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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
Aluna: Tatiane Polydoro Chaves
Polo: Belford Roxo
Matrícula:19112080105 
2022.1
A Alfabetização de Alunos Surdos em Classes regulares, Bilinguismo e Cultura Surda.
 
Tatiane Polydoro Chaves
Intérprete de libras(Língua Brasileira de Sinais) com exame de proficiência na língua reconhecido pelo MEC. Aluna de Pedagogia no sétimo período pela UERJ Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
RESUMO
 O Relato de experiência educacional em pauta, visa apontar questões que foram observadas na prática e que corroboram ao escopo do trabalho a ser desenvolvido, como relato de experiência. A temática escolhida preconiza a importância de nos debruçarmos sobre o assunto, bem como levantar pontos pertinentes a serem observados, sobre a inserção dos alunos surdos que agora estão incluídos nas classes regulares,assim sendo, educação bilíngue e educação inclusiva protagonizam os pontos centrais na discussão. O reconhecimento legal da Libras como língua em forma de Lei n 10.436/2002 está assegurado no Decreto n. 5.626/2005. Sendo assim a Libras deve ser aderida em todas as esferas da sociedade na promoção da igualdade de direitos não só linguísticos mas como direito a ser assegurado quanto cidadãos que possuem uma língua de modalidade visuo-espacial, contudo, o questionamento se dá ao fato de as políticas de inclusão não se pautarem nesta premissa, sendo este o mola propulsora da investigação e questionamento.
Palavras- chave: Alfabetização. Direitos linguísticos.Inclusão. Bilinguismo.
Educação bilíngue X Educação Inclusiva para alunos surdos,uma perspectiva pessoal
 É sabido que no Brasil são falados por volta de 200 idiomas, englobando certamente as nações indígenas que falam cerca de 170 línguas, os chamados autóctones, sem contar os imigrantes, e outras línguas, por volta de 30 conhecidas como línguas alóctones, porém, a imposição de uma língua majoritária,ou seja a “legítima”ou “legitimada” fora o português, em processo conhecido como glotocídio (assasinato de linguas) predomina desde a colonização. 
(OLIVEIRA,2004,p.01) aponta que cerca de 170 destas línguas, estão moribundas, e provavelmente não resistiram ao avanço da língua predominante. Você pode estar se perguntando: “ Mas o que isso tem a ver com a questão em pauta?” e prontamente lhe respondo: Tem tudo a ver!
 Nesse sentido ampliamos o escopo ao campo educacional berço das dualidades e questões oriundas as políticas linguísticas adotadas ao sistema inclusivo x bilinguismo nada ou bem pouco conhecido pela esmagadora maioria parcela da população, embora a LIBRAS nestes últimos anos tem ganho espaço, nos meios digitais e pronunciamentos televisivos, sua implementação nas escolas ainda está longe de ser considerada ideal, contudo, estamos caminhando rumo a este processo a ser consolidado. Como mencionado acima, pude frequentar durante 1 ano e meio o curso de Pedagogia Bilíngue pelo Instituto Nacional de Educação de Surdos INES, onde pude comprovar na prática uma educação bilíngue de qualidade que dialoga com as necessidades linguísticas de alunos surdos, bem como pude acompanhar de perto já cursando a Licenciatura em Pedagogia pela UERJ, como é feito o trabalho como intérprete de Libras, na modalidade inclusiva de ensino. Para iniciarmos nossa conversa, fiz um apanhado sobre a questão histórica de nosso país justamente para estabelecer a pauta de que o Brasil não é um país monolíngue, tão pouco somente bilíngue, mas estabelecermos uma visão mais ampla sobre o que está sendo escamoteado com relação às minorias linguísticas embasam a discussão para além dos muros das escolas, porém me atendo ao mesmo, trago minhas concepções que foram embasadas em reflexões em artigos autores e instituições que abordam com propriedade esta temática, como a Federação Nacional De Educação e Integração dos Surdos (FENEIS), onde pude trabalhar por alguns meses, na função de Interprete, auxiliando os surdos nas mais diversas atividades que a mim eram designadas, sendo tal experiência uma das maiores nesta constituição de quem sou e a causa que defendo.
 As escolas que atendem neste formato bilingue são pouquíssimas, e em grande maioria são instituições privadas, tornado elitista o acesso a uma população que por anos viveu à margem, carecendo de uma educação de qualidade e referência. A precariedade de recursos que contemplem as necessidades educacionais dos alunos surdos é uma realidade, uma das críticas que se faz ao profissional intérprete que está em sala de aula com um ou mais alunos surdos, é que o mesmo acaba se tornando uma (muleta) para os surdo quando na verdade o mesmo deveria com autonomia receber os conteúdos tanto quanto os demais alunos, mas, como fazê-lo? 
 Não por culpa dos professores, posso assegurar, os mesmos fazem o possível para inserir este aluno, porém, metodologia, preparo profissional, recursos em materiais não só didáticos bem como metodologias próprias para uma real alfabetização são essenciais.
