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Gestao_Armazenamento_Graneis

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SANTOS 
UNISANTOS 
 
 
MBA PORTOS E LOGÍSTICA EMPRESARIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A GESTÃO DO ARMAZENAMENTO DE 
GRANÉIS SÓLIDOS NO PORTO DE PARANAGUÁ 
 
 
 
 
 
 
 
 
Autor: João Geraldo Orzenn Mattozo 
 
 
 
 
 
 
Orientador: Eduardo Martins Fernandes 
 
 
 
 
 
 
 
Paranaguá 
 
 
 
2006
 
A GESTÃO DO ARMAZENAMENTO DE 
GRANÉIS SÓLIDOS NO PORTO DE PARANAGUÁ 
 
João Geraldo Orzenn Mattozo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia submetida ao corpo docente da Universidade Católica de Santos como 
requisito parcial para a conclusão do MBA PORTOS E LOGÍSTICA EMPRESARIAL 
(curso de pós-graduação lato sensu). 
 
 
 
 
 
 
Aprovada por: 
 
 
_________________________________________ 
Prof. Eduardo Martins Fernandes - Orientador 
M.Sc. em Administração - COPPEAD/UFRJ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Paranaguá 
 
 
2006 
 ii
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
 
 
 Mattozo, João Geraldo Orzenn. 
 
 A Gestão do Armazenamento de Granéis Sólidos no Porto de Paranaguá 
/ João Geraldo Orzenn Mattozo – Paranaguá, 2006. 
 
 ix, 99 f.: il. 
 
Monografia MBA Portos e Logística Empresarial (Pós-Graduação Lato 
Sensu). Universidade Católica de Santos, 2006. 
 
 Orientador: Eduardo Martins Fernandes 
 
1. Armazenamento. 2. Granéis Sólidos. 3. Portos. 4. Exportação. 5. 
Logística. 6. Porto de Paranaguá. 
I. Fernandes, Eduardo Martins (Orient.). II. Universidade Católica de 
Santos. III. A Gestão do Armazenamento de Granéis Sólidos no Porto 
de Paranaguá. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 iii
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
À minha esposa Sandra, aos meus filhos Giovanna 
e Fabrício com muito carinho, pelas inúmeras 
horas de minha ausência. 
 
A todos os meus colegas de trabalho e de curso 
pela solidariedade e apoio, em especial à minha 
colega Sra. Gilda de Fátima Ramazoti Grigolin 
pela dedicação na ajuda da tradução do resumo 
para a língua inglesa. 
 
A todos os meus professores, de maneira especial 
às professoras Lélis Gutierrez e Adriana Grandi, 
pelas sugestões e correções gramaticais. 
 
Ao professor Eduardo Martins Fernandes pela 
paciência, apoio e compreensão. 
 
A Deus por me proporcionar inteligência, 
sabedoria, saúde e oportunidades para aprender. 
 
 iv
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ao longo de minha existência, aprendi que sou ser limitado, mas que carrega e 
irradia muito valor e sou completamente incapaz de viver sozinho. Aprendi a 
conhecer, para não parar de crescer, aprendi a desenvolver meu potencial, dia 
após dia, acima de tudo progredir como ser humano, contudo, para que chegasse 
até aqui necessitei da ajuda de muitas pessoas. Partindo desse pressuposto, sou 
feliz em poder compartilhar da companhia de meus familiares, colegas, 
professores e todas as pessoas que estiveram comigo durante todo o processo de 
aprendizado e estudo ao longo dos anos, e que me fizeram acreditar na vida e no 
valor das pessoas, foi através desse apoio, que consegui realizar este trabalho. 
 
Acredito que vivemos sob limites e que estes limites muitas vezes são superados 
por pessoas que acreditam em si mesmas, que lutam a verdadeira batalha da vida. 
Por isso, deixo aqui meu muito obrigado à minha esposa, aos meus filhos 
queridos; aos meus saudosos pais, já na paz do Senhor; aos meus familiares e 
amigos; aos professores de ontem e de hoje; ao bom Deus, de forma maior e 
especial. Muito obrigado pela minha vida e pelo prazer de compartilhar minha 
existência com todos estes seres humanos que foram tão importantes em minha 
caminhada. 
 
Obrigado! 
 v
RESUMO 
 
 
Este é um estudo acadêmico, realizado para atender exigência do 
MBA Portos e Logística Empresarial da UNIVERSIDADE CATÓLICA DE 
SANTOS, que pretendeu avaliar a Gestão do Armazenamento de Granéis sólidos 
no Porto de Paranaguá, e sua influência nas áreas periféricas ao porto. 
Pretendeu-se discorrer sobre como é a atividade de armazenamento de 
granéis no Porto de Paranaguá, seus problemas e perspectivas para o futuro, 
assim como buscar conceitos e abranger um pouco da história sobre o 
armazenamento de granéis de forma geral e nos portos. 
Apesar do porto trabalhar com os granéis sólidos (soja, milho, sorgo, 
trigo, açúcar, farelos, etc.) e com os granéis líquidos (óleo comestível cru, semi-
refinado e refinado, além dos produtos de origem petrolífera) pretendeu-se 
abranger neste estudo somente os granéis sólidos, demonstrando e avaliando a 
capacidade de armazenamento na esfera do complexo do corredor de exportação 
do porto, bem como a capacidade de recepção e expedição para o exterior destes 
produtos alimentares. 
Buscou-se identificar a importância do armazenamento no porto e 
onde este se insere no âmbito logístico, demonstrando que é vital a preocupação 
constante com implementação e uso de tecnologia de ponta. 
Analisou-se ainda, a preocupação com a qualidade dos produtos 
armazenados, as questões nacionais e internacionais requeridas para o 
armazenamento adequado dos produtos alimentares, dando sempre ênfase sobre o 
quê se espera do porto. Buscou-se definir quais os cuidados com a saúde humana 
para se manter as condições necessárias na descarga, armazenamento e 
carregamento dos granéis. Procurando neste ponto, abarcar o conceito do “Just in 
Time” como fator primordial de crescimento para o porto. 
O estudo esteve empenhado em analisar as exportações de granéis 
sólidos pelo Porto de Paranaguá, sua capacidade estática atual e perspectivas de 
 vi
realizações a curto, médio e longo prazo. A análise focou os pontos falhos que 
requeressem melhorias, como exemplo disto pode-se citar as perdas de produtos, 
seja em função da dificuldade e da ineficiência de armazenamento, ou devido 
muitas vezes aos aspectos particulares de cada produto (é importante ressaltar 
que armazenar, receber e exportar produtos como soja e milho é bem diferente se 
comparados a outros produtos como os farelos), ou seja em decorrência de falhas 
operacionais dos modais de transporte, ou nas dificuldades de controles de 
qualidade, etc. Estes gargalos logísticos impactam diretamente nas operações 
portuárias, onerando consideravelmente as exportações de grãos e granéis 
sólidos. 
Desejou-se focalizar a capacidade das unidades armazenadoras do 
porto, avaliando o trabalho de armazenamento em si, a diversidade de produtos e 
o que isto traz como consequência para o porto. 
Analisou-se a participação privada e pública no desenvolvimento do 
armazenamento portuário e a importância do advento da Lei 8.630, a Lei de 
Modernização dos Portos. Assim como, neste âmbito, procurou-se identificar o 
comportamento dos órgãos federais, entidades portuárias, sindicais, iniciativa 
privada, principalmente ao gerarem gargalos que impactam de forma negativa o 
crescimento de produtividade no armazenamento dos gráneis sólidos. 
Finalmente, foi necessário que o estudo estabelecesse critérios e 
estratégias para o futuro, a fim de tornar o porto muito mais competitivo e que se 
torne capaz de continuar fomentando riqueza, trabalho e prosperidade. Já não 
basta somente saber armazenar e exportar, deve-se ter requisitos como qualidade, 
agilidade e eficiência. Assim, encara-se o armazenamento portuário como um dos 
mais importantes elos da cadeia logística do Porto de Paranaguá. Somente 
através de um estudo muito aprofundado da sua situação atual é que se poderá, 
além de melhorar os serviços, inová-los para conquistar novos mercados e 
clientes nacionais e internacionais. 
 vii
ABSTRACT 
 
