Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Nathália Helena Fernandes Laffin Alguns indicadores de rentabilidade usados pelas sociedades por ações Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer os indicadores utilizados por parte do investidor. � Identificar o cálculo do valor patrimonial da ação e sua interpretação. � Descrever a rentabilidade da ação no exercício e a quantidade de exercícios necessários para a recuperação do valor investido e sua interpretação. Introdução Neste capítulo, você vai aprender um pouco mais sobre os indicadores de rentabilidade utilizados pelas sociedades por ações. As sociedades por ações são as empresas que possuem seu capital dividido e diluído entre vários acionistas. Para um investidor decidir se investe ou não em uma empresa, se adquire ou não ações dessa empresa, precisa de infor- mações que impactem em sua decisão. Essas informações dizem respeito a inúmeras variáveis, como, por exemplo, o rendimento que a empresa gera a seus acionistas. Indicadores utilizados por investidores A rentabilidade consiste em um número ou percentual que indique o quanto um valor investido possui de retorno. A análise da rentabilidade, de acordo com Bruni (2014, p. 210), “é um dos mais importantes aspectos associados ao estudo das demonstrações contábeis”. O autor acrescenta ainda que quanto maior a rentabilidade de um investimento, maior a chance de ele criar valor — ou seja, gerar retorno (BRUNI, 2014). A rentabilidade é utilizada com diferentes perspectivas, como, por exemplo, descobrir se a empresa tem gerado lucro e se esse lucro está de acordo com as expectativas ou com as concorrentes. Os indicadores de rentabilidade mais utilizados pelas sociedades por ações são: � índices de margem; � índices de utilização de ativos; � índices de retorno sobre o capital próprio. Adiante, saberemos um pouco mais sobre cada um desses índices. Índices de margem Os índices de margem são aqueles que apresentam os ganhos da empresa em relação aos produtos e/ou serviços vendidos. Como você já sabe, existem dois indicadores relacionados à margem: o índice margem operacional e o índice margem líquida. Enquanto o índice margem operacional se dedica a descobrir qual o lucro operacional da empresa por unidade vendida, o índice margem líquida mostra o lucro líquido obtido para cada real de receita líquida. Para o cálculo de cada um desses indicadores, é necessário obter informações na demonstração do resultado do exercício. A demonstração do resultado do exercício é um demonstrativo financeiro que apresenta toda a composição do resultado de uma empresa em um determinado exercício social. Sendo assim, nesse demonstrativo é possível verificar todas as receitas auferidas e todas as despesas incorridas pela empresa em um período de tempo. O lucro operacional consiste no lucro gerado exclusivamente pela atividade fim da empresa, isto é, aquela para qual a empresa foi criada (por exemplo: atividade industrial nas indústrias, atividade comercial no comércio, presta- ção de serviços nos prestadores de serviços). Esse valor é obtido mediante o confronto entre as receitas operacionais e as despesas administrativas, comerciais e operacionais. Alguns indicadores de rentabilidade usados pelas sociedades por ações2 O lucro líquido, por sua vez, é obtido como o resultado de todas as atividades realizadas pela empresa. Logo, todo o valor gerado por receitas é deduzido das despesas, inclusive com os tributos incidentes sobre o lucro. Tanto para a margem operacional quanto para a margem líquida, o que se deve compreender é que: quanto maior, melhor. Índices de utilização de ativos Os índices de utilização de ativos dizem respeito à eficiência do negócio. Existem diferentes índices que se relacionam à utilização de ativos, como os relacionados ao controle de contas a receber e gestão de estoques. Entretanto, dois dos principais indicadores relacionados à rentabilidade e que são utilizados pelas sociedades por ações se destacam: o retorno sobre o ativo (ROA) e o giro do ativo. O ROA, como você já sabe, calcula a rentabilidade dos ativos da empresa, isto é, o quanto cada investimento aplicado na empresa gera — ignorando a sua origem. Esse índice mede a capacidade da empresa de aplicar com eficiência seus recursos, verificando qual o retorno obtido para cada real que compõe o ativo da empresa. Dessa forma, quanto maior o resultado do indicador, melhor será para o investidor. O patrimônio de uma empresa é composto por seus bens, direitos e obrigações. O ativo de uma empresa corresponde aos recursos controlados pela entidade, que advêm de eventos passados e dos quais esperam-se benefícios econômicos futuros. Como exemplo, citam-se valores aplicados em caixa, valores a receber de clientes, valores investidos em operações financeiras, valores investidos em máquinas, etc. 3Alguns indicadores de rentabilidade usados pelas sociedades por ações O giro do ativo, por sua vez, relaciona as vendas líquidas da empresa aos seus ativos. Conforme Bruni (2014), o cálculo do giro do ativo é obtido a partir da fórmula: Giro do ativo = vendas líquidas / ativo médio Para o cálculo do giro do ativo são necessárias, portanto, as informações decorrentes da demonstração do resultado do exercício (vendas líquidas) e do balanço patrimonial (ativo médio). O ativo médio é obtido a partir da média aritmética entre o saldo inicial do ativo e o saldo final do ativo. Por exemplo: se são analisadas as vendas líquidas do ano de 2018, o ativo médio será calculado a partir dos valores de ativo em 01/01/2018 e 31/12/2018. Assim sendo, em uma empresa que possui vendas líquidas de R$ 300 e R$ 200 de ativos médios, apresenta um giro do ativo de 1,5: Giro do ativo = 300 / 200 O giro do ativo é de 1,50. Esse cálculo apresentado informa que, para cada real aplicado em ativos, a empresa gera 1,50 de lucro. A intepretação do giro do ativo admite que quanto maior o resultado, melhor. Índices de retorno sobre o capital próprio O índice de retorno sobre o capital próprio é um indicador de rentabilidade bastante usado por investidores, pois ele apresenta a rentabilidade dos valores investidos a partir do capital próprio da empresa, isto é, o valor empregado pelos sócios. Esse índice é conhecido como retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) e para o seu cálculo é necessário obter informações na demonstração do resultado do exercício e no balanço patrimonial. Alguns indicadores de rentabilidade usados pelas sociedades por ações4 Da demonstração do resultado do exercício, utiliza-se o lucro líquido do exercício, e do balanço patrimonial, utiliza-se o patrimônio líquido médio. Ele demonstra, portanto, “o retorno sobre o capital investido pelos acionistas” (BRUNI, 2014, p. 214). Valor patrimonial da ação Como você já sabe, as sociedades por ações são aquelas que dividem seu capital em diferentes partes. Essas partes são chamadas de ações. Portanto, uma ação é a menor parcela de uma companhia. Ao obter uma ação, a pessoa torna-se sócia da empresa. O Me poupe! é um blog sobre o mercado de capitais, criado por Nathalia Arcuri, e que traz muitas informações sobre ações. Ela tem um canal no YouTube e um vídeo que trata especificamente sobre ações para iniciantes (TIPOS..., 2017). Clique no link para saber mais: https://goo.gl/uH6HmV O valor patrimonial da ação (VPA) é um indicador bastante utilizado para análise de investimentos em ações, principalmente no que tange à comparação dos preços, que é o indicador mais comum de ser utilizado. Para descobrir o VPA de uma empresa, deve-se dividir o patrimônio líquido da empresa por todas as suas ações. VPA = patrimônio líquido / número de ações Cada ação possui um valor patrimonial. Assim sendo, o VPA exprime quanto cada ação vale no patrimônio da empresa. Observe o exemplo a seguir. 5Alguns indicadores de rentabilidade usados pelas sociedadespor ações A Companhia ABC é uma sociedade por ações e, ao se tornar uma sociedade por ações, decidiu que emitiria 10.000 ações. Seu patrimônio líquido, na data da emissão das ações, era de R$ 50.000. VPA = 50.000 / 10.000 Sendo assim, cada ação tinha um valor patrimonial de R$ 5. Imagine, agora, que no ano seguinte a empresa continua com 10.000 ações, mas seu patrimônio líquido mudou para R$ 58.000. A ação passou a ter um valor patrimonial de R$ 5,80. Ou seja: houve um aumento decorrente do aumento do patrimônio líquido. Esse é o valor patrimonial da ação. Uma outra forma de compreender o VPA é analisá-lo em relação ao seu preço de mercado. Sabemos que o VPA das ações da Companhia ABC é de R$ 5,80. No mercado, a ação custa R$ 10. O indicador que temos para explicar o valor que as pessoas estão dispostas a pagar pelas ações da ABC é obtido mediante o cálculo de divisão do valor que o mercado paga pelo VPA: Preço/VPA = 10 / 5,80 Isso significa que o mercado se dispõe a pagar 1,72 vez o VPA da Com- panhia ABC. Após isso ser compreendido, vamos entender como calcular a rentabilidade das ações. Rentabilidade de ações A rentabilidade das ações diz respeito ao quanto rendem, e saber como calcular e interpretar esse indicador é muito importante para a escolha de uma ação com perspectivas de ganhos. Para descobrir a rentabilidade de uma ação, é necessário comparar os fluxos de caixa gerados e o valor recebido por ela: Rentabilidade de ação = (fluxos de caixa / valor inicial) × 100 Alguns indicadores de rentabilidade usados pelas sociedades por ações6 A rentabilidade das ações é traduzida pela valorização do patrimônio da empresa, ou seja, pelo quanto o preço da ação aumentou em relação ao seu preço médio de compra. Confira um exemplo. Imagine que você comprou 1.000 ações da empresa ABC ao preço unitário de: R$ 10,00 : 1.000 × 10 = R$ 10.000 Portanto, você comprou R$ 10.000 em ações da ABC. No final de um período, você consegue vender essas ações por R$ 10.950 — isto é, você obteve fluxos de caixa anual de R$ 950. Rentabilidade de ação = (950 / 10.000) × 100 A rentabilidade das suas ações foi de 9,5%. Dessa forma, é importante conhecer a rentabilidade das ações para decidir, entre diferentes ações, qual vale mais a pena ou também analisar se vale a pena manter essa ação em sua carteira de investimentos. Agora, se você quer recuperar totalmente o valor investido e quer saber quanto tempo levará para isso, existem cálculos para descobrir o que chamamos de período de retorno de um investimento (PRI). Você já sabe que o retorno sobre o investimento (ROI) é calculado a partir da receita gerada em razão do valor investido. A partir do valor da rentabilidade da ação, você descobrirá o percentual retornado ao ano e, com essa estimativa, será capaz de conhecer a quantidade de tempo que demorará o retorno: Tempo de retorno = 100% / % do retorno Esse dado é obtido em meses ou anos, dependendo dos dados utilizados. No caso da empresa ABC, o investimento realizado demorará 10,5 anos para obter o retorno desejado. De acordo com Brigham e Ehrhardt (2016, p. 351), “descobrir o PRI é fundamental para a decisão dos investidores”. 