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43 - APOSTILA - FUND. HIST., TEÓ. E METOD. DO SERVIÇO SOCIAL - MAT. HISTÓRICO

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AUTORA
Prof.ª Esp. Irení Alves de Oliveira 
Assistente Social. Supervisora Acadêmica com programa de treinamento e 
acompanhamento de equipe de supervisores acadêmicos e Professora formadora da 
disciplina de estágio supervisionado curricular obrigatório. 
INFORMAÇÕES RELEVANTES:
• Especialista em Docência no Ensino Superior - Unicesumar (2016)
• Tecnóloga em Marketing - Unicesumar (2016)
• Bacharel em Serviço Social (2015)
• Pós-Graduanda em Design Thinking e Criatividade nas Organizações - Unicesumar 
• Pós-Graduanda em MBA em Coaching aplicado à Gestão de Pessoas - Unicesumar 
• Professora Formadora EAD - Unicesumar 
• Supervisora Acadêmica - Unicesumar
• Link do Currículo na Plataforma Lattes: 
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K8088409A4
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K8088409A4
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Seja bem-vindo (a)!
Caro(a) aluno(a), é uma satisfação saber que você escolheu cursar Serviço Social, 
uma profissão regulamentada e inscrita na divisão social e técnica do trabalho e ao mesmo 
tempo é um prazer estar junto com você nesta jornada.
Sabendo que a disciplina de Fundamentos Históricos, Teóricos e Metodológicos 
do Serviço Social – Materialismo Histórico é de extrema importância para a sua formação 
profissional, busquei abordar assuntos relevante a qual ao longo das 04 (quatros) unidades 
você compreenderá o surgimento do Serviço Social e os conceitos que fundamentam esta 
profissão.
Na unidade I, iniciaremos o estudo descrevendo os motivos que originou o serviço 
social, apresentando as fases do sistema capitalista que influenciou nas relações de 
trabalho, principalmente no período da revolução industrial, tendo a influência do Estado, 
da Igreja e das Organizações Sociais para manter a ordem social. 
Na unidade II e III abordaremos sobre as bases teóricas que fundamentaram o 
Serviço Social, apresentando grandes filósofos, como Karl Marx; Émile Durkheim; Max 
Weber entre outros, além da Mary Richmond uma assistente social, a qual fundamentou as 
teorias específicas da profissão. 
Na unidade IV, finalizo com a historiografia do Brasil no século XX, abordando de 
forma panorâmica os fatos que marcaram o país e em paralelo a profissão de Serviço 
Social que precisou rever as bases teóricas por meio de três seminários de teorização. 
E diante desta breve apresentação lhe convido debruçar sobre o conteúdo deste 
livro e espero que ao longo dos estudos consiga compreender o surgimento da profissão. 
Desejo um ótimo estudo e sucesso.
SUMÁRIO
UNIDADE I ...................................................................................................... 5
Bases Históricas do Serviço Social
UNIDADE II ................................................................................................... 34
Bases Teórico-Metodológicas para o Serviço Social
UNIDADE III .................................................................................................. 63
O Materialismo Histórico: Instrumento de Análise Social
UNIDADE IV .................................................................................................. 92
Aproximações Histórico-Teórico-Metodológicas: Panorama 
Brasileiro
5
Plano de estudo:
● Ascensão do capitalismo e as relações de trabalho 
● A Revolução Industrial: implicações sociais na Europa
● O contexto estadunidense para o nascimento da profissão
● A influência do Estado, Igreja e organizações sociais na gênese do Serviço Social.
Objetivos de Aprendizagem:
● Resgatar o contexto histórico para o surgimento do capitalismo, descobertas, novos 
governos e o início da industrialização;
● Apresentar o período da revolução industrial e quais eram as implicações sociais 
causadas na Europa;
● Apresentar o surgimento da profissão em meio ao contexto dos EUA;
● Apresentar como o Estado, igreja e organizações sociais influenciou para o 
surgimento e regulamento da profissão.
UNIDADE I
Bases Históricas do Serviço Social
Professora. Esp. Irení Alves de Oliveira
6UNIDADE I Bases Históricas do Serviço Social
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), Imagine um mundo com mudanças sutis e que ocorrem ao longo 
da história da humanidade, onde os processos são longos e alteram aos poucos as formas 
como as relações humanas são construídas e como os indivíduos se inserem nas mais 
variadas engrenagens que movimentam toda a dinâmica. Muitas vezes de forma não 
intuída ou problematizada, muitos apenas seguem o modelo vigente e pouco refletem sobre 
o quê se vive e como a condição humana é posta e ou sofre, todo esse espiral repleta de 
crises e vitórias que damos o nome de vida.Sabemos que toda essa aventura a qual recebe 
a nomenclatura de história não nos fora dada e sim construída, desenvolvida e relatada 
por seres humanos. Esses muitas vezes esquecidos e/ou negligenciados, sendo sempre 
preteridos aos ganhos financeiros e medidas belicistas que estudaremos ao longo desta 
unidade.
Aqui, visamos discutir elementos decisivos para a constituição do atual sistema 
econômico que vivemos, o capitalismo, e como a sociedade se comportou em nome de um 
fortalecimento governamental e ganhos pecuniários, pagando, contudo, um alto preço na 
condição humana que mais uma vez não foi acolhida e, sim, esquecida.
Nesta unidade vamos estudar como o capitalismo surgiu e se expandiu ao longo 
de sua história, passando por fase até se configurar ao modo vigente e as implicações que 
as relações de trabalho sofreram com tais mudanças. Também vamos aprender sobre a 
Revolução Industrial, que nos trouxe no seu bojo um novo processo produtivo, muito mais 
eficaz e com o viés de produção em larga escala.
Porém, não se limitando ao crescimento monetário, também temos outros ganhos, 
como na necessidade de ter novas profissões e novas ciências, dentre elas o Serviço 
Social, uma profissão que surgiu neste cenário a fim de atender as necessidades do Estado, 
das organizações e principalmente da igreja católica que foi o influenciador da origem da 
profissão. Assim sendo, te convido a acompanhar comigo essa narrativa que resgata a 
memória de como a nossa categoria nasceu e foi se fortalecendo até o momento presente, 
conhecido também como hoje.
Bons estudos!
7UNIDADE I Bases Históricas do Serviço Social
1 ASCENSÃO DO CAPITALISMO E AS RELAÇÕES DE TRABALHO
A sociedade que conhecemos nos dias atuais é resultado de um processo em que 
o modo e meio de produção refletiu agressivamente na relação de trabalho e expansão 
do capitalismo, mas para entender este contexto é importante analisarmos o período que 
o capitalismo ascendeu e concomitantemente a relação de compra e venda da força de 
trabalho. 
Para isto, faz-se necessário realizarmos uma busca histórica para entender a 
eclosão do capitalismo e o aumento da relação do trabalho, desta forma é importante 
considerarmos dois fatos, o período feudal e a origem do capitalismo. De acordo com 
Huberman (1969) no período feudal (séculos XI a XV) tinha-se um regime de servidão e 
a sociedade era dividida em três classes: a nobreza que tinha o poder de aplicar as leis e 
cobrar impostos altíssimos, o clero formado pela igreja católica como missão de manter o 
equilíbrio espiritual sendo isento de pagar impostos, e os servos que era a maior parcela da 
população e trocava a sua força de trabalho para manter a subsistência nas propriedades 
dos feudos, além de pagar os inúmeros impostos e tributos. 
A sociedade feudal tinha como prática o escambo (troca de mercadoria), e ao 
adquirir um determinado bem realiza troca, seja por produto ou serviço, nesta época não 
tinha uma geração excedente de mercadoria, o que produzia era consumido conforme a 
necessidade. Mas, este fator mudou quando a igreja católica passou a trazer produtos 
8UNIDADE I Bases Históricas do Serviço Social
luxuosos das viagens realizadas nas cruzadas, uma prática religiosa que originou o sistema 
do capitalismo. 
Por ser considerado umsistema econômico e social, o capitalismo se tornou um 
modo de produção, com uma divisão societária, em que de um lado temos o capitalista 
(donos dos meios de produção) e do outro o proletariado (não possuem os meios de 
produção), e que enquanto um compra a força de trabalho de uma grande parcela o outro 
vende para uma pequena parcela, gerando um acúmulo de capital e uma produção em 
massa. 
Ao longo da história do sistema capitalista houve uma evolução, passando por três 
fases sendo:
Capitalismo comercial: Surgiu no final do século XV quando uma pequena parcela 
de pessoas começou a realizar feiras, que logo foi se expandindo para outros territórios além 
da Europa, os mercadores que participavam das feiras eram isentos dos impostos exigidos 
dos senhores feudais para que assim pudessem comercializar nas suas terras, e muitos 
aceitavam por que as feiras proporcionam riquezas, De acordo com o autor Huberman 
(1969) as feiras neste período eram imensas, as mercadorias eram negociadas por atacado 
e atingiam grandes mercadores, bem como pequenos revendedores e artesãos, na qual 
compravam e reivindicam para aqueles que começaram a trabalhar em troca da aquisição 
de mercadorias. É importante destacar que neste período a prática de comercializar tornou-
se global, tendo o surgimento de uma nova classe social a burguesia; a expansão marítima 
que impulsionava grandes navegações e o acúmulo de capital.
Capitalismo Industrial: Surgiu no século XVIII com as mudanças ocasionadas 
no modo de produção e na sua manufatura, intensificando as relações comerciais e as 
produções, isso se deu com criação de motor a vapor e máquinas para a produção e grande 
escala. Este período é considerado como um sistema de produção, na qual deu inicio ao 
aumento da mão-de-obra de uma grande parcela da população considerada como classe 
operária que se sujeitava a uma carga horária exaustiva e com uma baixa remuneração, 
causando diversas implicações nas suas relações sociais. É importante destacar que este 
período aconteceu na revolução industrial que iremos discutir mais a frente. 