 
This is a study for academic purpose, made to meet the requirements 
of MBA Ports and Entreprenial Logistic of Santos Catholic University, which 
intended to evaluate the Management of Solid Grains Storage at the Port of 
Paranaguá as well as its influence in the port peripherical areas. 
It was intended to relate how the grains storage activity is in the Port 
of Paranaguá, its problems and perspectives for the future,as well as to collect 
concepts, incluiding the grains storage history in the Port. 
As the Port deals with solid grains such as soybean, corn, sorghum, 
wheat, sugar, meals, etc. and with liquid bulks such as refined, semi-refined and 
crude edible oils, besides other products from petroleum origin, the purpose 
herein was to cover the solid grains, showing and evaluating the capacity of 
storage in the complex of port export corridor, as well as about the capacity of 
receipt and despatching of these nourishing products abroad. 
It was searched for identifying the storage weight in the port and 
where it is inserted in the logistic scope, showing that it is vital the persistent 
concern with the improvement and use of high technology. 
It was analysed also the concern with the quality of stored products, 
the domestic and international issues regarding to suitable storage for nourishing 
products, always emphasizing what is expected from the Port. 
It was also searched for definitions about what is necessary to keep the 
ideal conditions for discharge, storage and loading of grains, as a central point to 
preserve the human health. At this point there was a need of including the 
concept "just in time" as the main factor of Port growing. 
The study was based on analysing the solid grain exports by the Port 
of Paranaguá; its current static capacity and the prospects of achievement on 
short, medium and long terms. The analysis looked for focusing the imperfect 
points which required improvement, for instance, the product loss, being due to 
 viii
the dificulty and unability of storage in face of, many times, the peculiar aspect 
of each product (reminding that to store, receipt and export products such as 
soybean and corn is quite different if compared to products such as meals), or in 
face of operative fails in the means of transportation, as well as the dificulty of 
quality control, etc. These logistic "necks" weighty grain exports remarkably. 
It was a desired to focus the capacity of port storage units, evaluating 
the storage work itself, the diversity of products and the consequence of it to the 
Port. It tried to take a look on private and public sharing in for the development 
of port storage as well as the importance of the Law 8.630, known as the Law of 
Port Modernization. In this amplitude, it was also surched for showing up the 
behaviour of federal agencies, port and union entities and private enterprises , 
mainly when they generate "necks" that cause negative impact over the 
productive growing in the solid grains storage. 
Finishing, it was necessary to set up rules and strategies for the future, 
in order to turn the Port in something much more competitive, able to continue 
generating wealth, work and prosperity. To store and export are not enough any 
longer. It is needfull to have quality, agility and efficiency, in such a way that the 
port storage be faced as one of the most important in the logistic chain of the Port 
of Paranaguá. Throughout a very deep study about its situation only, is that the 
services can be renewed and improved, to conquer new domestic and 
international markets and customers . 
 ix
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO ..........................................................................................................................................1 
1 - ARMAZENAMENTO ..........................................................................................................................5 
1.1 - HISTÓRICO DA ARMAZENAGEM........................................................................................................5 
1.2 - HISTÓRICO E DADOS SOBRE O BRASIL............................................................................................10 
1.3 - IMPORTÂNCIA DO ARMAZENAMENTO .............................................................................................19 
2 - PRINCÍPIOS BÁSICOS.....................................................................................................................23 
2.1 - CONCEITOS E DEFINIÇÕES SOBRE ARMAZENAMENTO .....................................................................23 
2.2 - PRINCÍPIOS DA ARMAZENAGEM DE GRÃOS DE CEREAIS...................................................................25 
3 - AS LEIS BRASILEIRAS E A ARMAZENAGEM DE PRODUTOS.............................................28 
4 - MERCADORIAS E SUA NATUREZA ............................................................................................31 
4.1 - CONCEITOS E DEFINIÇÕES ..............................................................................................................31 
4.2 - CARACTERÍSTICAS DOS GRANÉIS SÓLIDOS.....................................................................................33 
4.3 - OS PRINCIPAIS VETORES E PRAGAS DOS GRANÉIS SÓLIDOS...........................................................38 
4.3.1 Pombos ....................................................................................................................................38 
4.3.2 - Ratos......................................................................................................................................39 
4.3.3 - Microorganismos e Pragas ...................................................................................................40 
5 - O PORTO DE PARANAGUÁ ...........................................................................................................44 
5.1 - TERMINAIS LIGADOS AO CORREDOR DE EXPORTAÇÃO ..................................................................49 
5.2 - A MÃO-DE-OBRA DO PORTO E O ARMAZENAMENTO......................................................................56 
5.3 - O PORTO DE PARANAGUÁ E A TECNOLOGIA NO ARMAZENAMENTO ........................................58 
5.4 - OS DEPÓSITOS E O MANUSEIO DOS PRODUTOS...............................................................................60 
6 - CONCLUSÕES ...................................................................................................................................71 
BIBLIOGRAFIA......................................................................................................................................84 
 
 
Introdução 
 
O tema desta monografia é de suma relevância e importância na atualidade, 
primeiramente, porque quase não há literatura específica que aborde o assunto de 
maneira exclusiva, como se requer para a gestão de armazenamento de granéis sólidos 
no Porto de Paranaguá e segundo, por que os melhores desempenhos de movimentação 
do porto, ao longo dos anos, se deram em função das exportações das matérias-primas 
(soja, milho, sorgo, trigo) e seus derivados, conferindo à Paranaguá a condição de um 
dos maiores exportadores de grãos, produtos alimentares brasileiros e do mundo, 
merecendo assim uma abordagem especial sobre esta atividade logística nas áreas 
periféricas ao porto. 
O objetivo principal deste estudo foi fornecer um conhecimento mais 
detalhado deste nicho de serviço portuário, de forma a obter o know-how requerido para 
continuar dando seqüência ao processo de modernização do porto, proporcionando a 
toda comunidade portuária a competitividade internacional desejada. Objetivou também 
analisar as atividades de armazenamento de granéis sólidos no porto, mais 
especificamente das empresas que operam no corredor de exportação, à luz de conceitos 
adquiridos pela experiência portuária e por conceitos de profissionais que vivenciam o 
dia-a-dia do porto ou que publicaram artigos ou livros sobre o assunto que se abordou. 
Em segundo plano, visa a fornecer material de pesquisa àqueles que trabalham na área 
portuária e àqueles que pretendem conhecer um pouco mais a fundo a atividade 
logística do armazenamento portuário. 
A atividade de armazenamento de granéis no Porto de Paranaguá, 
atualmente, vem se desenvolvendo muito bem, graças aos contínuos esforçospara a 
implementação da Lei de Modernização dos Portos (Lei 8.630/93), que fomenta 
melhorias essenciais, sobretudo em termos de agilidade e qualidade, uma vez que 
serviços diferenciados neste tipo de armazenamento devem ser executados objetivando 
conquistar novos parceiros comerciais nacionais e internacionais. Num mundo 
competitivo e globalizado, é questão de sobrevivência econômica tornar-se 
diferenciado, desta maneira o trabalho foi desenvolvido à luz de conceitos e da análise 
da realidade portuária. 
2 
O estudo quis demonstrar e avaliar a capacidade de armazenamento dos 
granéis sólidos na esfera do complexo do Corredor de Exportação do Porto de 
Paranaguá no intuito de ilustrar e reforçar a vocação primordial do porto que é voltada 
sobremaneira para os granéis alimentares e que dentro desta visão é necessário um 
empenho sempre redobrado quanto à logistica de recepção e expedição por parte dos 
terminais, como forma de garantir um armazenamento seguro e competitivo. 
Entende-se por armazenamento no porto, a etapa final do ciclo de produção 
agrícola e inicial do ciclo de exportação. O armazenamento é uma das etapas chaves da 
logística portuária, envolvendo sempre uma preocupação constante com implementação 
e uso de tecnologia de ponta, sem a qual o porto deixaria de obter bons níveis de 
eficiência e credibilidade no mercado internacional. 
Face a globalização, cada vez mais se requer rapidez e excelência nos 
serviços prestados na exportação de produtos alimentares, aliadas à constante vigilância 
quanto à qualidade, pois deve ser ímpar a preocupação com a saúde humana. Existe uma 
tendência para se minimizar a necessidade do armazenamento e da manutenção de 
estoques, ao ajustar o suprimento e a demanda no tempo e na quantidade, de modo que 
os produtos à granel estejam disponíveis nos montantes solicitados, no momento 
requerido. Na verdade, atualmente não se pensa mais em deixar produtos alimentares 
armazenados, pois isto significaria perder receitas. Os granéis requerem um controle 
qualitativo delicado, e os próprios clientes internacionais exigem cada vez mais um 
rastreamento dedicado destes produtos, do plantio à entrada destes nos porões dos 
navios graneleiros. 
É crescente o volume das exportações de granéis sólidos pelo Porto de 
Paranaguá, assim como evolui a sua capacidade estática. Basta analisar que ocorreu 
recentemente forte investimento privado, como a construção de novas unidades 
armazenadoras, reformas e ampliações destas unidades e dos equipamentos auxiliares 
de recebimento e de embarque, informatização tecnológica, etc. Sabe-se que existem 
pontos falhos que requerem ainda serem melhorados, como as perdas ou desperdícios de 
produtos, tanto no armazenamento em si, como por deficiência no transporte, assim 
como são encontradas dificuldades de controles no tocante à qualidade. Estes gargalos 
3 
logísticos acabam onerando consideravelmente as exportações de grãos e granéis 
sólidos, porém soluções a estes problemas vão sendo adaptadas e implantadas. 
As unidades armazenadoras do porto são complexos agro-industriais 
constituídos de estruturas e recursos para pesar, receber, armazenar e expedir a 
produção agrícola do Estado do Paraná, e parte dos estados de Santa Catarina, Mato 
Grosso, Goiás e do país vizinho Paraguai, para as mais diferentes fronteiras 
internacionais, como Europa e Oriente. 
Antigamente, os armazéns eram destinados quase que exclusivamente para o 
produto soja, situação diferente da vivida hoje em que se faz necessária uma segregação 
de produtos, tendo em vista que outros produtos à granel também são exportados, além 
dos produtos com valores agregados, como os farelos de soja. 
Um enfoque importante é que se nota estar havendo boa participação privada 
no desenvolvimento do armazenamento portuário, isto dado ao incentivo advindo 
através da Lei 8.630, a Lei de Modernização dos Portos, e obviamente contando 
também com a participação pública e política, que vai se mostrando menos entravada. 
O poder político estadual e a comunidade portuária como um todo devem 
participar da administração do porto, torná-lo eficiente, abraçando mudanças e 
inovações, evitando a demora na agilização de procedimentos de manutenção e 
aquisição de peças e equipamentos para os silos do porto, criando regras e normas 
administrativas coerentes, capazes de serem cumpridas para o recebimento e utilização 
do silo público e das linhas de embarque do Corredor de Exportação. Os órgãos 
federais também vem se esforçando para serem operantes, agilizando as liberações, 
coletando amostras, fiscalizando documentos e produtos, além de estabelecerem ações 
legais para incremento da exportação no porto. 
Apesar destes esforços ainda se visualizam gargalos que impactam no 
crescimento de produtividade no armazenamento dos gráneis sólidos. Entre eles pode-se 
citar o transporte, cada dia mais evoluído, que tem ligação estreita com a atividade de 
armazenamento. Hoje, os mais modernos caminhões transportam em torno de 50 
toneladas, ocupam espaço considerável e no pico da safra, que vai de abril a julho, 
formam enormes filas ao longo da BR 277, agravando todo sistema de armazenamento. 
O modal ferroviário também é muito utilizado, porém desde a privatização 
4 
da Rede Ferroviária Federal SA nota-se que pouca manutenção básica é desenvolvida 
nas linhas férreas que já são centenárias. A atual administradora, ALL – América Latina 
Logística, trata da exploração do modal, e deverá se preocupar dentro em breve com a 
substituição dos vagões antigos que conduzem os produtos aos terminais do porto, 
assim como estabelecer estudos para a manutenção das linhas e aquisição de novas 
locomotivas mais eficientes e velozes. 
Este é mais um gargalo que todos buscam solucionar, seja através da 
construção de um novo pátio de caminhões por várias empresas particulares, ou de 
empresas que invistam na construção de novos vagões para o transporte ferroviário, ou 
seja, deve ocorrer a união de forças entre as autoridades portuárias, os terminais 
privados e toda comunidade portuária, como forma de praticarem logística eficiente no 
envio dos produtos ao porto. 
Para acompanhar melhor este estudo, o primeiro capítulo foi desenvolvido 
enfocando a importância do armazenamento para a humanidade, trazendo um pouco da 
história da armazenagem desde os primórdios, traçando, ainda, um pequeno histórico e 
apresentando dados sobre a armazenagem de granéis no Brasil. No intuito de distinguir 
os tipos de armazenamento (interior/fazenda ou portuário), no segundo capítulo são 
apresentados conceitos e princípios básicos e gerais sobre armazenamento de grãos e 
seus derivados. 
Como esta atividade envolve interesses dos mais variados e riscos diversos, 
se fez necessário, no terceiro capítulo, apresentar a regulamentação da legislação brasi-
leira quanto a armazenagem de produtos. No quarto capítulo, são apresentados 
conceitos e definições de mercadorias, uma vez que estas são a razão primaz do 
armazenamento, caracterizando os granéis sólidos de forma especial e os seus principais 
inimigos enquanto armazenados. Só então, no quinto capítulo, se vislumbra o Porto de 
Paranaguá como um todo, seus terminais, suas características, sua história e sua situação 
atual em termos de armazéns e depósitos. Finalmente, no sexto capítulo, são expostas 
algumas conclusões e perspectivas para o armazenamento no Porto de Paranaguá. 
5 
1 - Armazenamento 
 