7Alguns indicadores de rentabilidade usados pelas sociedades por ações BRIGHAM, E. F.; EHRHARDT, M. C. Administração financeira: teoria e prática. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2016. BRUNI, A. L. A análise contábil e financeira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2014. v. 4. TIPOS de ações para leigos! Estreia Nath+ação: a bolsa de valores como você nunca viu. Videoaula ministrada por Nathalia Arcuri. [S. l.], 2017. 1 vídeo (8min12s). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=82I7CEe5bRc>. Acesso em: 28 nov. 2018. Leitura recomendada GRIFFIN, M. P. Contabilidade e finanças. São Paulo: Saraiva, 2017. Alguns indicadores de rentabilidade usados pelas sociedades por ações8 Conteúdo: PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO PÚBLICO Análise das demonstrações financeiras Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar as demonstrações contábeis passíveis de análise. � Resolver os cálculos dos indicadores econômicos e financeiros. � Analisar os resultados obtidos com os cálculos dos indicadores eco- nômicos e financeiros. Introdução As demonstrações contábeis fornecem informações úteis e fidedignas que refletem as operações realizadas pelas entidades em determinado período. A administração da entidade é responsável pela elaboração des- sas demonstrações, cuja finalidade é auxiliar os usuários com informações sobre o desempenho (lucro ou prejuízo) da organização. Por meio das demonstrações contábeis, a entidade pode calcular indicadores capazes de avaliar a sua situação econômico-financeira. Contudo, para uma avaliação eficiente e sem distorções, a entidade pre- cisa comparar esses indicados com a média do setor e entre dois ou mais períodos. Portanto, faz-se imprescindível que a entidade conheça os cálculos dos indicadores, bem como a sua utilidade para compreender a realidade da organização, a fim de utilizar essa informação para o processo de tomada de decisão. Neste capítulo, você conhecerá as demonstrações contábeis passíveis de análise. Além disso, verá exemplos de cálculos dos indicadores eco- nômicos e financeiros, bem como a análise dos seus resultados. 1 Demonstrações contábeis As demonstrações contábeis evidenciam os efeitos patrimoniais e financeiros, o desempenho e o fluxo de caixa da entidade de forma estruturada e simpli- ficada aos usuários das informações (acionistas, sócios, administradores, funcionários, consumidores, fornecedores, governo e instituições financeiras). Por meio delas, são fornecidas informações fidedignas e relevantes, capazes de ajudar na análise e na avaliação da tomada de decisão, permitindo o alcance dos objetivos de todos os interessados. O item 10 da NBC TG 26 (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILI- DADE [CFC], 2009) determina que o conjunto completo das demonstrações contábeis se constitui pelo: � balanço patrimonial; � demonstração do resultado do exercício (DRE); � demonstração do resultado abrangente (DRA); � demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL); � demonstração dos fluxos de caixa (DFC); � demonstração do valor adicionado (DVA); � notas explicativas. Embora as demonstrações contábeis apresentem finalidades diferentes, elas são complementares e consistentes entre si. Ou seja, é possível associar os dados de uma demonstração contábil com as demais. A análise das demonstrações financeiras considera o cálculo e a avaliação de quocientes, que relacionam, principalmente, itens e grupos do balanço patrimonial e da DRE. Balanço patrimonial O balanço patrimonial demonstra, de forma quali e quantitativa, a situação patrimonial e financeira da entidade (art. 178 da Lei nº. 6.404/76). Contudo, a sua posição é estática, pois apresenta o patrimônio da companhia em um determinado período. Análise das demonstrações financeiras2 Demonstração do resultado do exercício A DRE mostra a situação econômica de uma entidade por meio da apuração do resultado (lucro ou prejuízo), o qual se traduz na diferença entre o valor total das receitas realizadas e o valor das despesas incorridas em um determinado período, segundo o regime de competência. A utilização de quocientes permite comparar, por exemplo, o ativo circu- lante com o passivo circulante, em vez de analisar cada um dos elementos de forma individual (IUDÍCIBUS, 2017). Ademais, o analista consegue comparar os quocientes com padrões preestabelecidos e captar tendências capazes de contribuir para a tomada de decisão. De acordo com Iudícibus (2017), a periodicidade da análise dependerá dos objetivos a serem alcançados pelos usuários. Para finalidades externas, o cálculo anual ou semestral pode atender satisfatoriamente aos usuários. Já para a análise interna, os índices podem demandar acompanhamento mensal, outros até intervalos maiscurtos, de- pendendo do panorama contábil-financeiro da organização. Recomenda-se a realização de uma comparação dos indicadores econômico-financeiros com o setor de atividade (i.e., comparação do resultado da companhia em estudo com os seus concorrentes mais relevantes ou a média do mercado). 2 Indicadores econômico-financeiros Segundo Perez Junior e Begalli (2015, p. 313), os indicadores compreendem “a relação entre contas ou grupos de contas das demonstrações financeiras, que visa evidenciar determinado aspecto da situação econômica ou financeira de uma empresa”. Dependendo do interesse do usuário, podem ser extraídos das demonstrações contábeis um número maior ou menor de indicadores para análise (RIBEIRO, 2018). Em geral, a análise dos indicadores é desenvolvida por meio dos indicadores de liquidez, estrutura de capital, rentabilidade e atividade, apresentados a seguir. 3Análise das demonstrações financeiras Indicadores de liquidez Os indicadores de liquidez são utilizados para verificar a capacidade de paga- mento da entidade (MARION, 2019). De maneira geral, existem os seguintes índices de liquidez: � liquidez corrente; � liquidez seca; � liquidez geral; � liquidez imediata. A liquidez corrente relaciona quanto a entidade dispõe de bens e direitos a curto prazo (disponíveis e conversíveis em dinheiro) em relação às suas obrigações a curto prazo (IUDÍCIBUS, 2017). Em geral, é considerada como o melhor indicador de análise de liquidez nas empresas. A liquidez corrente é calculada por meio da seguinte fórmula: A liquidez seca, por sua vez, demonstra o quanto a entidade dispõe de itens de maior liquidez do ativo circulante para saldar as suas obrigações de curto prazo (ASSAF NETO, 2015). Ela é calculada por meio da seguinte fórmula: Já a liquidez geral evidencia a capacidade de pagamento da entidade a curto e longo prazos, considerando todas as contas que serão convertidas em dinheiro (ALMEIDA, 2019). Ela é utilizada como medida de segurança financeira da entidade a longo prazo, demonstrando a sua capacidade de saldar os seus compromissos (ASSAF NETO, 2015). A liquidez geral é calculada por meio da seguinte fórmula: Análise das demonstrações financeiras4 Por fim, a liquidez imediata revela a capacidade da empresa de saldar as dívidas de curto prazo imediatamente. Normalmente, essa liquidez é baixa, devido ao pouco interesse das companhias em manterem recursos monetários em caixa (ASSAF NETO, 2015). A liquidez imediata é calculada por meio da seguinte fórmula: No quadro a seguir, é apresentado o balanço patrimonial de uma sociedade empresarial em 31 de dezembro de 20X1. 