformações
nas sociedades representam a passagem de um estágio inferior para outro superior, onde o organismo social se
mostra mais evoluído, adaptado e complexo. Se na natureza a competição gera a sobrevivência do mais forte, também
na sociedade favorece a sobrevivência de sociedade e indivíduos mais fortes e evoluídos.
As expressões: "luta pela existência" e "sobrevivência do mais apto", tomadas de Darwin, apoiaram o individualismo
liberal e justi�caram o lugar ocupado pelos bem-sucedidos nos negócios. Por outro lado, as sociedades foram
divididas em raças superiores e inferiores, cabendo aos mais fortes dominar os mais fracos e, consequentemente, aos
mais desenvolvidos levar o desenvolvimento aos não desenvolvidos. A civilização deveria ser levada a todos os
homens.
DARWINISMO SOCIAL NO BRASIL
, CONDE DE GOBINEAU
O conde de Gobineau tornou-se embaixador da França no Brasil entre 1869 e 1870. Para ele, a mestiçagem criava um povo
degenerado, porque não conservaria, nas suas veias, o mesmo sangue original. E as sucessivas misturas teriam enfraquecido o
seu valor. A apreciação das qualidades físicas ou morais dos brasileiros, para Gobineau, não poupava observações pejorativas. "A
miscigenação havia resultado no Brasil em compleições raquíticas, que se nem sempre repugnantes, são sempre desagradáveis
aos olhos".
A única relação que ele estabeleceu no Brasil foi com o D. Pedro II. A visão pessimista de Gobineau, em relação ao país, partia do
pressuposto da inviabilidade de uma nação composta por raças mistas. As nações miscigenadas como o Brasil seriam instáveis,
desequilibradas e decaídas. A degeneração, segundo ele, era inevitável e conduziria ao �m da existência do Brasil.
Fonte: Billion Photos / Shutterstock, Everett Historical / Shutterstock e robypangy / Shutterstock
Fonte: Asia Images / Shutterstock, g-stockstudio / Shutterstock, Lucky Business / Shuttetstock e Pentium5 / Shutterstock
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, NINA RODRIGUES
No �nal do século XIX, muitos intelectuais e pensadores, tais como Nina Rodrigues e Sílvio Romero, acabaram por adotar a tese
da existência de uma raça superior. Defendiam o branqueamento da população como uma forma de superar a mistura de "cores"
que caracteriza o povo brasileiro. A aplicação prática dessa concepção traduziu-se no incentivo à imigração maciça de
trabalhadores europeus: italianos, alemães, espanhóis, poloneses, ucranianos, que, ao longo do tempo, branqueariam a sociedade
do país.
O EVOLUCIONISMO SOCIAL
Os evolucionistas formaram a primeira escola antropológica, tendo como paradigma principal a sistematização do
conhecimento acumulado sobre os "povos primitivos" e o predomínio do trabalho de gabinete.
A análise desses antropólogos era feita a partir dos relatos de viajantes e colonizadores que lhes chegavam às mãos.
Defendiam a ideia de que a história da Humanidade se dava através de um processo evolutivo que ia da selvageria à
civilização, passando pela barbárie. Utilizavam o chamado método comparativo, em que tomavam como parâmetro a
sociedade europeia do século XIX para descrever e classi�car formas culturais de outros povos, em uma postura que,
como vimos na aula 3, se mostrava extremamente etnocêntrica, tratando os povos não europeus como primitivos,
exóticos e incivilizados.
Colonos Europeus com Aborígenes na Austrália - Século XIX - Por Henry Guttman
O POSITIVISMO
, AUGUSTO COMTE
O positivismo foi uma diretriz �losó�ca criada por Augusto Comte na segunda metade do século XIX. O tema central de sua obra
é a Lei dos Três Estados, em que ele divide a evolução histórica e cultural da humanidade em três fases, de acordo com seu
desenvolvimento; a classi�cação e a hierarquização das ciências, da mais simples até a mais complexa, que pra ele a ordem é
necessária ao progresso; e a reforma da sociedade, com mudanças intelectuais, morais e políticas destinadas, principalmente, a
restabelecer a ordem na sociedade capitalista industrial.