Produzir grãos em larga escala tornou-se uma atividade importante, 
lucrativa e essencial para a sobrevivência humana. São culturas que asseguram uma 
fonte de alimentação para todos os seres humanos. Assim, o armazenamento de grãos a 
granel constitui-se um fator de extrema importância universal. Nos países 
desenvolvidos, a armazenagem integra-se aos demais elos da cadeia logística que vem 
desde a colheita do produto, com a aplicaçãode alto índice de tecnologia, e 
consequentemente com a melhora dos padrões de vida do homem do campo. 
Em países ainda em desenvolvimento, como o Brasil, há uma superação de 
recordes anuais da produtividade agrícola. Em 2002, foram cerca de 123,2 milhões de 
toneladas, já na safra de 2003/2004 o volume exportado foi de 130,8 milhões de 
toneladas (Rodrigues, R. apud AGROESTE, 2004). Contudo, ainda se caminha a passos 
lentos em termos de preocupação com o armazenamento integrado, que inicia com a 
colheita nas áreas agrícolas e fazendas, passando por um armazenamento intermediário, 
culminando com a formação dos lotes para embarque no armazenamento portuário. 
Para que se possa visualizar de forma adequada as condições atuais do 
armazenamento no Porto de Paranaguá, suas vantagens e desvantagens, problemas e 
possíveis soluções, na continuação deste capítulo também será abordado um pouco do 
história da atividade de armazenamento. 
 
1.1 - Histórico da armazenagem 
A atividade de armazenamento relaciona-se com a necessidade humana de 
abastecimento. Esta teve início na era primitiva quando o homem percebeu que poderia 
guardar para o futuro, as matérias-primas produzidas que serviam para suprir suas 
necessidades e para utilizá-las, também, em troca por outros produtos que não possuía. 
Com o intenso crescimento da produção e a importância do comércio ao longo da 
história da humanidade, ocorreu a necessidade de armazenar os produtos. 
6 
De acordo com a CASEMG (2005a), cientistas franceses se dedicaram ao 
estudo do “comportamento da humanidade nos seus primórdios” e concluíram que a 
atividade do armazenamento foi um marco importante na história humana. No mesmo 
artigo, afirma ainda que “para os pesquisadores, mesmo os mais notáveis feitos da 
humanidade não teriam a importância que teve a experiência e o aprendizado da 
armazenagem na vida das pessoas e dos povos. Com ela, os agrupamentos, antes 
nômades, deixaram de vagar de terra em terra à cata do alimento, e passaram a colher e 
armazenar para o consumo diário e os períodos em que a natureza não os agraciava com 
seus generosos frutos”. 
Conforme afirma também a CASEMG (2005a), os povos “estabelecidos, 
não mais abandonavam as suas terras, construíam aldeias e, fixados no solo, passavam a 
cultivar de forma mais intensa, a colher e a armazenar, o marco que poderia dividir a 
história da humanidade, o antes e o depois da armazenagem”. 
As histórias bíblicas do Antigo Testamento descrevem a preocupação 
humana com a armazenagem, como o trecho de Gênesis 41: “Disse José: ...Que se 
acumule toda a alimentação desses anos férteis que se aproximam; que se armazene 
trigo nas mãos do Faraó, para abastecimento das cidades, mantendo-o como reserva”. 
“Acumularam-se as provisões e abasteceram-se as cidades. José acumulou o trigo 
como a areia do mar, em tão grande quantidade que deixaram de medir.” 
Segundo Rodrigues (2003, p. 36), além da comprovação da história bíblica, 
“a história da armazenagem confunde-se, com a história do comércio entre os povos. 
Historicamente, aqueles que se dedicaram ao comércio tiveram obrigatoriamente que 
armazenar e assim, obtiveram hegemonia sobre os demais povos contemporâneos”. 
É possível concluir, então, que em diferentes povos existentes até hoje 
sempre houve a necessidade de se guardar alimentos, seja por necessidade comercial ou 
seja para suprir as necessidades básicas de sobrevivência da espécie humana e animal. 
Contudo, como se demonstrará logo a seguir, certos povos possuíam um forte domínio 
sobre a produção, a armazenagem e o comércio de produtos, enquanto outros 
dependiam totalmente de parcerias comerciais para seu desenvolvimento. 
Rodrigues (2003) reforça esta conclusão, citando como exemplo as 
descobertas das câmaras mortuárias nas pirâmides egípcias, que evidenciavam que 
7 
aquele povo, cerca de 3.000 anos antes de Cristo, já armazenava o trigo e os papiros que 
produzia, guardando-os em depósitos, a fim de futuramente embarcá-los em navios para 
trocá-los pelos outros produtos que eram escassos em seu país. A atividade era tão 
importante para os egípcios, que eles reverenciavam seus faraós mortos abastecendo os 
seus túmulos com aquilo que julgavam ser necessário na outra vida (grãos e cereais). 
Além das afirmações acima, a CASEMG (2005a) também nos relata que “o 
Museu Britânico preserva até hoje um papiro com uma história do Egito, em que se 
consta sobre a fome que sobreviria ao país. Seriam sete anos de grandes safras, boas 
produções de grãos, haveria fartura e sobrariam mantimentos. Mas haveria, a seguir, 
outros sete anos, estes de miséria e fome, sem produção de alimentos”. 
De acordo com CASEMG (2005a), este relato é comprovado por versículos 
do capítulo 41 do livro de Gênesis (Ibid) na Bíblia Sagrada, onde se registra esta história 
do povo egípcio, do qual foram destacados: 
• Versículo 29 – “E eis que vêm sete anos, e haverá grande fartura em toda 
a terra do Egito”. 
• Versículo 30 – “E depois deles, levantar-se-ão sete anos de fome, e toda 
aquela fartura será esquecida na terra do Egito, e a fome consumirá a 
terra”; 
• Versículo 35 – “E ajuntem toda a comida destes bons anos, que vêm, e 
amontoem trigo debaixo da mão de Faraó, para mantimento nas cidades, 
e o guardem”. 
• Versículo 36 – “Assim será o mantimento para o provimento da terra, 
para os sete anos de fome, que haverá na terra do Egito; para que a terra 
não pereça de fome”. 
Desta forma, conclui a CASEMG (2005a) que “se trata de uma experiência 
de 3.700 anos atrás, em que uma nação implanta um programa extraordinário de 
produção, experimentando sete supersafras e armazenando os excedentes para, findo o 
período, abrindo os depósitos e silos, retirar os grãos, especialmente o trigo, em boas 
condições para o provimento, para que a terra (o povo) não pereça de fome”. 
8 
É possível, então, perceber que a atividade de armazenamento de grãos, ao 
longo dos anos, vem proporcionando ao ser humano maneiras de se precaver nos 
períodos difíceis, quando o clima e outros fatores impedem uma boa produção, e 
aprender a implantar planos para a correta guarda da produção de grãos por longos 
espaços de tempo. 
Convém lembrar que o homem só conseguiu o domínio do bom 
armazenamento através do aprimoramento gradativo de técnicas, por meio de estudos e 
execução de trabalhos criteriosos, e pela observação, uma vez que naqueles tempos não 
havia qualquer domínio de tecnologia e dos recursos químicos como se tem no mundo 
contemporâneo para a preservação dos produtos a granel. 
A afirmação de Rodrigues (Ibid.), de que os fenícios aprenderam com os 
egípcios a serem excelentes navegadores e por 2.000 anos dominaram o comércio do 
Mediterrâneo implantando nas suas colônias, locais próprios para armazenagem de 
produtos e unidades de comércio, vem reforçar a idéia de que as técnicas, os estudos, a 
observação e os trabalhos criteriosos foram apreendidos de um povo para o outro. 
Assim, é possível imaginar que todos os povos da antiguidade que 
dispunham de uma estreita relação com o mar buscavam especializar-se no comércio de 
mercadorias diversas com outros ao seu redor, para tal, procuravam guardar 
adequadamente seus produtos a fim de trocá-los por outros dos quais seu país não 
dispunha ou não os produzia. 
Outro exemplo que nos revela Rodrigues (Ibid.) é que com o domínio 
comercial marítimo grego, foi sendo reduzido o poder marítimo dos fenícios. Os gregos 
“estabeleceram ampla hegemonia comercial sobre os arquipélagos do Mar Egeu, entre a 
costa Ocidental da Grécia e a Ásia Menor”, até que com o domínio Romano, o comércio 
e a armazenagem passaram a ter um significado relevante. Este Autor afirma ainda que, 
“os romanos estenderam os seus domínios até o Mar do Norte, fundaram Londres 
(originalmente Londinium), mantiveram os mares livres de piratas, construíram faróis 
em Óstia, Bologna e Dover,melhoraram os portos, dragaram e navegaram pelo velho 
canal entre o Rio Nilo e o Mar Vermelho”. Segundo o mesmo Autor, “nada adiantaria 
navegar, construir estradas e portos se Roma não dispusesse de importantes centros de 
armazenagem e distribuição espalhados por todo o Império”. 
9 
Desta forma, fica claro que a história humana realmente se confunde com a 
história do comércio. A cada época em que surgia um povo que se destacava pelo seu 
poderio e domínio, novos conceitos e idéias eram implantadas em todos os sentidos. 
Desta maneira só armazenar não bastava, era preciso muito mais. Era preciso saber 
negociar, levar e até entregar o produto às mais longínquas distâncias. 
Por isso menciona Rodrigues (Ibid., p.37) que o comércio das especiarias do 
Oriente foi dominado e monopolizado, a partir do século XI, por ricos mercadores de 
cidades italianas, como Veneza e Gênova. Com o crescimento populacional e aumento 
dos produtos, foram sendo criados depósitos para armazenagem e proteção das 
mercadorias ao longo de toda a área costeira do Mediterrâneo. Mas devido às guerras e 
cruzadas, principalmente com as invasões turco-otomanas pela Ásia, África e Europa, o 
caminho comercial para o oriente foi dificultado, fazendo com que outras rotas 
marítimas tivessem que ser descobertas. E assim, no final do século XV o poderio 
comercial marítimo foi deslocado para a Península Ibérica, com Portugal e Espanha, que 
através de muitos estudos e viagens na tentativa de alcançar as Índias, descobriram 
outros mundos, conseguindo posição de destaque na Europa. Por onde passavam, 
tratavam de consolidar portos, comércio e rotas. Um século depois, os holandeses 
colonizaram Sumatra, Java e Bornéu, implantando entrepostos, substituindo Portugal no 
comércio de especiarias com o Oriente. 
Conforme afirma Rodrigues (op. Cit., p.37), entre os séculos XVI e XVII 
surgiu o poderio britânico, impulsionados pela intensa atividade corsária a serviço da 
Coroa. Cumulavam riquezas dos outros países pelas pilhagens. Até que despertaram 
para o comércio de chá, seda e porcelana com a China. Somente no século XVIII, já 
com a revolução industrial, é que se consolidou o império comercial britânico, 
multiplicando rapidamente a geração de riquezas. 
Com a descoberta da América, países da Europa como Inglaterra e França, 
após sentirem-se ameaçados e de terem sido destruídos por duas longas guerras 
mundiais, depositaram riquezas no novo continente, fazendo com que emergisse o 
poderio comercial americano com o intuito de levantar a Europa destruída pela 2ª 
Guerra Mundial. Estimulou-se o crescimento industrial, investiu-se na produção e no 
crescimento do tráfego marítimo e impôs-se a modernização e a racionalização de áreas 
10 
de armazenagem nos portos. “Desde então, a armazenagem vem se desenvolvendo e 
tomando vulto como uma ciência independente e bastante complexa.” (RODRIGUES, 
op.cit., p.38). 
Desta forma, com o aprendizado adquirido pelos povos ao longo dos anos, 
as constantes guerras e conflitos, as catástrofes, a fome e a avidez por riqueza, 
despertaram cada vez mais o intenso comércio internacional, fazendo com que tomasse 
rumos gigantescos até nossos dias. A produção de matérias-primas foi se tornando mais 
e mais abundante, a industrialização de produtos desenvolveu-se em larga escala, 
fazendo com que o homem aprendesse sempre mais profundamente, a arte da logística 
do armazenamento. 
 