31/12/20X0 31/12/20X1 31/12/20X0 31/12/20X1 Disponi- bilidades 3.036 3.484 Forne- cedores 2.544 3.159 Contas a rece- ber de clientes 3.912 3.718 Emprés- timos a pagar 2.832 3.276 Apli- cações financeiras 1.872 2.171 Impos- tos a recuperar 2.436 2.717 Estoques 3.180 4.407 Salários a pagar 1.188 1.534 Ativo circulante 12.000 13.780 Passivo circu- lante 9.000 10.686 Realizável a longo prazo 2.376 2.886 Emprés- timos a pagar 1.872 1.794 Investi- mento 2.760 3.289 Passivo não cir- culante 1.872 1.794 5Análise das demonstrações financeiras 31/12/20X0 31/12/20X1 31/12/20X0 31/12/20X1 Imobi- lizado 3.744 4.524 Capital social 6.600 7.280 Intangível 1.920 2.171 Reserva de lucros 5.328 6.890 Ativo não circulante 10.800 12.870 Patri- mônio líquido 11.928 14.170 Ativo total 22.800 26.650 Passivo + patri- mônio líquido 22.800 26.650 Para o cálculo da liquidez corrente em 31/12/20X0 e 31/12/20X1, aplica-se a seguinte fórmula: Liquidez corrente 31/12/20X0 = ativo circulante/passivo circulante Liquidez corrente 31/12/20X0 = R$ 12.000/R$ 9.000 Liquidez corrente 31/12/20X0 = 1,33 Liquidez corrente 31/12/20X1 = Ativo circulante/passivo circulante Liquidez corrente 31/12/20X1 = R$ 13.780/R$ 10.686 Liquidez corrente 31/12/20X1 = 1,29 Para cada R$ 1,00 de passivo circulante, a entidade tem ativos circulantes de R$ 1,33, em 20X0, e R$ 1,29, em 20X1. O índice apresentou uma queda entre os anos, o que é explicado pelo aumento de 18,73% do passivo circulante (R$ 9.000, em 20X0, para R$ 10.686, em 20X1). Para o cálculo da liquidez seca em 31/12/20X0 e 31/12/20X1, aplica-se a seguinte fórmula: Liquidez seca 31/12/20X0 = (ativo circulante – estoques – despesas pagas antecipadamente) / passivo circulante Liquidez seca 31/12/20X0 = (R$ 12.000 – R$ 3.180) / R$ 9.000 Liquidez seca 31/12/20X0 = 0,98 Liquidez seca 31/12/20X1 = (ativo circulante – estoques – despesas pagas antecipadamente) / passivo circulante Liquidez seca 31/12/20X1 = (R$ 13.780 – R$ 4.407) / R$ 10.686 Liquidez seca 31/12/20X1 = 0,88 Análise das demonstrações financeiras6 Para cada R$ 1,00 de passivo circulante, a entidade tem ativos líquidos de R$ 0,88, em 20X0, e R$ 0,88, em 20X1. O índice apresentou uma queda entre os anos, o que é explicado pelo aumento de 18,73% do passivo circulante (R$ 9.000, em 20X0, para R$ 10.686, em 20X1). Ademais, parte do aumento do ativo entre 20X0 e 20X1 foi em virtude dos estoques, que são desconsiderados no cálculo do índice de liquidez seca. Para o cálculo da liquidez geral em 31/12/20X0 e 31/12/20X1, aplica-se a seguinte fórmula: Liquidez geral 31/12/20X0 = (ativo circulante + ativo realizável a longo prazo) / (passivo circulante + passivo não circulante) Liquidez geral 31/12/20X0 = (R$ 12.000 + R$ 2.376) / (R$ 9.000 + R$ 1.872) Liquidez geral 31/12/20X0 = R$ 14.376 / R$ 10.872 Liquidez geral 31/12/20X0 = 1,32 Liquidez geral 31/12/20X1 = (ativo circulante + ativo realizável a longo prazo) / (passivo circulante + passivo não circulante) Liquidez geral 31/12/20X1 = (R$ 13.780 + R$ 2.886) / (R$ 10.686 + R$ 1.794) Liquidez geral 31/12/20X1 = R$ 16.666/R$ 12.480 Liquidez geral 31/12/20X1 = 1,34 Para cada R$ 1,00 de dívida total de curto e longo prazos, a entidade tem ativos circulantes e realizáveis a longo prazo de R$ 1,32, em 20X0, e R$ 1,34, em 20X1. O índice apresentou uma melhora entre os anos, o que é explicado pela diminuição de 4,17% do passivo não circulante (amortização do empréstimo) e pelo aumento de 21,46% no ativo não realizável a longo prazo. Indicadores de estrutura de capital Os indicadores de estrutura de capital analisam o endividamento da entidade, relacionando-o com os capitais de terceiros (passivos) investidos nos negó- cios da entidade (ALMEIDA, 2019). Para isso, são utilizados os seguintes indicadores: � índice de endividamento geral; � índice de relação de capitais de terceiros e capitais próprios; � índice de composição do endividamento; � índice de imobilização de capitais próprios. 7Análise das demonstrações financeiras O índice de endividamento geral demonstra o percentual de participação de recursos de terceiros no total de recursos captados pela entidade (ALMEIDA, 2019). Ele é calculado por meio da seguinte fórmula: onde: Passivo total = passivo circulante + passivo não circulante O índice de relação de capitais de terceiros e capitais próprios, por sua vez, reflete o percentual de recursos de terceiros em relação aos recursos próprios. Ele é calculado por meio da seguinte fórmula: De acordo com Almeida (2019, p. 146), o índice de composição do endi- vidamento retrata “[…] o percentual de capitais de terceiros de curto prazo (passivo circulante) em relação ao total dos capitais de terceiros (passivo circulante e passivo não circulante)”. Ele é calculado por meio da seguinte fórmula: onde: Passivo total = passivo circulante + passivo não circulante Por fim, o índice de imobilização de capitais próprios ou imobilização do patrimônio líquido evidencia o percentual aplicado ao ativo não circulante imobilizado em relação ao patrimônio líquido. Ele é calculado por meio da seguinte fórmula: Análise das demonstrações financeiras8 Uma sociedade empresarial apresentou o seguinte balanço patrimonial em 31 de dezembro de 20X1: 31/12/20X0 31/12/20X1 31/12/20X0 31/12/20X1Disponi- bilidades 3.036 3.484 Fornece- dores 2.544 3.159 Contas a receber de clientes 3.912 3.718 Emprés- timos a pagar 2.832 3.276 Aplicações financeiras 1.872 2.171 Impostos a recuperar 2.436 2.717 Estoques 3.180 4.407 Salários a pagar 1.188 1.534 Ativo circulante 12.000 13.780 Passivo circulante 9.000 10.686 Realizável a longo prazo 2.376 2.886 Emprés- timos a pagar 1.872 1.794 Investi- mento 2.760 3.289 Passivo não circulante 1.872 1.794 Imobilizado 3.744 4.524 Capital social 6.600 7.280 Intangível 1.920 2.171 Reserva de lucros 5.328 6.890 Ativo não circulante 10.800 12.870 Patrimô- nio líquido 11.928 14.170 Ativo total 22.800 26.650 Passivo + patri- mônio líquido 22.800 26.650 9Análise das demonstrações financeiras Para o cálculo do índice de endividamento geral em 31/12/20X0 e 31/12/20X1, aplica- -se a seguinte fórmula: Endividamento geral 31/12/20X0 = [passivo total / (passivo total + patrimônio líquido)] × 100 Endividamento geral 31/12/20X0 = [(R$ 9.000 + R$ 1.872) / (R$ 22.800)] × 100 Endividamento geral 31/12/20X0 = 47,68% Endividamento geral 31/12/20X1 = [passivo total / (passivo total + patrimônio líquido)] × 100 Endividamento geral 31/12/20X1 = [(R$ 10.686 + R$ 1.794) / (R$ 26.650)] × 100 Endividamento geral 31/12/20X1 = 46,83% Para cada R$ 1,00 de capitais disponíveis, a entidade tem obrigação de pagar R$ 0,48, em 20X0, e R$ 0,47, em 20X1. Não houve uma mudança brusca nesse indicador, e pode-se dizer que ele se manteve estável. Para o cálculo do índice de relação de capitais de terceiros com capitais próprios em 31/12/20X0 e 31/12/20X1, aplica-se a seguinte fórmula: Relação de capitais de terceiros com capitais próprios 31/12/20X0 = (passivo total/patrimônio líquido) × 100 Relação de capitais de terceiros com capitais próprios 31/12/20X0 = [(R$ 9.000 + R$ 1.872) / (R$ 11.928)] × 100 Relação de capitais de terceiros com capitais próprios 31/12/20X0 = 91,15% Relação de capitais de terceiros com capitais próprios 31/12/20X1 = (passivo total/patrimônio líquido) × 100 Relação de capitais de terceiros com capitais próprios 31/12/20X1 = [(R$ 10.686 + R$ 1.794) / (R$ 14.170)] × 100 Relação de capitais de terceiros com capitais próprios 31/12/20X1 = 88,07% Para cada R$ 1,00 de capitais próprios, a entidade tem dívidas com terceiros de R$ 0,91, em 20X0, e R$ 0,88, em 20X1. Pode-se observar uma diminuição no índice, em decorrência do aumento de 16,89% no patrimônio líquido (principalmente reserva de lucros) entre os anos. Para o cálculo do índice de composição de endividamento em 31/12/20X0 e 31/12/20X1, aplica-se a seguinte fórmula: Composição de endividamento 31/12/20X0 = (passivo circulante/passivo total) × 100 Composição de endividamento 31/12/20X0 = [R$ 9.000 / (R$ 9.000 + R$ 1.872)] × 100 Composição de endividamento 31/12/20X0 = 82,78% Composição de endividamento 31/12/20X1 = (passivo circulante/passivo total) × 100 Composição de endividamento 31/12/20X1 = [R$ 10.686 / (R$ 10.686 + R$ 1.794)] × 100 Composição de endividamento 31/12/20X1 = 85,63% Análise das demonstrações financeiras10 Em 20X0, a entidade tinha 82,78% de capitais terceiros de curto prazo em relação ao total dos capitais de terceiros. No ano seguinte, a composição do endividamento passou para 85,63%, em virtude do aumento de 18,73% do passivo circulante (principalmente fornecedores e salários a pagar). Para o cálculo do índice de imobilização do patrimônio líquido em 31/12/20X0 e 31/12/20X1, aplica-se a seguinte fórmula: Imobilização do patrimônio líquido 31/12/20X0 = (ativo não circulante imobilizado/ patrimônio líquido) × 100 Imobilização do patrimônio líquido 31/12/20X0 = (R$ 3.744/R$ 11.928) × 100 Imobilização do patrimônio líquido 31/12/20X0 = 31,39% Imobilização do patrimônio líquido 31/12/20X1 = (ativo não circulante imobilizado/ patrimônio líquido) × 100 Imobilização do patrimônio líquido 31/12/20X1 = (R$ 4.524/R$ 14.170) × 100 Imobilização do patrimônio líquido 31/12/20X1 = 31,93% Para cada R$ 1,00 do patrimônio líquido, a entidade tem obrigação de pagar R$ 0,31, em 20X0, e R$ 0,32, em 20X1. Não houve uma mudança brusca nesse indicador, e pode-se dizer que ele se manteve estável. Indicadores de rentabilidade Os indicadores de rentabilidade avaliam o desempenho econômico da entidade, relacionando o lucro apurado na DRE com diferentes parâmetros, tais como vendas, ativos e patrimônio líquido (ALMEIDA, 2019). Em geral, os analistas utilizam quatro índices: � retorno das vendas ou margem líquida; � retorno sobre ativos; � rentabilidade sobre o patrimônio líquido. O retorno das vendas ou margem líquida demonstra o percentual do resultado líquido da entidade em um determinado exercício comparado ao seu faturamento. Ele é calculado por meio da seguinte fórmula: 11Análise das demonstrações financeiras Já o retorno sobre ativos evidencia o potencial de geração de lucros da entidade em relação ao investimento nos ativos. Ele é calculado por meio da seguinte fórmula: Por fim, a rentabilidade sobre o patrimônio líquido mostra o percentual de lucratividade obtido pelo capital próprio investido pelo capital próprio investido na entidade. Ela é calculada por meio da seguinte fórmula: Uma sociedade empresarial apresentou o balanço patrimonial e DRE em 31 de de- zembro de 20X1: 31/12/20X0 31/12/20X1 31/12/20X0 31/12/20X1 Disponi- bilidades 3.036 3.484 Fornece- dores 2.544 3.159 Contas a receber de clientes 3.912 3.718 Emprés- timos a pagar 2.832 3.276 Aplicações financeiras 1.872 2.171 Impostos a recuperar 2.436 2.717 Estoques 3.180 4.407 Salários a pagar 1.188 1.534 Ativo circulante 12.000 13.780 Passivo circulante 9.000 10.686 Realizável a longo prazo 2.376 2.886 Emprés- timos a pagar 1.872 1.794 Análise das demonstrações financeiras12 31/12/20X0 