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Classes de palavras advérbio, interjeição, preposição e conjunção

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MORFOSSINTAXE I
Francisco De Souza 
Gonçalves
Classes de palavras: 
advérbio, interjeição, 
preposição e conjunção
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Reconhecer os advérbios, as interjeições, as preposições e as conjun-
ções em contextos comunicativos diversos.
 � Relacionar aspectos linguísticos, semânticos e discursivos de cada 
uma das classes gramaticais em situações concretas de interação 
verbal orais ou escritas.
 � Conceituar advérbios, interjeições, preposições e conjunções de forma 
autônoma e proficiente.
Introdução
O estudo da morfologia é marcado pelo ávido desejo do homem de 
compreender a linguagem em seus complexos processos. Entender, 
analisar, conceituar e categorizar os inúmeros elementos que fazem 
parte do processo comunicativo sempre foi uma preocupação (CUNHA; 
ALTGOTT, 2004). Neste capítulo, você estudará algumas importantes 
classes de palavras das quais se ocupam a morfologia: o advérbio, a 
preposição, a interjeição e a conjunção.
Advérbio
Correspondem à classe de palavras que agrupa termos invariáveis, cuja função 
é modificar, delimitar ou amplificar a significação de um verbo, de um adjetivo, 
de outro advérbio ou de uma oração, expressando circunstâncias como lugar, 
tempo, modo, negação, dúvida, afirmação e intensidade. 
Locução adverbial
A locução adverbial consiste na junção de dois ou mais termos que, juntos, 
passam a ter valor semântico e gramatical de um advérbio. Geralmente possuem 
uma preposição em seu processo de composição.
Graus dos advérbios
Os advérbios não se flexionam em gênero ou número, mas podem variar em 
grau, da mesma forma que os adjetivos. Os graus do advérbio são o comparativo 
e o superlativo. O grau comparativo pode ser de igualdade, de superioridade ou 
de inferioridade. Já o grau superlativo pode ser analítico ou sintético (LIMA, 
2011). Em uma construção analítica, o aumento do grau do termo é efetuado 
com o auxílio de outro advérbio. Em uma sintética, o que promove o aumento 
de grau é o sufixo -íssimo. Observe: 
Grau comparativo de inferioridade: menos que (ou do que). Exemplo:
Jussara fala menos pausadamente que Alexandre.
Grau comparativo de igualdade: tão... quanto; tão... como; tão/tanto... quanto; 
quão. Exemplo:
Jussara fala tão rápido quanto eu.
Grau comparativo de superioridade: mais que (ou do que). Exemplo:
Jussara fala mais lentamente do que Ariane.
Grau superlativo absoluto analítico: acompanhado de outro advérbio (muito 
+ advérbio). Exemplo:
O artista pinta muito bem.
Grau superlativo relativo de superioridade: quando a intensidade do ele-
mento determinado é aumentada. Exemplo:
O cavaleiro mora pertíssimo.
Classes de palavras: advérbio, interjeição, preposição e conjunção2
Observação: a utilização de formas diminutivas em alguns advérbios — 
pertinho, longinho, pouquinho, cedinho — é bastante utilizada pelos falantes 
do português. Esse recurso transmite ideias como: algo que está muito longe, 
muito perto, muito pouco, muito cedo, etc. 
Grau superlativo absoluto sintético: advérbio + sufixo (normalmente, o 
sufixo -íssimo). Exemplo:
O marinheiro chegou cedíssimo ao embarque.
Advérbio: bem
 � Comparativo: melhor, mais bem
 � Superlativo: otimamente, muito bem
Advérbio: mal
 � Comparativo: pior, mais mal
 � Superlativo: pessimamente, muito mal
Advérbio: muito
 � Comparativo: mais
 � Superlativo: muitíssimo, o mais
Advérbio: pouco
 � Comparativo: menos
 � Superlativo: pouquíssimo, o menos
Classificação dos advérbios
Os advérbios podem ser classificados de acordo com a modificação/comple-
mentação semântica que promovem no termo que acompanham.
Advérbios de lugar
Esse tipo de advérbio traz uma indicação, quase sempre espacial, de lugar 
para o termo que acompanha. Alguns exemplos: aqui, lá, próximo, perto, 
longe, frente, atrás, dentro, fora, abaixo, acima, ali, adiante. Exemplos:
3Classes de palavras: advérbio, interjeição, preposição e conjunção
Estacione lá!