1.2 - Histórico e Dados sobre o Brasil 
O Brasil demorou a sair do seu estado embrionário de colônia, produtor e 
fornecedor de riquezas e matérias-primas aos países da Europa, Norte-Americanos e do 
Oriente. Somente com o advento e crescimento da produção agrícola, a partir da 
segunda metade do século XX, através da explosão do cultivo da soja em grãos (feijão 
de origem chinesa) é que se começou a dar o devido valor ao armazenamento dos grãos 
a granel. 
De acordo com d’Arce (2004, p.1), o armazenamento de grãos em nível de 
fazenda no Brasil representa apenas 5% da safra, enquanto que em países como França, 
Argentina e Estados Unidos apresentam percentuais entre 30 a 60%. Segundo esta 
Autora, um dos fatores que contribui para esse baixo índice é o fator econômico. 
Já Nogueira e Tsunechiro (2005) apontam que no Brasil “atualmente cerca 
de 10% da capacidade armazenadora total está localizada nas unidades de produção”. 
Nota-se um pequeno crescimento em relação aos levantamentos de anos anteriores, 
porém, segundo esses Autores, "ainda é bastante baixa quando comparada à proporção 
existente, por exemplo, nas fazendas estadunidenses (57%)”. 
A situação é complicada em termos de interior, pois seria preciso haver uma 
infra-estrutura de armazenagem que vai requerer altos investimentos, o que fica aquém 
11 
das possibilidades da grande maioria dos agricultores brasileiros. O grande problema do 
produtor para guardar seu produto em silos e armazéns nas fazendas é o elevado custo 
da manutenção da infra-estrutura de armazenamento. Não basta só guardar, é essencial 
manter a qualidade e as características originais das matérias-primas. Acompanhando os 
noticiários diversos, percebe-se um crescimento fantástico da produção nacional e num 
contraste medonho se confirma que há uma completa escassez de armazenamento nas 
áreas rurais. 
Explica d’Arce (op.cit.), que nos outros países, "onde a produção de grãos é 
uma das principais fontes de divisa, a seqüência do sistema de armazenagem principia 
na fazenda e evolui para os armazéns coletores, intermediários e terminais". Segundo a 
Autora, já no Brasil toda estrutura de armazenagem começa nos terminais e armazéns 
intermediários coletores, o que traz como resultado uma atividade tipicamente urbana. 
No Brasil, conforme afirmam Nogueira e Tsunechiro (Ibid), “o crescimento 
da produção de soja fez com que desde 1975 a armazenagem a granel se tornasse 
prioritária, com a criação do Programa Nacional de Armazenagem (PRONAZEM). Este 
programa resultou na injeção de grandes recursos por parte do Governo Federal, 
visando a cobrir as deficiências da capacidade estática, de 2,5 milhões de toneladas, 
estimada para 1975/76 e a necessidade de ampliação da capacidade armazenadora 
(BRASIL, 1975). Estima-se que tenha havido aumento de 5,3 milhões de toneladas na 
capacidade estática por conta do Programa (INVESTIR, 2004)”. 
Nogueira e Tsunechiro (Ibid) mencionam em seus estudos que “Andrade 
Neto (1978), ao analisar o PRONAZEM, ressaltou que embora tenham sido obtidos 
resultados significativos para o setor, observou que os programas especiais do Governo 
Federal não têm continuidade garantida para os próximos anos, comprometendo o 
equilíbrio entre oferta e demanda de serviços de armazenagem, além de inviabilizar 
programas de modernização dos equipamentos, já em estado de implementação”. 
O grande problema brasileiro, no passado e ainda nos dias atuais, é sem 
dúvida a falta de liberação de recursos no tempo certo e que a aplicabilidade destes 
recursos seja 100% funcional para aquilo a que foi destinado. Ora, o Brasil é um País 
extenso, as áreas produtoras ficam distantes dos pontos de embarques, e para que seja 
sanada a escassez de armazéns graneleiros, seria necessário haver estudos profundos, 
12 
culminando com a liberação de recursos e pronta execução de depósitos, principalmente 
nas áreas de produção (fazenda), a fim de conciliar produção e comercialização, 
evitando gastos desnecessários. Além disso, dado a esta extensão territorial, não bastaria 
apenas a construção de armazéns, mas também o desenvolvimento de uma infra-
estrutura básica viária, no intuito de facilitar o escoamento do produto armazenado. 
Como afirmam Nogueira e Tsunechiro (op.cit.), citando (DIAS et al., 1985), 
na década de 70 a armazenagem de grãos “respondia por apenas 30% do total” de 
armazéns. Sendo que até metade dos anos 80 os investimentos do Governo eram 
dirigidos “para aconstrução da infra-estrutura básica, principalmente armazéns e 
sistema viário”. A grande preocupação desta época em relação ao armazenamento era 
quanto à “qualidade dos serviços prestados, localização espacial e perdas técnicas”. 
Como crescia de forma acelerada a demanda por produtos alimentares, “o setor 
produtivo passou a ocupar regiões cada vez mais distantes dos grandes centros 
consumidores, exigindo, portanto, uma infra-estrutura relativamente dispersa e onerosa, 
criando dificuldades crescentes nas formas de comercialização”. 
O fato é, que por muito tempo, praticamente não ocorreram investimentos 
no setor de armazenagem, observando-se a cada ano que “a agricultura brasileira vem 
apresentando expressivas taxas de crescimento da produção, em relação aos outros 
setores da economia, criando problemas regionais, em termos de infra-estrutura 
(armazenagem, transporte de grãos e portos). Estudos precedentes sobre o tema 
apontam que nunca houve de fato muita clareza sobre a prioridade para o complexo 
armazenador brasileiro. Prova recente disso é que enquanto a produção brasileira de 
grãos no período 1994-2003 cresceu 62,1%, a capacidade de armazenagem avançou 
apenas 7,4%” (Nogueira e Tsunechiro, op.Cit.), conforme pode ser observado no 
Gráfico 1. 
Exemplifica ainda d’Arce (op.cit., p.1) em seu estudo, que na safra 
2003/2004, de uma previsão de colheita de 130 milhões de toneladas de grãos, o Brasil 
apresentava uma capacidade de armazenamento estática total em torno de 94 milhões de 
toneladas, originando um déficit de 36 milhões, o que é claramente possível visualizar 
como ilustrado no Gráfico 1, em números (toneladas) aproximados. A Autora afirma 
13 
ainda que, “além disso, há que se considerar que, 51% da capacidade estática cadastra-
da na CONAB é de armazéns convencionais e 49% de armazéns e silos graneleiros”. 
 
