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MORFOSSINTAXE I Francisco De Souza Gonçalves Classes de palavras: advérbio, interjeição, preposição e conjunção Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer os advérbios, as interjeições, as preposições e as conjun- ções em contextos comunicativos diversos. � Relacionar aspectos linguísticos, semânticos e discursivos de cada uma das classes gramaticais em situações concretas de interação verbal orais ou escritas. � Conceituar advérbios, interjeições, preposições e conjunções de forma autônoma e proficiente. Introdução O estudo da morfologia é marcado pelo ávido desejo do homem de compreender a linguagem em seus complexos processos. Entender, analisar, conceituar e categorizar os inúmeros elementos que fazem parte do processo comunicativo sempre foi uma preocupação (CUNHA; ALTGOTT, 2004). Neste capítulo, você estudará algumas importantes classes de palavras das quais se ocupam a morfologia: o advérbio, a preposição, a interjeição e a conjunção. Advérbio Correspondem à classe de palavras que agrupa termos invariáveis, cuja função é modificar, delimitar ou amplificar a significação de um verbo, de um adjetivo, de outro advérbio ou de uma oração, expressando circunstâncias como lugar, tempo, modo, negação, dúvida, afirmação e intensidade. Locução adverbial A locução adverbial consiste na junção de dois ou mais termos que, juntos, passam a ter valor semântico e gramatical de um advérbio. Geralmente possuem uma preposição em seu processo de composição. Graus dos advérbios Os advérbios não se flexionam em gênero ou número, mas podem variar em grau, da mesma forma que os adjetivos. Os graus do advérbio são o comparativo e o superlativo. O grau comparativo pode ser de igualdade, de superioridade ou de inferioridade. Já o grau superlativo pode ser analítico ou sintético (LIMA, 2011). Em uma construção analítica, o aumento do grau do termo é efetuado com o auxílio de outro advérbio. Em uma sintética, o que promove o aumento de grau é o sufixo -íssimo. Observe: Grau comparativo de inferioridade: menos que (ou do que). Exemplo: Jussara fala menos pausadamente que Alexandre. Grau comparativo de igualdade: tão... quanto; tão... como; tão/tanto... quanto; quão. Exemplo: Jussara fala tão rápido quanto eu. Grau comparativo de superioridade: mais que (ou do que). Exemplo: Jussara fala mais lentamente do que Ariane. Grau superlativo absoluto analítico: acompanhado de outro advérbio (muito + advérbio). Exemplo: O artista pinta muito bem. Grau superlativo relativo de superioridade: quando a intensidade do ele- mento determinado é aumentada. Exemplo: O cavaleiro mora pertíssimo. Classes de palavras: advérbio, interjeição, preposição e conjunção2 Observação: a utilização de formas diminutivas em alguns advérbios — pertinho, longinho, pouquinho, cedinho — é bastante utilizada pelos falantes do português. Esse recurso transmite ideias como: algo que está muito longe, muito perto, muito pouco, muito cedo, etc. Grau superlativo absoluto sintético: advérbio + sufixo (normalmente, o sufixo -íssimo). Exemplo: O marinheiro chegou cedíssimo ao embarque. Advérbio: bem � Comparativo: melhor, mais bem � Superlativo: otimamente, muito bem Advérbio: mal � Comparativo: pior, mais mal � Superlativo: pessimamente, muito mal Advérbio: muito � Comparativo: mais � Superlativo: muitíssimo, o mais Advérbio: pouco � Comparativo: menos � Superlativo: pouquíssimo, o menos Classificação dos advérbios Os advérbios podem ser classificados de acordo com a modificação/comple- mentação semântica que promovem no termo que acompanham. Advérbios de lugar Esse tipo de advérbio traz uma indicação, quase sempre espacial, de lugar para o termo que acompanha. Alguns exemplos: aqui, lá, próximo, perto, longe, frente, atrás, dentro, fora, abaixo, acima, ali, adiante. Exemplos: 3Classes de palavras: advérbio, interjeição, preposição