 Capitalismo Financeiro: Conhecido como capitalismo monopolista, surgiu no 
final do século XIX e início do século XX sendo considerado como um tipo de economia, este 
sistema passou a controlar os comércios e indústrias por meio de instituições financeiras e 
bancos comerciais, modelo este que segue até os dias atuais.
9UNIDADE I Bases Históricas do Serviço Social
Netto (2011) nos apresenta que no final do século XIX o sistema capitalista passa 
a vivenciar profundas modificações tanto na sua forma de ordenar quanto na dinâmica 
da economia, com isso fica evidente as novas incidências na estrutura social e política, 
este período ficou conhecido como um marco histórico para o capitalismo que sai de um 
sistema concorrencial e passa a ser monopolizado, tendo em sua essência a exploração e 
alienação como chave para se manter no poder. 
Caro(a) aluno(a) é importante destacar que neste período também iniciou grandes 
inovações tecnológicas, expansão de mercados e investimentos de grandes empresas para 
que a economia pudesse se movimentar mais rápido e assim aumentar o lucro. Porém, para 
tudo isso pudesse acontecer foi necessário mais uma vez a exploração da mão-de-obra, 
a baixa rentabilidade e o aumento do consumo de classe que hoje conhecemos como “C”, 
que buscam meios de sobreviver a esta mudança em que uma pequena parcela detém.
Imagem1: Disparidade Social
10UNIDADE I Bases Históricas do Serviço Social
SAIBA MAIS
Sobre o capitalismo monopolista: na prossecução da sua finalidade central, a organiza-
ção monopólica introduz na dinâmica da economia capitalista um leque de fenômenos 
que deve ser sumariado: a) os preços das mercadorias (e serviços) produzidos pelos 
monopólios tendem a crescer progressivamente; b) as taxas de lucro tendem a ser mais 
altas nos setores monopolizados; c) a taxa de acumulação se eleva, acentuando a ten-
dência descendente da taxa média de lucro e a tendência ao subconsumo; d) o investi-
mento se concentra nos setores de maior concorrência, uma vez que a inversão nos mo-
nopolizados torna-se progressivamente mais difícil (logo, a taxa de lucro que determina 
a opção do investimento se reduz); e) cresce a tendência a economizar trabalho “vivo”, 
com a introdução de novas tecnologias; f) os custos de vendas sobem, com um sistema 
de distribuição e apoio hipertrofiado – o que, por outra parte, diminui os lucros adicionais 
dos monopólios e aumenta o contingente de consumidores improdutivos (contrarrestan-
do, pois, a tendência aos subconsumo). 
Fonte: NETTO, José Paulo, Capitalismo Monopolista e Serviço Social, 8ª ed. São Paulo. Cortez, 2011. p. 
20 e 21. 
Ao analisarmos a evolução do capitalismo é importante considerarmos ao viés da 
profissão do Serviço Social que a relação de trabalho em meio às mudanças do capitalismo 
trouxe grandes implicações, pois o modo de produção além de refletir diretamente no 
cotidiano, as consequências foram irreversíveis, dentre elas tivemos, a pauperização; o 
desemprego; a precarização nas condições de trabalho, sem contar na desigualdade social 
que foi gigantesca. 
Mesmo com todo esse descompasso é importante considerarmos que o modo de 
produção aproxima o ser humano dele mesmo, mas que a forma como ele é desenvolvido 
pode afastar criando conflitos nas relações de trabalho. De acordo com o clássico Karl Marx 
em seu livro O Capital (1989) a relação que o homem tem com trabalho é o que transforma 
enquanto ser humano, mas o processo de trabalho criado pelo sistema capitalista, nas 
condições de regulador de salários, impede que o trabalhador eleve o valor da sua força 
de trabalho, e este processo é uma forma do capitalismo se manter no poder, pois detém a 
classe trabalhadora á seu favor, aumentando assim o seu lucro monetário. 
11UNIDADE I Bases Históricas do Serviço Social
Iamamoto (2008) destaca que o trabalho produtivo e a base de toda a troca por 
dinheiro em que o capital detém a força de trabalho humana para expandir seu lucro, 
enquanto o trabalhador usa desta força para reproduzir o valor que de fato pertencente 
ao capital, ou seja, tudo gira em torno do sistema capitalista e por mais que o trabalhador 
vende a sua força de trabalho para garantir o mínimo a sua sobrevivência ainda não é o 
suficiente, pois o capital dispõe da maior parte de todo o lucro da produção humana e à 
medida que o capitalismo expande a produção do trabalho torna-se cada vez mais alienado 
ao sistema, tendo o trabalho produtivo como um processo que repõem o capital e produz 
o consumo.
Contudo, este processo fez com que o capitalismo torna-se um sistema central 
e dominante nas relações de trabalho, um sistema concentrado em grandes margens de 
lucro reduzido em monopólios pequenos e exaustivamente rentável, caracterizando assim 
o capitalismo dos monopólios, um sistema subdesenvolvido capaz de sugar cada vez mais 
o modo de produção, a forma de trabalho e suas condições para produzir em alta escala, 
tudo isso por deter a força produtiva do proletariado ao seu favor, considerando que o 
trabalho e o produto é propriedade do capitalismo. 
Antunes (2002) enfatiza que as inúmeras mudanças ocorridas no sistema 
capitalista como o universo fabril; o avanço da tecnologia e a automação foram inseridos 
e desenvolvidos na relação de trabalho, porém essas mudanças causaram implicações 
grandiosas na vida do trabalhador, como, o direito ao lazer, ao convívio com a família, a 
educação; a saúde, entre outros. Além da precarização nas condições de trabalho que era 
degradante e desumano. 
Iamamoto (2008) destaca que a acumulação do capital é proporcional ao da miséria 
isso porque o capitalismo além de ampliar na sua produção o poder do lucro é concentrado 
em uma pequena parcela da sociedade ao contrário dos proletários que se concentra em 
uma grande parcela da sociedade e que vendea sua força de trabalho para a subsistência, 
submetendo a trabalhos degradantes e salários baixos, tendo a sua relação de trabalho 
comprometida por falta de segurança, jornada de trabalho exaustiva e sem nenhum direito 
trabalhista e ou social. 
É fato que, o capitalismo surgiu no século XV quando se iniciou a prática de vendas 
de mercadorias, mas a sua ascensão foi no século XVIII com a revolução industrial, quando 
o trabalho árduo nas fábricas começou a aumentar o lucro do capital, necessitando da 
relação de compra e venda da força de trabalho e com isso houve grandes implicações, 
causadas pelo capitalismo. Mas para que você caro(a) aluno(a) possa entender melhor 
12UNIDADE I Bases Históricas do Serviço Social
sobre todo este contexto agora vamos aprofundar na Revolução Industrial e quais as 
implicações causadas pelo capitalismo neste período. 
REFLITA
Ao longo da história do capitalismo, a sua ascensão se deu em três fases, o capitalismo 
comercial; industrial e o econômico, refletindo diretamente nas relações do trabalho. 
Fonte: a autora
13UNIDADE I Bases Históricas do Serviço Social
2 A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: IMPLICAÇÕES SOCIAIS NA EUROPA
A Revolução industrial iniciou no século XVIII na Inglaterra e em pouco tempo se 
espalhou por toda a Europa Ocidental, este processo foi um divisor tanto para o capitalismo 
detentor do poder quanto para os trabalhadores do campo que não tinha formação, 
experiência e vivência na cidade, simplesmente foram lançados para o meio urbano e sem 
alguma urbanidade, pois pouco conhecia o código e o novo contexto que passou a ser 
inserido. 
Por ordem de uma monarquia que via a perda do poderio frente a outros Estados 
absolutistas, foram lançados de uma forma descuidada e sem a preparação correta para 
outra realidade em nome de certo desenvolvimento que quase nada chegaria a esta 
nova classe que se formava nas periferias inglesas, “teria levado ao empobrecimento 
uma população estável, e foi catastrófica para uma população que crescia rapidamente” 
(HOBSBAWM, 1978, p.95-96).
Certos que com a chegada dos camponeses na cidade a procura de oportunidades 
sem entender ao certo o que iria acontecer isto chamou a atenção dos capitalistas que 
observaram um grande número de pessoas buscando por trabalho nas indústrias, com isto 
identificaram que poderiam faturar ainda mais se produzem em grande escala. 
Com as terras oficialmente dadas para poucos, os latifundiários fizeram o movimento 
de aumentar a produtividade usando tecnologias de maquinário e genética de cruzamento de 
plantas a partir dos experimentos de Mendel, da monocultura como as de algodão e criação 
14UNIDADE I Bases Históricas do Serviço Social
de cabras para fornecer à indústria têxtil que nascia, neste sentido Thompson (1987) relata 
que a indústria do algodão foi certamente a pioneira na Revolução Industrial e a tecelagem 
foi o modelo preeminente para o sistema fabril. Enfim o foco era maior produtividade e não 
importava como, esse processo foi chamado de Revolução Agrícola. 
O importante era atender as fábricas e a nova classe operária que, obrigatoriamente, 
teria de comprar o que antes plantava e criava. Huberman (1969) diz que a invenção de 
máquina para fazer o trabalho do homem era uma história antiga, muito antiga. Mas como 
a associação da máquina à força a vapor ocorreu uma modificação importante no método 
de produção. O aparecimento da máquina movida a vapor foi o nascimento do sistema 
fabril em grande escala, era possível ter fábricas sem máquinas, mas não era possível ter 
máquinas a vapor sem fábricas.
Beaud (1981) relata que a entrada dos operários, a refeição deles e a saída ocorrem 
ao som do sino, no interior da fábrica, cada um tem seu lugar marcado, a tarefa estritamente 
delimitada e sempre a mesma; todos devem trabalhar regularmente e sem parar, sob o olhar 
do contramestre que o forçava à obediência mediante a ameaça da multa ou da demissão, 
por vezes até mesmo mediante uma coação mais brutal.