Gráfico 1 - Evolução da Produção e da Capacidade de Armazenamento de Grãos 
no Brasil entre 1994-2003 
Evolução da Produção e da Capacidade de 
Arm azenam ento de G rãos, Brasil, 1994-2003
0
20
40
60
80
100
120
140
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
m
ilh
õe
s 
de
 t
Produção de grãos
Capacidade de
arm azenam ento
Fonte: Adaptado de Nogueira e Tsunechiro (2005)1
 
Considera então d’Arce (op.cit.) que nestes armazéns e silos, as safras de 
outros anos ainda não haviam sido comercializadas, portanto isso reduziu muito a 
capacidade estática anunciada. Assim como foi considerado o fato de que os armazéns 
não estão adequadamente localizados nas regiões de maior demanda. 
Nogueira Junior (1989 apud Nogueira e Tsunechiro, 2005), “relata que o 
complexo armazenador brasileiro apresenta problemas decorrentes de sua estrutura 
arcaica e obsoleta e com características de um setor marginalizado, do ponto de vista de 
preocupação governamental”, pois apesar da história mostrar que propostas tenham sido 
apresentadas, muito pouco ou quase nada foi realmente efetuado. Generalizando, 
segundo este Autor, “podia-se dizer que a capacidade estática de armazenagem era 
 
1 Embora o Gráfico 1 acima tenha sido adaptado do apresentado por Nogueira e Tsunechiro (2005), 
tomou-se a liberdade de inverter as legendas das seqüências de dados da evolução produtiva e da 
capacidade armazenadora, simplesmente por acreditar que esta nova apresentação melhor situa, no 
tempo, a capacidade de armazenamento brasileira, que praticamente ficou estagnada, enquanto que a 
produção nacional oscilava em crescimento. 
14 
satisfatória, embora sua adequação e localização, tanto física quanto administrativa, não 
fossem as mais apropriadas”. 
As afirmações de d’Arce sobre a capacidade estática de armazenamento 
apresentadas anteriormente podem ser claramente verificadas observando-se a Tabela 1 
logo abaixo, que apresenta a distribuição dos armazéns cadastrados, por localização, no 
Brasil. Porém, ao se observar a capacidade estática total de armazenagem no Brasil da 
safra 2003/2004, conforme exemplificado acima, é preciso se distinguir a distribuição 
dos diversos tipos de armazéns, sobretudo sua diferenciação para os tipos de produtos, 
convencional e granel. Com a produção brasileira de 130 milhões de toneladas de grãos, 
e a capacidade estática de armazenagem para os depósitos graneleiros são apenas de 
49%, fica clara a necessidade de investimentos para o setor. Lembrando que os 
armazéns convencionais, que representam 51% da capacidade estática de armazenagem, 
são destinados para outros tipos de produtos que não necessariamente sejam grãos e 
derivados. 
 
Tabela 1 - Distribuição dos Armazéns Cadastrados por Localização no Brasil 
(Posição de 30/08/04) 
 
 Fazenda Rural Urbana 
Tipo Armazém Capacidade Armazém Capacidade Armazém Capacidade
 (n.) (1.000t) (n.) (1.000t) (n.) (1.000t) 
Convencional 1.031,0 2.578,0 1.877,0 5.458,0 3.917,0 15.058,0 
Local (%) 14,8 10,5 26,9 22,2 56,1 61,1 
Tipo (%) 43,4 27,8 43,2 18,4 57,1 29,0 
Granel 1.342,0 6.692,0 2.469,0 24.249,0 2.938,0 36.827,0 
Local (%) 19,6 9,4 36,0 34,0 42,9 51,7 
Tipo (%) 56,6 72,2 56,8 81,6 42,9 71,0 
Total 2.373,0 9.270,0 4.346,0 29.706,0 6.855,0 51.885,0 
Local (%) 17,2 9,7 31,4 31,0 49,5 54,1 
 
Portuária Total 
Tipo Armazém Capacidade Armazém Capacidade
 (n.) (1.000t) (n.) (1.000t) 
Convencional 156,0 1.540,0 6.981,0 24.633,0 
Local (%) 2,2 6,3 100,0 100,0 
Tipo (%) 59,5 30,7 50,5 25,7 
Granel 106,0 3.482,0 6.855,0 71.250,0 
Local (%) 1,5 4,9 100,0 100,0 
Tipo (%) 40,5 69,3 49,5 74,3 
Total 262,0 5.022,0 13.836,0 95.883,0 
Local (%) 1,9 5,2 100,0 100,0 
15 
Fonte: Companhia Nacional de Abastecimento (apud Nogueira e Tsunechiro, 2005) 
Contudo, com base na Tabela 1 verificamos que há uma necessidade do País 
investir muito mais na construção de armazéns graneleiros em termos de fazenda, algo 
oneroso, se considerado que no Brasil a maioria dos produtores são pequenos e médios, 
sem condições de armazenamento nas fazendas. Caberia, então, ao País investir também 
na construção de armazéns intermediários e portuários, como é realizado em países mais 
desenvolvidos. 
A Tabela 2 ilustra a distribuição das unidades armazenadoras por entidade, 
onde deve ser destacada a existência de um grande percentual de depósitos graneleiros 
nas mãos da iniciativa privada (cooperativa e iniciativa privada). A tabela indica ainda, 
que o papel do Governo precisa ser repensado, uma vez que grande parte dos seus 
investimentos são realizados em termos de capacidade de armazéns convencionais ou 
para sacarias. Apesar disso, no Brasil os armazéns para granéis se apresentam com uma 
capacidade superior à dos armazéns convencionais. 
Contudo, o Brasil ainda está muito longe de poder armazenar tudo aquilo 
que consegue produzir. É possível chegar a esta conclusão tendo em vista que, de uma 
safra para outra, sempre fica armazenado um saldo remanescente do estoque de grãos 
que não pôde ser comercializado, faltando espaços nos depósitos graneleiros para a 
safra do ano, sendo necessário, inclusive, que parte dos grãos seja depositado em 
armazéns convencionais, inadequados para o tipo de armazenamento. 
Tabela 2 - Distribuição dos Armazéns Cadastrados por Entidade no Brasil 
(Posição de 30/08/04) 
 