Pude constatar que por carência de tais recursos, os intérpretes que acompanhei o trabalho de perto, são eles que elaboram materiais, apostilas se utilizam de recursos que os mesmos elaboram para que o aluno surdo compreenda, ao menos o que está sendo passado em sala de aula.
 A gramática da língua de sinais, possui estruturas próprias, que se distinguem do portugués, o professor muitas vezes desconhecem essas questões pontuais da realidade linguística dos alunos surdos incluídos, sem falar no aluno que não sabe LIBRAS, ou só usa uma linguagem mais rudimentar familiar, não assimila os conceitos da língua portuguesa em sala de aula, temos visto alunos perdidos em sala de aula, que estão configurando o cenário da perspectiva de uma educação inclusiva, que na verdade não se torna eficaz ao que se propõe, Como disse anteriormente, esta foi minha experiência, sabemos que toda generalização é burra, mas em verdade quando o aluno surso pertencente a comunidade surda, a cultura surda, dos aspectos gramaticais da língua, pois tal ponto a legitima ainda mais seu status quanto língua, assim sendo os recursos a serem utilizados são outros, a modalidade oral auditiva do portugues, são embasadas em recursos, sonoros, entonação dentre outros aspectos relacionados a sonoridade; o que na Alfabetização dos alunos ouvintes faz sentido, mas para o aluno surdo? São estas indagações que permeiam o ambiente de uma escola regular onde as crianças surdas estão incluídas, a metodologia, os materiais didáticos são para crianças ouvintes, as metodologias e recursos também.
 Já no INES, estando inserida neste ambiente bilíngue, além de acompanhar o desenvolvimento dos colegas surdos, em portugues e na LIBRAS, bem como o meu em língua de sinais, somente reafirmou o sentido de que tal política é a ideal, se tratando não só da Alfabetização, como de toda trajetória educacional desses alunos, pois no institutio a criança quando acompanhada desde os primeiros meses de vida, recebem acompanhamento de profissionais que fazem estimulação precoce onde os bebês surdos, desde a fase do balbucio são inseridos, introduzidas a língua de sinais. Sua aquisição linguística é exponencialmente superior a de crianças que não possuem a LIBRAS como sua L1, ou a tiveram tardiamente, ou seja, sua língua materna como primeira língua e o portugues como sua L2.
 As políticas educacionais têm a responsabilidade de garantir a educação bilíngue aos surdos, sendo a língua portuguesa sua segunda língua, o decreto também menciona como sugestão, que as escolas públicas passem a oferecer a LIBRAS como disciplina.
 Sabendo do abismo existente entre realidade e prática, tanto ainda não é uma realidade quanto os recursos didáticos próprios ainda não fazem parte da realidade educacional destes alunos das classes regulares.
 Compartilho abaixo mais uma experiência :
Pude acompanhar de perto um menino surdo por volta dos seus 11 anos, onde os trabalhos do mesmo eram elaboradospela intérprete que buscava na internet materiais para que o aluno conseguisse “ acompanhar” a turma, pois a professora se atinha aos demais alunos e a intérprete como a “professora” do aluno surdo, ora, esta é uma inclusão excludente, o que afirma o que mencionei acima sobre ser uma espécie de muleta para os alunos surdos, o que não se configura inclusão. 
 Na faculdade bilíngue,os recursos visuais era uma realidade presente e forma constante, o professor dirige a fala ao aluno surdo, o intérprete posicionado ao lado do professor viabiliza a interação, algo interessante é a questão das dúvidas, os alunos ouvintes precisam respeitar o tempo de cada aluno, nós temos o hábito de nos "atropelar" enquanto falamos, cortamos o outro, porém em um ambiente bilíngue,onde as falas são traduzidas para libras, ou da libras para a versão voz, as pausas são necessárias, para que o intérprete possa inserir o aluno surdo na discussão, assim como nós, quanto alunos precisamos sinalizar enquanto falamos com o outro colega, para que todos possam ser participantes do que está sendo dito em sala de aula, claro que esta é uma realidade muito mais complexa, mas considero interessante trazer esta questão para elucidar um pouco melhor para os que desconhecem essa realidade, possam entender um pouco mais da complexidade de se estabelecer uma política de inclusão e que a mesma não se coaduna com as especificidades do bilinguismo, este que é direito para os alunos surdos.
Bilinguismo é pluralidade linguística sendo defendida, o que remete a minha fala inicial sobre a segregação que por muito é preconizada em nosso país, é uma luta histórica da comunidade surda em busca de seus direitos, que por muitos anos se veem como estrangeiros dentro de seu próprio país. Uma metanóia, mudança de mente, precisa ser estabelecida para que de fato possamos alcançar nos mais diversos setores da sociedade o acesso a comunicação real da população.