Para Dobb (1980) nos traz que a essência da transformação na era da Revolução 
Industrial estava na mudança do caráter da produção que, em geral, associavam-se à 
utilização de máquinas movidas por energia e para isto os trabalhadores deveriam trabalhar 
em exaustão. Marx afirmou que a transformação crucial foi, na verdade, a adaptação de 
uma ferramenta, antes empunhada pela mão humana, por meio de um mecanismo, com 
o surgimento das máquinas a vapor, a mãos dos trabalhadores passaram a ser um mero 
implemento, sem levar em consideração se a força motriz venha do homem ou da máquina.
Além desse contexto, Hobsbawm (1996) nos apresenta um fator agravante no 
período da Revolução Industrial, que foi a queda na produção agrícola, isso se deu devido 
ao desaparecimento gradual da população agrícola, migrando para as áreas urbanas a 
procura de trabalho nas indústrias, com o rápido aumento da população centrada nas 
áreas urbanas não se tinha o fornecimento de alimentos para suprir as necessidades 
primárias, acarretando a grandiosos problemas sociais, levando a situações degradantes 
e desumanas, além de que as áreas urbanas não estavam adaptadas e preparadas para 
receber a população que ali se se instalou.
15UNIDADE I Bases Históricas do Serviço Social
SAIBA MAIS
A revolução industrial não foi um episódio com um princípio e um fim. Não tem sentido 
perguntar quando se “completou”, pois sua essência foi a de que a mudança revolu-
cionária se tornou norma deste então. Ela ainda prossegue; quando muito podemos 
perguntar quando as transformações econômicas chegaram longe o bastante para esta-
belecer uma economia substancialmente industrializada, capaz de produzir, em termos 
amplos, tudo que desejasse dentro dos limites das técnicas disponíveis, considerada 
como uma economia industrial amadurecida. 
Fonte: HOBSBAWM, E. J. A era das revoluções. 9.ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996
Com tamanha desigualdade social envolvido num sistema detentor de poder e 
sem nenhum respaldo é evidente que a classe trabalhadora começou a se sobrepor a 
tamanha indiferença e ao que estava acontecendo diante do descaso que o capitalismo 
estava exercendo, neste contexto entra em cena o Estado um sistema mantenedor da 
ordem social, no entanto o seu interesse era garantir o bem estar do capital e manter a 
classe operária ativa na produção. 
Braverman (1987) explica que com a produção em massa a pleno vapor e um 
excedente econômico movimentando as nações o Estado passou a ser um aliado do sistema 
capitalista vigente, na qual passou a explorar ainda mais os operários. Esta relação entre o 
Estado e o capital faz com que as relações de trabalho se tornassem deplorável, seguindo 
de grandes sequelas irreversíveis, na qual reflete até os dias atuais. 
Para Netto (2011) a intervenção estatal veio para garantir o superlucro do sistema 
capitalista, tornando-o mais forte e suprimindo ao monopólio, ou seja, o lucro passou a 
ser concentrado em um pequeno grupo, aumentando ainda mais à exploração da força de 
trabalho e consequente a desigualdade social e ou na questão social, assunto que vamos 
explanar ao longo deste livro. 
REFLITA
A questão social é apreendida como o conjunto das expressões das desigualdades da 
sociedade capitalista madura, que tem uma raiz comum: a produção social, é cada ve-
zes mais coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, enquanto a apropriação 
dos seus frutos mantém-se privada. 
Fonte: Iamamoto, Marilda Villela. O Serviço Social na Contemporaneidade: trabalho e formação profissio-
nal, 22 ed. São Paulo, Cortez, 2012.
16UNIDADE I Bases Históricas do Serviço Social
3 CONTEXTO ESTADUNIDENSE PARA O NASCIMENTO DA PROFISSÃO
Como demonstrado no capítulo anterior, a Revolução Industrial teve o seu germe 
na Inglaterra que contava com uma burguesia altamente organizada, governo inclinado 
a obedecer às ordens dos empresários e a fortalecê-los, uma população que acabara 
de perdera única forma de sobrevivência que conhecia e se aglutinava nas cidades em 
busca de sobrevivência, bem como outros fatores importantes para a consolidação de 
uma vida digna, a abundância em minérios e outros insumos para as fábricas, toda uma 
intelectualidade fundamentando tudo que ocorria e um mercado com poucos competidores.
Porém, nem tudo era tão perfeito quanto se demonstra na teoria. Hobsbawn (1978) 
nos lembra de que a exploração da força de trabalho era chocante. Homens, mulheres e 
crianças (de até 06 anos de idade) realizavam, em condições desumanas, uma jornada 
de trabalho de até 18 horas. Essa situação permitia aos proprietários capitalistas impor 
ao trabalhador a execução e a extração do sobretrabalho (horas trabalhadas além das 
necessidades de reprodução da força de trabalho), o que permitia a acumulação do lucro, 
e a parte era reinvestido no setor produtivo, com o único e principal objetivo de valorizar o 
capital. 
A situação social demonstrava que “tudo corria para o rico”, o operário, sofredor 
do processo de embrutecimento, não encontra os verdadeiros culpados pela sua condição 
tão deprimente e sem humanidade. Muitos acreditam que as responsáveis para tamanho 
17UNIDADE I Bases Históricas do Serviço Social
martírio seriam as máquinas, também chegam a um nível de abstração que as parando 
conseguirão ter as suas vidas melhoradas, e o resultado disto foi o movimento Ludista.
Este movimento consistia em invadir as fábricas e quebrar todo o maquinário 
existente, o que de certa forma surtiu algum resultado. Momentaneamente, pois o patronato 
comprava e ou desenvolvia outras, mais resistentes e melhores. Hobsbawn (1952) no 
seu artigo The Machine Breakers (Os disjuntores de máquinas) chegou a relatar que o 
real motivo dessa prática foi uma forma que os operários encontraram para se fazerem 
percebidos pelos patrões, a fim de negociar e apresentar reivindicações e que inclusive 
pequenos comerciantes com unidades fabris modestas participavam para tentar forjar a 
concorrência dos grandes capitalistas.
Com o tempo o movimento foi arrebanhando mais e mais adeptos, pessoas que 
se encontravam desempregadas, em situação de miséria extrema, que não concordavam 
com o que vivenciavam e, portanto, encontraram esta forma de se expressar e apresentar 
o real descontentamento, com isso desagradou os detentores do poder, que exigiu resposta 
rápida por parte do governo que por sua vez, fez uso legitimado da força e da lei para punir 
todos os envolvidos. 
Em 1812 foi aprovada a lei que recebeu o nome de Frame-Breaking act, que 
estabelecia a pena de morte para quem tivesse envolvimento com este grupo, assim 
começou a caça aos ludistas, com perseguições, prisões, torturas e penas capitais. Desta 
forma o trabalhador passou a ser um malfeitor, enquadrado como um possível criminoso.
O jugo pesado por parte dos governantes se tornou uma oportunidade para os 
trabalhadores, estes que por sua vez decidiram se organizar para se fazerem entendidos, 
nascendo assim as primeiras Trade Unions, ou como conhecemos, os sindicatos que 
representavam esta classe e buscavam meios legítimos de apresentar as suas queixas. 
Usaram muito das greves e até mesmo barricadas.
Tornando a situação cada vez mais complexas, pois no Estado Moderno, regido sob 
a Declaração Universal dos Direitos do Homem, teria espaço para manifestações por parte 
da população, bem como com o surgimento dos sindicatos alguns filósofos e intelectuais 
tiveram espaço para os seus escritos e suas ideias, chegando à classe trabalhadora, 
dentre eles os anarquistas, sendo Proudhon o mais proeminente, e os socialistas utópicos 
e científicos, Marx e Engels que formaram bases para até os dias atuais.
Por outro lado, a classe dominante deveria também de se organizar para que 
as paralisações fossem minadas ou neutralizadas. A princípio, os dominadores tomaram 
duas atitudes a saber: a primeira foi o uso recorrente das práticas assistencialistas, com 
18UNIDADE I Bases Históricas do Serviço Social
o objetivo da manutenção da ordem capitalista e conter a insatisfação desarmando as 
manifestações, levando os operários a aceitarem as suas condições de vida, com isso foi 
criado a Sociedade de Organização da Caridade em Londres no ano de 1869, assunto que 
estudaremos mais a fundo adiante; e o segundo foi procurar outro local anglofone para 
realizar a produção de manufaturas.
Na antiga colônia inglesa, os Estados Unidos possuía ainda alguns valores típicos 
da Metrópole, como o idioma, alguns costumes, a lei comum ou ordenamento jurídico e a 
perspectiva econômica. Diferente da nossa, a independência estadunidense ocorreu de 
uma forma brutal, através da guerra, financiada pelo reino francês, adversário histórico dos 
ingleses, ainda sim se via a influência que a Inglaterra havia deixado, a qual substituiu de 
forma rápida a monarquia por um governo que buscava por produção em massa.
 Com isso os Estados Unidos se mostrou receptivo aos imigrantes anglos falantes, 
os registros históricos relatam a grande imigração irlandesa e galesa para as terras ao oeste. 
Os ventos da liberdade sopravam pelo mundo através de novas concepções filosóficas, 
assim os imigrantes encontraram repouso em uma terra longínqua, pois tinham pretensões 
de que se tornasse uma potência, porém os detentores do poder deste país observou 
que com a chegada dos imigrantes teriam a mão de obra que precisa para as grandes 
produções. 
De acordo com o Departamento de Estado dos Estados Unidos, diretamente do 
Escritório de Assuntos Públicos (2012. p.221) “quase 19 milhões de pessoas chegaram 
aos Estados Unidos entre 1890 e 1921” e logo houve pedido de restrição aos imigrantes 
ou a proibição da entrada no país, pedido que não aconteceu devido a Lei de Imigração 
Johnson-Reed -1924, mantendo a permanência dos imigrantes no país.