A hostilidade dirigida ao pensamento tradicional foi especialmente forte em Comte, que negava a possibilidade do conhecimento
metafísico, que ele considerava ser estagnante e uma forma de pesquisa desnecessária. Ele exigia uma "sociocracia" dirigida por
cientistas para a uni�cação, conformidade e progresso de toda a humanidade. Logo, o positivismo rede�niu o propósito da
�loso�a, limitando-a à análise e de�nição da linguagem cientí�ca.
Comte devotou-se à sociologia, uma palavra que ele elaborou para descrever a ciência da sociedade. Ele acreditava que
sua principal contribuição era a teoria de que a humanidade passou por três estágios de desenvolvimento intelectual:
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Na sua classi�cação das ciências os critérios eram a generalidade de cada ciência e a crescente complexidade das
mesmas. A origem da menos complexa a mais complexa estabelecida pelo autor foi: Matemática, Astronomia, Física,
Química, Biologia. Ao criar a Sociologia, Comte criava a ciência mais Positiva.
Os traços mais marcantes do positivismo são, certamente, a excessiva valorização das ciências e dos métodos cientí�cos, a
exaltação do homem e suas capacidades e o otimismo em relação ao desenvolvimento e progresso da humanidade.
Para reformar a sociedade, Comte propôs:
Fonte: https://thecharnelhouse.org/2013/10/11/contra-comte/
Atenção
, Esta corrente �losó�ca foi muito in�uente no pensamento brasileiro. O movimento republicano, o lema da bandeira brasileira
"ordem e progresso", a primeira constituição republicana de 1891, as leis trabalhistas, o governo militar e o ensino brasileiro.
Leia a citação a seguir:
Causar incômodos é intrínseco à verdade (O Globo, 2/5/2008)
O coordenador do curso de medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA) atribuiu aos alunos a responsabilidade
pela nota baixa que o curso atingiu no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) de 2007. O curso
integra a lista de 17 instituições do país que serão supervisionadas pelo Ministério da Educação (MEC).
Na opinião do coordenador, o professor Antonio Natalino Manta Dantas, o resultado ruim é por causa do “baixo QI
[coe�ciente de inteligência] dos alunos”.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo desta quarta-feira (30), Dantas, que é baiano, disse também que:
- “O baiano toca berimbau porque só tem uma corda. Se tivesse mais [cordas], não conseguiria”.
Procurado pelo G1,o coordenador rea�rmou as declarações sobre o desempenho dos estudantes.
- “O QI dos alunos de medicina é baixo sim. Como vou dizer que eles têm QI alto se eles foram mal em uma prova que o
resto do Brasil foi bem? Que eu saiba, não houve boicote à prova do Enade. Então eles [os alunos] mesmos se
submeteram à vergonha nacional”, diz o professor Dantas.
Questionado sobre quais medidas pretende tomar a partir de agora, o coordenador do curso foi enfático:
- “O que a gente pode fazer para melhorar a capacidade cognitiva das pessoas? Não tenho como mudar a genética. A
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prova do Enade não foi ruim. Ruins são os nossos alunos”, diz o coordenador, que acrescenta que os estudantes do
curso de direito da UFBA tiraram nota 5 (nota máxima) no Enade de 2006. “Realmente eu não entendo por que os
alunos de medicina não conseguem esse desempenho”, diz.
Agora, responda: O coordenador do curso de medicina da UFBA estaria se inspirando nas concepções do Darwinismo
social para explicar as diferenças cognitivas entre os estudantes? Justi�que.
Resposta Correta
Glossário
ILUMINISMO
"Defendia a liberdade econômica, ou seja, a economia sem a intervenção do Estado; o avanço da ciência e da razão e o
predomínio da burguesia e seus ideias. No século XVIII, esta nova corrente de pensamento começou a tomar conta da Europa,
defendendo novas formas de conceber o mundo, a sociedade e as instituições.
Tratou de aspectos �losó�cos, políticos, sociais, econômicos e culturais. Este defendia o uso da razão como o melhor caminho
para alcançar a liberdade, a autonomia e a emancipação."
DETERMINISMO BIOLÓGICO
São as teorias que atribuem capacidades especí�cas inatas a "raças" ou a outros grupos humanos. Contudo, os antropólogos
hoje em dia estão totalmente convencidos de que as diferenças genéticas não são determinantes das diferenças culturais.