A menina chegou perto do precipício. 
Advérbios de tempo
Esse tipo de advérbio traz uma indicação de tempo, durativa ou cronológica, 
à palavra que acompanha. Como exemplos, temos: depois, hoje, antes, logo, 
já, amanhã, ontem, desde, agora, finalmente, nunca, às vezes, quando, 
anteontem, de repente, sempre, tarde, jamais, cedo. Exemplos:
Fale hoje, brinque amanhã. 
Jamais mencione o nome dela. 
Advérbios de modo
Esse tipo de advérbio fornece uma indicação da maneira pela qual determinada 
coisa acontecerá. A grande maioria das palavras deste grupo se formam a 
partir da adição do sufixo -mente aos vocábulos. Exemplos: bem, mal, melhor, 
pior, assim, depressa, devagar, debalde, expressamente, infelizmente, 
constantemente, frequentemente. Exemplos:
Mal falou e a mulher chegou.
Andou devagar, atrasou-se.
Advérbios de negação
Este tipo de advérbio indica uma negação. Como exemplos, podemos citar: 
não, nem, tampouco, nunca, jamais. Exemplos:
“Nunca mais sentirei fome!”
Naquele dia, não arrumou a mesa do café.
Advérbios de dúvida
São advérbios de intensidade, de modo, de lugar, de tempo, etc., que possuem 
sua função redirecionada para serem usados em sentenças interrogativas. 
Destacam-se: porventura, quiçá, talvez, provavelmente, possivelmente. 
Exemplos:
Classes de palavras: advérbio, interjeição, preposição e conjunção4
Quiçá daqui uns anos? 
Porventura escrevestes aquele relatório?
Advérbio de afirmação
Esse tipo de advérbio traz uma indicação de afirmação para o termo que o 
acompanha. São alguns exemplos: sim, deveras, indubitavelmente, decidi-
damente, certamente, realmente, decerto, certo, efetivamente. Exemplos:
Certamente foi um pássaro.
Estamos realmente felizes com a gravidez. 
Advérbios de intensidade
Este tipo de advérbio dá uma indicação de quantidade à palavra que modifica. 
Exemplos: bastante, quão, muito, pouco, demais, mais, meio, tão. Exemplos:
Falaram muito e fizeram pouco. 
“Quão grande és Tu!”
Os advérbios bem, mal, muito e pouco assumem formas irregulares nos graus 
comparativo e superlativo.
Interjeição 
Interjeição é toda palavra invariável que expressa sensações, ações, estados 
de espírito e emoções, de formas variadas. Como exemplo: ah!, ufa!, oba!, 
Credo!, Que horror! (ALMEIDA, 2009). As interjeições aparecem, quase 
sempre, seguidas de um ponto de exclamação, que pode estar imediatamente 
depois delas ou no final da frase. 
5Classes de palavras: advérbio, interjeição, preposição e conjunção
Droga! Preste atenção quando eu estou falando!
Atente que, no exemplo, o termo Droga! foi utilizado pelo interlocutor para exteriorizar 
a sua raiva: isso se fez no contexto comunicativo por meio do vocábulo. Observe que 
as interjeições são uma espécie de palavra-frase, ou seja, há uma ideia expressa por 
uma palavra (ou um conjunto de palavras), que poderia ser colocada nos termos de 
uma sentença. É um recurso da linguagem afetiva, em que não há uma ideia organizada 
de maneira lógica, como nas sentenças da língua, mas sim a manifestação de um 
suspiro, um estado da alma decorrente de uma situação particular, um momento 
ou um contexto específico. O significado das interjeições está vinculado à maneira 
como elas são proferidas. 
Fonte: Michichelli (2015).
As interjeições são palavras invariáveis, isto é, não sofrem variação de gênero, número 
e grau, como os nomes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto e voz, como 
os verbos. No entanto, em usos específicos, algumas interjeições sofrem variação em 
grau. Deve-se ter claro, nestes casos, que não se trata de um processo natural dessa 
classe de palavra, mas tão somente uma variação que a linguagem afetiva permite. 
Exemplos: oizinho, bravíssimo, até loguinho.
Quando a interjeição é expressa por mais de uma palavra, recebe o nome 
de locução interjetiva. Exemplos:
Ora bolas!
Cruz credo! 
Puxa vida!
Desse modo, o tom da fala dita o sentido que a expressão vai adquirir em 
cada contexto de enunciação.