19UNIDADE I Bases Históricas do Serviço Social
Com isso o alto grau de intercâmbio com os bretões, a industrialização estadunidense 
se tornou altamente possível e viável. Afinal, também possuía riquezas naturais, um vasto 
território a explorar e crescer, cientistas que formaram empresas (Thomas Edison que 
fundou a famosa “General Eletric” ou mais comumente conhecida como GE) e filósofos que 
pensaram um Estado grande e forte, bem como uma mão de obra qualificada que também 
fugia da miséria no “velho continente” e buscava oportunidades para “fazer a América”. 
Quanto à adaptabilidade dos imigrantes a nova terra e as suas trocas com os residentes, 
às periferias que eram formadas graças à industrialização e o processo não planejado de 
expansão populacional. 
Não obstante, os Estados Unidos ainda não era um país unificado, com um só 
propósito, pois havia os Confederados, estados sulistas, e a União, estados do norte e da 
Nova Inglaterra – atendem pela alcunha de Yankees. A Guerra Civil Americana se mostrou o 
caminho mais curto para que o Estados Unidos não tão unidos chegassem a um consenso.
Certamente uma guerra não é a melhor alternativa, todavia foi importante para a 
modernização da pátria, foco desta parte, pois uma parte vivia ainda o escravismo e pouca 
industrialização, os estados do sul que possuíam figura dos latifundiários e militares como 
os donos do poder. Já o norte e os 6 estados da Nova Inglaterra este regime de trabalho 
não existia, inclusive tendo algumas fábricas instaladas e uma organização urbana também 
avançada.
Após a Guerra Civil, ou conhecida também de Guerra de Secessão, os Yankees 
venceram e a unidade dos Estados Unidos pode, enfim se concretizar. Efeitos negativos 
Imagem 2: A grande imigração
20UNIDADE I Bases Históricas do Serviço Social
foram vistos principalmente nos estados confederados, pois eram os principais produtores 
do algodão do mundo e exportavam para a Inglaterra que, por sua vez, buscou outros 
fornecedores dentre eles o Brasil.
Contudo, o regime federalista, concepção moderna de Estado, podeseguir em 
frente dando maior autonomia aos estados para atrair investidores e incentivar a livre 
iniciativa. Agora os Estados Unidos da América era uma nação moderna e adequada aos 
novos moldes que as economias avançadas se encontravam. Claro que se desenvolveram 
através de todo o conhecimento já adquirido e consolidado na antiga Metrópole, bem como 
possuía problemas típicos de um país industrializado, se levar em conta o grande hiato que 
o norte tem com o sul e como este último ficou no pós-guerra.
Poderio estadunidense, industrial e bélico, se concretizou após a I Guerra Mundial, 
pela sua posição privilegiada longe dos conflitos que assolaram toda a Europa ocidental 
e também por ser um grande fornecedor de materiais bélicos e de provisões de primeira 
necessidade, como comida enlatada e roupas para as tropas e para os civis.
Neste momento da história, Martinelli (2003) relata que se olhar com atenção para o 
continente europeu, o que se podia constatar é que estava gravemente enfermo debilitado e 
sem condições de manter a sua secular hegemonia no plano mundial. A realidade impunha-
se e não havia como deixar de reconhecê-lo: os Estados Unidos eram o país vencedor 
da I Guerra Mundial e para lá se deslocava o centro de referência do mundo capitalista, 
pois havia naquele país uma classe dominante, que alimentava um acelerado processo de 
industrialização capitalista.
REFLITA
As guerras no período conhecido como moderno, onde há a cisão entre igreja e Estado 
foi por causa do capitalismo? Como creditar toda uma culpa em um sistema sendo que 
a beligerância faz parte da história do homem?
Fonte: a autora.
21UNIDADE I Bases Históricas do Serviço Social
Martinelli (2003) prossegue relatando que os grandes empresários americanos 
seguros do seu poder e tomando por concreto algo profundamente abstrato, o seu eterno 
poder de classe, a burguesia americana entendia que podia controlar o processo social, 
assim como controlava o processo econômico. 
A antes referida Sociedade de Organização da Caridade encontrou um grande 
campo de atuação nos Estados Unidos, organizando reformas sociais e adotando práticas 
assistencialistas e trabalhando a questão social de forma bem reducionista, fazendo com 
que o processo de profissionalização da nossa categoria começasse a acontecer em 1904. 
As tidas assistentes sociais buscavam realizar uma modelagem ideológica, com trabalhos 
em torno da educação para embutir o pensamento e a mentalidade capitalista, para que 
as pessoas aceitassem a condição que se encontravam, colocando que era questão de 
caráter como o proletariado lidava com os seus problemas. 
O Serviço Social afirma-se como uma especialização do trabalho coletivo, inscrito na 
divisão sociotécnica do trabalho, ao se constituir em expressão de necessidades históricas, 
derivadas da prática de classes sociais no ato de produzir seus meios de vida e de trabalho 
de forma socialmente determinada. Assim seu significado social depende da dinâmica das 
relações entre as classes e destas com o Estado nas sociedades nacionais em quadros 
conjunturais específicos, no enfrentamento da “questão social” (IAMAMOTO, 2012, p. 203). 
Nesse contexto surge uma grande expoente, a Mary Richmond que em 1897, na 
Conferência Nacional da Caridade, apresentou a sua ideia de que o ser humano deve de ser 
compreendido em um dado momento e como o mesmo 
se interage com o meio social que faz parte. Dentre 
os seus avanços destaca-se também o Case work 
orientado para o diagnóstico social, para compreensão 
de situações-problemas analisando a pessoa humana 
de forma integrada com o seu contexto. Definindo 
assim, o problema social como objeto de estudo do 
Serviço Social, dando aspecto científico a nossa área. 
Carvalho (2012) lembra que o diagnóstico 
social, fundado no método de caso, enfatiza a 
importância do trabalho com grupos e comunidades 
na resolução ou transformação de problemas sociais. 
Ainda sobre Richmond, Martinelli (2003) explica que ao publicar o seu livro “Diagnóstico 
Social” a autora vai insistir na importância do trabalho social, em especial o seu alcance 
22UNIDADE I Bases Históricas do Serviço Social
quando realizado com pessoas individualmente. Partindo do princípio de que eram a base 
da sociedade, o princípio da organização social, considerava que a essas pessoas como 
seres individuais que deviam dirigir-se os esforços dos trabalhadores sociais, no sentido de 
manter o funcionamento adequado da sociedade. Adotando, assim, a linha da psicanalítica 
que era tradicional na abordagem estadunidense. O livro provocou tamanha comoção e 
revolução para a categoria que o nosso valor foi finalmente reconhecido. 
Segundo Martinelli (2003) em 1919 a Escola de Filantropia Aplicada foi incorporada 
à Universidade de Columbia, e em 1920, fundava-se em Nova Iorque a Associação 
Nacional de Trabalhadores Sociais, visualizando o inquérito como um instrumento de 
fundamental importância para a realização do diagnóstico social e, posteriormente do 
tratamento, acreditava Richmond que só por meio do ensino especializado poder-se-ia 
obter a necessária qualificação para realizá-lo, com isso surge à profissão na qual ao longo 
de toda a história houve mudanças fundamentais para uma profissão inserida na divisão 
sociotécnica do trabalho. 
SAIBA MAIS
Mary Ellen Richmond é reconhecida como a pioneira do Serviço Social profissional no 
sentido de ter elaborado as primeiras produções teóricas do Serviço Social e de ter in-
fluenciado o Serviço Social em todo o mundo. Duas de suas obras, O diagnóstico social 
(1917) e O que é Serviço Social de casos (1922), reúnem as principais ideias dessa 
autora sobre o Serviço Social de casos individuais e representam a base que deu início 
à produção teórica no campo do Serviço Social. Esse pensamento pioneiro espalhou-se 
pela Europa e por outras partes do mundo onde o Serviço Social se institucionalizou 
como profissão. No Brasil, a influência do Serviço Social estadunidense se faz presente 
especialmente a partir da década de 1940, com o intercâmbio entre os dois países, que 
promoveu a ida de representantes do Serviço Social brasileiro aos Estados Unidos. 
Fonte: COSTA, Gilmaisa Macedo da. Revisitando o Serviço Social clássico. 2017. Disponível em: https://
www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistaempauta/article/download/32747/23547. Acessado em: 05 de 
setembro de 2019. 
23UNIDADE I Bases Históricas do Serviço Social
4 INFLUÊNCIA DO ESTADO, IGREJA E ORGANIZAÇÕES SOCIAIS NA GÊNESE DO 
SERVIÇO SOCIAL
Ao longo desta unidade nos apropriamos de muitos saberes que nos clareia de 
como a nossa sociedade se formou até a pós-modernidade, aprendemos que para que 
houvesse a Revolução Industrial muito precisou a ser feito e que coadunou esforços múltiplos 
causados por uma massiva desigualdade social e uma expansão no sistema capitalista, e 
dentro de todo o contexto surge o Serviço Social, vinculado ao pensamento conservador 
da igreja católica, tinha cunho de ação educativa, na qual passou a atuar em entidades 
filantrópicas por meio do Estado, seguindo uma linha de prevenção aos problemas sociais, 
visto que a questão social culminou na Revolução Industrial era tida como um problema 
causado pelo indivíduo e neste caso precisava de uma ação curativa, trabalhando a moral 
e a religiosidade. 
Iamamoto (2002, p.18) nos apresenta que “como profissão inscrita na divisão 
do trabalho, o Serviço Social surge como parte de um movimento social mais amplo, de 
bases confessionais, articulado à necessidade de formação doutrinária”, com isso a igreja 
buscava recuperar parte do seu prestígio que havia perdido com a expansão do capitalismo, 
culminando com aumento da sociedade nos centro urbano e as dificuldades que estava 
enfrentando na sua relação com o Estado.
24UNIDADE I Bases Históricas do Serviço Social
 
SAIBA MAIS
A intervenção do Estado na “questão social” é legítima, jáque este deve servir ao bem 
comum. O Estado deve assim preservar e regular a propriedade privada, impor limites 
legais aos excessos da exploração da força de trabalho e, ainda, tutelar os direitos de 
cada um, especialmente dos que necessitam de amparo. 