 Oficial Cooperativa Privada Total 
Tipo Armazém Capac. Armazém Capac. Armazém Capac. Armazém Capac. 
 (n.) (1.000t) (n.) (1.000t) (n.) (1.000t) (n.) (1.000t) 
Convencional 417,0 3.026,0 1.368 4.901 5.200 16.817 6.985 24.744 
Entidade (%) 6,0 12,2 19,6 19,8 74,4 68,0 100,0 100,0 
Tipo (%) 67,8 45,8 51,1 21,2 49,3 25,4 50,5 25,8 
Granel 198,0 3.578,0 1.307 18.217 5.346 49.344 6.851 71.139 
Entidade (%) 2,9 5,019,1 25,6 78,0 69,4 100,0 100,0 
Tipo (%) 32,2 54,2 48,9 78,8 50,7 74,6 49,5 74,2 
Total 615,0 6.604,0 2.675 23.118 10.546 66.161 13.836 95.883 
Entidade (%) 4,4 6,9 19,3 24,1 76,2 69,0 100,0 100,0 
Fonte: Companhia Nacional de Abastecimento (apud Nogueira e Tsunechiro, 2005) 
16 
Com base na Tabela 2, Nogueira e Tsunechiro (2005) afirmam que “de 
modo geral, ocorreram significativas mudanças no complexo armazenador em relação à 
situação vigente em meados da década de 1990, considerando como referência o 
diagnóstico realizado por Costa e Tosta (1995): a modalidade granel passou de 59% 
para 74%; a iniciativa privada opera atualmente 69% contra 61,5% anterior; o sistema 
cooperativista responde por 24%, com representatividade menor em relação ao período 
antecedente (28%) e os órgãos oficiais que naquela época tinham 10% de participação 
possuem atualmente apenas 7%, de uma capacidade total então vigente de 89,2 milhões 
de toneladas”. (Nogueira e Tsunechiro, 2005) 
Pelo estudo então, é possível concluir que o Brasil ainda é deficiente perante 
outros grandes países no que tange a investimentos de recursos em armazenamento 
geral da sua produção. Os poucos armazéns graneleiros portuários sofrem a cada safra, 
pela falta de capacidade estática das fazendas ou áreas de produção agrícola. Como 
conseqüência disso, origina-se um crescimento nos custos de produção, fazendo com 
que o País deixe de ser competitivo, se distanciando do rol dos países desenvolvidos. 
Aliado a isto, a maioria dos agricultores do Brasil, principalmente do Estado 
do Paraná, são na maioria pequenos ou micro produtores que não estão preparados para 
ter uma estrutura de armazenamento em seus sítios ou fazendas. Isso seria muito 
oneroso se observados o grande custo nos cuidados dos granéis sólidos que seriam 
depositados nestes silos e/ou armazéns. Falta uma cultura necessária e fundamental para 
se obter um melhor avanço tecnológico em nível de fazenda, principalmente uma 
melhor capitalização dos agricultores. É preciso uma maior integração e união dos 
pequenos agricultores. A alternativa que tem dado certo mesmo no Brasil é o 
Cooperativismo, essa atividade vem oferecendo ao produtor todos os meios necessários 
para minimizar seus custos, principalmente por oferecer serviços do plantio, ao 
armazenamento e comercialização. 
Por outro lado, José Maria dos Anjos (apud Folha de Londrina, 2004), 
diretor do Departamento de Abastecimento Agropecuário da Secretaria de Política 
Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA, afirma que 
"a falta de infra-estrutura para armazenagem é preocupante", defendendo que “o 
armazém próprio garante maior tranqüilidade para vender”. Comenta ainda que “o 
17 
MAPA já lançou uma linha específica para financiamento de armazéns na propriedade 
rural”. 
Contudo, segundo Nogueira e Tsunechiro (2005), “sabe-se que ainda 
ocorrem sérios problemas de adequação e de localização, com efeitos prejudiciais à 
competitividade do agronegócio nacional. Com a política de desregulamentação, em 
vigor desde o início década de 1990, o poder público tem deixado de atuar em áreas de 
infra-estrutura diretamente, como é o caso da armazenagem. Como exemplo, pode-se 
citar a desmobilização patrimonial da CONAB, com a privatização de 38 armazéns”. 
Isto foi percebido, no Porto de Paranaguá, aproximadamente entre 1960 e 
1970, onde existiam muitos armazéns convencionais, destinados principalmente para o 
armazenamento de café em sacas e que ficaram ociosos com o declínio da atividade 
deste produto, sendo que em virtude de terem sido muitos sucateados, alguns destes 
armazéns foram demolidos, enquanto outros foram reformados para poderem receber 
outros tipos de produtos, que não grãos. Porém, em decorrência das dificuldades de 
espaço no pico da safra dos granéis sólidos, eles ainda são utilizados para acumular 
estes produtos. Estes depósitos são chamados no porto de armazéns de retaguarda, 
mesmo que eles não detenham as condições ideais para tal. 
Mais recentemente armazéns públicos da APPA, destinados ao 
armazenamento de derivados de grãos, foram demolidos, em virtude da sua inoperância, 
sem que, contudo, fossem construídos outros em seu lugar. Ou seja, houve perda da 
capacidade de armazenamento adequado ao tipo de produto, no caso granel, como se 
observará a seguir. 
Nestes últimos anos, houve uma forte expansão do Brasil como exportador 
mundial de grãos, principalmente da soja (37 milhões de toneladas), ultrapassando até 
os Estados Unidos (34 milhões de toneladas), com grandes perspectivas de ganhos 
seguidos nas próximas safras. Com isso, ocorreu um avanço nas cargas de granéis, que 
representam hoje 74% do total. É preciso saber que o armazenamento da soja sofre a 
concorrência de outros produtos que necessitam ser armazenados, como o trigo, com 
importação em torno de 7 milhões de toneladas, o açúcar de 23 milhões de toneladas 
produzidas e o café com safra em torno de 2 milhões de toneladas. É a questão da 
18 
disponibilidade de espaço vindo à tona, já que na maioria dos estudos e análises ela não 
é considerada como deveria. (Nogueira e Tsunechiro, op.Cit) 
A tendência observada acima pelos autores é forte e procede, uma vez que o 
“ouro verde” (soja) predomina no sul e centro-oeste do Brasil, mas já se percebe, além 
de sua expansão para outras regiões brasileiras, uma diversificação de culturas, tomando 
o caso do milho e do trigo, com isso a capacidade de armazenagem fica comprometida. 
Se por um lado houve crescimento da produção, não se pode dizer o mesmo da 
capacidade de armazenamento destas matérias-primas. Talvez isto seja reflexo de uma 
mentalidade errônea de não se desenvolver um planejamento logístico para as atividades 
do agronegócio, em especial o armazenamento de grãos de forma geral. 
Para Nogueira e Tsunechiro (Ibid) “nos últimos dez anos houve grande 
expansão da produção de alimentos e fibras na área do cerrado", principalmente nas 
regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste do País. Nas outras regiões tradicionais, como o 
oeste do Paraná, a agricultura avança sobre as áreas de pecuária, “onde a soja e o milho 
também destacam, fato que tem se constituído em problema quanto ao escoamento das 
safras”. 
Estes Autores relatam ainda que “com a concorrência de produtores 
tecnologicamente capacitados, houve um surto generalizado de crescimento da atividade 
agrícola. Contudo não ocorreu um desenvolvimento harmônico, sobretudo no que diz 
respeito às funções físicas da comercialização agrícola – transporte e armazenagem”. A 
questão do transporte é mais preocupante devido as grandes extensões do território 
nacional, onde predomina o modal rodoviário que tem custo elevado, encarecendo 
“sobremaneira os custos de coleta e distribuição. As ferrovias e as hidrovias, que 
deveriam ser os meios mais usuais, ainda têm pouca representatividade no deslocamento 
de produtos agrícolas". A questão da armazenagem torna-se importante, "pois à medida 
que o País se fortalece como competidor externo no agronegócio, a coleta, a guarda e a 
distribuição passam a ser estratégicos, além de ter que atender ao amplo mercado 
interno, em períodos de entressafra”. (Nogueira e Tsunechiro, op. Cit.) 
Nogueira e Tsunechiro (Ibid) afirmam também que “recentemente (2004) 
foi concretizado o Programa BB Armazenagem que pretende disponibilizar em três anos 
recursos à ordem de R$ 600 milhões visando ampliar em 8 milhões de toneladas a 
19 
capacidade de armazenagem”, principalmente “a primária – com a construção de 
unidades menores por parte de produtores e cooperativas, com o intuito de conter o 
fluxo observado em períodos de safra, configurando portanto um novo incentivo”, 
sendo possívelsentir ventos “favoráveis para a armazenagem de grãos frente à nova 
geografia do Brasil Rural”. Mostram ainda que este programa complementar conta com 
recursos do MODERINFRA, que é o Programa de Incentivo à Irrigação e 
Armazenagem, e com o PRODECOOP, que é o Programa de Desenvolvimento 
Cooperativo para Agregação de Valor à Produção Agropecuária, sem contar outros 
programas do governo que disponibilizam recursos para investimento no setor de 
armazenagem. 
Os grandes problemas dos portos brasileiros são a utilização quase que 
única de apenas um modal de transporte para os produtos, contudo, pouco investimento 
é realizado, por exemplo, nos modais ferroviário e hidroviário. No caso de Paranaguá, 
inexiste o modal hidroviário dado às circunstâncias naturais da região onde os rios 
atravessam as serras. Os custos da utilização do modal ferroviário para o Porto de 
Paranaguá tornam-se impraticáveis, seja pelo valor do frete que está muito similar ao do 
rodoviário (caro) ou pelas deficiências gritantes que apresenta em sua infra-estrutura 
(falta manutenção nas linhas, vagões ultrapassados e velhos). Porém, qualquer porto 
nacional, nos dias de hoje, apresenta um grave problema em seu sistema portuário que é 
a carência de uma infra-estrutura de armazéns, tal qual se apresenta nas áreas agrícolas 
do país. 
 