As interjeições cumprem, normalmente, duas funções,podendo ser for-
madas por:
Classes de palavras: advérbio, interjeição, preposição e conjunção6
a) Simples sons vocálicos: Oh! Ah! Ó! Ô!
b) Palavras: Oba! Olá! Claro!
c) Grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus! Ora bolas!
Confira no Quadro 1 os sentidos expressos pelas interjeições.
Sentido Exemplos
Advertência Cuidado! Devagar! Calma! 
Sentido! Atenção! Olha! Alerta!
Afugentamento Fora! Passa! Rua! Xô!
Alegria; satisfação Oh! Ah! Eh! Oba! Viva!
Alívio Arre! Uf! Ufa! Ah!
Estímulo Vamos! Força! Coragem! Eia! 
Ânimo! Adiante! Firme! Toca!
Apelo; chamamento Alô! Olá! Psiu! Socorro! Ei!
Aplauso; aprovação Bravo! Bis! Apoiado! Viva! Boa!
Concordância Claro! Sim! Pois não! Tá! Hã-hã!
Repulsa; desaprovação Credo! Irra! Ih! Livra! Safa! Fora! Abaixo! 
Francamente! Xi! Chega! Basta! Ora!
Desejo; intenção Oh! Pudera! Tomara! Oxalá!
Desculpa Perdão!
Dor; tristeza Ai! Ui! Ai de mim! Que 
pena! Ah! Oh! Eh!
Dúvida; incredulidade Qual! Qual o quê! Hum! Epa! Ora!
Espanto; admiração Oh! Ah! Uai! Puxa! Céus! Quê! 
Caramba! Opa! Virgem! Vixe! 
Nossa! Hem?! Hein? Cruz! Putz!
Impaciência; contrariedade Hum! Hem! Irra! Raios! 
Diabo! Puxa! Pô! Ora!
Medo; terror Uh! Ui! Oh! Credo! Cruzes!
Pedido de auxílio Socorro! Aqui! Piedade!
Quadro 1. Sentidos expressos pelas interjeições
(Continua)
7Classes de palavras: advérbio, interjeição, preposição e conjunção
Fonte: Adaptado de Michichelli (2015).
Quadro 1. Sentidos expressos pelas interjeições
Sentido Exemplos
Saudação; chamamento; invocação Salve! Viva! Adeus! Olá! Alô! Ei! Tchau! 
Ô! Ó! Psiu! Socorro! Valha-me, Deus!
Silêncio Psiu! Bico! Silêncio!
Surpresa; admiração Puxa! Céus! Caramba! 
Opa! Virgem! Pô! Uai!
(Continuação)
Usadas com muita frequência na língua falada informal, quando empregadas na língua 
escrita, as interjeições costumam conferir um tom inconfundível de coloquialidade ao 
texto. Além disso, elas podem indicar traços pessoais do falante, como escassez de 
vocabulário, temperamento agressivo ou dócil e, até mesmo, origem geográfica. Nos 
textos narrativos, particularmente nos diálogos, é comum fazer uso das interjeições com 
o objetivo de caracterizar personagens. Graças à sua natureza sintética, as interjeições 
são mobilizadas para conferir agilidade às falas. Em razão de sua natureza sintética 
e conteúdo mais emocional do que racional, as interjeições são presença constante 
nos textos publicitários.
Preposição
Preposição é toda palavra invariável que se põe antes de um termo (pré + 
posição), a fim de ligá-lo a outro, estabelecendo, semanticamente, inter-relações 
de sentido e de dependência entre eles. A preposição exerce uma função 
conectiva. A palavra anterior à preposição é chamada de regente, e a que a 
sucede é conhecida como regida (CEGALLA, 2004). Exemplos:
Casaco de Letícia. (exprime relação de posse)
Saiu com a moça. (exprime relação de companhia)
Classes de palavras: advérbio, interjeição, preposição e conjunção8
Conectivos são palavras que ligam diferentes elementos. Várias palavras podem se 
comportar como conectivos, ligando palavras, orações e parágrafos. 
Classificação das preposições
As preposições podem ser essenciais e acidentais. As preposições essenciais são 
as que só funcionam, morfologicamente, como preposições: a, ante, após, 
até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, por, sem, sob, sobre, 
trás (CAMARA JR, 2004). 
As preposições acidentais são palavras provenientes de outras classes 
gramaticais que, em algumas sentenças, funcionam como preposição: afora, 
como, conforme, durante, exceto, mediante, menos, salvo, segundo, visto. 