e conjunção Estacione lá! A menina chegou perto do precipício. Advérbios de tempo Esse tipo de advérbio traz uma indicação de tempo, durativa ou cronológica, à palavra que acompanha. Como exemplos, temos: depois, hoje, antes, logo, já, amanhã, ontem, desde, agora, finalmente, nunca, às vezes, quando, anteontem, de repente, sempre, tarde, jamais, cedo. Exemplos: Fale hoje, brinque amanhã. Jamais mencione o nome dela. Advérbios de modo Esse tipo de advérbio fornece uma indicação da maneira pela qual determinada coisa acontecerá. A grande maioria das palavras deste grupo se formam a partir da adição do sufixo -mente aos vocábulos. Exemplos: bem, mal, melhor, pior, assim, depressa, devagar, debalde, expressamente, infelizmente, constantemente, frequentemente. Exemplos: Mal falou e a mulher chegou. Andou devagar, atrasou-se. Advérbios de negação Este tipo de advérbio indica uma negação. Como exemplos, podemos citar: não, nem, tampouco, nunca, jamais. Exemplos: “Nunca mais sentirei fome!” Naquele dia, não arrumou a mesa do café. Advérbios de dúvida São advérbios de intensidade, de modo, de lugar, de tempo, etc., que possuem sua função redirecionada para serem usados em sentenças interrogativas. Destacam-se: porventura, quiçá, talvez, provavelmente, possivelmente. Exemplos: Classes de palavras: advérbio, interjeição, preposição e conjunção4 Quiçá daqui uns anos? Porventura escrevestes aquele relatório? Advérbio de afirmação Esse tipo de advérbio traz uma indicação de afirmação para o termo que o acompanha. São alguns exemplos: sim, deveras, indubitavelmente, decidi- damente, certamente, realmente, decerto, certo, efetivamente. Exemplos: Certamente foi um pássaro. Estamos realmente felizes com a gravidez. Advérbios de intensidade Este tipo de advérbio dá uma indicação de quantidade à palavra que modifica. Exemplos: bastante, quão, muito, pouco, demais, mais, meio, tão. Exemplos: Falaram muito e fizeram pouco. “Quão grande és Tu!” Os advérbios bem, mal, muito e pouco assumem formas irregulares nos graus comparativo e superlativo. Interjeição Interjeição é toda palavra invariável que expressa sensações, ações, estados de espírito e emoções, de formas variadas. Como exemplo: ah!, ufa!, oba!, Credo!, Que horror! (ALMEIDA, 2009). As interjeições aparecem, quase sempre, seguidas de um ponto de exclamação, que pode estar imediatamente depois delas ou no final da frase. 5Classes de palavras: advérbio, interjeição, preposição e conjunção Droga! Preste atenção quando eu estou falando! Atente que, no exemplo, o termo Droga! foi utilizado pelo interlocutor para exteriorizar a sua raiva: isso se fez no contexto comunicativo por meio do vocábulo. Observe que as interjeições são uma espécie de palavra-frase, ou seja, há uma ideia expressa por uma palavra (ou um conjunto de palavras), que poderia ser colocada nos termos de uma sentença. É um recurso da linguagem afetiva, em que não há uma ideia organizada de maneira lógica, como nas sentenças da língua, mas sim a manifestação de um suspiro, um estado da alma decorrente de uma situação particular, um momento ou um contexto específico. O significado das interjeições está vinculado à maneira como elas são proferidas. Fonte: Michichelli (2015). As interjeições são palavras invariáveis, isto é, não sofrem variação de gênero, número e grau, como os nomes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto e voz, como os verbos. No entanto, em usos específicos, algumas interjeições sofrem variação em grau. Deve-se ter claro, nestes casos, que não se trata de um processo natural dessa classe de palavra, mas tão somente uma variação que a linguagem afetiva permite. Exemplos: oizinho, bravíssimo, até loguinho. Quando a interjeição é expressa por mais de uma palavra, recebe o nome de locução interjetiva. Exemplos: Ora bolas! Cruz credo! Puxa vida! Desse modo, o tom da fala dita o sentido que a expressão