1.3 - Importância do armazenamento 
Segundo Rodrigues (2003, p. 145), os portos são importantes para um país 
quanto “a considerações de ordem macroeconômica sobre os efeitos do comércio 
exterior em sua economia”. Eles são estratégicos sob muitos aspectos, mas 
principalmente porque servem “como locais de aplicação da política tributária 
governamental para viabilizar o modelo econômico adotado pelo país. No Brasil, cerca 
20 
de 97% das exportações se dá pela via marítima”, o que torna os portos fundamentais no 
“cenário econômico nacional”. 
Rodrigues (Ibid) afirma ainda que os portos são pontos chaves “de 
integração e transferência entre os modais de transporte terrestre e marítimo, possuindo 
adicionalmente a função de amortecer o impacto da chegada e da saída das cargas no 
fluxo do sistema viário local, por meio da armazenagem temporária, regulando assim os 
processos de consolidação de cargas (exportação) e de distribuição física (importação)”. 
Armazenar no porto é administrar os espaços necessários e possíveis para 
manter os estoques num curto espaço de tempo até a sua entrega. Um porto deve ter 
armazéns planejados, com uma localização privilegiada e áreas bem dimensionadas, 
equipamentos para movimentação, sistemas de armazenagem, sem contar que a 
tecnologia da informação deve funcionar com sistemas logísticos informatizados 
capazes de facilmente detectar as entradas e as saídas dos estoques de produtos. Neste 
processo também deverá funcionar um arranjo físico necessário à armazenagem, áreas 
para armazéns graneleiros com capacidade de recepção e embarque, baias de atracação 
e mão-de-obra indispensável, que deve ser treinada continuamente. 
Ponto vital no armazenamento portuário é que a operação dos armazéns seja 
rápida para a transferência dos produtos, retendo os veículos de transporte no menor 
tempo possível. 
Conforme afirma d’Arce (Ibid.), "acredita-se que uma unidade 
armazenadora técnica e convenientemente localizada, constitui uma das soluções para 
tornar o sistema produtivo mais econômico. Além de propiciar a comercialização da 
produção em melhores períodos, evitando as pressões naturais do mercado na época da 
colheita, a retenção de produto na propriedade, quando bem conduzida, apresenta 
inúmeras vantagens". Segundo d'Arce (Ibid.), dentre elas devem ser citadas as 
seguintes: 
1. Minimizará perdas qualitativas e quantitativas, seja pelo atraso da colheita 
ou pelo armazenamento em locais impróprios. 
2. Sensível economia no frete, já que atingem um preço muito elevado no 
pico da safra. "Quando o transporte for necessário, terá o custo 
21 
diminuído, devido à eliminação das impurezas e do excesso de água pela 
secagem". 
3. A colheita terá melhor rendimento, deixando de existir espera de 
caminhões nas filas das unidades coletoras ou intermediárias. 
4. "Melhor qualidade do produto, evitando o processamento inadequado 
devido ao grande volume a ser processado por período da safra". 
5. "Obtenção de financiamento por linhas de crédito específicas para a pré-
comercialização". 
Segundo o portal Planeta Orgânico (2005), “o objetivo de armazenamento 
adequado de grãos é manter a sua duração, as qualidades biológicas, químicas e físicas 
que os grãos possuem, imediatamente após a colheita. A operação de secagem é uma 
parte importante do processo que antecede a armazenagem. Segundo Brooker et al. 
(1974), a qualidade dos grãos não pode ser melhorada durante o armazenamento. Grãos 
colhidos inadequadamente serão de qualidade baixa, não importando como são 
armazenados. Dois fatores afetam de modo especial a qualidade dos grãos: alto teor de 
umidade e colheita inadequada.” 
Contudo, o armazenamento portuário não deve ser observado apenas como 
local para manter ou guardar os cereais ou produtos alimentares a granel protegidos e 
seguros, afastados de seus inimigos naturais, tais como a umidade, pragas, fungos, mofo 
e doenças. 
Os produtos alimentares, grãos, cereais em geral e seus derivados, quando 
guardados ou acumulados em armazéns comportam-se como organismos vivos, 
respiram eliminando gás carbônico e por sua transpiração geram calor, sendo alvo fácil 
para insetos, fungos, pragas e roedores. 
Cabe lembrar que o armazenamento de grãos no porto é a etapa final da 
cadeia produtiva e inicial do processo de exportação. Sendo assim, requer qualidade de 
cuidados quanto a sua manutenção. Como toda cadeia produtiva se preocupa com 
perdas, seja no plantio, na colheita, no transporte, assim o armazenamento no porto deve 
estar inserido nesta prevenção qualitativa e quantitativa dos produtos. 
22 
O armazenamento no porto deve ser visto como o pulmão alimentador para 
as exportações ao mercado internacional. Mercado esse que exige cada dia mais 
agilidade na entrega e qualidade dos produtos. Ora, desta maneira é de vital importância 
que no período de armazenamento no porto haja cuidados e/ou procedimentos 
indispensáveis às exigências de mercado. 
Segundo Stresser (2004, p.01), “o correto armazenamento de grãos deve se 
desenvolver, principalmente, dentro de um caráter preventivo. Assim sendo, a boa 
conservação dos grãos e sementes armazenados e a prevenção das perdas – tanto 
quantitativas, como qualitativas – durante o período de armazenamento, envolve, 
necessariamente, a realização de uma série de procedimentos indispensáveis, como a 
prévia limpeza e higienização dos armazéns, silos, máquinas e equipamentos, a 
secagem, a limpeza e classificação dos produtos”. 
As operações com armazenamento adquirem cada dia mais a importância de 
equilibrar produção com a demanda, assim como assegurar o fluxo contínuo na cadeia 
de suprimentos, “agregando valor na oferta de serviços diferenciados aos clientes, como 
a eliminação de avarias, registros confiáveis, acesso on-line, rastreamento dos veículos 
transportadores via satélite, roteirização e outros serviços advindos do desenvolvimento 
tecnológico.” (Rodrigues, 2003, p. 39). 
Embora o Autor tenha citado o rastreamento dos veículos transportadores 
via satélite e a roteirização como parte das operações de armazenamento, deve ser 
esclarecido que apesar destas atividades não serem inerentes a estas operações 
propriamente ditas, elas contribuem para que a atividade de armazenamento se 
desenvolva com qualidade e plenamente integrada a logística de exportação. Isto deverá 
ficar mais claro no próximo capítulo, quando será abordado conceitos e princípios 
básicos sobre o armazenamento. 
23 
2 - Princípios Básicos 
 
2.1 - Conceitos e Definições sobre armazenamento 
Armazenar, conforme o DicionárioAurélio da Língua Portuguesa (Ferreira, 
1988, p.60) significa: “guardar ou recolher em armazém, conter em depósito, acumular, 
cumular, juntar, fazer provisões”. 
Gonçalves (2002) define armazenagem como “as atividades destinadas à 
guarda e à conservação em condições inalteradas de qualidade e quantidade”. Assim a 
armazenagem é elo central no processo produtivo, ou seja, após o preparo do solo, 
plantio, técnicas culturais e colheita, ela tem a função de manter as características dos 
produtos a granel (matérias-primas) tanto em peso como em qualidade, aguardando que 
sofra a intermediação da comercialização, que negociando as mercadorias irá 
providenciar o transporte seguro e o armazenamento intermediário ou final até a sua 
distribuição definitiva. Conceitua, então, que o armazenamento é o “transporte no tempo 
e no espaço”, considerando que “tempo significa vencer o período da entressafra e 
espaço significa distribuir aonde existe consumo para levar ao centro de 
processamento”. 
A CASEMG (2005b) define armazenagem como o “ato de guardar em 
armazém ou depósito um produto por um determinado tempo, com toda a segurança”. 
Conclui que “a armazenagem tem por objetivo conservar as características dos produtos 
qualitativa e quantitativamente, no tempo necessário de estocagem, pois os grãos são 
seres vivos que respiram durante o armazenamento”. 
Para Rodrigues (2003, p.59), armazenagem é “gerenciar eficazmente o 
espaço tridimensional de um local adequado e seguro, colocado à disposição para a 
guarda de mercadorias, que serão movimentadas rápida e facilmente, com técnicas 
compatíveis às suas respectivas características, de forma a preservar a sua integridade 
física e entregando-a a quem de direito no momento aprazado”. 
24 
Para Goebel (1996), “a armazenagem é a administração do espaço 
necessário para manter os estoques”. De acordo com este Autor, seja na fazenda ou no 
porto, deve haver um planejamento adequado dos armazéns, o que “inclui: localização, 
dimensionamento de área, arranjo físico, baias de atracação, equipamentos para 
movimentação, tipo e sistemas de armazenagem, de sistemas informatizados para 
localização de estoques e mão-de-obra disponível”. 
Goebel (Id.) menciona que o funcionamento adequado do armazém 
dependerá da disposição de um “sistema rápido para transferência de carga, 
imobilizando o veículo durante o menor tempo possível, requerendo que o mesmo seja 
projetado de forma a considerar todo o sistema, da origem dos produtos até o seu 
destino”. 
Afirma Figueiredo (2004), que há uma mudança da missão da armazenagem 
de simplesmente guardar estoques, ao que ele se refere como a antiga missão e define 
como um custo do negócio, para uma nova missão que é gerenciar o fluxo físico e de 
informações, definindo isto como um instrumento de competição. Sendo que, segundo 
este autor, os principais fatores que determinam a mudança da missão da armazenagem 
são o Just-in-Time, resposta rápida, exigências de qualidade, redução de desperdícios e 
serviço ao cliente. 
Baseado nos conceitos acima mencionados pode-se definir então, que 
armazenamento portuário de grãos seja a capacidade eficaz e eficiente de gerenciar os 
espaços adequados e seguros, onde ficarão depositados os graneis sólidos, guardados 
com qualidade e aguardando a movimentação de embarque nos navios que deve ser 
rápida e fácil, separados de acordo com as características de cada produto, uma vez que 
há uma gama enorme de produtos alimentares a serem movimentados, sendo necessário 
segregá-los, preservando-os e entregando-os a quem de direito em tempo hábil 
combinado nos contratos. 
Os prestadores de serviços de armazenagem devem maximizar a utilização 
dos espaços e assegurar um fluxo veloz no escoamento das cargas, através de políticas 
úteis e métodos modernos. 
O armazenamento de grãos a granel é uma tendência universal e uma 
necessidade humana. Nas áreas portuárias, é um fator de alavancagem de riquezas para 
25 
o país, observando-se que os grãos a granel não chegam ao porto para ficarem estocados 
nos armazéns por muito tempo, devendo estar integrados na cadeia logística, sendo que 
logo após formados os lotes específicos de grãos a granel, deverão ser entregues aos 
clientes no tempo justo e no prazo combinado. 
 