Por exemplo: 
Marina agiu segundo suas convicções.
Observe que o numeral ordinal segundo serviu como preposição. 
As preposições recebem classificação sob o ponto de vista semântico, uma 
vez que, dentro do contexto frasal, podem indicar muitas relações diferen-
tes, como de lugar, tempo, modo, distância, causa, companhia, instrumento, 
finalidade. 
Relações semânticas promovidas pelas preposições:
 � relógio de ouro (material)
 � homem de Piracicaba (origem)
 � livro de Cecília Meireles (autoria)
 � livro de professor (posse)
 � morreu de frio (causa)
 � saiu de manhã (tempo)
 � veio de Lisboa (lugar)
9Classes de palavras: advérbio, interjeição, preposição e conjunção
 � Breve irei à França. (lugar)
 � O avião pousará em duas horas. (tempo) 
 � A maçã foi comida com ansiedade. (modo) 
A preposição é um morfema gramatical inflexionável, dotado de função conectiva, sem 
papel sintático próprio. Serve para estabelecer, entre palavras, uma relação chamada 
de regência. Exemplo: 
Um homem de coragem
homem → regente
de coragem → regido, subordinado
As palavras homem e coragem são substantivos. Isso significa que funcionam 
como núcleos de um sintagma nominal quando as agrupamos com outras palavras. 
Entretanto, se quisermos fazer com que um desses substantivos se torne regido, 
subordinado ao outro, podemos fazer uso de preposição. Nesse caso, ocorrerá um 
sintagma preposicional (ou preposicionado). 
Outro fato a ser destacado é que a preposição estabelece subordinação entre palavras 
e termos. Observe que, ao passo que o substantivo é o núcleo de um sintagma nominal, 
a preposição não tem uma função sintática própria. Isso não significa que ela não é 
importante, mas que seu papel sintático é ligar ideias, ligar palavras.
Locução prepositiva
Quando a relação entre duas ou mais palavras se estabelece por meio de uma 
expressão, e não por meio de uma única palavra, temos uma locução prepo-
sitiva. Exemplos: abaixo de, atrás de, acima de, por causa de, ao lado, de 
a de, defronte a, de acordo com, até a, perto de.
Conjunção
Gramaticalmente, conjunção é a palavra invariável que tem por função ligar 
orações ou termos de mesmo valor gramatical. Semanticamente, a conjunção 
pode estabelecer relações entre orações e entre palavras. Morfologicamente, 
Classes de palavras: advérbio, interjeição, preposição e conjunção10
a conjunção é um morfema gramatical que não sofre flexão. Sintaticamente, 
a conjunção é um conectivo e não tem função sintática própria. Serve para 
estabelecer relação de subordinação ou de coordenação entre orações e relação 
de coordenação entre palavras. Conjunção significa ligação, união, junção 
(CAMARA JR, 2004).
Marcia e João saíram. (adição)
Uma ou outra será eleita nossa representante. (alternância, exclusão)
Trabalhe, pois precisas sobreviver! (explicação)
Embora estivesse triste, festejou. (concessão)
Ficou em casa porque estava doente. (causa)
Falei tudo como me pediram. (conformidade)
Diferenciemos coordenação de subordinação. Observe a frase: 
Encontrei Pedro e o irmão.
Os termos Pedro e o irmão são complementos do verbo encontrar, ou 
seja, tanto Pedro quanto o irmão sofrem a ação de serem encontrados. Estão 
conectados por um vocábulo que adiciona um ao outro. Perceba a independência 
sintática entre os dois elementos:
Encontrei Pedro.
Encontrei o irmão.
Os termos em destaque não dependem sintaticamente um do outro, isto é, 
um não se subordina ao outro. São termos ligados por uma conjunção. Vejamos 
a mesma conjunção empregada para ligar orações:
Fui ao colégio. Falei com o professor.
Note que essas duas orações têm independência sintática, tanto que se 
estruturam separadamente. Podemos, porém, conectá-las com a conjunção e.
11Classes de palavras: advérbio, interjeição, preposição e conjunção
Fui ao colégio e falei com o professor.
A relação de independência entre palavras e orações chama-se coordenação.
Agora, observe este exemplo:
Ela saiu de manhã.
O substantivo manhã está subordinado ao verbo sair porque está presente 
na frase para indicar uma circunstância de tempo da ação verbal. Essa relação 
de regência foi estabelecida pela preposição de.