vai adquirir em cada contexto de enunciação. As interjeições cumprem, normalmente, duas funções,podendo ser for- madas por: Classes de palavras: advérbio, interjeição, preposição e conjunção6 a) Simples sons vocálicos: Oh! Ah! Ó! Ô! b) Palavras: Oba! Olá! Claro! c) Grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus! Ora bolas! Confira no Quadro 1 os sentidos expressos pelas interjeições. Sentido Exemplos Advertência Cuidado! Devagar! Calma! Sentido! Atenção! Olha! Alerta! Afugentamento Fora! Passa! Rua! Xô! Alegria; satisfação Oh! Ah! Eh! Oba! Viva! Alívio Arre! Uf! Ufa! Ah! Estímulo Vamos! Força! Coragem! Eia! Ânimo! Adiante! Firme! Toca! Apelo; chamamento Alô! Olá! Psiu! Socorro! Ei! Aplauso; aprovação Bravo! Bis! Apoiado! Viva! Boa! Concordância Claro! Sim! Pois não! Tá! Hã-hã! Repulsa; desaprovação Credo! Irra! Ih! Livra! Safa! Fora! Abaixo! Francamente! Xi! Chega! Basta! Ora! Desejo; intenção Oh! Pudera! Tomara! Oxalá! Desculpa Perdão! Dor; tristeza Ai! Ui! Ai de mim! Que pena! Ah! Oh! Eh! Dúvida; incredulidade Qual! Qual o quê! Hum! Epa! Ora! Espanto; admiração Oh! Ah! Uai! Puxa! Céus! Quê! Caramba! Opa! Virgem! Vixe! Nossa! Hem?! Hein? Cruz! Putz! Impaciência; contrariedade Hum! Hem! Irra! Raios! Diabo! Puxa! Pô! Ora! Medo; terror Uh! Ui! Oh! Credo! Cruzes! Pedido de auxílio Socorro! Aqui! Piedade! Quadro 1. Sentidos expressos pelas interjeições (Continua) 7Classes de palavras: advérbio, interjeição, preposição e conjunção Fonte: Adaptado de Michichelli (2015). Quadro 1. Sentidos expressos pelas interjeições Sentido Exemplos Saudação; chamamento; invocação Salve! Viva! Adeus! Olá! Alô! Ei! Tchau! Ô! Ó! Psiu! Socorro! Valha-me, Deus! Silêncio Psiu! Bico! Silêncio! Surpresa; admiração Puxa! Céus! Caramba! Opa! Virgem! Pô! Uai! (Continuação) Usadas com muita frequência na língua falada informal, quando empregadas na língua escrita, as interjeições costumam conferir um tom inconfundível de coloquialidade ao texto. Além disso, elas podem indicar traços pessoais do falante, como escassez de vocabulário, temperamento agressivo ou dócil e, até mesmo, origem geográfica. Nos textos narrativos, particularmente nos diálogos, é comum fazer uso das interjeições com o objetivo de caracterizar personagens. Graças à sua natureza sintética, as interjeições são mobilizadas para conferir agilidade às falas. Em razão de sua natureza sintética e conteúdo mais emocional do que racional, as interjeições são presença constante nos textos publicitários. Preposição Preposição é toda palavra invariável que se põe antes de um termo (pré + posição), a fim de ligá-lo a outro, estabelecendo, semanticamente, inter-relações de sentido e de dependência entre eles. A preposição exerce uma função conectiva. A palavra anterior à preposição é chamada de regente, e a que a sucede é conhecida como regida (CEGALLA, 2004). Exemplos: Casaco de Letícia. (exprime relação de posse) Saiu com a moça. (exprime relação de companhia) Classes de palavras: advérbio, interjeição, preposição e conjunção8 Conectivos são palavras que ligam diferentes elementos. Várias palavras podem se comportar como conectivos, ligando palavras, orações e parágrafos. Classificação das preposições As preposições podem ser essenciais e acidentais. As preposições essenciais são as que só funcionam, morfologicamente, como preposições: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, por, sem, sob, sobre, trás (CAMARA JR, 2004). As preposições acidentais são palavras provenientes de outras classes gramaticais que, em algumas sentenças, funcionam como preposição: afora, como, conforme, durante, exceto, mediante, menos, salvo, segundo, visto. Por exemplo: Marina agiu segundo suas convicções. Observe que o numeral ordinal segundo serviu como preposição. As preposições recebem classificação sob o ponto de vista semântico, uma vez que, dentro do contexto frasal, podem indicar muitas relações