31/12/20X1 31/12/20X0 31/12/20X1 Investi- mento 2.760 3.289 Passivo não circulante 1.872 1.794 Imobilizado 3.744 4.524 Capital social 6.600 7.280 Intangível 1.920 2.171 Reserva de lucros 5.328 6.890 Ativo não circulante 10.800 12.870 Patrimô- nio lí- quido 11.928 14.170 Ativo total 22.800 26.650 Passivo + patri- mônio líquido 22.800 26.650 31/12/20X0 31/12/20X1 Receita bruta de vendas 67.800 74.580 ( – ) Tributos sobre vendas (8.136) (8.950) ( – ) Devolução de vendas (3.390) (3.729) ( – ) Descontos incondicionais concedidos (6.780) (8.203) = Receita líquida 49.494 53.698 (–) Custo das mercadorias vendidas (23.730) (25.357) (=) Resultado bruto 25.764 28.341 ( – ) Despesas com vendas (9.492) (10.900) ( – ) Despesas gerais e administrativas (11.526) (12.679) ( – ) Outras despesas (860) (972) = Resultado antes das receitas e das despesas financeiras 3.886 3.790 13Análise das demonstrações financeiras 31/12/20X0 31/12/20X1 ( – ) Despesas financeiras (1.540) (1.650) ( + ) Receitas financeiras 1.360 1.420 = Resultado antes dos impostos e das participações 3.706 3.560 ( – ) Despesas com imposto de renda e contribuição social (1.491) (1.367) ( – ) Participação dos administradores (593) (631) (=) Lucro líquido do exercício 1.622 1.562 Para o cálculo do retorno das vendas em 31/12/20X0 e 31/12/20X1, aplica-se a seguinte fórmula: Retorno das vendas 31/12/20X0 = (resultado líquido/receita líquida de vendas) × 100 Retorno das vendas 31/12/20X0 = (R$ 1.622/ R$ 49.494) × 100 Retorno das vendas 31/12/20X0 = 3,28% Retorno das vendas 31/12/20X1 = (resultado líquido/receita líquida de vendas) × 100 Retorno das vendas 31/12/20X1 = (R$ 1.562/ R$ 53.698) × 100 Retorno das vendas 31/12/20X1 = 2,91% Para cada R$ 1,00 de vendas, a entidade apura resultado líquido de R$ 0,03 em 20X0 e em 20X1. Não houve uma mudança brusca nesse indicador, e pode-se dizer que ele se manteve estável. Para o cálculo do retorno sobre ativos em 31/12/20X0 e 31/12/20X1, aplica-se a seguinte fórmula: Retorno sobre ativos 31/12/20X0 = (resultado líquido/ativo total) × 100 Retorno sobre ativos 31/12/20X0 = (R$ 1.622/R$ 22.800) × 100 Retorno sobre ativos 31/12/20X0 = 7,11% Retorno sobre ativos 31/12/20X1 = (resultado líquido/ativo total) × 100 Retorno sobre ativos 31/12/20X1 = (R$ 1.562/ R$ 26.650) × 100 Retorno sobre ativos 31/12/20X1 = 5,86% Para cada R$ 1,00 em investimento no ativo, a entidade apura resultado líquido de R$ 0,07, em 20X0, e R$ 0,06, em 20X1. A diminuição desse índice se deve ao aumento de 16,89% do ativo total (principalmente imobilizado e estoques) entre os dois períodos. Análise das demonstrações financeiras14 Para o cálculo da rentabilidade sobre o patrimônio líquido em 31/12/20X0 e 31/12/20X1, aplica-se a seguinte fórmula: Rentabilidade sobre o patrimônio líquido 31/12/20X0 = (resultado líquido/ patrimônio líquido) × 100 Rentabilidade sobre o patrimônio líquido 31/12/20X0 = (R$ 1.622/ R$ 11.928) × 100 Rentabilidade sobre o patrimônio líquido 31/12/20X0 = 13,60% Rentabilidade sobre o patrimônio líquido 31/12/20X1 = (resultado líquido/ patrimônio líquido) × 100 Rentabilidade sobre o patrimônio líquido 31/12/20X1 = (R$ 1.562/ R$ 14.170) × 100 Rentabilidade sobre o patrimônio líquido 31/12/20X1 = 11,02% Para cada R$ 1,00 de capital próprio investido, há retorno de R$ 0,14, em 20X0, e R$ 0,11, em 20X1. A redução do indicador se deve ao aumento de 18,79% do patrimônio líquido (principalmente reserva de lucros). Indicadores de atividade Os indicadores de atividade expressam relacionamentos dinâmicos que impactam, direta ou indiretamente, a posição de liquidez e rentabilidade. Em geral, os analistas avaliam os seguintes indicadores: � prazo médio de estocagem; � prazo médio de fabricação; � prazo médio de venda; � prazo médio de cobrança; � prazo médio de pagamento a fornecedores; � ciclo operacional; � ciclo financeiro. O prazo médio de estocagem (PME) compreende o tempo médio verifi- cado desde a aquisição do material até́ a sua requisição na produção, ou seja, o tempo médio (em dias) que a matéria-prima permanece no estoque até ser consumida no processo de produção. Ele é calculado por meio da seguinte fórmula: PME = (estoque médio de matéria-prima/custo das mercadorias vendidas) × 360 15Análise das demonstrações financeiras Se a análise for sobre a efetividade da gestão dos estoques, o analista pode utilizar o giro de estoque, por meio do qual avaliará o número de vezes que a entidade repôs o seu estoque em virtude das vendas. O giro de estoque é calculado por meio da seguinte fórmula: Giro de estoque = custo dos produtos vendidos/ estoque médio de produtos acabados O prazo médio de fabricação (PMF) consiste no tempo médio (em dias) que a companhia precisa para realizar a fabricação de seus produtos. Ele pode ser calculado por meio da seguinte fórmula: PMF = (estoque médio de produtos em elaboração/ custo das mercadorias vendidas) × 360 O prazo médio de vendas (PMV) ou prazo médio de estocagem dos produtos acabados evidencia o tempo médio (em dias) que o produto gasta desde a sua fabricação até́ a venda, ou seja, o prazo que o produto acabado permanece em estoque até ser vendido. Ele pode ser calculado por meio da seguinte fórmula: PMV = (estoque médio de produtos acabados/ custo das mercadorias vendidas) × 360 O prazo médio de cobrança (PMC) compreende o prazo médio (em dias) que a companhia espera para receber as vendas realizadas. Ele pode ser calculado por meio da seguinte fórmula: PMC = (duplicatas a receber (média)/receita operacional líquida) × 360 Análise das demonstrações financeiras16 Se a análise for relacionada ao número de vezes que a entidade recebe as suas vendas a prazo, será utilizado o giro do contas a receber, calculado por meio da seguinte fórmula: Giro do contas a receber = receita operacional líquida/duplicatas a receber (média) O prazo médio de pagamento a fornecedores (PMPF) representa o tempo médio (em dias) que a companhia efetua os pagamentos das matérias- -primas adquiridas junto aos fornecedores. Ele pode ser calculado por meio da seguinte fórmula: PMPF = (fornecedores a pagar (média)/compras) × 360 Se a análise for relacionada ao número de vezes que a companhia conseguiu saldar os seus compromissos com os fornecedores, será utilizada a rotação de fornecedores, calculada por meio da seguinte fórmula: Rotação dos fornecedores = compras/fornecedores a pagar (média) O ciclo operacional mostra em quantos dias, em média, a empresa adquiriu matérias-primas no tempo de produção de seus produtos, nos períodos de estocagem e no recebimento de suas vendas. Dessa maneira, o cálculo do ciclo operacional será o somatório de todos os prazos médios, conforme a fórmula a seguir: Ciclo operacional = PME + PMF + PMV + PMC 17Análise das demonstrações financeiras O ciclo financeiro, por sua vez, compreende o tempo médio transcorrido desde a primeira até a última movimentação financeira do ciclo operacional (BAZZI, 2019). Dessa maneira, ele é calculado da seguinte forma: Ciclo financeiro = ciclo operacional – prazo médio de pagamento a fornecedores Uma sociedade empresarial apresentou o balanço patrimonial e a DRE em 31 de dezembro de 20X1: 31/12/20X0 31/12/20X1 31/12/20X0 31/12/20X1 Disponi- bilidades 3.036 3.484 Fornece- dores 2.544 3.159 Contas a receber de clientes 3.912 3.718 Emprés- timos a pagar 2.832 3.276 Aplicações financeiras 1.872 2.171 Impostos a recuperar 2.436 2.717 Estoques 3.180 4.407 Salários a pagar 1.188 1.534 Ativo circulante 12.000 13.780 Passivo circulante 9.000 10.686 Realizável a longo prazo 2.376 2.886 Emprés- timos a pagar 1.872 1.794 Investi- mento 2.760 3.289 Passivo não circulante 1.872 1.794 Imobilizado 3.744 4.524 Capital social 6.600 7.280 Intangível 1.920 2.171 Reserva de lucros 5.328 6.890 Análise das demonstrações financeiras18 31/12/20X0 31/12/20X1 31/12/20X0 31/12/20X1 Ativo não circulante 10.800 12.870 Patrimô- nio lí- quido 11.928 14.170 Ativo total 22.800 26.650 Passivo + patri- mônio líquido 22.800 26.650 31/12/20X0 31/12/20X1 Receita bruta de vendas 67.800 74.580 ( – ) Tributos sobre vendas (8.136) (8.950) ( – ) Devolução de vendas (3.390) (3.729) ( – ) Descontos incondicionais concedidos (6.780) (8.203) = Receita líquida 49.494 53.698 ( – ) Custo das mercadorias vendidas (23.730) (25.357) (=) Resultado bruto 25.764 28.341 ( – ) Despesas com vendas (9.492) (10.900) ( – ) Despesas gerais e administrativas (11.526) (12.679) ( – ) Outras despesas (860) (972) = Resultado antes das receitas e das despesas financeiras 3.886 3.790 ( – ) Despesas financeiras (1.540) (1.650) ( + ) Receitas financeiras 1.360 1.420 = Resultado antes dos impostos e das participações 3.706 3.560 ( – ) Despesas com imposto de renda e contribuição social (1.491) (1.367) ( – ) Participação dos administradores (593) (631) (=) Lucro líquido do exercício 1.622 1.562 19Análise das demonstrações financeiras Para o cálculo do PME em 31/12/20X1, considere um estoque médio de matéria- -prima de R$ 1.520: PME = (estoque médio de matéria-prima/custo das mercadorias vendidas) × 360 PME = (R$ 1.520/R$ 25.357) × 360 PME = 22 dias Pode-se concluir que a empresa apresenta, em média, 22 dias para que seus produtos acabados fiquem parados no estoque. Giro de estoque = custo das mercadorias vendidas/ estoque médio de produtos acabados Giro de estoque = R$ 25.357/R$ 1.520 Giro de estoque = 16,80 vezes Pode-se observar que os estoques da sociedade empresária se renovaram 16,80 vezes em virtude das suas vendas. Ou seja, o estoque da empresa demora 21 dias para ser vendido (12 meses dividido por 16,80 vezes). Para o cálculo do PMF em 31/12/20X1, considere um estoque médio de produto em elaboração de R$ 2.160: PMF = (estoque médio de produto em elaboração/ custo das mercadorias vendidas) × 360 PMF = (R$ 2.160/R$ 25.357) × 360 PMF = 31 dias Pode-se concluir