Fonte: Iamamoto, Marilda Vilela. Renovação e Conservadorismo no Serviço Social. 6 ed. São Paulo, 
Cortez, 2002.
A formação de um Estado não mais pautado ou resumido a um mandatário foi uma 
pré-condição para que a liberdade econômica pudesse atingir o desejado cenário para que 
a livre iniciativa fosse dada. Afinal, o poder não era mais personificado e sim uma instituição.
Neste sentido, Pereira (2008, p.148) ressalta que o Estado é ao mesmo tempo uma 
relação de dominação, ou a expressão política da dominação do bloco no poder, em uma 
sociedade territorialmente definida, e um conjunto de instituições mediadoras e reguladoras 
dessa dominação, com atribuições que também extrapolam a coerção. Nesse contexto, o 
governo ganha persona própria, jurídica, separada tanto da persona física do governante 
quanto da instituição estatal.
O marco da modernidade está em ter a separação total e completa da política com 
a Igreja, a última não tendo mais as famosas predileções que antes estava habituada. 
Cabendo à Igreja o lugar de tratar das coisas metafísicas que fogem a compreensão terrena 
e científica. O protestantismo, em especial o calvinismo foi muito importante para a atividade 
empreendedora, basta resgatarmos a leitura de Weber em “A ética protestante e o espírito 
do capitalismo” onde há um estudo aprofundado dos valores da religião para o capitalista.
Tendo essas instituições devidamente separadas e cada qual com a sua atribuição, 
nos inclinamos a compreender a contribuição que deram para a nossa categoria, as 
influências diretas que cada qual para o nascimento e como nos situamos em nosso tempo 
espaço de evolução enquanto ciência e profissão.
A começar pelo Estado, que legitimou a nossa atividade e nos fiscaliza quanto a 
nossa prática. Ao longo do tempo, percebe-se que o serviço público foi se tornando o maior 
demandador do nosso saber. Assim, destaca-se:
25UNIDADE I Bases Históricas do Serviço Social
Os projetos profissionais apresentam a auto-imagem de uma profissão, ele-
gem os valores que a legitimam socialmente, delimitam e priorizam seus ob-
jetivos e funções, formulam os requisitos (teóricos, práticos e institucionais) 
para o seu exercício, prescrevem normas para o comportamento dos pro-
fissionais e estabelecem as bases das suas relações com os usuários de 
seus serviços, com as outras profissões e com as organizações e instituições 
sociais privadas e públicas (inclusive o Estado, a que cabe o reconhecimento 
jurídico dos estatutos profissionais). (Netto 2001, p. 4).
Sobretudo, após as Guerras Mundiais e toda organização humana, em meio a 
catástrofes e destruição maciça, houve a necessidade de que os países se organizassem a 
fim de dar novas perspectivas aos cidadãos atingidos diretamente pelos confrontos bélicos 
e a resposta vem como o Welfare State, ou Estado de Bem Estar Social. Teve como principal 
motivo evitar o avanço da ameaça comunista, usando de políticas econômicas keynesianas 
para emprego e distribuição de renda. Destaca-se que a Seguridade Social, Previdência e 
Saúde começaram a ser adotadas em grande parte do mundo e se tornaram universais e 
para todos.
Quanto às organizações sociais Martinelli (2003) cita que o criador não podia deixar 
de legitimar a criatura, ou seja, era ratificado pela burguesia, o que soa estranho e cria 
certo paradoxo, pois essa legitimação de sua prática não decorreu da população usuária, 
mas sim da classe dominante – os mandantes da prática – e, depois, os contratantes dos 
serviços profissionais dos assistentes sociais. Vimos que foi um movimento dos empresários 
para que as ressurreições operassem e fossem apaziguadas e sem maiores prejuízos aos 
cofres dos mesmos.
Portanto, era uma prática que atendia aos interesses dos grandes proprietários de 
fábricas, não indo de encontro com o que a classe trabalhadora almejava e necessitava para 
sobreviver. Martinelli (2003) nos lembra de que alguns assistentes sociais se alinhavam ao 
Estado e à Igreja como uma forma de ampliar os espaços de atuação e para se consolidar 
enquanto profissionais, na verdade, segundo relata a autora, nos Estados Unidos, a partir de 
1920, ganhava força a Associação Nacional de Trabalhadores Sociais, enquanto na Europa 
o esforço estava em garantir uma hegemonia do pensamento católico, apresentando um 
espectro bem interessante, pois o protestantismo era base dos capitalistas, enquanto o 
catolicismo atendia os operários. 
Na lógica cristã e toda a sua doutrinação é explícita na seguinte citação:
O assistente social deveria, assim: ser uma pessoa da mais íntegra forma-
ção moral, que a um sólido preparo técnico alie desinteresse pessoal, uma 
grande capacidade de devotamento e sentimento de amor ao próximo; deve 
ser realmente solicitado pela situação penosa de seus irmãos, pelas injusti-
ças sociais, pela ignorância, pela miséria, e a esta solicitação devem corres-
26UNIDADE I Bases Históricas do Serviço Social
ponder às qualidades pessoais de inteligência e vontade. Deve ser dotado 
de tantas outras qualidades inatas, cuja enumeração é bastante longa: de-
votamento, critério, senso prático, desprendimento, modéstia, simplicidade, 
comunicatividade, bom humor, calma, sociabilidade, trato fácil e espontâneo, 
saber conquistar a simpatia, saber influenciar e convencer, etc. (IAMAMOTO; 
CARVALHO, 2008, p. 227).
A construção da influência da Igreja se tornou bem evidente em alguns períodos 
na história da nossa categoria, vamos destacar da formalização com a fundação da Escola 
Católica de Serviço Social no ano de 1911 em Paris. Que a princípio usava da abordagem 
de trabalho em núcleos sociais e refletiam a questão social pela doutrina social da Igreja. 
Prática essa que atingiu toda a Europa e chegou até ao Brasil como Yazbek (2009, p.145) 
constatou:
[...] é por demais conhecidas à relação entre a profissão e o ideário católico 
na gênese do Serviço Social brasileiro, no contexto de expansão e seculari-
zação do mundo capitalista. Relação que vai imprimir à profissão caráter de 
apostolado fundado em uma abordagem da „questão social‟ como problema 
moral e religioso e numa intervenção que prioriza a formação da família e do 
indivíduo para solução dos problemas e atendimento de suas necessidades 
materiais, morais e sociais. O contributo do Serviço Social, nesse momento, 
incidirá sobre valores e comportamentos de seus “clientes na perspectiva de 
sua integração à sociedade, ou melhor, nas relações sociais vigentes”. (YA-
ZBEK, 2019, p. 145). 
Diante das desigualdades sociais, a classe operária começou a fazer grandes 
mobilizações, não se fala em outra coisa a não ser a “questão social” obrigando o Estado a 
se posicionar frente a tal demanda e consequentemente a igreja também se posicionou, 
buscando nos princípios das encíclicas papais (Rerum Novarum e Quadragesimo Anno) o 
seu processo interventivo, pois para a igreja tal atitude era vista como a falta da religiosidade. 
A forte influência da Igreja Católica 
se fazia presente antes mesmo da sua 
formalização em Paris se resgatar a 
Encíclica Rerum Novarum, que significa 
Das Coisas Novas, divulgada em 1891 
pelo Papa Leão XIII como uma crítica 
a situação da classe trabalhadora em 
detrimento dos ganhos capitalistas.
Imagem 4: Igreja Católica e suas influências
27UNIDADE I Bases Históricas do Serviço Social
Ao divulgar os dogmas católicos, o Papa lembra que as mudanças ocorridas na 
sociedade, fizeram com que as classes se esquecessem das coisas de Deus. De acordo 
com a Castro (2003) a encíclica Rerum Novarum se dividiu em duas partes a primeira ficou 
baseada em solucionar os problemas baseado nas propostas pelo socialismo e a segunda 
a proposta da própria igrejaque era a de manter a causa do bem comum, visto que poderia 
ganhar forças com os operários por ser a maior parte da população, colocando capitalismo 
em alerta. Mas é na encíclica Quadragesimo Anno que a igreja se reafirma após a um apelo 
aos católicos daquele período. 
SAIBA MAIS
Aos nossos muito amados Filhos eleitos para a tão grande obra recomendamos... que, 
se entreguem totalmente à educação dos homens que lhe confiamos e que nesta tare-
fa verdadeiramente sacerdotal e apostólica usem oportunidades todos os meios mais 
eficazes da educação cristã: ensina aos jovens, instituir associações cristã e fundar 
círculos de estudo. 
Fonte: CASTRO, Manuel Manrique. História do Serviço Social na América Latina. 6Ed. São Paulo. Cortez, 
2003. p. 61. 
É evidente que a Igreja encontrou a oportunidade de reforçar o seu poder ao divulgar 
a Encíclica Quadragesimo Anno em 1931 com o Papa Pio XI, a qual reforçava os valores 
da anterior, assegurando soluções ao problema espinhoso da questão Social e em meio ao 
pós guerra que o mundo ainda buscava superar.
Expondo que o amor ao próximo, no sentido cristão da palavra, não se fazia 
mais presente e a exploração em nome do lucro se fazia senhor. Assim, ao se discutir 
sobre as causas do conflito de classes, a encíclica credita toda a culpa na ganância e o 
desvirtuamento da postura cristã, a saber que de longa data a Igreja se posicionava contra 
a Usura ou lucros.
Vale ressaltar que a Igreja também se posicionava contra o socialismo ao defender 
a propriedade privada, contraditório ao se tratar dos direitos da igreja e dos operários. 
Ao nos situarmos no período histórico, havia levantes socialistas que questionavam sobre 
a posse de terras e como estavam concentradas, que oriundos da Revolução Francesa, 
queriam dar cabo aos domínios diversos, entendendo que se classe operária produz a ela 
pertence.