2.2 - Princípios da armazenagem de grãos de cereais 
Fundamentado nos princípios básicos da armazenagem de grãos de cereais 
descritos por Rodrigues (2003, p.60), que são baseados no Material Handling Institute 
(EUA) e em outros estudos e adaptações executadas pelo Instituto Imam, que servem 
para estabelecer critérios para o bom aproveitamento da armazenagem, pode-se definir 
como princípios básicos para o armazenamento portuário: 
Princípio do Planejamento Portuário - irá requerer que as atividades 
devam ser sempre analisadas antecipadamente, devendo para tal ser efetuada 
a avaliação prévia das áreas que serão usadas na armazenagem portuária, 
bem como avaliar todo o seu arranjo físico, analisando todas as condições e 
técnicas para recepcionar, descarregar, guardar e manter as características de 
manuseio e segurança, tendo controle sobre a qualidade e a entrega das 
mercadorias nas mesmas condições características pelas quais foram 
confiadas ao serviço. 
Conforme Lacerda Filho et. Al. (2006), “uma unidade armazenadora 
tecnicamente projetada e convenientemente localizada constitui uma das 
soluções para tornar o sistema produtivo mais econômico. Além de 
propiciar a comercialização da produção em períodos adequados”, evitando-
se assim, gargalos desnecessários, prejudiciais a toda cadeia logística e 
principalmente a competitividade comercial do país. 
Princípio da Flexibilidade Operacional - requer o conhecimento sobre até 
que ponto os corredores, as praças de entrega e recepção, bem como os 
equipamentos auxiliares, são ou estão adaptados de forma a facilitar o 
recebimento, a descarga, a guarda, a movimentação e o carregamento nos 
26 
navios de produtos diferenciados, além de serem maleáveis e capazes de 
proporcionar um bom fluxo dos serviços. 
Princípio da Simplificação do Fluxo - faz com que a atividade de 
armazenamento portuário seja funcional e eficiente, com a implantação e 
desenvolvimento do arranjo físico, sempre considerando as características 
de cada equipamento disponível, localizando possíveis portas e corredores, 
objetivando facilitar os fluxos de entrada e saída, de maneira que se possa 
obter uma maior produtividade, eliminando gargalos. 
Princípio da Integração - fará com que todas as atividades estejam 
integradas de forma sincronizada e simultânea, além de que todas as 
operações que envolvem o processo de armazenamento sejam sempre 
coordenadas. Este principio é importante, uma vez que se deverá observar o 
armazenamento portuário como uma das etapas da logística portuária que 
depende do amplo e perfeito funcionamento dos demais elos da cadeia. 
Princípio da Otimização dos Espaços Físicos - refere-se ao domínio da 
técnica que se deve ter na forma de como executar o armazenamento 
portuário, que por sinal deve ser amplamente seguro, possibilitando a fácil e 
ágil movimentação da maior quantidade possível de grãos a granel e seus 
derivados em uma única área de armazenagem, observando-se a separação 
dos produtos de acordo com as características de cada um e avaliando a 
resistência estrutural de paredes e do piso, bem como a capacidade 
volumétrica da área do armazém. 
De acordo com Lacerda (2000), a “atenção especial está voltada para as 
instalações de armazenagem e como elas podem contribuir para atender de 
forma eficiente as metas estabelecidas de nível de serviço. A funcionalidade 
destas instalações dependerá da estrutura de distribuição adotada pela 
empresa”. 
Princípio da Otimização dos Equipamentos e da Mão-de-Obra - 
envolverá análise, desenvolvimento de padrões, sistemas de informação, e 
implantação de procedimentos,a fim de que se possa saber como utilizar os 
equipamentos de movimentação, bem como desenvolver padrões e 
27 
procedimentos para a mão-de-obra que vai atuar na recepção, descarga e 
operacionalizar os equipamentos. Neste princípio é conveniente lembrar que 
deverá haver treinamento dedicado e específico para a mão-de-obra que atua 
no armazenamento portuário, como forma de preservar tanto a qualidade 
dos produtos, das instalações e dos equipamentos, assim como 
principalmente salvaguardar com segurança a vida humana, evitando desta 
maneira perdas de toda sorte e falhas nos processos. 
Princípio do Controle - envolve o planejamento, a implantação e o 
acompanhamento metódico de um adequado sistema de registro de 
recebimentos, descarga, saídas e um controle de inventário físico e 
documental dos produtos, buscando agilizar sua identificação para uma 
retirada imediata. 
Lacerda (1999) destaca, que as instalações de armazenagem tradicionais, 
que possuem processos baseados em papel, ou que foram projetadas para 
maximizar a utilização de espaço e não a eficiência do fluxo físico, terão 
enorme dificuldade em atender novos requisitos, como ciclos do pedido 
mais curtos, tolerância zero a erros e competição baseada no ciclo do pedido 
e na qualidade. 
Princípio da Segurança - irá capacitar toda a área de armazenagem 
portuária com sistemas que garantam a integridade física das mercadorias 
armazenadas e da sua mão-de-obra, segurança das instalações e dos 
equipamentos. A segurança será a saúde do operador ou do terminal 
portuário (empresa), por isso, torna-se importante manter equipes de 
trabalho treinadas para qualquer emergência. 
Ao seguir e cumprir estas regras básicas, o armazenamento portuário torna-
se ideal, capaz de gerar riquezas, assegurando às empresas (terminais portuários) e 
operadores de armazenamento poder competir de forma salutar, proporcionando-lhes 
uma posição priviligiada perante exportadores nacionais e compradores internacionais. 
Contudo, mesmo que os princípios sejam determinantes, será necessário que cumpram-
se as leis brasileiras que vão normatizar esta atividade portuária de suma relevância na 
atualidade, como será abordado no próximo capítulo. 
28 
3 - As Leis Brasileiras e a Armazenagem de 
Produtos 
 
A Lei de Armazenagem no Brasil foi regulamentada pelo Decreto nº 1102 
de 21/11/1903, que dispunha sobre a constituição, os direitos e as obrigações de 
empresas de armazéns gerais. O que se observou durante um longo tempo, foi que a 
atividade de armazenamento estava regulada por uma lei ineficiente que, sem sombra de 
dúvidas, contribuiu para o desenvolvimento de inúmeros problemas, como a falta de 
tecnologia, níveis insatisfatórios de eficiência e de credibilidade, índices alarmantes de 
perdas, má administração dos espaços de armazenagem, dificuldades de controle de 
estoques, só para citar alguns. 
Nogueira e Tsunechiro (op. Cit.) afirmam que com a entrada em vigor da 
Lei nº 9.973 de 29 de maio de 2000, regulamentada pelo Decreto nº 3.855 de 03 de 
julho de 2001, é que se obteve um novo impulso para os investimentos na atividade de 
armazenamento no país. A nova Lei “permite aos agentes prestadores de serviços 
realizarem transações com mercadorias da mesma espécie daquelas usualmente 
recebidas em depósito”. Assim com a possibilidade dos armazenadores brasileiros 
realizarem negócios com o produto recebido em depósito, ficam equiparados aos 
armazenadores de outros países. Outros fatores relevantes da lei, são o “aumento das 
responsabilidades dos proprietários e dirigentes das unidades” armazenadoras, 
“obrigatoriedade de informações sobre estoques e constituição de um Cadastro Nacional 
de Unidades Armazenadoras de Produtos Agrícolas”. 
A Lei de Armazenagem de Produtos Agropecuários (Lei nº. 9.973) foi um 
importante salto para que fossem sanados os problemas do passado, buscando o 
desenvolvimento de meios saudáveis e prósperos de comercialização (mercado futuro, 
opções nas bolsas de mercadorias e muitos outros baseados na emissão de títulos 
atrelados a produtos). 
Assim, num primeiro momento se nota que ao aumentar a responsabilidade 
dos proprietários e responsáveis dos armazéns se está buscando dar credibilidade ao 
29 
sistema, e com isso facilitar a negociação de títulos representativos de mercadorias 
depositadas. 
Outro ponto favorável da lei se dá em função da maior clareza dos 
dispositivos essenciais dos contratos de depósito, sendo possível desta maneira firmar 
os deveres e os direitos dos depositários e depositantes, principalmente no que diz 
respeito às diferenças de quantidade e qualidade dos produtos objetos do 
armazenamento. 
A lei também fornece plenas condições ao mercado agrícola para ser 
transparente e competitivo, uma vez que as informações ou dados estatísticos sobre 
estoques devem ser obrigatoriamente disponibilizados, o que possibilita mesmo aos 
pequenos agricultores se beneficiarem com a comercialização de suas produções. 
Aliado a isto, a lei ainda traz outros benefícios, como a exigência do uso de 
um cadastro nacional de armazéns, que objetiva fornecer um referencial para o mercado. 
Além disso, ela também fixa padrões mínimos de funcionamento, cria um sistema de 
certificação e fornece diretrizes técnicas e operacionais para os armazéns. (BRASIL, 29 
maio 2000) 
Junto com a Lei de Armazenagem de Produtos Agropecuários (Lei nº. 
9.973), foi criada também a Lei nº. 9.972 de 25 de maio de 2000, que trata da 
classificação de produtos vegetais e complementa a Lei de Armazenagem. A referida lei 
objetiva a redução das exigências burocráticas, contudo permanece a obrigatoriedade da 
classificação dos produtos que se destinam ao consumo humano, na compra e na venda 
dos estoques públicos, nos portos, aeroportos e postos de fronteiras, quando ocorre 
importação. A lei de classificação ainda amplia o número de agentes habilitados a 
realizar a classificação dos produtos vegetais, incluindo empresas especializadas na 
atividade, cooperativas de produção, bolsas de mercadorias, institutos de pesquisa e 
universidades. 
A legislação fitossanitária do Brasil estabelece princípios que orientam o 
governo e os exportadores. O Brasil possui inúmeros acordos internacionais e já 
homologou diversas convenções que buscam assegurar ações comuns e permanentes, e 
um combate eficaz contra a entrada e disseminação de doenças e pragas dos produtos de 
origem vegetal. Desta maneira, o Brasil vem se portando de forma digna e mostrando 
30 
seriedade junto a OMC – Organização Mundial do Comércio e a outros organismos 
internacionais, com isto garante credibilidade de qualidade para seus produtos de grãos 
a granel. 
Apesar disso, os órgãos federais, como o Ministério da Agricultura, 
deveriam mostrar-se mais empenhados na fiscalização e liberação dos documentos que 
certificam a qualidade e saúde dos produtos a granel, tendo em vista a sua extrema 
importância para a vida humana e animal. 
Todos os contratos de venda dos produtos alimentares (cereais, grãos e 
derivados) recebem amplo apoio e são regulados pela ANEC – Associação Nacional dos 
Exportadores de Cereais. Desta forma, cada produto específico possui um contrato 
determinado com regras quanto as especificações de qualidade, bem como fixam as 
condições negociadas, prazos de entrega, responsabilidades, etc., no intuito de facilitar 
as exportações e minimizar qualquer problema que os exportadores brasileiros venham 
a ter no tocante aos negócios internacionais. 
Assim, por exemplo, a soja é regulado pelo ANEC 41, o milho pelo ANEC 
43, os farelos de soja pelo ANEC 71, etc. Estes contratos são importantes 
principalmente no tocante à qualidade e estado da mercadoria a ser exportada e que 
seguem padrões de aceitação internacional. Isso prova haver uma preocupação séria dos 
exportadores nacionais com a lisura para com os negócios internacionais. 
Pode-se concluir

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