Se quisermos estabelecer relação de subordinação entre orações, faremos 
uso de conjunções. Veja:
Ela saiu quando o galo cantou.
Há duas orações no período acima (duas declarações verbais), porém só 
uma está presente paraindicar circunstância de tempo para o verbo da outra 
oração. Essa relação entre orações chama-se subordinação. Observe que a 
preposição subordina palavras, e a conjunção subordina orações. 
Vejamos mais exemplos de coordenação e subordinação:
Ricardo será nomeado como diretor.
Maurício será nomeado como diretor.
Veja que os dois termos independem um do outro. Assim, podemos 
coordená-los.
Ricardo ou Maurício será nomeado diretor.
Podemos usar essa mesma conjunção coordenativa para ligar orações, isto 
é, declarações verbais.
Ele será nomeado diretor.
Ele ficará louco.
Ele será nomeado diretor e ficará louco.
Note que, nesse caso, usamos a conjunção coordenativa e para ligar orações. 
Veja outro exemplo:
Classes de palavras: advérbio, interjeição, preposição e conjunção12
Ela disse algo. Ela estava cansada.
Se quisermos que ela estava cansada seja equivalente a algo na primeira 
oração apresentada (Ela disse algo), podemos escrever:
Ela disse que estava cansada.
Perceba que que estava cansada passa a ser informação subordinada a Ela 
disse, pois essa informação só aparece para complementar o que foi dito por ela.
Considere agora que a frase fosse:
Ela disse.
Nesse caso, faltaria uma informação nessa oração. Assim, a conjunção 
subordinativa “prende” a segunda ideia à primeira, fazendo com que aquela 
dependa desta. Veja o exemplo:
Ela chegou em determinada hora. Eu estava dormindo.
Ela chegou quando eu estava dormindo.
Agora, a conjunção subordinativa prende a segunda informação à primeira: 
dizemos que eu estava dormindo para indicar o momento em que ela chegou. 
Assim, conjunções subordinativas criam um vínculo de dependência entre 
duas informações. Observe, também, o seguinte:
Quando eu estava dormindo.
Essa informação faz sentido? Sabemos que não. Ela precisa ser atribuída à 
outra ideia, porque é subordinada à outra ideia. Quem estabelece esse vínculo 
de subordinação é a conjunção subordinativa. 
Vejamos o que aconteceria se disséssemos:
Eu estava dormindo.
Não haveria problemas, certo? Mas com a conjunção subordinativa, pre-
cisamos atribuir essa oração à outra.
Quando eu estava dormindo, ela chegou.
13Classes de palavras: advérbio, interjeição, preposição e conjunção
Classificação das conjunções
Coordenativas
Conjunções coordenativas são aquelas que ligam palavras ou orações sem 
estabelecer vínculos de subordinação entre elas. As conjunções coordenativas 
ligam duas orações independentes. Estão divididas em cinco tipos.
Aditivas — Exprimem soma: e, nem, bem com, não só… como também, 
não só… mas também. Exemplos:
Leu o livro e foi ao cinema.
Os alunos não só foram aprovados como também receberam prêmios.
Não veio aqui nem entregou as notas.
Adversativas — Exprimem oposição: mas, porém, contudo, entretanto, no 
entanto, todavia, não obstante. Exemplos:
Saiu, porém não levou o guarda-chuva.
Estudou; não obteve, todavia, o resultado esperado.
Alternativas — Exprimem escolha de pensamentos: ou, ou... ou, ora... ora, 
já... já, quer... quer, seja... seja, talvez... talvez. Exemplos:
Faça os exercícios ou saia de sala.
Ela ora gritava, ora sorria.
Conclusivas — Exprimem conclusão de pensamento: logo, portanto, por 
isso, pois, por conseguinte, assim. Exemplos:
Penso, logo existo.
Veio de carro, portanto pode nos dar uma carona.
Explicativas — Exprimem razão e motivo: que, porque, pois, porquanto, por 
conseguinte, assim. Exemplos:
Entre, que está frio.
Saiu de casa, pois as luzes estão apagadas.
Classes de palavras: advérbio, interjeição, preposição e conjunção14
Conjunções subordinativas 
São aquelas que conectam sintaticamente orações dependentes umas das 
outras. São usadas para estabelecer uma melhor coesão e coerência textual. 
As conjunções subordinativas podem ser integrantes ou adverbiais. 