DETERMINISMO GEOGRÁFICO
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Fundamentos das ciências
sociais
Aula 6 - Modelos clássicos da análise
sociológica: a contribuição de Émile Durkheim
INTRODUÇÃO
Como vimos na aula anterior, Augusto Comte formulou a primeira tentativa de criação de uma "ciência do social".
Contudo, foi com Émile Durkheim que a Sociologia se constitui como uma disciplina rigorosamente cientí�ca, ao de�nir
seu objeto e estudo e consagrar-lhe um método de investigação.
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Nesta aula vamos estudar a contribuição desse autor para a compreensão dos fenômenos sociais, especialmente no
que tange aos fenômenos coletivos.
OBJETIVOS
De�nir o que é fato social e suas características.
Listar a classi�cação dos fatos sociais como normais e patológicos.
Identi�car o crime como fato social e, através do método proposto por Durkheim.
Reconhecer a noção de consciência coletiva enquanto fenômeno associado às formas de solidariedade social.
Avaliar a in�uência da sociedade sobre comportamentos.
Analisar a evolução das formas de organização social (simples e complexa) do ponto de vista dos laços existentes
entre o indivíduo e a sociedade (solidariedade social).
Descrever os mecanismos pelos quais a consciência coletiva nas modernas sociedades constrói a gradação dos níveis
de patologia social presentes nas sociedades.
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ÉMILE DURKHEIM
Você sabe quem foi Émile Durkheim?
FATOS SOCIAIS
Em seu livro As Regras do Método Sociológico, Durkheim de�ne os fatos sociais como:
Estes tipos de conduta ou de pensamento não são apenas exteriores aos indivíduos, são também gerais na extensão
de toda sociedade conhecida e dada, são dotados de um poder imperativo e coercitivo que constitui características
intrínsecas de tais fatos.
Para Durkheim, a sociedade, como todo organismo, apresenta estados normais e patológicos (saudáveis e doentios).
, FATO SOCIAL NORMAL
É normal o fato que não extrapola os limites dos acontecimentos
mais gerais de uma determinada sociedade e que re�etem os
valores e as condutas aceitas pela maior parte da população.
Por isso, em sua concepção, o crime é considerado um fato social
normal, porque pode ser entendido como necessário (útil) para uma
sociedade, pois, se a consciência coletiva (moral) fosse excessiva,
se cristalizaria e a consciência individual inovadora não se manifestaria.
Fonte: Wikipedia
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Desse modo, onde o crime existe os sentimentos coletivos estão
no estado de maleabilidade necessária para tomar nova forma:
ele representa um fato social que integra as pessoas em torno
de uma conduta valorativa, que pune o comportado considerado
nocivo, que fere a consciência coletiva.
Paul Biryukov / Shutterstock
Quando os sentimentos coletivos são fortemente atingidos, algumas ofensas passam de faltas morais para delitos e
crimes. É por essa lógica que ele irá avaliar o castigo imposto não como forma de acabar com o crime, mas sim para
mantê-lo na taxa social “média”.
DE PERTO NINGUÉM É NORMAL...
Ouça o trecho da música “Vaca Profana” de Caetano Veloso:
Seu browser não suporta elementos de audio.
“Mas eu também sei ser careta
De perto ninguém é normal
Às vezes segue em linha reta
A vida, que é meu bem, meu mal.”
Caetano Veloso, em “Vaca Profana”
Fonte:
Profeta Gentileza:
Louco? Visionário? Vejam a referência ao uso (irracional)
da natureza pelos normais”.
FATO SOCIAL PATOLÓGICO
Você já ouviu falar em “fato social patológico”? Descreva no campo, a seguir, o que você entende por esse termo.
Resposta Correta
NORMALIDADE X PATOLOGIA
O que é normal? Quais os parâmetros estabelecidos para diferenciar o “normal” do “anormal”?
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É importante que você tenha em mente que o conceito de normalidade é discutível. O que chamamos de “normal” varia
de sociedade para sociedade.