que a empresa leva, em média, 31 dias para fabricar o seu produto. Para o cálculo do PMV em 31/12/20X1, considere um estoque médio de produtoacabado de R$ 1.210: PMV = (estoque médio de produto acabado/custo das mercadorias vendidas) × 360 PMV = (R$ 1.210/R$ 25.357) × 360 PMV = 17 dias Pode-se concluir que a empresa leva, em média, 17 dias para vender o seu produto. Para o cálculo do PMC em 31/12/20X1, aplica-se a seguinte fórmula: PMC = (média das duplicatas a receber/receita operacional líquida) × 360 PMC = {[(R$ 3.912+R$ 3.718) / 2] / R$ 53.698} × 360 PMC = 26 dias Pode-se concluir que a empresa leva, em média, 26 dias para receber pelas vendas realizadas. Análise das demonstrações financeiras20 Para o cálculo do giro do contas a receber em 31/12/20X1, aplica-se a seguinte fórmula: Giro do contas a receber = receita operacional líquida/duplicatas a receber (média) Giro do contas a receber = R$ 53.698/R$ 3.815 Giro do contas a receber = 14,07 vezes Pode-se observar que a empresa gira 14,07 vezes até receber por suas vendas. Ou seja, ela espera 26 dias para receber dinheiro pela venda a prazo (12 meses dividido por 14,07 vezes). Para o cálculo ciclo operacional em 31/12/20X1, aplica-se a seguinte fórmula: Ciclo operacional = PME + PMF + PMV + PMC Ciclo operacional = 22 + 31 + 17 + 26 Ciclo operacional = 96 dias Pode-se observar que a empresa apresenta, em média, 96 dias no seu ciclo opera- cional, que contempla a aquisição de matérias-primas até o recebimento de vendas. Para o cálculo do PMPF em 31/12/20X1, considere compras no valor de R$ 19.860: PMPF = (fornecedores a pagar (média)/compras) × 360 PMPF = {[(R$ 3.159 +R$ 2.544) / 2] / R$ 19.860} × 360 PMPF = 52 dias Pode-se concluir que a empresa leva, em média, 90 dias para pagar os seus fornecedores. Para o cálculo do giro do contas a receber em 31/12/20X1, aplica-se a seguinte fórmula Giro do contas a receber = compras/fornecedores a pagar (média) Giro do contas a receber = R$ 19.860/R$ 2.851,50 Giro do contas a receber = 6,96 vezes Pode-se observar que a empresa gira 6,96 vezes para saldar os seus compromissos financeiros com fornecedores. Ou seja, ela espera 1 mês e 22 dias para pagar os seus fornecedores (12 meses dividido por 6,96 vezes). Para o cálculo do ciclo financeiro em 31/12/20X1, aplica-se a seguinte fórmula: Ciclo financeiro = ciclo operacional – PMPF Ciclo financeiro = 96 – 52 Ciclo financeiro = 44 dias Pode-se observar que a empresa apresenta, em média, 44 dias no seu ciclo financeiro, que contempla o tempo para pagar os seus fornecedores até receber as suas vendas. 21Análise das demonstrações financeiras 3 Análise dos indicadores econômico-financeiros A seguir, serão analisados cada um dos indicadores econômico-financeiros. Indicadores de liquidez De acordo com Marion (2019), os índices de liquidez são aplicados para avaliar a capacidade de pagamento da empresa, isto é, eles compreendem uma apre- ciação de se ela apresenta condições para saldar as suas obrigações financeiras. Essa capacidade de pagamento pode ser analisada, considerando-se o prazo imediato, o curto prazo ou o longo prazo. Para avaliar o quanto a companhia dispõe imediatamente (caixa, bancos e aplicações financeiras de curtíssimo prazo) para saldar os compromissos de curto prazo, será utilizado o indicador de liquidez imediata. Se a organização deseja analisar a capacidade de pagamento a curto prazo, ela poderá utilizar em sua análise tanto a liquidez corrente como a liquidez seca. No entanto, os parâmetros entre esses indicadores são diferentes. A liquidez corrente considera todo o ativo circulante, ao passo que a liquidez seca desconsidera as contas estoques e despesas pagas antecipadamente. Martins, Miranda e Diniz (2019) afirmam que os estoques representam uma parte significativa do ativo circulante de algumas empresas e estão sujeitos a riscos de liquidez, em virtude das diferentes formas de avaliação, roubos e furtos, obsolescência, deterioração, entre outros, podendo levar tempo para serem convertidos em dinheiro. As despesas pagas antecipadamente já foram desembolsadas e não há alta liquidez, uma vez que se espera a sua realização dentro de um determinado período. Por esse motivo, elas são desconsideradas no índice de liquidez seca. De acordo com Marion (2019), a liquidez corrente demonstra o índice global da situação, ao passo que a liquidez seca pode ser considerada um índice conservador, capaz de minimizar as incertezas. Para a análise da capacidade financeira da entidade no longo prazo, a liquidez geral evidencia a capacidade de pagamento da empresa a longo prazo, considerando tudo o que ela converterá em dinheiro e relacionando com tudo o que já assumiu como dívida (MARION, 2019). Análise das demonstrações financeiras22 Os prazos de pagamento do passivo e de recebimento do ativo podem ser diferentes, ainda mais se forem considerados passivos e ativos a longo prazo. Em algumas situações, os índices de liquidez corrente e seca são considerados mais razoáveis, em decorrência de vultuosos empréstimos a longo prazo. Indicadores de estrutura de capital O endividamento geral permite informar se a entidade utiliza mais recursos próprios ou de terceiros, mostrando a sua capacidade financeira. Deve-se tomar cuidado com a análise do endividamento geral, pois não é adequado para a organização apresentar um percentual muito alto ou muito baixo em rela- ção ao mercado. Isso porque, quando ele é alto, tal fato indica que a empresa pode comprometer uma parcela considerável do seu fluxo de caixa com as obrigações financeiras. Já quando há pouca dívida, em comparação com empresas do mesmo setor, a organização pode não estar usando a alavancagem (utilização de recursos), o que acarretaria aumento de lucratividade. Sempre que o índice de relação de capitais próprios e de terceiros for inferior a 1 ou superior a 100%, a entidade apresentará excesso de capitais próprios sobre os capitais de terceiros, o que indica que ela apresenta liberdade financeira na sua tomada de decisões. Em contrapartida, quando os capitais de terceiros forem investidos na empresa em proporções maiores que os capitais próprios, esse índice será́ superior a 100%, evidenciando a existência de depen- dência financeira junto aos seus credores. Além disso, a entidade encontrará dificuldades para a obtenção de recursos financeiros no mercado, uma vez que existirão poucas garantias disponíveis para oferecer (RIBEIRO, 2018). 23Análise das demonstrações financeiras A análise da composição do endividamento visa a verificar a necessidade da entidade de ter ou não de gerar recursos a curto prazo para saldar as suas obrigações. Segundo Ribeiro (2018), quanto menor for o índice, menor será o valor a pagar a curto prazo em relação às obrigações totais. Dessa maneira, a empresa terá maior tempo para gerar recursos financeiros, visando a saldar todos os seus compromissos, além de apresentar melhor situação financeira. Quando a imobilização do patrimônio líquido for inferior a 100%, pode-se perceber que a entidade não imobilizou todo o seu patrimônio líquido. Dessa maneira, a participação dos capitais próprios para financiar o ativo circulante será menor, ao passo que a dependência da empresa em relação aos capitais de terceiros será maior. Se esse indicador for superior a 100%, observa-se que a empresa aplicou todo o capital próprio e, ainda, uma parcela de capitais de terceiros no ativo fixo (RIBEIRO, 2018). Indicadores de rentabilidade Quando apresenta percentual positivo, o retorno das vendas ou margem líquida demonstra que a entidade teve bom resultado. Quanto maior for o índice, melhor será para a entidade, uma vez que isso evidencia rentabilidade dentro do exercício. O retorno sobre ativos auxilia na mensuração do retorno de capitais totais (próprios e de terceiros) investidos pela companhia (RIBEIRO, 2018). Dessa maneira, ela precisa remunerar os terceiros com lucros apurados na sua atividade produtiva. Se a lucratividade obtida não for suficiente para compen- sar os capitais de terceiros, a entidade procurará outras fontesde recursos e, consequentemente, aumentará o seu endividamento. A rentabilidade sobre o patrimônio líquido demonstra a lucratividade da entidade em relação ao capital próprio investido nela. Assim, é importante que o patrimônio líquido seja alto para que os acionistas ou proprietários tenham maiores retornos em relação ao seu capital aplicado. Em geral, conforme explica Ribeiro (2018), os acionistas ou proprietários da entidade comparam o ganho obtido com o capital investido com o ganho que obteriam se este tivesse sido investido no mercado financeiro ou no mercado de capitais. Análise das demonstrações financeiras24 Indicadores de atividade Um alto PME prejudica o capital de giro, pois não transforma o estoque em dinheiro. Como consequência, ele aumenta os custos e afeta o desempenho, bem como o fluxo de caixa da entidade. Um estoque alto pode ocorrer em virtude de obsolescência do produto, mix incorreto no portfólio, falta de controle de estoques ou uma combinação desses fatores (BLATT, 2001). Um PMR baixo é favorável para a entidade, pois demonstra a sua efetivi- dade na cobrança dos seus direitos e contribui para uma boa gestão de caixa. Se a entidade conceder longo prazo aos seus clientes e seus fornecedores concederem curto prazo para pagar as suas compras a prazo, ela necessitará de capital de giro adicional para realizar os seus negócios. Nessa situação, a companhia pode trabalhar com uma maior margem de lucro sobre as vendas, prolongar os prazos de pagamento e aplicar uma política agressiva de cobrança e desconto bancário (IUDÍCIBUS, 2017). O ciclo operacional se inicia no momento da aquisição das matérias-primas, ao passo que o ciclo financeiro compreende o período entre o momento do desembolso inicial de caixa para o pagamento das matérias-primas e a data do recebimento da venda do produto acabado (ASSAF NETO, 2015). 