28UNIDADE I Bases Históricas do Serviço Social
Das coisas novas também preconizava o descanso sagrado que todo filho de Deus 
tinha direito e dever ao referir “Guie-se o operário ao culto de Deus, incite-se nele o espírito 
de piedade, faça-se principalmente fiel à observância dos domingos e dias festivos. Aprenda 
ele a amar e a respeitar a Igreja, mãe comum de todos os cristãos, a aquiescer aos seus 
preceitos, a frequentar os seus sacramentos, que são fontes divinas onde a alma se purifica 
das suas manchas e bebe a santidade.” 
Assim como relutava a jornada exaustante de trabalho que muitos operários eram 
sujeitados, lembrando que crianças e mulheres grávidas trabalhavam em locais insalubres 
e muitas horas de serviço sem as devidas pausas. “O direito ao descanso de cada dia 
assim como à cessação do trabalho no dia do Senhor, deve ser a condição expressa ou 
tácita de todo o contrato feito entre patrões e operários. Onde esta condição não entrar, o 
contrato não será justo, pois ninguém pode exigir ou prometer a violação dos deveres do 
homem para com Deus e para consigo mesmo.”
Diante do que vimos até aqui, fica evidente que o Serviço Social surgiu em um cunho 
conservador vinculado a igreja católica, tendo influência do Estado e das organizações, tudo 
isso para manter ordem entre o capital e o proletariado. A Este pensamento conservador a 
Iamamoto (2002) traz como sendo dedutivo, atendendo às situações imediatas e particulares 
a partir da estrutura da sociedade, visando o controle da situação circunstancial, e este tipo 
de comportamento é reflexo da Revolução Francesa e da Revolução Industrial. 
Portanto, fica evidente que o Serviço Social se desenvolve em um universo 
influenciado pelo pensamento conservador religioso, mas conforme a sociedade evoluiu 
foi necessário algumas reflexões, nas quais os profissionais passaram a incorporar ideias 
do elemento da sociologia conhecida como noção de comunidade esta teoria se tornou a 
matriz central do capitalismo e um estudo que passou a nortear toda a ação profissional. 
REFLITA
“A noção de comunidade relacionava a todo tipo de relação ocorrida na sociedade, bem 
como as suas implicações”. 
Fonte: a autora.
29UNIDADE I Bases Históricas do Serviço Social
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) aluno(a), ao longo desta unidade buscamos entender como o Serviço Social 
nasceu em meio a toda a dinâmica global e econômica que o mundo estava a vivenciar e 
retroalimentando. Ao chegar ao fim da primeira unidade, espera-se o seu entendimento que 
as transformações que um novo modelo econômico trouxe consigo, alterando profundamente 
a lógica humana. 
Fazer esse trabalho de resgatar a historicidade é oportuno e valioso para que 
percebamos que essa transição de contato com o trabalho e com o modo de vida gerou 
atribulações e resistência por uma parte da população que fora submetida à essa nova 
razão imperiosa.
Desta forma, a própria sociedade precisou dar respostas a essa agitação que 
historiadores e o Serviço Social foi um dos revides usados pela burguesia, Estado e Igreja 
no intuito de controlar e acalmar uma classe que se encontrava inflamada, pouco adaptada 
e, até mesmo, se mostrando venturosa muitas vezes.
O papel da ciência é de desmistificar, usando da dialética, a sabedoria convencional 
e o senso comum. Digo isso, pois, são raras vezes que escutamos populares a categorizar a 
nossa profissão como uma forma de acolhimento e apoio, fornecendo elementos primários 
para a vida humana, como alimentos e roupas, por exemplo, ou mesmo para lutar contra os 
ricos e poderosos chamando a atenção para os pobres e necessitados. 
Aprendemos que não é esse o foco do assistente social e tão pouco o profissional 
fora concebido para esse fim. Nascemos e atuamos seguindo a lógica capitalista sob 
a influência da igreja católica, para manter a ordem e neutralizando ou dirimindo os 
trabalhadores de se rebelarem contra o sistema vigente e tentando entender por meio de 
teorias a causas de suas mazelas.
Com isso o mecanismo científico como investigação, pesquisa, diagnóstico das 
demandas sociais e problematização da profissão foram desenvolvidos para que tivéssemos 
a profissionalização dos dias atuais, na qual estudaremos nas próximas unidades. Contudo, 
nada é dado e completo ainda, pois o Serviço Social tem outras causas e discussões a fazer, 
outros aspectos filosóficos a estudar que ainda fundamentam a prática do profissional, 
pois o mundo está em constante mudança e sempre apresentando novas reivindicações e 
contextos voláteis.
30UNIDADE I Bases Históricas do Serviço Social
LEITURA COMPLEMENTAR 
(...)
Richmond foi assistente de tesouraria e depois eleita secretária-geral da COS 
(Charity Organization Society) de Baltimore, em 1891. As COS’s, que se espalharam nos 
EUA, eram instituições de caridade que chegaram àquele país através da experiência 
inglesa, como um esforço de cooperação entre Estado (especialmente prefeituras) e Igreja 
(sobretudo protestante) para assistir às necessidades de famílias pobres, a partir de práticas 
de auxílio material e educação moral com uma abordagem individualizada.
Acontece que outras experiências de assistência aos pobres também ganharam 
notoriedade. Os Settlement Movements, liderados por Jane Addams, inspiraram-se nas 
experiências do Toynbee Hall da Inglaterra e criaram as Hull Houses. Diferente das COS’s, 
sua proposta era a de promover um espírito de cooperação e solidariedade em bairros 
pobres, de modo que seus moradores pudessem, em um processo coletivo e orientado 
pelas residentes, aprender a importância do espírito de grupo, de forma a superar as 
próprias dificuldades, e a importância da organização coletiva para reivindicar melhorias 
em suas condições de vida. Jane Addams se tornou internacionalmente conhecida como 
uma ferrenha militante da reforma social e crítica de todas as práticas que ela caracterizava 
como “antidemocráticas”: a de desqualificar o modo de vida dos pobres e tentar impor-lhes 
um padrão de comportamento dominante.
O palco para esses e outrosdebates era a Conferência Nacional sobre Caridade 
e Correção [National Conference of Charity and Correction], que reunia anualmente 
instituições, filantropos, religiosos, políticos e todos aqueles que viam nas ações de 
caridade uma importante ferramenta de intervenção sobre a vida dos pobres com vistas 
à mudança social. Todavia, que tipo de mudança, mudança para quê, como mudar, o que 
era a “caridade”, e o que precisava ser “corrigido” passavam a fazer parte das polêmicas 
debatidas nas conferências.
Mesmo que nem as COS’s e nem as Hull Houses tivessem alguma pretensão 
revolucionária, eram nítidas suas diferenças de concepção, tanto de projeto como de 
abordagem. Pelo impacto que os Settlement Movements passaram a ter em várias 
metrópoles nos EUA, Jane Addams foi convidada para apresentar a experiência na reunião 
da Conferência realizada em 1897. Não por acaso, a publicação de “Friendly visiting among 
31UNIDADE I Bases Históricas do Serviço Social
the poors” ocorre dois anos depois; ousamos dizer que o livro é um esforço de Richmond 
para afirmar o projeto das COS’s.
Isso fica claro já no Prefácio escrito por Richmond, quando exalta o pioneirismo de 
Bernard Bonsanquet, Charles Loch e Octavia Hill com as COS’s na Inglaterra e o quanto 
ela aprendeu ao conhecer o trabalho na primeira COS dos EUA, a de Nova York, fundada 
por Josephine Shaw Lowell. E que, apesar de reconhecer o trabalho de Jane Addams, a 
autora diz o livro que ora escreve é uma forma de pagar uma dívida com todos aqueles que 
há muito investem no trabalho das associações de caridade com base na “visita amigável”.
Isso se revela no fato de ela dedicou dois capítulos ao homem: o primeiro discute 
a sua condição de trabalhador no espaço público, o que o faz provedor do sustento; e o 
segundo, a sua função como provedor dentro do lar [The breadwinner at home], o que o faz 
chefe de família. E é nesse momento que ela aponta quais as grandes dificuldades que os 
visitadores amigáveis encontram quando se deparam com chefes de família “vagabundos” - 
vale lembrar que Richmond fala de visitas a pobres, de quem o “caráter” deve ser observado 
pelos visitadores.
A tradicional visão do papel do “feminino” como mantenedor da moral, dos bons 
costumes, da educação das crianças, de sua alimentação, da limpeza da casa e das 
responsabilidades religiosas é naturalmente reproduzida pela autora como um dos focos 
de atuação dos visitadores amigáveis para ajudar a família a resolver as causas de suas 
necessidades.
(...)
Fonte: TONIOLO, Charles. Visita amigável entre os pobres: um manual para trabalhadores da 
caridade, de Mary Ellen Richmond. 2019. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0101-66282019000300583. 
32UNIDADE I Bases Históricas do Serviço Social
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO 1 
Título: Capitalismo Monopolista e Serviço Social.
Autor: José Paulo Netto.
Editora: Cortez.
Sinopse: Este livro nos apresenta o surgimento da profissão 
vinculado a sua história à emergência do Estado Burguês na 
idade do monopólio, bem como os projetos das classes sociais 
fundamentais e à execução das Políticas Sociais. Além de abordar 
a teoria e prática do Serviço Social fundamentada no sincretismo. 
LIVRO 2 
Título: Renovação e Conservadorismo no Serviço Social: Ensaios 
Críticos.
Autora: Marilda Vilela Iamamoto.
Editora: Cortez.
Sinopse: Este livro oferece uma síntese crítica das problemáticas 
centrais da profissão, iluminadas por um foco teórico singular e 
tratadas com a sua reconhecida competência. Painel das grandes 
polêmicas dos anos oitenta, a herança conservadora do Serviço 
Social e sua ultrapassagem, a profissão e a divisão social do 
trabalho, a questão social e a era do monopólio, a formação 
profissional e suas perspectivas. 
33UNIDADE I Bases Históricas do Serviço Social
FILME/VÍDEO
Título: Tempos Modernos.