Segundo Richard Miskolci:
Em seu livro Da divisão do trabalho social, Durkheim de�niu consciência coletiva ou consciência comum como...
o conjunto de crenças e de sentimentos comuns entre os membros de uma mesma sociedade”.
Ele a�rma que ela forma um sistema determinado que tem sua vida própria:
"Sem dúvida, ela não tem como substrato um órgão único; é, por de�nição, difusa, ocupando toda a extensão da sociedade; mas
nem por isso deixa de ter características especí�cas, que a tornam uma realidade distinta. Com efeito, ela é independente das
condições particulares em que se situam os indivíduos. Estes passam, ela �ca. É a mesma no Norte e no Sul, nas grandes e nas
pequenas cidades, nas diferentes pro�ssões. Por outro lado, não muda em cada geração, mas, ao contrário, liga as gerações que
se sucedem. Portanto, não se confunde com as consciências particulares, embora se realize apenas nos indivíduos. É o tipo
psíquico da sociedade, tipo que tem suas propriedades, condições de existência, seu modo de desenvolvimento, exatamente
como os tipos individuais, embora de outra maneira."
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Pode ser veri�cada em fenômenos coletivos típicos, expressos através de uma forma de consciência que contrapõe
indivíduo/sociedade. As torcidas organizadas e os grandes festivais de música, por exemplo, representam fenômenos
coletivos típicos, expressos através de umaforma de consciência que contrapõe indivíduo/sociedade.
ANOMIA
É a ausência, desintegração ou inversão das normas vigentes em uma sociedade, neste caso, a consciência “perde” os
parâmetros de julgamento da realidade.
Ela vai acontecer em momentos extremos, tais como guerras, desastres ecológicos, econômicos etc.
DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL
É a organização da sociedade em diferentes funções, exercidas pelos indivíduos ou grupos de indivíduos. Nas
sociedades mais simples predomina a divisão social do trabalho, baseada principalmente em critérios biológicos de
sexo e idade. Essa divisão parece decorrer de uma extensão analógica das diferenças naturais de funções entre
membros de um grupo. Durkheim classi�ca a forma de solidariedade social deste tipo de sociedade como
solidariedade mecânica.
Nas sociedades mais complexas, em especial quando tem início o desenvolvimento da agricultura, a sedentarização e
o sistema de propriedade privada, surge uma divisão social mais complexa, com a criação de novas funções sociais. A
indústria foi o sistema produtivo que mais desenvolveu a divisão social do trabalho, criando uma imensa gama de
funções e atribuições diferenciadas. Durkheim classi�ca a forma de solidariedade social deste tipo de sociedade como
solidariedade orgânica.
Atenção
, A divisão social do trabalho envolve sempre uma divisão não só de funções, mas também de privilégios, regalias e poder.
ATIVIDADE
Leia a citação abaixo e responda à proposta:
“Crime contra índio Pataxó comove o país (...). Em mais um triste ‘Dia do Índio’, Galdino saiu à noite com outros
indígenas para uma confraternização na Funai. Ao voltar, perdeu-se nas ruas de Brasília (...). Cansado, sentou-se num
banco de parada de ônibus e adormeceu. Às 5 horas da manhã, Galdino acordou ardendo numa grande labareda de
fogo. Um grupo “insuspeito” de cinco jovens de classe média alta, entre eles um menor de idade, (...) parou o veículo na
avenida W/2 Sul e, enquanto um manteve-se ao volante, os outros quatro dirigiram-se até a avenida W/3 Sul, local onde
se encontrava a vítima. Logo após jogar combustível, atearam fogo no corpo. Foram �agrados por outros jovens
corajosos, ocupantes de veículos que passavam no local e prestaram socorro à vítima. Os criminosos foram presos e
conduzidos à 1ª Delegacia de Polícia do DF onde confessaram o ato monstruoso. Aí, a estupefação: ‘os jovens queriam
apenas se divertir’ e ‘pensavam tratar-se de um mendigo, não de um índio’ o HRAN, Galdino, homem a quem
Fonte: dwphotos / Shutterstock, photo_master2000 / Shutterstock e Gyorgy Demko / Shutterstock
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incendiaram. Levado ainda consciente para o Hospital Regional da Asa Norte − com 95% do corpo com queimaduras
de 3º grau ---, faleceu às 2 horas da madrugada de hoje.” Conselho Indigenista Missionário - Cimi, Brasília-DF, 21 abr.