diferen- tes, como de lugar, tempo, modo, distância, causa, companhia, instrumento, finalidade. Relações semânticas promovidas pelas preposições: � relógio de ouro (material) � homem de Piracicaba (origem) � livro de Cecília Meireles (autoria) � livro de professor (posse) � morreu de frio (causa) � saiu de manhã (tempo) � veio de Lisboa (lugar) 9Classes de palavras: advérbio, interjeição, preposição e conjunção � Breve irei à França. (lugar) � O avião pousará em duas horas. (tempo) � A maçã foi comida com ansiedade. (modo) A preposição é um morfema gramatical inflexionável, dotado de função conectiva, sem papel sintático próprio. Serve para estabelecer, entre palavras, uma relação chamada de regência. Exemplo: Um homem de coragem homem → regente de coragem → regido, subordinado As palavras homem e coragem são substantivos. Isso significa que funcionam como núcleos de um sintagma nominal quando as agrupamos com outras palavras. Entretanto, se quisermos fazer com que um desses substantivos se torne regido, subordinado ao outro, podemos fazer uso de preposição. Nesse caso, ocorrerá um sintagma preposicional (ou preposicionado). Outro fato a ser destacado é que a preposição estabelece subordinação entre palavras e termos. Observe que, ao passo que o substantivo é o núcleo de um sintagma nominal, a preposição não tem uma função sintática própria. Isso não significa que ela não é importante, mas que seu papel sintático é ligar ideias, ligar palavras. Locução prepositiva Quando a relação entre duas ou mais palavras se estabelece por meio de uma expressão, e não por meio de uma única palavra, temos uma locução prepo- sitiva. Exemplos: abaixo de, atrás de, acima de, por causa de, ao lado, de a de, defronte a, de acordo com, até a, perto de. Conjunção Gramaticalmente, conjunção é a palavra invariável que tem por função ligar orações ou termos de mesmo valor gramatical. Semanticamente, a conjunção pode estabelecer relações entre orações e entre palavras. Morfologicamente, Classes de palavras: advérbio, interjeição, preposição e conjunção10 a conjunção é um morfema gramatical que não sofre flexão. Sintaticamente, a conjunção é um conectivo e não tem função sintática própria. Serve para estabelecer relação de subordinação ou de coordenação entre orações e relação de coordenação entre palavras. Conjunção significa ligação, união, junção (CAMARA JR, 2004). Marcia e João saíram. (adição) Uma ou outra será eleita nossa representante. (alternância, exclusão) Trabalhe, pois precisas sobreviver! (explicação) Embora estivesse triste, festejou. (concessão) Ficou em casa porque estava doente. (causa) Falei tudo como me pediram. (conformidade) Diferenciemos coordenação de subordinação. Observe a frase: Encontrei Pedro e o irmão. Os termos Pedro e o irmão são complementos do verbo encontrar, ou seja, tanto Pedro quanto o irmão sofrem a ação de serem encontrados. Estão conectados por um vocábulo que adiciona um ao outro. Perceba a independência sintática entre os dois elementos: Encontrei Pedro. Encontrei o irmão. Os termos em destaque não dependem sintaticamente um do outro, isto é, um não se subordina ao outro. São termos ligados por uma conjunção. Vejamos a mesma conjunção empregada para ligar orações: Fui ao colégio. Falei com o professor. Note que essas duas orações têm independência sintática, tanto que se estruturam separadamente. Podemos, porém, conectá-las com a conjunção e. 11Classes de palavras: advérbio, interjeição, preposição e conjunção Fui ao colégio e falei com o professor. A relação de independência entre palavras e orações chama-se coordenação. Agora, observe este exemplo: Ela saiu de manhã. O substantivo manhã está subordinado ao verbo sair porque está presente na frase para indicar uma circunstância de tempo da ação verbal. Essa relação de regência foi estabelecida pela preposição de. Se quisermos estabelecer relação de subordinação