Integrantes — Introduzem uma oração que vai completar o sentido da ou-
tra. São aquelas que introduzem orações substantivas, isto é, orações que se 
põem no lugar de termos substantivos (sujeito, objeto direto, objeto indireto...). 
São apenas duas: que e se. Exemplos:
Ela disse que não virá. (introduz objeto direto)
É preciso que estudemos. (introduz sujeito)
Não sei se ela virá. (introduz objeto direto)
Não respondeu se podia vir. (introduz objeto direto)
Adverbiais — Introduzem um valor semântico circunstancial, portanto adver-
bial, para a ação verbal (CEGALLA, 2004). Podem ser divididas da seguinte 
forma:
1. Causais: introduzem orações que dão ideia de causa: que, porque, 
como, pois que, visto que, uma vez que, porquanto, já que, desde 
que. Exemplos:
Não saí porque não me convidaram.
Como choveu, não saí.
2. Comparativas: introduzem orações que dão ideia de comparação: como, 
qual, que, do que (depois de mais, menos, maior, menor, melhor e 
pior). Exemplos:
Ela estava mais bonita que a mãe.
Fugiu como um condenado.
3. Concessivas: iniciam orações que indicam contradição: embora, ainda 
que, mesmo que, se bem que, posto que, por mais que, apesar de 
que. Exemplos:
Embora fosse professor, ainda tinha muito a aprender.
Irei, mesmo que ela não vá.
15Classes de palavras: advérbio, interjeição, preposição e conjunção
4. Condicionais: iniciam orações que exprimem hipótese ou condição: 
se, caso, a menos que, contanto que, salvo se, desde que, a não ser 
que. Exemplos:
Irei, caso ele vá.
Ficarás aqui, contanto que fiques quieta.
5. Conformativas: iniciam orações que exprimem acordo: como, con-
forme, segundo, consoante. Exemplos:
Como combinamos, fizemos o livro.
Fez tudo conforme lhe ordenaram.
6. Consecutivas: iniciam orações que indicam consequência: que (pre-
cedido de tal, tanto, tão ou tamanho), de modo que, de forma que, 
de sorte que. Exemplos:
Era tão estudioso que sempre era aprovado.
Tinha tanta fé que nada temia.
7. Temporais: iniciam orações que dão ideia de tempo: quando, mal, 
assim que, logo que, antes que, depois que, sempre que, desde que. 
Exemplos:
Saiu depois que o expulsamos.
Mal começou a falar, todos o vaiaram.
8. Finais: iniciam orações que exprimem finalidade: porque, a fim de 
que, para que. Exemplos:
Saiu para que não encontrasse ninguém.
Venha cá a fim de que conversemos.
9. Proporcionais: iniciam orações que exprimem concomitância: à me-
dida que, à proporção que, ao passo que, quanto menos, quanto 
menor, quanto maior, quanto melhor. Exemplos:
À medida que crescia, tornava-se um diabinho.
Quanto mais estudava, mais aprendia.
Classes de palavras: advérbio, interjeição, preposição e conjunção16
ALMEIDA, N. T. Gramática de língua portuguesa para concursos, vestibulares, ENEM, colégios 
técnicos e militares. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
CAMARA JR, J. M. Estrutura da língua portuguesa. 36. ed. Petrópolis: Vozes, 2004.
CEGALLA, D. P. Nova minigramática da língua portuguesa. São Paulo: Companhia Editora 
Nacional, 2004. 
CUNHA, A.; ALTGOTT, M. A. A. Para compreender Mattoso Camara. Petrópolis: Vozes, 2004.
LIMA, R. Gramática normativa da língua portuguesa. 49. ed. Rio de Janeiro: José Olym-
pio, 2011. 
MICHICHELLI, B. Língua portuguesa: aula 04. 2015. Disponível em: <http://docplayer.
com.br/18746509-Portugues-lingua-portuguesa-aula-04-13-02-15-pmerj-2015-tel-22- 
3852-3777-professor-bruna-michichelli.html>. Acesso em: 16 dez. 2018.
Leituras recomendadas
CIPRO NETO, P. Gramática da língua portuguesa. 3. ed. São Paulo: Scipione, 2008.
DICIONÁRIO Priberam da língua portuguesa. c2018. Disponível em: <https://dicionario.
priberam.org>. Acesso em: 12 dez. 2018. 
HOUAISS, A.; VILLAR, M. S. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: 
Objetiva, 2017. 
17Classes de palavras: advérbio, interjeição, preposição e conjunção
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