1997. (Questão adaptada da parte geral do Enade 2004.)
A partir da perspectiva sociológica de Durkheim, como você analisaria o crime cometido por estes jovens? Deve-se
interpretar, nessa perspectiva, a transgressão da juventude como um dado natural?
Resposta Correta
Glossário
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Fundamentos das ciências
sociais
Aula 7 - Modelos clássicos da análise
sociológica: a contribuição de Max Weber
INTRODUÇÃO
Por que os indivíduos, em uma situação especí�ca, tomam determinadas decisões? Quais as razões/motivações para
esses atos?
Entender o sentido das ações empreendidas pelos indivíduos é o ponto de partida da sociologia de Max Weber, que
estudaremos nesta aula.
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OBJETIVOS
De�nir o objeto e o método de investigação da sociologia weberiana.
Estabelecer o conceito de ação social.
Distinguir ação social e relação social.
Identi�car os tipos de ação social.
Reconhecer a importância da sociologia weberiana para a análise da sociedade brasileira.
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, O MÉTODO COMPREENSIVO DE MAX WEBER
De acordo com Adriana Loche, Max Weber procura compreender a sociedade como um agregado de indivíduos que possuem
suas motivações próprias. Ao mesmo tempo, o estatuto de realidade objetiva é mudado para uma concepção menos determinista
de sociedade, segundo a qual a realidade é um fenômeno compósito.
Por isso, o cientista não conhece a sociedade de antemão, nem consegue abarcá-la totalmente. Para compreender a sociedade, é
preciso entender as redes de signi�cações estabelecidas pelos indivíduos em suas ações e relações sociais. Para criar uma
imagem, como a que Durkheim via a sociedade como uma coisa, Weber a compreendia como um conjunto de ações parciais que
precariamente se totalizavam.
Assim, somente podemos compreender pequenos “pedaços” dessa realidade. Como cada indivíduo tem sua própria visão parcial
do mundo, há um con�ito permanente entre os indivíduos que compõem a sociedade. Por este motivo, Weber propõe a
reconstrução do sentido subjetivo original da ação e o reconhecimento da parcialidade da visão do observador.
AÇÃO SOCIAL: UMA AÇÃO DOTADA DE SENTIDO
O objeto da sociologia para Weber é o sentido da ação social, que deve ser buscado pela apreensão da totalidade de
signi�cados e valores atribuídos pelos indivíduos. Nesse sentido, ele procura mostrar que não há apenas uma causa
dos fenômenos sociais; através da ideia de “adequação de sentido”, Weber mostra a convergência da ação em duas ou
mais esferas que compõem o todo social (a economia, a política, a religiosa etc.), ou seja, a ação social é determinada
por mais de uma causa, sendo que cada causa tem importância variada sobre a determinada ação.
Para ele, a tarefa do sociólogo é “pesquisar os sentidos e os signi�cados recíprocos que orientam os indivíduos na
maioria de suas ações e que con�guram as relações sociais”. A análise sociológica deve, assim, compreender e
interpretar o sentido e os efeitos das ações humanas.
TIPOS DE AÇÃO
Weber, preocupado com o valor que cada indivíduo atribui à sua ação, procurou elaborar uma tipologia para
compreender as características particulares, de�nindo quatro tipos de ação:
Ação racional com relação a �ns
Motivada por �ns objetivos, ou seja, para atingir seus �ns, o indivíduo planeja e executa seus
planos, utilizando-se dos meios que considera mais adequados para atingir seus objetivos.
A racionalidade econômica capitalista é exemplo desse tipo de ação. Nesta perspectiva,
para Weber, o individualismo e a racionalização de condutas são elementos centrais da
modernidade.
Ação racional com relação a valores
Motivada por crenças em valores morais, religiosos, políticos etc. Neste tipo de ação o que
importa para o indivíduo é seguir os princípios que mais lhe são caros, não importando o
resultado de sua conduta; o que lhes impele é a lealdade aos valores que orientam sua
conduta. É o caso dos agentes que abrem mão de vantagens �nanceiras em função da
preservação ambiental, por exemplo.