Ano: 1936.
Sinopse: Um operário de uma linha de montagem, que testou uma 
“máquina revolucionária” para evitar a hora do almoço, é levado à 
loucura pela “monotonia frenética” do seu trabalho. Após um longo 
período em um sanatório ele fica curado de sua crise nervosa, mas 
desempregado. 
FILME/VÍDEO
Título: Gangues de Nova York.
Ano: 2003
Sinopse: Em plena Nova York de 1840, o jovem Amsterdam 
(Leonardo DiCaprio) busca se vingar de William “The Butcher” 
Cutting (Daniel Day-Lewis), o assassino de seu pai (Liam 
Neeson), que era o líder da gangue Dead Rabbits. Em sua jornada 
Amsterdam acaba se tornando amigo e homem de confiança de 
William, apaixonando-se também por Jenny Everdane (Cameron 
Diaz), uma bela jovem que é integrante de uma gangue rival.
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Plano de estudo:
● Nascimento das ciências sociais e a “questão social”
● Neotomismo, Positivismo e Funcionalismo
● Serviço Social de Casos
● Fenomenologia aplicada ao Serviço Social
Objetivos de Aprendizagem: 
● Como as ciências sociais surgiram e sua relação com a questão social; 
● As teorias do Neotomismo, positivismo e funcionalismo para o Serviço Social; 
● O Serviço Social de Casos de Mary Richmond e seus estudos; 
● As teorias da Fenomenologia para o Serviço social.
UNIDADE II
Bases Teórico-Metodológicas para o 
Serviço Social
Professora. Esp. Irení Alves de Oliveira
35UNIDADE II Bases Teórico-Metodológicas para o Serviço Social
INTRODUÇÃO
 Caro(a) aluno(a), nesta unidade vamos aprender quais as teorias que fundamentaram 
o Serviço Social como profissão, para isso é necessário buscar nos estudos de grandes 
filósofos como Karl Marx, Max Weber e Émile Durkheim como a sociologia deu base para a 
surgimento de novas ciências sociais e o que de fato essas ciências estudam. 
Também vamos conhecer como as teorias do neotomismo, positivismo e o 
funcionalismo foram base para a profissão, bem como as suas relações diante da formação 
de profissionais. É importante destacar que as teorias de Mary Richmond foram importantes 
para que o Serviço social pudesse se tornar uma profissão a partir de estudos em escolas, 
na qual ser assistente social passou a ser conhecida como profissão e não mais como 
ajuda ou caridade.
As teorias de Richmond foram fundamentais para entender muitos processos para 
a profissão, sendo necessário buscar base teórica em correntes de outros pensadores 
criando assim uma corrente conservadora, mas que fundamentava a profissão. E por fim, 
como a teoria de Husserl foi direcionada para a profissão e até que ponto esta teoria foi 
fundamental para a profissão, visto que tivemos muitos autores que enfatizaram a falta de 
compreensão da verdade corrente que apresenta a fenomenologia. 
Estudar as bases teóricas é imprescindível para a profissão, pois a partir dessas 
correntes é que o Serviço social saiu daquele formado de caridade e ajuda e deu início 
a uma profissão fundamentada nas bases teóricas de grandes pensadores, que foram 
importantes no início da profissão, é inevitável que a corrente conservadora predomina no 
perfil dos profissionais dos anos 1960 por diante, mesmo que buscavam por vertentes que 
levasse a profissão para outro patamar. 
E a partir dessas informações Caro(a) aluno(a) que lhe convido a se aprofundar nos 
conteúdos desta unidade, pois a profissão passou por muitas mudanças e revisão na base 
teórica para chegar ao formato que se encontra atualmente, é claro que tem muita coisa 
ainda a ser melhorado, mas para que isso possa acontecer é importante conhecermos o 
surgimento da profissão a partir das bases teóricas.
36UNIDADE II Bases Teórico-Metodológicas para o Serviço Social
1 NASCIMENTO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS E A “QUESTÃO SOCIAL”
De acordo com o que estudamos no primeiro capítulo deste livro, por volta do 
século XVIII houve grandes mudanças no formato que a sociedade estava organizada, 
está mudança teve início na Europa com o surgimento da industrialização, marcando 
profundamente nas relações de trabalho, além dos inúmeros problemas sociais na qual se 
perpetua até os dias atuais, englobando as áreasdas ciências, da economia, da religião e 
da política, emergindo assim a profissão de Serviço Social. 
Diante deste contexto que pensadores como Karl Marx, Max Weber e Émile 
Durkheim contribuíram para o desenvolvimento de uma ciência na qual tem como viés 
entender as diferenças de classes e o motivo das desigualdades sociais tendo como foco 
o fenômeno social, esta ciência é conhecida como sociologia, sendo à base das diversas 
ciências sociais como: a Economia; a História; a Geografia; a Antropologia; a Ciência 
Política; a Comunicação Social e o Serviço Social. 
A sociologia se mostra importante para nossa profissão, pois nos dá base teórica 
e sustentação científica para o nosso objeto de estudo: a questão social é por meio desta 
ciência que conseguimos compreender um problema social enraizado nas diversidades das 
desigualdades sociais geradas pelo capitalismo, na qual uma pequena parcela da sociedade 
se apropria do lucro causado por uma massiva produção de trabalho, desenvolvido por uma 
grande parcela da sociedade. 
37UNIDADE II Bases Teórico-Metodológicas para o Serviço Social
Mas, para adentrar em todo este conceito é importante conhecermos o surgimento 
da sociologia que, de acordo com Bressan (2008), deu-se a partir de dois momentos, 
o primeiro em 1830 com a emergência da classe operária devido à efervescência do 
processo de industrialização e as suas condições precárias de trabalho e segundo foi em 
1848 com a mudança do regime e ou resquícios da monarquia francesa, onde o sistema 
de castas e privilégios foi derrubado, pois nascia uma nova ordem socioeconômica. Os 
liberais, integrantes de uma classe sem títulos reais e empresários, entravam em cena 
demonstrando que o outro poder estava já enraizado e aceito. Neste momento assistimos 
o fortalecimento do capitalismo e da necessidade de entendê-lo, e consequentemente as 
diversas expressões da questão social.
Caro(a) aluno(a), é importante considerarmos que a sociologia é um estudo científico 
que tem como base as relações sociais e fenômenos que envolvem o ser humano, 
normalmente não segue uma norma e muito menos faz juízo de valor em relação aos 
estudos abordados, pois além de se basear em estudos mais objetivos relacionados à 
natureza humana busca se aproximar da realidade social por meio de um universo 
sociocultural na qual o homem está inserido. 
Partindo desta lógica que a sociologia expande suas pesquisas, tendo as ciências 
sociais como ramo das diversas áreas do saber, com um único propósito estudar o homem 
em sociedade, mas para entender toda esta dinâmica, faz-se necessário buscarmos 
na obra “Sociologia Geral” da autora Eva Maria Lakatos publicada em 1990, as teorias 
dos três pensadores já citados que contribuíram para o desenvolvimento da sociologia e 
consequentemente das ciências sociais. 
Começaremos por Karl Marx um filósofo de 
formação, aluno mais brilhante de Hegel, oriundo de 
uma família judaica que foi o responsável pela a primeira 
cientificação do socialismo, usando do materialismo 
histórico e dialético para demonstrar as contradições do 
capital e como a questão humana ficava degenerada no 
contexto de um trabalho intenso nas fábricas.
O mesmo intelectual defendeu que o homem é um 
ser social, pois vive em comunidades e as suas relações 
com o meio precisam ser mediadas pelo outro. Dentro 
desta linha, quando temos o que ele chama de relação de 
Imagem 1: Karl Marx (1818-1883)
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produção, o homem precisa se relacionar com os demais para que possa se desenvolver 
como ser social. 
Outra contribuição importante, tida por especialistas como a pedra angular da sua 
teoria é a luta de classes, ou seja, como as pessoas das mais diferentes camadas sociais 
se relacionam, Marx as dividiu em duas, a saber: Operários e Burgueses, de um lado a luta 
de classes é o que define como as pessoas se posicionam e como elas poderão garantir os 
seus direitos perante a sociedade e do outro a classe burguesa detentora do poder na 
busca por ampliar o seu lucro diminuindo cada vez mais o seu concorrente.
 Este pensador também enfatiza que a sociedade se fraciona em Infraestrutura 
baseado nas relações de trabalho e nas forças produtivas bem como na superestrutura 
regida por leis e normas e por um conjunto de ideias imposta pela classe social dominante, 
causando diversas implicações movidas por grandes desigualdades sociais. 
Durkheim foi conhecido como um sociólogo, 
antropólogo, cientista político, psicólogo social e 
filósofo Francês, conhecido como pai da sociologia, 
foi o principal idealizador da ciência social, a sua 
preocupação era como a sociedade manteria a 
integridade e a coerência no aspecto moderno. 
considerado como o primeiro professor de sociologia 
fundou a revista L’Année Sociologique.
O seu estudo tinha dois princípios: o primeiro 
ficou conhecido por consciência coletiva, na qual 
tinha como entendimento a soma da crença e a dos 
sentimentos, para ele o ser humano é movido de 
acordo com o grupo pelo qual pertence, buscando a 
moral e a mentalidade como aspecto para agir, pensar 
e sentir, de acordo com este pensador a consciência 
coletiva normalmente se sobrepõe a consciência 
individual que basicamente age, pensa e senti fora do grupo o que normalmente acaba 
sendo excluído do meio social tendo consequências severas em seu meio existencial. 