25Análise das demonstrações financeiras Segundo Almeida (2019), quanto mais longo for o ciclo operacional, maiores serão as necessidades da entidade de buscar recursos no mercado para financiar o seu ciclo operacional. Por esse motivo, é essencial que a entidade acompanhe sistematicamente esse ciclo e tome medidas para reduzi-lo até um ponto ideal. Algumas fases operacionais podem ser financiadas por meio de compras a prazo e postergação de prazos para pagamentos de despesas, como, por exemplo, salários e encargos sociais. Se a empresa não conseguir ser financiada dessa forma, ela precisará utilizar fundos, como utilização de recursos próprios, aquisição de empréstimos e financiamentos, bem como descontos de duplicatas (ASSAF NETO, 2015). ALMEIDA, M. C. Análise das demonstrações contábeis em IFRS e CPC: facilitada e sistema- tizada. São Paulo: Atlas, 2019. ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015. BLATT, A. Análise de balanços: estruturação e avaliação das demonstrações financeiras e contábeis. São Paulo: Makron Books, 2001. BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Brasília, DF: Presidência da República, 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm. Acesso em: 8 ago. 2020. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE (CFC). Resolução CFC nº 1.185. Aprova a NBC TG 26 – Apresentação das demonstrações contáveis. Brasília, DF: CFC, 2009. Disponível em: https://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/Res_1185.pdf. Acesso em: 8 ago. 2020. IUDÍCIBUS, S. Análise de balanços. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2017. MARION, J. C. Análise das demonstrações contábeis. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2019. MARTINS, E.; MIRANDA, G. J.; DINIZ, J. A. Análise didática das demonstrações contábeis. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2019. Análise das demonstrações financeiras26 Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. PEREZ JUNIOR, J. H.; BEGALLI, G. A. Elaboração e análise das demonstrações financeiras. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2015. RIBEIRO, O. M. Estrutura e análise de balanços. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2018. Leitura recomendada SOUZA, A. F. (Coord.). Análise financeira das demonstrações contábeis na prática. São Paulo: Trevisan Editora, 2015. 27Análise das demonstrações financeiras ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRA Nathália Helena Fernandes Laffin Retorno sobre o investimento (ROI) Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar o conceito do retorno sobre o investimento. � Descrever o cálculo do retorno sobre o investimento. � Aplicar a interpretação do retorno sobre o investimento. Introdução Neste capítulo, você vai estudar o retorno sobre o investimento (ROI), um indicador econômico-financeiro muito importante. Por meio do ROI, é possível saber exatamente quanto o valor investido nas empresas obteve de ganhos e perdas. Em um primeiro momento, estudaremos o conceito de ROI, mos- trando sua importância e seu objetivo. Além disso, você aprenderá a cal- cular e interpretar o indicador, analisando suas vantagens e desvantagens, podendo, a partir de então, analisar formas de gestão que maximizem a eficiência das empresas. O que é o ROI? A globalização permite que pessoas no Brasil consigam ter acesso a informa- ções do outro lado do mundo em segundos. Essa possibilidade e conectividade expandiu os limites de empresas e investidores, que podem destinar seus recursos em diferentes países. Dentre diversas análises realizadas pelos investidores, uma das mais im- portantes está ligada ao dinheiro. Comumente, dizemos que o dinheiro tem valor no tempo. E, para um investidor, essa é uma máxima. A fim de saber se seus investimentos estão tendo os retornos esperados, acionistas, gestores, investidores (e também outros usuários) realizam análises de demonstrações financeiras. A partir dos demonstrativos financeiros, é possível extrair algu- mas informações, dentre elas, o retorno sobre o investimento – que apresenta exatamente o conceito de dinheiro no tempo. ROI é o acrônimo de return on investment, que em português é retorno sobre investimento. É uma ferramenta bastante simples e útil, utilizada em todo o mundo, e que permite ao usuário comparar diferentes investimentos, bem como mensurar sua atratividade. Semelhante ao ROI, existem suas va- riações formuladas posteriormente (PEREZ JUNIOR; BEGALLI, 2015), as mais comuns são: o ROA, do inglês return on assets, que em português se refere ao retorno sobre os ativos e o ROE, return on equities, que se refere ao retorno sobre o patrimônio líquido. O estudo dos índices ROA e ROE também apresenta a rentabilidade da empresa. Todos os estudos partem de fórmulas simples para alcançar resultados diretos: medir a atratividade de um investimento. Via de regra, quanto maior, mais eficiente e melhor o investimento. O ROI tem como objetivo fundamental: � comparar a atratividade de diferentes investimentos; � mensurar quantitativamente o retorno obtido com o investimento dispendido. A interpretação do ROI pode ser feita de forma monetária ou em valor percentual. Se positiva, indica que o retorno obteve êxito. Se negativa, implica que o retorno obtido pelo investimento foi menor que o custo para fazê-lo. Por fim, se for zero, indica que o mesmo valor investido foi o valor retornado no Retorno sobre o investimento (ROI)2 final do investimento. O seu resultado, serve não só para auferir a rentabili- dade, mas para comparar diferentes investimentos, mesmo que não tenham tido o mesmo custo de investimento (MARTINS; MIRANDA; DINIZ, 2018). Como calcular o ROI? Sua fórmula simples permite calcular a eficiênciade um investimento, em termos de retorno para o investidor. Sua expressão resulta da divisão do retorno líquido obtido pelo investimento pelo seu custo: ROI = (ganho com o investimento – custo do investimento) / custo do investimento Quanto maior o resultado obtido, melhor o investimento. A forma como está apresentada a fórmula do ROI leva a um número. Para encontrar o valor percentual do indicador, deve-se multiplicar o resultado por 100. Como interpretar o ROI? A interpretação do ROI deve ser feita em valor percentual. Se positivo, indica que o retorno obteve êxito. Se negativo, implica que o retorno obtido pelo investimento foi menor que o custo para fazê-lo. Por fim, se zero, indica que o mesmo valor investido foi o valor retornado no final do investimento. O seu resultado, serve não só para auferir a rentabilidade, mas para com- parar diferentes investimentos, mesmo que não tenham tido o mesmo custo de investimento. 3Retorno sobre o investimento (ROI) Manoel investiu R$ 1.000 em um food truck de cachorros-quentes para o verão, enquanto Ana apostou em picolés, pagando R$ 1.500 por um food truck. No final do verão, Manoel obteve R$ 2.500, enquanto Ana obteve R$ 4.000. O ROI de Manoel e de Ana foi: ROI Manoel -> 2.500 – 1.000 / 1.000 = 1,5 = 150% ROI Ana -> 4.000 – 1.500 / 1.500 = 1,66 = 166% Isso quer dizer que para cada 1 real investido por Manoel, ele obteve um retorno de R$ 1,50, já descontados os seus custos de investimento. Já Ana, para cada 1 real investido, já descontado seus custos, obteve R$ 1,66. É possível inferir também que o investimento de Ana foi mais rentável que o de Manoel, pois o seu ROI foi superior. Quanto maior for o ROI, melhor foi o retorno do investimento. Vantagens e desvantagens do ROI Embora estimar o retorno do investimento usando a equação do ROI seja simples e de fácil computo, existem desvantagens significativas, que podem distorcer a interpretação dos dados e a avaliação do investimento (Quadro 1). Uma das principais desvantagens, é que o ROI não leva em consideração o horizonte de tempo do investimento. Vantagens Desvantagens Fácil de calcular Não leva em conta o horizonte de tempo Interpretação direta Investimentos podem ter riscos diferentes Comparação de investimentos com mesmas características Resultados podem ficar distorcidos Quadro 1. Vantagens e desvantagens do uso do ROI Retorno sobre o investimento (ROI)4 No exemplo utilizado, Manoel e Ana fizeram o investimento na mesma época, e encerraram no mesmo prazo, quando acabou o verão. Por isso, a comparação dos dois ROI foi precisa. De fato, Ana fez um investimento mais rentável que Manoel. Entretanto, ao compararmos investimentos com horizontes de tempo diferentes, seria impreciso utilizar somente o ROI para a avaliação do melhor investimento. Imagine que o investimento de Manoel tenha durado um único verão, alcançando o ROI de 50%. Já Ana passou dois verões para conseguir o retorno de 66%. Pela ótica do ROI, Ana fez o melhor investimento. No entanto, é fácil perceber que essa simples inferência agora ficou imprecisa. Cada vez mais estamos acostumados com as mídias digitais. O vídeo a seguir faz um link entre o ROI e o marketing digital (O QUE..., 2017). Acesse e confira: https://goo.gl/H3ozaj Um segundo ponto importante, é que o ROI não avalia os riscos do inves- timento. Isso quer dizer que, embora o ROI de um investimento seja superior a outro, não foi levado em consideração o grau de risco para se chegar ao resultado. Isso quer dizer que, embora o ROI de um possa ter sido superior ao outro, o risco não compensou esse ganho adicional. Na análise de investimen- tos, quanto maior o risco envolvido, maior deve ser o retorno do investimento para compensá-lo. PEREZ JUNIOR, J. H.; BEGALLI, G. A. Elaboração e análise das demonstrações financeiras. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2015. MARTINS, E.; MIRANDA, G. J.; DINIZ, J. A. Análise didática das demonstrações contábeis. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2018. 5Retorno sobre o investimento (ROI) O QUE é ROI? Marketing digital: parte 339 de 365. Videoaula ministrada por Érico Rocha. [S. l.], 2017. 1 vídeo (4min). Disponível em: <https://goo.gl/H3ozaj>. Acesso em: 27 nov. 2018. Leituras recomendadas GARRISON, R. H; NOREEN, E. W; BREWER, P. C. Contabilidade gerencial. 14. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. ROSS, S. A. et al. Fundamentos de administração financeira. 9. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. Retorno sobre o investimento (ROI)6 Conteúdo: ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Aline Alves dos Santos Objetivo da análise Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar a estrutura das demonstrações contábeis. � Definir a importância da análise das demonstrações contábeis. � Descrever as técnicas de análise horizontal, vertical e por indicadores. Introdução Neste capítulo, você vai adquirir conhecimentos relacionados à análise das demonstrações contábeis e à relevância desse processo diante da tomada de decisão empresarial. A análise das demonstrações contábeis é uma importante ferramenta utilizada para a avaliação de desempenho, apresentando indicadores das expectativas econômicas e financeiras da empresa. Este capítulo demonstrará a estrutura das demonstrações contábeis e as etapas que devem ser seguidas para a aplicação das análises vertical, horizontal e por indicadores. Estrutura das demonstrações contábeis Como indicam os autores Lins e Francisco Filho (2012), os relatórios de análise precisam ser desenvolvidos de modo transparente e sucinto, considerando as metas definidas, pois assim serão melhor entendidos pelos que precisarem dessas informações. Para a constituição de um relatório de análise são necessários alguns procedimentos que permitirão a correta análise empresarial, independente do segmento. É preciso obter um panorama geral do contexto (econômico, político e social) onde a empresa está inclusa, acompanhado de uma avaliação da situação operacional e do mercado concorrente, considerando estratégias futuras para manter-se ativa. Para a elaboração do relatório, deve-se: � destacar as tendências; � ajustar números, após um minucioso exame das informações oferecidas e dos objetivos esperados; � destacar os itens que merecem maior atenção do usuário das análises; � apresentar clareza e exatidão. Assim, considere os itens que pertencem à constituição de um relatório de análise: � Introdução: apresenta os motivos que levaram à elaboração do relatório, a metodologia usada e as observações referentes à análise. � Resultados: apresentam a descrição das análises. � Conclusões: demonstram relatos sobre a posição geral de cada item considerado importante e de modo individual. � Recomendações e sugestões: realizadas nos pontos levantados com base nos objetivos do trabalho (LINS; FRANCISCO FILHO, 2012). As demonstrações contábeis correspondem a uma estrutura da situação patrimonial e financeira da entidade, evidenciando o desempenho ocorrido dentro de um período específico. A estrutura das demonstrações contábeis apresenta informações constantes nos ativos; passivos; patrimônio líquido; receitas e despesas, considerando ganhos e perdas; mutações no capital próprio através de integralizações dos proprietários; distribuições realizadas e fluxos de caixa. A Lei nº 11.638 (BRASIL, 2007) apresentou modificações que alteraram a Lei nº 6.404/76 (BRASIL, 1976), art. nº 176 ao art. nº 182 e art. nº 187, em que estão definidos os elementos que contemplam a estrutura das demonstrações contábeis. A estrutura completa das demonstrações contábeis considera os seguintes elementos: Objetivo da análise2 � Balanço patrimonial: apresenta de forma padrão os saldos das contas patrimoniais que constituem o patrimônio organizacional de acordo com um período definido. � Demonstração do resultado do exercício (DRE): apresenta as receitas bruta e líquida de vendas, as despesas em geral,considerando as de vendas, financeiras, gerais e administrativas, assim como as despesas operacionais. A DRE demonstra o lucro ou prejuízo líquido que a empresa obteve em um período, depois de deduzidos os impostos. � Demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados (DLPA) (pode ser substituído pela demonstração das mutações do patrimônio líquido): apresenta o saldo do início do período, ajustes, reversões de reservas e lucro líquido do exercício, entre outras informações perti- nentes a essa demonstração. � Demonstração do fluxo de caixa (DFC): evidencia as movimentações dos recursos financeiros da empresa, possibilitando o controle. � Demonstração do valor adicionado (DVA) (se for publicado pela empresa): corresponde a um informativo contábil que apresenta de maneira sintética a constituição da riqueza que a empresa gerou em um período definido. � Notas explicativas: apresentam as informações adicionais existentes nas demonstrações contábeis. Além dos elementos apresentados, que devem ser considerados como estrutura, as demonstrações contábeis comtemplam também quadros e demais informações necessárias aos usuários, que podem se referir a informações adicionais referentes a itens inseridos no balanço patrimonial e na demonstração do resultado do exercício. Existem outros elementos relevantes que fazem parte da composição das demonstrações contábeis e que são avaliados pelos seus usuários, como, por exemplo, o relatório de administração; as notas explicativas às demonstrações contábeis e o parecer de auditoria. Conforme Lins e Francisco Filho (2012, p. 132), para a constituição da análise das demonstrações contábeis é preciso considerar um modelo agregado e dirigido, em que: O trabalho de análise pode ser elaborado levando-se em consideração uma estruturação integrada e coordenada de seis partes, a saber: Parte 1. Compreende a descrição da metodologia empregada no trabalho de levantamento de dados. 3Objetivo da análise Parte 2. Mostra as principais contas que foram objeto de estudo direto do trabalho e a geração dos indicadores a serem analisados. De acordo com o objetivo proposto, deve-se montar um modelo padrão que permita identificar os fatores importantes para a análise. Parte 3. São as informações necessárias para melhor compreensão do trabalho. Como cada empresa possui o seu próprio plano de contas diferenciado de outras empresas, é necessário agregar contas a fim de que os balanços se tornem comparáveis (caso dos indicadores médios do setor em que a empresa atua). Parte 4. São observados dados e informações que complementam as demonstrações contábeis, como, por exemplo, taxas de juros, vencimentos e garantias de obrigações de longo prazo, os critérios contábeis, como os de avaliações de estoques, depreciações e demais provisões, ou ainda acrescen- tam informações, como garantias prestadas a terceiros, espécies de ações do capital social, eventos subsequentes à data do balanço que tenham efeitos relevantes sobre a situação da empresa. Parte 5. São realizadas as análises da empresa e uma discussão com a visão do que foi objeto do trabalho. Parte 6. São apresentadas as conclusões do trabalho da análise. Importância da análise das demonstrações contábeis Para Lins e Francisco Filho (2012), a análise das demonstrações contábeis poderá ser usada como método de controle sinalizando a situação financeira da empresa. As análises contribuem não somente para a avaliação e tomada de decisão da empresa, mas também para a análise da concorrência que atua no mesmo tipo de segmentação, contribuindo para uma melhor avaliação do mercado. As empresas normalmente têm um período de tempo específico em que precisam efetuar a prestação de contas das operações desenvolvidas. A pres- tação de contas tem por finalidade informar aos diversos interessados, que podem ser tanto internos quanto externos à empresa. Entende-se que os mesmos necessitam estar informados sobre os resultados da organização. Sois se forem usuários externos, como, por exemplo, acionistas, investidores, entre outros, precisam saber se podem ou não continuar investindo na empresa. Os usuários internos, como colaboradores, por exemplo, também possuem interesse na empresa, querendo entender como ela está diante do mercado concorrente, analisando a evolução da empresa, o que poderá refletir diretamente no cres- cimento individual dos profissionais. Objetivo da análise4 O principal objetivo da análise das demonstrações contábeis é a verificação da posição econômica e financeira organizacional, geralmente abrangendo pontos relevantes, como: � a situação interna da empresa; � a atuação da empresa no ramo de atividade onde está inclusa; � o desempenho da empresa diante da economia onde está inserida. A análise tem algumas finalidades específicas: � controle da atividade operacional da empresa; � verificação da atuação empresarial, ou seja, seu desempenho dentro do segmento onde atua, em que é equiparado seu desempenho em relação à principal empresa do mesmo ramo e é avaliada sua atuação e seus reflexos na economia considerando o todo; � projetos de evolução. As demonstrações contábeis se referem às principais fontes de informação, sendo consideradas muito relevantes para a análise, pois fornecem todos os dados necessários sobre a situação econômica e financeira momentânea da empresa, permitindo a visualização de perspectivas futuras. De acordo com Blatt (2001), a análise das demonstrações contábeis, prin- cipalmente para fins de aquisição de crédito, contempla o entendimento das demonstrações aliadas às notas explicativas, mediante um método especí- fico para adquirir melhor compreensão da situação econômico-financeira da entidade, com a finalidade de reconhecer e explicar elementos que possam ocasionar efeitos nas demonstrações contábeis. 