Ação afetiva
Guiada por uma conduta emocional. Sentimentos como raiva, ódio, paixão, desejo, ciúme
orientam sua conduta. Muitas vezes, o resultado dessas ações não é o esperado pelo
agente, em virtude da irracionalidade de seu ato. Os crimes passionais são exemplos típicos
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deste tipo de ação social.
Ação tradicional
Guiada pela tradição, costumes arraigados que fazem com que os indivíduos ajam em
função deles. É uma espécie de reação a estímulos habituais. Exemplo disso é o hábito de
saudarmosas pessoas com expressões como “bom dia”, “boa noite”, “�que com Deus”,
independentemente de termos grande a�nidade com elas ou mesmo alguma fé. Para Weber
é difícil perceber até que ponto o agente age conscientemente ao empreender este tipo de
ação.
RELAÇÃO SOCIAL
A relação social estabelece-se quando os agentes partilham o sentido de suas ações e agem reciprocamente de
acordo com certas expectativas que possuem do outro. Como mostra Quintaneiro, em Um toque de clássico, são
exemplos de relações sociais a amizade, relações de hostilidade, trocas comerciais, relações políticas etc.
“Tanto mais racionais sejam as relações sociais, mais facilmente poderão ser expressas sob a forma de normas, seja
por meio de um contrato ou de um acordo, como no caso das relações de conteúdo econômico ou jurídico, da
regulamentação das ações de governo, de sócios etc.”.
QUINTANEIRO et al. Um Toque de Clássico. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2009.
PATRIMONIALISMO: A PERMANÊNCIA DO ARCAICO
Na aula 4, estudamos as formas de dominação legítima preconizadas por Max Weber, a saber:
  Dominação tradicional;
  Dominação racional-legal;
Fonte: pyrozhenka / Shutterstock, baranq / Shutterstock, Rawpixel.com / Shutterstock e Antonio Guillem / Shutterstock
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  Dominação carismática.
Vimos que a dominação racional-legal expressaria a forma mais moderna de dominação, visto que este tipo de
dominação se assenta nas formas impessoais de concessão e reconhecimento da autoridade legitimamente
constituída.
Roberto da Matta discute a permanência de práticas tradicionais na sociedade brasileira em seu livro “O que faz o
Brasil, Brasil?“:
O dilema brasileiro residiria na oscilação, ou seja, no que existe de liminar, entre "um esqueleto nacional feito de leis
universais cujo sujeito era o indivíduo e situações onde cada qual se salvava e se despachava como podia, utilizando
para isso seu sistema de relações pessoais’.”
Nesse sentido, o brasileiro oscilava entre uma série de leis que, teoricamente, todos os indivíduos da sociedade
deveriam cumprir, e uma série de expedientes passíveis de serem utilizados para burlar estas normas com bases em
uma rede de contatos pessoais facilitados pelo nosso próprio sistema burocrático e hierárquico.
Deste con�ito nasceriam situações que todos nós estamos acostumados a vivenciar, como o jeitinho, que sempre está
ao nosso alcance (pra tudo tem um jeito), e o famoso ‘“você sabe com quem está falando?”.
Roberto da Matta, em O que faz o Brasil, Brasil? (Rio de Janeiro: Ed. Sala, 1984)
Veja na tirinha um exemplo do que hoje chamamos de “jeitinho brasileiro”:
Fonte: //mentirinhas.com.br/mentirinhas-426/
Saiba Mais
, Clique aqui (https://www.youtube.com/watch?v=CM9xBCj7h5Q) e assista ao vídeo sobre o “jeitinho brasileiro”.
Segundo Sérgio Buarque de Holanda, em Raízes do Brasil:
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https://www.youtube.com/watch?v=CM9xBCj7h5Q
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No Brasil onde imperou, desde tempos remotos, o tipo primitivo de família patriarcal (o pai é o chefe supremo, o
homem possui um status de soberano, senhor total de todos e todas as coisas), o desenvolvimento da urbanização
que não resulta unicamente do crescimento das cidades, mas também do crescimento dos meios de comunicação,
atraindo vastas áreas rurais para a esfera de in�uência das cidades, ia acarretar um desequilíbrio social, cujos efeitos
permanecem vivos ainda hoje.