entre orações, faremos uso de conjunções. Veja: Ela saiu quando o galo cantou. Há duas orações no período acima (duas declarações verbais), porém só uma está presente paraindicar circunstância de tempo para o verbo da outra oração. Essa relação entre orações chama-se subordinação. Observe que a preposição subordina palavras, e a conjunção subordina orações. Vejamos mais exemplos de coordenação e subordinação: Ricardo será nomeado como diretor. Maurício será nomeado como diretor. Veja que os dois termos independem um do outro. Assim, podemos coordená-los. Ricardo ou Maurício será nomeado diretor. Podemos usar essa mesma conjunção coordenativa para ligar orações, isto é, declarações verbais. Ele será nomeado diretor. Ele ficará louco. Ele será nomeado diretor e ficará louco. Note que, nesse caso, usamos a conjunção coordenativa e para ligar orações. Veja outro exemplo: Classes de palavras: advérbio, interjeição, preposição e conjunção12 Ela disse algo. Ela estava cansada. Se quisermos que ela estava cansada seja equivalente a algo na primeira oração apresentada (Ela disse algo), podemos escrever: Ela disse que estava cansada. Perceba que que estava cansada passa a ser informação subordinada a Ela disse, pois essa informação só aparece para complementar o que foi dito por ela. Considere agora que a frase fosse: Ela disse. Nesse caso, faltaria uma informação nessa oração. Assim, a conjunção subordinativa “prende” a segunda ideia à primeira, fazendo com que aquela dependa desta. Veja o exemplo: Ela chegou em determinada hora. Eu estava dormindo. Ela chegou quando eu estava dormindo. Agora, a conjunção subordinativa prende a segunda informação à primeira: dizemos que eu estava dormindo para indicar o momento em que ela chegou. Assim, conjunções subordinativas criam um vínculo de dependência entre duas informações. Observe, também, o seguinte: Quando eu estava dormindo. Essa informação faz sentido? Sabemos que não. Ela precisa ser atribuída à outra ideia, porque é subordinada à outra ideia. Quem estabelece esse vínculo de subordinação é a conjunção subordinativa. Vejamos o que aconteceria se disséssemos: Eu estava dormindo. Não haveria problemas, certo? Mas com a conjunção subordinativa, pre- cisamos atribuir essa oração à outra. Quando eu estava dormindo, ela chegou. 13Classes de palavras: advérbio, interjeição, preposição e conjunção Classificação das conjunções Coordenativas Conjunções coordenativas são aquelas que ligam palavras ou orações sem estabelecer vínculos de subordinação entre elas. As conjunções coordenativas ligam duas orações independentes. Estão divididas em cinco tipos. Aditivas — Exprimem soma: e, nem, bem com, não só… como também, não só… mas também. Exemplos: Leu o livro e foi ao cinema. Os alunos não só foram aprovados como também receberam prêmios. Não veio aqui nem entregou as notas. Adversativas — Exprimem oposição: mas, porém, contudo, entretanto, no entanto, todavia, não obstante. Exemplos: Saiu, porém não levou o guarda-chuva. Estudou; não obteve, todavia, o resultado esperado. Alternativas — Exprimem escolha de pensamentos: ou, ou... ou, ora... ora, já... já, quer... quer, seja... seja, talvez... talvez. Exemplos: Faça os exercícios ou saia de sala. Ela ora gritava, ora sorria. Conclusivas — Exprimem conclusão de pensamento: logo, portanto, por isso, pois, por conseguinte, assim. Exemplos: Penso, logo existo. Veio de carro, portanto pode nos dar uma carona. Explicativas — Exprimem razão e motivo: que, porque, pois, porquanto, por conseguinte, assim. Exemplos: Entre, que está frio. Saiu de casa, pois as luzes estão apagadas. Classes de palavras: advérbio, interjeição, preposição e conjunção14 Conjunções subordinativas São aquelas que conectam sintaticamente orações dependentes umas das outras. São usadas para estabelecer uma melhor coesão e coerência textual. As conjunções subordinativas podem ser integrantes