5Objetivo da análise Procedimentos de análise vertical, horizontal e por indicadores Segundo Marion (2012), a análise das demonstrações contábeis corresponde a uma ferramenta útil que, mediante as análises vertical, horizontal e por indicadores, possibilita verificar a posição patrimonial da empresa com relação ao seu desempenho. Observe a seguir algumas técnicas para a aplicação da análise das demons- trações contábeis: análise vertical; análise horizontal; indicadores financeiros e econômicos. Análise vertical Através da análise vertical é possível definir a relevância de cada conta referente a um montante. No balanço patrimonial são calculadas as participações refe- rentes às contas, utilizando como base o capital total da empresa. Entretanto, quando se trata da demonstração de resultados, a base a ser usada para cálculo é a receita operacional líquida. Para obter a análise vertical é necessário determinar o que cada elemento da demonstração contábil representa como porcentagem de uma determinada base (MARION, 2012, p. 59): A base é geralmente o total dos ativos no caso do balanço patrimonial, e vendas líquidas, no caso da demonstração do resultado do exercício. Ela en- volve olhar para cima e para baixo nas colunas do balanço patrimonial e fazer comparações. Para demonstrações de resultado do exercício, isto representa estabelecer vendas líquidas de 100% e então calcular a porcentagem de vendas líquidas para cada custo, despesa ou outra categoria. A análise vertical tem por base os valores das contas constantes nas de- monstrações contábeis. Para aplicar a análise vertical é necessário calcular o percentual referente a cada conta ou grupo com relação ao valor total, ou seja, buscando calcular o total do ativo circulante, é preciso dividir o saldo constante nesse grupo pelo total do ativo, conforme vemos a seguir. Para as demais contas, o cálculo ocorre da mesma forma, no entanto, deve-se selecionar o saldo da respectiva conta ou grupo que será calculado. Ativo circulante/ativo total * 100 = % (valor em percentual) Fórmula: conta/ou grupo de contas * 100 Ativo total/passivo total Objetivoda análise6 Análise horizontal A análise horizontal busca apresentar a evolução ou o decréscimo em itens que compõem as demonstrações contábeis em períodos simultâneos. É possível confrontar percentuais em períodos consecutivos, sendo que a análise vertical é realizada dentro de um período. Se existirem mais de três períodos (exercícios sociais), a base para o cálculo da análise horizontal será o período mais antigo. A análise horizontal é aplicada mediante a comparação horizontal ao longo dos períodos nas demonstrações contábeis e nos indicadores. Vale ressaltar que é necessário que os valores equiparados estejam apresentados em moeda de poder aquisitivo constante. Essa análise permite calcular a variação percentual resultante ocorrida entre dois períodos, objetivando demonstrar se ocorreu evolução ou não refe- rente ao elemento analisado. É possível comparar os dados obtidos e realizar ajustes necessários. Entende-se, por exemplo, que se ocorreu acréscimo de vendas, consequentemente houve aumento relativo à produção e ao consumo de materiais. Para obter o cálculo para a análise horizontal, deve-se aplicar a fórmula a seguir: Análise horizontal = –1 × 100Ano atual Ano base Tanto a análise vertical quanto a horizontal auxiliam na constatação de situações que demonstrem, por exemplo, alta nas vendas com queda das margens brutas, assim como também é possível verificar se a empresa está com dificuldades em um único período ou nos demais ramos de atividade. As análises vertical e horizontal possibilitam essa visão, porém, dificilmente fornecem respostas, ou seja, somente possibilitam diagnosticar um problema. 7Objetivo da análise Análise por indicadores Um importante instrumento utilizado para avaliar o desempenho empresarial é a análise por indicadores, calculados a partir das contas das demonstrações contábeis. A análise das demonstrações contábeis mediante indicadores financeiros e econômicos facilita o entendimento referente às informações constantes na demonstração contábil. Essa análise informa sobre os resultados empre- sariais com margem de segurança, facilitando o gerenciamento e aplicação orçamentária. Os indicadores mensuram o desempenho da empresa relativo à sua liquidez, ao seu ciclo operacional, ao seu grau de endividamento, sua rentabilidade e atividade. Para aplicar o cálculo dos indicadores é preciso utilizar como base as informações demonstradas no balanço patrimonial e na demonstração do resultado do exercício. O cálculo e interpretação dos índices representam a relação entre contas ou grupos, conforme Perez Júnior e Begalli, (2015, p. 313): [...] visa evidenciar determinado aspecto da situação econômica ou financeira de uma empresa. O cálculo dos índices geralmente é feito por meio da divisão do saldo de um item contábil pelo saldo de outro e sua interpretação depende do conhecimento do conteúdo desses itens. Por exemplo, ao dividirmos o total de direitos de uma empresa pelo total de suas obrigações estaremos obtendo uma informação que nos indica a relação entre esses direitos e obrigações. Para selecionar os indicadores que serão aplicados nas demonstrações con- tábeis, é necessário decidir entre aqueles que são mais adequados ao objetivo da análise realizada. Os indicadores podem ser reunidos nos seguintes grupos: � indicadores de estrutura de capital e endividamento; � indicadores de liquidez (capacidade de pagamento de dívidas); � indicadores de atividade (prazos médios); � indicadores de rentabilidade; � indicadores de gestão do capital de giro; � indicadores de valor de mercado/bolsa. Os indicadores representam o resultado alcançado da divisão de duas grandezas. Nesse caso, entende-se que se a empresa tem a receber o valor de R$ 2.000,00 e a pagar R$ 1.000, será obtido um índice de 2. Observe a Figura 1. Objetivo da análise8 Figura 1. Representação do resultado alcançado. Numerador Denominador 2,00 = índiceContas a receber Contas a pagar =2.000 1.000 = Depois de realizado o cálculo do índice, é necessário realizar a sua in- terpretação, ou seja, diante do valor encontrado (2), é preciso entender se o resultado é considerado bom, razoável, ruim, entre outras características (PEREZ JÚNIOR; BEGALLI, 2015). BLATT, A. Análise de balanços: estruturação e avaliação das demonstrações financeiras e contábeis. São Paulo: Makrons Books, 2001. BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 17 dez. 1976. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6404consol.htm>. Acesso em: 16 out. 2018. BRASIL. Lei nº 11.38, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divul- gação de demonstrações financeiras. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 28 dez. 2007. Ed. extra. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/ Lei/L11638.htm#art1>. Acesso em: 16 out. 2018. LINS, L. S; FRANCISCO FILHO, J. Fundamentos e análise das demonstrações contábeis: uma abordagem interativa. São Paulo: Atlas, 2012. MARION, J. C. Análise das demonstrações contábeis: contabilidade empresarial. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2012. PEREZ JÚNIOR, J. H.; BEGALLI, G. A. Elaboração e análise das demonstrações financeiras. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2015. Leituras recomendadas MEGLIORINI, E. Custos: análise e gestão. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. SAPORITO, A. Análise e estrutura das demonstrações contábeis. Curitiba: Intersaberes, 2015. 9Objetivo da análise ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Aline Alves dos Santos Índice capital circulante líquido Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Definir o conceito e a formação do capital circulante líquido. � Descrever o cálculo do capital circulante líquido. � Resolver situações aplicando o índice de capital circulante líquido. Introdução Neste capítulo, você vai adquirir conhecimentos relacionados ao índice de capital circulante líquido (CCL). Primeiramente, você estudará o conceito do CCL, que se refere à diferença existente entre o ativo circulante e o pas- sivo circulante, de acordo com um período específico. Serão apresentados o conceito e a formação do índice de capital líquido, como é realizado seu cálculo e as circunstâncias em que esse índice pode ser aplicado. O que é CCL? Conforme Blatt (2001), o CCL também é denominado de capital de giro líquido (CGL) e representa o excesso financeiro empresarial, ou seja, a folga ou falta de ativos circulantes em contrapartida aos passivos circulantes. O ativo circulante aborda algumas contas, como, por exemplo, a soma das contas a receber, dos estoques, dinheiro em caixa, dinheiro em banco, aplicações financeiras e duplicatas a receber. O passivo circulante envolve algumas contas, como, por exemplo, fornecedores, contas a pagar, folha de pagamento, encargos sociais, impostos a pagar, empréstimos a pagar e demais dívidas vencíveis dentro do prazo de um ano, ou seja, 12 meses. Identificação interna do documento OOWWYAXQBU-UKJPJD1 A fórmula usada para calcular o CCL é definida da seguinte forma (BLATT, 2001, p. 99): CCL = CGL = AC – PC Ou CCL = (PNC + PL) – ANC Onde: CCL: capital circulante líquido CGL: capital de giro líquido AC: ativo circulante PC: passivo circulante PNC: passivo não circulante PL: patrimônio líquido ANC: ativo não circulante Através do CCL fica evidente a falta ou o excesso do ativo circulante relativo ao passivo circulante. Desse modo, quanto mais elevado for o CCL ou CGL, melhor será para a empresa, já que a partir desse resultado ela possui um excesso financeiro, o que não representa uma folga de caixa. O resultado adquirido com o CCL corresponde à proporção em que o passivo circulante financia o ativo circulante. O uso
Compartilhar