Não era fácil aos detentores das posições públicas de responsabilidade, formados por tal ambiente, compreenderem a
distinção fundamental entre os domínios do privado e público. Assim, eles se caracterizam justamente pelo que separa
o funcionário “patrimonial” do puro burocrata, conforme a de�nição de Max Weber.
Como se sabe, a prática do patrimonialismo ainda é bastante arraigada na sociedade brasileira. Apesar de o
ordenamento jurídico brasileiro consagrar o princípio da igualdade entre os cidadãos, veri�ca-se a permanência de
relações hierarquizada que permitem que alguns indivíduos sejam “mais iguais que outros”, como irônica e
argutamente demonstra Roberto da Matta, em “O que faz o Brasil, Brasil?” sobre o qual comentamos anteriormente.
É o caso de homens públicos que se utilizam de recursos públicos para �ns privados, seja utilizando-se de funcionários
públicos para serviços domésticos, seja pleiteando vistos diplomáticos a parentes sem alegadas razões de Estado.
Cabe ressaltar que essas práticas vem sendo contestadas e combatidas, como se pode perceber na proibição do
nepotismo (contratação de parentes para ocupar cargos públicos) nas três esferas do poder (Executivo, Legislativo e
Judiciário), como preconiza a Súmula Vinculante nº 13 do Supremo Tribunal Federal, de 29 de agosto de 2008, que
ressalta o princípio da impessoalidade no trato da coisa pública.
Dmitry Guzhanin / SHutterstock
ATIVIDADE
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Leia o caso abaixo e responda às questões propostas:
O capítulo 63 da novela mexicana Rebelde, produzida pela rede Televisa e transmitida/dublada pelo SBT, trouxe o
seguinte diálogo:
Mia: Tipo assim, eu gosto muito de comprar. Bolsas, sapatos, maquiagem...tudo para �car bem linda.
Miguel: Ah, meu amor, você deve fazer o que gosta. Tem que pensar em você. Só tenha cuidado para que suas amigas
não se aproveitem de você.
Mia: Ah! Mas isto é claro para mim, na hora que a gente precisa é cada um por si, não tem ninguém para ajudar. É por
isso que eu penso primeiro em mim, segundo em mim e depois em mim...
Miguel: E em mim você não pensa?
Mia: Só para carregar meus embrulhos!!!!
Roberta: Essa barbie descerebrada não faz outra coisa senão comprar, comprar! É uma egoísta, uma individualista que
só pensa em si.
Segundo a teoria da ação social de Weber, que tipo de ação está presente nesses diálogos? Justi�que.
Resposta Correta
Glossário
ADRIANA LOCHE
LOCHE, Adriana et al. Sociologia Jurídica. Porto Alegre: Síntese, 1999. p. 32.
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Fundamentos das ciências
sociais
Aula 8 - Modelos clássicos da análise
sociológica: a contribuição de Karl Marx
INTRODUÇÃO
Nesta aula você será apresentado a mais um modelo clássico de compreensão da realidade social. Trata-se da
contribuição de Karl Marx, um dos autores mais estudados pelos analistas sociais.
Conceitos fundamentais da teoria marxista serão trabalhados, com vistas à sua utilização na análise de situações
sociais concretas.
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OBJETIVOS
Avaliar a concepção marxista de análise da sociedade.
Avaliar os conceitos de dialética e materialismo histórico.
Identi�car conceitos fundamentais na análise marxista, tais como ideologia, alienação e práxis.
Descrever o conceito de modo de produção.
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O MÉTODO DE ANÁLISE
Karl Marx, ao lado de Émile Durkheim e de Max Weber, faz parte do grupo de autores considerados como clássicos do
pensamento sociológico. Sua obra marcaria de modo signi�cativo o pensamento ocidental, sendo o seu objeto de
pesquisa a sociedade capitalista da época, com o foco principal na forma como se encontrava organizado o trabalho
na sociedade.
Segundo Marx...
Fonte: //sociologiaier.blogspot.com.br/p/1-ano-ensino-medio.html (glossário)
Acessado em 08/06/2017
Fonte: Daiquiri / Shutterstock
O método de abordagem da

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