 Como funcionária da Federação Nacional dos Surdos, na função de intérprete, pude acompanhar surdos em atendimentos médicos, jurídicos, em palestras empresariais, onde possuíam cargos desde a limpeza e outros que possuem cargos de grande evidência na corporação, tanto em questões triviais como a resolução com problemas com o celular ou cartão de crédito, quanto a uma nova tecnologia que estava sendo trazida para o Brasil na área de telecomunicação e nas olimpíadas, o que trago com isso: Vemos a carência, o déficit e barreiras na comunicação em todos os setores. 
 Essa mudança de mente precisa acontecer em nosso país, e a educação sendo a válvula propulsora para os demais setores, precisa dialogar nessa esfera mais ampla.
 Voltando para a educação básica, para cada faixa etária as estratégias linguísticas e pedagógicas próprias são necessária, assim sendo, a cultura surda, o modo visual e sua construção de mundo configuram o que entendemos como cultura surda, STROBEL define cultura surda como : “ Uma maneira de o sujeito surdo entender o mundo e modificá-lo a fim de torná-lo acessível e habitável, ajustando-o com suas percepções visuais”. englobando assim costumes, crenças e hábitos próprios, ou seja pertencimento e comunidade andam juntos nesse sentido.
Voltando às experièncias:
 Tive uma experiência interessante certa vez quando trabalhava na Federação, quando minha coordenadora de setor, me alertou sobre a notificação que recebi no celular, na época não havia whatsapp, instagran, somente o messenger, para mim aquela notificação no celular era irrelevante, pois provavelmente era uma mensagem normal de operadora, eu sequer dei importância, minha coordenadora assustada questionou se eu não iria ver o teor da mensagem, que poderia ser algo urgente, estranhei! Para ela uma mensagem desta poderia ser um pedido de socorro ou algo assim, pois seu marido sempre se comunicava desta forma com ela, pois o mesmo é surdo, e certa vez mandou mensagem para ela, pois estava em uma situação emergencial, ou seja, a cultura é outra, pois a realidade dela é diferente da minha, pois sei que se for algo urgente a pessoa não vai me enviar uma mensagem, mas sim fará uma ligação! (Cultura ouvinte)
 É um detalhe aparentemente bobo, mas na comunidade surda é diferente esses códigos, tanto em questões de comunicação quanto para a aprendizagem são pequenos/grandes detalhes, pois cada cultura dialoga de uma forma.
 Um outro relato marcante para mim, foi quando uma colega de trabalho surda me perguntou o que era AMOR, eu fiquei intrigada com a pergunta, ela me disse que não sabia o sentido da palavra, como assim amor, porque as pessoas falam tanto em amor? 
 Está, uma mulher com seus vinte e poucos anos na época, casada com filho não sabia o que significava esta palavra,ou queria entendê-la melhor. Expliquei a ela que existem vários tipos de amor, entre amigos, mãe e filho, de casal, e que o amor não é a palavra”sinal” propriamente, mas sim o sentimento que demonstramos, pois amor é atitude, amor é decisão, quer seja de preocupar-se com o outro, tratar bem, querer estar perto, cuidado, doação, tudo isso é o amor, é um sentimento complexo atrelado a atitudes, o semblante dela ao me ver sinalizando foi marcante pra mim, parecia que uma luz brilhou em sua mente, clarificando o entendimento. realmente dando forma ao que era somente abstrato.
O surdo entende melhor com exemplos, concretos práticos reais.
Outro relato: 
 Perguntei a um colega surdo qual era o sinal da palavra REPROVADO, fiz a datilologia( alfabeto manual) e perguntei qual era o sinal, meu colega não soube me responder, perguntei a um segundo colega surdo que estava presente, mas desta vez eu perguntei dando exemplo, sinalizando: Exemplo, pessoa que estudou, para prova escola, mas não passou, qual sinal? 
Prontamente o colega respondeu me mostrando o sinal, o primeiro a quem eu havia perguntado reclamou comigo, que eu não tinha dado exemplo, por isso ele não entendeu minha pergunta; claro que não é uma regra, mas a maioria dos surdos que possuem um aquisição linguística mediana, mas tem dificuldades em português irão apresentar alguma ou muitas dificuldades em suas produções escritas em língua portuguesa, o que reforça mais uma vez a importância da LIBRAS como primeira língua, sendo a mesma a base para sua sua aquisição da modalidade escrita do português.
São muitos relatos e experiências que fundamentam a perspectiva bilíngue de ensino como a ideal para os alunos surdos, e fico imensamente grata de poder partilhar um pouco aqui com vocês. 
Até breve!
Referência bibliográfica
CÂMARA reconhece a profissão de intérpretes da língua de sinais. Disponível em http:// www.apilms.org. Acesso em: 15 nov. 2009.
Convenção Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência( Artigo 24, sobre a Educação)
QUADROS, Ronice M. O tradutor e intérprete de língua brasileira de sinais e língua portuguesa. Secretaria de Educação Especial; Programa Nacional de apoio à Educação de Surdos. Brasília: MEC; SEESP,2004.
Revista da FENEIS n. 41 setembro-Novembro 2010 Educação de Surdos.

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