E o segundo é dividido em dois aspectos, a primeira é solidariedade mecânica 
basicamente se trata das semelhanças entre os indivíduos de um determinado grupo, ou 
seja, para que o grupo possa se manter é necessário que se pense no todo, não é permitido 
agir de forma individual e quando isso acontece o membro é degenerado do grupo. E a 
Imagem 2: Émile Durkheim (1858 – 1917)
Fonte da imagem: https://vestibular.uol.
com.br/resumo-das-disciplinas/atualida-
des/100-anos-de-durkheim-conheca-o-
-pensamento-de-um-dos-pioneiros-da-so-
ciologia.htm
39UNIDADE II Bases Teórico-Metodológicas para o Serviço Social
segunda é a solidariedade orgânica que tem como base uma consciência livre, neste caso 
o pensamento e as atitudes não são mais baseadas na semelhança do indivíduo dentro de 
um determinado grupo, mas na autonomia enquanto ser pensante de seus próprios ideais.
Weber é considerado um estudioso 
da sociologia moderna, tinha como objetivo 
compreender a conduta social a partir da análise 
do comportamento do indivíduo em meio às 
relações sociais. Um dos métodos de estudo 
de Max foi a ação social a partir da formação do 
capitalismo, conceito aprimorado no livro “A ética 
protestante e o espírito do capitalismo. 
Para este pensador a conduta social 
se dividia em quatro condutas: a tradicional; 
emocional; a valorizadora e a racional-objetiva, 
e para entender essas quatro condutas foi 
necessário buscar nas tradições antigas e 
atuais daquela época como a sociedade se comportava, quais eram os seus hábitos e ou 
comportamentos, o que as pessoas esperavam umas das outras e quando as pessoas 
agiam a partir do que as outras pessoas esperavam delas. 
O estudo do Max Weber contribuiu para entender o método de Durkheim na questão 
do valor e do julgamento, ele compreendeu que os valores poderiam ser um problema de 
fé, mas não por falta de conhecimento, provocando nas ciências sociais a questão de não 
focar nos valores e sim na análise dos acontecimentos das ações sociais, simplesmente 
pelo fato de que os seres humanos têm total consciência das suas ações sociais a partir da 
sua conduta humana em meio à sociedade.
Caro(a) aluno(a), como pudemos observar os estudos desenvolvidos pelos três 
pensadores da Sociologia foram fortemente influenciados nas áreas do saber, principalmente 
na área de humanas, e um dos estudos que abrange essas áreas é a da Ciências Sociais. 
Para entender este conceito é importante compreendermos o que significa a palavra 
Ciência. De acordo com Lakatos(1990, p. 15) é “uma sistematização de conhecimento, um 
conjunto de proposições logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos 
fenômenos que se deseja estudar”, partindo desta lógica que a Ciências Sociais passou a 
ter como foco estudar o homem na sociedade, buscando analisar as suas relações sociais 
Imagem 3: Max Weber (1864 – 1920)
40UNIDADE II Bases Teórico-Metodológicas para o Serviço Social
e a partir deste conceito é que a Ciências Sociais nasce como uma área que abrange outras 
áreas tendo como foco de estudo o homem em sociedade. 
SAIBA MAIS
Karl Marx, Max Weber e Émile Durkheim são conhecidos como: “os três porquinhos”, 
este carinhoso apelido foi dado por professores e alunos da Sociologia, que logo expan-
diu nas demais áreas do saber e por mais suas teorias fossem diferentes, acabaram 
tendo como foco os fenômenos sociais, buscando entender o ser humano em meio à 
sociedade. É importante destacarmos que estes pensadores foram e são fortemente 
influenciados na profissão de Serviço Social, principalmente para entender o homem e 
suas relações sociais. 
Fonte: a autora. 
1.1 QUESTÃO SOCIAL OBJETO DE ESTUDO DO SERVIÇO SOCIAL
É evidente que com o 
nascimento das ciências sociais trouxe 
grandes reflexões para as diversas 
áreas do saber, principalmente para 
o Serviço Social que tem com o seu 
objeto de estudo a questão social, mas 
você deve estar se perguntando, qual 
a relação entre si, ora caro (a) aluno 
(a), a ciências sociais tem como foco estudar o homem em meio à sociedade e a questão 
social por sua vez estuda o conjunto de expressões das desigualdades sociais gerado pelo 
acúmulo de riquezas, ambos os conceitos surgiram na busca de entender a expansão do 
capitalismo e a relação do trabalho. 
De acordo com a Iamamoto (2012, p.114) “A questão social é expressão do processo 
de produção e reprodução da vida social na sociedade burguesa da totalidade histórica 
Imagem 4: Processo de Produção
41UNIDADE II Bases Teórico-Metodológicas para o Serviço Social
concreta”, ou seja, a questão social emergiu em um contexto que a produção se tornou 
cada vez mais forte no sistema capitalista. 
Desta forma, o capitalismo se apropriou da força de trabalho da classe operária 
para se manter no poder, como isso surgiu às múltiplas expressões da questão social, 
como por exemplo, o desemprego e a precarização nas relações de trabalho, situação pelo 
qual se arrasta até os dias atuais. 
Na busca por compreender as teorias de Marx, Weber e Durkheim em relação ao 
fenômeno social, pudemos constatar que a desigualdade social é um processo histórico que 
teve seu início na idade média, mas se expandiu com o modo de produção capitalista, mais 
especificamente no processo de industrialização, tendo em sua base central a propriedade 
privada e consequentemente a exploração da mão de obra e a precarização na relação de 
trabalho, refletindo diretamente na vida do trabalhador. 
Para Marx (1989) a acumulação do capitalismo é resultado da venda da força de 
trabalho, na qual o autor descreve como exército industrial de reserva ao dispor deste 
sistema opressor, a força de trabalho acaba pertencendo de forma absoluta, como se 
estive sido criado pelo capitalismo. Nesta perspectiva o autor retrata que este sistema 
capitalista fornece condições variáveis para o modo de produção, na qual o trabalhador 
fica à disposição para a exploração independente se houve aumento ou não da população, 
cabe destacar que quanto mais à força produtiva do trabalho aumenta, mas o capitalismo 
expande e consequentemente a desigualdade social. 
Marx foi o pensador que mais retratou a relação capital X trabalho, em sua obra o 
Capital, é abordado à trajetória e o contexto desta relação, mas em nenhum momento este 
brilhante pensador utiliza o termo questão social para retratar o pauperização, e você deve 
estar se perguntando, como surgiu este termo e como ele se tornou o objeto de estudo do 
Serviço Social. 
Para Castel (1998) a questão social originou-se no ano de 1831 a partir de uma 
acusação feita ao governo francês, em que o jornal legitimista La Quotidienne, chamou a 
atenção dos parlamentares da época, dizendo que era necessário entender além da busca 
pelo poder do capitalismo, pois existia uma “questão social” carente buscando por respostas 
emergentes, devido à pauperização em que os trabalhadores estavam enfrentando, 
decorrente do processo de industrialização e suas consequências. 
Em sumo, a questão social foi concebida por meio da acumulação do capitalismo 
e na luta da classe trabalhadora, na qual teve a intervenção o Estado, por meio da criação 
de políticas públicas para manter a ordem social, e diante de todo este cenário é que a 
profissão de Serviço Social surge, como forma de intervir nas relações sociais do trabalho, 
42UNIDADE II Bases Teórico-Metodológicas para o Serviço Social
promovendo a mediação perante os pares, sendo considerada uma profissão na divisão 
sociotécnica do trabalho. 
A utilidade social de uma profissão advém das necessidades sociais. Numa 
ordem social constituída de duas classes fundamentais (que se dividem em 
camadas ou segmentos) tais necessidades, vinculadas ao capital e/ou ao 
trabalho, são não apenas diferentes, mas antagônicas. A utilidade social da 
profissão está em responder às necessidades das classes sociais, que se 
transformam, por meio de muitas mediações, em demandas para a profis-
são. Estas são respostas qualificadas e institucionalizadas, para o que, além 
de uma formação social especializada, devem ter seu significado social re-
conhecido pelas classes sociais fundamentais (capitalistas e trabalhadores). 
Considerando que o espaço sócio-ocupacional de qualquer profissão, neste 
caso do Serviço Social, é criado pela existência de tais necessidades social e 
que historicamente a profissão adquire este espaço quando o Estado passa 
a interferir sistematicamente nas refrações da questão social, institucional-
mente transformada em questões sociais (Netto, 1992), através de uma de-
terminada modalidade histórica de enfrentamento das mesmas: as políticas 
sociais pode-se conceber que as políticas e os serviços sociais constituem-
-se nos espaços sócio-ocupacionais para os assistentes sociais (GUERRA, 
2007. p. 06). 
Diante de todo este contexto é que a profissão se instaura, ou seja, por meio de 
uma necessidade social causada pela expansão do capitalismo e a relação de trabalho, 
mediante a exploração da mão de obra, tendo como viés responder a necessidade das 
classes sociais conforme pontuada pela autora a profissão surgiu mediante a necessidade 
social de forma a intervir na chamada questão social, cabe destacarmos que, a intervenção 
da profissão ocorre pela mediação nas organizações públicas e privadas, bem como as 
entidades de cunho filantrópico, não possuindo um processo de trabalho próprio, mas 
se insere em cada espaço sócio-ocupacional a partir daquela demanda estabelecida, na 
qual necessita atender uma das expressões da questão social conforme estabelecida pela 
política pública criada pelo estado. 
Desta forma a questão social se torna o objeto da profissão, devido ao seu 
surgimento histórico e forma como a profissão se estabelece em meio à sociedade, tendo 
como ponto de partida mediar às relações sociais, causada pela dinâmica do modo de 
produção e reprodução do sistema capitalista. 
REFLITA
A questão social, em suas manifestações já conhecidas e em suas expressões novas, 
tem de considerar as particularidades histórico-culturais e nacionais.
Fonte: Netto, José Paulo, Capitalismo e barbárie contemporânea. Argumentum, Vitória (ES), v. 4, n.1, p. 
202-222, jan./jun. 2012. p. 209.
43UNIDADE II Bases Teórico-Metodológicas para o Serviço Social
2 NEOTOMISMO, POSITIVISMO E FUNCIONALISMO
Nesta seção nos aprofundaremos sobre os principais pilares filosóficos do Serviço 
Social que até na atualidade nos diz muito sobre

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