ou adverbiais. Integrantes — Introduzem uma oração que vai completar o sentido da ou- tra. São aquelas que introduzem orações substantivas, isto é, orações que se põem no lugar de termos substantivos (sujeito, objeto direto, objeto indireto...). São apenas duas: que e se. Exemplos: Ela disse que não virá. (introduz objeto direto) É preciso que estudemos. (introduz sujeito) Não sei se ela virá. (introduz objeto direto) Não respondeu se podia vir. (introduz objeto direto) Adverbiais — Introduzem um valor semântico circunstancial, portanto adver- bial, para a ação verbal (CEGALLA, 2004). Podem ser divididas da seguinte forma: 1. Causais: introduzem orações que dão ideia de causa: que, porque, como, pois que, visto que, uma vez que, porquanto, já que, desde que. Exemplos: Não saí porque não me convidaram. Como choveu, não saí. 2. Comparativas: introduzem orações que dão ideia de comparação: como, qual, que, do que (depois de mais, menos, maior, menor, melhor e pior). Exemplos: Ela estava mais bonita que a mãe. Fugiu como um condenado. 3. Concessivas: iniciam orações que indicam contradição: embora, ainda que, mesmo que, se bem que, posto que, por mais que, apesar de que. Exemplos: Embora fosse professor, ainda tinha muito a aprender. Irei, mesmo que ela não vá. 15Classes de palavras: advérbio, interjeição, preposição e conjunção 4. Condicionais: iniciam orações que exprimem hipótese ou condição: se, caso, a menos que, contanto que, salvo se, desde que, a não ser que. Exemplos: Irei, caso ele vá. Ficarás aqui, contanto que fiques quieta. 5. Conformativas: iniciam orações que exprimem acordo: como, con- forme, segundo, consoante. Exemplos: Como combinamos, fizemos o livro. Fez tudo conforme lhe ordenaram. 6. Consecutivas: iniciam orações que indicam consequência: que (pre- cedido de tal, tanto, tão ou tamanho), de modo que, de forma que, de sorte que. Exemplos: Era tão estudioso que sempre era aprovado. Tinha tanta fé que nada temia. 7. Temporais: iniciam orações que dão ideia de tempo: quando, mal, assim que, logo que, antes que, depois que, sempre que, desde que. Exemplos: Saiu depois que o expulsamos. Mal começou a falar, todos o vaiaram. 8. Finais: iniciam orações que exprimem finalidade: porque, a fim de que, para que. Exemplos: Saiu para que não encontrasse ninguém. Venha cá a fim de que conversemos. 9. Proporcionais: iniciam orações que exprimem concomitância: à me- dida que, à proporção que, ao passo que, quanto menos, quanto menor, quanto maior, quanto melhor. Exemplos: À medida que crescia, tornava-se um diabinho. Quanto mais estudava, mais aprendia. Classes de palavras: advérbio, interjeição, preposição e conjunção16 ALMEIDA, N. T. Gramática de língua portuguesa para concursos, vestibulares, ENEM, colégios técnicos e militares. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. CAMARA JR, J. M. Estrutura da língua portuguesa. 36. ed. Petrópolis: Vozes, 2004. CEGALLA, D. P. Nova minigramática da língua portuguesa. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2004. CUNHA, A.; ALTGOTT, M. A. A. Para compreender Mattoso Camara. Petrópolis: Vozes, 2004. LIMA, R. Gramática normativa da língua portuguesa. 49. ed. Rio de Janeiro: José Olym- pio, 2011. MICHICHELLI, B. Língua portuguesa: aula 04. 2015. Disponível em: <http://docplayer. com.br/18746509-Portugues-lingua-portuguesa-aula-04-13-02-15-pmerj-2015-tel-22- 3852-3777-professor-bruna-michichelli.html>. Acesso em: 16 dez. 2018. Leituras recomendadas CIPRO NETO, P. Gramática da língua portuguesa. 3. ed. São Paulo: Scipione, 2008. DICIONÁRIO Priberam da língua portuguesa. c2018. Disponível em: <https://dicionario. priberam.org>. Acesso em: 12 dez. 2018. HOUAISS, A.; VILLAR, M. S. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2017. 17Classes de palavras: advérbio, interjeição, preposição e conjunção Conteúdo:
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